You are on page 1of 455

Eulália Vera Lúcia Fraga Leurquin

Larissa Maria Ferreira da Silva Rodrigues


Meire Celedonio da Silva
Kaline Araújo Mendes
Marcelo Robson Silva Viana
(Orgs.)

Caderno de Resumos e Programação


do V Fórum de Linguística Aplicada e Ensino e
Aprendizagem de Línguas

16, 17 e 18 de novembro de 2016


Universidade Federal do Ceará

ISSN 2525-9237
“O ensino e a aprendizagem em perspectivas:
do Ensino superior à Educação Infantil”

Realização:

16, 17 e 18 de novembro de 2016


Universidade Federal do Ceará
FORTALEZA/CE – BRASIL

ISSN 2525-9237
Universidade Federal do Ceará
Reitor: Prof. Henry de Holanda Campos
Vice-Reitor: Prof. Custódio Luís Silva de Almeida

Centro de Humanidades
Diretora: Profa. Vládia Maria Cabral Borges
Vice-Diretor: Prof. Cássio Adriano Braz de Aquino

Departamento de Letras Vernáculas


Chefe: Prof. Antônio Duarte Fernandes Távora
Subchefe: Profa. Monica de Souza Serafim

Programa de Pós-Graduação em Linguística


Coordenadora: Profa. Dra. Rosemeire Selma Monteiro-Plantin
Vice-Coordenadora: Profa. Dra. Sandra Maia Farias Vasconcelos
Secretária: Eduardo Xavier Ary Andrade

Organização do Caderno de Resumos e Programação do V Fórum de Linguística Aplicada e Ensino


e Aprendizagem de Línguas
Eulália Vera Lúcia Fraga Leurquin
Larissa Maria Ferreira da Silva Rodrigues
Meire Celedonio da Silva
Kaline Araújo Mendes
Marcelo Robson Silva Viana

Editoração do Caderno de Resumos e Programação do V Fórum de Linguística Aplicada e Ensino e


Aprendizagem de Línguas
Marcelo Robson Silva Viana

Site do GEPLA: http://www.gepla.ufc.br/


Link para a página web do V FLAEL: http://www.gepla.ufc.br/index.php/flael/v-flael-2016
E-mail:: gepla.ufc.2006@gmail.com

Bibliotecária Responsável: Doris Day Eliano França (CRB-3/726)

F745c Fórum de Linguística Aplicada e Ensino e Aprendizagem de Linguas (5. : 2016 : Fortaleza, Ce)
Caderno {recurso eletrônico} / 5. Forum de Linguística Aplicada e Ensino e Aprendizagem
De Línguas, V FLAEL, 16, 17 e 18 de novembro de 2016 / organização, Eulália Vera Lúcia F.
Leurquin, Larissa Maria Ferreira da S. Rodrigues, Meire Celedonio da Silva, Kaline Araújo
Menedes, Marcelo Robson Silva Viana. – Fortaleza, CE: UFC, 2016.

453 p.

ISSN 2525-9237

1.Linguistica aplicada. 2 Ensino e aprendizagem. 3. Formação de professores. I. Título

CDD: 418
Sobre o GEPLA
O Grupo de Estudos e Pesquisa em Linguística Aplicada, há dez anos,
reúne professores-pesquisadores, alunos da graduação, alunos da pós-graduação e
professores da Educação Básica interessados em questões relacionadas ao ensino,
à aprendizagem e à formação do professor de línguas.
O GEPLA está localizado no Departamento de Letras Vernáculas,
precisamente no Programa de Pós-graduação em Linguística da Universidade
Federal do Ceará, dentro da Linha de Pesquisa Linguística Aplicada. Ele se
movimenta em torno de projetos de pesquisas e de um programa de extensão.
No âmbito da pesquisa, o interesse dos professores pesquisadores é o
ensino e aprendizagem e a formação do professor de português língua materna,
português língua estrangeira, italiano língua estrangeira, francês língua
estrangeira e espanhol língua estrangeira. Há uma atenção especial às questões
relacionadas ao estágio docente, ao objeto de ensino, ao agir professoral e à
aprendizagem de línguas.
Faz parte do GEPLA uma rede de pesquisadores: Pollyanne Bicalho
Ribeiro, Mônica de Sousa Serafim, Valdênia Falcão e Eulália Vera Lúcia Fraga
Leurquin (Universidade Federal do Ceará), Camila Maria Marques Peixoto e
Kaline Mendes da (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-
Brasileira), Fábio Delano Carneiro (Universidade 7 de setembro), Luciane Correa
Ferreira (Universidade Federal de Minas Gerais), Carlos Heric Silva Oliveira
(Secretaria de Educação e Cultura do Estado de Sergipe), Paula Francineti
Ribeiro de Araújo (Instituto Federal do Maranhão), Mônica Fontenelle Caneiro
(Universidade Federal do Maranhão) e Ecaterine Bulea-Bronckart (Université de
Genève).
O GEPLA também conta com a parceria dos professores Jean-Paul
Bronckart e Joaquim Dolz (Université de Genève), Antónia Coutinho
(Universidade Nova de Lisboa - Portugal), Florencia Miranda (Universidad
3
Nacional de Rosário - Argentina) e Dora Riestra (Universidad Rio Negro –
Argentina), com os quais integrantes do GEPLA fortalecem seus diálogos na
realização de estágios de doutorado e de pós-doutorado, bem como nas parcerias
de co-orientações e publicações.
Nesses dez anos, no âmbito dos pesquisadores da UFC, a equipe formou
oito doutores e trinta mestres; hoje ancora dez projetos de mestrado e oito de
doutorado, alocados no Programa de Pós-graduação em Linguística e no
Profletra/UFC. Possui um projeto de pós-doutoramento, (Profa. Dra. Lúcia
Barbosa - Universidade de Brasília) em desenvolvimento e dois com início em
2017 (Fernanda Modl, da Universidade Estadual da Bahia e Mônica Fontenelle
Carneiro, da Universidade Federal do Maranhão). Igualmente conta com a
contribuição dos estagiários estrangeiros, no âmbito da graduação, vindos da
Universidad Nacional de Rosário, Argentina.
Na Pró-reitoria de extensão, desenvolve o Programa de Extensão
Laboratório de Línguas: ensino, aprendizagem e formação de professor. Nele,
encontram-se três projetos em desenvolvimento: o Laboratório de produção de
material didático de português língua estrangeira; o Curso de português língua
estrangeira: língua e cultura brasileiras; e o Fórum de Linguística Aplicada:
ensino e aprendizagem de línguas.
O Fórum de Linguística Aplicada Ensino e Aprendizagem de Línguas
(FLAEL) é o projeto de extensão de maior visibilidade e envolve todos os
membros do grupo. É visto como uma oportunidade de todos apresentarem
resultados de pesquisas desenvolvidas e também de estabelecerem diálogos com
seus pares. Todavia, ressalto o projeto de extensão Português Língua Estrangeira:
língua e cultura brasileiras, cujo objetivo maior é atender às necessidades dos
alunos estrangeiros de mobilidade acadêmica que chegam de diversos países à
UFC, porque ele envolve estudantes da graduação e da pós-graduação, num

4
processo de formação de professor para atuar na sala de aula de português língua
estrangeira.
Na trajetória do GEPLA, pontuo o trabalho desenvolvido na formação
continuada de professores de língua materna no ProJovem Urbano em Fortaleza;
a produção das referências curriculares do ensino de línguas da Secretaria
Municipal de Fortaleza; a atuação no Programa Mais Médicos, ministrando as
aulas de português língua estrangeira; a assessoria à Secretaria da Educação do
Estado do Ceará na Olimpíada de língua portuguesa e também a produção do
material didático utilizado no curso de português para estrangeiros.
É, portanto, fazendo essa breve retrospectiva de dez anos que apresento o
GEPLA.

Eulália Vera Lúcia Fraga Leurquin


Coordenadora do FLAEL
Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Linguística Aplicada

5
Sobre o FLAEL
A origem do Fórum de Linguística Aplicada e Ensino de Línguas encontra-se
em uma proposta de trabalho entregue à Universidade Federal do Ceará, em 2005, no
momento de meu ingresso na instituição. Tornou-se possível em um projeto de
extensão, registrado no Departamento de Letras Vernáculas em novembro de 2006,
cujo objetivo era reunir professores, pesquisadores e estudantes de Letras e de áreas
afins para discutir o tema Ensino e aprendizagem e a formação do professor da
língua materna. No I FLAEL, foram ressaltadas discussões em torno do Estágio de
Ensino de língua portuguesa.

Em 2008, foram ampliadas as reflexões e também foram discutidas questões


relacionadas ao ensino, à aprendizagem e à formação de professores de línguas
estrangeiras. O II FLAEL caracterizou-se como um evento internacionalmente
divulgado. Foi discutido o tema O agir do professor de línguas e houve uma
homenageamos à Profa. Dra. Maria Elias Soares, primeira coordenadora do
Programa de Pós-graduação em Linguística da Universidade Federal do Ceará. Em
2010, refletiu-se sobre A formação de professores e a ética. Não ao acaso, foi
homenageada a Profa. Dra. Maria do Socorro Aragão, membro do Programa de Pós-
graduação em Linguística da Universidade Federal do Ceará, desde a sua fundação,
em 1993. O IV FLAEL aconteceu em 2014 e foi eleito o tema Perspectivas da
Linguística Aplicada no século XXI: dos diálogos possíveis aos novos desafios. Foi
homenageada a linguista aplicada Maria Izabel Magalhães, por seu papel
desempenhado no PPGL, por suas contribuições dadas no Brasil e no exterior, no
tocante a questões relacionadas a práticas de letramentos e identidade do professor,
em particular, na perspectiva crítica.

6
Em um movimento em direção ao externo, optou-se por homenagear a
linguista aplicada piauiense, em atuação na Universidade Estadual do Ceará, no
Programa de Pòs-graduação em Linguística Aplicada, a professora Antônia Dilamar
Araújo pelas contribuições que ela vem dando às pesquisas em Linguística Aplicada.

Nos dias 16, 17 e 18 de novembro, estarão reunidos brasileiros, franceses,


suíços, portugueses, argentinos e chineses em torno de questões relacionadas ao
ensino e aprendizagem da universidade à sala de aula da Educação infantil. Nesse
momento, conta-se com estudantes, pesquisadores e professores da educação básica
de todas as regiões brasileiras em torno das nossas inquietudes a respeito desse tema
e dos desdobramentos nele implicados. Nesse Fórum, devemos refletir sobre a sala
de aula e tudo implicado nela e tentar contribuir para um ensino de melhor qualidade.

O evento é promovido pelo Departamento de Letras Vernáculas, através do


Programa de Pós-graduação em Linguística - PPGL - e realizado pelo Grupo de
Estudos e Pesquisas em Linguística Aplicada (GEPLA). Desde a sua origem, conta-
se com o apoio da Secretaria de Educação do Estado do Ceará, da Secretaria do
Município de Fortaleza, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Ceará, da Universidade 7 de Setembro e da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES). Este caderno reúne, portanto, a Programação do
evento e também os resumos dos trabalhos apresentados1.

O V FLAEL traz em evidência "O ensino e a aprendizagem em perspectivas:


do Ensino superior ao Ensino Infantil". Um tema amplo, pertinente e por isso
necessário, sobretudo no contexto atual brasileiro. Nesse momento tão difícil para
nós que acreditamos na força e no papel do conhecimento, da Educação, é impossível
não se questionar: o que ainda nos motiva a falar sobre a Educação no nosso país?
Provavelmente, o que mais nos motiva é a certeza de que estamos no caminho
certo e de que não podemos nem temos o direito de deixar de acreditar no papel

1.Os resumos publicados neste Caderno são de inteira responsabilidade dos seus autores.
7
da Educação, do conhecimento da língua nas interações humanas. Nós somos
professores e responsáveis pela formação docente.

Agradecemos a todos os parceiros que conosco decidiram investir na


discussão sobre a Linguística Aplicada, pontuando desafios e possibilidades de rever
e intervir na sala de aula, espaço complexo e único para a mudança efetiva.

Eulália Vera Lúcia Fraga Leurquin


Coordenadora do FLAEL
Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Linguística Aplicada

8
Comissão Científica
Bernard Schneuwly (Université de Genève - Suíça)
Pollyanne Bicalho Ribeiro (UFC)
Francisco José Quaresma (UFG/UFMG)
Darcília Simões (UERJ)
Lúcia de Fátima Santos (UFAL)
Paula Francineti Ribeiro Araújo (IFMA)
Dora Riestra (Universidad Nacional de Rio Negro- Argentina)
Luzia Bueno (Universidade de São Francisco)
Lídia Stutz (UNICENTRO)
Mônica Fontenelle Carneiro (UFMA)
Luciane Correa Ferreira (UFMG)
Jean Remi Lapaire (Université de Bordeaux 3)
Dorotea Kersch (UNISINOS)
Fábio Delano Carneiro (Fa7)
Carlos Heric Silva Oliveira (SEDUC/SE)
Izabel Magalhães (UnB/UFC)
Paulo Osório (Universidade Beira Interior-Portugal)
Camila Maria Marques Peixoto (UNILAB)
Juliana Alves Assis (PUC/MG)
Maria Angela Paulino Teixeira Lopes (PUC/MG)
Fatiha Dechiche Parahyba (UFPE)
Kaline Mendes (UNILAB)
Margarete Schlatter (UFRS)
Clécio Buzen Junior (UFPE)
Eulália Leurquin (UFC)
Maria João Marçalo (Universidade de Évora – Portugal)
Ana Maria Mattos Guimarães (UNISINOS)
Eliane Lousada (USP)
Adair Gonçalves (UFMT)
Cathérine Kancellary Delage (Université Bordeaux Montaigne)
Mônica de Sousa Serafim (UFC)
Márcia Teixeira Nogueira (UFC)
Maria Auxiliadora Ferreira Lima (UFPI)
Marluce Coen (UFC)
Júlio César Araújo (UFC)
Regina Claúdia Pinheiro (UECE)
9
Vera Menezes (UFMG)
Aurea Zavam (UFC)
Lúcia Barbosa (UnB)
Ana Lúcia Silva Souza (UFBA)
Joaquim Dolz (Université de Genève)
Maria do Socorro Cardoso de Abreu (IFCE)

Comissão Organizadora
Representação Docente

Pollyanne Bicalho Ribeiro (UFC)


Paula Francineti Ribeiro Araújo (IFMA)
Mônica Fontenelle Carneiro (UFMA)
Luciane Correa Ferreira (UFMG)
Fábio Delano Carneiro (Fa7)
Camila Maria Marques Peixoto (UNILAB)
Kaline Araújo Mendes (UNILAB)
Eulália Leurquin (UFC)
Mônica de Sousa Serafim (UFC)
Aurea Sueli Zavam (UFC)
Maria Valdênia Falcão (UFC)
Lena Lúcia Espíndola Ferreira Figueredo (UECE)

Representação Discente

Ana Angélica Lima Gondim (UFC)


Ana Edilza Aquino de Sousa (UFC)
Larissa Maria Ferreira da Silva Rodrigues (UFC)
Maria Vieira Monte Filha (UFC)
Meire Celedonio da Silva (IFRN/UFC)

10
Representação de professores da Educação Básica

Aline Matos (SEDUC/UFC)


Lilian de Paula Leitão Barbosa (SEDUC/UFC)
Victor Calabria (SEDUC/UFC)
Marcelo Robson Silva Viana (SME)

11
Sumário

Programação ................................................................................ 13

Conferências ................................................................................ 24

Mesas-redonda ............................................................................. 27

Palestras ....................................................................................... 82

Sessões de Comunicação Coordenada ......................................... 88

Sessões de Comunicação Individual ............................................ 184

Pôsteres ........................................................................................ 392

12
Programação
DIA HORÁRIO ATIVIDADE
16/11/2016 Credenciamento.
Quarta-feira 7h30-9h LOCAL: Auditório do Bloco Didático da
FEAAC
Solenidade de Abertura, homenagem à Profa.
Dilamar Araújo.
9h – 10h
LOCAL: Auditório do Bloco Didático da
FEAAC
Apresentação cultural.
10h - 10h30 LOCAL: Auditório do Bloco Didático da
FEAAC
Conferência de abertura: Le genre: outil
langagier constitutif de l'enseignement des
langues

10h30-12h
LOCAL: Auditório do Bloco Didático da
FEAAC
CONFERENCISTA: Bernard Schneuwly
(Université de Genève)
12h-14h ALMOÇO

13
DIA HORÁRIO ATIVIDADE
16/11/2016 Mesa-redonda 1: O ensino e aprendizagem na
Quarta-feira perspectiva da Linguística Aplicada

LOCAL: Auditório José Albano


COORDENAÇÃO: Pollyanne Bicalho Ribeiro
14h-16h
(UFC)
MEMBROS:
Francisco José Quaresma (UFG/UFMG)
Darcília Simões (UERJ)
Lúcia de Fátima Santos (UFAL)
Mesa-redonda 2: Ensino e aprendizagem no
contexto profissionalizante

LOCAL: Sala de defesa do PPGL


COORDENAÇÃO: Lena Lúcia Espíndola
14h-16h Rodrigues Figueirêdo (UECE)
MEMBROS:
Maria do Socorro Cardoso Abreu (IFCE)
Paula Francinete Ribeiro Araújo (IFMA)
Adilson Ribeiro de Oliveira (IFMG)
Sueli Correia Lemes Valezi (IFMT)

14
DIA HORÁRIO ATIVIDADE
16/11/2016 Mesa-redonda 3: Formação do leitor/escritor
Quarta-feira na educação infantil: alfabetização e
letramentos

LOCAL: Auditório Interarte


COORDENAÇÃO: Dora Riestra (Universidad
14h-16h
Nacional do Rio Negro - Argentina)
MEMBROS:
Ana Célia Clementino Moura (UFC)
Maria de Fátima Vasconcelos (UFC)
Ana Paula Medeiros (UFC)
Mônica de Sousa Serafim (UFC)

15
DIA HORÁRIO ATIVIDADE
16/11/2016 Simpósio: O ensino e a aprendizagem de língua
Quarta-feira portuguesa em perspectivas: desafios e
encaminhamentos

LOCAL: Auditório José Albano


COORDENADOR: Francisco José Quaresma
(UFG/UFMG)
16h-18h MEMBROS:
Ana Paula Medeiros (COPAC Pro-Reitoria de
Graduação da UFC)

Rogers Mendes (Coordenador de Gestão


Pedagógica da SEDUC/CE)

Lindalva Pereira Carmo (Secretária Adjunta do


Município de Fortaleza (SME/Fortaleza)

18h-19h Lançamento de livros


17/11/2016 Mesa-redonda 4: Ensino e aprendizagem no
Quinta-feira Estágio de línguas

LOCAL: Auditório Interarte


8h-10h COORDENAÇÃO: Valdênia Falcão (UFC)
MEMBROS:
Lidia Stutz (UNICENTRO)
Ednilza Moreira (UFC)
Elza Mello Ribeiro (IFRJ)

16
DIA HORÁRIO ATIVIDADE
17/11/2016 Mesa-redonda 5: Ensino de línguas em
Quinta-feira diferentes perspectivas

LOCAL: Auditório José Albano


COORDENAÇÃO: Mônica Fontenelle Carneiro
(UFMA)
8h-10h MEMBROS:
Luciane Correa Ferreira. (UFMG)
Jean-Rémi Lapaire (Université Montaigne
Bordeaux 3 - França)
Dora Riestra (Universidad Nacional do Rio Negro
- Argentina)
Dorotea Kersch (UNISINOS)
Mesa-redonda 6: O ensino como objeto de
pesquisa

LOCAL: Auditório da biblioteca do CH1


COORDENAÇÃO: Fábio Delano Vidal Carneiro
8h-10h (Fa7)
MEMBROS:
Carlos Héric Silva Oliveira (PUC/SP)
José Ricardo Carvalho (UFSE)
Margarida Pimentel (UFC)
Rosiane de Sousa Mariano Aguiar (UFC)

17
DIA HORÁRIO ATIVIDADE
17/11/2016 10h-10h30 INTERVALO
Quinta-feira Palestra 1: Textos e identidades em práticas de
letramento no contexto do ensino
10h30-12h
LOCAL: Auditório José Albano
PALESTRANTE: Izabel Magalhães (UFC/UNB)
Palestra 2: Gramática, ensino e aprendizagem:
desenvolver a consciência linguística em sala
de aula
10h30-12h
LOCAL: Auditório da biblioteca do CH1
PALESTRANTE: Maria João Marçalo
(Universidade de Évora - Portugal)

Mesa-redonda 7: O ensino e a aprendizagem


de línguas estrangeiras

LOCAL: Auditório Interarte


COORDENADOR: Paulo Osório (Universidade
10h30-12h30 Beira Interior-Portugal)
MEMBROS:
Lídia Cardoso (UFC)
Valdecy Pontes (UFC)
Tito Lívio Cruz Romão (UFC)
Carlos Alberto Souza (UFC)
12h30-14h ALMOÇO

18
DIA HORÁRIO ATIVIDADE
17/11/2016 Sessões de Comunicação
Quinta-feira 14h-16h LOCAL: Bloco Didático de Letras Noturno e
Bloco Tupi
Apresentação de Pôsteres
14h-16h
LOCAL: Bosque Moreira Campos
Mesa-redonda 8: Ensino e aprendizagem no
Ensino Superior: letramento acadêmico

LOCAL: Auditório José Albano


COORDENAÇÃO: Camila Maria Marques

16h-18h Peixoto (UNILAB)


MEMBROS:
Pollyanne Bicalho Ribeiro (UFC)
Juliana Alves Assis (PUC/Minas Gerais)
Maria Angela Paulino Teixeira Lopes (PUC/MG)
Fatiha Dechicha Parahyba (UFPE)

19
DIA HORÁRIO ATIVIDADE
17/11/2016 Mesa-redonda 9: Ensino e aprendizagem:
Quinta-feira análise e produção de material didático.

LOCAL: Sala de defesa do PPGL


COORDENAÇÃO: Kaline Araújo Mendes de
16h-18h Souza (UNILAB/CE)
MEMBROS:
Margarete Schlatter (UFRS)
Clécio dos Santos Buzen Júnior (UFPE)
Ticiana Telles Melo (UFC)
Eulália Leurquin (UFC)
Mesa-redonda 10: Ensino e aprendizagem em
situação de formação de professor na
perspectiva do Interacionismo Sociodiscursivo.

LOCAL: Auditório Interarte


COORDENAÇÃO: Maria João Marçalo
16h-18h
(Universidade de Évora - Portugal)
MEMBROS:
Ana Maria Mattos Guimarães (UNISINOS)
Eliane Lousada (USP)
Luzia Bueno (Universidade de São Francisco)
Adair Gonçalves (UFGD)

20
DIA HORÁRIO ATIVIDADE
18/11/2016 Palestra 3: La correction phonetique en
français langue etrangere: pratiques et
Sexta-feira
perspectives.

8h-9h30
LOCAL: Auditório da biblioteca do CH1
PALESTRANTE: Cathérine Kancellary Delage
(Université Bordeaux Montaigne)
Palestra 4: Mudança linguística e histórica do
português: aplicações ao ensino do PE e do PB

8h-9h30
LOCAL: Auditório José Albano
PALESTRANTE: Paulo Osório (Universidade
Beira Interior –Covilhã– Portugal)
Mesa-redonda 11: O ensino e aprendizagem
analisado através do discurso do professor

LOCAL: Auditório Interarte


COORDENAÇÃO: Carlos Héric Silva Oliveira
(PUC/SP)
8h-10h
MEMBROS:
Camila Maria Marques Peixoto (UNILAB/CE)
Kaline Araújo Mendes de Souza (UNILAB/CE)
Fábio Delano Carneiro (FA7)
Lena Lúcia Espíndola Rodrigues Figueirêdo
(UECE)

21
DIA HORÁRIO ATIVIDADE
18/11/2016 Palestra 5: Gramática e ensino de línguas
Sexta-feira
10h-11h30 LOCAL: Auditório da biblioteca do CH1
PALESTRANTE: Márcia Teixeira Nogueira
(UFC)
Mesa-redonda 12: Ensino, aprendizagem e
tecnologia

LOCAL: Auditório Interarte


COORDENAÇÃO: Fatiha Dechicha Parahyba
10h-12h (UFPE)
MEMBROS:
Júlio César Araújo (UFC)
Regina Cláudia Pinheiro (UECE)
Vera Menezes (UFMG)
Áurea Zavam (UFC)

22
DIA HORÁRIO ATIVIDADE
18/11/2016 Mesa-redonda 13: Acolhimento e
Sexta-feira multilinguismo na universidade: desafios e
formação do professor.

LOCAL: Auditório José Albano


10h-12h COORDENAÇÃO: Paula Francinete Ribeiro
Araújo (IFMA)
MEMBROS:
Lúcia Maria de Assunção Barbosa (UnB)
Mirelle Amaral de São Bernardo (IFGO)
Ana Lúcia Silva Souza (UFBA)
12h-14h ALMOÇO
Sessões de Comunicação
14h-16h LOCAL: Bloco Didático de Letras Noturno e
Bloco Tupi
16h-16h30 INTERVALO
Conferência de Encerramento: O ensino do
oral: um projeto de engenharia didática:
homenagem a Luiz Antônio Marcuschi.
16h30-18h
LOCAL: Auditório José Albano
CONFERENCISTA: Joaquim Dolz (Université
de Genève)

23
RESUMOS

CONFERÊNCIAS

24
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Conferências

Conferência de Abertura

"LE GENRE: OUTIL LANGAGIER CONSTITUTIF DE


L'ENSEIGNEMENT DES LANGUES »

Bernard Schneuwly
(Université de Genève)

La discipline scolaire « langue maternelle » s'est construite dès le début sur la


notion de genre: en lecture et en écriture, à l'école primaire et à l'école
secondaire, depuis la fin du 19e siècle (en Europe), et ce aussi bien pour
enseigner l’écriture que la lecture, voire la langue oral. Les genres sont donc
à la fois des outils pour lire et pour écrire et des outils pour enseigner la
lecture et l’écriture. Dans une première partie nous proposerons des
réflexions sur la question du genre comme outil langagire.

Jusqu’e dans les années 1960, les genre enseignés étaient cependant très
particuliers : il s’agissait de genres scolaires, produits par l’école pour
enseigner la langue. Le renversement communicatif des années 60 a
profondément bouleversé cet état de fait. Des genres issues de différentes
pratiques sociales ont été utilisés pour enseigner ; ils ont été scolarisés. Cette
scolarisation transforme cependant genres : ils sont soumis à une
transposition didactiques. Dans la deuxième partie de la conférence, nous
décrivons les genres scolaires et scolarisés et les effets de la transposition
didacdtique.

Dans une troisième partie, nous présenterons trois approches contrastées


d’utiliser le genre comme unités fondamentale de l’enseignement des
langues: celle proposée en Australie par la Sydney School "Genre pedagoy";
celle proposée dans les programmes du Québec qui utilise le genre comme
principe organisateur de tout l'enseignement de la langue première; et celle
proposé en Suisse romande où des séquences didactiques ont été élaborées
pour enseigner la production de textes oraux et écrits. Quelles sont les

25
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Conferências

communautés et spécificités de chacune des trois approches? Quelles


conclusions en tirer pour l’enseignement de l’écriture et de la littérature ?

Mots clés : genre, lecture, écriture.

Conferência de Encerramento

O ENSINO DO ORAL: UM PROJETO DE ENGENHARIA


DIDÁTICA: HOMENAGEM A LUIZ ANTÔNIO MARCUSCHI

Joaquim DOLZ
Universidade de Genebra

O ensino da expressão oral progrediu consideravelmente no Brasil graças aos


aportes de Luiz Antônio Marcuschi (2008). Em diálogo com a obra do autor
recentemente falecido, nós vamos apresentar os trabalhos de pesquisa em
engenharia didática recentemente realizados em Genebra. As propostas
concernem às sequências didáticas sobre a compreensão e produção de
gêneros orais na escola primaria. A perspectiva desenvolvida mostrará as
inovações introduzidas nos últimos anos pela segunda geração de trabalhos
em engenharia didática: novas modelizações didáticas dos gêneros orais;
novidades introduzidas para trabalhar a compreensão e a produção; dupla
experimentação nas pesquisas; estabelecimento de critérios de validade
didática; colaboração de professores e pesquisadores; implicações na
formação dos professores. Para ilustrar os procedimentos propostos, três
exemplos de pesquisa serão discutidos: a) elaboração e implementação, com
professores da escola primária, de sequências didáticas sobre a compreensão
de gêneros orais; b) formação do professorado: a participação na elaboração
de sequências didáticas sobre o ensino do oral; c) analise das situações de
aprendizagem do oral em três contextos diferentes (ensino regular, ensino
especializado; aulas de apoio para os alunos alófonos).

Palavras chave: engenharia didática, gênero oral, sequência didática.

26
V FLAEL (Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas) – GEPLA/UFC – Mesas-
redonda

RESUMOS

MESAS-REDONDA

27
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

Mesa-redonda 1:
O ensino e aprendizagem na perspectiva da Linguística
Aplicada.

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE CORREÇÃO DE ERROS EM


LÍNGUA ESTRANGEIRA: DOS PROCESSOS INDIVIDUAIS AOS
COLABORATIVOS

Francisco José Quaresma de Figueiredo


Universidade Federal de Goiás / Universidade Federal de Minas Gerais
(UFG/UFMG)

Neste trabalho, são apresentadas algumas reflexões sobre como a noção de


erro em língua estrangeira tem-se modificado à medida que as teorias de
aquisição de línguas tem evoluído (Elis, 1995; Larsen-Freeman; Long, 1992;
Ortega, 2009), bem como algumas formas de correção, sendo enfatizados os
tipos de correção que favorecem a colaboração em sala de aula (Figueiredo,
2005, 2006, 2015): a correção com os pares e a correção dialogada realizada
com o professor. Os resultados nos mostram que os alunos se tornam mais
conscientes das suas limitações e pontos fortes quando têm a chance de
corrigir os seus textos de forma colaborativa, seja com o professor ou com
um colega. Poderemos verificar, portanto, que, por meio da reflexão e de uma
participação mais ativa no processo de correção, os alunos se sentem mais
motivados a aprender e têm a oportunidade de avaliar o seu desempenho e o
seu progresso no processo de aprendizagem de uma nova língua.

Palavras-chave: ensino e aprendizagem, correção de erros, língua


estrangeira.

28
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

O TEXTO MULTIMODAL E A FORMAÇÃO DO LEITOR DESDE A


PRÉ-ESCOLA

Darcilia Simões
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ/UEG/AILP/Seleprot)

Este trabalho tem por objetivo ressaltar a relevância da multimodalidade na


formação escolar desde a pré-escola. Para tanto, é preciso destacar a
capacitação docente nesse âmbito para que se torne usuário eficiente dos
recursos hoje disponíveis, em especial com a ajuda das Novas Tecnologias de
Informação e Comunicação (NTIC). Rector (1978) ressaltara que“o homem
se move na sociedade através do uso de signos. Não só pelo meio de
palavras, mas também de gestos, imagens, sons nãolinguísticos, num
processo de semiose, infinito, de geração constante e contínua de
interpretantes”; e Kress e Van Leeuwen (2001) alertaram sobre a presença da
multimodalidade em qualquer linguagem, “gravada em uma pedra, como
caligrafia em um certificado, como impressão em um papel, e todos esses
meios adicionam uma camada a mais de significado”. Portanto, operar no
eixo da multimodalidade é hoje uma necessidade estratégica, uma vez que
responde aos interesses imediatos dos estudantes de todas as idades, uma vez
que estão em constante uso de dispositivos digitais, portanto em contato com
a multimodalidade. Assim sendo, a exploração desses recursos nas práticas
didáticas (Santaella, 2008) é um caminho produtivo não só para a interação
entre docente e discente, mas especialmente entre conteúdos e estudantes.
Dessa forma os sujeitos poderão desenvolver competências exigidas pelas
demandas sociais de letramento cada vez mais avançadas.

Palavras-chave: linguagem, multimodalidade, leitura/leitor.

29
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

LETRAMENTO ACADÊMICO: PRODUZINDO SENTIDOS NA


UNIVERSIDADE

Lúcia de Fátima Santos


Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

Nesta mesa-redonda, tem-se como objetivo analisar como os alunos


expressam a compreensão de textos em atividades de escrita desenvolvidas
durante o curso de graduação. Trata-se de dados de uma pesquisa que tem um
caráter longitudinal, caracteriza-se como pesquisa-ação e insere-se na área de
Linguística Aplicada. Na análise dos dados, adota-se como fundamentação
teórica as reflexões de Bakhtin (1992 e 2003) e De Certeau (2002),
conjugadas com as abordagens dos Novos Estudos dos Letramentos, mais
especificamente as discussões sobre letramento acadêmico (FIAD, 2011;
GEE, 1996; LILLIS, 1999 e 2003; STREET, 2010; ZAVALA, 2010, entre
outros). O corpus da pesquisa é formado por dados coletados na escrita de
diferentes gêneros acadêmicos, como também em entrevistas, questionários e
diários reflexivos. Nesta análise, serão considerados apenas dados de textos
produzidos no decorrer de algumas disciplinas. De acordo com resultados
preliminares até então obtidos, observa-se que as evidências de maior
compreensão responsiva e de atitudes táticas dos alunos são ampliadas com
as intervenções do professor, através dos diálogos constituídos nos momentos
de reescrita dos textos.

Palavras-chave: letramento acadêmico, texto, reescrita.

30
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

Mesa-redonda 2:
Ensino e aprendizagem no contexto profissionalizante.

PRODUÇÃO ESCRITA NO ENSINO TÉCNICO NO IFCE: REVISÃO


COMO MOMENTO DE INTERLOCUÇÃO

Maria do Socorro Cardoso de Abreu


Instituto Federal do Ceará (IFCE-Campus Maracanaú)

Os estudos sobre o ensino da escrita têm sido desenvolvidos por vários


pesquisadores para enfatizá-lo não como produto final e sim como um
processo, principalmente nas últimas décadas (SCHNEUWLY,2004;
LEAL,2008; VAL, ROCHA,2008;GARCEZ 2010; NASCIMENTO,2014).
No entanto, o ensino da escrita em algumas escolas ainda se dá pela correção
puramente gramatical e gráfica do produto final, tendo o professor como
único leitor, sem que o aluno e até muitas vezes o professor conheçam o
processo de elaboração das atividades de produção. Para incentivar o aluno a
escrever é necessário que o professor se familiarize com as etapas de
produção da escrita e procure estratégias eficazes que incentivem e motivem
o aluno nestas etapas, principalmente nas etapas de releitura, revisão e
reescrita, considerando-as como momento de interlocução, voltadas para
questões pertinentes ao plano textual-discursivo. É preciso que o aluno se
sinta profundamente envolvido, que compartilhe seu texto com outros e
perceba a si mesmo como autor que seleciona, equilibra e configura as ideias
(GARCEZ,2010). O objetivo deste artigo é verificar se os alunos do curso
técnico no IFCE- Campus Maracanaú têm conhecimento da revisão como
momento de interlocução. Foi aplicado um questionário, no primeiro dia de
aula, após a professora explanar sobre as etapas do processo de escrita,
detendo-se no momento de releitura, revisão e reescrita. Os resultados
revelam que os alunos tiveram experiência no ensino médio quanto a revisão
colaborativa, pois a maior parte dos alunos após a primeira versão da redação
compartilha com o colega o texto ao revisá-lo. Isso comprova que esta etapa
31
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

está sendo considerada como uma das formas pontuais de intervenção para
melhorar o texto.

Palavras-chave: Produção textual; Revisão; Ensino profissionalizante.

AS ATIVIDADES MEDIADAS PELA LINGUAGEM


CONCRETIZADAS PELOS GÊNEROS DE TEXTOS EM SITUAÇÃO
DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Paula Francineti Ribeiro de Araujo


Instituto Federal do Maranhão (IFMA)

Nas últimas décadas, ocorreu uma ampliação significativa da rede federal de


educação profissional no Brasil, ao mesmo tempo, vivenciamos várias
reformas e/ou renovações, mais ou menos relevantes, devido à necessidade
de adaptação da Escola às novas expectativas decorrentes das evoluções
sociais e econômicas e aos novos conhecimentos sobre o “conteúdo” das
disciplinas escolares, elaborados no campo científico e para as quais os
jovens devem estar preparados. O domínio dos gêneros das esferas
profissionais é, portanto, de fundamental importância para que passem a ser
também um objeto de ensino-aprendizagem (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004).
Nosso objetivo principal é apresentar o resultado da nossa pesquisa de campo
desenvolvida durante o estágio de pós-doutorado (UFGD/IFMA). Fizemos o
levantamento dos gêneros de texto do eixo tecnológico controle e processos
industriais que os alunos do curso técnico de Eletrotécnica e de
Eletromecânica do IFMA são requeridos a ler e escrever, em situação de
estágio no IFMA e nas empresas- concedente. Especificamente, objetivamos
também: (1) descrever o contexto de produção das interações no qual os
estagiários se engajam com base no interacionismo sociodiscursivo
(BRONCKART, 2006, 2007); (2) circunscrever e definir o conjunto de
gêneros, os sistemas de gêneros e os sistemas de atividades das esferas
profissionais do curso de Eletrotécnica e Eletromecânica com base na
32
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

sociorretórica (BAZERMAN, 2005, 2006). Trata-se de uma pesquisa de


cunho etnográfico (CHIZZOTTI, 2009). Dada a natureza desta pesquisa, nos
foi possível apreender a rotina com relação à recepção-produção de textos,
aos quais, professores e estudantes não estão familiarizados, as ocasiões em
que são lidos e escritos; com que propósito e como os estagiários produzem e
interpretam esses textos.

Palavras-chave: Gêneros de texto. Atividade. Linguagem.

LETRAMENTO, REPRESENTAÇÕES DA ESCRITA E FORMAÇÃO


PROFISSIONAL: QUESTÕES PARA O ENSINO E A PESQUISA

Adilson Ribeiro de Oliveira


Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG – Campus Ouro Branco)

Considerando o letramento como um conjunto de práticas sociais, fortemente


e estreitamente ligado aos usos que se faz da escrita enquanto sistema
simbólico e enquanto tecnologia, bem como aos valores que a ela são
atribuídos, e partindo de um viés sócio-cognitivo-interacionista, propõe-se
uma abordagem que encara as representações como um elemento constitutivo
de competências no domínio da escrita. Sendo a escrita um objeto de ensino e
aprendizagem, não é demais afirmar que as relações que se estabelecem entre
o professor, o aluno e esse objeto certamente têm como parte de seus
componentes, de um lado, as práticas e representações sociais a respeito da
escrita e, de outro, as práticas de escritura no meio escolar. Nessa
perspectiva, de natureza didática, pretende-se instigar uma reflexão acerca do
papel das representações em processos de letramento em ambiente escolar
profissionalizante. O que se pretende, ao final, é apresentar uma abordagem
sobre o desenvolvimento de competências no campo da escrita que leva em
conta as representações construídas pelos alunos sobre/nas práticas de uso, o
que, de fato, tem consequências consideráveis no processo
ensino/aprendizagem e em todos os vieses em que se descortinam os
complexos processos de letramento. Trata-se, enfim, de uma investida que
33
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

pretende esboçar contribuições tanto para o ensino quanto para a pesquisa,


especialmente em termos da compreensão de possíveis impactos sobre o
ensino da língua portuguesa nas práticas escolares profissionalizantes.

Palavras-chave: Letramento, Representações da Escrita, Ensino


Profissionalizante.

O COLETIVO DE TRABALHO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL:


TEXTOS REVELANDO REPRESENTAÇÕES SOBRE O AGIR DO
DOCENTE DE LÍNGUA PORTUGUESA.

Sueli Correia Lemes Valezi


Instituto Federal de Mato Grosso

A expansão na oferta de cursos profissionais na rede federal, ocorrida em


decorrência das imposições da modernidade tardia representada pelos últimos
governos, tem promovido uma demanda cada vez maior de docentes nessas
instituições. E estes, por sua vez, advindos de atuações em diferentes
contextos de ensino, são desafiados a se adaptarem às especificidades
requeridas pela formação técnica e tecnológica oferecida pelos Institutos
Federais e Centros Federais de Ensino espalhados pelo país. Diante desse
cenário e, motivada por resultados obtidos em Valezi (2014), este trabalho2
tem o objetivo de investigar como os professores de Língua Portuguesa
significam a sua formação e sua prática como docentes nos campi do IFMT.
Os textos analisados nesta pesquisa resultam de um questionário que foi
disponibilizado na ferramenta Google Docs e encaminhado a todos os
professores de Língua Portuguesa pertencentes ao quadro efetivo dos campi
do IFMT. De base qualitativa-interpretativista, a pesquisa orienta-se por

2
Este trabalho está filiado a um Projeto de Pesquisa financiado pela PROPES/IFMT e
FAPEMAT.

34
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

pressupostos teórico-metodológicos do ISD (BRONCKART & MACHADO,


2009; MACHADO, 2004; MACHADO et al 2009). As questões
encaminhadas aos sujeitos-alvo da pesquisa abordam temas, essencialmente,
sobre: a formação como docente de língua portuguesa em outros contextos de
ensino e na educação profissional; tempo de docência nos diferentes
contextos de ensino; concepção de ensino de língua portuguesa; dificuldades
no trabalho docente na educação profissional; gêneros textuais importantes
para o trabalho com a língua portuguesa na Educação Profissional. Sob a
perspectiva da semiologia do agir, os resultados puderam revelar
representações construídas pelo docente de Língua Portuguesa, as quais têm
contribuído tanto para a identificação de demandas de formação desse agente
da educação, como também para compreender os desafios, as motivações e os
empecilhos para o agir nos cursos de formação para o trabalho ofertados
pelos institutos federais.

Palavras-chave: Trabalho docente; Formação docente; Língua portuguesa;


Educação profissional.

Mesa-redonda 3:
Formação do leitor/escritor na educação infantil:
alfabetização e letramentos.

O GÊNERO TEXTUAL COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO:


UMA EXPERIÊNCIA INTEGRADORA

Ana Célia Clementino MOURA


Universidade Federal do Ceará (UFC)

A experiência que ora relatamos foi vivenciada em uma das Formações de


Professores que coordenamos no âmbito do Pacto Nacional pela
Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) que acontece em parceria com o
MAIS PAIC (Programa Aprendizagem na Idade Certa), uma parceria entre o
35
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

Ministério da Educação e Cultura (MEC), a Universidade Federal do Ceará


(UFC) e a Secretaria de Educação do Ceará (SEDUC). Seguindo um
cronograma e uma sistemática de trabalho acordada entre as três instituições,
as formações são realizadas para supervisores e formadores, em Fortaleza, de
onde estes profissionais levam atividades e teoria de base para serem
exploradas com os orientadores de estudo (OE), a quem cabe o curso e o
acompanhamento das atividades dos professores alfabetizadores (PA) nos
cento e oitenta e quatro municípios do Ceará. Quando avaliamos, faz-se
necessário que tomemos um ponto de partida, daí nosso foco ser o
planejamento das atividades que foram propostas, visto que ele direciona
nossa prática pedagógica. É no planejamento que ficam explicitados os
objetivos, os conteúdos, a forma de aplicação das atividades e as metas. Além
disso, a avaliação só pode ser considerada completa quando se vislumbram
caminhos possíveis e adequados para o alcance da meta a que nos propomos.
Não será qualquer resultado que pode ser considerado satisfatório; espera-se
um resultado compatível com a teoria e com a prática pedagógica que
estamos usando. Eis a razão pela qual realizamos a avaliação do ano de 2016
por meio da produção de onze gêneros textuais diferentes. Ao longo de um
ano de trabalho, vários gêneros foram alvo nas formações, além de haver na
Proposta Curricular do Estado do Ceará, a inclusão de sugestão de gêneros a
serem abordados na escola. Para o desenvolvimento desse trabalho, dentre
várias leituras, embasamos nossas discussões em Bolzan (2002), Brandão
(2002), Schneuwly e Dolz (2004), Dionísio, Machado e Bezerra (2002),
Costa (2008), Bezerra, Biasi-Rodrigues e Cavalcante (2009), Depresbiteris
(2009). Para coleta dos textos, pedimos que os participantes, organizados em
trios, produzissem um texto (informávamos o gênero requerido) no qual
descrevessem e avaliassem as formações – ao todo foram seis – acontecidas
ao longo de 2016, empregando três palavras: compromisso, alfabetizador,
aproveitamento. Os resultados nos confirmam que é produtivo avaliar por
meio de uma diversidade de gêneros textuais e que isso contribui tanto para
que o grupo reflita sobre as ações desenvolvidas ao longo do ano quanto para
a consolidação dos conhecimentos sobre a composição do gênero, sua função
e produção.

Palavras-chave: Avaliação. Gênero Textual. Ciclo de Alfabetização.


Formação de Professores.
36
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

LETRAMENTO E INTERDISCURSO: O QUE SE LÊ PARA ALÉM


DA PALAVRA ?

Maria de Fátima Vasconcelos


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Tendo a apropriação das práticas sociais da língua escrita repercussões de


grande alcance nos processos de subjetivação e inserção social dos sujeitos,
cabe considerar a complexidade das dimensões envolvidas nesse
aprendizado. Parte-se do pressuposto de que os processos de significação se
realizam sob determinadas condições de produção que acionam posições de
sujeito com vista à produção de certos efeitos de sentido. Trata-se do
funcionamento da linguagem enquanto dispositivo através do qual o sujeito
se relaciona consigo mesmo e com o mundo, do “discurso como efeito de
sentido entre interlocutores”, lugar de contato entre língua e ideologia. Por
isso, as relações interdiscursivas, presentes nos textos a que as crianças têm
acesso, merecem uma análise que ponha em destaque certos aspectos nem
sempre considerados nas práticas de ensino, sobretudo, voltadas para a
formação do leitor da Educação infantil, ainda em processo de alfabetização.
Especialmente na Educação infantil, quando os textos costumam ser
acompanhados, na maioria das vezes de imagens ilustrativas, que se
relacionam de diferentes modos com os textos que as acompanham. Para
além do material estritamente lingüístico, porém, estreitamente a ele
relacionado, várias zonas de sentido se oferecem ao leitor como dimensões
formativas da sua leitura de mundo. Tomando um material didático utilizado
em escolas de Educação infantil, pretende-se por em relevo uma dimensão do
currículo oculto, presente nestes textos, e que estão implicados no processo
de apropriação cultural via letramento escolar.

Palavras-chave: leitura, escrita material didático.

37
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

A CRIANÇA E O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL:


COMO A ESCOLA PODE AUXILIAR NESSA CAMINHADA

Ana Paula de Medeiros Ribeiro


Universidade Federal do Ceará (UFC)

A legislação atual, que orienta a Educação Infantil no Brasil, recomenda que


as propostas pedagógicas para esse nível de ensino considerem a criança
como sujeito histórico e de direitos. Isso significa vê-la como alguém capaz
de participar ativamente da construção do seu próprio desenvolvimento por
meio de suas ações e interações. Nessa perspectiva, são considerados os
saberes infantis e o lugar que ela ocupa na sociedade. Todavia, nem sempre
as crianças foram vistas dessa maneira. Só recentemente é que surgiu a
Sociologia da Infância, que trouxe uma grande contribuição em reconhecer as
crianças como protagonistas e atores sociais que trocam experiências e
interagem com os demais, contribuindo para a transformação da sociedade.
Essa nova maneira de conceber a criança trouxe diversas consequências nos
modos de interagir com ela nos mais variados campos sociais, destacando-se
a família e a escola. A ideia, então, é realizar uma apresentação dos eixos que
compõem a Cultura da Infância, conceito que surgiu com as discussões atuais
da Sociologia da Infância, e de como a escola pode auxiliar no
desenvolvimento da linguagem oral na criança valendo-se desses eixos:
interatividade, fantasia do real, ludicidade e reiteração. O foco será nas
orientações didáticas e em sugestões para possibilitar a criança vivenciar
práticas da oralidade em um ambiente feliz e construtivo.

Palavras-chave: Educação infantil; Leitura; Escrita.

38
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

O GÊNERO TEXTUAL HISTÓRIA COMO INSTRUMENTO DE


AVALIAÇÃO: O QUE NOS DIZEM OS TEXTOS DOS ALUNOS DO
3º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL?

Mônica de Souza SERAFIM


Universidade Federal do Ceará (UFC)

O Estado do Ceará desenvolveu, ao longo do ano de 2016, formações


continuadas para os professores do 4º e 5º anos dos 184 municípios do Ceará.
Dentre as diversas ações que compõem esta política, está a avaliação
diagnóstica. Centralizando nosso olhar para esta ação formativa, objetivamos
analisar a produção textual dos alunos participantes da Avaliação Diagnóstica
realizada pelo programa MAISPAIC, em maio de 2016. Para o
desenvolvimento desse trabalho, embasamo-nos nas contribuições teóricas de
Brandão (2002), Schneuwly e Dolz (2004), Dionísio, Machado e Bezerra
(2002) e Marcuschi (2008). Foram selecionados quarenta textos para serem
analisados, vinte textos do 2º ano e 20 textos do 3º ano do Ensino
Fundamental. A análise dos dados foi feita de forma quantitativa e
qualitativa. Este último tipo de análise dos dados se fez necessário porque,
segundo Eisner (1991), permite que o pesquisador, dentre tantas vantagens,
interprete qual o significado de uma situação para os sujeitos da pesquisa e
veja as particularidades de cada contexto. Os resultados nos confirmam que
as avaliações diagnósticas são um instrumento produtivo para que o professor
possa refletir sobre as ações desenvolvidas ao longo dos anos anteriores no
tocante à consolidação dos conhecimentos que os alunos têm sobre o texto no
que diz respeito aos aspectos discursivo, textual e notacional.

Palavras-chave: Avaliação. Produção Textual. Ciclo de Alfabetização.


Formação de Professores.

39
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

Mesa-redonda 4:
Ensino e aprendizagem no Estágio de línguas.

PERSPECTIVAS E DESAFIOS NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE


PROFESSORES DE ELE EM FORMAÇÃO INICIAL

Maria Valdênia Falcão do Nascimento


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Durante o período dedicado ao estágio supervisionado, os estudantes em


formação inicial precisam vivenciar importantes tarefas relacionadas a sua
profissão. Embora o estágio se apresente como um momento privilegiado de
aprendizagem em serviço, este ainda é considerado como fonte de muitas
inquietações, principalmente, para o aluno em formação inicial. No âmbito da
formação de professores são muitos os desafios a serem enfrentados, que vão
desde a definição do campo de estágio até a superação das inseguranças do
aluno ao enfrentar a sala de aula como professor pela primeira vez. No
presente trabalho, objetivamos analisar a relevância das atividades formativas
vivenciadas pelos alunos-estagiários, bem como a relação que se estabelece
entre esses e o professor orientador de estágio. Para tal fim, assumimos a
perspectiva de estudos desenvolvidos no campo da Linguística Aplicada,
entre os quais destacamos: Leurquin (2013), Santos (2004) e Pennycook
(2001) e de teóricos da Educação, Novoa (2007), Pimenta e Lima (2006),
Tardif (2002) entre outros. Consideramos, ainda, o disposto na Lei 11. 788,
de 25 de setembro de 2008 (Lei do Estágio), bem como o PPC e as
regulamentações do Curso de Letras Espanhol. O resultado do enfoque
proposto nos permitiu escrutinar os papeis dos sujeitos envolvidos na
vivência do estágio para a docência, além de refletirmos sobre formas
concretas de enfrentamento das dificuldades encontradas na formação
acadêmica de futuros professores de línguas.

Palavras-chave: Estágio supervisionado. Ensino de espanhol. Atividades


formativas.

40
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

ESTÁGIO SUPERVISIONADO PARA A TRANSFORMAÇÃO DE


SABERES DO DOCENTE DE LÍNGUAS

Lidia Stutz
PPGL/UNICENTRO

Partindo do pressuposto que os saberes organizam-se em sistemas complexos


e que a apropriação modifica a maneira de pensar, utilizar a língua nas
interações sociais e na condução de ações (SCHNEUWLY, 2010), esta
proposta contempla o percurso da transformação de saberes no estágio
supervisionado. Sob os aportes da didática das línguas e dos estudos de
gêneros textuais da Escola de Genebra, a proposta em tela tem como objetivo
revisitar questões teóricas sobre os saberes da formação docente e tecer
relações com documentos oficiais para, na sequência, apresentar exemplos
advindos das práticas e pesquisas realizadas. A transposição didática é
constituída de saberes a ensinar e para ensinar (HOFSTETTER;
SCHNEUWLY, 2009) entre os quais são fundamentais os saberes do contexto
e papel do professor, metodologias, recursos, planificação, regência,
autonomia e avaliação (STUTZ, 2012). Esses saberes são compostos por
capacidades docentes que são operações psíquicas necessárias para condução
das práticas do ensino. A transformação dos saberes desta apresentação
provém das práticas de estágio realizadas com alunos-professores de um
curso de Letras-Inglês de uma universidade pública na região centro-sul do
estado do Paraná. Entre os instrumentos utilizados citamos os modelos
didáticos e as sequências didáticas com base em gêneros textuais, relatos de
socialização de diários e de relatórios de estágio. Observamos que a análise
dos dados constitui uma fonte importante para reavaliar tanto os saberes dos
futuros profissionais quanto o próprio trabalho do professor formador.

Palavras-chave: Sequências didáticas, Transposição didática, Gestos


didáticos.

41
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

O ESTÁGIO DE REGÊNCIA DO ENSINO DE LÍNGUA


PORTUGUESA:
PERSPECTIVA DE LETRAMENTO

Maria Ednilza Oliveira Moreira


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Considerando que a prática de letramento vai além da habilidade de ler e


escrever texto, focalizamos como uma experiência do “estágio de regência
em ensino da língua portuguesa” pode contribuir para a definição de um
sistemático plano de ação docente, estabelecendo caminhos para a utilização
de textos a serem estudados em sala de aula. Tudo isso, sem perder de vista o
que a escola estabelece como conteúdo do programa de disciplina por série,
em função de temas e gêneros textuais que revelem importância para a vida
cotidiana dos discentes. Assim, para definir a base conteudística de um plano
global de estágio, foram consideradas tradições que poderiam ser cultivadas
no momento em que se iniciaria a experiência. Por se tratar do mês de maio,
dedicado ao ícone cultural da cidade, adotou-se como ponto de partida a
LENDA de formação do povo fortalezense. Daí desembocaram, dentro do
referido plano, outros gêneros textuais presentes no plano da classe, que
também deveriam ser incluídos dentro de um panorama que gerasse interesse
dos alunos. Demandaram então os gêneros POEMA, CANÇÃO, ANÚNCIO
PUBLICITÁRIO, entre outros. O poema deveria servir a um reforço na
preparação para as olimpíadas de língua portuguesa; a canção resgataria a
prática de se cantar o hino municipal; os anúncios constituiriam a base para
um jornal varal da classe. Os procedimentos didáticos e pedagógicos para o
escrever foram inspirados no esquema de Simard (1992), conforme Dolz,
Gagnon e decêndio (2010), sendo que dados teóricos sobre letramento
provêm sobretudo de Kleiman (1995) e Soares (1998). O objetivo maior da
empreitada seria mostrar os efeitos práticos que o estágio de regência traria –
para o alunado, na utilização da língua a partir dos gêneros textuais
abordados; para o estagiário, na organização do estágio.

Palavras chaves: Estágio, Gêneros textuais, Letramento.

42
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

ESTÁGIO SUPERVISIONADO COMO DESAFIO PARA REGENTES,


PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS E LICENCIANDOS: UMA
PROPOSTA POSSÍVEL NO IFRJ

Elza Mello Ribeiro


Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ)

A fala proposta para a mesa redonda está alinhada com o tema proposto pelo
evento cujo foco recai sobre o estágio supervisionado e a contribuição, ou
não, do mesmo para a formação dos docentes. Não haverá melhora na
educação brasileira que não passe por uma formação de professores de
qualidade; da mesma forma, não haverá uma formação adequada que não
passe por um estágio significativo e pertinente aos licenciandos. Entretanto,
na contemporaneidade o estágio é um dos entraves no processo de
constituição da identidade do estagiário ainda nos bancos universitários. São
inúmeras as questões que perpassam esse momento tão relevante do currículo
das licenciaturas: falta de tempo dos estagiários já no mercado de trabalho,
professores regentes não preparados, falta de diálogo universidade-escola,
carga horária proposta pelas diretrizes, formato tradicional e arcaico de
práticas, falta de compreensão pro parte do universitário sobre a razão do
estágio. Portanto, é um tópico que exige um olhar diferenciado por parte dos
pesquisadores universitários que se identificam, se engajam, se debruçam e
problematizam o tema. Para além disso tudo, não adianta que o conhecimento
seja produzido na academia se não há uma via de mão dupla que dê retorno
para a comunidade educacional das possibilidades possíveis. Assim sendo,
trago como objetivo da fala compartilhar as formas como o IFRJ (Instituto
Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro) tem proposto
um formato de estágio que tenta, de alguma forma colaborar para a formação
de melhores profissionais da educação, fruto dos meus estudos de
doutoramento. Ressalto que minha voz ecoa a heteroglossia de discursos que
me constituem enquanto educadora e que, assim sendo, são paráfrases
polifônicas de outros que muito antes de mim dedicaram-se à questão.
(VIEIRA-ABRAÃO, 2010; MILLER, 2013; VIAN JR, 2015; CELANI,
2007; GARRIDO, 2013; LUCENA, 2013; ALMEIDA FILHO, 1999; etc.)

43
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

Palavras-chave: Formação docente. Estágio supervisionado. Ensino de


Inglês.

Mesa-redonda 5:
Ensino de línguas em diferentes perspectivas.

ALEMÃO SEM FRONTEIRAS: FALANDO SOBRE AS


MOTIVAÇÕES METAFÓRICAS DOS ESTUDANTES PARA
APRENDIZAGEM DE AFA EM UM CONTEXTO UNIVERSITÁRIO
NO BRASIL

Luciane Corrêa Ferreira


Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Metáforas e metonímias estão em toda a parte, elas permeiam os discursos na


sociedade e aparecem em uma diversidade de formas: verbal, em imagens e
gestos. Portanto, elas também estão presentes nos discursos sobre a
aprendizagem. Este estudo tem como objetivo investigar como aprendizes de
língua estrangeira do programa de Alemão para Fins Acadêmicos (AFA) de
uma universidade federal brasileira interagem em sua língua materna sobre as
motivações para aprender uma língua estrangeira, bem como sua motivação
para participar em programas de intercâmbio. Os dados foram coletados
usando a metodologia de grupo focal com três grupos de seis estudantes cada
(níveis A1, A2 e B1, de acordo com o Quandro Comum de Referência
Europeu). Apresentamos aqui os resultados do grupo de nível A1.
Conduzimos nos dados uma Análise do Discurso à Luz das Metáforas
(Cameron et al 2010) para examinar as metáforas e metonímias que surgiram
nas interações dos grupos focais. Pudemos identificar a presença de
44
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

metáforas sistemáticas como APRENDIZAGEM É TRABALHO DURO e


APRENDIZAGEM É PULAR BARREIRAS, imbricadas com Metáforas
Conceptuais (Lakoff e Johnson 2003) como EDUCAÇÃO É VIAGEM e
DIFICULDADES SÃO PESO, que apontam para a motivação de
aprendizagem verbalizada pelos participantes desse estudo. Tais resultados
agregam evidências a estudos anteriores que identificaram a Metáfora
Conceitual EDUCAÇÃO É VIAGEM como a grande metáfora norteadora da
aprendizagem como um todo.

Palavras-chave: Metáfora, Metonímia, Alemão Sem Fronteira.

PRAGMATICS IN THE FLESH. STAGING PHYSICAL


EXPLORATIONS OF THE TRAFFIC RULES OF SOCIAL
INTERACTION IN THE LINGUISTICS CLASSROOM

Jean-Rémi LAPAIRE
(Université Montaigne Bordeaux 3 - França)

Kineflection (Lapaire 2016) denotes the process whereby the moving human
body engages in visible acts of understanding. Ideas are enacted and given
visible « shape » (Arnheim 1969) through « conceptual action » (Streeck
2009), bodily displays of meaning are produced that give sensory reality and
« palpability » (Talmy 2000) to otherwise intangible meanings.

Kineflection is present in everyday communicative behaviour. All speakers


show a keen sense of kineflection when they need to present, define or
explain some point or argument in the course of a discussion. But the
patterned moves that “help them think” (Goldin-Meadow 2003) remain
largely unconscious. My current working hypothesis is that the inbuilt
mechanisms of conceptual action may be brought to consciousness and used
to empower teachers and students in instructional settings. As this is done,
new enhanced strategies of conceptualization may be designed that align
bodily actions with conceptual actions, as reflection is “orchestrated to a

45
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

choreography of the human body” (Asher 1972). In principle, the strategies


should make sense to learners because “the enactment of knowledge and
concepts through the activities of our bodies” (Lindgren & Jonson-Glenberg,
2013) is part of our human nature (Jousse 1976). Yet, developing embodied,
enactive forms of understanding in the classroom remains a challenging task,
as I propose to show.

In this presentation, I report on two experiments conducted during the


multimodal pragmatics seminars that I teach at my home university in
Bordeaux, France. Various forms of « choreographic thinking » (Forsythe
2013) are used in collaboration with professional dancers to enact
“interaction rituals” and conceptualize “the traffic rules of verbal interaction”
(Goffman 1964). As this is done, a new, enhanced awareness of facework,
politeness strategies, ingroup membership, pragmatic inference emerges. In
the process, students are led to develop an acute sense of the patterned and
contextual character of interactional codes. Factors influencing student
interest and motivation are assessed, while conceptualization and recall
strategies are identified. The experiments reveal that results are likely to vary
according to the form and intensity of physical engagement; the discrepancies
between the cultural scripts in the participants’ native language(s) and the
target language; the interplay between emotion and rationalization.

Key words : pragmatics – embodiment – gesture – enaction – language


pedagogy.

EL INTERACCIONISMO SOCIO-DISCURSIVO, UN MODELO


DIDÁCTICO DIALÓGICO

Dora Riestra
Universidad Nacional de Río Negro, Argentina (UNRN)

La interacción verbal humana como base del desarrollo orienta la perspectiva


teórica del Interaccionismo socio-discursivo (ISD), con eje en las referencias
46
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

conceptuales acerca del signo lingüístico de Saussure, signo como


instrumento en Vygotski y el signo ideológico en Voloshinov. Este enfoque
epistemológico que elaborara Bronckart (1997, 2013) constituye un aporte a
nivel metodológico para el análisis de los textos, como productos de la
interacción verbal. Nuestras investigaciones hemos abordado la interacción
en la enseñanza de la lengua primera enfocando las consignas de enseñanza
en su carácter dialógico. En esta comunicación presentaremos, en primer
lugar, la síntesis teórica que nos permite indagar metodológicamente la
interacción en las clases y, de este modo evaluar los efectos de la enseñanza.
En segundo lugar, por tratarse de investigaciones en Didáctica de las
lenguas, analizamos los efectos producidos por la enseñanza en los alumnos,
a través de los textos de las consignas de los profesores y los textos de los
alumnos a partir de las mencionadas consignas. La construcción
metodológica que hemos desarrollado se organiza a partir de la teoría de la
actividad de Leontiev. Este tipo de análisis nos ha permitido conocer más
profundamente cómo operan los modelos didácticos en la situación de
enseñanza aprendizaje en las clases de lengua y literatura. A interaçao verbal
humana como base do desenvolvimento orienta a perspectiva teórica do
Interacionismo socio-discursivo (ISD), com eixo nas referências conceituais
sobre o signo linguistico de Saussure, o signo como instrumento en Vygotski
e o signo ideológico en Voloshinov. Esta abordagem epistemológica que
produz Bronckart (1997, 2013) é uma contribuição em termos de
metodologia de análise dos textos, como produtos da interação verbal. Em
nossas pesquisas temos abordado a interação no ensino da língua primeira
com foco nas consignas (indicações de tarefas) em sua natureza dialógica.
Neste artigo, apresentamos, em primeiro lugar, a síntese teórica que nos
permite investigar metodológicamente a interação na sala de aula e, assim,
avaliar os efeitos do ensino. Em segundo lugar, como trata-se de pesquisas
em Didática de línguas, analisamos os efeitos produzidos pelo ensino nos
alunos através dos textos das consignas dos professores e dos textos dos
alunos como resposta as consignas mencionadas. A construção metodológica
que nós desenvolvemos é organizada a partir da teoria da atividade de
Leontiev. Este tipo de análise tem nos permitido conhecer mais
profundamente como os modelos didáticos operam na situação de ensino-
aprendizagem em aulas de lingua e literatura.

47
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

Palavras-chave: Interacionismo socio-discursivo; análise das “consignas” de


trabalho; efeito didático do ensino.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES E USO DE


METODOLOGIAS ATIVAS: O CASO DO TRABALHO COM
PROJETOS DIDÁTICOS DE GÊNEROS QUE CIRCULAM NA
ESFERA DIGITAL
Dorotea Frank Kersch
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)

Ao longo dos quatro anos em que acompanhei, como pesquisadora associada,


professores em formação, e outros em ação que buscavam sua formação
continuada junto a nosso grupo de pesquisa, pude observar as diferentes
formas de eles se engajarem nas atividades que propúnhamos: alguns vinham
com as leituras feitas, com muitas perguntas e comentários para compartilhar
com a então denominada comunidade de indagação; outros se mantinham
calados, esperavam os demais se manifestarem para, então, revozear o que já
havia sido dito. Foi no âmbito daquele grupo de pesquisa que concebemos o
dispositivo didático Projeto Didático de Gênero (PDG) (KERSCH;
GUIMARÃES, 2012; GUIMARÃES; KERSCH, 2014, 2015). Ao longo dos
quatro anos em que trabalhamos com os professores da rede municipal de
Novo Hamburgo, também percebemos que os Projetos Didáticos de Gênero
(PDGs) concebidos e desenvolvidos raramente envolviam gêneros
multimodais ou que circulam na esfera digital. Ainda que houvesse muitas
propostas interessantes e consistentes, quase sempre o trabalho era com o
impresso e pouca atenção era dada ao multimodal (mesmo no impresso). Essa
suposta lacuna que eu supunha vir desde a formação, me levou a, no primeiro
semestre de 2016, propor uma disciplina para os alunos do curso de Letras da
Unisinos. Nessa disciplina, além de familiarizar os alunos com a metodologia
do PDG, também lhes dava a oportunidade de testar ferramentas tecnológicas

48
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

diversas, uma vez que foco da disciplina era “gêneros multimodais que
circulam na esfera digital”. Também procurei que apreendessem a concepção
de leitura e escrita como práticas sociais. Nesta minha fala, a partir de dados
que se geraram ao longo dessa disciplina, mostro que aprendi tanto ou mais
que os alunos, o que foi possível porque procurei desenhar a disciplina a
partir do conceito de comunidades de prática (WENGER, 2001). As lições
aprendidas nos dão uma melhor compreensão das crenças e expectativas que
movem nossos alunos e podem contribuir para a mudança nos currículos dos
cursos de Letras, argumentando a favor do uso de tecnologias da informação
e comunicação e metodologias ativas com os alunos, para que se sintam
encorajados a também trabalhar dessa maneira quando forem atuar em sala de
aula.

Palavras-chave: Formação de professor, projeto didático, esfera digital.

Mesa-redonda 6:
O ensino como objeto de pesquisa.

LINGUAGEIRO: O ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM CENA

Carlos Héric Silva Oliveira


Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

Este trabalho é fruto das aulas da disciplina de Estágio Supervisionado de


Língua Portuguesa e faz parte de um projeto de formação inicial de
professores cujo foco é a análise e reflexão sobre o trabalho docente a partir
dos procedimentos de entrevistas em autoconfrontação simples (CLOT,
2007). Tal inquietação nasceu do próprio contexto do “fazer docente”, a partir
do agir professoral (CICUREL, 2011) nas representações do trabalho docente
desenvolvidas pelos estagiários. Os dados que trazemos neste estudo foram
produzidos por dois estagiários do curso de Letras Vernáculas Universidade

49
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

Federal de Sergipe. Com a ajuda da Clínica da Atividade, (CLOT, 2007),


utilizamos as entrevistas em autoconfrontação simples como procedimento de
produção dos dados para refletir sobre as representações que os estagiários
constroem de si e de seu trabalho durante a realização do estágio. Esse
procedimento possibilita que o trabalhador (re)configure (ou não) sua
atividade. A partir dos aportes teóricos-metodológicos do Interacionismo
Sociodiscursivo (BRONCKART, 2006; 1999/2012), as concepções do agir
linguageiro, por meio dos mundos formais, podem influenciar no trabalho
docente. Analisaremos as imagens produzidas no trabalho docente [o estágio]
e as representações dos mundos formais que os estagiários criam durante
realização da tarefa. Com os resultados percebemos que: 1. com base no agir
linguageiro, os estagiários representam a atividade pelas prescrições
direcionadas ao trabalho do professor regente por meio dos mundos físico e
sociosubjetivo; 2. as entrevistas de autoconfrontação simples, mostraram que
os estagiários não se identificam com o trabalho; 3. o poder de agir sobre a
atividade é mais bem mobilizada diante das imagens. Os resultados
demonstram que os estagiários sentem-se desconfortáveis para desenvolver o
trabalho docente.

Palavras-chave: Interacionismo Sociodiscursivo, Formação de Professores,


Trabalho docente.

50
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

GÊNERO CONTO DE TERROR SOB A PERSPECTIVA DO


SOCIOINTERACIONISMO DISCURSIVO

José Ricardo Carvalho


Universidade Federal de Sergipe (UFS)

O conto de terror traz o lado sombrio da alma humana por meio de narrativas
que relatam e descrevem a esfera íntima da consciência de um ou mais
personagens no interior de uma trama. A fim de evidenciarmos recursos
discursivos utilizados para a produção de um conto de terror; analisamos o
conto “O gato preto” de Edgar Allan Poe, considerando o modelo de
sequência didática proposto por Dolz e Schneuwly (2004) e os estudos de
gênero de texto desenvolvidos por Bronckart (1999), inscritos na linha do
Interacionismo Sociodiscursivo (ISD). Nesse contexto, examinamos os
desafios pedagógicos voltados para a leitura de conto de terror com vista a
elaboração de uma sequência didática. Observa-se que a integração destas
atividades demanda um amplo estudo sobre o funcionamento textual-
discursivo do gênero em estudo, considerando as condições de produção, a
arquitetura textual e os aspectos enunciativos. Como tal gênero se insere no
campo literário, optamos por incluir nesse estudo a categoria do fantástico,
integrando os estudos literários de Todorov para observar regularidades
enunciativas no interior dos contos de terror. Por meio dessas observações,
investigamos as possibilidades de leitura de clássicos do gênero conto de
terror escritos por Edgar Allan Poe para alunos que se encontram nas classes
do ensino fundamental.

Palavras chave: Gênero conto de terror, Interacionismo sociodiscursivo,


Análise discursiva.

51
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

REDE SURDOS-CE: SINALÁRIO ESCOLAR – UMA FERRAMENTA


EM APOIO A AMBIENTES EDUCATIVOS COM SURDOS

Margarida Maria Pimentel de Souza


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Sistematizar a Língua Brasileira de Sinais (Libras), como língua oficial a ser


utilizada nos ambientes escolares, ainda se constitui num imenso desafio para
cumprir o que reza o Decreto nº 5.626/2005. Assim, este trabalho objetiva
partilhar as experiências de uma ação extensionista/UFC, em apoio a
ambientes educativos variados, o Rede Surdos-CE: Sinalário Escolar. O
projeto surgiu a partir da observação de estratégias de interação em ambientes
educativos marcados por desencontros linguísticos, na ocorrência de lacunas
surgidas entre professores ouvintes e discentes surdos. O desenvolvimento do
projeto está dividido nas fases: (a) pesquisa dos sinais/verbetes com
referências terminológicas por parte dos bolsistas; (b) postagem de pequenos
vídeos no blog <http://redesurdos.wordpress.com>, agrupados por tema/área;
(c) consolidação dos sinais divulgados, pela comissão especializada; (d)
transposição para Sign Writing – SW. A visão sociointeracionista, os
princípios metalinguísticos e sociolinguísticos são os fundamentos do
projeto. Em âmbito específico, o respaldo se dá com F. Capovilla (2001),
Stumpf (2003), Quadros & Karnopp (2004) e Mattar (2013). O Sinalário
Escolar conta inicialmente com a parceria de escolas públicas, como: Centro
de Educação de Jovens e Adultos Prof. Gilmar Maia; Instituto Cearense de
Educação de Surdos; Escola Estadual de Ensino Profissionalizante Joaquim
Nogueira, as quais atendem diretamente o público surdo. Os acessos estão
ocorrendo entre os estudantes de diversos cursos da UFC, outras
universidades da capital e pessoas das escolas parceiras, os quais consultam
e/ou contribuem com postagem de sinais em vídeos. O trabalho encontra-se
em andamento e aberto a novas parcerias, inclusive além do Estado do Ceará.

Palavras-chave: Sinalário on line, Libras, Inter-ações.

52
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

AULA DE LITERATURA: UNIVERSO FICCIONAL

Rosiane de Sousa Mariano Aguiar


Universidade Federal do Ceará (UFC)

O presente texto discorre sobre as estratégias didáticas-metodológicas para o


ensino de literatura, considerando o texto literário como centro do fazer
pedagógico, mediação que contempla a natureza artística da literatura como
fonte de prazer, de conhecimento e de formação de um leitor crítico. Nesse
sentido, o professor precisa perceber-se mediador do processo de ensino-
aprendizagem, rompendo com os mecanismos cristalizados de abordagem da
literatura nos livros didáticos, legitimando o lugar dela na escola, por meio de
estratégias de leituras que enfatizem a especificidade do texto literário. Nisso,
conta a capacidade de seleção que o professor faz na hora de escolher não
apenas uma obra prazerosa, mas enriquecedora, que possa despertar o aluno
para as relações estabelecidas pelo texto literário, um trabalho que valorize a
leitura. O ensino da Literatura deve ser conscientizado e direcionado como
um direito do educando, e quando bem mediado pelo professor, tem caráter
cultural, histórico e social, algo que possibilita ao aluno um exercício criativo
e reflexivo maior, o que o torna, no dizer de Candido (1995), mais
compreensivo e aberto para a natureza, a sociedade, o semelhante. Outros
autores como Marisa Lajolo, Regina Zilberman, Guaraciaba Micheletti e
Juliana Loyola, dentre as mais conhecidas, dissertam sobre a questão e
reforçam a ênfase do ensino de literatura ser primordial para a formação
humanística do aluno. Elas fazem a defesa de que não se estuda literatura, na
escola, apenas para fazer o ENEM, vestibulares, provas. Antes, a leitura
literária desenvolve, no estudante, o afinamento das emoções, o senso de
beleza e a percepção da complexidade do mundo e dos seres.

Palavras-chave: Literatura, Ensino, Expressão.

53
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

Mesa-redonda 7:
O ensino e a aprendizagem de línguas estrangeiras.

DIVERSIDADE LEXICAL EM PRODUÇÕES ESCRITAS DE


APRENDIZES DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ADICIONAL (PLA)

Lídia Amélia Cardoso


Universidade Federal do Ceará (UFC)

O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados de um estudo piloto que


investigou a diversidade lexical em produções escritas de aprendizes de
Português como Língua Adicional (PLA). Para observar a influência do
tópico sobre as produções escritas, a investigação parte do Corpus (Recolha
de Corpora de PLA da Universidade de Coimbra), analisando textos de dois
níveis de proficiência (intermediário-B2 e avançado-C1). A pesquisa está
apoiada em estudos de Laufer (1995, 1998, 2004), Meara (1980, 2005),
Milton (2009), Nation (2001, 2004, 2011, 2012), Read (2004) e Jarvis (2013);
que exploram os perfis lexicais em produções escritas. Consideramos os
índices de variabilidade (TTR), de diversidade lexical textual (MTLD) e seus
efeitos nos diferentes tópicos (sobre o Indivíduo, a Sociedade e o Meio-
ambiente). O resultado sugere que há variações significativas nos índices
TTR e MTLD principalmente nas produções sobre o Indivíduo. Discutimos
as implicações do ponto de vista pedagógico, considerando a importância da
escolha do tópico para a análise das produções textuais. Tendo em vista a
dinamicidade dos níveis de proficiência, corroboramos com as noções de
Housen e Bulté (2013) de que complexidade linguística tem dimensões de
caráter cognitivo e linguístico, com facetas de desenvolvimento e
desempenho, podendo se manifestar em todos os níveis estruturais e de uso.

Palavras-chave: Diversidade lexical. Produções escritas em Português como


língua adicional. Níveis de Proficiência.

54
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM LIVROS DIDÁTICOS DE


ESPANHOL DO PNLD

Valdecy de Oliveira Pontes


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Na atualidade, no intuito de subsidiar o trabalho pedagógico do professor e


distribuir coleções de livros didáticos para alunos do ensino básico público
por meio do Ministério de Educação (MEC), o governo brasileiro estabeleceu
o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Somente a partir de 2011,
os livros didáticos de Espanhol foram contemplados pelo programa.
Considerando esse contexto e as atuais tendências da didática de línguas,
segundo as quais é de grande importância a valorização da pluralidade
linguística dentro de uma concepção comunicativa do ensino de idiomas, o
objetivo desse estudo é, justamente, indagar que tratamento recebem e como
são apresentadas as variedades linguísticas nos livros didáticos escolares de
Língua Espanhola. Dessa forma, apresentar-se-á uma análise da abordagem
do fenômeno de variação linguística por parte dos livros didáticos de
Espanhol, destinados ao Ensino Fundamental de escolas públicas no Brasil.
Para fundamentar esta investigação, contamos com: (i) os estudos da
Sociolinguística Quantitativa (LABOV, 1972, 1978, 2001, 2003, 2010;
MORENO FERNÁNDEZ, 2000, 2010; MOLLICA, 2003); b) contribuições
da Sociolinguística Educacional (BUGUEL (1999), SANTOS (2002, 2005),
BORTONI-RICARDO (2004, 2005), RODRIGUES (2005), KRAVISKI
(2007), PONTES (2009), COAN e PONTES (2013), FRANCIS e PONTES
(2014), LIMA (2014) e GONZÁLEZ (2015)). Analisam-se as seguintes
questões: a) norma-padrão e não padrão; b) mudança linguística; c)
condicionamentos linguísticos e extralinguísticos; d) uso de textos autênticos;
e) contexto pragmático-discursivo. Por fim, com essa pesquisa, almeja-se
contribuir para a avaliação de livros didáticos, no âmbito do PNLD e das
escolas públicas e particulares. Espera-se, ainda, que sirva de reflexão para o
trabalho docente e de incentivo para novas pesquisas no que toca ao ensino
da variação linguística em Língua Estrangeira.

Palavras-chave: Língua Espanhola, Variação Linguística, Livro Didático.

55
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

A ATIVIDADE LINGUÍSTICO-CULTURAL DA MEDIAÇÃO NO


QECR: O LUGAR DA TRADUÇÃO NO ENSINO DE ALEMÃO
COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

Tito Lívio Cruz Romão


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Nesta comunicação, primeiramente se fará, numa perspectiva de resgate


histórico, um exame crítico de algumas ideias propagadas por estudiosos de
diferentes países e representantes das áreas de Linguística, Estudos da
Tradução e Didática do Ensino de Línguas Estrangeiras. Tais ideias serão
extraídas de textos publicados nas últimas seis décadas, em que se fazem
considerações sobre a viabilidade do uso de exercícios de tradução no ensino
de línguas estrangeiras (LE) em geral. Em segundo lugar, na esteira das
conquistas alcançadas pela didática de LE e da evolução dos métodos de
ensino ocorrida nas últimas décadas, será dada especial atenção ao
surgimento, no início dos anos 2000, do Quadro Europeu Comum de
Referência para as Línguas (QECR), em que estão ancoradas atividades
comunicativas voltadas para a tradução como atividade linguístico-cultural e
competência adicional às habilidades tradicionalmente contempladas no
ensino de LE (produção oral e produção escrita, compreensão leitora e
compreensão auditiva). No QECR, a tradução encontra-se, juntamente com a
interpretação (comumente chamada de tradução oral) sob o hiperônimo
“mediação”. Em um terceiro passo, serão apresentados alguns exercícios de
tradução encontrados em manuais didáticos normalmente utilizados no Brasil
para o ensino de alemão como língua estrangeira (ALE). Por último, será
proposta uma tipologia de exercícios de tradução à guisa de tarefas adicionais
àquelas encontradas nos manuais didáticos de ALE, visando-se à realização
de exercícios centrados em conteúdos de natureza gramatical, semântica,
lexical, idiomática, (inter)cultural e pragmática, dentre outros.

Palavras-chave: línguas estrangeiras – ensino – tradução – QECR

56
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

O ENSINO DE ITALIANO EM FOCO

Carlos Alberto Souza


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Com este texto, pretendemos, de maneira sucinta, apresentar o nosso


procedimento na formação dos futuros professores de italiano, tendo por base
a legislação vigente. Para tal fim, objetivamos desenvolver, no nosso alunado,
a conscientização de que todo professor é, antes de tudo, um educador,
tornando-o cônscio de suas responsabilidades, no que tange ao conhecimento
específico, de que deverá ser portador e multiplicador, fundamentado na
ética, entendida como base para uma relação verdadeiramente educativa, no
sentido de aprender a conviver com as diferenças existentes no ato de ensinar.
Além disso, não deixamos de ter em mente que o avanço tecnológico exige a
formação de um profissional consciente e capaz de refletir sobre sua prática
profissional, em consonância com a sociedade. No que concerne ao seu fim
social, procuramos conscientizá-los de que, como professores de língua
estrangeira, são possuidores do poder de provocar transformações, seja na
escola, seja na comunidade, o que requer deles uma postura que leve em
conta os problemas vividos nas diferentes classes sociais. Todas essas ações
trazem, em seu bojo, que educar não é apenas transmitir conhecimentos, mas,
sobretudo, uma opção ou um ato político, no sentido de preparar o alunado
para a cidadania consciente. Teoricamente, pautamo-nos não só em
MORAES (1999), que apresenta como indissociáveis a aquisição de uma
língua e a apropriação dos bens culturais que nela se encerram, como também
em MOITA LOPES (2003), que visualiza o processo educador como algo
social e cultural concomitantemente.

Palavras-chave: linguística aplicada; formação de professor; ensino de


italiano.

57
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

Mesa-redonda 8:
Ensino e aprendizagem no Ensino Superior:
letramento acadêmico

O GÊNERO RELATÓRIO DE ESTÁGIO COMO DEFLAGRADOR


DE REPRESENTAÇÕES IDENTITÁRIAS DO PROFESSOR DE
LÍNGUA MATERNA

Pollyanne Bicalho Ribeiro


Universidade Federal do Ceará (UFC)

A proposta visa debater a respeito do relatório de estágio (JACIARA;


LEURQUIN, 2011; LEURQUIN, 2008; LOPES, 2007) como um gênero de
texto/discursivo cujas relações dialógicas indiciam uma análise do agir
humano (BRONCKART, 1999, 2004, 2006, 2010) constitutivo da e para a
formação inicial do professor. Para o enquadre teórico-metodológico,
elegemos os pressupostos do Interacionismo Sociodiscursivo articulados com
a Teoria das Representações Sociais, recorrendo, principalmente, aos
mecanismos enunciativos para acessarmos representações do processo
discursivo de (re)alinhamento identitário do (futuro)professor. Tais dados
revelam movimentos identitários em que estagiários de Letras reafirmam a
condição de membro, eu-professor, ou o seu distanciamento, ele-professor.
As representações deflagradas podem cooperar para a compreensão da
imagem do (futuro)professor atuante no ensino de língua e para refletirmos
sobre o delineamento do cenário circunscrito pela relação
ensino/aprendizagem, seja considerando seus impactos no contexto
acadêmico, tomando como foco o processo formativo do qual os alunos
participam ao elegerem o curso de Letras, seja considerando os reflexos do
acervo dessas representações para o trabalho docente no âmbito escolar
(LOUSADA, 2004, 2006, 2014; CLOT, 1999, 2007, 2008, 2010). Para a
constituição de corpus, operamos com os relatórios produzidos nas
disciplinas de estágio de regência. A partir dos dados, esperamos analisar, por
via do gênero relatório, a constituição identitária do professor e refletir sobre
o seu efeito para a formação.
58
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

Palavras chaves: formação inicial, relatório de estágio, representações


identitárias

RELAÇÕES COM O DISCURSO DE OUTREM NA ESCRITA


ACADÊMICA

Juliana Alves Assis


PUC Minas

O trabalho a ser apresentado se configura como desdobramento de


experiências investigativas desenvolvidas pela pesquisadora nos últimos anos
em torno do letramento acadêmico e se volta para uma das dificuldades
fortemente vivida pelos estudantes: o uso de recursos e estratégias de
mobilização do discurso de outrem na construção de seus textos. Defende-se
que a orquestração de vozes que caracteriza a escrita acadêmico-científica
precisaria ser significada pelo estudante não exclusivamente a partir de uma
técnica (como insistem muitos manuais dedicados a fornecer uma
modelização para esse tipo de escrita), mas sim, fundamentalmente, como
modos de agir do produtor do texto em relação tanto ao que ele próprio
enuncia quanto ao que enuncia o autor que ele convoca para seu texto e com
quem dialoga. Há, nesse trabalho dialógico, uma atitude responsiva
(BAKHTIN, 2003) também frente às expectativas da comunidade acadêmica
de que o estudante passa a fazer parte. A partir de uma abordagem teórico-
metodológica que coloca em diálogo princípios, procedimentos e conceitos
que emanam da tradição socioantropológica dos estudos do letramento
(STREET, 1984; KLEIMAN, 1999, 2003; KLEIMAN; MATENCIO, 2005;
SIGNORINI; CAVALCANTI, 1998; LEA; STREET, 2006; dentre outros), de
estudos sobre a escrita construídos com base em teorias enunciativas ou em
diálogo com o interacionismo sociodiscursivo, com interesse didático
(CÔRREA, 2011, 2012, 2013; BRONCKART, 1999; SCHNEUWLY, 2004;
SCHNEUWLY; DOLZ 1987; dentre outros) e da abordagem dialógica da
linguagem de Bakhtin (2003) e Volochínov (1990), propõe-se identificar e
analisar, em textos acadêmicos produzidos por estudantes da área de Letras

59
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

(Licenciatura em Português) as diferentes maneiras pelas quais tanto os


estudantes quanto os autores das obras de referência constroem textual e
discursivamente relações com as palavras de outrem, consideradas, ainda, as
funções flagradas nessas apropriações em relação à natureza dos gêneros
materializados e suas condições de funcionamento. Busca-se, enfim, construir
novos conhecimentos relativos ao letramento acadêmico e aos processos
implicados na escrita acadêmico-científica.

Palavras-chave: Letramento. Letramento acadêmico. Discurso de outrem.

MOVIMENTOS DE CONSTRUÇÃO AUTORAL DE LICENCIANDOS


DE LETRAS EM PROJETOS DE ENSINO

Maria Angela Paulino Teixeira Lopes


(PUC - Minas)

Inscrita no campo da formação do docente da área da linguagem, a análise, de


natureza qualitativa e interpretativista, volta-se para os movimentos de
polifonia como estratégia de constituição de autoria e de identidade, na
atividade de elaboração de propostas de intervenção didática por graduandos-
estagiários do curso de Letras de uma universidade privada de Minas Gerais.
Sob uma perspectiva interacionista e sócio-discursiva
(VOLOCHINOV/BAKHTIN, 1995; BRONCKART, 1999, 2006, 2008), que
toma os gêneros discursivos como possibilidade de instrumentalização
(VIGOTSKI, 2003, 2005; SCHNEUWLY; DOLZ, 2004) e de participação
dos sujeitos nas esferas de atividades (BAKHTIN, 2011), bem como os
estudos sobre letramento acadêmico (KLEIMAN; MATENCIO, 2005;
KLEIMAN; ASSIS, 2016; LEA; STREET, 2006, 2015), especialmente os
trabalhos que tratam dos processos de heterogeneidade discursiva constitutiva
do dialogismo e da polifonia (BAKHTIN, 2011; AUTHIER-REVUZ, 1982,
1998) e as pesquisas sobre gestão de vozes na escrita acadêmica (RINCK,
2006; DELCAMBRE; LAHANIER-REUTER, 2015 e BOCH e
GROSSMANN, 2015), o exame visa ao aprofundamento de questões
60
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

imbricadas nos processos de formação e de profissionalização de futuros


docentes, para atuar na educação básica. Os movimentos de construção
autoral do graduando de Letras, apreendidos na complexidade de estratégias
linguísticas e discursivas emergentes nas/das redes dos interdiscursos que
agenciam enunciados outros trazidos pelo locutor/licenciando para tecer a
trama polifônica de seu discurso, possibilitam entrever o processo formativo
em análise, bem como informam acerca do posicionamento enunciativo
frente aos saberes construídos na instância acadêmica e na experiência de
estágio.

Palavras-chave: Letramento acadêmico, Formação docente, Autoria.

LETRAMENTO ACADÊMICO NA LÍNGUA INGLESA: ENTRE O


SABER ESCREVER E ESCREVER SOBRE OS SABERES TEÓRICOS
E PRÁTICOS NA FORMAÇÃO INICIAL

Fatiha Dechicha Parahyba


Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre o


letramento acadêmico na língua inglesa e a formação inicial. Vincular as duas
áreas nessa pesquisa tem como propósito examinar como o aluno de
graduação traduz seus saberes sobre a docência na e por meio da linguagem
(HOFSTETTER e SCHNEUWLY, 2009; VANHULLE, 2009; FRIEDRICH,
2010). Subjacente a esse propósito, interessa-nos verificar os temas relativos
à docência que se sobressaem nas pesquisas dos alunos como possíveis
elementos indicadores da realidade do ensino de línguas estrangeiras. Com
base nos pressupostos teóricos de análise textual (BRONCKART, 1999,
2006), analisamos os gêneros Trabalho de Conclusão de Curso – TCC e
artigo acadêmico, que foram objeto de ensino no contexto de uma disciplina
de língua inglesa. A ação de ensino, que foi realizada mediante um
fracionamento das partes constitutivas do gênero em foco, sendo cada parte
objeto do procedimento sequência didática. Ocorreu, dessa maneira, um

61
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

processo de didatização do discurso cientifico, de forma a ajudar os alunos a


se apropriarem dele. Tomando como base os diferentes níveis da arquitetura
textual, examinamos as capacidades de linguagem dos alunos relativas à
produção escrita do gênero estudado, ou seja, como o estudante escreve e
apresenta seu texto e como se posiciona discursivamente em relação à sua
pesquisa. Paralelamente, analisamos os temas estudados em conjunto com os
saberes e o agir docente salientes. Os resultados preliminares indicam a
transformação nas capacidades de produção escrita do gênero acadêmico e a
apropriação dos objetos ensinados. Contudo, a aprendizagem da linguagem e
do discurso científico do gênero em foco requer um ensino sistemático desde
o princípio da formação.

Palavras chave: produção escrita, gênero acadêmico, formação inicial.

Mesa-redonda 9:
Ensino e aprendizagem: análise e produção de material
didático.

PRINCÍPIOS E CRITÉRIOS PARA A ELABORAÇÃO DE


MATERIAIS DIDÁTICOS DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA
ADICIONAL
Margarete Schlatter
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
De acordo com propostas de progressão curricular para o ensino de línguas
adicionais orientadas pelas noções de gêneros do discurso, letramentos e
interculturalidade (RS, 2009; KRAEMER, 2012; BRASIL, 2016), o ensino

62
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

de português como língua adicional (PLA) deve propiciar oportunidades


para o uso da língua portuguesa em diferentes práticas sociais, o uso
integrado da oralidade, leitura e escrita e a apropriação de recursos
linguístico-discursivos e culturais relevantes para compreender e produzir
textos em situações significativas. Nesta fala discuto a elaboração de
materiais didáticos que visem a alcançar esses objetivos, sistematizando
princípios e critérios que possam orientar o planejamento de tarefas
pedagógicas e dinâmicas de sala de aula. Ilustro as orientações propostas
com excertos de materiais didáticos produzidos para o ensino de PLA que
têm como objetivo promover a participação dos educandos em atividades de
uso da língua portuguesa em contextos em que eles já circulam ou que
desejam circular.
Palavras-chave: Português como Língua Adicional; Materiais didáticos;
Planejamento de tarefas pedagógicas.

TEMAS CARACTERIZADORES EM DUAS COLEÇÕES DE LÍNGUA


PORTUGUESA APROVADAS NO PNLD-2014 E 2017

Clecio dos Santos Bunzen Júnior


Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

No presente trabalho, farei uma exposição com base nos resultados do projeto
de pesquisa “Temas (meta)linguísticos e não-linguísticos nos livros didáticos
aprovados pelo PNLD-2014”, comparando-os com dados recentes das
coleções aprovadas no âmbito do PNLD-2017. De forma geral, o grupo de
pesquisa que coordeno na UFPE tem se debruçado sobre a história da
disciplina escolar e dos livros didáticos de português (língua materna) para
compreender um aspecto bastante peculiar e ainda pouco estudado, a saber:
como as coleções contemporâneas organizam suas unidades e seções
didáticas a partir de temas caracterizadores não-linguísticos (diversidade
cultural, desemprego, corrupção, meio ambiente, amor) e temas
(meta)linguísticos (humor, história em quadrinhos, contos maravilhosos etc.).
As mudanças nos livros didáticos de Português no Brasil são históricas e
63
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

marcadas por processos de rupturas e permanências. Neste sentido, a


problemática de pesquisa escolhida leva em consideração o processo
complexo que envolve a seleção cultural e curricular, além da construção dos
saberes escolares. Para discutir sobre tais aspectos, nossa análise terá como
corpus, duas coleções dos anos finais do Ensino Fundamental II.
Palavras chave: Temas caracterizadores, Livros Didáticos, Currículo.

ANÁLISE DA PLATAFORMA PEDAGÓGICA SPIRAL DE ENSINO


DE FRANCÊS

Ticiana Telles Melo


Universidade Federal do Ceará (UFC-Departamento de Letras Estrangeiras)

Com o presente trabalho, pretendemos discutir aos resultados da análise por


nós encetada junto aos documentos pedagógicos da plataforma Spiral, sítio
web da Universidade de Lyon 1 (França) de apoio à mobilidade estudantil. A
utilização da referida plataforma tem sido incentivada pelo Programa Francês
Sem Fronteiras, iniciativa da Secretaria de Educação Superior do MEC, a fim
de promover cursos de Francês com Objetivos Universitários (PARPETTE e
Mangiante,2011), cuja clientela se forma de jovens universitários
interessados na mobilidade internacional em direção à países francófonos,
reforçando a política de internacionalização das instituições de ensino
superior do país. Mais especificamente, detemo-nos no estudo da aba
“estudar em francofonia” e em suas propostas pedagógicas. Compostas de
vídeos e acompanhadas de atividades linguísticas, as temáticas giram em
torno da comunicação em situação de mobilidade e inserção social, sobretudo
no meio acadêmico. Essa preocupação didático-social, construída sobre a
percepção do aprendiz como um ator social, se adequa perfeitamente à
abordagem de ensino de línguas baseada na ação, cuja origem foi motivada,
principalmente, pela internacionalização das universidades europeias com o
processo de Bolonha (CUQ e CRUCQ, 2005). Nossa proposta, ao analisar a
plataforma, é, para além de nos apropriarmos mais e melhor da concepção de
64
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

ensino de Francês com fins da mobilidade, verificar sua aplicabilidade junto a


alunos da UFC, com competência em francês no nível A2 do Quadro Europeu
Comum de Referência para as Línguas. Assim, acreditamos ajudar a
preencher uma lacuna de oferta de formação linguístico-cultural dos alunos
de Francês Língua Estrangeira, alimentando a rede de professores envolvidos
com o projeto Francês sem Fronteiras.

Palavras-chaves: Francês com Objetivos Universitários, Francês sem


Fronteiras, abordagem baseada na ação para o ensino de línguas estrangeiras.

O ESPAÇO DO GÊNERO TEXTUAL NO MATERIAL DIDÁTICO DE


PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS
Eulália Leurquin
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Refletir sobre o material didático de português língua estrangeira exige
considerar o contexto de ensino e aprendizagem da língua alvo, qualquer que
seja ela, e também exige que se traga para a sala de aula o gênero, como
instrumento de comunicação e objeto de ensino e aprendizagem, pois o
humano se comunica compreendendo/lendo e produzindo/falando textos e a
escola não pode desconsiderar isso. Considerados esses posicionamentos,
quero introduzir um debate que é igualmente importante e que está além da
análise de um texto. Ressalto a situação de imersão em que se encontram os
estudantes universitários estrangeiros de mobilidade acadêmica no Estado do
Ceará. Para essa reflexão, elenco três fatores: o fato de o estudante estar em
imersão; a necessidade de ensinar a resolver problemas do cotidiano e a
cultura do aprender em uma situação de um contexto multinguístico e
multicultural. Os dados que apresento são oriundos de reflexões sobre o
material didático utilizado no Curso de português língua estrangeira: língua e
cultura brasileiras. Esse posicionamento exige uma postura que contempla
escutar e ler, falar e escrever, mas, que também envolve a necessidade de
ensinar o estudante a interagir no mundo real, resolvendo tarefas oriundas de
65
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

situações do cotidiano. O fio condutor é um projeto que conduza o estudante


a resolver problemas e ler/produzir gêneros textuais. O posicionamento é
traduzido em atividades de leitura, análise linguística e produção.
Palavras-chave: Ensino e aprendizagem – português língua estrangeira -
gêneros textuais.

Mesa-redonda 10:
Ensino e aprendizagem em situação de formação de
professor na perspectiva do Interacionismo
Sociodiscursivo.

DO SABER-FAZER AO PODER-FAZER: A IMPORTÂNCIA DE UMA


FORMAÇÃO CONTINUADA QUE DE VOZ AO PROFESSOR

Ana Maria de Mattos Guimarães


Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS/CNPq)

Com base em projeto de formação continuada desenvolvido durante quatro


anos em parceria com município do sul do país, acentua-se a importância de
articular reflexão (no domínio da episteme, do saber) com ação (no domínio
da práxis, do fazer). Nesse sentido, desenvolveremos nesta apresentação três
questões que nos parecem significativas para avançarmos na formação
continuada de professores e pensarmos em políticas públicas que dela tratem:
- desenvolvimento (profissional) marcado pela resposta ativa do professor e,
posteriormente, de seu aluno: - estímulo à atorialidade do professor; -
estímulo à autoria.

Palavras-chave: Saber, Formação continuada, Atorialidade.

66
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

A FORMAÇÃO DOCENTE PELAS LENTES DO ENSINO COMO


TRABALHO: O DESENVOLVIMENTO DE PROFESSORES
INICIANTES POR MEIO DA PRODUÇÃO DE VERBALIZAÇÕES
SOBRE SUA ATIVIDADE

Eliane Gouvêa Lousada


Universidade de São Paulo (USP)

Com frequência, a formação docente é percebida pelos professores como


demasiadamente teórica e desconectada da prática e do contexto em que
atuam. A partir de uma abordagem que visa a restituir o papel do professor
como protagonista de sua atividade de trabalho (Machado, 2004), o presente
estudo busca evidenciar como a coanálise da situação de trabalho pode ser
formativa para os professores iniciantes, respondendo às suas preocupações.
Para tanto, nosso quadro teórico se fundamenta em primeira instância em
Vigotski (1997, 2004), retomado por Friedrich (2012), quanto aos conceitos
de desenvolvimento e instrumentos. Ao lado dos conceitos de base do
Interacionismo Social, baseamo-nos também em conceitos de uma de suas
vertentes, o Interacionismo sociodiscursivo, proposto por Bronckart (1999,
2006, 2008) e seus seguidores, para a compreeensão do trabalho docente
como uma forma de agir. Em nossa pesquisa, procuramos utilizar vários
métodos (instrução ao sósia, autoconfrontação e aloconfrontação) para
suscitar verbalizações sobre a situação de trabalho, que pudessem contribuir
para a formação dos professores iniciantes. Esses métodos são utilizados por
duas vertentes das ciências do trabalho, a Clínica da Atividade (Clot, 1999,
2001) e a Ergonomia da Atividade dos Profissionais da Educação (Clot, Faïta,
2001; Amigues, 2004), ambas de base vigotskiana. O contexto em que
desenvolvemos nossa pesquisa é um curso de extensão de uma universidade
brasileira, no qual jovens professores, sem ou com muito pouca experiência,
aprendem sua atividade de trabalho. A partir desse contexto, um coletivo de
professores interessados em tratar dilemas da profissão reuniu-se e procurou
determinar situações problemáticas, dificuldades, as quais gostariam de
discutir e tratar nas reuniões, filmagens e entrevistas que propusemos. Os
professores puderam reviver suas experiências, descrevendo, comentando e
explicando seu agir nos trechos das aulas registrados em vídeo. Nesta

67
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

apresentação, exporemos um recorte dos dados, analisando uma das


entrevistas que foi transcrita e analisada segundo o modelo de análise de
textos de Bronckart (1999, 2006) e as figuras de ação que interpretam os
discursos sobre o trabalho (Bulea, 2010). Os resultados apontam para o
caráter desenvolvimental da análise das situações de trabalho pelos próprios
professores, evidenciando que a tomada de consciência e o discurso sobre o
vivido podem restituir-lhes o poder de agir.

Palavras-chave: formação docente, verbalizações, professores iniciantes,


análise da situação de trabalho.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM ITATIBA(SP): RELATO DE


UMA EXPERIÊNCIA DE PARCERIA ENTRE PESQUISA E
INTERVENÇÃO

Luzia Bueno
Universidade de São Francisco (USF)

A preocupação com as avaliações externas tem mobilizado secretarias de


Educação para reverem as práticas de ensino de suas redes e para discutirem
e até implantarem novos modos de trabalho. Ainda que se perceba o peso
dessas avaliações em um direcionamento único no agir docente, é preciso
também ver como estas podem ter criado oportunidades de elaboração muito
produtivas de formação de professores e de ensino dos alunos. Uma dessas
experiências positivas, pode ser vista na cidade de Itatiba, que partiu, no
Ensino Fundamental I, de um IDEB de 4,8 em 2007, chegando em 2016 a
superar a sua própria expectativa, com um IDEB de 6,8, com nota de
aprendizado de 7,08. Um dos pontos considerados muito importante nessa
experiência é a organização do trabalho de formação de professores de
Língua Portuguesa. Em uma formação que envolvia uma parceria com a
universidade, trabalhou-se tanto a formação do formador como a do
professor, discutindo o agir docente e suas relações com o ensino de gênero
textuais. Como aportes teóricos, assumimos quadros teóricos da perspectiva
histórico-cultural: o Interacionismo Sociodiscursivo de Bronckart (1999,
68
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

2006, 2008); as propostas para intervenção didática de Schneuwly e Dolz


(2004), e os estudos sobre o trabalho da Clínica da Atividade (Clot, 2006,
2010) e Ergonomia da Atividade (Amigues, 2004; Saujat, 2004). Nesta
exposição, pretendemos relatar essa experiência de pesquisa e intervenção.

Palavras-chave: Formação de formadores. Gêneros textuais. Interacionismo


social.

GESTOS DIDÁTICOS PRESSUPOSTOS EM MATERIAIS


DIDÁTICOS PARA O ENSINO DO ORAL

Adair Vieira Gonçalves


Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)

Geysa Juce da Silva


Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)

Esta comunicação pretende abordar, pelo viés dos gestos didáticos


fundadores, o tratamento dado à oralidade no Livro Didático da Língua
Portuguesa, intitulado Português: linguagens, destinado ao Ensino
Fundamental, anos finais, escolhida pelas escolas da rede municipal de
ensino, da cidade de Dourados-MS. Para compormos o referencial teórico,
nos apoiamos na epistemologia do Interacionismo Sociodiscursivo
(BRONCKART, 2006, 2009) e nos fundamentos para o processo ensino-
aprendizagem dos gêneros textuais (DOLZ; SCHNEUWLY et al, 2004), em
especialistas que pesquisam a respeito do material didático (CORACINI,
1999); BATISTA (2003), (BUNZEN, 2005, 2009) e dos gestos didáticos
(BARROS, 2012); (OLIVEIRA, 2013). A base empírica da discussão é
composta pelas unidades temáticas do material impresso e os objetos
educacionais digitais destinadas ao ensino dos gêneros textuais orais, bem
como a entrevista realizada com um dos autores da coleção analisada. Trata-
se de uma pesquisa qualitativa de natureza documental. Os gêneros
escolhidos para a análise foram: (1) Entrevista oral, no livro didático do 7º
ano; (2) Seminário, no livro didático do 8º ano e (3) Debate regrado, no livro
69
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

do 9º ano. Para efetuarmos a análise, adotamos duas categorias: A primeira é


o modelo teórico do gênero (DOLZ; SCHNEUWLY; HALLER, 2004), que
elaboramos à luz das capacidades de linguagem que os alunos poderão
desenvolver no estudo dos três gêneros mencionados. A segunda categoria
encontra-se fundamentada no processo de transposição didática externa
(processo responsável pela passagem do saber teórico para o saber a ensinar)
e no conceito de gestos didáticos fundadores. Observamos que, na
transposição didática dos três gêneros orais analisados, o gesto de regulação
será realizado pelos alunos. Em geral, constatamos que o gesto de
presentificação começa pelo contexto de produção e representa o ensino do
gênero de forma escolarizada, distanciando das práticas sociais no momento
de produção na sala de aula. Concluímos que as unidades temáticas
destinadas ao ensino do oral são coerentes com os documentos oficiais que
prescrevem essas propostas de aulas.

Palavras-chave: Livro didático; transposição didática; gênero textual oral;


gestos didáticos.

Mesa-redonda 11:
O ensino e aprendizagem analisado através do discurso
do professor.

RECONFIGURAÇÕES DO AGIR E TOMADA DE CONCIÊNCIA DO


PROFESSOR EM SITUAÇÃO DE FORMAÇÃO

Camila Maria Marques Peixoto


Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
(UNILAB)

70
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

Este trabalho faz um recorte de nossa tese que teve como objetivo geral
analisar como professores representam e ressignificam o seu trabalho, através
da linguagem, em encontros de formação docente no ProJovem Urbano
Fortaleza. O recorte que realizamos aqui estabelece relações entre
reconfigurações do trabalho do professor e tomada de consciência do agir
profissional. Flagramos, assim, no dizer dos professores, a explicitação de
seus objetivos, a cristalização do agir, a reapropriação da ação e a avaliação
de seu trabalho. Para análise da reconfiguração do agir docente, utilizamos o
quadro teórico metodológico do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD),
privilegiamos a noção de figura de ação interna (BULEA, 2010) e externa
(BULEA, LEURQUIN, CARNEIRO, 2011). Analisamos, mais
especificamente, um, dos dez encontros de formação, que teve como objetivo
geral socializar e avaliar atividades de produção de texto realizadas pelos
professores. Como resultado das análises, verificamos que, de uma maneira
geral, a ação definição é mobilizada pelo professor para avaliar o seu agir e o
agir do outro; a ação ocorrência é mobilizada nas interações imediatas
empreendidas pelos professores e pelos formadores; a ação acontecimento
passado é mobilizada nos relatos empreendidos pelo professor de sua ação e
da ação do outro; a ação experiência é mobilizada na generalização de
procedimentos adotados pelo professor e pelo aluno; ação canônica é
mobilizada para realizar abstração teórica do agir e das normas e a ação
performance (PEIXOTO, 2011) é mobilizada na encenação de ação do
professor ou da ação do outro. Em uma análise mais global, verificamos que
mobilizações principalmente das figuras ação definição e experiência são
indícios da tomada de consciência do professor de seu agir profissional, uma
vez que possibilitam uma avaliação do agir para além da ação formativa,
quando cristalizam procedimentos ou ressignificam de forma mais abstrata o
agir real realizado em sala de aula.

Palavras-chave: Formação de professores; Tomada de consciência; Figuras


de ação.

71
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

O TRABALHO DO DOCENTE DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA


ESTRANGEIRA: O AGIR DE QUEM ENSINA

Kaline Araujo Mendesde Souza


Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
(UNILAB)

A língua portuguesa figura entre as dez mais faladas no mundo, e os


contextos nos quais ela é ensinada/aprendida são diversos. Nos últimos
tempos, avançamos significativamente no que diz respeito ao entendimento
das questões sobre seu ensino como língua materna. No que concerne ao
português como língua estrangeira (PLE), no entanto, ainda temos um
extenso caminho a percorrer. Na literatura dessa área, reconhece-se a
premente necessidade de investimento na formação docente. Contudo, nessa
mesma literatura, são tímidas as contribuições acerca das especificidades do
trabalho do professor. Com base em nossos estudos de doutorado,
objetivamos, na oportunidade, oferecer descrição do contexto acional do
docente de PLE e dos conhecimentos produzidos por ele a partir da
experiência. Para tanto, analisamos os ingredientes que compõem o seu agir e
2) investigamos as representações que esse profissional tem de seu trabalho.
Como referência para a análise de dados, tomamos o quadro teórico-
metodológico do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART 1999,
2004, 2008). O resultado da análise revelou que os ingredientes do agir do
professor de PLE se situam, especialmente, no plano do agir-referente, no
que concerne a seus determinantes externos, e no plano do trabalho em geral,
no que tange à organização do trabalho. Também verificamos que as
representações construídas pelo docente ancoram-se, sobretudo, no plano das
condições de trabalho, donde se destaca a complexidade atribuída ao contexto
de ação inequivocamente intercultural.

Palavras-chave: Português como língua estrangeira. Trabalho docente.


Análise do agir.

72
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

O ENSINO COMO OBJETO DE REFLEXÃO E A FIGURAÇÃO DO


AGIR DO PROFESSOR DE LÍNGUAS: PISTAS DE
AUTOAVALIAÇÃO DOCENTE.

Fábio Delano Vidal Carneiro


Faculdade Sete de Setembro (FA7)

Em nosso trabalho, debruçamo-nos sobre a forma como o professor, na e pela


linguagem, constrói e reformula significados acerca do seu agir enquanto
profissional. Para essa apresentação focalizamos a maneira como o professor
de línguas avalia o seu próprio ensino. O agir profissional é representado a
partir de interpretações temático-discursivas apreensíveis a partir dos
textos/discursos produzidos pelos próprios profissionais acerca da sua
atividade. BRONCKART (2004) apresenta essas diferentes interpretações
como estratégias de reorganização das autorrepresentações profissionais,
cuja atualização constante serve de “motor de desenvolvimento” dos
indivíduos em situação de trabalho. Na pesquisa em tela, utilizamos
entrevistas anteriores e posteriores a aulas de língua portuguesa para alunos
do 5º ano do Ensino Fundamental. A partir do corpus coletado, analisamos o
discurso dos professores ao descrever o seu próprio agir, utilizando uma
metodologia de análise descendente, partindo dos tipos de discurso e
chegando às estratégias enunciativas, em particular à análise das vozes e das
modalizações presentes nos textos orais analisados. A principal característica
observada nos dados analisados foi a presença simultânea e interrelacionada
do que denominaremos de figuras de ação interna, nas quais o professor
reflete, interpreta e elabora linguageiramente componentes do seu próprio
agir; e figuras de ação externa, nas quais o professor reflete, interpreta e
elabora linguageiramente o agir dos outros protagonistas (aluno, alunos,
outros professores). Essa bifurcação da rede de interpretações gerada pelos
professores, salienta uma dupla ancoragem tanto do ponto de vista ontológico
(a ação é realizada pelo professor, mas sempre com uma expectativa sobre o
agir do aluno), quanto gnosiológico (a interpretação do agir referente dá-se
através de figuras de ação internas e externas). O agir profissional do
professor apresenta-se, portanto, como um agir cuja matriz de referência
sociossubjetiva é a da negociação sobre o agir dos alunos.

73
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

Palavras-chave: Figuração do agir, representações, agir docente.

PROJETO (POLÍTICO) PEDAGÓGICO: ENTRE A CONSTITUIÇÃO


DO FAZER PROFESSORAL E O APAGAMENTO DO PAPEL DO
PROFESSOR

Lena Lúcia Espíndola Rodrigues Figueirêdo


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

O objetivo de nosso trabalho é analisar o movimento que se dá num Projeto


Pedagógico (PP) entre a natureza deste Projeto, constitutivo e norteador do
fazer professoral, eminentemente prescritivo, e o apagamento discursivo do
papel atribuído ao agente-ator-protagonista desse fazer. Para examinar este
pagamento, nos fundamentamos em análises de textos que compõem o
Projeto Pedagógico do Curso de Letras de universidades públicas cearenses.
Compondo o cenário analítico deste trabalho, situamos os PP
(originariamente designados de Projetos Político-Pedagógicos- PPP),
considerando seu contexto de produção, dada a realidade da educação
brasileira no período em que a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9.394/96 foi
construída e aprovada. Para desenvolver o tema, neste estudo da linguagem
prescritiva e do fazer professoral, analisamos a arquitetura textual e a
semântica do agir a partir do aporte teórico metodológico do Interacionismo
Sociodiscursivo. Consideramos também relevante, como suporte teórico,
trazer novas abordagens concernentes à Ciência do trabalho. O corpus da
pesquisa foi constituído, portanto, de textos de Projetos Pedagógicos (PP).
Concentramos a análise, primeiramente, no plano global de cada um dos
textos selecionados, examinando sua composição organizacional, suas
características e os tipos de agir. Em segundo lugar, estudamos os
mecanismos enunciativos, para examinar o jogo de responsabilidades
enunciativas pelas vozes e modalizações. Em terceiro lugar, localizamos as
unidades linguísticas identificadoras dos protagonistas assim como os papéis

74
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

sintático-semânticos a eles atribuídos. Nosso pressuposto de base foi que,


apesar de se tratar de documentos que prescrevem o trabalho docente, o papel
dos professores formadores é apagado ou diluído na linguagem desses
textos. Com o exame do movimento de contradição entre a própria
constituição de um PP, que prescreve o fazer docente, e o apagamento do
papel deste docente, avaliamos que este apagamento contribui para
neutralizar o valor do agente-ator-protagonista do processo educacional nos
Projetos Pedagógicos.

Palavras- chave: Projeto Pedagógico, Interacionismo Sociodiscursivo,


Arquitetura textual, Semântica do agir, Ator-agente-protagonista.

Mesa-redonda 12:
Ensino, aprendizagem e tecnologia.

DA RESENHA ESCRITA AS VÍDEO-RESENHAS:


REELABORAÇÕES DE GÊNEROS EM REDES SOCIAIS

Júlio Araújo
Universidade Federal do Ceará (UFC)

O Projeto Reelaboração de gêneros em redes sociais (REGE) passa para sua


quinta etapa com o objetivo de analisar a resenha de livro no âmbito das
redes sociais digitais Skoob e YouTube, considerando as estratégias de
distribuição de informações na resenha escrita publicado no Skoob em
comparação com a resenha oral publicada em forma de vídeo no BookTube, a
qual chamaremos de vídeo-resenha. Nesse sentido, nesta apresentação,
pretendo mostrar dados iniciais que retratam a descrição das estratégias de
distribuição de informações na resenha escrita publicado no Skoob as
estratégias de distribuição de informações na resenha oral publicada em
75
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

forma de vídeo no BookTube com a finalidade de traçarmos comparações


entre esses dois atos de resenhar livros. Teoricamente me apoio na teoria de
gêneros de Bakhtin e seus seguidores, sobretudo naquilo que concerne ao
processo de reelaboração de gêneros nas redes socias (COSTA, 2010;
ARAÚJO, 2016). A metodologia adotada é a de cunho etnográfico pois, por
meio dela, chegamos a um corpus de 20 resenhas, sendo 10 oriundas de cada
rede social. De posse dos dados, aplicamos o instrumental analítico chamado
CARS (Create a Research Space), proposto, incialmente, por Swales (1984),
para o estudo da organização de introduções de artigos científicos e depois
aplicado para outros gêneros. Embora essa nova fase do Projeto REGE ainda
esteja começando, os resultados já apontam para possibilidades pedagógicas
do ensino de vídeo-resenhas.

Palavras-chave: Reelaborações de gêneros; redes sociais; resenha;


comunidade discursiva.

A AMPLIAÇÃO DO LETRAMENTO DIGITAL DE ALUNOS


ATRAVÉS DE JOGOS DIGITAIS

Regina Cláudia Pinheiro


Universidade estadual do Ceará (UECE/FUNCAP)

As sociedades modernas encontram-se inseridas em um universo no qual,


para realizar diversas ações, é imprescindível o uso de recursos digitais,
sendo necessário para a escola buscar a utilização de várias ferramentas
tecnológicas em suas práticas pedagógicas. Essas tecnologias digitais são
muito atraentes para crianças e jovens, o que justifica ainda mais sua
importância nas escolas. Sendo assim, neste trabalho, pretendemos refletir
sobre desafios que os professores enfrentam para ampliar o letramento digital
dos alunos da educação básica e analisar alguns jogos digitais para o ensino
da língua portuguesa disponíveis na internet, observando se/como eles

76
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

contribuem para a ampliação do letramento digital dos alunos. Além disso,


exibiremos jogos digitais para o Ensino Fundamental I, construídos em um
projeto de extensão, coordenado por nós, na Universidade Estadual do Ceará.
Os resultados mostram que há uma grande quantidade de jogos disponíveis
na internet para o Ensino Fundamental I, no entanto, este número diminui
consideravelmente quando se trata de jogos para o Ensino Fundamental II e
Ensino Médio. Ao analisar estes jogos disponíveis, percebemos que alguns
deles são descontextualizados e se voltam para o ensino de gramática, no
âmbito da classificação, enquanto outros se voltam para o texto literário.
Concluímos, portanto, que os professores enfrentam grandes desafios: um
deles é integrar as práticas sociais que os alunos exercem fora da escola para
as atividades escolares. Outro desafio é planejar atividades atraentes para os
alunos, a fim de que estes possam ampliar seu letramento digital de forma
lúdica.

Palavras-chave: tecnologias digitais; letramento digital; jogos digitais.

TECNOLOGIAS DIGITAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DE


HABILIDADES ORAIS EM INGLÊS

Vera Menezes
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Apresentarei resultados parciais do meu projeto de pesquisa, apoiado pelo


CNPq sobre tecnologias digitais para o desenvolvimento de habilidades orais
em inglês. O objetivo geral é investigar tecnologias de voz para a criação e
implementação de atividades on-line para o desenvolvimento de
compreensão e de produção orais, em inglês, mediadas por computador e
avaliar as experiências de aprendizagem dessas habilidades no contexto
online. O projeto tem como suporte teórico o conectivismo proposto por

77
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

Siemens (2003, 2006) que concebe a aprendizagem como algo que acontece
de forma distribuída, dentro de uma rede social, mediada pela tecnologia. O
material foi pilotado em quatro turmas da graduação em Letras da UFMG,
nos dois semestres de 2016, e os resultados indicam que as tecnologias de
voz ampliam as oportunidades de uso da língua, contribuem para diminuir a
ansiedade e oferecem oportunidades para o aluno se ouvir e avaliar a própria
aprendizagem.

Palavras-chave: Tecnologias digitais, Habilidades orais, Língua inglesa,


Conectivismo.

HABILIDADES E ESTRATÉGIAS DE LEITURA EM AMBIENTES


DIGITAIS

Áurea Zavam
Universidade Federal do Ceará (UFC)

Pretendo, nesta comunicação, tratar do que as habilidades e estratégias


demonstradas por alunos da 9ª série do ensino fundamental diante da busca
por informações em sites da internet podem dizer sobre o ensino da leitura
em tempos digitais. Os dados que subsidiam a discussão proposta constituem
parte de minha pesquisa de pós-doutoramento, realizada no âmbito do projeto
Leitura online, desenvolvido pela professora Carla Coscarelli, da UFMG.
Considerando a leitura como uma atividade complexa (Coscarelli e Novais,
2010), minha pesquisa busca saber mais sobre como os leitores de ambientes
digitais operam com informações encontradas em múltiplas fontes e,
consequentemente, como lidam com a navegação. O objetivo maior é, a partir
do conhecimento que os alunos já demonstram, poder (re)pensar
(orient)ações pedagógicas que visem o melhor desenvolvimento de
habilidades necessárias à proficiência na leitura em ambientes digitais com o
intuito de subsidiar a prática do professor em sala de aula e,
consequentemente, contribuir para a formação de leitores mais bem
78
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

preparados para a sociedade da informação digital em que vivem e interagem.

Palavras-chave: Leitura em ambientes digitais. Estratégias de leitura on-line.


Leitura de múltiplas fontes.

Mesa-redonda 13:
Acolhimento e multilinguismo na universidade:
desafios e formação do professor.

PLURILINGUISMO, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E


ACOLHIMENTO EM CONTEXTO DA ESCOLA PÚBLICA NO
DISTRITO FEDERAL

Lúcia Maria de Assunção Barbosa


Universidade de Brasília (UnB/FAPDF/FINATEC)

De forma inquestionável, partimos do princípio de que o acesso à língua de


acolhida (Língua Portuguesa) é um direito assegurado para o pleno exercício
da cidadania e uma estratégia decisiva para a inserção sociocultural e laboral
do(a) imigrante recém chegado ao Brasil. Em Brasília (DF), a presença de
imigrantes (crianças, jovens e adultos) nas escolas públicas tem despertado
não apenas interesses, mas esforços e inquietação da comunidade em geral e
sobretudo de professores. Ao estudar as especificidades características a esse
contexto de ensino e de aprendizagem, a compreensão de conceitos - como o
de plurilinguismo, de representações sociais e de diversidade – requer
revisões e aprofundamentos. No que se refere à diversidade no contexto
escolar, os conceitos de bi(multi) e (pluri)linguismo guardam uma herança,
no sistema educacional brasileiro, pouco louvável, uma vez que não se
discute nem o seu reconhecimento tampouco a sua importância para o acesso
79
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

à nova língua. Dessa forma, a formação de professores de português para


estrangeiros reclama atenção para as especificidades que esse terreno traz e
convida-nos para pensarmos em políticas públicas efetivas que gerem
sentidos e efeitos imediatos na sala de aula e nas suas expansões. Portanto,
nesta comunicação retomamos o papel central da língua-cultura para o
reconhecimento da diversidade linguístico-cultural de refugiados e imigrantes
em situação de vulnerabilidade.

Palavras-chave: Português como língua de acolhimento; Plurilinguismo,


Formação de professores.

PROFESSORAS/ES DE LÍNGUAS EM CONTEXTO DE


ACOLHIMENTO

Mirelle Amaral de São Bernardo


Instituto Federal Goiano – IF Goiano

A barreira linguística é um dos desafios principais enfrentados por imigrantes


de qualquer ordem no que se refere à adaptação a uma sociedade de
acolhimento. Da mesma forma, inerente ao status de refugiado/a está a
precondição de perda, perseguição e trauma. Destarte, a proposta desta
comunicação é discutir o ensino de português como língua de acolhimento,
no âmbito da formação de professores/as, contribuindo com aqueles/as
engajados/as em transformar a realidade dos aprendentes em situação de
imigração e refúgio. A comunicação apresentará resultados de tese de
doutoramento sobre ensino de português como língua de acolhimento para
refugiados e imigrantes. Segundo Rajagopalan (2003), o/a professor/a exerce
(além da função de ensinar conteúdos) o papel de um/a militante, acreditando
que sua ação, mesmo que limitada e localizada, pode desencadear mudanças.
Portanto, como professores/as e/ou pesquisadores/as, devemos estar
conscientes das “conexões entre o nosso trabalho e as questões mais amplas
80
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

de desigualdade social”, rompendo “com os modos de investigação que sejam


associais, apolíticos e a-históricos” (PENNYCOOK, 1998). Para imigrantes e
refugiados, a apropriação da língua do país de acolhimento não é meramente
um fim, mas um meio de integração: “aprendizagem é uma necessidade
ditada pelos imperativos da vida em meio exolingual” (ADAMI, 2009).
Dessa forma, conforme Giroux (1997), devemos “tornar político mais
pedagógico”, transformando a sala de aula em um ambiente de natureza
emancipadora em prol de um mundo qualitativamente melhor para todas as
pessoas.

Palavras-chave: Português língua de acolhimento. Refugiados e imigrantes.


Formação de professores.

MULTILINGUISMO E LETRAMENTOS DE REEXISTÊNCIA NA


POESIA DO GRUPO DE RAP A.SE.FRONT: VAMOS FAZER
INTEGRAÇÃO

Ana Lúcia Silva Souza


Universidade Federal da Bahia (UFBA)

A comunicação tem como objetivo problematizar de que maneira aos


elementos artísticos da cultura hip-hop, em especial a linguagens do rap –
ritmo e poesia -, permitem aproximar os postulados dos novos estudos sobre
letramentos de aspectos conceituais e políticos importantes para ampliar a
visão sobre estratégias de ensino e aprendizagem de língua materna em
perspectiva crítica. Para isso toma como centralidade parte do corpus gerado
dentro do projeto Agora Você tá Falandu a Minha Língua por mim
desenvolvido entre 2014 e 2015, junto a um grupo de rappers oriundos de
países africanos de língua oficial portuguesa - Angola, Cabo Verde, Guiné-
Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe - estudantes da Universidade
Internacional da Lusofonia Afrobrasileira – Redenção - Ceará. A análise
linguístico-discursiva de algumas letras do grupo A.SE.FRONT pretende
81
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Mesas-redonda

evidenciar como, nesse contexto de deslocamentos, contatos, estranhamentos


e conflitos os estudantes imersos numa relação historicamente marcada por
múltiplas assimetrias, por meio do hip-hop, buscaram afirmar novas
existências e identidades para assumir lugares diferentes dos que lhes são
perversamente impostos na sociedade brasileira.

Palavras-chave: letramentos de reexistência, literatura rap, identidade.

82
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Palestras

RESUMOS

PALESTRAS

83
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Palestras

Palestra 1:

TEXTOS E IDENTIDADES EM PRÁTICAS DE LETRAMENTO NO


CONTEXTO DO ENSINO

Izabel Magalhães
Universidade Federal do Ceará / Universidade de Brasília (UFC/UnB/CNPq)

O conhecimento sobre o ensino mudou consideravelmente nas


últimas décadas, exigindo novas perspectivas e atitudes de educadores.
Embora seja bastante frequente a mera reprodução, em sala de aula, do
letramento autônomo, cabe lembrar os pífios resultados dos exames
nacionais, o que nos faz perceber que algo está mal no ensino. Mesmo
considerando que, no último Enem, houve um problema grave no fato de não
terem sido incluídas nos resultados as escolas estaduais profissionais, que
apresentam resultados superiores às demais, sabe-se que não há o que
comemorar. No contato semanal com professores do Profletras, ministrando a
disciplina “Alfabetização e Letramento”, tenho ouvido relatos dramáticos
sobre as condições de ensino e sobre a qualificação docente. Também na
experiência de pesquisa no contexto escolar, os dados que tenho analisado
diferem muito da retórica governamental dos documentos do Estado, como os
Parâmetros Curriculares Nacionais. A preocupação com a produção textual de
preenchimento de diários de classe, de planejamento e de comprovação do
trabalho pedagógico demanda muito tempo de docentes e não é valorizada
pelas autoridades educacionais. As autoridades são movidas unicamente pelos
resultados dos exames nacionais, mas se os resultados são fracos, é preciso
ouvir docentes e repensar o ensino. Nesta palestra, meu propósito é refletir
sobre as práticas de letramento no contexto do ensino, examinando dados de
pesquisa de natureza textual e de etnografia discursiva, centrados em
docentes e suas identidades, as leituras que fazem e seus relatos sobre a
prática de ensino. Nesta reflexão, noto, de um lado, a falta de formação
docente adequada, e, de outro, a rígida hierarquia e as condições indesejáveis
do contexto de ensino. Esses dados me levam a propor letramentos
associados à comunidade local em projetos de ensino, como também
flexibilidade que permita que docentes, que mais conhecem seus grupos de

84
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Palestras

discentes, possam ser protagonistas no processo educacional, que é, antes de


tudo, um processo social.

Palavras-chave: Texto, identidade, letramento.

Palestra 2:

GRAMÁTICA, ENSINO E APRENDIZAGEM: DESENVOLVER A


CONSCIÊNCIA LINGUÍSTICA EM SALA DE AULA

Maria João Marçalo


Universidade de Évora, Portugal

No primeiro ano de escolaridade, a criança chega à sala de aula sabendo


produzir e compreender enunciados orais em português, quando esta é a sua
língua materna. A criança tem já alguns anos de treino como falante, produtor
e recetor de enunciados orais e um conhecimento essencial sobre a estrutura
gramatical da língua que fala em família e com todos os que a rodeiam. Em
sala de aula, compete ao professor tornar explícito um conhecimento da
língua que permita ao aluno aprender e executar a nova competência da
escrita e a nova competência da leitura. O conhecimento explícito da língua e
da sua estrutura gramatical é um fator de sucesso escolar no que respeita à
aprendizagem da leitura e da escrita.

No nível de desenvolvimento da consciência fonológica, o estímulo da


consciência segmental será determinante na aprendizagem da ortografia
portuguesa. Para o desenvolvimento da consciência morfológica a criança
trabalhará com a distinção entre palavras variáveis e invariáveis, os
paradigmas flexionais do nome e do verbo e a distinção de prefixos e sufixos
derivacionais mais produtivos. No que concerne ao desenvolvimento da
consciência sintática, o professor, em sala de aula, promoverá o trabalho com
conteúdos gramaticais como o grupo nominal e grupo verbal enquanto
unidades estruturais da frase, os processos de concordância, as classes de
85
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Palestras

palavras e as funções sintáticas, a ordem das palavras e a distinção entre


frases simples e complexas.

O professor em sala de aula tem um papel fundamental no


desenvolvimento da consciência linguística dos seus alunos. Abordaremos
nesta fala o desenvolvimento da consciência linguística e o ensino da
gramática em sala de aula buscando uma interacção entre questões teóricas e
exercícios práticos.

Palavras-chave: ensino e aprendizagem, gramática, consciência linguística.

Palestra 3:

LA CORRECTION PHONETIQUE EN FRANÇAIS LANGUE


ETRANGERE: PRATIQUES ET PERSPECTIVES.

Catherine Kancellary Delage


(Université Bordeaux Montaigne)

Les Centres Universitaires français reçoivent de plus en plus d’étudiants


venant du monde entier qui, avant d’intégrer le cursus de formation initiale
des LMD (Licence, Maîtrise, Doctorat) toutes disciplines confondues,
doivent justifier d’un niveau suffisant (DELF B2 voire DALF C1 du Cadre
européen commun de référence pour les langues CECRL) de la connaissance
de la langue française tant à l’écrit qu’à l’oral.
Parler pour informer, transmettre son opinion et ses émotions, pour
communiquer requiert d’acquérir des compétences qui mettent en jeu
l’apprenant tout entier tant dans son corps que dans son histoire personnelle
et ethnique. Parler pour être compris et comprendre autrui nécessite un
apprentissage qui met en disposition des circuits audiopsychophonatoires
spécifiques. Les méthodes de Correction phonétique utilisées en pédagogie
de la prononciation en classe de FLE se proposent d’enseigner, de stimuler et
de réguler les acquisitions articulatoires et prosodiques de l’apprenant.
86
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Palestras

Toutefois, l’acquisition des compétences fondamentales dans une langue


étrangère (discrimination, production orale, fluence, compréhension, lecture
et écriture) dépend en grande partie de la saisie et de l’intégration correctes et
complètes de modèles par la voie auditive. La maîtrise de la langue étrangère
est rendue complexe lorsque les structures et les processus neurocognitifs
véhiculés par la langue maternelle sont déjà installés. Pour cela, une
démarche d’adaptation de l’écoute centrale et de ses supports visuels et
mnésico-attentionnels aux caractéristiques de la langue cible s’avère un
facteur essentiel dans l’acquisition réussie de la langue étrangère.
La conférence tâchera de mettre en lumière une étude contrastive de trois
méthodologies de Correction phonétique en Français Langue Etrangère.

Mots clés: Correction phonétique, Français Langue Etrangère, Acoustico-


thérapie.

Palestra 4:

MUDANÇA LINGUÍSTICA E HISTÓRIA DO PORTUGUÊS:


APLICAÇÕES AO ENSINO DO PE E DO PB

Paulo Osório
Universidade da Beira Interior, Portugal

A nossa intervenção partirá de alguns pressupostos teóricos da Linguística


Histórica, mostrando como uma língua (o Português) deu origem a diferentes
modalidades.
No caso vertente, analisar-se-ão as variedades europeia e brasileira do
Português. Posteriormente, analisar-se-ão alguns fenómenos linguísticos que,
só através de explicações históricas, poderão ser ensinados aos alunos, como
é o caso da formação dos plurais, da metafonia, entre outros.

Palavras-chave: Variação, Modalidades do Português, Ensino do Português.


87
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Palestras

Palestra 5:

TRANSITIVIDADE E REPRESENTAÇÃO: SUGESTÕES PARA O


ENSINO

Márcia Teixeira Nogueira


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Assumimos que, embora o ensino de língua materna não deva fazer a


aplicação direta de postulados, terminologia e formalizações das teorias
linguísticas, ele não pode prescindir de resultados de pesquisas sobre o uso da
expressão linguística, sua forma e função, em diversos tipos de interação
verbal. O professor precisa buscar, na observação do uso linguístico de seus
alunos, nas orientações das gramáticas pedagógicas e, principalmente, nos
achados da pesquisa linguística realizada em bancos de dados de língua oral e
escrita, o embasamento necessário para instigar e conduzir, junto aos alunos,
uma profícua reflexão sobre as (in)variâncias da língua portuguesa. Sem estar
preparado para esse desafio, o professor poderá restringir sua atuação à
repetição de regras e análises de frases descontextualizadas. Com o objetivo
de contribuir com a formação linguística para o ensino de língua materna na
escola, esta comunicação elege o tema da transitividade e, a partir de um
cotejo entre o ensino tradicional desse conteúdo e o tratamento que ele recebe
em diferentes teorias funcionalistas, fazer sugestões de atividades que
oportunizem reflexões produtivas sobre a transitividade e sua relação com a
função semântica de representação. Com o aparato teórico da Linguística
Funcional e, portanto, com uma concepção de que a gramática constitui um
importante sistema semiótico de produção de sentidos, aponto práticas que
podem chamar a atenção dos alunos para alguns aspectos do processo de
construção da predicação, tais como a representação de cenas, as estratégias
de indeterminação e topicalização de referentes.

Palavras-chave: predicação; transitividade; ensino.

88
RESUMOS

SESSÕES DE COMUNICAÇÃO
COORDENADA

89
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

Eixo temático 1:
Ensino e aprendizagem de línguas em situação de
formação inicial de professores de línguas: o estágio
docente.

SESSÃO COORDENADA 1

LINGUAGEM E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: INTERFACES


DO AGIR DOCENTE SOB A ÓTICA DA INTERAÇÃO

COORDENAÇÃO:
Carlos Héric Silva Oliveira
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

RESUMO DA SESSÃO
As propostas de comunicações que sugerimos nesta sessão coordenada,
alinham-se à Linguística Aplicada, mais precisamente aos trabalhos
relacionados ao ensino-aprendizagem de línguas em contextos de
interação/relação em sala de aula entre alunos aprendizes de professores
[situação de estágio supervisionado] e interfaces de estudos sobre
língua/linguagem interacionais cujo foco concentra-se na formação inicial de
professores do ensino de línguas. Precisamente, apresentamos cinco trabalhos
de professores de instituições de ensino superior distintas. A primeira, refere-
se à situação de estágio a partir do olhar sobre trabalho nas lupas da Clínica
da Atividade, e, especificamente com base na autoconfrontação simples; a
segunda, a autora apresenta um estudo cujo resultado qualitativo descreve
estratégias de leitura aplicadas sobre o romance “Capitães de Areia”; a
proposta terceira, traz um estudo a respeito da formação do aluno no curso de
Letras diante da interação entre língua e linguagem que contemplam as
relações de ensino-aprendizagem no curso de Letras. Já na quarta proposta, o
90
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

autor propõe um debate sobre o discurso e as relações de poder na sala de


aula capazes de dialogar com o tipo de professor assimétrico cuja abordagem
é sociointeracional. Por fim, a quinta proposta desta sessão apresenta um
estudo sobre a contribuição do PIBID para a formação docente de professores
de língua inglesa que dialoga com questões sobre o ensino-aprendizagem de
língua inglesa. Diante destas propostas, pretendemos ampliar as reflexões
sobre o processo de ensino-aprendizagem de línguas no contexto da formação
docente, tendo em vista que a linguagem é um elemento que perpassa a
profissionalização docente de maneira a construir uma identidade específica
do futuro profissional de ensino.

Palavras-chave: Estágio Supervisionado, Formação de professores,


Interfaces discursivas no Ensino/Aprendizagem.

RESUMO DOS EXPOSITORES

O ESTAGIÁRIO NO TRABALHO DOCENTE SOB A ÓTICA DA


AUTOCONFRONTAÇÃO SIMPLES: A VOZ QUE NÃO FALA

Carlos Héric Silva Oliveira


Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

Esta comunicação faz parte de um recorte de minha pesquisa de doutorado e


objetiva discutir o trabalho docente do estagiário de Língua Portuguesa a
partir dos textos da Autoconfrontação Simples (CLOT, 2007), [doravante
chamaremos de EACs]. Interessa-nos, o momento da realização do Estágio
Supervisionado na formação inicial de professores quando os estagiários
produzem seus textos a partir da EACs. O problema deste estudo surgiu a
partir do recorte realizado durante pesquisas do doutoramento ao investigar o
papel do estagiário frente ao trabalho docente. O ato de confrontar as imagens
de si em sua atividade, pode possibilitar: analisar, refletir e intervir em seu
próprio trabalho educacional. Por outro lado, a voz do estagiário é vista como
do agente da ação linguageira (BRONCKART, 1999/2012) que pode realizar
91
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

concretamente o ensino, e, por sua vez, capaz de transformar seu agir


profissional. Os dados produzidos e recortados foram construídos por um
estagiário de Língua Portuguesa durante a realização do estágio
supervisionado numa turma do Ensino Médio da rede pública. Para realizar a
análise, utilizaremos os aportes teóricos-metodológicos do Interacionismo
Sociodiscursivo, Bronckart (2008, 2012) e Clot & Faïta (2004),
respectivamente, as instâncias enunciativas possibilitam que o discurso do
estagiário seja visto sob a ótica do agente professor e as vozes, o
posicionamento que o estagiário se encontra diante do trabalho docente. A
autoconfrontação simples, pode ocasionar que o trabalhador intervenha sobre
o seu trabalho e assim poder agir diante de sua atividade. Com os resultados,
os estagiários afirmam ser, o estágio supervisionado, uma “zona de conflitos”
do trabalho realizado, assim como uma voz da ação profissional que não lhe
faz sentir-se como um professor.

Palavras-chave: Ação Linguageira, Estágio Supervisionado, Trabalho


Docente.

ESTRATÉGIAS DE LEITURA APLICADAS NO ROMANCE


“CAPITÃES DA AREIA”

Laura Camila Braz de Almeida


Universidade Federal de Sergipe (UFS)

O presente estudo apresenta resultados de um estudo qualitativo sobre as


estratégias de leitura aplicadas no romance “Capitães da Areia” de Jorge
Amado. Almeja-se, com essa pesquisa, contribuir para a formação docente.
Baseando-se numa análise sobre leitura (Kleiman, 2008; Koch, 2007),
pretende-se analisar o processo de ensino/aprendizagem dessa habilidade nas
aulas de português. Também é feito um estudo sobre gêneros
discursivos/textuais apresentados por Schneuwly e Dolz (2004) e por
Bakhtin(2007) e sobre a Linguística Aplicada debatida por Moita Lopes
92
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

(2002) para fundamentar a elaboração e aplicação das tarefas de compreensão


e produção de textos desenvolvidas nessas aulas de língua portuguesa. Nas
atividades de leitura do romance “Capitães da Areia”, as habilidades de
compreensão e produção escrita foram abordadas de forma interligada
(WIDDOWSON, 2005). Nas aulas de língua portuguesa, a leitura e a escrita
são habilidades, que devem ser baseadas nessa interação social. Elas podem
desenvolver, no aprendiz, a capacidade de não só produzir bons textos orais e
escritos, como também de ler de maneira interacionista e crítica, conforme
Kleiman (2008). Ocorreu, também, a produção escrita de um artigo de
opinião sobre esse romance. Essas tarefas foram pautadas na abordagem
comunicativa (CANALE, 1995) e na abordagem intercultural (FANTINI,
200). Essa pesquisa evidencia o efeito retroativo do Celpe-Bras por
desenvolver atividades baseadas nas tarefas desse exame, uma vez que este
avalia as habilidades compreensão e produção oral e escrita de forma
interligada. Segundo Schlatter (1999, p. 99) e Scaramucci e Rodrigues (2004,
p. 155), o Celpe-Bras é de base comunicativa, uma vez que a competência do
candidato é verificada por meio da realização de tarefas a partir de textos
autênticos e não se pretende verificar conhecimentos sobre a língua. O
resultado dessa pesquisa evidencia relevância da elaboração de tarefas de
leitura e escrita de maneira interligadas nesse processo de
ensino/aprendizagem de línguas.

Palavras-chave: Gênero discursivo/textual, Leitura, Escrita.

A FORMAÇÃO DOCENTE EM LETRAS E A CONCEPÇÃO DE


LÍNGUA/LINGUAGEM COMO INTERAÇÃO

José Marcos de França


Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

É sabido que a concepção de língua/linguagem como interação se faz


presente na base teórica dos documentos oficiais que norteiam o ensino de
Língua Portuguesa (LP) no Ensino Básico (EB), tais como os PCN, PCNEM,
93
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

PCNEM+ etc. Em vista disso, o professorado precisaria estar atualizado com


essa proposta teórica para poder efetivar o que pretendem esses documentos.
No entanto, é imperativo indagar: a concepção de língua/linguagem como
interação está na base da formação docente em Letras, ou seja, os cursos de
Letras têm trabalhado com tal concepção no processo de formação dos
futuros professores de Língua Portuguesa que irão atender a demanda do
Ensino Básico? A nossa discussão é no sentido de evidenciar qual a
concepção de língua/linguagem que está presente nos documentos oficiais
que orientam os cursos de Letras: as Diretrizes Curriculares para os Cursos
de Letras (DCCL, 2001) e em alguns Projetos Pedagógicos de Cursos de
Letras de algumas Instituições de Ensino Superior (IES) federais. Nesta
comunicação, pretendemos, portanto, alavancar uma discussão que veja o
processo de formação docente em Letras como uma das interfaces do agir
docente, isto é, é no processo de formação que se deve substanciar o futuro
professor de Língua Portuguesa de uma proposta teórica de língua/linguagem
a partir do que propõem os documentos oficiais advindos do MEC e das IES
e a constituição do papel social do professor de línguas subjacentes nos
discursos dos referidos documentos. Faz-se necessário, portanto, uma revisão
de concepção de língua/linguagem e do papel social docente que possam
atender os propósitos pretendidos para o ensino-aprendizagem de Língua
Portuguesa no Ensino Básico. Em outros termos, defendemos que somente
com uma mudança de perspectiva teórica da concepção de língua/linguagem
como interação, no decorrer do processo de formação docente em Letras, é
possível provocar uma mudança significativa no agir docente no Ensino
Básico.

Palavras-chave: Formação Docente, Língua/Linguagem, Agir Docente.

DISCURSOS E RELAÇÕES DE PODER NA SALA AULA

Djair Teofilo do Rego


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE)
94
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

A sociedade contemporânea tem sido marcada por constantes transformações


tecnológicas, econômicas, sociais e culturais. Nesse cenário, a escola tem
tentado romper com antigos paradigmas de ensino para atender às novas
demandas sociais e mercadológicas, que requerem novos discursos,
atualizações dos currículos das instituições educacionais, gestão democrática,
novas formas de conceber os saberes, e uso das tecnologias da informação e
comunicação. Nesse sentido, o conhecimento que, anteriormente, era
transmitido pelo professor de forma assimétrica, na sala de aula, agora, deve
ser construído coletivamente de maneira dinâmica, e interativa, por meio da
abordagem sociointeracional. No entanto, apesar das atualizações discursivas
na área da literatura educacional e dos documentos do Ministério da
Educação, do governo brasileiro, pesquisa da Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico, 2014, indica que a violência contra
professores no Brasil é uma das maiores do mundo, dificultando o exercício
da prática docente e a aprendizagem do aluno. Assim, as propostas de
mudanças não representam avanços lineares no que tange à construção do
conhecimento, uma vez que há elementos ora conflitantes, ora contraditórios
relacionados com a relação de poder entre o professor e os alunos e entre
estes e seus pares. Partindo dos pressupostos da Análise de Discurso, de
Michel Foucault, sobretudo em A ordem do discurso (FOUCAULT, 1998), no
qual ele enfatiza que, na instituição escolar, há uma cadeia de procedimentos
de controle e delimitação dos discursos, o nosso propósito é mostrar que, ao
empoderar os estudantes, conferindo-lhes maiores espaços discursivos na sala
de aula e demasiada autonomia, os novos discursos pedagógicos
potencializam o poder dos alunos e, relativizam a posição ocupada pelo
professor na escola. Nessa perspectiva, o objetivo de nosso trabalho é
fomentar o debate acerca das novas formas de poder que estão sendo
estabelecidas na escola e suas implicações no agir docente.

Palavras-chave: Poder, Professor, Sala de aula.

95
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

A CONTRIBUIÇÃO DO PIBID PARA A FORMAÇÃO DOCENTE DE


PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA

Fátima Bezerra Negromonte


Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Este trabalho insere-se no âmbito do subprojeto PIBID-Inglês da


Universidade Federal de Sergipe, que se desenvolve dentro do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência do Ministério da Educação
(PIBID-CAPES), desde 2014. Atuamos na coordenação deste subprojeto,
juntamente como mais dois professores, da UFS, o qual envolve quarenta e
cinco discentes, de diferentes períodos, dos Cursos de Letras-Inglês e Letras
Português-Inglês, e cinco professores da rede pública de ensino de Sergipe,
que exercem a função de supervisores nas escolas, onde são aplicadas as
ações pedagógicas do subprojeto. Desde a sua implementação,
acompanhamos, de forma muito próxima, a evolução dos estudantes das
licenciaturas supracitadas, que estão tendo a oportunidade de participar de
uma formação docente na qual teoria e prática são concebidas de forma
indissociáveis, e possibilita-lhes, desde já, intervir na realidade do cotidiano
escolar. Porém, compreendemos que qualquer ação educativa só será
eficiente se os próprios educandos atribuírem sentidos afirmativos às suas
experiências. Nessa perspectiva, buscamos investigar as percepções dos
futuros docentes acerca das contribuições do PIBID em sua própria formação
acadêmica. Como procedimentos metodológicos da pesquisa utilizamos a
análise de conteúdo proposta por Bardin (1977), a partir da aplicação de um
questionário, que nos permitiu obter dados de cunho quantitativos e
qualitativos. As análises dos dados da investigação apontaram que todos os
professores em formação inicial avaliam o PIBID de forma bastante positiva.
As principais contribuições apresentadas foram as seguintes:
desenvolvimento da autonomia da aprendizagem e do senso crítico; novas
aprendizagens metodológicas; transformação na forma de pensar e ver o
mundo; oportunidade de conhecer e valorizar a escola pública. Vale ressaltar,
ainda, que alguns destacaram a importância do PIBID tanto para o exercício
da docência quanto para vida pessoal.

Palavras-chave: PIBID, Formação Docente, Inglês.


96
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

Eixo temático 2:
Ensino e aprendizagem de línguas: a interação em sala
de aula, o agir professoral e o objeto de ensino.

SESSÃO COORDENADA 2

LEXICOGRAFIA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA MATERNA

COORDENAÇÃO:
Márcio Sales Santiago
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Grupo LETENS - Lexicologia, Terminologia e Ensino

RESUMO DA SESSÃO

O dicionário é um importante instrumento didático-pedagógico para a escola,


“um lugar privilegiado de lições sobre a língua” (KRIEGER, 2012). Isto
significa que todo e qualquer dicionário, para além de ser um livro de
consultas, é uma ferramenta pedagógica, visto que contém inúmeras e
variadas informações sobre a língua e a cultura. No entanto, é uma obra ainda
muito pouco utilizada na escola, tendo em vista que grande parte dos
professores não possui formação para o trabalho com o dicionário em sala de
aula. Em razão desse aspecto, o objetivo desta sessão coordenada é
evidenciar a relevância da Lexicografia para a formação do docente de língua
portuguesa através de estudos mais detalhados sobre o dicionário escolar.
Nesse sentido, os trabalhos que a compõem têm como ponto de encontro a
Lexicografia Pedagógica, subárea da Lexicografia que é responsável pelo
estudo dos dicionários utilizados em âmbito escolar, os quais se destinam ao
ensino/aprendizagem de língua materna. Tais trabalhos, vale mencionar, são
resultados oriundos do projeto “Lexicografia pedagógica aplicada ao ensino
de língua portuguesa: perspectivas para a formação docente”, desenvolvido

97
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

no âmbito do Grupo Práticas Linguísticas Diferenciadas (UFRN/CERES),


quanto de pesquisas realizadas no Grupo LETENS – Lexicografia,
Terminologia e Ensino (UECE). Vislumbra-se que os temas discutidos nesta
sessão possam contribuir em duas frentes: mostrar a importância da
Lexicografia na formação acadêmica dos futuros professores de língua
portuguesa, concebendo o dicionário não apenas como uma obra de consulta
pontual, mas também como uma peça pedagógica fundamental para o
ensino/aprendizagem; fortalecer a ideia de que o dicionário atua como um
instrumento capaz de ajudar o aluno na aprendizagem de língua materna.

Palavras-chave: Lexicografia Pedagógica, Dicionário Escolar, Ensino de


língua portuguesa.

RESUMO DOS EXPOSITORES


ANÁLISE DAS MARCAS DE USO EM DICIONÁRIOS ESCOLARES
BRASILEIROS

Antônio Luciano Pontes


Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)
Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Grupo LETENS - Lexicologia, Terminologia e Ensino

O verbete lexicográfico é constituído de informações semânticas e


pragmáticas, as quais se integram e se complementam visando à construção
de sentido. Dito de outras forma, os paradigmas informacionais são
significativos na medida em que se definem como categorias dinâmicas e
difusas. Como importantes paradigmas que compõem o verbete
dicionarístico, as marcas de uso são carregadas de informações que mostram
e delimitam o emprego de uma palavra, funcionando, assim, como instruções
para o uso das unidades léxicas em contextos reais de comunicação. Devido a

98
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

relevância pedagógica que tais marcas assumem na prática de produção de


texto, objetivamos examinar o tratamento que os autores de dicionários
escolares vêm dando aos produtos lexicográficos recentemente publicados no
Brasil. Os verbetes que compõem o material de estudo foram extraídos de
dicionários escolares brasileiros avaliados pelo Programa Nacional de Livros
Didáticos (PNLD) e adotados por professores de escola pública para o ensino
básico. Para o estudo, teremos como base os fundamentos da
Metalexicografia Pedagógica, os quais dizem respeitos à noção de marcação
técnica, tendo em vista os trabalhos de Fajardo (1996, 1997), Estopà (1996),
Strehler (1998), Pérez (2000), Ávila (2000), Sanromán (2003) e Welker
(2008). Como resultados da análise, entendemos que certas marcas de uso
marcas de uso se apresentam, nos dicionários em estudo, como categorias
fluidas, sendo possível aparecerem superpostas a outra(s), assumindo
múltiplas funções. Além disso, vale dizer que o registro das marcas de uso só
é uma atitude plenamente confiável se contarmos com as contribuições de
pesquisas já realizadas em outras áreas.

Palavras-chave: Metalexicografia Pedagógica, Dicionário escolar, Marcas


de uso.

DICIONÁRIO EM SALA DE AULA: COMO FAZER UM USO


PROVEITOSO?

Francisco Iací do Nascimento


Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Grupo LETENS - Lexicologia, Terminologia e Ensino

O dicionário é um instrumento que tem um potencial didático enorme para


uso em sala de aula, mas, às vezes, tem sido negligenciado ou subutilizado na
escola. Este trabalho tem o objetivo de investigar como os dicionários
escolares de língua materna são usados em sala de aula por alunos do ensino
fundamental, buscando compreender que dificuldades e hábitos eles têm no
uso desse tipo de obra e que tipo de orientações recebem, bem como,
examinar o impacto que o ensino do uso do dicionário tem sobre o
99
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

desempenho desses estudantes. Está fundamentado teoricamente nos


trabalhos e pesquisas desenvolvidos no âmbito da Metalexicografia
Pedagógica, entre os quais se destacam autores como Welker (2006), Pontes
(2009) e Krieger (2012). Trata-se de uma pesquisa de desenho misto, em que
coletamos dados quantitativos através de um questionário e um teste e dados
qualitativos através de entrevistas com alunos de uma turma de 5º ano do
ensino fundamental. A análise dos dados revelou que em sala de aula é feito
um uso bem tradicional do dicionário com o objetivo de esclarecer dúvidas
de significado ou de ortografia, não se explora o potencial informativo e
linguístico do dicionário enquanto ferramenta didático-pedagógica. Com base
nos resultados dos testes, para esse grupo em estudo, podemos concluir com
certa segurança que o ensino do uso do dicionário melhorou o desempenho
dos alunos na utilização desse tipo de obra. Face a isso, podemos considerar
que é preciso capacitar o professor para fazer um uso mais efetivo dessa
ferramenta em sala de aula e proporcionar aos alunos orientações seguras
sobre como usar o dicionário, bem como contribuir para a construção da
autonomia do educando no processo de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Metalexicografia Pedagógica, Uso de dicionário, Ensino do


uso de dicionário.

ESTUDO ANALÍTICO DE VERBETES ILUSTRADOS EM


DICIONÁRIOS INFANTIS

Thaísa Maria Rocha Santos


Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Grupo LETENS - Lexicologia, Terminologia e Ensino

Nesta comunicação visamos a apresentar a pesquisa que realizamos em nível


de mestrado, a qual foi desenvolvida na área de Linguística Aplicada. A
análise foi realizada em dois dicionários infantis, a saber, o Aurelinho:
Dicionário Infantil ilustrado da Língua Portuguesa (2008) e o Meu Primeiro
Dicionário Houaiss (2010). Ao mesmo tempo em que avaliarmos os recursos
100
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

semióticos presentes em verbetes dessas obras, vale dizer que valorizamos o


consulente como elemento essencial para a ideia de organização de um
dicionário, e é tal valorização uma das motivações desta pesquisa. Tivemos
como direcionamento o alcance desses objetivos: descrever como se dá a
presença de recursos semióticos em um dicionário infantil de acordo com
Kress & Van Leewen (1996; 2006) e analisar quais os recursos semióticos
são utilizados nas obras lexicográficas para contribuir com a aprendizagem
vocabular da criança. O corpus da pesquisa é constituído por 32 verbetes
ilustrados, sendo 16 de cada dicionário, os quais foram analisados à luz da
Multimodalidade, tendo como base a Teoria da Gramática do Design Visual
(GDV), pensada por Kress & Van Leeuwen (1996; 2006), e da
Metalexicografia, sendo referenciada através de estudos de teóricos como
Dapena (2002), Welker (2004) e Pontes (2009). Concluímos, dentre outras
respostas a que chegamos, que, na obra Aurelinho, a presença de recursos
semióticos não se dá de uma maneira padronizada e que há ausência de
interação leitor – texto verbo-visual em muitos casos. Esta última situação
também ocorre no Meu Primeiro Dicionário Houaiss. Porém neste dicionário,
diferentemente do que ocorre no Aurelinho, prima-se por um padrão de
disposição verbo-visual que é quase totalmente respeitado.

Palavras-chave: Metalexicografia, Dicionário infantil, Multimodalidade,


Gramática do Design Visual.

101
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

SESSÃO COORDENADA 3
PRÁTICAS DE MEDIAÇÃO FORMATIVA SOB A ÓTICA DO
INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO

COORDENAÇÃO:
Regina Celi Mendes Pereira
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Grupo de Estudos em Letramentos, Interação e Trabalho (GELIT)

RESUMO DA SESSÃO

Os resultados de pesquisas apresentados nesta sessão coordenada focalizam


diferentes contextos de formação docente e situações de ensino-
aprendizagem de língua. Os trabalhos, em sua maioria, recortes de pesquisas
empreendidas no doutorado, focalizam desde percursos de aprendizagem
envolvendo discentes, no ensino superior e na educação básica, até àqueles
relacionados ao processo de desenvolvimento do professor em formação.
Ancoradas todas na perspectiva teórico-metodológica do Interacionismo
Sociodiscursivo (ISD), notadamente nos trabalhos de Bronckart (1999, 2006,
2008) e também associado às contribuições Amigues (2004) e Clot (1999;
2010) e aos estudos dos novos letramentos (KLEIMAN, 2005), as reflexões
decorrentes de pesquisas de caráter qualitativo-interpretativista têm como
motivação maior investigar processos formativos e suas implicações no
desenvolvimento de professores e alunos. Nesse sentido, são focalizadas
situações de ensino da escrita acadêmica, ao longo do processo de elaboração
de um artigo cientifico na disciplina de Pesquisa Aplicada ao Ensino de
Língua Portuguesa (PAELP), na Universidade FederaL da Paraíba (UFPB);
processos interativos durante o planejamento nas disciplinas de Estágio
Supervisionado entre professor-formador e discentes na Universidade
Estadual da Paraíba (UEPB), bem como experiências com relato reflexivo de
professoras iniciantes frente aos desafios da realidade da educação básica, no
processo de construção identitária e inseridas em vivências permeadas por
102
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

diferentes eventos de letramento na escola, a exemplo dos diários de leitura


elaborados por alunos da educação básica. Em todas as discussões e análises
empreendidas pelas pesquisadoras, as trocas e mediações interacionais se
apresentaram como essenciais aos processos de formação, desenvolvimento e
aprendizagem ratificando os fundamentos do paradigma sociointeracionista.

Palavras-chave: Formação docente, Interação, Mediação formativa

RESUMO DOS EXPOSITORES

ELES NÃO DEPOSITAM EM MIM TOTAL CONFIANÇA: A


IDENTIDADE DE UMA PROFESSORA EM SEU PRIMEIRO ANO DE
TRABALHO DOCENTE

Tatiana Fernandes Sant´ana


Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)

Ancorado na Linguística Aplicada, neste estudo investigamos os elementos


que perpassam a (re)construção identitária do professor iniciante, que se
encontra em seu primeiro ano de atuação docente na educação básica, como
professor regular de Língua Portuguesa, no Ensino Médio. Para
desenvolvermos tal estudo, alguns aportes teóricos são basilares, como
Huberman (1995) e Tardif ([2002]2014), ao discorrerem acerca dos primeiros
anos de ensino; Pimenta e Lima (2009), ao enfatizarem o “choque de
realidade” vivenciado pelo professor no início de sua carreira docente; Hall
([1992]2014), ao considerar a identidade, numa abordagem pós-moderna;
Bronckart e Machado (2004), Amigues (2004) e Clot (1999; 2010), ao
discutirem sobre o Interacionismo Sociodiscursivo e as incorporações das
Ciências do Trabalho. Com base nestas contribuições, realizamos um estudo
103
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

de caso (ANDRÉ, 1995), com uma professora em formação inicial que, ao


produzir um relato reflexivo reflete sobre seu trabalho representado ou
interpretado (MACHADO, 2007), reconstruindo suas ações, tanto no plano
individual, como no coletivo. Os resultados revelam uma dificuldade que está
além da necessidade de domínio de conteúdo, mas que se volta a conflitos
estabelecidos consigo mesma, com o objeto – o ensino de Língua Portuguesa
- e, principalmente, com os outros - os alunos. Este conflito é identificado
através das marcas de modalizações e de dêiticos de pessoa, evidenciados
progressivamente nos objetos constitutivos da atividade docente, nos
primeiros anos de sua atuação profissional. Por isso, a identidade desta
docente se assume como uma defensora das regras de ofício (como fazer
registro no diário) para tentar impor-se em sala como profissional.

Palavras-chave: Ciências do Trabalho, Professora iniciante, Identidade


docente

O AGIR PROFESSORAL E O ENSINO-APRENDIZAGEM NA


CONSTRUÇÃO DA ESCRITA ACADÊMICA

Adriana Sales Barros


Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Este artigo reflete sobre o agir professoral, textualizado no Plano de


elaboração como pré-construído para a produção do gênero textual
acadêmico artigo científico na disciplina de Pesquisa Aplicada ao Ensino de
Língua Portuguesa, doravante PAELP, do curso de Letras da Universidade
Federal da Paraíba. Nesse sentido esse estudo trata da morfogênese da ação
como movimento linguageiro no qual se produz a interpretação do agir-
referente, cujo efeito de sentido põe em funcionamento o agir comunicativo.
O objetivo é analisar como o agir professoral interage via texto plano de
elaboração de trabalho com as respostas dos discentes. As perguntas

104
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

norteadoras desta reflexão são: Como o agir professoral é produzido na


materialidade textual em destaque? Como a morfogênese põe em ação o
movimento linguageiro na interpretação do agir-referente? Como norte
teórico foram adotados, Amigues (2005) sobre o trabalho do professor e de
ensino, Bronckart e Machado (2004) o ensino como trabalho, o agir
comunicativo, Bronckart (2006) e a morfogênese da ação Bulea (2010) sobre
o agir professoral, materializado no plano de elaboração. Essa pesquisa está
vinculada ao programa PNPD-UFPB e ao projeto Ateliêr de Textos
Acadêmicos (ATA), financiado pela CAPES, processo nº 23038.007066-2011
– 60. Sendo de natureza qualitativa, uma vez que trabalha com dados
interpretativos, acima referidos. O procedimento metodológico adotado é
composto por dois critérios, o plano de elaboração para entendermos os
direcionamentos da disciplina evidenciando os pré-construídos na construção
do artigo científico; e a observação de todas as questões respondidas pelos
alunos destacando via morfogênese da ação as formas interpretativas,
produtoras do agir professoral via agir-referente. A análise sinaliza que o agir
professoral produz efeito de sentido no agir – referente via movimento
linguageiro.

Palavras-chave: Agir professoral, Ensino-aprendizagem, Escrita acadêmica

ESTÁGIO SUPERVISIONADO: UM OLHAR PARA OS PROCESSOS


INTERATIVOS ENTRE PROFESSORES ESTAGIÁRIOS E ALUNOS

Iara Francisca Araújo Cavalcanti


Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)

Neste trabalho, os processos interativos entre professores em formação inicial


(PFI) e alunos, durante as atividades educacionais realizadas nos Estágios
Supervisionados, são estudados na perspectiva do Interacionismo
Sociodiscursivo (ISD), uma vez que este aporte teórico-metodológico busca

105
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

analisar as ações docentes por meio da linguagem, esta compreendida como


um instrumento de trabalho do professor. Nesse sentido, os processos
interativos merecem ser investigados a fim de contribuir para a compreensão
e interpretação do agir de professores em formação inicial, com fins a uma
melhor formação na academia. Esta investigação faz parte de um projeto de
pesquisa ação mais amplo, na área da Linguística Aplicada, com graduandos
do curso de Letras, de uma instituição pública no estado da Paraíba, no ano
de 2010, que busca investigar o papel do professor formador no Estágio
Supervisionado, que resultou em uma tese de doutorado. Neste artigo
faremos a análise de processos interativos entre PFI/alunos, por meio de
transcrições de aulas, durante a prática pedagógica realizada no estágio, com
a reescrita de textos, em que buscamos identificar os tipos de interação
professor/aluno(s) em sala de aula (BAZARIM, 2009), por meio da análise da
linguagem como trabalho (NOUROUDINE, 2001), momento das ações
docentes realizadas em situações de ensino (MACHADO, 2009). O foco da
análise ocorrerá no momento das aulas com a reescrita de textos em língua
materna, visto este ainda parecer ser pouco recorrente nas ações realizadas
por professores estagiários. Os resultados de nossas análises contribuem para
a necessidade de uma reflexão acerca da necessidade do PFI fazer uso de
mais de um tipo de interação no momento do trabalho realizado, o que nos
leva a refletir na academia sobre o papel do professor formador.

Palavras-chave: Interacionismo sociodiscursivo, Processos interativos, Agir


docente.

A CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DE PROFESSORES EM


FORMAÇÃO INICIAL EM DIÁRIOS DE LEITURAS

Fabiana Ramos
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

106
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

A formação inicial de professores tem se constituído em uma dimensão


fundamental da prática pedagógica, uma vez que muito da identidade
profissional docente se constrói no âmbito do processo formativo
profissional. Nesse âmbito, tomam um significado especial as práticas de
letramento desenvolvidas pelo professor em formação, tendo em vista que
são constitutivas da profissão docente, ao passo que vinculam-se à
representação das práticas pedagógicas por eles construídas, podendo, assim,
apresentar reflexos no seu agir profissional. Considerando tal dimensão das
práticas letradas dos professores, na presente proposta colocamos em
evidência a escrita de diários de leitura de alunos-professores da licenciatura
em Pedagogia, no âmbito de disciplinas que abordam o ensino de língua
materna no referido curso. Desse modo, estabelecemos como objetivo central
de nosso trabalho investigar a tematização do agir docente em diários de
leituras produzidos por esses alunos, considerando que a construção das
identidades se faz nas práticas discursivas e que o processo de formação
profissional é identitário. Para tanto, analisamos os diários produzidos por
duas alunas do curso de Pedagogia de uma Instituição de Ensino Superior
Federal por dois semestres, à luz dos pressupostos teórico-metodológicos do
Interacionismo Sociodiscursivo, mais especificamente do gerenciamento das
vozes (BRONCKART, 1999, 2006) e dos elementos do agir docente trazidos
pelos textos (BRONCKART e MACHADO, 2009). Para a discussão da
relação entre práticas de letramento e construção identitária docente,
utilizamo-nos de Kleiman (2001; 2007; 2008; 2014), Campos Almeida
(2001), Tápias-Oliveira (2005), Guedes-Pinto (2002), entre outros autores.
Como principais contribuições do estudo ao campo da Linguística Aplicada,
destacamos a escrita diarista como um importante instrumento para a
formação crítico-reflexiva do professor, à medida que promove espaço para a
discussão e reflexão sobre aspectos centrais da profissionalização do
professor de língua materna.

Palavras-chave: Formação do professor, Práticas de letramento, Diários de


leitura.

107
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

SESSÃO COORDENADA 4

ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA MATERNA E LÍNGUAS


ESTRANGEIRAS: UMA REFLEXÃO SOBRE O LÉXICO, A
FORMAÇÃO DOCENTE EM LEXICOLOGIA, A INTERAÇÃO EM
SALA DE AULA E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA

COORDENAÇÃO:
Raquel Pires Costa
Colégio Universitário/Universidade Federal do Maranhão (COLUN/UFMA)

RESUMO DA SESSÃO
Essa sessão coordenada engloba quatro reflexões. A primeira partiu da
observação de que o professor de língua portuguesa deveria ter um sólido
conhecimento sobre a composição e organização do léxico, assim como sobre
suas normas de bloqueio e produtividade e a articulação desses
conhecimentos antes de iniciar sua regência de sala de aula. Dedicou-se a
articular conceitos do domínio da Lexicologia, como léxico e competência
lexical, com o ensino de língua materna, mostrando que essas discussões,
assim como o conhecimento desses conceitos deve preceder a prática
docente. A segunda, por sua vez, teve como objetivo geral investigar o uso do
texto literário como principal Tecnologia Assistiva de baixo custo no ensino
da língua espanhola sob um enfoque inclusivo no Proyecto Allende do
COLUN/UFMA (Escola de Aplicação da Universidade Federal do Maranhão,
por meio de um estudo descritivo e de enfoque quali- quantitativo. A terceira
reflexão, “Os gestos usados pelo professor em interação com os ENAF
(Enfants nouvellement arrivés en France / Crianças recém-chegadas na
França), seriam uma ferramenta no processo de ensino- aprendizagem de
FLE / FLS (Francês Língua Estrangeira/ Francês Língua Segunda)? “, refere-
se à pesquisa realizada em Lyon, França, que analisou a relação entre os
gestos utilizados no ensino de francês e a compreensão do discurso oral.
108
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

Além destas três reflexões, será apresentado um recorte da tese de doutorado


Rendas, Redes e Lendas: o vocabulário das rendeiras do município de
Raposa, Maranhão, a qual teve como objetivo descrever e analisar o léxico
das rendeiras, sob uma perspectiva sociolinguística e antropolinguística.

Palavras-chave: Formação de professores. Educação Inclusiva. FLE / FLS


(Francês Língua Estrangeira/ Francês Língua Segunda).

RESUMO DOS EXPOSITORES

GESTOS COMO FERRAMENTA NO PROCESSO ENSINO-


APRENDIZAGEM DE FRANCÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA E
SEGUNDA LÍNGUA EM UMA SALA DE AULA DE CRIANÇAS
RECÉM-CHEGADAS NA FRANÇA

Conceição de Maria Barbosa de Araújo


Colégio Universitário/Universidade Federal do Maranhão (COLUN/UFMA)

Neste trabalho, apresentaremos um recorte de nossa dissertação de Mestrado,


intitulada Les gestes employés comme outil dans l'enseignement-
apprentissage du Français Langue Étrangère et Seconde chez les Enfants
Nouvellement Arrivés en France, defendida em 2013 pela Université Lumière
Lyon 2, a qual que teve como questão central a ser respondida: gestos usados
pelo professor em interação com alunos recém-chegados na França seriam
uma ferramenta no processo de ensino- aprendizagem de Francês como
Língua Estrangeira e Língua Segunda? A pesquisa realizada tinha como
objetivo principal conhecer a relação entre os gestos utilizados pelos
professores especializados no ensino FLE / FLS (Francês Língua Estrangeira/
Francês Língua Segunda) em interação com ENAF (Enfants nouvellement
arrivés en France - Crianças recém-chegadas na França _ tradução nossa) e a
compreensão do discurso oral. O estudo foi realizado em uma classe de
recepção (CLA) no dispositivo de inscrição para ENAF no Colégio Iris. A

109
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

principal hipótese era a de que os gestos utilizados pelo professor


especializado favoreciam a compreensão do discurso oral. A pesquisa,
realizada com quinze alunos, permitiu-nos, em primeiro lugar, verificar a
conexão entre os gestos utilizados pelo ensino e compreensão do discurso
oral e também a verificação dos gestos do professor enquanto parte de uma
pedagogia diferenciada, em que a diversidade linguística deste público era
levada em consideração.

Palavras-chave: Gestos, Ensino-aprendizagem, FLE / FLS (Francês Língua


Estrangeira/ Francês Língua Segunda).

A ABORDAGEM DO TEXTO LITERÁRIO COMO PRINCIPAL


TECNOLOGIA ASSISTIVA DE BAIXO CUSTO NO PROCESSO
ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESPANHOLA SOB UM
ENFOQUE INCLUSIVO NA ESCOLA DE APLICAÇÃO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

Marinez de Souza Tamburini Brito


Colégio Universitário/Universidade Federal do Maranhão (COLUN/UFMA)

Este trabalho teve como objetivo geral investigar o uso do texto literário
como principal Tecnologia Assistiva de baixo custo no ensino da língua
espanhola sob um enfoque inclusivo no Proyecto Allende do COLUN/UFMA
(Escola de Aplicação da Universidade Federal do Maranhão), localizada no
município de São Luís, Maranhão. Foi realizada no período de março a maio
de 2010. Para investigar o referido tema utilizamos um estudo não
experimental, do tipo descritivo e de enfoque qualiquantitativo. Para
viabilizar a coleta de dados, empregamos a técnica de aplicação de
questionários, observação e análise documental. Após a coleta de dados,
constatamos as hipóteses foram comprovadas: a abordagem do TL em aula de
E/LE para alunos com ou sem deficiência visual não somente é possível,
principalmente no que diz respeito à questão do desenvolvimento das
110
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

habilidades linguísticas, como também como interfere diretamente na


motivação dos alunos no processo ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Língua espanhola, Educação Inclusiva, Tecnologia


Assistiva.

IMPLICAÇÕES DA CONCEPÇÃO DE LÉXICO NA FORMAÇÃO DO


PROFESSOR DE LÍNGUA MATERNA

Raquel Pires Costa


Colégio Universitário/Universidade Federal do Maranhão (COLUN/UFMA)

A linguagem é um fenômeno complexo, cujas múltiplas dimensões devem ser


estudadas articuladas, apesar das dicotomias existentes. Uma destas
dimensões está relacionada ao léxico, cujo estudo é fundamental para o
desenvolvimento da competência comunicativa. Diante da observação de que
o professor de língua portuguesa deveria ter um sólido conhecimento sobre a
composição e organização do léxico, assim como sobre suas normas de
bloqueio e produtividade e a articulação desses conhecimentos antes de
iniciar sua regência de sala de aula, este artigo dedica-se a uma reflexão sobre
a formação de professores de língua materna nesse sentido. Pretendemos,
com essa reflexão, articular conceitos do domínio da Lexicologia, como
léxico e competência lexical, com o ensino de língua materna, mostrando que
essas discussões, assim como o conhecimento desses conceitos deve preceder
a prática docente.

Palavras-chave: Léxico, Língua materna, Formação de professores.

111
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

RENDAS, REDES E LENDAS: O VOCABULÁRIO DAS RENDEIRAS


DO MUNICÍPIO DE RAPOSA, MARANHÃO

Raquel Pires Costa


Colégio Universitário/Universidade Federal do Maranhão (COLUN/UFMA)

Os estudos lexicais, ao congregarem o linguístico e o não linguístico,


fornecem dados para a leitura da cultura de uma sociedade. No Brasil, ainda
há muito a ser pesquisado nesse sentido, visto que há diversas localidades
com características linguísticas peculiares, sobretudo no âmbito lexical. Uma
delas é o município de Raposa, Maranhão. Sua formação deu-se pela
migração de famílias de pescadores que deixaram sua terra natal, Acaraú,
Ceará, na década de 50, devido a uma violenta seca. Nessa migração, as
mulheres levaram consigo a bela tradição da renda de bilro, ofício que
continua presente entre elas até os dias de hoje. Fundamentando-nos nos
pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística (Labov e Milroy),
Lexicologia (Biderman), Lexicografia (Barbosa, Esquivel e Haensch) e da
Antropologia Linguística (Duranti, Hymes e Velarde), descrevemos e
analisamos o vocabulário das rendeiras de Raposa. Coletamos e
transcrevemos dados decorrentes das 15 entrevistas orais realizadas em
Raposa. Retornamos ao passado, consultando as 207 lexias selecionadas em
dicionários do século XVIII, XIX e XX e retornamos ao presente,
consultando-as em dicionários contemporâneos. Após as consultas a
dicionários, fizemos análises qualitativa e quantitativa, que demonstraram a
existência de um vocabulário peculiar, revelando a estreita relação entre
língua e cultura, a intersecção entre o universo das rendeiras e dos pescadores
e resgatando aspectos sociais e históricos da vida das rendeiras. No glossário
resultante da pesquisa, destacam-se as lexias que designam os pontos, objetos
e ações relacionados à cultura da renda e demonstram a sua riqueza, assim
como a criatividade das rendeiras no ato de nomear.

Palavras-chave: Léxico, Rendeiras, Maranhão.

112
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

SESSÃO COORDENADA 5

O AGIR DOCENTE NOS PROJETOS DE LETRAMENTO

COORDENAÇÃO:
Glícia Marili Azevedo de Medeiros Tinoco
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Maria do Socorro Oliveira


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

RESUMO DA SESSÃO
O debate acerca do aumento de alunos egressos da educação básica brasileira
que chegam ao ensino superior sem demonstrar domínio de variadas práticas
de leitura e de escrita tem-se acirrado, principalmente, na mídia e na
universidade. Evidencia-se, assim, a necessidade de ressignificar o trabalho
pedagógico com essas práticas tanto na educação básica quanto no ensino
superior. Para tanto, é preciso oportunizar uma discussão teoricamente
fundamentada acerca dessa problemática, buscando-se oferecer contribuições
à formação, bem como alternativas ao agir docente para a ressignificação do
processo de ensino-aprendizagem de língua materna. De fato, refletir sobre o
realinhamento teórico-metodológico de práticas de leitura e escrita pode
favorecer às agências formadoras mais subsídios para preparar alunos e
professores para uma inserção mais ampla no universo da cultura letrada.
Com o propósito de oportunizar essa reflexão, a presente sessão coordenada
tem por objetivo compartilhar experiências de trabalhos com projetos de
letramento, considerando que, atualmente, esse conceito tem se tornado
produtivo para a prática docente. A esse respeito, vêm-se desenvolvendo
interessantes experiências acadêmicas de caráter intervencionista,
especialmente, no Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS). Do
ponto de vista teórico-metodológico, ancoramo-nos, de forma basilar, nos
113
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

Estudos de letramento (STREET, 1984, 2006; BARTON; HAMILTON, 1993,


1998; KLEIMAN, 1995; 2000; 2006; OLIVEIRA, KLEIMAN, 2008;
TINOCO, 2008; SANTOS, 2012; OLIVEIRA, TINOCO, SANTOS, 2014;
FERNANDES, 2016), na Pedagogia Crítica (FREIRE, 1996, 1971, 1978,
1979; GIROUX, 1992, 1997, 1999; KINCHELOE, 1997; MCLAREN, 1991,
1997, 2000) e nos trabalhos de abordagem qualitativa e interpretativista, de
cunho etnográfico, desenvolvidos sob o escopo da Linguística Aplicada
(MOITA LOPES, 1996, 2006).

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem de língua materna, Projeto de


letramento, Agir docente.

RESUMO DOS EXPOSITORES

OLIMPÍADA DE LÍNGUA PORTUGUESA E AGIR PROFESSORAL

Francisca Vaneíse Andrade Fernandes


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

A Olimpíada de Língua Portuguesa (OLP) é um concurso de produção de


textos para alunos de escolas públicas brasileiras que tem desenvolvido
importantes ações de formação de professores e, consequentemente, tem
alterado práticas de leitura e escrita em sala de aula. Esse concurso, que se
organiza por meio de oficinas, planificadas como sequências didáticas, foi
desenvolvido, no ano de 2014, em uma escola pública de Natal-RN, via outro
modelo didático: o projeto de letramento (KLEIMAN, 2000). Sendo assim,
neste artigo, pretendemos evidenciar as ressignificações no agir professoral
ao desenvolver a OLP via projeto de letramento, entendido como um modelo
didático (TINOCO, 2008). Teoricamente, fundamentamo-nos nos estudos de
letramento (KLEIMAN, 2001; 2006; OLIVEIRA, 2010; OLIVEIRA;
TINOCO; SANTOS, 2011), no modelo de sequência didática (CLARA;
114
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

ALTENFELDER; ALMEIDA, 20--; DOLZ; SCHNEUWLY, 2004) e na


proposta de desenvolver a OLP por meio de projetos de letramento
(FERNANDES, 2016). Para a reflexão a que ora nos propomos, investimos
em um trabalho de análise qualitativa e interpretativista de um recorte de
dados gerados por Fernandes (2016). A análise desses dados evidencia dois
aspectos centrais: (i) a reconstrução identitária de professores, que passam a
atuar como agentes de letramento, trabalhando colaborativamente com os
alunos e outros participantes (pessoas da comunidade escolar ou externas a
ela); (ii) o eixo condutor do agir professoral que passa a levar em
consideração a prática social, e não conteúdos previamente programados e
sequenciados. Dessa forma, salientamos que no desenvolvimento da OLP via
projeto de letramento ocorre uma ressignificação do ensino-aprendizagem de
leitura e escrita, em que práticas estritamente escolares são transformadas em
práticas sociais mais amplas cujas implicações ultrapassam os muros
institucionais.

Palavras-chave: Olimpíada de Língua Portuguesa, Agir professoral, Projeto


de letramento.

GÊNEROS TEXTUAIS E LETRAMENTO CÍVICO

Maria do Socorro Oliveira


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

A forma como a escola tem direcionado o trabalho com a escrita com vistas a
desenvolver no aluno o domínio dessa prática tem, ao longo do tempo,
mudado de perspectiva graças a diferentes razões. De fato, contingências de
ordem não apenas cognitiva, mas também de caráter social, econômico,
tecnológico e, sobretudo, político têm interferido no modo como se trabalha
esse objeto de ensino e de agir social. Nesse sentido, esta comunicação
pretende discutir a forma como essas contingências afetam a prática da
escrita pelo cidadão em meio às demandas de escrita no mundo
contemporâneo e, ao lado disso, o modo como o professor instrumentaliza o
seu trabalho didático para impactar o letramento escolar, movido,
115
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

naturalmente, pelas crenças que nutre a respeito dessa prática social.


Teoricamente, esta reflexão está ancorada nos estudos de letramento cívico
(LAZERE, 2005; MCALLISTER, 2001; MILNER, 2002; OLIVEIRA, 2007;
SANTOS, 2012); nos estudos críticos defensores da ideia de que todos os
textos se constituem em instrumentos ideológicos capazes de conferir poder
aos indivíduos (MCLAREN, 1997; FREIRE, 1979, 1996, 2001; GIROUX,
1997); na abordagem social de gênero inspirada na Nova Retórica
(BAZERMAN, 2006; 2007). Trata-se de um estudo de natureza qualitativa de
tendência etnográfica cujos dados em análise foram gerados a partir de
projetos de letramento (KLEIMAN, 2000; OLIVEIRA; TINOCO; SANTOS,
2014) desenvolvidos em escolas da rede pública de Natal-RN. Assumindo
como alternativa esse dispositivo didático, o foco de discussão são os gêneros
textuais, entendidos como práticas cidadãs. O estudo revela o viés político e
de empoderamento que é constitutivo aos gêneros textuais e chama a atenção
para o caráter agentivo e identitário da escrita e, sobretudo, para a
importância do letramento cívico como uma política de educação pública.

Palavras-chave: Letramento cívico, Gêneros textuais, Práticas cidadãs.

REDE DE ATIVIDADES E DE AGENTES EM PROJETOS DE


LETRAMENTO

Glícia Marili Azevedo de Medeiros Tinoco


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Desde a década de 80 do século passado, uma série de ações nacionais e


internacionais (documentos curriculares, sistemas de avaliação de
aprendizagem, cursos de formação inicial e continuada de professores,
concursos nacionais, publicações na mídia) tem demonstrado a necessidade
de ressignificar o processo de ensino-aprendizagem de língua materna,
sobretudo no tocante a práticas de leitura e escrita. À medida que avançam as
discussões em torno de como alcançar essa ressignificação, diferentes
paradigmas entram em ferrenha disputa (alguns são substituídos parcial ou

116
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

totalmente, outros se fortalecem), metodologias de trabalho são repensadas e


novos modelos didáticos se configuram. Nesse contexto, os projetos de
letramento (KLEIMAN, 2000) se apresentam como um modelo didático
(TINOCO, 2008) que reorganiza o agir professoral: em vez de uma sequência
de conteúdos, neles incluídos gêneros discursivos pré-definidos, realça-se
uma rede de atividades e de agentes que se articulam em função da resolução
de um problema relevante para a comunidade de aprendizagem (AFONSO,
2001) em foco. Essa rede de atividades, constituída por práticas de leitura,
oralidade e escrita, requer a colaboração de agentes internos e externos à sala
de aula e culmina em uma ação responsiva, coletiva e orientada para a
resolução da problemática em torno da qual se iniciou esse trabalho
colaborativo. Para dar visibilidade a tal aspecto dos projetos de letramento,
pretendemos analisar a constituição dessa rede a partir de um recorte de
dados gerados em uma turma de curso superior, cujo problema vivenciado é a
insegurança no campus universitário. Para essa análise, ancoramo-nos nos
estudos de letramento (KLEIMAN, 1995; OLIVEIRA, TINOCO, SANTOS,
2014) e na teoria dos gêneros baseada na Nova Retórica (BAZERMAN,
2005). Metodologicamente, inserimo-nos na perspectiva qualitativo-
interpretativista da Linguística Aplicada (MOITA-LOPES, 2006).

Palavras-chave: Projeto de Letramento, Rede de atividades e de agentes,


Ressignificação do ensino de leitura e escrita.

INTERFACE ENSINO-FORMAÇÃO DOCENTE EM PROJETOS DE


LETRAMENTO E EM PROJETOS DIDÁTICOS DE GÊNERO

Antonia Sueli da Silva Gomes Temóteo


Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)

A busca por novas estratégias de ensino que possibilitem a otimização da


aprendizagem é um dos fatores que levam o professor de línguas a investir no
processo de formação docente. Disso resultam a criação e a implantação de
novos dispositivos didáticos no contexto de sala de aula. A propósito disso, a

117
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

presente comunicação discute especificidades conceituais de dois modelos


didáticos: o projeto de letramento (PL) e o projeto didático de gênero (PDG).
O objetivo é mapear aspectos conceituais que caracterizam esses modelos
didáticos, levando em consideração processos cognitivos que emergem de
experiências com tais modelos, pensados como propulsores de aprendizagens
para o professor da educação básica e seus estudantes. Para tanto, ancoramo-
nos em uma pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa e interpretativista,
tomando como referencial teórico cinco publicações sobre processos de
formação continuada que analisam experiências metodológicas vivenciadas
por professores da educação básica: três delas tratam de PL (KLEIMAN,
2000; TINOCO, 2008; OLIVEIRA, TINOCO e SANTOS, 2014) e duas de
PDG (GUIMARÃES e KERSCH, 2014; GUIMARÃES, CARNIN e
KERSCH, 2015). Urge frisar que a discussão que ora se apresenta não
pretende evidenciar o modelo didático mais apropriado para o trabalho do
professor de línguas, mas conceitos que entram em cena (ou dela saem) ao se
aplicar um modelo didático ou outro. Como resultado, espera-se que a
construção do mapeamento de especificidades conceituais do PL e do PDG
possa contribuir para a ampliação do letramento do professor, em seu
processo formativo, ao mesmo tempo em que contribui, em seu campo de
ação, para a apropriação de saberes acadêmicos e para a compreensão
teórico-metodológica dos processos que protagoniza nos contextos de
formação em que se insere.

Palavras-chave: Projeto de Letramento, Projeto Didático de Gênero,


Formação Docente.

PROJETOS DE LETRAMENTO E ENSINO DE GÊNEROS


DISCURSIVOS

Priscila do Vale Silva Medeiros


Secretaria Estadual de Educação e Cultura do Rio Grande do Norte (SEEC-
RN)

118
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

Compreender a linguagem como interação (BAKHTIN, [1929] 2009)


pressupõe considerar que as relações sociais são mediadas por textos que
circulam em contextos específicos e que requerem de leitores, escreventes,
ouvintes e falantes competências e habilidades distintas. É a partir desse
pressuposto que os estudos do letramento vêm propondo, desde a década de
90, a ressignificação do letramento escolar por meio de um trabalho que parta
dos usos sociais da escrita (KLEIMAN, 1995). Do amadurecimento dessa
reflexão, foi proposto o conceito de projeto de letramento (KLEIMAN,
2000), que, anos depois, foi caracterizado como um modelo didático
(TINOCO, 2008), cujo princípio central é o ensino de escrita a partir da
prática social, ou seja, por meio de eventos de letramento vivenciados por
professores, estudantes e outros agentes, organizados em comunidade de
aprendizagem (AFONSO, 2001). A fim de contribuir com esses estudos, a
presente comunicação objetiva investigar o espaço destinado ao ensino dos
gêneros discursivos nos projetos de letramento, uma vez que esse modelo
didático não focaliza, como ação principal, o ensino de gêneros. Para tanto,
desenvolveremos uma pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa e
interpretativista. O corpus da pesquisa será composto por dois e-books:
Pinto; Carvalho; Colaço (2012) e Oliveira; Tinoco; Santos (2014). A análise
demonstra que, embora haja a adoção do construto “projeto de letramento”
nessas duas publicações, os direcionamentos metodológicos e os propósitos
desses projetos para com o ensino de gêneros parecem seguir caminhos
específicos, dependendo do foco dos pesquisadores. No entanto, o que há em
comum, nas publicações analisadas, é o ensino da escrita de gêneros
mediante situações reais de uso da linguagem, ou seja, de uso da escrita como
prática social.

Palavras-chave: Projeto de Letramento, Escrita como prática social, Ensino


de gêneros discursivos.

119
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

SESSÃO COORDENADA 6

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E O LIVRO DIDÁTICO:


DESAFIOS E POSSIBILIDADES

COORDENAÇÃO:
Jammara Oliveira Vasconcelos de Sá
Secretaria de Educação do Estado do Ceará (SEDUC)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Grupo de Estudo de gêneros textuais, perspetivas teóricas e metodologias
(GETEME)

RESUMO DA SESSÃO

O ensino de Língua Portuguesa (LP) tem-se tornado um grande desafio para a


prática docente nas escolas brasileiras. Um dos desafios que o profissional de
LP enfrenta é a escolha do material didático adequado ao ensino de língua
materna diante das orientações prescritas pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), pela Matriz de Referências do Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica, dentre outros documentos oficiais de
orientação e de avaliação em larga escala. Nesta perspectiva, algumas
questões surgem: O livro didático de LP atende às expectativas dos docentes
para o ensino de língua materna? Os principais fenômenos que permeiam o
exercício da língua materna no livro didático de LP são contemplados? A
escrita e a oralidade são abordadas nos livros didáticos adotados? O
estudo/ensino sobre os gêneros são abordados? O texto é tratado como
unidade de ensino de LP ou são apresentados apenas como pretexto nas
diferentes seções (unidades) do livro didático de LP? Diante destas questões,
esta sessão coordenada tem como objetivo reunir professores, pesquisadores
e demais interessados nessa problemática, a fim de promover uma reflexão
que resulte em propostas para a solução dos citados problemas e em
contribuições efetivas para a formação de um cidadão mais crítico e
socialmente participativo, capaz de fazer uso da língua em atendimento a
120
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

suas necessidades sociais, de conformidade com as diversas situações


comunicativas. Como sugestão, recomendamos os seguintes referenciais
teórico-metodológicos como norte para as discussões (debates): PCNs
(1998), INEP (2002), PDE (2004), Fávero, Andrade, Aquino (2007; 2014),
Geraldi (1996), Antunes (2003), Marcuschi (1997; 2003; 2008), Castelli e
Reis (2014), Rojo (2000), Scheneuwly e Dolz (2004) e Schneuwly (2004).
Esperamos ao final dos debates termos contribuído de forma produtiva para
uma melhor compreensão dos fenômenos aqui analisados, suscitando,
também, novas reflexões sobre as questões abordadas.

Palavras-chave: Livro didático, Língua portuguesa, Oralidade e escrita.

RESUMO DOS EXPOSITORES

O ESTUDO DA ORALIDADE NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA


PORTUGUESA

Jammara Oliveira Vasconcelos de Sá


Secretaria de Educação Básica do Ceará (SEDUC)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Grupo de Estudo de gêneros textuais, perspetivas teóricas e metodologias
(GETEME)

Lorena Lopes Chaves


Secretaria de Educação Básica do Ceará (SEDUC)
Grupo de Estudo de gêneros textuais, perspetivas teóricas e metodologias
(GETEME)

Como ocorre o ensino de língua portuguesa em nossas escolas? Esta pergunta


que inquieta muitos profissionais da área alerta para o fato de que, na maioria
dos casos, o ensino de Língua Portuguesa (doravante LP) em nossas escolas
121
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

de ensino fundamental e médio é centrado na modalidade de escrita,


excluindo o uso da oralidade no processo de aprendizagem. Objetivando
discutir sobre esta questão, este trabalho investiga como ocorre o tratamento
do fenômeno da oralidade no livro didático de Língua Portuguesa (LP). Para
este estudo, analisamos, através da pesquisa qualitativa, o livro didático
Português: Linguagens (2012), dos autores William Roberto Cereja e Thereza
Cochar Magalhães. É importante salientar que tomamos como hipótese a
ideia de que a oralidade é trabalhada em várias seções do livro como
orientam os PCNs, além deste servir de ponto de partida para o
desenvolvimento de outras atividades. É importante destacar que usamos
como aporte teórico os PCNs (1998), Fávero, Andrade, Aquino (2007; 2014),
Geraldi (1996), Antunes (2003), Marcuschi (1997; 2003; 2008), Castelli e
Reis (2014), Rojo (2000), Scheneuwly e Dolz (2004) e Schneuwly (2004).
Para análise do fenômeno, nosso corpus constitui-se do exemplar do 9º ano
do ensino fundamental. Nele, selecionamos o tópico específico dentro do
livro intitulado “Trocando Ideias” pelo fato de nesta sessão do livro
evidenciarmos o fenômeno em estudo. Podemos apontar como resultado o
fato de que o livro didático analisado privilegia a oralidade informal, por
meio de questões discursivas trabalhadas numa espécie de diálogo sobre o
assunto tratado no capítulo a que este tópico pertence. Concluímos, também,
que o material aqui trabalhado privilegia a oralidade informal e não propõe
atividades de uso real da língua.

Palavras-chave: Oralidade, Ensino, Livro didático.

A MULTIMODALIDADE NAS ATIVIDADES DE COMPREENSÃO


TEXTUAL DOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO

Ana Cátia Silva de Lemos


Universidade Federal do Ceará (UFC)
Grupo de Estudo de gêneros textuais, perspetivas teóricas e metodologias
(GETEME)

122
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

Maria Margarete Fernandes de Sousa


Universidade Federal do Ceará (UFC)
Grupo de Estudo de gêneros textuais, perspetivas teóricas e metodologias
(GETEME)

Os gêneros multimodais ganharam importante espaço nos Livros Didáticos


que se tornaram importante instrumento de apoio na educação básica, no
entanto, observamos que a multimodalidade pode está ficando de lado no
ensino de compreensão textual. Atualmente, a perspectiva de ensino de
Língua Portuguesa está embasada na compreensão textual, desta forma o
entendimento da compreensão leitora se faz concebendo o contexto e as
características que embasam o texto, sendo os aspectos multimodais
considerados partes constituintes do texto, são, portanto, fundamentais na
apreensão do sentido do texto. Por isso, esta pesquisa visa investigar as
estratégias utilizadas nos Livros Didáticos do Ensino Médio que objetivam
ensinar a compreensão leitora e como os aspectos multimodais são abordados
nas atividades de compreensão textual. Nosso objetivo é observar se os
Livros Didáticos incentivam os alunos a identificarem, nos aspectos
multimodais dos textos, ferramentas que auxiliam a compreensão do gênero
para a construção dos sentidos do texto. Para atingi-lo, valemo-nos das
pesquisas de Kress (2010), Kress e van Leeuwen, (1996), Silvestre (2015).
Nosso corpus foi obtido através de duas coleções de Livros Didáticos do
Ensino Médio, indicadas no Programa Nacional do Livro Didático: Português
Linguagens (CEREJA; MAGALHÃES, 2010) e Português: Ser protagonista
(BARRETO, 2010). Para esta análise, restringimo-nos a quatro atividades de
compreensão textual, nas quais analisamos como os aspectos multimodais
contribuem para a construção de sentido do texto e de que forma o Livro
Didático aborda esses aspectos nas atividades. Por isso, analisamos os
elementos discursivos, imagéticos e textuais das atividades que contribuem
para a construção de sentido do texto, tencionando discutir como esses
elementos constroem as relações de significado do texto. Podemos concluir
que os elementos investigados contribuem com a identificação e a construção
do texto, pois as partes pesquisadas compõem todos os itens das atividades,
mantendo, assim, uma ação caracterizadora do gênero em estudo.

Palavras-chave: Multimodalidade; Compreensão textual, Livro Didático


123
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

ENSINO/APRENDIZAGEM DOS ELOS CONJUNTIVOS

Abniza Barros Pontes Leal


Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Grupo de Estudo de gêneros textuais, perspetivas teóricas e metodologias
(GETEME)
O desafio do ensino de língua portuguesa é, fundamentalmente, tornar os
estudantes competentes para as práticas de leitura e de produção de texto.
Essa competência, contudo, depende, dentre outros conhecimentos, do
domínio da língua, confundido em alguns contextos escolares com o domínio
da gramática. Estabelecido esse liame, as questões mais recorrentes dizem
respeito ao ensino da gramática e ao tipo de gramática que a escola deve
adotar. Sendo a gramática um conjunto de conceituações, de categorizações e
de regras que regulam combinações em diferentes níveis, as quais se fazem
presentes em todas as manifestações de linguagem verbal, resta, no caso do
Brasil, ao sistema educacional orientar como proceder em relação ao ensino e
à avaliação da língua materna. No tocante ao Ensino Médio, vários
documentos têm surgido nas últimas décadas. Além dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN), a Matriz de Referência para o Exame
Nacional do Ensino Médio (ENEM), dentre as habilidades requeridas, exige
que o estudante relacione em um texto as estruturas linguísticas, sua função e
seu uso social. Para desenvolver essa habilidade, o estudante faz uso de
mecanismos coesivos como, por exemplo, dos elos conjuntivos. Estes se
constituem elementos linguísticos que podem ser apontados como de
relevante importância para a organização e estruturação dos textos cobrados
em avaliações de larga escala. O grande problema é precisar como ocorre o
ensino e a aprendizagem desses mecanismos. A orientação mais imediata é a
oferecida pelos livros didáticos. Neste trabalho, buscamos apontar como de
fato ela ocorre. Para isso, fizemos análise do quadro teórico e metodológico
do ensino das conjunções em quatro coleções para o Ensino Médio. Para
fundamentar a discussão sobre o ensino dos elos de conexão, tomamos como
fio condutor os posicionamentos de Neves (2003), Antunes (1996 e 2012).

Palavras-chave: Ensino e aprendizagem, Elos conjuntivos, Livro didático.


124
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

RECURSOS REFERENCIAIS ANAFÓRICOS COMO ELOS


COESIVOS EM TEXTOS ESCOLARES DO ENSINO MÉDIO

Maria Margarete Fernandes de Sousa


Universidade Federal do Ceará (UFC)
Grupo de Estudo de gêneros textuais, perspetivas teóricas e metodologias
(GETEME)

Um dos maiores desafios do ensino, hoje, é harmonizar abordagem


gramatical e linguística no ensino fundamental e médio, de modo que
propicie aos alunos um ensino produtivo, principalmente da gramática. Para
isso, precisamos desmistificar a ideia de que ensinar gramática é um
retrocesso ou de que ensinar gramática é, apenas, ensinar um aglomerado de
regras e normas relacionadas a “arte” de escrever corretamente.
Compreendemos com Antunes (2007), dentre outros autores, que a gramática
é inútil se considerada isolada, porém, é extremamente importante na
interação verbal para a construção do conhecimento real que não prescinde
do conhecimento das normas de textualização e do conhecimento das normas
sociais de uso da língua. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)
constituem um documento de referência, matriz de orientação, para escolas e
professores, no tocante ao ensino público e privado. No entanto, ainda se
percebe um significativo descompasso entre esse documento e as instituições
de ensino. Nesta pesquisa, pretendemos evidenciar que perspectivas
gramatical e linguística podem “caminhar” na mesma direção. Como forma
de evidenciar essa relação, vamos mostrar como os recursos referenciais
anafóricos (CAVALCANTE, 2011,2013) comportam-se como verdadeiros
mecanismos léxico-gramaticais para construir elos coesivos nas construções,
estruturas composicionais, dos textos produzidos por alunos do ensino médio.
Para isso, analisamos 20 (vinte) textos produzidos por alunos em situações
reais, cotidianas de sala de aula, para verificarmos como eles se apropriam e
manuseiam esses recursos para dar sentido aos seus textos, ao mesmo tempo
em que constroem estruturas gramaticalmente aceitáveis do ponto de vista da
norma. Uma análise prévia nos antecipou que os alunos, em geral, fazem uso
desses mecanismos, embora sem muita variação nas formas de expressão, o

125
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

que nos leva a concluir que o professor deve trabalhar incansavelmente no


sentido de favorecer a ampliação do léxico nos contextos de usos mais
produtivos dos textos dos alunos.

Palavras-chave: Recursos anafóricos, Gramática, Ensino.

126
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

Eixo temático 3:
Ensino e aprendizagem de línguas: Aquisição de língua
estrangeira em situações de plurilinguismo.

SESSÃO COORDENADA 7

TECNOLOGIAS DIGITAIS E LETRAMENTOS NA ESCOLA


PÚBLICA: A SALA DE AULA DE INGLÊS E A FORMAÇÃO DO
PROFESSOR NA ERA CIBERNÉTICA.

COORDENAÇÃO:
Reinildes Dias
Universidade Federal de Minas Gerais (FALE-UFMG)
Grupo de pesquisa TECLETI

RESUMO DA SESSÃO
Estudos recentes na área da Linguística Aplicada evidenciam mudanças nas
práticas pedagógicas em inglês advindas da ubiquidade das tecnologias
digitais na era contemporânea (Dias, 2012). Nelas ganham proeminência o
desenvolvimento dos letramentos dos alunos para serem protagonistas do
próprio aprender com fins a agirem e transformarem a realidade que os
rodeia, questionando-a criticamente e fazendo dela um espaço mais justo,
equilitário e inclusivo. Para isso, tornam-se produtores de conteúdos de
cunho educacional veiculados em inglês por meio de vídeos, áudios,
animações, charges etc. O professor, por seu lado, torna-se o fomentador da
aprendizagem do aluno ao incentivá-lo a ser mais responsável pelo seu
próprio aprender. Ele e seus alunos tornam-se parceiros no processo de uma
educação de qualidade social em inglês no âmbito da escola pública. Nesta

127
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

sessão coordenada pretendemos incentivar reflexões sobre experiências de


letramentos vivenciadas por nós e nossos alunos da escola pública, tendo em
vista uma pedagogia que advém do uso ubíquo das tecnologias digitais.
Nosso aporte teórico-metodológico centra-se nas duas noções de letramentos
defendidas por Kalantzis e Cope (2012, p.9): a necessidade premente do
respeito às diversidades e a apropriação da noção de que todo texto é
multimodal (Kress, 2003). Por respeito às diversidades, nossas práticas
pedagógicas fundamentam-se nos “valores da liberdade, na justiça social, na
pluralidade, na solidariedade e na sustentabilidade [para formar nossos
alunos] nas dimensões individual e social de cidadãos conscientes de seus
direitos e deveres, compromissados com a transformação social” (Brasil,
2013, p.16). Contemplamos a noção de multimodalidade pelo
reconhecimento e uso dos múltiplos modos de representação da linguagem e
seus recursos variados. A comunicação de Dias centra-se especialmente na
parceria professor-aluno no Ensino Fundamental II. A de Alonso fundamenta-
se na perspectiva do aluno frente ao seu aprender. A de Souza discute uma
experiência de ensino centrada na produção dos alunos.

Palavras-chave: Tecnologias digitais, Letramentos na escola pública, Ensino


de inglês.

RESUMO DOS EXPOSITORES

LETRAMENTOS EM INGLÊS NA ESCOLA PÚBLICA: PARCERIA


PROFESSOR-ALUNO E TECNOLOGIAS DIGITAIS

Reinildes Dias
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Grupo de pesquisa TECLETI

A sociedade contemporânea, incluindo as instituições de ensino formais, vive


um processo de mudanças contínuas relacionadas à influência das tecnologias
128
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

digitais do novo milênio. Por meio delas, colaboramos uns com os outros,
produzimos textos multimodais de vários gêneros e os compartilhamos em
diferentes mídias sociais, assistimos palestras e interagimos com quem nos
fala. Tudo isso acontece sem nenhum comprometimento aos significados que
vão sendo construídos em rede. O desenvolvimento dos letramentos em
inglês, na escola pública, pode se enriquecer se nos comprometer com uma
pedagogia em parceria (partnering pedagogy, Prensky, 2010) entre nós,
professores, e nossos alunos por meio das tecnologias digitais. No processo
de troca de conhecimentos entre os participantes para um aprender real e
significativo, o professor desafia e incentiva, além de fornecer feedback
necessário quanto ao uso do inglês em práticas sociais pela linguagem. Os
alunos, por sua vez, assumem o comando das tecnologias digitais no processo
de construir conhecimento em inglês para usá-lo no convívio face a face e no
online com pessoas de diferentes culturas e contextos sociais. Esta
comunicação visa compartilhar práticas pedagógicas que desafiam e apoiam
os alunos nas ações educativas de produção de campanhas de conscientização
contra o “bullying” e de anúncios de utilidade pública sobre a dengue na
forma de podcasts. Por meio de tais ações, o desenvolvimento dos
letramentos em inglês e a formação do aluno para agir e transformar o seu
contexto local configuram-se como principais objetivos, tendo o suporte das
tecnologias digitais. A parceria estreita entre professor e alunos se mostra
produtiva como demonstram os resultados nos trabalhos criados e no nível de
satisfação com suas atuações protagonistas para aprender inglês como foi
evidenciado no questionário aplicado. Alguns dos trabalhos e os gráficos do
questionário serão também compartilhados.

Palavras-chave: Tecnologias digitais, Pedagogia em parceria, Inglês na


escola pública.

129
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

COMPARTILHANDO EXPERIÊNCIAS DE APRENDIZAGEM DE


INGLÊS POR MEIO DAS TICS: A PERSPECTIVA DOS
APRENDIZES

Kaciana Fernandes Alonso


Cento Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG)
Grupo de pesquisa TECLETI

A aprendizagem de L2 em escolas públicas torna-se cada vez mais


desafiadora para estudantes e professores atualmente. Sabe-se que os
primeiros são afeitos às tecnologias digitais, as quais muitas vezes competem
com professores, ainda iniciantes nessa seara, sendo que dentre esses, muitos
são pouco conhecedores das estratégias digitais utilizadas por seus alunos
para aprender. Nesse contexto, desencadeia-se certa insegurança que permeia
a rotina desses professores que, por serem imigrantes digitais (PRENSKY,
2001), agora se veem aquém diante do avanço de seus alunos em
acompanharem as constantes transformações tecnológicas que implicam em
novas formas de aprender e de ensinar. A isso, soma-se o fato de que o ensino
de inglês atual deve priorizar a produção e compreensão de textos, capaz de
tornar os estudantes não apenas leitores ou conhecedores das regras
estruturais da língua-alvo, mas também usuários e falantes para se
comunicarem na língua estrangeira. A formação de professores, portanto,
nessa perspectiva, deve se voltar para tais desafios, sobretudo na área de
ensino e aprendizagem de L2 que utiliza as tecnologias digitais, além de
compartilhar o conhecimento de experiências bem sucedidas que já as
adotam em suas rotinas de ensino e aprendizagem de L2. Esta comunicação
visa, portanto, compartilhar algumas experiências de ensino e aprendizagem
de inglês nas quais estudantes do Ensino Médio do CEFET-MG produzem
textos orais e escritos com o auxílio das tecnologias digitais. Consideramos o
resultado dessas experiências positivo o bastante para tornar os aprendizes-
estudantes em usuários da língua inglesa, capazes de aprendê-la, construindo
conhecimento e fazendo uso dele em situações reais de comunicação. Os
letramentos (KALANTIZIS; COPE, 2012) e a autonomia dos aprendizes
(BENSON; VOLLER, 1997; PRENSKY, 2010) são alguns dos conceitos
130
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

fundantes que permeiam a prática que pretendemos discutir, além dos pontos
de vista de alguns estudantes que a vivenciam.

Palavras-chave: Aprendizagem de inglês, Tecnologias digitais, Escola


pública.

PRODUÇÃO DE VÍDEO PARA DESENVOLVER A CAPACIDADE


ORAL E ESCRITA DE APRENDIZES DE LÍNGUA INGLESA:
DESAFIOS E RESULTADOS

Sheilla Andrade de Souza


Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM)
Grupo de pesquisa TECLETI

Esta comunicação visa apresentar os desafios e os resultados obtidos a partir


do desafio de produção de um vídeo, em inglês, intitulado “Daily Routine”,
por aprendizes do primeiro ano do ensino médio integrado, em uma escola
pública no interior de Minas Gerais. A professora agiu como orquestradora
das ações educativas. Partiu-se do pressuposto de que com o avanço das
tecnologias digitais e o advento da internet, o professor precisa adequar suas
práticas pedagógicas contemplar uma nova geração de aprendizes
denominada por Kalantzis e Cope (2012, p. 9) como “Geração
Participatória”. Para os autores, os aprendizes dessa geração deixam de ser
passivos receptores de conhecimento para serem produtores; eles acessam as
informações por meio de múltiplas fontes de linguagem a qualquer momento
e lugar. Apoiamo-nos também no princípio de que todo texto (oral e/ou
escrito) é multimodal, ou seja, constituído de pelo menos dois destes modos
semióticos: o oral, o escrito, o visual, o gestual, o tátil, e o espacial. Textos
multimodais são “aqueles que incluem diferentes semioses de maneira que o
sentido é veiculado (ou comunicado) simultaneamente por meio de diferentes
códigos”, sendo que “[o]s textos produzidos na tela do computador, os
131
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

gêneros digitais, por exemplo, configuram-se como espaços onde a


multimodalidade ganha excelência” (Dias, 2012, p. 302). De maneira geral, o
projeto buscou ampliar as possibilidades de aprendizagem do estudante de
inglês. Especificamente, pretendeu: (1) propor a produção de um vídeo, a
partir do uso das tecnologias digitais; (2) proporcionar ao aprendiz um espaço
para desenvolver capacidades orais e escritas de uso de inglês. Os resultados
revelaram alguns problemas relacionados à pronúncia e ao uso de
vocabulário. Quanto às novas tecnologias, os participantes tiveram
dificuldades relativas ao acesso e manuseio das ferramentas digitais, no
entanto, procuram ajuda dos pares mais experientes.

Palavras-chave: Ensino de inglês, Tecnologias digitais, Multimodalidade.

UMA AULA SEM GIZ: UM OLHAR DE ALUNOS SOBRE O USO


DAS TECNOLOGIAS
DIGITAIS EM SALA DE AULA

Josiane Brunetti Cani


Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Grupo de pesquisa TECLETI

Gilvan Mateus Soares


Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG)
Grupo de pesquisa TECLETI

Nos últimos anos tem ocorrido aumento considerável de pesquisas


relacionadas ao uso das Tecnologias Digitais de Informação e de
Comunicação (TDICs) na educação na tentativa de aproximar mais ainda os
saberes escolares com as linguagens produzidas socialmente pelos alunos.
Dentre essas pesquisas, algumas nos chamam a atenção acerca da formação
dos professores para o uso das TDICs, como Kenski (2015), que destaca a
132
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

urgência de planejamento e implantação de propostas inovadoras para a


formação de professores com o uso das tecnologias digitais; Moran (2015),
que propõe mudanças com metodologias mais ativas de aprendizagem; e Dias
e Pimenta (2015), sobre o uso das tecnologias para o aperfeiçoamento das
capacidades orais na formação inicial de professores de língua inglesa.
Articulando esses estudos com o uso das TDICs nas escolas, surgiu nosso
interesse pela pesquisa: como os alunos enxergam a possibilidade da
aplicação das TDICs em sala de aula? Nosso objetivo foi identificar
ferramentas tecnológicas digitais apropriadas às práticas pedagógicas de
língua materna pelos conhecimentos de uso das tecnologias dos alunos do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo,
campus Colatina. O percepção desses participantes poderá representar uma
motivação para transformações metodológicas em sala de aula, configuradas
como potencial recurso didático-pedagógico para modernizar, qualificar e
aprimorar o processo de ensino e de aprendizagem. Por ser uma pesquisa
ainda em desenvolvimento, pretendemos com este estudo estabelecer a
estruturação de TDICs disponibilizadas na Internet apreciadas pelos alunos
como potenciais instrumentos pedagógicos. Assim, esperamos promover
diferentes processos: primeiro, entender e valorizar a contribuição dos alunos
como seres ativos no processo de aquisição do conhecimento; e, segundo,
relacionar possibilidades de práticas educacionais partindo da aprendizagem
dos que vivem imersos no mundo digital, de modo a contribuir para a
reestruturação de práticas pedagógicas voltadas para as tecnologias digitais.

Palavras-chave: Tecnologias digitais, Língua Portuguesa, Práticas


pedagógicas.

133
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

Eixo temático 5:
Ensino e aprendizagem de línguas: linguagem e
tecnologias.

SESSÃO COORDENADA 8

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA(S) PARA A


DIVERSIDADE CONTEMPORÂNEA: IDENTIDADES, INCLUSÃO E
AS TICs

COORDENAÇÃO:
Denise Maria Oliveira Zoghbi
Departamento de Fundamentos para o Estudo das Letras (DEFEL)
Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (ILUFBA)
GRUPO (Re) Construção de identidades no discurso inclusiva da educação

RESUMO DA SESSÃO
O campo de ensino e de aprendizagem de língua(s), seja materna e/ou
estrangeira, sempre ocupou um espaço importante nas pesquisas no âmbito
das Letras, sobretudo no que condiz à formação de professores. Contudo,
para além dos aspectos inerentes a essa realidade, a diversidade, sob os
mantos da contemporaneidade, afetada pelos avanços e insumos
tecnológicos, passou a figurar um elemento essencial a ser considerado
nesses trabalhos, solicitando o reconhecimento e a criação de estratégias tanto
para que se possa melhor entender as singularidades do sujeito social quanto
seja possível lidar proficuamente com suas especificidades. Por conseguinte,
os desdobramentos socioculturais e educacionais dessa atual perspectiva das
relações e interações humanas, em suas diferentes instâncias constitutivas –
Identidades, Gêneros, Inclusão, Letramentos, TICs etc -, têm reconfigurado
os usos da linguagem e seus contextos de produção e recepção, propiciando
uma dinamicidade e complexidade de demandas que desvelam diferentes
desafios para o professor de língua(s). Neste esteio, entende-se deveras
134
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

importante o desenvolvimento de trabalhos que possam não só refletir sobre


esses fenômenos, situando-nos em suas particularidades, mas que apresentem
estratégias que auxiliem na resolução e superação dos seus inegáveis
desafios. É neste intento que disciplinas Linguísticas, como a Linguística
Aplicada, buscam atuar, estreitando importantes parcerias com outros ramos
que se interessam pelos estudos da linguagem, vide a Análise Crítica de
Discurso, os Estudos Culturais e a Pedagogia Crítica, em favor de resultados
proativos frente às demandas educacionais contemporâneas. Neste bojo, a
sessão de comunicação coordenada intitulada “A formação de professores
para a diversidade contemporânea: Identidades, Inclusão e as TICs”,
apresentará três trabalhos pautados nessas reflexões, que, resguardando suas
especificidades, articulam-se em favor de discussões que coadunam para uma
formação crítica de professores na atualidade, situando questões como
representações discursivas, diversidade e seus conflitos e relações de poder,
práticas inclusivas e Letramentos e Gêneros digitais.

Palavras-chave: Formação de professores em Letras, Diversidade, Ensino e


aprendizagem de língua(s).

RESUMO DOS EXPOSITORES

FORMAÇÃO INCLUSIVA DE PROFESSOR E A DIVERSIDADE

Denise Maria Oliveira Zoghbi


Departamento de Fundamentos para o Estudo das Letras (DEFEL)
Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (ILUFBA)

Segundo Moita Lopes (2002), a escola, em especial a sala de aula, é vista


como um espaço em que os atores sociais envolvidos (re)constroem suas
identidades a partir do contexto sócio-cultural historicamente construído. A
Linguística Aplicada na Contemporaneidade preocupa-se com o uso da
linguagem historicamente construído em torno de questões de poder,
privilegiando uma prática de um linguista aplicado que busca criar
135
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

possibilidades de mudanças sociais. Neste intento, pretende-se investigar


como os futuros professores de línguas entendem a proposta de uma
Educação Inclusiva. Pensando, especialmente, em formação do professor de
Letras, Pedagogia e Normal Superior, estão sendo desenvolvidas várias
pesquisas no sentido de propiciar ao docente ou futuro docente subsídios
teóricos, visando conduzi-lo a uma prática mais reflexiva que atenda aos
anseios de uma sociedade cada vez mais preocupada em garantir uma
igualdade de tratamento a todos os seus membros. Através de uma
metodologia qualitativa, serão feitas entrevistas com professores e futuros
professores ainda em formação Dentro desta realidade, faz-se, urgentemente,
necessário preparar o professor para saber lidar com o outro e realizar ações
sobre o outro, participando do processo interacional, recebendo o novo
aprendiz, aceitando o diferente e respeitando a diversidade. Félix (2007)
apresenta uma preocupação com a formação de professores competentes para
lidar com situações de inclusão e de diferenças. É importante analisarmos
como o professor deve se posicionar diante das diferenças e até que ponto ele
está preparado. Conforme Bordas e Zoboli (2009), escolas abertas às
diferenças e capazes de ensinar a turma toda precisam de uma ressignificação
e uma reorganização completa do processo de ensino e aprendizagem.

Palavras-chave: Formação docente inclusiva, Diferença, Linguística


Aplicada.

A IDENTIDADE PROFISSIONAL EM LETRAS: CONTEXTOS


DIVERSITANTES, REPRESENTAÇÕES E PRÁTICAS INCLUSIVAS

Lavínia Neves dos Santos Mattos


Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (ILUFBA)

O cenário educacional atual tem sido confrontado pelos desafios da


diversidade e das relações/conflitos de poder que são gerados pelos seus
desdobramentos, o que nos leva a situar essa realidade como diversitante.
Nesse contexto, é inevitável que o professor figure papel protagonista na
proposição das mudanças e atualizações necessárias, levando os cursos de
136
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

Licenciaturas do país, a exemplo do das Letras, a repensarem a formação


inicial desses futuros professores, sobretudo quanto ao trabalho com as
singularidades dos sujeitos da educação, o que reforça, por sua vez, a
importância do processo de (re)construção das identidades no âmbito
profissional. Nesse bojo, interessa-nos observar como as práticas discursivas
nesse processo formacional podem atuar/interferir nas (re)significações das
representações dos professores em formação, estimulando e ampliando, ou
não, uma identificação profissional pautada na autonomia, criticidade e
postura política e inclusiva, estas indispensáveis na lida das demandas dessa
conjuntura educacional atual. Desse modo, em vistas ao desenvolvimento da
pesquisa, que se encontra em fase inicial, “Formação de professores e
contextos diversitantes: identidade, discurso e resiliência inclusiva”, pautada
numa perspectiva qualitativa, de cunho etnográfico, focaremos nos discursos
discentes, em diferentes fases da graduação, mantendo um cotejo com os
pressupostos do Paradigma Educacional Inclusivo – PEI assumidos pela IES
em que desenvolveremos o trabalho, neste caso, a UFBA. Adotaremos como
categorias analíticas centrais as representações profissionais, os processos
identitários e as inserções dos atores sociais, mantendo uma interface
epistemo-metodológica entre os campos da Linguística Aplicada Crítica e da
Análise Crítica de Discurso, além de contribuições teóricas dos Estudos
Culturais e da Pedagogia Crítica. Entrevistas, notas de campo e questionários
constituirão instrumentos importantes para geração e coleta de dados junto
aos discentes; que se somarão à triagem documental de discursos político-
educacionais sobre o PEI direcionado ao professor no âmbito de Letras.

Palavras-chave: Formação de professores, Contextos diversitantes,


Identidade profissional.

GÊNEROS DIGITAIS E HIPERTEXTO NA ESCOLA: E A


FORMAÇÃO DE PROFESSORES ?

Andréa Beatriz Hack de Góes


Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (ILUFBA)

137
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

Segundo Marcuschi (2010), observa-se no contexto atual a difusão


generalizada de novas formas de leitura e de escrita, pautadas pelas novas
tecnologias. Tais meios de comunicação, baseados em suportes tecnológicos
como o computador, leptop, notebook, netbook, celular, dissolveram
fronteiras de tempo e de espaço e introduziram novas formas de linguagem e
de pensamento, modificando, inclusive, as relações sociais e interpessoais.
Diante desse quadro, coloca-se a questão: como a escola tem lidado com
essas novas práticas de leitura e escrita? As linguagens multimodais têm tido
lugar nas aulas de Língua Portuguesa? Os professores de Língua Materna têm
sido devidamente preparados para adotar essas tecnologias e novos formatos
de texto, lançando mão de estratégias de ensino mais variadas e adequadas a
essa realidade? Essas são algumas das questões que visamos investigar e
analisar nesta pesquisa, a fim de promover uma importante reflexão sobre o
papel do hipertexto e dos gêneros digitais no ensino de Língua Portuguesa,
seus desafios e possibilidades. Para Xavier, o hipertexto é (...)”uma forma
híbrida, dinâmica e flexível de linguagem”(...), (2010, p. 208), e por isso
precisa fazer parte do ensino de língua materna. Utilizaremos como
referencial teórico básico autores como Pierre Lévy, Luiz Antônio Marcuschi,
Antonio Carlos Xavier, Denise Bértoli Braga, Luiz Fernando Gomes, Vani
Moreira Kenski, dentre outros. Atentaremos também para as grades
curriculares dos cursos de licenciatura em Letras vigentes em Salvador, em
instituições públicas e privadas, buscando detectar possíveis lacunas e
deficiências desses cursos na preparação e capacitação de docentes para o
trabalho crítico e significativo com o hipertexto na escola, considerando a
transdisciplinaridade preconizada pelos PCNs. Da mesma forma, buscaremos
observar estratégias adotadas pelo professor bem como a interação com os
alunos, avaliando os resultados obtidos mediante essas práticas em escolas de
nível fundamental II e ensino médio.

Palavras-chave: Gêneros digitais, Licenciatura em Letras, Estratégias de


ensino.

138
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

SESSÃO COORDENADA 9

O LETRAMENTO LITEROMUSICAL E SUAS IMPLICAÇÕES PARA


A FORMAÇÃO DOCENTE: UMA PROPOSTA INVESTIGATIVA A
PARTIR DO GÊNERO CANÇÃO

COORDENAÇÃO:
Maria das Dores Nogueira Mendes
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Grupo de Pesquisa: Discurso, Cotidiano, Práticas Culturais

RESUMO DA SESSÃO
Nossa fala pretende demonstrar que o interesse pedagógico pela canção,
crescente nos últimos anos, índice de consciência da grande importância de
nossa produção literomusical na construção da identidade e da história de
nosso país, deve implicar o conhecimento de sua real natureza. Ao usar a
canção na escola, o professor deve reconhecer sua integridade enquanto
gênero autônomo. Isso implica diferenciá-la de um gênero com o qual ela é
frequentemente confundido: a poesia. Essa diferenciação pressupõe o
reconhecimento da canção como um gênero multissemiótico formado por
uma interface verbal e outra musical. Embora cada uma das materialidades
que a compõem (como a melodia, a letra, a voz, o arranjo etc) possa ser
analisada separadamente sob diferentes perspectivas (como a linguística, a
literária, a musical), uma análise global de uma canção deveria abarcar as
duas interfaces, visto que os sentidos de uma canção decorrem da articulação
entre as duas linguagens. Por essa razão, a construção de sentidos de uma
canção requer um conjunto distinto de competências e habilidades, o que
propomos chamar aqui de letramento literomusical. Partindo desse
entendimento, entendemos que se o professor não dispõe de uma formação
conceitual mínima sobre as características que a configuram, corre o risco de
fissioná-la em demasia, destituindo-a de seu caráter global, não conseguindo,
desse modo, fazer com que o aluno compreenda os efeitos de sentido
suscitados por ela. Atentos a essas ponderações é que propomos, utilizando
os aportes teóricos da análise do discurso delineada por Maingueneau e da
139
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

Linguística Aplicada, discutir questões relacionadas à formação de


professores com vistas ao uso de canções no ensino de línguas, enfocando
suas dimensões verbal, vocal e musical sempre ajustando a mira em direção
às práticas sociais e institucionais, principalmente às relacionadas ao ensino
de língua materna e estrangeira, nas quais o gênero circula.

Palavras-chave: Canção, Letramento, Formação de professores.

RESUMO DOS EXPOSITORES

O GÊNERO CANÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA MATERNA

Maria das Dores Nogueira Mendes


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Não obstante a canção seja um gênero importante na construção da


identidade e da história de nosso país, ainda é pouco utilizada no ensino de
língua materna. Acreditamos que isso se dê em decorrência de fatores
variados. Entretanto, destacamos, para esta discussão, a pouca formação dos
professores a respeito das especificidades desse gênero. Isso resulta, muitas
vezes, em práticas pedagógicas equivocadas nas quais o professor separa as
materialidades da canção descaracterizando-a, quando deveria utilizá-la em
sua integridade, articulando as suas diversas dimensões, sem desconsiderar os
seus contexto de produção e circulação, a fim de fazer com que o aluno
compreenda os efeitos de sentido suscitados por ela. Nessa direção, a fim de
repensarmos o valor dado à canção em aulas de línguas é que propomos tratar
da inserção de elementos de outros gêneros (conteúdo, estrutura
composicional e estilo) na canção. Procuramos observar tal fenômeno, que é
tradicionalmente estudado no quadro da lingüística textual com as
denominações de intertextualidade tipológica(FIX, 1996), de

140
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

intertextualidade inter-gêneros (MARCUSCHI, 2002; 2008), de


intergenericidade (KOCH, 2002; 2004) intertextualidade intergenérica
(BENTES e CAVALCANTE, 2007) e de mescla por intergenericidade
prototípica (LIMA-NETO, 2012; 2014), pela ótica teórica e metodológica da
Análise do discurso delineada por Maingueneau (2001; 2004). Para isso,
focalizamos os conceitos de cena englobante, cena genérica, cenografia,
investimento e posicionamento, exemplificando-os por meio da análise
discursiva de canções. Desse modo, ao centrarmos nossa análise em tais
cenas, terminamos por abordar o fenômeno da colocação de outros gêneros
na canção, analisando as funções de tal enlace que resultam das relações entre
o sujeito criador e a própria obra. Assim, com base em tal aporte teórico,
propomos levar aos professores essa abordagem discursiva do gênero canção,
tentando elaborar propostas metodológicas para tornar mais produtivo o
ensino de língua materna.

Palavras-chave: Ensino, Língua Materna, Canção.

DOS OBJETIVOS DO TRABALHO PEDAGÓGICO COM A CANÇÃO

Nelson Barros da Costa


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Esta comunicação apresenta, através de metodologia introspectiva, uma


reflexão que objetiva fundamentar a prática do letramento literomusical. O
interesse pedagógico pela canção representa uma consciência crescente da
grande importância da produção literomusical na construção da identidade e
da história nacionais. Há, porém, que se conciliar esse tom sério e solene,
consubstanciado nas visões de “patrimônio” e “produto de exportação”, com
seu caráter de objeto de fruição. Daí que, ao usar a canção na escola,
pensamos que o professor deve reconhecer sua integridade enquanto gênero
autônomo. Isso implica considerar a dimensão melódica cancional e todos os
riscos que isso acarreta, um dos quais é a transformação da aula em espaço de
141
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

lazer, mais do que em espaço de aprendizado. Esse reconhecimento deve se


harmonizar com uma consciência clara dos objetivos do trabalho com a
canção na aula: o de proporcionar ao aluno uma educação dos sentidos e da
percepção crítica que proporcione, ao lado do prazer sensorial e estético, um
exercício de leitura multissemiótica voltada para a discriminação de cada
materialidade semiótica do gênero e também para a interação pluridirecional
que relaciona todos os elementos que uma canção pressupõe (autor – cantor –
personagens – melodia - ouvinte genérico - ouvinte individual, etc.).
Preconizamos que o objetivo do letramento literomusical não seja formar
cancionistas, mas ouvintes críticos de canções, capazes de perceber os efeitos
de sentido do texto, da melodia e da conjunção verbo-melódica;
conhecedores do cancioneiro e dos cancionistas, seus posicionamentos,
estilos e discursos; tal como pretende o estudo da literatura. Sugerimos que o
uso da canção observe alguns aspectos concebidos conforme a “perspectiva
midiológica” que, segundo Maingueneau (1995), deve nortear a análise das
práticas discursivas. Na medida em que a canção é vista como um dispositivo
enunciativo, é essencial considerar elementos relativos à produção, circulação
e recepção/registro do gênero.

Palavras-chave: Canção, Sala de aula, Dispositivo enunciativo.

MATERIAIS DIDÁTICOS COM BASE EM CANÇÕES NO ENSINO


DE LÍNGUAS ADICIONAIS

José Peixoto Coelho de Souza


University of Manchester (UoM)

Segundo os Referenciais Curriculares do Rio Grande do Sul (RIO GRANDE


DO SUL, 2009), é papel do professor de línguas atuar como guia, intérprete e
mediador de textos - sejam eles verbais ou multimodais, escritos ou orais - a
fim de estimular a leitura como prática social em sala de aula. Entretanto,
durante sua formação inicial, esses profissionais geralmente não têm a
142
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

oportunidade de desenvolver seus letramentos em outras linguagens que não


a verbal, o que pode dificultar a representação desses papeis, especialmente
no que concerne aos gêneros multimodais, como a canção. Neste contexto,
esta comunicação tem como objetivo apresentar um relato de experiência
com o curso de extensão Materiais Didáticos com base em Canções no
Ensino de Línguais Adicionais, oferecido pelo Instituto de Letras da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul no segundo semestre de 2013, a
fim de demonstrar como o curso fomentou o desenvolvimento do letramento
literomusical dos participantes. O curso foi voltado tanto para professores em
formação inicial quanto continuada e teve como objetivo principal promover
a reflexão sobre e a prática na elaboração de materiais didáticos com base em
canções para o ensino de línguas adicionais levando em conta a sua natureza
multimodal. Nesta comunicação, introduzimos os conceitos de canção como
constelação de gêneros (COELHO DE SOUZA, 2010) e de letramento
musical (COELHO DE SOUZA, 2015) que nortearam o curso, descrevemos
seus objetivos e sua metodologia e, no final, apresentamos uma unidade
didática criada pelos participantes do curso. Com este trabalho, esperamos
contribuir para uma reflexão sobre a importância da criação de cursos que
busquem instrumentalizar os professores com os recursos necessários para
uma melhor compreensão da canção enquanto gênero discursivo e suas
funções sociais para que possam então atuar como agentes de novas práticas
pedagógicas que visem ao letramento literomusical dos educandos.

Palavras-chave: Materiais didáticos, Letramento literomusical, Línguas


adicionais.

143
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

SESSÃO COORDENADA 10

TECNOLOGIAS NA AULA DE LÍNGUAS, MULTILETRAMENTOS E


FORMAÇÃO DOCENTE

COORDENAÇÃO:
Maria del Carmen de la Torre Aranda
Universidade de Brasília (PPGLA/UnB/TECLE)
Tecnologias no ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras (TECLE)

RESUMO DA SESSÃO

Esta sessão coordenada tem por objetivo apresentar, discutir e promover


reflexões sobre diferentes usos de tecnologias digitais em contextos de
educação em línguas e suas implicações na reconstrução e na ressignificação
da própria prática docente. Para tanto, serão apresentados cinco estudos,
desenvolvidos no Ensino Médio e em cursos de Graduação em Letras, tendo
como objeto a aprendizagem de língua materna e de línguas adicionais.
Interação em ambientes online e aprendizagem colaborativa são posturas
pedagógicas que permeiam nossos trabalhos. Os dois primeiros,
desenvolvidos em contexto de formação inicial de futuros profissionais de
língua francesa, tomam sites de redes sociais como espaços online de prática
situada do francês e de autorreflexão sobre o processo de aprendizagem.
Focam especificamente as representações em torno da língua de
aprendizagem por meio da construção de autobiografias, e o design de curso
online para uma prática real da interação oral em francês. O terceiro estudo
apresenta o uso da ferramenta chat do Facebook em aula instrumental de
inglês, discutindo a aprendizagem de estratégias de leitura e compreensão de
textos em inglês e a mediação da professora nesse ambiente online. Por fim,
trazemos dois estudos realizados em turmas de espanhol e de português do
Ensino Médio que têm como objetivos comuns a colaboração entre
estudantes na construção de conhecimento e a formação de indivíduos
144
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

crítico-reflexivos. Buscam, especificamente, o desenvolvimento da


autonomia sobre suas ações de aprendizagem em sites de redes sociais, e o
desenvolvimento da argumentação por meio do Whatsapp. Esperamos, com
esta sessão coordenada, contribuir para o debate sobre os processos de ensino
e aprendizagem de línguas mediados por tecnologias – o que se impõe como
prática urgente nos contextos escolar e universitário de educação em línguas,
bem como sobre a formação de professores na contemporaneidade.

Palavras-chave: Tecnologias, Interação, Multiletramentos.

RESUMO DOS EXPOSITORES

AUTOBIOGRAFIAS ONLINE: REPRESENTAÇÕES MULTIMODAIS


DE SI EM LÍNGUA ADICIONAL

Maria del Carmen de la Torre Aranda


Universidade de Brasília (UnB)
Tecnologias no ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras (TECLE)

Nesta comunicação apresento o projeto Autobiographies en ligne


desenvolvido em disciplinas iniciais de língua francesa de Graduação em
Letras, e cujos objetivos específicos são convidar os estudantes a refletir
sobre, interagir e (re)construir suas histórias de vida, práticas e
representações relacionadas à aprendizagem do francês como língua
adicional. O estudo, de caráter etnográfico, desenvolve-se em comunidades
de prática no Facebook, onde os estudantes publicam e interagem por textos
multimodais, explorando as relações entre suas práticas de letramento dentro
e fora do ambiente acadêmico, entre a eleição do francês como língua
adicional e suas futuras profissões. A escolha da autobiografia leva em conta
dois aspectos que possibilitam uma abordagem por multiletramentos. Por um
lado, a familiaridade dos estudantes com esse gênero de discurso, presente
em suas práticas cotidianas de letramento online, sobretudo nas redes sociais

145
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

(Barton; Lee, 2015), faz acreditar que a autobiografia seja um espaço


relativamente confortável e ao mesmo tempo desafiador para a expressão e a
criação de sentidos na língua alvo. Por outro, o fato de tratar-se também de
um método de pesquisa que revela escolhas e representações dos estudantes
sobre seus processos de aprendizagem pode fornecer informações
importantes para o redesenho da prática didática com foco na formação de
professores de línguas (liberali; magalhães; romero, 2003). Como lidam os
estudantes com a multimodalidade para criar sentidos para os outros e para si
próprios? Os relatos de si mudaram sua representação inicial da língua de
aprendizagem? Analisaremos as produções autobiográficas dos estudantes
com base nas propostas de Gee (2000), de Cope e Kalantzis (2000; 2009),
assim como de Rojo (2013) e de Rojo e Barbosa (2015), segundo as quais a
abordagem por multi (ou hiper)letramentos leva a representações críticas de
si e do mundo, transformando não só a prática de aprendizagem mas também
as identidades.

Palavras-chave: Autobiografia, Interação online, Múltiplos letramentos.

INTERAÇÃO ORAL EM LÍNGUA FRANCESA EM AMBIENTES


ONLINE

Cristiane de Castro Alencar


Universidade de Brasília (UnB)
Tecnologias no ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras (TECLE)

Nesta comunicação apresento uma proposta de curso online para a prática da


interação oral entre estudantes de francês de Graduação em Letras, motivada
pela necessidade de suprir lacunas observadas em minha prática docente com
respeito a oportunidades reais de interação oral no contexto de formação
inicial desses futuros profissionais da língua. Os avanços tecnológicos que
conduziram à cultura digital atual multiplicaram os espaços, os tempos, as
formas de interação e de produção do saber. Lévy (1999) entende a
apropriação e a utilização do ciberespaço como prática de comunicação
interativa, recíproca, comunitária e intercomunitária. Kenski (2013) aponta
146
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

que as possibilidades de convergência digital se ampliaram para a integração,


o acesso e o uso das mais diferenciadas mídias no mesmo espaço virtual, o
ciberespaço. Ampliam-se as formas de interação, os processos educacionais
caminham para a colaboração, a aprendizagem em rede por comunidades de
práticas. A partir desse entendimento do atual contexto social, este estudo
fundamenta-se em uma concepção de língua enquanto prática social situada
na interação verbal, conforme postulado por Bakhtin e Volochínov e, em
consonância com uma perspectiva sociocultural com base em Vigotski,
propõe promover o aprimoramento da oralidade em língua francesa em
ambiente online mediante o trabalho colaborativo. Trata-se de um recorte de
pesquisa de mestrado, em fase inicial, em que se adotou a metodologia da
pesquisa-ação por seu caráter eminentemente interativo, e por favorecer uma
análise qualitativa da ação entre os sujeitos que dela participam (Franco,
2005). De acordo com as ideias postas, exponho nesta comunicação a
primeira etapa de desenvolvimento do curso, propondo discutir, com base nos
resultados obtidos até então, questões relativas a seu design, tais a concepção,
a escolha dos recursos tecnológicos, textuais, e ao processo de apropriação do
ambiente pelos estudantes enquanto espaço de produção e interação em
língua adicional.

Palavras-chave: Interação oral, Ambiente online, Aprendizagem


colaborativa.

O USO DO CHAT DO FACEBOOK COMO FERRAMENTA DE


APRENDIZAGEM E PRÁTICA DE ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE
TEXTOS EM LÍNGUA INGLESA

Juliana Castelo Branco Paz da Silva


Universidade Federal do Piauí (UFPI)
Tecnologias no ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras (TECLE)

Neste estudo apresentarei um curso em modalidade híbrida que alterna aulas


realizadas em ambiente presencial e em ambiente on-line para 24 alunos
oriundos de diversos cursos de graduação, matriculados em disciplina de
inglês instrumental na Universidade Federal do Piauí-UFPI. O curso é
147
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

semipresencial, tem carga horária total de 60 horas, sendo 48 horas


presenciais e 12 online e tem como objetivo permitir que os alunos conheçam
e utilizem estratégias que facilitem a leitura de textos acadêmicos em língua
inglesa relacionados às suas áreas de atuação. No curso, os alunos interagem
visando uma aprendizagem colaborativa mediada pela professora da
disciplina e um monitor. Para essa pesquisa envolvendo a aprendizagem
colaborativa e a mediação, tomei como base teórica os trabalhos de Braga
(2013), Warschauer (1997; 2000), Masetto (2013), Kenski (2013) e Barton e
Lee (2015). Adotei a metodologia de estudo de caso (DÖRNIEY, 2007) e
suas etapas de realização, pretendendo responder de que modo o uso de
tecnologias digitais pode contribuir para o ensino e a prática das estratégias
que possibilitem a leitura de textos em inglês por alunos com pouco
conhecimento no idioma. Um grupo fechado no Facebook e chats em língua
portuguesa foram os meios utilizados para a interação entre os participantes.
De acordo com a metodologia do estudo de caso, apresento nessa sessão
coordenada os resultados do trabalho, buscando refletir sobre a eficácia do
Facebook como ferramenta pedagógica para o ensino e a aprendizagem de
estratégias de leitura visando a compreensão de textos em inglês em uma
disciplina de um curso de graduação.

Palavras-chave: Estratégias de leitura, Mediação, Facebook.

A IMPORTÂNCIA DA AUTONOMIA NO ENSINO DE LÍNGUAS


MEDIADO POR TECNOLOGIAS

Elenice Delfino Borges Costa


Universidade de Brasília (UnB)
Tecnologias no ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras (TECLE)

Neste estudo busco entender de que forma as práticas online podem


contribuir para o ensino e a aprendizagem de línguas ao possibilitar ao aluno
autonomia para que ele busque seu conhecimento com liberdade de ação e
exerça agência sobre sua própria experiência educacional. Sabemos que o
contexto atual é de um professor que, apesar de já estar integrado às redes
sociais, nem sempre consegue inovar sua prática pedagógica usando as
148
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

tecnologias. Momento em que perde sentido a ideia de “bagagem


intelectual”, como se o conhecimento fosse mensurado. Tempo em que
vivemos uma dicotomia: de um lado, a impotência do professor, já que os
alunos são bombardeados de informações e ele agora já não é o detentor do
saber e, do outro, um aluno que já não consegue aprender nos moldes
tradicionais. Com esse trabalho pretendo criar espaços para que os alunos
possam, de forma autônoma, buscar o conhecimento pela interação, pela
aprendizagem colaborativa, explorando algumas ferramentas dentre as
múltiplas disponíveis na internet. Alunos de Espanhol do Ensino Médio terão
aulas de línguas usando ferramentas como Hangouts, Facebook, Flickr,
Youtube, entre outras. Vão também interagir com alunos de outras escolas, ou
até mesmo de outro país. Pretendo incentivar a autonomia, a participação
ativa e consciente do aluno atuando, enquanto professora, como mediadora
desse processo de aprendizagem. Para a base teórica me apoiarei nos
trabalhos de Menezes (2010), Lévy (2010), Barton e Lee (2015); Braga
(2013), Kenski (2013) e Leffa (2016). Adotarei a metodologia da pesquisa-
ação, um tipo de pesquisa engajada que se propõe a diminuir as distâncias
entre a teoria e a prática, em que os participantes envolvidos na questão
problema se interagem de modo cooperativo e participativo.

Palavras-chave: Ensino de línguas, Autonomia, Tecnologias digitais.

INTERAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO ONLINE: UMA PROPOSTA


DIDÁTICA COM O USO DO APLICATIVO WHATSAPP

Erikson de Carvalho Martins


Instituto Federal da Bahia (IFBA)
Universidade de Brasília (UnB)
Tecnologias no ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras (TECLE)

As novas tecnologias digitais possibilitam o contato com novos espaços de


leitura e escrita que podem ser utilizados nas diversas práticas educacionais.
Nos espaços midiáticos, encontramos uma quantidade ilimitada de textos
escritos, imagens, sons e animações que se relacionam continuamente de
modo interativo, originando hipertextos, que proporcionam o acesso
149
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

simultâneo a múltiplas semioses por meio dos hiperlinks (XAVIER, 2005).


Nas redes sociais e em outros espaços digitais, destaca-se a cooperação, a
interação, a troca de conhecimentos e o desenvolvimento da argumentação,
aspectos imprescindíveis para a formação de indivíduos crítico-reflexivos. A
argumentação é uma atividade necessária no cotidiano da sociedade,
constituindo “um ato linguístico fundamental” (KOCH, 2013, p. 19). Em
diversas situações, exigem-se dos indivíduos posicionamentos, defesa de
pontos de vistas e seleção de argumentos a fim de persuadir seus
interlocutores. Por essa razão, o trabalho com a argumentação também se faz
necessário nos contextos educacionais digitais, a fim de possibilitar aos
estudantes momentos em que possam desenvolver e aprimorar essa
competência. Partindo desses pressupostos, o presente trabalho, fruto da
pesquisa em andamento do Doutorado em Educação da Universidade de
Brasília, apresenta uma proposta didática com o uso do aplicativo Whatsapp
para estudantes do Ensino Médio, com o objetivo de promover a interação e o
desenvolvimento da argumentação. Criado em 2009, o aplicativo
multiplataforma Whatsapp expandiu-se de forma significativa, conectando
milhões de pessoas e permitindo além do envio de mensagens escritas, o
compartilhamento de vídeos, áudios, imagens e arquivos de forma isolada ou
em grupo de participantes com interesses em comum. Acreditamos que o
contato com novas práticas de leitura e escrita nesse aplicativo podem
contribuir para o desenvolvimento de bons leitores e produtores de textos,
capazes de utilizar as múltiplas linguagens para a tomada de posicionamentos
e defesa de argumentos.

Palavras-chave: Argumentação, Proposta pedagógica, Whatsapp.

150
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

SESSÃO COORDENADA 11
COORDENAÇÃO:
Dorotea Frank Kersch
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
Grupo ou projeto de pesquisa: Letramentos para e na escola: usos, práticas, e
formação de professores

RESUMO DA SESSÃO

LINGUAGEM E TECNOLOGIAS NA E PARA A ESCOLA:


DESAFIOS E POSSIBILIDADES,

Atuamos, durante quatro anos, como pesquisadora associada, em projeto


apoiado pelo programa Observatório da Educação da Capes, que previa a
formação continuada de professores de uma rede de ensino municipal de uma
cidade da região metropolitana de Porto Alegre. Esse trabalho nos mostrou a
necessidade de desenvolver o protagonismo do professor em projetos
colaborativos, que resultou na proposta da metodologia de trabalho Projeto
Didático de Gênero – PDG (KERSCH; GUIMARÃES, 2012; GUIMARÃES;
KERSCH, 2012, 2014, 2015). Essa aproximação com os professores nos
mostrou o quão tímidas eram as iniciativas que envolviam o uso de
tecnologias quando propunham seus PDGs. Isso nos levou a pensar também
na formação inicial do professor, propondo uma disciplina para alunos do
curso de Letras, estendida aos professores em ação, em forma de curso de
extensão. Compreendendo a aprendizagem como eminentemente social, e a
linguagem, interação, o objetivo desta seção coordenada é discutir trabalhos
que usam a metodologia do PDG, em especial com gêneros digitais,
desenvolvidos em colaboração com professores de formação inicial ou
continuada, em que se constituíram, ou não, comunidades de prática
(WENGER, 2001). Os trabalhos aqui discutidos mostram que, para que o
professor leve seu aluno a ler e escrever textos que explorem recursos
multimodais ou que se utilizem de tecnologias, é preciso que ele passe pela
151
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

experiência de ler e produzir gêneros que utilizam esses recursos. Ao


constituir comunidades de prática, em que se parte do que o aprendiz já sabe,
haverá transformação da sala de aula, em que novas identidades serão
construídas.

Palavras-chave: Multiletramentos, Formação de professores, Comunidades


de prática.

RESUMO DOS EXPOSITORES


ENTRE CONTOS AFRO E FANFICS: UMA EXPERIÊNCIA
TECNOLÓGICA E IDENTITÁRIA NA FORMAÇÃO INICIAL DE
PROFESSORES

Ana Patrícia Sá Martins


Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)

Lílian Latties
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)

A contemporaneidade trouxe outras formas de interação, sobretudo na esfera


digital, com o crescente desenvolvimento tecnológico e avanço das mídias
digitais, ocasionando, assim, outras formas de utilização da linguagem. Está
imbuído nesse contexto direta ou indiretamente todo indivíduo das áreas
urbanas (ou até fora dela), por isso, é importante uma problematização por
parte das instituições de ensino, para oportunizar multiletramentos nas
maneiras de (re) agir diante do (novo) texto, com criticidade e autonomia.
Nesse sentido, nesta apresentação objetivamos compartilhar experiências e
obstáculos vivenciados na aplicação da metodologia do PDG (Guimarães;
Kersch, 2012, 2014), a partir do gênero digital fanfics. A proposta se deu na
disciplina Literatura Africana Lusófona, em formato semipresencial, com a
utilização da plataforma moodle, no curso de graduação de
Letras/Licenciatura, numa universidade pública na região sul do Maranhão.
Tivemos como leitura extensiva os contos africanos de Mia Couto no livro

152
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

Cada homem é uma raça e a produção colaborativa dos acadêmicos de contos


afro no ambiente google docs, para posteriormente, serem elaboradas e
construídas as fanfics na plataforma digital spirit. Na disciplina oferecida,
buscamos construir uma aprendizagem em que os alunos pudessem se
envolver com o processo de ensino, de modo colaborativo, comprometendo-
se com sua aprendizagem e caracterizando, portanto, uma comunidade de
prática, nos termos de Wenger (2001). Para fundamentar nosso trabalho, nos
valemos também das contribuições de autores que discutem a inter-relação
linguagem e tecnologia, tais como: Aguiar (2011), Bakhtin (2011), Coscarelli
(2011), Coscarelli e Cafieiro (2013), Kleiman (1995), Rojo (2009), além de
pesquisadores que abordam a questão identitária em práticas sociais, como
Hall (1980, 1997), Street (2014), Zavala (2004) entre outros. Os resultados
revelaram que é possível inserirmos o gênero fanfics como mais uma
possiblidade de letramento acadêmico, favorecendo a implantação de novos
letramentos e a interação entre sujeito, leitura e escrita em ambientes virtuais.

Palavras-chave: Literatura Africana, Multiletramentos, Fanfics.

OS LETRAMENTOS E A CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS


DENTRO DE UMA COMUNIDADE DE PRÁTICA POSSIBILITADA
POR UM PROJETO DIDÁTICO DE GÊNERO

Joseane Matias
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos)

Propor a escrita de textos na escola é uma tarefa desafiadora ao professor,


pois é necessário levar os alunos a pensarem a escrita de forma significativa
na sociedade em que estão inseridos, considerando as multimodalidades dos
gêneros textuais, assim como o engajamento dos indivíduos em diferentes
comunidades de prática. Esse desafio fica ainda maior quando envolve o uso
da tecnologia. Afinal, não se pode excluí-la da sala de aula. O gênero roteiro
de documentário é uma possibilidade de promover a produção de textos
aliada ao uso da tecnologia. Assim, este trabalho tem como foco investigar
quais letramentos podem ser desenvolvidos com alunos de nono ano do
153
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

ensino fundamental, quando estes se tornam membros de uma comunidade de


prática possibilitada por um Projeto Didático de Gênero, cuja proposta foi
produzir dois gêneros multimodais que se entrelaçam: o documentário e seu
roteiro. Como base teórica, o estudo apresenta a concepção social de
aprendizagem, o conceito de comunidades de prática a partir de Wenger
(2001), os estudos de letramentos, de acordo com Street (2008/2012), Barton
& Lee (2015), Kleiman (1995/2007/2014), bem como o Projeto Didático de
Gênero enquanto dispositivo de ensino (Guimarães; Kersch, 2014; 2015), que
tem como pano de fundo o Interacionismo Sociodiscursivo de Bronckart
(2009). Os resultados reforçam a importância do papel do professor de
Língua Materna como mediador do desenvolvimento dos letramentos, por
meio da interação, inclusive em meios digitais, em uma perspectiva social.
Por meio da análise das produções realizadas ao longo do projeto, é possível
perceber a evolução dos alunos no que se refere ao conhecimento do gênero e
aos diferentes letramentos. Os avanços que se observaram não foram
conquistados individualmente, mas de forma coletiva. Por isso, pode-se dizer
que esses estudantes constituíram uma comunidade de prática, vital para a
construção dos conhecimentos que estiveram em jogo.

Palavras-chave: Letramentos, Comunidades de prática, Ensino.

MULTILETRAMENTOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES –


EXPERIÊNCIA COM PDGs ENVOLVENDO GÊNEROS
MULTIMODAIS

Dorotea Frank Kersch


Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)

Renata Garcia Marques


Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)

Leitura e escrita, hoje, requerem habilidades cada vez mais complexas. As


práticas sociais contemporâneas exigem que, mais que ler textos verbais,
sejamos capazes de compreender o papel que imagens, sons e outros recursos
154
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

desempenham na construção do sentido gêneros de texto variados. A


aprendizagem é uma experiência de identidade, porque transforma quem
somos e o que podemos fazer (WENGER, 2001). Nesse sentido, crendo que é
papel da universidade fazer os alunos viverem a experiência de usar a
tecnologia para produzir conteúdo (e não apenas para lazer), oferecemos, de
modo semipresencial, uma disciplina de leitura e escrita de gêneros
multimodais que circulam em esfera digital para alunos de um curso de
Letras de uma universidade privada do sul do Brasil. Nosso objetivo nesta
apresentação é discutir como esses professores em formação inicial se
engajam em atividades catalisadas por gêneros multimodais que circulam na
esfera digital e como (re) constroem sua(s) identidade(s) a partir desse
engajamento. Compreendendo leitura e escrita como práticas sociais
(BARTON; HAMILTON, 1998; STREET, 1984; 2007), e partindo de uma
concepção social de aprendizagem (WENGER, 2001), a qual acontece no
âmbito das práticas sociais, os participantes da pesquisa foram instados a
testar diferentes ferramentas digitais que poderiam ser usadas nos projetos
didáticos de gênero que iriam conceber e, posteriormente, refletir sobre a
experiência. Os resultados mostram que, ainda que a maioria dos
participantes da pesquisa tenham grande familiaridade com a tecnologia, ela
se reduz a atividades de lazer e à navegação em redes sociais. Nesse sentido,
para que os professores incorporem o trabalho com a multimodalidade e o
uso de tecnologia em suas aulas, eles precisam passar pela experiência de
usar a tecnologia para produzir conteúdos, e é papel da universidade, nos
cursos de Letras, promover essa experiência, por meio do desenvolvimento
dos letramentos múltiplos e críticos (ROJO, 2009).

Palavras-chave: Projeto didático de gênero, Multimodalidade, Leitura e


escrita.

155
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

SESSÃO COORDENADA 12
TECNOLOGIAS NA FORMAÇÃO DE LEITORES EM LÍNGUA
PORTUGUESA

COORDENAÇÃO:
Ana Virgínia Lima da Silva Rocha
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Teorias da Linguagem e Ensino (Nome do projeto)

RESUMO DA SESSÃO
Tecnologia, objetos de ensino e formação docente são os pilares básicos que
norteiam a discussão a que se propõem os trabalhos desenvolvidos na
presente sessão coordenada. Os resultados das investigações, à luz da
Linguística Aplicada, utilizam uma metodologia, de caráter exploratório, com
abordagens descritivo-interpretativa para tratar os dados e elucidar os
fenômenos que constituem os objetos específicos das pesquisas
empreendidas, oriundas do grupo Teorias da Linguagem e Ensino (UFCG). A
produção de conhecimento se baseia em autores como Yates e Orlikowski
(2007), Barton e Lee (2015); Araújo e Leffa (2016), Rojo (2015, 2013) e
Coscarelli (2016), dentre outros, para contemplar os interesses específicos
dos trabalhos desenvolvidos pelos autores da presente sessão. Em
“Apresentações em PowerPoints® Educativos na Formação Docente:
Práticas de leitura e de oralidade”, objetivou-se investigar as práticas de
leitura e de oralidade construídas por graduandos ante a apresentação em
Power Points Educativos (APPE), evidenciando-se a importância do domínio
de referidas práticas como educadores. Em “Usos da tecnologia em aulas de
Língua Portuguesa de professores em formação”, o objetivo da investigação
foi descrever os usos das TICs feitos por professores em formação em aulas
de Língua Portuguesa nos anos finais do Ensino Fundamental. Por fim, em
“Uso de redes sociais: links para a formação de leitores proficientes”,
objetivou-se identificar práticas de leitura utilizadas em postagens de textos e
comentários divulgados em redes sociais. A reflexão de tais procedimentos
156
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

contribui para a sistematização de atividades que contribuem na formação de


leitores proficientes. Numa perspectiva de continuum, a sessão reflete dois
momentos em que a leitura é tomada como objeto: na formação inicial e final
do graduando e como instrumentalização do ensino.

Palavras-chave: Tecnologia, Leitura, Formação docente.

RESUMO DOS EXPOSITORES


APRESENTAÇÕES EM POWER POINTS® EDUCATIVOS NA
FORMAÇÃO DOCENTE: PRÁTICAS DE LEITURA E DE
ORALIDADE

Ana Virgínia Lima da Silva Rocha


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Este trabalho investiga as práticas de leitura e de oralidade que se constroem


ao serem utilizadas Apresentações em PowerPoints Educativos (APPE) em
exposições orais acadêmicas de estudantes de Licenciatura em Letras.
Pretendemos evidenciar a importância desses estudantes dominarem as
referidas práticas, relacionadas a novas tecnologias, uma vez que eles devem
atuar como leitores dos próprios textos multimodais no momento das
exposições orais; e também como expositores de temas que devem
fundamentar conhecimentos. O estudo é de natureza descritivo-
interpretativista e tem como corpus: a) Apresentações em PowerPoints
Educativos, utilizadas durante exposições orais; b) exposições orais
transcritas conforme normas específicas. As APPE, situadas no continuum
entre oralidade e escrita constituem, ao mesmo tempo, um gênero textual
(YATES e ORLIKOWSKI, 2007) e uma ferramenta para a produção de outro
gênero do qual faz parte: a exposição oral (DOLZ et al., 2004 [1998]; BRAIT
e ROJO, 2002). Além disso, o uso dessa tecnologia requer novos movimentos
de leitura e domínio de letramentos digitais (COSCARELLI e NOVAIS,
2010; COSCARELLI, 2016). Assim, observamos a organização retórica das
APPE (VIEIRA, 2007), de modo a possibilitar a análise das estratégias

157
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

mobilizadas no processo de retextualização desse gênero em exposições orais


acadêmicas, fundamentados em Marcuschi (2001) e em Marcuschi e Dionisio
(2007). Os resultados apontam a recorrência de elementos verbais copiados
ou parafraseados de textos que serviram de base à exposição; bem como de
elementos visuais (imagens) utilizados para exemplificar o conteúdo
discutido. Entretanto, ao analisarmos o processo de retextualização,
constatamos dificuldades quanto às práticas de letramento relacionadas ao
uso das APPE durante as exposições orais e à integração entre elementos
visuais e textos verbais, o que indica a necessidade de um ensino-
aprendizagem que propicie o domínio dessa tecnologia por parte dos
docentes em formação.

Palavras-chave: Leitura, Oralidade, Novas tecnologias.

USOS DA TECNOLOGIA EM AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA


DE PROFESSORES EM FORMAÇÃO

Bruno Alves Pereira


Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)

Os avanços tecnológicos ocorridos nas últimas décadas, como, por exemplo,


o advento da Internet 2.0, têm demandado de diversos aspectos envolvidos
com a educação básica – de professores a instituições formadoras desses
profissionais, em suas infraestruturas – novas posturas e práticas mais
convenientes e colaborativas às demandas pedagógicas. Considerando esse
contexto, são também necessárias investigações científicas sobre o que tem
sido feito nessas instituições para favorecer a utilização das tecnologias da
informação e comunicação (TICs) pelos professores em atuação na educação
básica. De modo a contribuir para o desenvolvimento dessas investigações,
esta comunicação tem como objetivo descrever os usos das TICs feitos por
professores em formação em aulas de Língua Portuguesa nos anos finais do
Ensino Fundamental. A investigação, de natureza descritivo-interpretativa,
focaliza dois conjuntos de dados: a) as anotações de diário de campo feitas na
condição de professor ministrante do componente curricular “Estágio
Supervisionado II” da Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa de uma
158
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

universidade pública paraibana e b) seis relatórios produzidos ao longo do


ano de 2015 por professores em formação matriculados no referido
componente curricular. A análise aponta que as TICs têm sido utilizadas com
uma relativa frequência nas aulas de Língua Portuguesa, principalmente, em
práticas de leitura/escuta. No entanto, o potencial delas ainda tem sido pouco
explorado nas intervenções observadas nas quais, geralmente, há pouca ou
nenhuma reflexão cujo foco principal seja o papel da tecnologia no mundo
atual. A partir dos resultados obtidos, discutimos possíveis caminhos a serem
seguidos na formação de professores que possibilitem a integração das TICs
nas aulas da educação básica na perspectiva dos multiletramentos (ROJO,
2015, 2013; COSCARELLI, 2016).

Palavras-chave: TICs, Professores em formação, Aula de português

USO DE REDES SOCIAIS: LINKS PARA A FORMAÇÃO DE


LEITORES PROFICIENTES

Williany Miranda da Silva


Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Ler na atualidade exige níveis de letramento com valores simbólicos mais


prestigiosos que outros, tais como as práticas letradas desenvolvidas na esfera
jornalística e digital, por trazer à tona a circulação de textos ligados à
visualização da informação (RIBEIRO, 2016). O presente trabalho reivindica
o lugar pedagógico de postagens em redes socais para formar leitores
proficientes visando o ensino de estratégias de leitura utilizadas em redes
sociais como o facebook. No âmbito desse trabalho, defendemos a
identificação de práticas de leitura, no intuito de sistematizar para a sala de
aula aquilo que funciona, de forma espontânea e superficial, fora dela. A
questão-problema central foca o seguinte aspecto: Quais práticas de leitura
subjazem aos textos divulgados em redes sociais e de que forma a
identificação de estratégias contribuem para a formação de leitores
proficientes? A metodologia desenvolvida foi de base descritivo-
interpretativista, de caráter exploratório, influenciada pela abordagem da
159
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

Linguística Aplicada. Para tanto, observamos a repercussão do tema


“racismo”, recortando como objeto de pesquisa a matéria jornalística
divulgada em canal de TV e posteriormente postada e divulgada, e os
comentários advindos das postagens publicadas. Teoricamente, a partir de
reflexões sobre a linguagem on line e teorias de leitura, autores como
Coracini (2005), Kleiman (2009), Abreu (2014), Leurquin e Carneiro (2014),
Barton e Lee (2015), Araújo e Leffa (2016), e Coscarelli (2016), dentre
outros, possibilitaram diferentes estratégias de leitura nas práticas realizadas.
Na postagem, constataram-se estratégias direcionadas ao tema ao evidenciar
a polêmica numa data comemorativa. Nos comentários, evidenciou-se uma
estabilização de sentidos focado no leitor. O comportamento divergente para
a produção de sentido sinaliza uma contínua tensão no tratamento dado aos
textos e à leitura, destacando a necessidade de ações de planejamento de
ensino, considerando a relação entre textos e suportes midiáticos para a
formação de leitores em sintonia com novas práticas.

Palavras-chave: Leitura, Redes sociais, Leitores proficientes.

160
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

SESSÃO COORDENADA 13

LINGUAGEM E TECNOLOGIAS: CONECTANDO REDES EM UM


AGIR DOCENTE E CIENTÍFICO TRANSDISCIPLINAR

COORDENAÇÃO:
Lucineudo Machado Irineu
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
(UNILAB)
Grupo de pesquisa: HIPERGED: Hipertexto e gêneros digitais.

RESUMO DA SESSÃO

Unificar três perspectivas de uma mesma linha é o principal objetivo desta


sessão coordenada. Para dar conta deste objetivo, pesquisadores de
instituições distintas (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia
Afro-Brasileira, no Ceará, e Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Sertão Pernambucano, em Pernambuco) visam debater as
interfaces entre linguagem e tecnologias por meio de um diálogo integrador a
partir do qual se costuram fios discursivos cujo escopo é a construção
transdisciplinar do tema “prática de linguagem em tela”. Nesta sessão, assim,
o primeiro trabalho aprofundará o conceito de epistemologias, visando
analisar a relação entre os fundamentos teóricos adotados e os procedimentos
metodológicos em dissertações defendidas no PPGL/UFC e no
POSLA/UECE sobre o tema linguagem e tecnologias. Já o segundo estudo,
cujo locus é o ambiente técnico e tecnológico, debaterá as potencialidades de
se utilizar dos Recursos Educacionais Abertos (REA’s) para ampliar as
práticas de letramentos em espanhol como língua estrangeira e voltados a
produzir impactos na formação de futuros profissionais das áreas de
Agropecuária, Edificações e Informática dos cursos de ensino médio
integrado no Sertão Pernambucano. Por fim, será analisado, no terceiro
trabalho, o ehtos de si de profissionais em formação na Universidade Aberta

161
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

do Brasil, em parceria com o Instituto UFC Virtual, através de narrativas, de


modo a identificar as possíveis autoconstruções emergentes do processo
autorreflexivo que impacta na relação que esses alunos constroem com o
aprendizado. A proposição desta sessão nos permite reafirmar o pensamento
de Bourdieu (2007) quanto ao fazer científico: a construção de objetos em
pesquisa científica é um exercício que se realiza através de uma série de
correções e emendas de natureza constitutivamente transdisciplinar e que o
estabelecimento de interfaces teórico-metodológicas é um procedimento
característico do fazer científico entre pesquisadores que se debruçam, em
suas investigações, sobre o tema linguagens e tecnologia.

Palavras-chave: Epistemologia, Letramentos, Narrativas de si.

RESUMO DOS EXPOSITORES


AS EPISTEMOLOGIAS EM ESTUDOS SOBRE LINGUAGEM E
TECNOLOGIA EM DISSERTAÇÕES DO PPGL/UFC E DO
POSLA/UECE: UM ESTUDO SOBRE INTERFACES TEÓRICO-
METODOLÓGICAS

Lucineudo Machado Irineu


Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
(UNILAB)

O presente trabalho objetiva analisar o modus operandi através do qual


pesquisadores da UFC e da UECE estabelecem, epistemologicamente,
interfaces teórico-metodológicas em dissertações sobre linguagem e
tecnologia. De modo específico, objetiva inventariar as subáreas do
conhecimento mobilizadas para o estabelecimento das interfaces em
trabalhos de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Linguística da
UFC (PPGL/UFC) e do Programa de Pós-Graduação em Linguística
Aplicada da UECE (POSLA/UECE), bem como analisar a relação entre os
fundamentos teóricos adotados e os procedimentos metodológicos no corpus
analisado. Para dar conta deste objetivo, partimos dos apontamentos teóricos

162
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

de Borges Neto (2004), Bourdieu (2007), Kuhn (2009) e Morin (2005),


dentre outros, para quem o desenvolvimento da ciência não se efetua por
acumulação dos conhecimentos, mas por transformação dos princípios que
organizam a produção destes conhecimentos. Em termos de
operacionalização metodológica, em um primeiro momento, procedemos à
leitura dos capítulos teórico e metodológico das dissertações e das teses
coletadas a fim de identificar as áreas relacionadas aos temas geradores
linguagem e tecnologia (tais como: Antropologia, Estudos Culturais,
Sociologia, História etc.) e, em um segundo momento descrevemos os
caminhos conceituais e operacionais traçados pelos pesquisadores ao
colocarem em diálogo um discurso científico que se propõe a integrar os
capítulos teórico e metodológico das dissertações analisadas. As análises
executadas evidenciam, como destaca Bourdieu (2007), que a construção de
objetos em pesquisa científica é um exercício que se realiza através de uma
série de correções e emendas de natureza constitutivamente transdisciplinar e
que o estabelecimento de interfaces teórico-metodológicas é um
procedimento característico do fazer científico entre pesquisadores que se
debruçam, em suas investigações, sobre o tema linguagens e tecnologia.

Palavras-chave: Epistemologia, Interfaces, Tecnologia.

LETRAR EM LÍNGUA ESTRANGEIRA: DESAFIOS NO ENSINO


TÉCNICO TECNOLÓGICO

Kélvya Freitas Abreu


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano
(IF-Sertão/PE)

O presente estudo objetiva refletir sobre os conceitos de letramento(s), em


especial letramentos múltiplos e críticos, voltados a produzir impactos na
formação de futuros profissionais das áreas de agropecuária, edificações e
informática dos cursos de ensino médio integrado no Sertão Pernambucano,
aliados ao ensino de espanhol como língua estrangeira (ELE). Para este
trabalho destaca-se e reforça-se que as experiências em formar cidadãos
163
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

autônomos, críticos, produtores e consumidores de linguagem por meio de


práticas de leitura e escrita em ELE, associados a sua educação profissional,
tornam-se um desafio constante aos docentes da rede técnica e tecnológica do
país, uma vez que exige-se formação e capacitação continuada a públicos
com demandas específicas. Desta forma, comungar esses aspectos ao uso de
novas tecnologias educacionais, torna-se um caminho viável para o processo
de ensino e aprendizagem. Assim, parte-se da noção de Recursos
Educacionais Abertos (OLIVEIRA, 2015) para a construção e confecção de
espaços de construção de linguagem em ELE. Portanto, vale destacar que
fora tomado por base teórica para este estudo a perspectiva do letramento em
sua vertente crítica e sociocultural (BARTON, HAMILTON, IVANIC, 2005;
CASSANY, 2006; ROJO, 2009; SOARES, 2005; STREET, 2014); pautando-
se ainda nos últimos direcionamentos propostos por documentos
governamentais, tais como as Orientações Curriculares para o Ensino Médio
(BRASIL, 2006), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Básica (BRASIL, 2013), e a Resolução nº06 do CNE (BRASIL, 2012). As
discussões ora propostas são frutos dos projetos desenvolvidos e debates
travados no Grupo de Estudos e Pesquisas em Práticas Educacionais
Tecnológicas – GEPET do IF Sertão Pernambucano/Campus Salgueiro.

Palavras-chave: Espanhol como LE, Letramento (s), Educação Profissional.

O ETHOS EM NARRATIVAS DE SI DE DISCENTES DA EDUCAÇÃO


À DISTÂNCIA: O IMPACTO DA IMAGEM DE SI NA
APRENDIZAGEM

Maria Leidiane Tavares


Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
(UNILAB)

O presente trabalho tem por objetivo investigar a constituição do ethos


discursivo nas narrativas de si de discentes do curso de Letras-Língua
Portuguesa do convênio Universidade Aberta do Brasil – UFC Virtual, de
modo a identificarmos as possíveis autoconstruções emergentes do processo
164
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

autorreflexivo que impactam na relação que esses alunos constroem com o


aprendizado. Apoiamo-nos em um construto teórico-metodológico que
emerge da confluência de três procedimentos de narrativas autobiográficas,
quais sejam: o desafio de adequação à atual conjuntura educacional na
entrevista clínica (MAIA-VASCONCELOS, 2005), a ressignificação da
imagem de si no récit de vie dos discentes (BOLÍVAR, DOMINGO e
FERNÁNDEZ, 2001; DOMINICÉ, 2007; PASSEGGI, 2011b) e a
autorreflexividade narrativa (BERTAUX, 2010; BRUNER, 2006; JOSSO,
2009; LEJEUNE, 2014; MAIA-VASCONCELOS, 2003). O corpus da
pesquisa é composto de 10 narrativas de si de alunos do quarto semestre da
licenciatura em Letras-Língua Portuguesa do pólo de Itapipoca, coletadas
entre agosto e novembro de 2015, a propósito de atividade textual realizada
como requisito parcial para a aprovação na disciplina de Texto e Discurso, o
memorial de formação da disciplina, que versou sobre o processo de estudo e
apropriação das teorias e da autoimagem de quem se vê refletindo sobre tais
categorias. Observamos que a questão da aprendizagem à distância que
caracteriza o artefato tecnológico do ensino à distância tem grande
importância no ethos forjado pelas narrativas. Em consonância com Maia
(2016), que defende que a formação de um habitustecnológico depende
menos do fator geracional e mais do capital social, cultural e econômico de
quem se apropria das tecnologias, podemos categorizar os elementos
emergentes das narrativas em um grande conjunto de imagens de si: o aluno
que, apesar de reclamar a presença do tutor presencial com constância, passa
a assumir uma práxis mediada por artefatos pedagógicos digitais com parte
de sua autoconstrução como sujeito.

Palavras-chave: Ethos, Narrativa de si, Tecnologia.

165
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

Eixo temático 7:
Ensino e aprendizagem de línguas: análise e produção
de material didático.

SESSÃO COORDENADA 14
MATERIAIS DIDÁTICOS E PRÁTICA DOCENTE EM LÍNGUA
ESTRANGEIRA: UMA ANÁLISE MULTIMODAL

COORDENAÇÃO:
Antonia Dilamar Araújo
Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Projeto de Pesquisa: MULTILETRA: Multimodalidade e Letramento Visual:
estudos de relações intersemióticas em textos multimodais e práticas de
letramentos em contextos educacionais

RESUMO DA SESSÃO

A presente sessão coordenada se insere no eixo temático Ensino e


aprendizagem de línguas: análise de material didático, e se constitui de quatro
relatos de pesquisas realizadas por doutorandos e mestrandos do Programa de
Pós-graduação em Linguística Aplicada da UECE. As pesquisas têm como
eixo norteador os multiletramentos em materiais didáticos impressos e online
e o agir do professor e alunos no ensino de língua estrangeira (inglês e
espanhol), na perspectiva da teoria da multimodalidade (KRESS; van
LEEUWEN, 2006; JEWITT, 2005; CALLOW, 2008; SERAFINI, 2011). O
primeiro trabalho investiga o letramento visual crítico em atividades de
leitura de textos em língua inglesa do livro didático English File –
Intermediate, com o objetivo de investigar as relações entre a
multimodalidade, os multiletramentos e as práticas pedagógicas, identificadas
nos enunciados, conteúdos e instruções das questões propostas naquelas
atividades. O segundo trabalho analisa as relações entre composições
166
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

multimodais instrucionais em plataformas virtuais de um curso de graduação


à distância e os objetivos de ensino das atividades nas quais as composições
encontram-se inseridas. O terceiro trabalho tem por objetivo discutir as
abordagens adotadas pelo livro didático e pelo professor de língua inglesa do
ensino fundamental de uma escola pública no estado do Rio Grande do Norte,
com foco no desenvolvimento do letramento visual crítico. O quarto e último
trabalho trata do letramento crítico e o livro didático e tem por objetivo
observar como alunos do 3º ano do Ensino Médio desenvolveram o
letramento multimodal crítico a partir das atividades de leitura do livro
didático Síntesis 3, nas aulas de Espanhol como Língua Estrangeira, em uma
escola pública do Ceará. Os resultados de cada trabalho contribuem para o
avanço dos estudos em multimodalidade, multiletramentos e letramento
crítico e sua relação com o ensino e aprendizagem de língua estrangeira.

Palavras-chave: Multimodalidade, Materiais didáticos, Prática docente.

RESUMO DOS EXPOSITORES

MULTIMODALIDADE E MATERIAL DIDÁTICO EM LÍNGUA


INGLESA: UMA ANÁLISE DE ATIVIDADES DE LEITURA DO
LIVRO ENGLISH FILE

Vânia Soares Barbosa


Universidade Federal do Piauí( UFPI)

Esta comunicação apresenta um estudo piloto que explora a promoção do


letramento visual e crítico em atividades de leitura de textos em língua
inglesa do livro didático English File – Intermediate (3rd edition), com o
objetivo de investigar as relações entre a multimodalidade, multiletramentos
e as práticas pedagógicas em atividades de leitura de textos impressos em
língua inglesa, identificadas nos enunciados, conteúdos e instruções das
167
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

questões propostas naquelas atividades. Em uma abordagem multimodal, tem


como principais bases teóricas a Gramática do Design Visual de Kress e van
Leeuwen ([1996], 2006), para a leitura de imagens; a Semiótica Social
segundo van Leeuwen (2005), para as relações texto e imagem; e concepções
de multiletramentos de Anstey e Bull (2006), Coracini (2005) e Oliveira
(2006). Como procedimentos metodológicos, este estudo adota critérios da
pesquisa exploratória para a seleção e análise das atividades, considerando: a)
a descrição de recursos visuais e verbais que compõem os textos
multimodais, b) identificação das metafunções da linguagem: ideacional
interpessoal e textual c) diagnóstico da relação texto e imagem e d)
contraposição entre as relações identificadas no item ‘c’ e os enunciados e
instruções das questões propostas nas atividades de leitura. Considerando os
avanços tecnológicos que têm favorecido a criação de textos multimodais, e o
uso desses textos nas práticas pedagógicas, os resultados apontam para a
produção destes materiais sob paradigmas que ainda não incluem os
multiletramentos como um indicativo da não identificação de congruências
entre estes materiais e aquelas práticas. Em razão disso, discutimos
possibilidades de interpretações, a partir de uma leitura multimodal, e as
implicações que este tipo de leitura poderá trazer para o ensino de língua
inglesa como língua estrangeira.

Palavras-chave: Multimodalidade, Letramento Visual, Leitura

MULTIMODALIDADE E MATERIAL DIDÁTICO ONLINE:


RELAÇÕES ENTRE MODOS SEMIÓTICOS E OBJETIVOS DE
ENSINO
Sâmia Alves Carvalho
Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Antônia Dilamar Araújo


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

168
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

É sabido que a Educação a Distância já é uma realidade em crescente


expansão no país. Essa modalidade de ensino tem modificado os conteúdos
das aulas tradicionais e presenciais em disciplinas virtuais, as quais são
compostas, na maioria das vezes, por Composições Multimodais
Instrucionais (constituídas por textos e imagens, doravante CMIs). Esse tipo
de composição chega aos alunos através de plataformas virtuais de ensino. O
objetivo desse estudo é analisar as relações entre essas composições e os
objetivos de ensino das atividades nas quais elas se encontram inseridas. Para
tanto, fizemos um levantamento das composições multimodais dos materiais
didáticos online do Curso Licenciatura em Letras (inglês) – Modalidade a
Distância da Universidade Federal do Ceará e analisamos as relações
existentes entre as CMIs e os objetivos de ensino. A pesquisa que realizamos
é de natureza exploratório-analítico-descritiva e abordamos os dados através
de um plano de análise de conteúdo utilizado para descrever e interpretar os
conteúdos das composições multimodais. O quadro teórico que fundamenta o
estudo baseia-se principalmente na Linguística Sistêmico-Funcional,
desenvolvida por M.A.K. Halliday (1978; 1985; HALLIDAY; HASAN,
1985), na Gramática do Design Visual (KRESS E VAN LEEUWEN, 2006) e
nas funções didáticas das imagens (CARNEY e LEVIN, 2002). Os resultados
apontam para um uso frequente de textos multimodais, já que foram
identificadas 761 ocorrências de composições multimodais instrucionais no
material. Na maioria dos casos, no entanto, elas estão dissociadas dos
objetivos de ensino, sendo utilizadas com a função de decorar o material
tornando-o mais atraente para o leitor. As 122 ocorrências de CMIs
apresentaram associações entre os seus usos e os objetivos de ensino,
exercendo assim uma função didática e apresentando algum potencial para
impactar o aprendizado de forma positiva.

Palavras-chave: Multimodalidade, Ensino, Educação a Distância.

169
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

LETRAMENTO MULTIMODAL CRÍTICO NO ENSINO DE LÍNGUA


INGLESA: UMA ANÁLISE DA PRÁTICA DOCENTE E DO LIVRO
DIDÁTICO

Maria Zenaide Valdivino da Silva


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

A teoria dos múltiplos letramentos tem sido adaptada e ampliada para


explorar o desenvolvimento de letramentos em uma variedade de contextos.
Isso tem levado à articulação da teoria dos multiletramentos no que diz
respeito às práticas e propostas pedagógicas. O letramento visual/multimodal
tem estado no cerne dessas questões, sendo relacionado a materiais didáticos
e ao agir dos professores. Seguindo essa perspectiva, é objetivo deste trabalho
investigar as abordagens adotadas pelo livro didático e pelo professor de
língua inglesa, no que se refere ao desenvolvimento do letramento visual. A
fundamentação teórica que embasa a análise compreende as teorias que
focam na multimodalidade e no letramento visual crítico, com base em
autores como: Kress e van Leeuwen (1996, 2006), Jewitt (2008, 2009),
Bezemer e Kress (2015, 2016) e Callow (2008, 2013), dentre outros.
Utilizamos uma metodologia descritiva e interpretativista, sob o paradigma
qualitativo. Analisamos uma unidade do livro do sexto e do nono ano do
ensino fundamental, a prática de uma professora, bem como suas concepções
acerca do tema. O contexto é uma escola pública da cidade de Pau dos
Ferros-RN. Para a coleta dos dados, utilizamos: questionário, lições do livro
didático e observação com gravação de aulas em áudio. Os resultados
revelaram que tanto no livro didático, quanto na abordagem da professora, a
imagem é valorizada e o letramento multimodal crítico é mencionado. Apesar
disso, ambas as abordagens convergem para uma prática tradicional que
procura desenvolver letramentos básicos como ler e escrever o código escrito,
através, principalmente, da estrutura da língua e do vocabulário. Assim, um
trabalho que explore os recursos visuais criticamente não se concretiza na
interação de sala de aula. Consideramos, dessa maneira, que um trabalho
mais efetivo para desenvolver o letramento multimodal crítico precisa ser
realizado no contexto de ensino de língua inglesa da escola pública.

170
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

Palavras-chave: Letramento multimodal crítico, Livro didático, Prática


docente

LETRAMENTO MULTIMODAL CRÍTICO E LIVRO DIDÁTICO:


(RE)CONSTRUINDO SIGNIFICADOS NAS AULAS DE ESPANHOL
PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DA REDE PÚBLICA DE
ENSINO

Michelle Soares Pinheiro


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Antonia Dilamar Araújo


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Cada vez mais, os estudantes estão expostos a gêneros textuais multimodais


em suas práticas sociais, por meio da publicidade, do jornalismo, da internet
e, principalmente, dos livros didáticos na escola. Com base nessa realidade,
este trabalho teve como principal objetivo perceber como os alunos
adolescentes do 3º ano do ensino médio desenvolveram o letramento
multimodal crítico, a partir das atividades de leitura do livro didático Síntesis
3, nas aulas de Espanhol como Língua Estrangeira (ELE), em uma escola
pública de Fortaleza-CE. A metodologia adotada foi a pesquisa-ação com 32
alunos, compreendendo dez aulas de ELE, no primeiro semestre letivo de
2016. O referencial teórico que fundamenta o estudo é composto por Callow
(2006, 2008), Kress e van Leeuwen (1996, 2006), Predebom (2015), Buzato
(2007), Lemke (1998), Walsh (2010) e Serafini (2011). Nesse sentido,
definimos, aqui, o letramento multimodal crítico como um conjunto de usos e
práticas sociais que envolvem a leitura e a escrita multimodais, usos
multimodais atravessados por discursos e ideologias, que têm, como
consequência, a possibilidade de empoderamento social (FREIRE, 1992) e de
uma postura crítica do leitor diante do(s) texto(s) multimodal(is). Dessa
171
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

forma, as aulas pesquisadas enfatizaram as interpretações textuais, partindo-


se da compreensão dos múltiplos modos semióticos (visual, escrito, sonoro,
digital, dentre outros) atrelados a uma construção crítica de sentidos, no que
concerne às seguintes questões: relações interpessoais e comunicação;
ecologia; diferenças socioeconômicas; gênero feminino, preconceitos e
movimentos sociais; mídia e padrões cultural-ideológicos; arte, literatura e
política; cultura e violência; relação homem-trabalho; questão étnico-racial.
Os resultados preliminares apontam para um “amadurecimento” por parte da
maioria dos alunos em compreender e construir sentidos de textos compostos
por imagens e palavras, os quais foram analisados a partir das dimensões
afetiva, composicional e crítica, propostas por Callow (2008).

Palavras-chave: Letramento multimodal crítico, Livro didático, Ensino-


aprendizagem.

172
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

SESSÃO COORDENADA 15
IDENTIDADES EM LIVROS DIDÁTICOS DE INGLÊS, ESPANHOL
E FRANCÊS: QUE MUNDOS EM CONSTRUÇÃO?

COORDENAÇÃO:
Mariana Rosa Mastrella-de-Andrade
Universidade de Brasília (UnB)
GRUPO: Identidades, Emoções e Práticas de Letramento no ensino-
aprendizagem de línguas e formação docente

RESUMO DA SESSÃO

Esta sessão coordenada reúne trabalhos com o intuito de analisar a maneira


como o livro didático constrói identidades para a sala de aula de línguas
estrangeiras, produzindo um mundo social muitas vezes bastante distante
daquele habitado por alunas/os e professoras/es reais que, como afirma Paulo
Freire (FREIRE, 1994), habitam o chão da escola. A base teórica dos
trabalhos, de maneira geral, entende linguagem não como representação de
realidades, mas sim como participante da própria construção delas
(FAIRCLOUGH, 2003). Seguindo nessa perspectiva, identidades são,
também, construções da linguagem, realizadas por meio de discursos sociais
(RAJAGOPALAN, 2000) e relações desiguais de poder, aqui compreendido
como exercício (FOUCAULT, 1979). Com essa base teórica, identidades são,
portanto, fluidas e jamais fixas, sempre em construção (NORTON, 2000). O
reconhecimento da estreita relação entre linguagem e poder para a construção
das identidades abre espaço para uma maior compreensão sobre a maneira
como as relações nos espaços educacionais abrigam e promovem discursos
que regem as “verdades” sobre quem fala, sabe, ensina e aprende línguas,
bem como sobre o próprio mundo social onde habitamos. Com essa
perspectiva teórica, os trabalhos desta sessão coordenada apresentam
investigações sobre como os livros didáticos de inglês, espanhol e francês
constroem identidades sociais. Considerado por várias pesquisas como figura
173
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

de autoridade na sala de aula, o livro didático faz circular discursos sobre os


sujeitos, construindo e reproduzindo muitas vezes identidades tipificadas de
raça e etnia, classe, gênero, geração, dentre outras, as quais em geral
contribuem para a criação de um mundo social distante das escolas que
habitamos. Os trabalhos aqui reunidos também mostram que o livro didático,
mesmo sendo imposto na escola ou no curso, pode ser abordado a partir de
uma pedagogia crítica que questione e resista a discursos de injustiça.

Palavras-chave: Livro didático, Identidades, Ensino-aprendizagem de


línguas.

RESUMO DOS EXPOSITORES


LIVRO DIDÁTICO EM CRISE: POTENCIALIZANDO
AGENCIAMENTOS NA SALA DE AULA

Marcelo Santos
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Este estudo insere-se na agenda de pesquisas da Linguística Aplicada Crítica


(PENNYCOOK, 2001, 2006), e objetiva analisar um livro didático (LD) de
inglês como língua estrangeira enquanto gênero discursivo (SANTOS, 2013;
BUNZEN, 2008), investigando os discursos sociais legitimados nele, bem
como suas representações identitárias. A discussão está estruturada em torno
da concepção do termo “crise” (MONTE MÓR, 2011, 2013), em duas
perspectivas: (a) ‘crise’ para se referir ao estado de estigma e de deterioração
(GOFFMAN, 1981) das identidades sociais construídas no LD; e ainda, (b)
‘crise’ no sentido de prática problematizadora que pressupõe rupturas de
epistemologias conservadoras, por meio de um exercício de suspeita sobre
sentidos já-postos. Assim, ancorada nos pressupostos teórico-pedagógicos
dos multiletramentos (COPE e KALANTIZIS, 2000; ROJO, 2012, 2013) ou
letramentos (KALANTIZIS e COPE, 2012), a análise pretende, por um lado,
apontar a crise do LD no que diz respeito à legitimação de discursos
hegemônicos de identidades sociais, ao privilegiar representações de

174
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

identidades de sujeitos brancos e, em sua maioria, em posse de capital


econômico, por exemplo (SANTOS, 2013); por outro lado, busca-se provocar
uma crise, neste último sentido, questionando as representações de
preferência no LD e, também, pensando em outras representações possíveis.
Logo, os efeitos pretendidos dessa crise são desestabilizar discursos
hegemônicos e viabilizar a construção de outros agenciamentos, que sejam
mais responsivos aos desejos dos aprendizes. Na conclusão do estudo, lança-
se mão da própria concepção de letramentos, de modo a sugerir
possibilidades de se redesenhar as atividades do LD analisado para um ensino
agentivo de LE na sala de aula.

Palavras-chave: Livro didático, Letramentos, Agenciamento.

IDENTIDADES FORJADAS: O LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA


ESTRANGEIRA E SUA ANÁLISE SOB A PERSPECTIVA DO
LETRAMENTO CRÍTICO

Jaqueline Barros
Secretaria de Estado da Educação (SEE - DF)

No âmbito escolar os livros didáticos de língua estrangeira ainda são tidos


como guia e suporte importante tanto para professores quanto para aprendizes
(SIQUEIRA,2010). Por isso, é de grande valia analisar as mensagens
culturais e ideológicas que eles carregam (PENNYCOOK, 2000), no sentido
de entender como ocorre a construção da identidade dos falantes de língua
estrangeira (BRADLEY, 1996; Weeks, 1990; Norton,2000) e, principalmente,
para problematizá-las (MASTRELLA-DE-ANDRADE, 2013). Tal análise
poderá acarretar identificação, resistência e re-invenção social (MOITA-
LOPES, 2013) por parte dos agentes que participam do processo de ensino-
aprendizagem, caso ela seja realizada com vistas a promover o letramento
crítico, o que nada mais é que enxergar a escola como o lugar onde os
sujeitos devem ter a oportunidade de ampliar seus conhecimentos
considerando sua formação profissional, cidadã e pessoal (KALANTIZ e

175
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

COPE, 2006). Para que isso ocorra é necessário levar em conta a pedagogia
dos multiletramentos (ROJO, 2014) pela qual se inclui nos currículos grande
variedade de culturas do mundo globalizado e contemporâneo, levando em
consideração e os gêneros discursivos, considerados como megainstrumentos
permeados por vários sistemas semióticos (SCHNEUWLY, 2014). Tendo em
vista o arcabouço teórico mencionado, o objetivo desse trabalho é analisar
brevemente dois livros didáticos “de dentro” (SCHEYERL, 2014), a partir da
abordagem teórico-metodológica denominada Análise Crítica do Discurso,
sob a perspectiva sócio-semiótica (HALLIDAY e HASAN, 1989) levando em
consideração as metafunções ideacional, interpessoal e textual relacionando
os tópicos e contextos culturais, atividades propostas e organização estrutural
aos objetivos da Base Nacional Comum Curricular respondendo as questões
trazidas pelas práticas político-cidadãs, pelas práticas interculturais e pelas
práticas da vida cotidiana no que concerne ao componente Língua
Estrangeira Moderna.

Palavras-chave: Livros didáticos, Identidades, Letramento crítico

“O MANUAL É ASSIM. O QUE SE PODE FAZER?” –


PROBLEMANTIZANDO A VIDA SOCIAL POR MEIO DO LIVRO
DIDÁTICO

Walesca Afonso Alves Pôrto


Secretaria de Estado da Educação (SEE/DF)
Universidade de Brasília (UnB)

Mariana Rosa Mastrella-de-Andrade


Universidade de Brasília (UnB)

Quando o livro didático diz, nós aceitamos? Essa é uma pergunta que várias
pesquisas têm respondido nas últimas décadas, em geral apontando que o
livro didático é figura de autoridade na sala de aula e, portanto, representa,
constrói e reproduz “verdades” sobre o mundo social. Entretanto, apesar
dessa força de autoridade, a pergunta que inicia este resumo tem o objetivo
de pôr em dúvida se de fato o livro didático é sempre aceito passivamente por
176
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

professores/as e alunas/os de línguas estrangeiras, uma vez que os discursos,


sendo prática social, são instáveis e podem ser desafiados e
resistidos(FOUCAULT, 1979). Nesse sentido, esta comunicação relata um
recorte de uma pesquisa-ação sobre o ensino crítico de francês como língua
estrangeira, no qual o livro didático, apesar de imposto como método e
conteúdo programático do curso, foi utilizado como espaço para
problematizar a vida social. A perspectiva teórica que embasa nosso olhar
sobre a investigação é de que língua é prática social (FAIRCLOUGH, 2003)
que participa na construção de identidades (SILVA, 2000), as quais, não
sendo fixas, podem ser problematizadas e desnaturalizadas. A análise dos
dados, segundo a Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2003), sugere
que o livro didático, por meio de ações pedagógicas de desconstrução, cria
espaço de problematização identitária e também de desconstrução de
sociabilidades, dando a professoras/es e estudantes oportunidades para
desafiar as “verdades” ali postas e, assim, assumir posições mais críticas
sobre a vida social. Os dados também mostram que uma perspectiva crítica
de ensino tem o potencial de promover educação para além da escola, uma
vez que abre espaço para a reflexão sobre a vida social a partir do que é
comum e tradicionalmente aceito na sala de aula, isto é, o próprio material
didático.

Palavras-chave: Identidade, Livro didático, Pedagogia crítica de ensino de


línguas.

177
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

SESSÃO COORDENADA 16
ESCREVENDO E REESCREVENDO PRÁTICAS EM
CONTEXTO ESCOLAR

COORDENAÇÃO:
Regina Celi Mendes Pereira
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Grupo de Estudos em Letramentos, Interação e Trabalho

RESUMO DA SESSÃO
Não é novidade que as atividades de produção de texto configuram-se, quase
sempre, como desafio para professores e alunos da educação básica. Muitos
avanços já foram registrados, desde as orientações iniciais de natureza
teórico-metodológica, com a publicação dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN, 1988) até, posteriormente, a significativa acolhida que teve
as Olimpíadas de Língua Portuguesa (OLP) nas escolas públicas brasileiras.
De lá pra cá, conceitos como gêneros textuais, letramentos, escrita
processual, práticas de reescrita e sequência didática têm interferido
pontualmente nas metodologias implementadas no contexto escolar. Nesta
seção, propomo-nos a discutir especificamente sobre a concepção de reescrita
e as práticas desenvolvidas em sala de aula com base em resultados de três
pesquisas realizadas nos últimos anos, em diferentes contextos de ensino,
avaliando o que tem efetivamente se incorporado às rotinas das práticas
docentes. Pretendemos, também, ampliar o foco de reflexão sobre os
processos de ensino-aprendizagem da escrita em contexto universitário, que
tem sido tradicional e predominantemente destituído de uma sistematização
didático-pedagógica, ou seja, de uma pedagogia da escrita que se sobreponha
a uma concepção de escrita enquanto dom. São consideradas, portanto, três
diferentes situações vivenciadas por práticas de escrita e reescrita, cujos
dados são analisados sob uma perspectiva qualitativa interpretativista, à luz
dos aportes teórico-metodológicos do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD),
especialmente nos trabalhos de Bronckart (1999, 2006) e Schneuwly e Dolz,
178
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

(2004). As reflexões ora desenvolvidas apontam e indicam a necessidade de


se investir em processos de mediação docente na condução das atividades de
produção textual, associando-as às concepções de letramento e às práticas
sociais de escrita.

Palavras-chave: Reescrita, Gêneros textuais, Metodologia de escrita.

RESUMO DOS EXPOSITORES

PRÁTICAS DE REESCRITA EM CONTEXTO UNIVERSITÁRIO

Regina Celi Mendes Pereira


Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

A especificidade da escrita acadêmica requer uma reflexão sobre os modos


como são desenvolvidas práticas de ensino-aprendizagem da escrita em
contexto universitário. Nesse aspecto, as noções de capacidades de
linguagem, subdivididas em capacidades de ação, discursivas e linguístico-
discursivas (cf. SCHNEUWLY e DOLZ, 2004) assumem uma dimensão
significativa no processo de ensino-aprendizagem na medida em que são
avaliadas as capacidades já adquiridas pelos alunos, e principalmente as que
podem ser desenvolvidas Esse pressuposto geral tem embasado nossas ações
no projeto Ateliê de Textos Acadêmicos (ATA) no âmbito das ações do
Programa Nacional de Pós-doutoramento Institucional
(PNPD/CAPES/CNPq/UFPB). Um dos eixos de atuação do ATA volta-se
para promover a didatização da escrita acadêmica (resumo, resenha e artigos
científicos) em disciplinas de Português Instrumental, Leitura e Produção de
Textos e Pesquisa Aplicada ao Ensino de Língua Portuguesa (PAELP). Neste
artigo relatamos uma experiência didática desenvolvida com os alunos de
PAELP na elaboração do artigo científico objetivando identificar nas várias
versões dos textos, quais capacidades de linguagem (ação, discursivas e
linguístico-discursivas) foram mais afetadas e proporcionaram maior avanço

179
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

na apropriação do gênero. A pesquisa, de caráter qualitativo-interpretativista,


respalda-se na análise de um corpus constituído por três artigos, em suas
várias versões ao longo do processo de elaboração. As análises, empreendidas
com base no aparato teórico-metodológico do Interacionismo Sociodiscursivo
(BRONCKART, 1999, 2006), indicam que as capacidades de ação foram as
mais afetadas no processo de desenvolvimento da escrita dos alunos e
incidem particularmente no nível organizacional que compreende o
tratamento dado ao conteúdo temático e na planificação do texto.

Palavras-chave: Artigo científico, Capacidades de Linguagem, Reescrita.

LISTAS DE CONTROLE COMO FERRAMENTA DE


ORIENTAÇÃO DA REESCRITA DO GÊNERO RESUMO
ESCOLAR

Adair Vieira Gonçalves


Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)

Nosso trabalho filia-se ao Interacionismo Sociodiscursivo, construto teórico


que se constitui como uma vasta corrente contemporânea que contesta a
divisão das ciências em humanas e ciências sociais mas, por outro lado, quer
ser visto como a ciência do humano (BRONCKART, 2003). Sob tal
fundamento, caminhamos em direção à investigação do processo não só da
produção textual, mas também da revisão e reescrita. Para esta comunicação,
com base nos resultados de análise, em vez das formas monológicas de
intervenção em textos feitos de maneira genérica (indicativa, resolutiva e
classificatória) e sem relação com os gêneros textuais, defendemos que a lista
de controle/constatação, associada a sua respectiva sequência didática,
constitui importante ferramenta teórico- metodológica para o avanço da
proficiência dos alunos e compreendidas como instrumentos de
responsividade às versões provisórias do texto. Decorrente do exposto,
pretendemos expor os resultados de um procedimento de produção do gênero
resumo escolar solicitado a estudantes da segunda série do Ensino Médio de
180
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

uma instituição particular de ensino, localizada no interior do Estado de São


Paulo, no ano de 2006, a partir do texto “Truculência na Internet”. Em
seguida ao processo de produção, no período de 10 horas-aulas,
desenvolveram-se atividades que compõem a Sequência Didática.
Posteriormente, apoiando-nos na Lista de Controle/Constatações, gênero
catalisador para regular e controlar seu próprio comportamento no momento
de sua reescrita, solicitou-se a reescrita do resumo. Pretende-se apresentar
resultados do antes e do depois da intervenção da SD e da Lista A lista nos
permitiu, em associação a uma sequência didática, num processo dialógico,
construir uma (res) significação para o texto do estudante. Pelo processo de
intervenção na escrita dos estudantes, o professor considerou a produção
como objeto a ser retrabalhado/revisto, em que a versão do texto do aluno é
sempre provisória enquanto estiver sendo aplicada a SD.

Palavras-chave: Metodologia de Escrita, Gêneros textuais, Reescrita.

(RE) DISCUTINDO O ESTATUTO DA REESCRITA NO CONTEXTO


ESCOLAR E NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA
PORTUGUESA

Milene Bazarim
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados parciais de uma


pesquisa, em andamento, sobre letramento e formação do professor de
Língua Portuguesa, a qual investiga os efeitos de reversibilidade da escrita
na prática profissional do professor e no letramento de seus alunos. Trata-se
de um estudo de caso filiado ao campo aplicado dos estudos de linguagem
informado, principalmente, pela concepção de letramento como um conjunto
de práticas sociais situadas de uso da leitura e da escrita; de escrita como
trabalho; de texto não como um produto, mas como um processo que sempre
pode ser continuado e de reversibilidade (GARCEZ, 1998) como um
processo de transformação operado pelo produtor no seu próprio texto
181
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

através de refacções e reescritas (GONÇALVES; BAZARIM, 2013; BUIN,


2006; ABAURRE; FIAD; MAYRINK-SABINSON, 1997). Além dos textos
dos alunos, o corpus de referência é composto por documentos que
contemplam a escrita da professora de Língua Portuguesa desde quando era
aluna da Educação Básica (1990) até a sua atuação enquanto professora
(2014). Nos documentos do corpus que contemplam a escrita da professora
enquanto aluna da Educação Básica, não há sequer um texto cuja
intervenção do professor tenha culminado na reescrita, mas existem vários
exemplos de refacção. Já nos documentos que contemplam seus momentos
de escrita enquanto professora de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental
e Médio, há vários exemplos de atividades que provocam e orientam a
reescrita dos textos dos seus alunos. Esses resultados são essenciais para que
possamos (re)ver a distinção entre refacção e reescrita, (re)discutir o estatuto
das atividades de escrita tanto na Educação Básica quanto na formação
inicial e continuada dos professores de Língua Portuguesa.

Palavras-chave: Reescrita, Formação do Professor, Ensino de Língua


Portuguesa.

O PAPEL DO PROFESSOR DURANTE A REVISÃO TEXTUAL


PARA O DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES DE ESCRITA

Alessandra Magda de Miranda


Secretaria de Estado da Educação da Paraíba (SEEPB)

Partindo do pressuposto que o texto é a unidade de básica para o ensino de


língua materna e que os gêneros textuais constituem o seu objeto de ensino,
é importante que as práticas de ensino da escrita sejam articuladas com
vistas ao desenvolvimento das capacidades de linguagem que, de acordo
com Schneuwly e Dolz (2004), são instrumentos capazes de mobilizar os
conhecimentos que o indivíduo já possui e operacionalizar a aprendizagem
de um determinado gênero. Nesse processo, evidencia-se o papel do
professor na mediação entre o aluno e seu objeto de conhecimento, bem

182
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

como a importância dos direcionamentos dados pelo docente durante o


processo de produção textual para o desenvolvimento das habilidades de
escrita dos alunos. Assim, neste estudo, pretendemos analisar quais
capacidades de linguagem são priorizadas por uma professora, ainda em
formação inicial, ao revisar os textos dos alunos e como isso reflete na
realização da reescrita. Para tanto, o corpus deste trabalho é constituído pela
versão inicial (revisada pela professora) e a versão final de textos produzidos
por alunos de ensino médio, durante a execução de uma sequência didática
de estudo do artigo de opinião, elaborada e executada por mim, no último
período da graduação em Letras – habilitação em Língua Portuguesa, em
2011. Trata-se, portanto, de um estudo de caráter qualitativo-interpretativista
realizado por meio de uma pesquisação, norteado pelos princípios do
Interacionismo Sociodiscursivo (ISD). A análise empreendida revela que, na
ocasião, foram priorizados aspectos pertinentes à capacidade linguístico-
discursiva, em especial, as questões referentes à microestrutura textual. Além
disso, destacamos a importância do professor em formação ou não assumir-
se como especialista do texto e adotar critérios que conduzam o aluno à
reflexão sobre o texto e à elaboração de estratégias para o aprimoramento de
sua escrita.

Palavras-chave: Ensino de escrita, Capacidades de linguagem, Trabalho


docente.

EXPOSITOR 5 - PROPOSTA 16
AÇÕES E REFLEXÕES DE PROFESSORES EM FORMAÇÃO
INICIAL COM A REESCRITA DE TEXTOS

Iara Francisca Araújo Cavalcanti


Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
O presente trabalho situa-se no quadro das pesquisas voltadas para a
investigação da formação de professores, no âmbito da Linguística Aplicada,
cujo foco é o trabalho docente planificado e o realizado (MACHADO, 2009)
relacionado às atividades com a escrita e reescrita de textos. Trata-se de um
recorte de uma pesquisa ação mais ampla sobre o papel do professor

183
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Coordenada

formador no Estágio Supervisionado, que resultou em uma tese de


doutorado. O objeto de análise é a linguagem como e sobre trabalho
(NOURODINE, 2002), contemplada nas atividades de ensino de escrita
desenvolvidas por duas alunas do curso de Letras, de uma instituição pública
do estado da Paraíba, no ano de 2010, durante o período em que atuaram
como professoras-estagiárias no Estágio Supervisionado, momento da
prática pedagógica na formação inicial. Objetivamos analisar quais
capacidades de linguagem: ação, linguística e linguístico-discursiva
(SCHNEUWLY & DOLZ, 2001, 2004) se evidenciam nas ações docentes e
as reflexões em torno delas. Este estudo está amparado nos aportes do
Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART,2006; 2008), uma vez que
esta abordagem teórico-metodológica lança o olhar científico para as
questões pertinentes ao agir vinculadas à situação de trabalho. Sob essa
perspectiva, entende-se que trabalho docente deve ser (co)construído pelo
coletivo de trabalho do qual fazem parte também as alunas estagiárias. Os
resultados da análise demonstram o processo de transposição didática no que
se refere ao planejamento das ações realizadas e a necessidade da
(co)participação do professor formador durante a construção de
conhecimentos na formação inicial, bem como para a reflexão na academia
sobre o papel do professor de Estágio.

Palavras-chave: Formação docente, Reescrita de textos, Capacidades de


linguagem.

184
RESUMOS

SESSÕES DE COMUNICAÇÃO
INDIVIDUAL

185
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Eixo temático 1:
Ensino e aprendizagem de línguas em situação de
formação inicial de professores de línguas: o estágio
docente.

A ELABORAÇÃO DIDÁTICA E O GESTO DE REGULAÇÃO NO


ENSINO DE GÊNEROS ESCRITOS: REFLEXÃO SOBRE
SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE ALUNOS ESTAGIÁRIOS

Márcia Andréa Almeida de Oliveira


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Neste estudo, assumimos a perspectiva da avaliação formativa


(FERNANDES, 2011; HADJI, 2011; ALLAL, 1993), a qual consiste na
regulação e na adaptação das práticas de ensino às necessidades dos alunos.
Recorremos também aos estudos sobre escrita (KOCH; ELIAS, 2014),
gêneros textuais (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004), sequência didática (DOLZ;
NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004) e gestos didáticos (AEBY-DAGHÉ;
DOLZ, 2008), a fim de verificar que dimensões do gênero, no tocante à
escrita, são selecionados no momento da elaboração didática e quais são
reguladas. Com base nessas discussões, investigamos também como as
sequências didáticas de produção escrita, elaborados por alunos do curso de
Letras, são implementadas em aulas de Língua Portuguesa no Ensino
Fundamental II, com o objetivo de compreender como as sequências de
produção de gêneros escritos possibilitam o desenvolvimento da proficiência
em escrita dos alunos e a regulação da aprendizagem. Para isso, realizamos
uma pesquisa documental e fizemos entrevistas com os alunos estagiários
para compreender o processo de construção das sequências didáticas e o seu
uso em sala de aula. Após isso, cruzamos os dados, apoiando-nos na
abordagem qualitativa de pesquisa (LÜDKE; ANDRÉ, 1986) e no referencial
teórico adotado para alcançar o objetivo proposto. Os resultados da pesquisa
mostram que os alunos, após as intervenções do professor, passam a
considerar em suas sequências saberes relacionados à situação de produção, à
estrutura e às marcas linguísticas do gênero, embora ainda de forma
186
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

tangencial e imprecisa. Ainda com relação aos resultados, observamos que os


alunos estagiários realizaram, sobretudo, regulações locais, que ocorrem
durante as interações de sala de aula, e indiretas, que acontecem em função
da própria estrutura da situação didática.

Palavras-chave: Sequência didática, Gesto de regulação, Gênero escrito.

ESTÁGIOS DE DOCÊNCIA DE LÍNGUA ITALIANA EM CONTEXTO


ESCOLAR

Daniela Norci Schroeder


Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Esta comunicação analisa duas experiências de estágio de docência de


professores em formação do curso de Licenciatura em Letras com habilitação
em língua italiana na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
à luz da teoria sociocultural (Vigotsky, 1978). As experiências ocorreram em
forma de oficinas oferecidas aos alunos do Ensino Fundamental (EF) do
Colégio de Aplicação da UFRGS nos anos de 2014 e 2015, já que a língua
italiana não é oferecida de forma regular no currículo das escolas do Rio
Grande do Sul. A primeira experiência é uma proposta de sensibilização de
um público infantil, crianças de 7-8 anos, frequentando o 1º e o 2º anos do
EF. A segunda experiência também contempla o primeiro contato com a
língua italiana, mas com um público adolescente, jovens entre 11-13 anos,
frequentando o 6º e o 7º anos do EF. As propostas são embasadas no
pressuposto de que a aprendizagem colaborativa, coletiva e construída pelos
sujeitos envolvidos no processo, independente da faixa etária em que
trabalhamos, é fundamental para que a aquisição de uma segunda língua seja
alcançada. Além da sensibilização linguística, as oficinas consideraram
também conceitos relacionados à importância de estabelecermos uma
consciência intercultural na formação de nossos alunos, a partir do
conhecimento de mundo de cada um e a relação deste conhecimento com a
187
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

cultura do outro (Freire, 1996). A análise traz também uma reflexão sobre o
ponto de vista do professor em formação e seu papel de agente na construção
contínua de seu próprio conhecimento e na contribuição possível à
construção do conhecimento do aprendiz.

Palavras-chave: Formação de professores, Língua italiana, Teoria


sociocultural.

AUTOCONFRONTAÇÃO E FORMAÇÃO DOCENTE: UMA


PERSPECTIVA DIALÓGICA PARA O DESENVOLVIMENTO DE
FUTUROS PROFESSORES DE FLE

Elisandra Maria Magalhães


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Rozania Maria Alves de Moraes


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Este trabalho deriva de uma pesquisa de mestrado centrada em investigar o


papel da autoconfrontação para a formação profissional de futuros
professores de francês como língua estrangeira (FLE). Naquela ocasião,
tomamos o quadro metodológico da autoconfrontação (mais precisamente a
autoconfrontação simples – ACS) (CLOT; FAÏTA, 2000; FAÏTA; VIEIRA,
2003; FAÏTA, 2007), recorremos à filosofia bakhtiniana da linguagem
(BAKHTIN, 2003; BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2010), aos pressupostos da
Clínica da Atividade (CLOT, 2007, 2008) e da Ergonomia da Atividade
(DARSES; MONTMOLLIN, 2006). As análises realizadas apoiaram-se na
abordagem bakhtiniana social e discursiva da linguagem. Na presente
proposta de comunicação, temos o objetivo de discutir a questão de como as
relações dialógicas estabelecidas nos diálogos de alunos-estagiários sobre a
atividade docente de uma professora experiente de FLE funcionam como
provocadores de desenvolvimento. Assim, tomando como corpus da pesquisa

188
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

o texto resultante da confrontação dos alunos-estagiários com verbalizações


da professora em ACS, observamos o direcionamento das falas dos alunos a
três diferentes tipos de destinatários: imediato, subdestinatário e
sobredestinatário. Nesse sentido, o autor de um enunciado se dirige a um
destinatário que produz uma resposta imediata (professor-formador,
pesquisador, outro estagiário), a ele próprio (aluno-estagiário) e a um
participante invisível com quem ele também dialoga (as prescrições, o métier
etc.). A análise detida desses diálogos indicam que os estranhamentos e as
controvérsias geradas no momento dessas trocas dialógicas fazem com que o
aluno reaja à sua atividade e busque respostas para suas dúvidas, seus
dilemas, suas dificuldades etc. Tudo isso o leva a produzir um discurso que
alimenta inúmeras reflexões e que poderá ser visto como recurso para o seu
desenvolvimento e para o desenvolvimento de seu trabalho vindouro,
criando, assim, possibilidades de remodelá-lo. Em outras palavras, essas
relações dialógicas viabilizam um discurso reflexivo que pode ser a base para
a transformação da prática docente desses futuros professores.

Palavras-chave: Relações dialógicas, Ensino como trabalho, Formação


docente

“RECONSTITUIÇÃO” DO TRABALHO DOCENTE NA ATIVIDADE


LINGUAGEIRA DE PROFESSORAS ESTAGIÁRIAS DE FRANCÊS
EM DIÁLOGOS DE AUTOCONFRONTAÇÃO

Aline Leontina Gonçalves Farias


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Rozania Maria Alves de Moraes


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Este trabalho tem como objetivo apresentar alguns resultados de uma


pesquisa centrada na análise de diálogos de duas experiências de
189
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

autoconfrontação (CLOT; FAÏTA, 2000; FAÏTA; VIEIRA, 2003; FAÏTA,


2007) com professoras estagiárias de francês língua estrangeira (FLE).
Situada no campo linguagem e trabalho (SOUZA-E-SILVA; FAÏTA, 2002), a
pesquisa conjuga aportes teórico-metodológicos da ergonomia da atividade
(DANIELLOU, 1996) e da clínica da atividade (CLOT, 1999; CLOT, 2010)
para analisar o trabalho docente (AMIGUES, 2003; MACHADO, 2004); e,
fundamentada na perspectiva dialógica da linguagem (BRAIT, 2005) e na
concepção de atividade linguageira (FAÏTA, 2011). Seu principal interesse é
compreender as relações dialógicas entre a atividade discursiva e a atividade
de trabalho tomada como "objeto de reflexão" (CLOT; FAÏTA, 2000). Nossa
abordagem dialógica apoia-se na teoria da enunciação círculo-bakhtiniana,
principalmente nas noções de enunciado concreto, gêneros de discurso, tema
e significação; e na apropriação dessa teoria por François (1998 e 2005) e
Faïta (2007 e 2012) para a análise de diálogos. A análise dialógica, descritiva
e interpretativa dos diálogos, comparando e contrastando as diferentes fases
da autoconfrontação (simples e cruzada) e as duas experiências realizadas,
revelou-nos alguns recursos discursivos recorrentemente utilizados pelas
professoras para recontextualizar e reconstituir suas atividades docentes. Com
o termo “reconstituição” nos referimos a diferentes modos de manifestação
linguageira da experiência vivida. Compreendemos que tais recursos
discursivos (como a dramatização, a explicitação de um suposto diálogo
interior no momento da ação, e o discurso citado de falas/ações proibidas)
operam uma reconstrução ou recontextualização discursiva da atividade,
ajudando as professoras estagiárias a conscientizar e compreender o trabalho
docente de um novo modo, no contexto de uma atividade reflexiva.

Palavras-chave: Trabalho docente, Atividade linguageira, Autoconfrontação.

190
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

REPRESENTAÇÕES DOS MUNDOS FORMAIS DO AGIR

ENSINO E APRENDIZAGEM NA FORMAÇÃO INICIAL DO


DOCENTE EM LETRAS: AS POTENCIALIDADES E
DIFICULDADES VIVENCIADAS NO ESTÁGIO DE REGÊNCIA

José Roberto de Souza Brito


Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)

Maria de Lourdes da Silva Neta


Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)

Antônio Avelar Macedo Neri


Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)

As exigências contemporâneas necessárias à formação de professores


demonstram que o desenvolvimento destes profissionais precisa aliar os
aspectos da formação inicial e contínua às dimensões didático-pedagógicas,
aos conteúdos teórico-cognitivos e à compreensão de si mesmos. Solicitam
do professor a utilização de estratégias formativas que perpassam o trabalho
em equipe indo além das Novas Tecnologias da Comunicação e Informação
(NTICs). Sendo assim, o objeto de investigação desta comunicação
circunscreveu-se ao processo de ensino e aprendizagem na formação inicial
de professores de línguas durante o estágio de regência. O objetivo-mor foi
identificar as potencialidades e dificuldades formativas vivenciadas pelos
estagiários do Curso de Licenciatura em Letras de uma Instituição de Ensino
Superior (IES) Pública no Estado do Ceará, especificamente no Estágio IV –
Regência no Ensino Médio. Como aporte teórico basilar, destacaram-se os
escritos de Pimenta e Lima (2012), Lima (2012), Tardif (2008), dentre outros.
A metodologia - de natureza qualitativa - caracterizou-se pela recorrência ao
método de estudo de caso através de pesquisa documental, utilizando as
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a Formação de Professores da
Educação Básica (em nível superior, curso de licenciatura e de graduação
191
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

plena), a resolução do CNE/CP nº 2/2002, que estabelece a duração da carga


horária dos cursos de licenciatura e de graduação plena, as DCN para os
cursos de Letras, o Projeto Pedagógico do Curso (PPC) de Licenciatura em
Letras da instituição analisada e as observações realizadas pelo professor
supervisor do estágio na fase de acompanhamento da regência. A
consolidação do conhecimento no estágio supervisionado para o futuro
docente deve promover a reflexão acerca dos saberes e das práticas
disseminadas na Educação Básica possibilitando aprendizagens múltiplas,
uma vez que essa ação formativa viabiliza a análise da realidade, ou seja, a
articulação e intervenção social através da aproximação do estagiário com a
realidade escolar plural e multifacetada.

Palavras-chave: Estágio Supervisionado, Formação Docente, Licenciatura


em Letras.

IDENTIDADE DOCENTE: UMA CONSTRUÇÃO A PARTIR DA


PRÁTICA DE ENSINO E ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Francisca Vilani de Souza


Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN)

Este estudo discute a construção da identidade docente a partir da prática de


ensino e estágio supervisionado no curso de Letras – habilitação Língua
Portuguesa UERN - Campus Central no semestre 2015.1. Um caminho
trilhado entre a instituição formadora de profissionais licenciados para a
docência e a escola lócus da prática docente. O estágio como período de
estudos práticos em que os licenciados convivem com a realidade da
docência. É também momento de construção da identidade por provocar
reflexões no decorrer de ações vivenciadas numa perspectiva de legitimar

192
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

conhecimentos adquiridos ao longo do curso. A parceria teoria\prática para


formar e entregar a sociedade cidadãos\profissionais aptos para
desenvolverem um trabalho competente. Estagiar como dever do aluno e
supervisionar, acompanhar como incumbência da instituição formadora
representada por um docente. O incentivo a valorização do formando se faz
necessária no sentido de deixar claro para ele sua função na escola campo de
estágio. É momento de pesquisa e formação de banco de dados que servirá
para acrescentar conhecimentos já adquiridos e construir base prática para ser
aplicada a posteriori como profissionais ativos no mercado de trabalho.
Metodologicamente foram utilizados o planejamento, a observação na
escolas campo de estágio e a auto avaliação do estagiário. A base teoria é
constituída por Bianchi (2014), Barreiro (2006), Scarpato, Hall (2005) Tardif
(2005) Bauman (2005), Hall (2006) entre outros. Foi possível constatar que
a Prática de Ensino e o estágio supervisionado são bases articuladoras para a
construção da identidade e formação do profissional em Letras. Também que
o estágio como formação inicial pauta-se através da investigação da realidade
de forma que as ações sejam enfatizadas pela avaliação crítica e reflexão
sobre o fazer, o pensar e a prática.

Palavras-chave: Identidade, Formação, Estágio.

O EIXO DA ANÁLISE LINGUÍSTICA NA PREPARAÇÃO PARA A


PRÁTICA DOS PROFESSORES DE LÍNGUA MATERNA

Thaís Fernandes Sampaio


Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Davidson dos Santos


Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Carolina Alves Fonseca


Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

193
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Este trabalho propõe uma discussão acerca da articulação teoria e prática no


processo formativo de professores de Português no Brasil. Caracterizando-se
como uma pesquisa-ação (TRIPP, 2005), o trabalho, desenvolvido a partir da
identificação de importantes lacunas na formação desses professores, no que
diz respeito, especificamente, à sua preparação para elaboração e aplicação
de práticas de análise linguística no ensino básico, objetiva, principalmente,
apresentar e discutir estratégias desenvolvidas com o acompanhamento do
Grupo de Estudos sobre Reflexão e Análise Linguística na Escola (GERAL-
E), no sentido de superar as dificuldades identificadas. Assumindo a análise
linguística como um dos eixos centrais da prática docente (MENDONÇA,
2006; ANTUNES, 2014), argumentamos que muitos cursos de licenciatura
não têm oferecido condições suficientes para que o futuro professor
desenvolva conhecimentos e habilidades necessários para a condução efetiva
desse tipo de abordagem na sala de aula. A reflexão proposta sinaliza, entre
outras coisas, que os aspectos práticos da formação básica desses docentes
não podem ficar restritos à realização do estágio docente. Sinaliza, ainda, a
necessidade de criação ou fortalecimento de canais de diálogos entre
diferentes instâncias, como, por exemplo, as instituições de ensino superior
públicas responsáveis pela formação básica e continuada dos docentes (na
figura de docentes e discentes dos cursos de graduação e de pós-graduação,
incluindo o mestrado profissional, e de grupos de pesquisa) e representantes
da rede pública de ensino (como superintendentes regionais de ensino e
professores efetivos dessa rede). Os resultados obtidos indicam que o
estabelecimento desses canais de diálogos, a apresentação de bons modelos e
a criação de situações efetivas de prática podem surtir efeito positivo na
formação para a docência, daqueles que serão responsáveis pelo ensino de
língua materna no país.

Palavras-chave: Formação de professores, Análise Linguística, Articulação


teoria e prática.

194
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

RECONFIGURAÇÕES DO AGIR DISCURSIVO DE ESTAGIÁRIOS


DE FRANCÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA

Larissa Maria Ferreira da Silva Rodrigues


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Este resumo contempla um trabalho em desenvolvimento e traz uma


discussão a propósito do estágio de regência em Francês Língua Estrangeira
(FLE), em universidades públicas do Ceará. Nesse sentido, investigam-se os
discursos produzidos por estagiários acerca de suas práticas professorais. Tais
discursos são desencadeados através da autoconfrontação simples (CLOT &
FAÏTA, 2000; CLOT, 2001), que se trata de um dispositivo teórico e
metodológico de análise das práticas, proveniente da Clínica da Atividade e
comumente utilizado em pesquisas realizadas no âmbito de formações de
professores de línguas. Assim, no presente estudo, primeiramente, registram-
se, em audiovisual, aulas de estagiários de FLE e, em seguida, obtêm-se
interpretações sobre cenas dessas aulas, cujas produções verbais compõem o
corpus. Após a transcrição, as verbalizações são analisadas a partir do quadro
teórico-metodológico do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART,
1999[2009], 2006, 2008), que compreende a linguagem tanto como uma
atividade articulada a um quadro social, quanto como uma atividade que se
realiza em textos. Tendo em vista tal abordagem, privilegiam-se os tipos de
discurso para se chegar à noção das figuras de ação (BULEA, 2010, 2014;
BULEA & BRONCKART, 2010), que são o produto da interpretação da
atividade. Elas compreendem as seguintes configurações linguísticas: ação
ocorrência, ação acontecimento passado, ação experiência, ação canônica e
ação definição (BULEA, 2010, 2014). Os resultados parciais indicam que há
uma mobilidade das figuras de ação na identificação dos parâmetros
linguísticos materializados nos discursos, o que confere ao agir dos
estagiários de FLE uma ressignificação dupla, implicada ora no plano
linguístico, ora no plano didático.

Palavras-chave: Estágio, Francês Língua Estrangeira, Figuras de Ação.

195
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

CARACTERIZAÇÃO LINGUÍSTICA, ENUNCIATIVA E


DISCURSIVA DAS FIGURAS DE AÇÃO EM TEXTOS ESCRITOS E
ORAIS NO CONTEXTO DA FORMAÇÃO INICIAL DE
PROFESSORES DE LÍNGUA MATERNA
Manoelito Costa Gurgel
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Desenvolvida no campo de interesse da Linguística Aplicada, esta pesquisa,
ainda em andamento, representa nosso empenho em aprofundar teórica e
metodologicamente a figuração do agir no contexto da formação inicial de
professores de língua materna. Nesta pesquisa, pretendemos identificar e
caracterizar linguística, enunciativa e discursivamente as figuras de ação
(BULEA, 2010) que professores de língua materna em formação inicial
mobilizam em textos orais e escritos, ao interpretarem, na e pela linguagem, o
seu agir nas atividades do estágio. Para isso, analisamos como oito alunos da
disciplina de Estágio em Ensino de Língua Portuguesa do curso de Letras da
Universidade Federal do Ceará interpretam, em sessões de autoconfrontação
simples (CLOT & FAÏTA, 2000; CLOT, 2001, 2005) e nos relatórios finais
do estágio, o seu agir, a partir da mobilização de recursos linguísticos,
enunciativos e discursivos, tanto na modalidade oral, nas sessões de
autoconfrontação simples, quanto na modalidade escrita, nos relatórios finais
do estágio. A partir das orientações teórico-metodológicas do Interacionismo
Sociodiscursivo (BRONCKART, 2008, 2009) e da abordagem da figuração
do agir proposta por Bulea (2010), identificamos e caracterizamos as figuras
de ação a partir dos tipos de discurso, das marcas de agentividade, dos
tempos e aspectos verbais e das modalizações (BRONCKART, 2009). Com a
análise, ainda inicial, podemos perceber que os gêneros textuais, bem como
as modalidades de uso da língua (escrita e oral) impõem diferentes questões e
problemas teórico-analíticos para a figuração do agir. Nessa perspectiva,
percebemos que a figuração do agir em gêneros escritos (relatórios finais do
estágio) é significativamente diferente da figuração do agir em gêneros orais
(sessões de autoconfrontação simples), sobretudo no que se refere à
constituição linguística, enunciativa e discursiva das figuras de ação.

Palavras-chave: Figuras de ação, Autoconfrontação simples, Relatórios de


estágio.
196
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

LINGUAGEM, AÇÃO E CONSCIÊNCIA NO CONTEXTO DA


FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE LÍNGUA MATERNA:
QUESTÕES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS SOBRE A
INTERPRETAÇÃO DO AGIR

Manoelito Costa Gurgel


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Neste trabalho, de caracterização teórico-prática, pretendemos abordar os


efeitos profissionais da figuração do agir (BULEA, 2010) em práticas de
formação inicial de professores. A partir da análise da figuração do agir em
sessões de autoconfrontação simples (CLOT & FAÏTA, 2000; CLOT, 2001,
2005) com estagiários do curso de Letras, pretendemos discutir sobre a
relação entre linguagem, ação e consciência no contexto da formação inicial
de professores de língua materna. Em um primeiro momento, de caráter mais
teórico, propomos o retorno epistemológico à perspectiva sociointeracionista
(VIGOTSKI, 1989, 2008), sobretudo no que se refere ao conceito de
consciência, e problematizamos, com base na abordagem interacionista
sociodiscursiva (BRONCKART, 2008, 2009), a relação entre linguagem,
consciência e ação, bem como as suas implicações para a análise da
interpretação do agir. Baseados nessa problematização teórico-
epistemológica, analisamos, em um segundo momento, de caráter mais
prático, como oito alunos da disciplina de Estágio em Ensino de Língua
Portuguesa do curso de Letras da Universidade Federal do Ceará interpretam,
na e pela linguagem, o seu agir, a partir da mobilização de figuras de ação
(BULEA, 2010). Pela análise, ainda inicial, podemos defender que a
figuração do agir em sessões de autoconfrontação simples durante a
disciplina do estágio implica a mobilização de estratégias linguísticas,
enunciativas e discursivas pelos estagiários. Para nós, essas estratégias estão
relacionadas à reflexão dos estagiários quanto, por exemplo, às suas
capacidades de ação. Conforme pretendemos argumentar, essa reflexão pode
colaborar positivamente para o desenvolvimento profissional de professores
de língua materna em formação inicial.

Palavras-chave: Linguagem, Ação, Consciência.

197
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

IDENTIDADE DE GÊNERO NA PAUTA DA FORMAÇÃO INICIAL


DO PROFESSOR: LACUNAS E PRESENÇAS DISCURSIVAS

Márcia Silva Amaral


Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

Fernanda de Castro Modl


Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

Nesta comunicação, analisamos linguístico-discursivamente cinco respostas a


uma questão de atividade didática trabalhada em estágio de docência
universitária da disciplina Seminário Interdisciplinar. As respostas registram
posições (recorrentes e episódicas) acerca da identidade de gênero vozeadas
por graduandos em Letras matriculados em semestres variados de um Curso
de Licenciatura em Letras de uma universidade do interior baiano.
Intencionando uma interface entre questões vinculadas a identidades na/da
sala de aula e saberes necessários ao letramento do professor na
contemporaneidade, valemo-nos de teorizações de Matencio (2001, 2005,
2009) e Kleiman (2001, 2013) - formação docente e letramento do professor,
de Moscovici (2015) - Representações Sociais, bem como de Butler (2015),
Hall (2015) e Moita Lopes (2006, 2013) para discussões vinculadas a
identidade(s) e gênero. A natureza da atividade didática incitou os alunos a se
posicionarem sobre a identidade de gênero no contexto da sala de aula,
revelando familiaridade ou não com a problemática. A análise das posições
dos sujeitos visou acessar e analisar o lugar de questões relativas à identidade
de gênero na formação inicial do professor, bem como mapear se o(a)
licenciando(a), na condição de professor(a) em atividade de estágio ou
docência já vivenciou discursivamente a identidade de gênero e os efeitos
dessa para a projeção e representação do si mesmo e do outro/Outro na
tematização da diferença. A amostragem de cinco posições, de um total de
vinte e duas respostas, aponta para um cenário discursivamente provocador
para se repensar questões caras à agenda da formação inicial do professor.

Palavras-chave: Identidade de Gênero, Formação inicial do professor,


Representações Sociais.

198
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

ESTÁGIO DOCENTE: REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE LIBRAS


COMO SEGUNDA LÍNGUA

Ligiane de Castro Lopes


Universidade Federal do Ceará (UFC)

O Estágio do Curso de Licenciatura em Letras-Libras envolve aspectos


teóricos e práticos relacionados à docência nas áreas de ensino de Libras,
como primeira e segunda língua. Atualmente encontra-se organizado em seis
etapas que totalizam 448h\a e compreendem a observação do ensino de
Libras como L1 e L2, a participação em atividades relacionadas ao
planejamento pedagógico e elaboração de materiais didáticos e a regência.
Este trabalho apresenta as reflexões e os achados dos discentes e professores
orientadores durante a primeira etapa do ECS: a observação do ensino de
Libras como L2. Participaram dessa etapa vinte seis discentes do sexto
semestre distribuídos em duas turmas e dois docentes orientadores. Os
discentes participaram de debates sobre as questões pedagógicas relacionadas
ao Estágio e ao ensino de Libras como L2. Em um segundo momento,
realizaram observações na instituição, e depois, retornaram à universidade
para a socialização e análise das propostas de ensino de Libras como segunda
língua. Os discentes analisaram que o ensino de Libras ministrado na
instituição do estágio é bastante influenciado pelo modelo audiolingual, com
foco nos parâmetros linguísticos da Libras. Por outro lado, os aspectos
sociais e culturais da língua foram pouco explorados, tampouco atividades
voltadas para o uso real e contextualizado da língua. Como resultado, os
aprendizes não demonstraram um aprendizado da Libras, buscando mais a
memorização dos sinais. Para Gesser (2012), o ensino de Libras como L2 é
ministrado de forma intuitiva, no qual os professores se apoiam nos próprios
modelos de professores de línguas que tiveram ao longo de sua trajetória
educacional. Concluímos ser necessário discutir currículo de Libras como L2,
bem como as práticas pedagógicas que vão ao encontro do modelo
comunicativo, propiciando aos aprendizes de L2 a vivência dos aspectos
culturais e linguísticos da Libras. Esperamos nas próximas etapas do ECS
contribuir para essa mudança.

Palavras-chave: Estágio docente, Letras Libras, Segunda língua.


199
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Eixo temático 2:
Ensino e aprendizagem de línguas: a interação em sala
de aula, o agir professoral e o objeto de ensino.

METÁFORA CONCEITUAL: UM ESTUDO SOBRE SUA


CONTRIBUIÇÃO PARA O PROCESSO DE ENSINO/
APRENDIZAGEM DE INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA
(ILE)

Monica Fontenelle Carneiro


Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Proposta por proposta por Lakoff e Johnson 1980.1999), publicada na obra


Metaphors we live by (1980) e aprimorada, posteriormente, com a publicação
da obra Philosophy in the flesh, a Teoria da Metáfora Conceitual (TMC)
proporcionou uma ampla revisão nos princípios norteadores de como o
homem organiza o pensamento e as experiências por ele vivenciadas.
Opondo-se à visão tradicional, na qual a metáfora é compreendida como
fenômeno linguístico, utilizado na retórica e na poesia como mero adorno da
linguagem, a proposta de Lakoff e Johnson baseia-se no entendimento de que
o pensamento humano é, em grande parte, metafórico e que a figuratividade
se faz presente na linguagem cotidiana. Ancorados nesses pressupostos,
examinamos a metáfora como parte integrante de nossa linguagem diária e,
portanto, parte das formas de conhecermos e percebermos o mundo, com o
objetivo discutir, de maneira sucinta, como o processo de
ensino/aprendizagem de Inglês como Língua Estrangeira (ILE) pode ser
facilitado pela exposição do aluno a conceitos metafóricos. A investigação
semiexperimental envolveu dois grupos de dez participantes (um
experimental e outro de controle) e replicou, em parte, o modelo
desenvolvido por Ferreira (2007) para seu estudo com aprendizes,
concentrado na compreensão de metáforas em língua estrangeira (Inglês). Foi
constatado que, mesmo com limitações, os dados parecem sinalizar para um
melhor desempenho do grupo que recebeu a instrução sobre a metáfora
conceitual antes da aplicação dos instrumentos. Isso parece confirmar a
200
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

hipótese de que a inclusão de instrução relativa à metáfora conceitual no


processo de ensino e aprendizagem de Inglês como Língua Estrangeira (ILE)
pode, de fato, contribuir para um melhor desenvolvimento da compreensão
do aprendiz.

Palavras-chave: Metáfora, Teoria da Metáfora Conceitual, Ensino de


Línguas.

(RE) DISCUTINDO O ESTATUTO DA REESCRITA NO CONTEXTO


ESCOLAR E NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA
PORTUGUESA

Milene Bazarim
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados parciais de uma pesquisa,


em andamento, sobre letramento e formação do professor de Língua
Portuguesa, a qual investiga os efeitos de reversibilidade da escrita na prática
profissional do professor e no letramento de seus alunos. Trata-se de um
estudo de caso filiado ao campo aplicado dos estudos de linguagem
informado, principalmente, pela concepção de letramento como um conjunto
de práticas sociais situadas de uso da leitura e da escrita; de escrita como
trabalho; de texto não como um produto, mas como um processo que sempre
pode ser continuado e de reversibilidade como um processo de transformação
operado pelo produtor no seu próprio texto através de refacções e reescritas.
Além dos textos dos alunos, o corpus de referência é composto por
documentos que contemplam a escrita da professora de Língua Portuguesa
desde quando era aluna da Educação Básica (1990) até a sua atuação
enquanto professora (2014). Nos documentos do corpus que contemplam a
escrita da professora enquanto aluna da Educação Básica, não há sequer um
texto cuja intervenção do professor tenha culminado na reescrita, mas
201
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

existem vários exemplos de refacção. Já nos documentos que contemplam a


escrita enquanto professora de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental e
Médio, há vários exemplos de atividades que provocam e orientam a reescrita
dos textos dos seus alunos. Esses resultados são essenciais para que possamos
(re)ver a distinção entre refacção e reescrita, (re)discutir o estatuto das
atividades de escrita tanto na Educação Básica quanto na formação inicial e
continuada dos professores de Língua Portuguesa.

Palavras-chave: Reescrita, formação do professor, ensino de Língua


Portuguesa.

GÊNEROS ESCRITOS E TRABALHO DOCENTE: DO


PLANEJAMENTO ÀS PRÁTICAS DE ENSINO
Luciana Vieira Alves Rocha
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Maria de Fátima Alves


Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
O trabalho docente tem sido objeto de estudo de inúmeros pesquisadores, no
âmbito educacional brasileiro, nas últimas décadas do século XX e nos dias
atuais. Esta preocupação com a formação de professores constituiu-se um dos
focos investigativos do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD), que aborda a
atividade educacional como um trabalho. Nesse sentido, torna-se necessário
compreender a complexidade do trabalho docente e as concepções que
subjazem a sua prática em sala de aula. É pensando no agir docente e na
problemática do ensino de gêneros escritos, em nossa sociedade, que o
presente trabalho visa discutir as concepções docentes sobre gêneros
textuais/discursivos, o planejamento e as práticas de ensino do professor de
língua portuguesa, indo do trabalho prescrito, entendido como sendo “uma
representação do que deve ser o trabalho, que é anterior à sua realização
efetiva” (BRONCKART, 2006, p.208) ao realizado, considerado como a
atividade que é efetivamente realizada pelo professor em sala de aula.
(LOUSADA, 2006). Para tanto, fundamentamo-nos em estudos de Bakhtin
(1997); Antunes (2005); Marcuschi, (2010); Figueiredo e Bonini (2006) que
202
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

tratam da noção de gêneros textuais e da problemática do ensino de escrita,


bem como nos estudos de Bronckart (2006); Machado (2007); Medrado
(2011); Lousada (2006) que focalizam o trabalho do professor à luz do ISD.
Os resultados do estudo revelam contradições e distanciamentos entre as
concepções apresentadas, o planejamento e trabalho realizado pelos docentes.
O estudo também oferece uma reflexão sobre o trabalho docente, sobre o
fazer, pensar e o agir do professor, a partir de atividades elaboradas e
propostas de ensino aplicadas pelos docentes, utilizando o gênero como
ferramenta no processo de ensino e aprendizagem da escrita.

Palavras-chave: Trabalho docente, Ensino, Gênero Textual.

SARAU LITERÁRIO CULTURAL: UM EVENTO DE LETRAMENTO

Aline de Sousa Nascimento


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Muitos professores sentem dificuldades em introduzir a leitura de textos


literários em suas aulas. Relata-se neste trabalho a experiência vivenciada em
um projeto da área de Linguagens realizado em uma escola pública da
periferia de Fortaleza. O projeto se chama “II Sarau Literário Cultural: do
Romântico ao Moderno”, o qual proporcionou momentos de prazer e alegria
aos alunos ao procurar desenvolver o hábito da leitura de poemas e estimulou
a apreciação de manifestações artísticas, tais como música, dança, canto e
artes plásticas. Participaram estudantes do Ensino Fundamental e Médio com
confecções de murais criativos, seminários, apresentações musicais e
declamação de poemas. Esse projeto está em consonância com o conceito de
letramento o qual “refere-se à prática social da língua escrita, o qual inclui os
processos sociais da leitura e da escrita” (Magalhães, 2012). O foco deste
trabalho é a participação de alunos do 9° ano de Ensino Fundamental no
Sarau e como eles confeccionaram o mural criativo, o contato que eles
tiveram com poemas relevantes, os cantores estudados por eles, os artistas
plásticos sobre os quais pesquisaram. O letramento literário que adquiriram,
203
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

ou seja, o conjunto de práticas e eventos sociais que envolveram a interação


do leitor com o escritor, produzindo o exercício socializado na escola por
meio da leitura de textos literários. A culminância do projeto aconteceu na
quadra da escola com apresentações artísticas feitas pelos próprios alunos.
Este trabalho fundamenta-se com os Parâmetros Curriculares Nacionais
(Brasil, 1998); traz o conceito de letramento literário (Cosson, 2006) e
letramento como prática social (Magalhães, 2012).

Palavras-chave: Letramento literário, Evento de letramento, Sarau cultural.

A CORREÇÃO COM OS PARES NA SALA DE PLE: UM ESTUDO


COM INTERCAMBISTAS NA UFG

Lucas Gustavo do Nascimento Rigonato


Universidade Federal de Goiás (UFG)

O ensino de PLE tem ganhado certo destaque na academia nos últimos 20


anos (FARIA, 2015). A partir dos anos 1990 houve o surgimento de diversas
pesquisas realizadas nesse campo (ALMEIDA FILHO, 2011; BAGNO, 2001;
BARBOSA; SÃO BERNARDO, 2014; KUNZENDORFF, 1997). No
entanto, Almeida Filho (2011) chama atenção à necessidade de pesquisas na
área de PLE que reelaborem o ensino do idioma. Sobre a correção com os
pares, parto de uma visão em que a aprendizagem não é somente produto,
mas pode se dar no processo, na interação entre pares (VYGOTSKY, 1998;
FIGUEIREDO, 2006). Esta apresentação, portanto, é um recorte da minha
pesquisa de mestrado e fornece subsídios para melhor compreender o
processo de correção com os pares em um contexto de ensino de Português
como Língua Estrangeira (PLE). O estudo foi realizado com estudantes
intercambistas na Universidade Federal de Goiás no primeiro semestre de
2015. Neste recorte, analiso as respostas dadas pelos participantes a um dos

204
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

instrumentos de geração de dados, a entrevista. Os dados são analisados


qualitativamente, ou seja, tomando a realidade como dinâmica e construída
historicamente (REES, 1998), mas houve também a quantificação das
respostas encontradas com vistas a um entendimento mais claro de como os
participantes percebem a correção com os pares. O estudo geral tem por
objetivos investigar os possíveis benefícios da utilização de formulários de
orientação para a correção com os pares, verificar as alterações feitas nos
textos após os momentos de correção com os pares e compreender as
percepções dos alunos sobre cada modalidade de correção – com e sem o
auxílio do formulário de orientação. Os resultados encontrados neste recorte
demonstram que a correção com os pares é vista como que pode ser benéfico
para a aprendizagem de PLE.

Palavras-chave: Aprendizagem colaborativa, Correção com os pares,


Português como Língua Estrangeira.

O TEXTO AUTOBIOGRÁFICO NA SALA DE AULA: UMA


PROPOSTA DE TRABALHO COM A PRODUÇÃO ESCRITA PARA O
ENSINO FUNDAMENTAL

Flávia Cavalcante Rocha


Universidade Federal do Ceará (UFC)
Patrícia Gomes Bezerra Ribeiro
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Ler e escrever são duas aprendizagens essenciais numa sociedade baseada no
conhecimento, e um cidadão que não tenha domínio dessas duas
competências vê comprometido seu sucesso escolar e suas possibilidades de
inclusão social. Com este trabalho, objetivamos, então, contribuir com o
ensino e a aprendizagem da produção escrita por meio da produção de textos

205
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

autobiográficos por alunos do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola


pública municipal de Fortaleza-CE. Concebemos uma sequência didática,
baseada na proposta de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), como recurso
metodológico para verificar o desempenho dos alunos nos textos escritos
assim como comprovar a eficiência de tal procedimento como proposta de
ensino da produção textual. Desse modo, para desenvolver a competência dos
alunos na produção de textos, sobretudo os escritos, seguimos, ainda, as
orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa,
que norteiam o trabalho com gêneros textuais em sala de aula e certificam
que é necessário contemplar a diversidade de textos e gêneros, não apenas
por sua relevância social, mas também porque textos pertencentes a
diferentes gêneros são organizados de diferentes formas. Apresentamos,
então, atividades direcionadas para o trabalho com o gênero autobiografia em
sala de aula, gênero focalizado nesse trabalho. Nessa perspectiva,
trabalhamos a produção escrita, intencionando valorizar a identidade dos
alunos e ressaltar a sua importância como indivíduos participativos e críticos
na sociedade onde vivem. Em síntese, este trabalho se propõe a investir na
melhoria das práticas de leitura e escrita dos nossos alunos e pode ser
constituído como uma iniciativa pedagógica de aplicação do Modelo
Ideológico de Letramento preconizado por Street (2014).

Palavras-chave: Autobiografia, Produção escrita, Sequência didática.

“EU NÃO SEI LER”: UM ESTUDO SOBRE MUDANÇAS NO


DESEMPENHO LEITOR E EM CRENÇAS AUTOEXCLUDENTES
DE ALUNOS DO SEXTO ANO DE UMA ESCOLA PÚBLICA A
PARTIR DE PRÁTICAS DE LEITURA LITERÁRIA

Fátima Carla Furtado Silva Marques


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

206
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

O objetivo principal da pesquisa foi formular propostas didáticas que


auxiliassem no processo do letramento literário e que promovesse melhoria
no desenvolvimento da compreensão leitora proficiente de jovens da periferia
de Fortaleza. Acreditamos ser importante a realização de uma reflexão a
respeito das orientações de letramento que são modeladas pela escola que,
muitas vezes, é a única agenciadora de leitura literária (COLOMER, 2007).
Realizamos uma pesquisa-ação com uma turma de uma escola pública da
prefeitura de Fortaleza, totalizando 30h/a de intervenção com sequências
didáticas de leitura literária (COSSON, 2011). Buscamos analisar as
possíveis mudanças no sistema de crenças (BARCELOS, 2011) de alunos do
6º ano de uma escola pública de Fortaleza quanto à sua inclusão na
comunidade de leitores após um trabalho sistemático de práticas de leitura
literária e avaliar uma melhora no desempenho leitor desses alunos.
Inicialmente realizamos uma revisão dos estudos e teorias a respeito do uso
do texto literário em aulas de língua materna para o desenvolvimento da
compreensão leitora. Após os estudos teóricos, iniciamos a fase prática da
pesquisa: aplicação de um questionário sociocultural e perfil leitor e de um
pré-teste de compreensão leitora, elaboração de sequências didáticas com
textos literários, realização de sequência didática de práticas de leitura
literária, reaplicação dos questionários e do teste de compreensão leitora,
análise e comparação dos dados encontrados. Os resultados dessa pesquisa
mostraram uma significativa melhora nos nível de compreensão leitora da
turma. A turma apresentou bons avanços, mesmo levando em consideração o
curto período de tempo e de horas/aula dedicadas à inovação didática
introduzida em nossa pesquisa.

Palavras-chave: Leitura literária, Crenças auto-excludentes, Compreensão


leitora.

207
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

CONHECIMENTO PRÁTICO PROFISSIONAL NA FORMAÇÃO DE


PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA

Gyzely Suely Lima


Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM)

O objetivo deste trabalho é apresentar uma discussão sobre os resultados da


pesquisa que desenvolvi com um grupo de professores participantes de uma
oficina sobre o uso de ferramentas digitais na sala de aula baseando-me na
concepção de conhecimento prático profissional de Connelly e Clandinin
(1995). Partindo da experiência vivida com esse grupo de professores da
educação básica e refletindo sobre a minha trajetória de formação
profissional, percebi que a necessidade da busca em me formar como
professora desde o início da minha carreira profissional era constante. A
postura que eu tinha nesse processo de formação profissional, bem como da
maioria dos professores participantes dessa pesquisa, era baseada na
concepção de que o conhecimento estava nos centros de treinamento
especializados, em cursos específicos oferecidos pela universidade e nos
tratados científicos que registram as teorias da área da linguística aplicada.
Destaco uma das considerações resultantes dessa pesquisa: há uma tendência
entre os profissionais da educação em ignorar o conhecimento que
produzíamos em sala de aula com os alunos ou nas reuniões entre os colegas
professores. Com o olhar mais atento, nessa investigação fundamentada na
perspectiva teórico-metodológica da Pesquisa Narrativa (CONNELLY &
CLANDININ, 1998, 2000, 2011), procuro me informar sobre como esse
grupo de docentes entende o conhecimento prático profissional do professor.
Percebi que as concepções desse grupo de professores sobre o conhecimento
construído por eles, durante sua própria experiência, estão diretamente
relacionadas ao contexto da instituição de ensino em que trabalham. Esse fato
é ressaltado por Connelly e Clandinin (1995) que acreditam que a vida
profissional dos professores se molda na paisagem do conhecimento
profissional moralmente orientado e consideram, como pesquisadores
narrativos, a ligação entre conhecimento e valor em relação às vidas dos
professores. Como possível direcionamento, proponho que sejam criadas
oportunidades de validação do conhecimento prático profissional do
professor.
208
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Palavras-chave: Experiência docente, Conhecimento prático profissional,


Pesquisa Narrativa.

O MODELO CREATES E A ESCRITA CRIATIVA EM INGLÊS

Carlos Eduardo de Araujo Placido


Universidade de São Paulo (USP)

No momento, nosso mundo parece estar diminuindo rapidamente. Os


conceitos de tempo e espaço nunca foram tão revisitados, bem como as
nossas formas de obter nosso conhecimento (ou conhecimentos). De acordo
com o WTTC (World Travel and Tourism Council, 2008), há um número
crescente de pessoas que viajam todos os anos, o que representa mais pessoas
se comunicando em uma língua diferente da deles. Curiosamente, o turismo
não é o único cenário onde há necessidade do uso de uma língua “comum”.
Esta necessidade também se recai sobre o mundo cooperativo e acadêmico,
bem como, sobre outras áreas. Pessoas com diferentes línguas precisam de
uma mesma língua para se comunicarem, mesmo que essa língua não seja a
língua materna de nenhuma delas. Neste caso, uma terceira língua entra em
jogo. Ao invés de ser simplesmente uma ferramenta de comunicação, esta
terceira língua pode ter implicações diretas sobre a identidade das pessoas e
suas relações sociais. Portanto, o objetivo deste artigo é o de investigar
algumas das causas que levaram a língua inglesa a se tornar a língua franca
na academia. Com base teórica em Jenkins (2000), Seidhofer (2004),
Matsuda (2010) e Horner (2011) entre outros, este artigo está divido em três
partes. Na primeira parte, ele traz uma leitura dos principais conceitos acerca
do termo língua franca. Já na segunda parte, ele expõe a importância da
língua inglesa no mundo atual. Por fim, este artigo discute alguns dos
principais pontos que justificam a utilização do inglês como língua franca na
academia.

209
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Palavras-chave: Inglês como língua franca, Letramento acadêmico, Língua


inglesa.

VERBOS MODAIS EM ARTIGOS DE OPINIÃO: DESENVOLVENDO


A CRITICIDADE EM SALA DE AULA

Thamara Santos de Castro Goulart


Universidade Federal Fluminense (UFF)

Como professores de Português, nosso trabalho consiste em fornecer aos


alunos ferramentas para o desenvolvimento contínuo e gradual da habilidade
em leitura e escrita em sua língua materna. Uma dessas ferramentas é
apresentar ao aluno recursos linguísticos que contribuirão para seu
desenvolvimento como leitor e produtor consciente. Para isso, é interessante
que trabalhemos o texto segundo a concepção interacional da língua, em que
“os sujeitos [autor/leitor] são vistos como atores/construtores sociais, sujeitos
ativos que – dialogicamente – se constroem e são construídos no texto”
(KOCH, 2014:202). Dessa forma, a leitura é entendida como uma atividade
interativa entre autor-texto-leitor, em que a produção de sentidos se realiza
por meio dos recursos linguísticos e sua organização na superfície textual
(KOCH, 2014:202). Além dessas concepções de texto e leitura e na ideia de
que “usamos a língua como um meio de organizarmos outras pessoas e
determinarmos os seus comportamentos” (GOUVEIA, 2009), utilizaremos,
como fundamentação teórica, a Linguística Sistêmico-Funcional
(HALLIDAY, 2004), principalmente, o conceito de metafunção interpessoal,
que está atrelada às relações estabelecidas entre os participantes da interação.
Dessa forma, este trabalho tem como objetivo geral apresentar uma opção ao
ensino de verbos que priorize a língua em uso. Além disso, há os objetivos
específicos que são: observar a utilização dos verbos modais em artigos de
opinião; aprimorar a leitura crítica na Escola Básica. Assim, tentamos
contribuir para que o aluno desenvolva habilidade leitora, “(...) servindo de
210
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

ancoragem para uma ação político-cultural de vanguarda por parte do público


leitor” (MELO, 1999:108), o que, consequentemente, influenciará na sua
formação como cidadão, meta primeira dos PCN.

Palavras-chave: Verbos modais, Artigos de opinião, Leitura crítica.

A REFACÇÃO TEXTUAL EM GRUPOS DE APRENDIZAGEM


COOPERATIVA
Raimundo Nonato Moura Furtado
Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Nukácia Meyre Silva Araújo


Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Nos últimos anos, são muitas as pesquisas que têm apresentado uma mudança
de visão em relação ao estudo da escrita. Esses trabalhos sinalizam uma
mudança da visão centrada no sujeito cognitivo, para o modo interativo e,
mais recentemente, para os modos de participação do outro nesse processo
(GARCEZ, 2010). Nossa pesquisa, em desenvolvimento, tem por objetivo
analisar as formas de participação do outro na negociação de sentidos durante
processo de refacção textual necessário à organização de enunciados escritos.
De igual modo, são objetivos específicos deste trabalho: a) analisar se a
interação promotora face a face, inerente aos grupos de aprendizagem
cooperativa, promove uma atitude responsiva como fomentadora do
entendimento pessoal e de habilidades de ordem superior (criticar, analisar e
julgar); b) identificar os exercícios exotópicos através da interação face a face
no processo de refacção textual; e c) propor um modelo de produção textual
no qual os estudantes sejam capazes de cooperar e estabelecer relações
interpessoais positivas. A ancoragem teórico-conceitual que apoia esta
proposta são os construtos sociointeracionistas elaborados, em particular, por
Bakhtin (1992, 1997) e seu círculo, bem como os pressupostos da
aprendizagem cooperativa (JOHNSON & JOHNSON, 1989; JOHNSON &
JOHNSON E SMITH, 2000). A busca por uma metodologia que comporte
uma análise da linguagem numa perspectiva sociointeracional sinaliza nossa
211
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

escolha por um tipo de pesquisa qualitativa. Seu corpus é composto, em


parte, pelas diferentes versões dos textos produzidos cooperativamente por
estudantes participantes de um projeto de extensão universitária desenvolvido
dentro de uma escola pública estadual em Fortaleza – CE. Esperamos, com os
resultados, sistematizarmos uma proposta de produção textual para grupos de
aprendizagem cooperativa.

Palavras-chave: Refacção textual, Interação, Aprendizagem cooperativa.

212
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

A PRÁTICA DA REVISÃO TEXTUAL NA FORMAÇÃO DO


PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA

Andréa Cristina Soares Costa


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Alana Helena de Morais


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Nos estudos sobre a formação de professores, dentre as diversas discussões


realizadas, destaca-se a temática do letramento, visto nesse contexto, como
uma prática social em que a leitura e a escrita exercem um papel
fundamental. No campo da Linguística Aplicada, evidencia-se a preocupação
de pesquisadores em analisar, na perspectiva acadêmica, como os estudantes
(re)agem em certas práticas de letramento. Com vistas a essas preocupações,
este artigo pretende discutir a prática de revisão textual, realizada por alunos
do curso de Letras, como evento de letramento que contribui para a formação
docente de futuros professores de Língua Portuguesa. Para amparar,
teoricamente, as discussões aqui desenvolvidas, parte-se das contribuições de
Guedes (2006); Rojo (2006 e 2009); Tinoco (2003); Kleiman (2007); Oliveira
e Kleiman (2008); Antunes (2003); Possenti (2005). No aspecto
metodológico, opta-se pela pesquisa qualitativa de caráter documental, além
do uso de instrumentos etnográficos como uma entrevista junto a uma
professora do curso de Letras da Faculdade do Vale do Jaguaribe – FVJ,
coordenadora do projeto “Caminhos da Profissão”. Este projeto adota a
revisão textual como prática de letramento que contribui para a formação
docente. O objetivo da entrevista tem como cerne a identificação de quais são
os procedimentos adotados pelo formador na prática da revisão e quais são as
percepções de escrita empregadas em relação ao letramento acadêmico em
cursos de Letras. A pesquisa evidenciou que a prática da revisão textual
contribui no processo de letramento do professor, no sentido de que é mais
um subsídio ao professor de Língua Portuguesa para o entendimento do
funcionamento das práticas sociais de leitura e escrita efetivadas em domínio
acadêmico.

Palavras-chave: Letramento, Prática Social, Revisão Textual.


213
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES METAFONOLÓGICAS:


UM ESTUDO COM CRIANÇAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Maria das Doris Moreira de Araújo


Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA)

Este trabalho tem por objetivo apresentar uma discussão sobre o


desenvolvimento de habilidades metafonológicas. Tal discussão baseia-se em
uma pesquisa de campo com crianças de pré-escola e anos iniciais do ensino
fundamental de escola públicas do município de Sobral, Ceará. Como suporte
teórico, contamos com os princípios de Barrera (2003), Guimarães (1995) e
Bradley e Bryant (1985), que defendem essas habilidades como necessárias
para a aprendizagem da leitura e da escrita. Seguimos Morais (2012),
Capovilla et al (2007), Adams et al (2006), Cielo (2001) e (1996) defendendo
que as habilidades metafonológicas se manifestam pela capacidade de a
criança refletir sobre as estruturas linguísticas e pela capacidade de segmentá-
las em unidades mínimas. Assim, frases são formadas por palavras, palavras
são formadas por sequências de sons, e fonemas estão unidos a grafemas.
Sem essa capacidade de reflexão, a criança não consegue avançar na
apropriação do sistema de sua língua materna. A escola tem um papel
fundamental no desenvolvimento de tais habilidades, as quais devem ser
pensadas como fatores essenciais no processo de ensino e aprendizagem. A
capacidade para refletir sobre as propriedades fonológicas da língua começa a
se desenvolver muito cedo na criança, de forma espontânea, antes mesmo de
começar a ir para a escola, mas se expande com o ensino formal. A criança
precisa ser inserida em situações contextuais e sistemáticas. Defendemos,
portanto, que este trabalho é relevante por apresentar uma discussão que
expõe de que maneira as habilidades metafonológicas se manifestam na
criança e por discutir sobre o ensino e a aprendizagem da língua materna nos
anos iniciais escolares.

Palavras-chave: Crianças, Habilidades Metafonológicas, Ensino-


aprendizagem.

214
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

A INTERDISCIPLINARIDADE E O SABER GLOCAL NO ENSINO


DE INGLÊS

Eliana Márcia dos Santos Carvalho


Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Este trabalho versa a respeito do conhecimento que o professor traz consigo


ao ingressar na carreira docente e que, paulatinamente, ao longo da
experiência docente adquire aliado às teorias desenvolvidas pelos
pesquisadores nas universidades e que podem ser adaptadas ao seu “modo de
trabalhar”, constituindo assim o saber glocal (Canagarajah, 2005). É também
fruto de uma reflexão advinda de novos saberes provenientes dos estudos
realizados durante o Doutorado em Linguística Aplicada em Estudos da
Linguagem – LAEL, sobre as particularidades da interdisciplinaridade no
processo ensino-aprendizagem. A reflexão feita a respeito da
homogeneização, que pode acontecer com os saberes devido à globalização,
levou-me a perceber a importância e o valor do saber local. Utilizo as
reflexões de Celani (1996) sobre a formação docente, e a abordagem
interdisciplinar postulada por Fazenda (1979, 1999 e 2008) para dissertar a
respeito do processo de formação do professor de Língua Inglesa.
Observando que a Linguística Aplicada tem o seu campo muito amplo,
constatei que pode ser traçada uma linha do tempo na aprendizagem de inglês
e na prática de ensino de língua. Alguns fatos merecem ser narrados porque
me influenciaram de forma singular na mudança de postura relacionada a
convicções no campo profissional e também acadêmico. Como aprendiz e
também como professora, transgredi as regras que estavam sendo colocadas
em prática no meu processo de formação. Alguns educadores ainda
trabalhando no molde da educação bancária descrita pelo educador Paulo
Freire anos atrás, achavam que iam prejudicar os alunos preparando
armadilhas para “testar” o seu conhecimento. Os estudos realizados para a
construção deste artigo sinalizam a eficiência da junção “teoria, prática e
reflexão” nas ações a serem desenvolvidas, antes de seguir o que é
determinado pelo sistema.

Palavras-chave: Formação de professor de inglês, Saber glocal,


Interdisciplinaridade.
215
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

A CONSTRUÇÃO DO PERFIL IDENTITÁRIO NOS PROJETOS DE


LETRAMENTO

Adriana Hanayá Ferreira Cabral


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ProfLetras/UFRN)

A discussão sobre a ressignificação das práticas de leitura e escrita tem


levado profissionais a desenvolver projetos de letramento (KLEIMAN, 2000)
com alunos e professores de educação básica (TINOCO, 2008; CUNHA,
2010; SANTOS, 2012; FERNANDES, 2016). Sabemos que esses projetos
surgem de um interesse real da vida de estudantes e professores. Logo, seu
ponto de partida é uma prática social. Neles, docentes e alunos leem e
escrevem para alcançar um objetivo específico, com produção, circulação e
recepção reais. Porém, como considerar as necessidades de nossos estudantes
se mal os conhecemos? De fato, um trabalho de perspectiva situada requer
mais do que a caracterização geral da comunidade de aprendizagem
(AFONSO, 2001) com a qual estamos lidando, exige um mapeamento de
necessidades reais desses aprendizes. Para tanto, apresentamos uma proposta
de escrita do perfil de cada estudante de uma turma de 7º ano do Ensino
Fundamental de uma escola pública estadual, localizada em Natal/RN. Nessa
proposta, orientamos que os escreventes contemplassem três aspectos:
identidade do autor, caracterização da família, explicitação da relação do
autor com a leitura e a escrita. Com o objetivo inicial de conhecer nossos
parceiros de aprendizagem, essa prática de escrita, que teve início com a
exposição do perfil da própria professora, revelou outros aspectos
importantes para o desenvolvimento de novas ações colaborativas: o acervo
de leitura declarado por esses estudantes e o posicionamento social de leitores
e escreventes. Nesta comunicação, objetivamos refletir sobre tais aspectos e
sinalizar em que medida eles podem contribuir na ressignificação do ensino-
aprendizagem de escrita em língua materna. Do ponto de vista teórico-
metodológico, respaldamo-nos nos Estudos de Letramento (KLEIMAN,
2000; TINOCO, OLIVEIRA, SANTOS, 2011), na Pedagogia Crítica
(FREIRE, 1996) e nos trabalhos de natureza qualitativo-interpretativista de
vertente etnográfica ligados à Linguística Aplicada (MOITA LOPES, 2006).

216
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Palavras-chave: Perfil identitário, Leitura e Escrita, Projeto de Letramento.

O QUE PODE MUDAR NO ENSINO-APRENDIZAGEM DA ESCRITA


MOTIVADO POR UM EVENTO DE LETRAMENTO?

Jaciara Limeira de Aquino


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPgEL/UFRN)

No campo dos estudos de letramento numa perspectiva etnográfica


(KLEIMAN, 1995), compreende-se que a leitura e a escrita são práticas
sociais com as quais as pessoas interagem em diversas situações
comunicativas. Seguindo essa perspectiva, temos como objetivo, nesta
comunicação oral, analisar possíveis mudanças que ocorrem no processo de
ensino-aprendizagem da modalidade escrita da linguagem ao tomarmos como
ponto de partida não um conteúdo tampouco um gênero discursivo pré-
definido, mas um debate regrado, entendido como evento de letramento
(HAMILTON, 2003). Para dar visibilidade a esse processo, apresentamos um
recorte de dados gerados em um projeto de letramento (KLEIMAN, 2000)
desenvolvido na disciplina Práticas de Leitura e Escrita – II (PLE-II), durante
setembro e outubro de 2015, na Escola de Ciências e Tecnologia (ECT), da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Esse projeto partiu
de uma problemática local: permanência (ou não) de vendedores ambulantes
no campus da UFRN. Na análise, descrevemos, inicialmente, o papel que a
escrita adquire nesse evento e, em seguida, mapeamos dois aspectos que
comprovam a possibilidade de ressignificação do processo de ensino-
aprendizagem da escrita motivado por um evento de letramento: (i) escrita
como prática social; (ii) empoderamento dos escreventes. Teoricamente,
ancoramo-nos nos estudos de letramento (KLEIMAN, 1995; 2000; TINOCO,
2008) e na teoria dos gêneros baseada na Nova Retórica (BAZERMAN,
2007; 2011) e, metodologicamente, inserimo-nos em uma pesquisa de linha
217
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

qualitativa e interpretativista ligada à Linguística Aplicada (MOITA-LOPES,


2006). A análise dos dados nos mostrou que, ao se tomar a escrita como
prática social, ela não se restringe a uma mera atividade escolar de
comprovação de habilidades linguístico-textuais ou ortográficas e que o
empoderamento dos escreventes acontece porque o trabalho com a escrita
tem função social que ultrapassa a atribuição de uma nota, atinge outros
meios e outras pessoas com vistas à resolução de um conflito.

Palavras-chave: Projeto de Letramento, Evento de Letramento,


Ressignificação do Ensino de Escrita.

PRÁTICA DE LETRAMENTO ESCOLAR E O GÊNERO


DISCURSIVO ARTIGO DE OPINIÃO

Aline de Sousa Nascimento


Universidade Federal do Ceará (UFC)
Docentes, mediante práticas de letramento, conduzem o alunado à reflexão, à
organização de ideias e a perceber finalidades na leitura e na escrita. Sabe-se
que há dificuldades no alunado do Ensino Fundamental de construir textos
argumentativos, pois esse gênero exige a construção de tese, sustentada e
legitimada por argumentos e contra-argumentos, mais conclusão coerente.
Docentes buscam formar o alunado para a escrita com significado, logo a
produção do artigo de opinião é um veículo importante de argumentação,
refutação e defesa de posição. As práticas de letramentos como práticas
sociais culminam no evento de letramento. O presente trabalho objetiva
analisar 12 artigos de opinião produzidos por 12 alunos de nono ano do
Ensino Fundamental de uma escola pública estadual; alunos oriundos de
turmas e turnos diferentes, os quais estudaram o gênero discursivo artigo de
opinião. Foram identificados os seguintes aspectos: como os alunos
organizaram seus conhecimentos de mundo, suas próprias experiências a fim
218
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

de se inspirarem para produzirem seu próprio texto. Os discentes souberam


diferenciar tema de assunto? Os discentes criaram e defenderam a tese? Quais
os tipos de argumentos utilizados? Analisamos que os estudantes discorreram
sobre suas ideias e conhecimentos a partir do tema abordado e trouxeram
muito de sua personalidade na maneira como organizaram seu discurso.
Organização de ideias na mente para transpô-las para o papel ajuda o alunado
a criar uma consciência crítica, de que as situações podem ser questionadas.
Dialoga com esta ideia a afirmação de Fairclough (2008, p.92): “A prática
discursiva é constitutiva tanto de maneira convencional como criativa:
contribui para reproduzir a sociedade (identidades sociais, relações sociais,
sistemas de conhecimento e crença) como é, mas também contribui para
transformá-la”.

Palavras-chave: Prática de letramento, Letramento escolar, Artigo de


opinião.

REFLETINDO SOBRE POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES DA


ABORDAGEM CLIL NO ENSINO DE LE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
NO BRASIL

Edineia Braunn
Universidade Federal do Espírito Santo (PPGE-UFES)

Kyria Finardi
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Este trabalho tem como objetivo refletir sobre possibilidades e limitações da


abordagem de ensino de conteúdos diversos por meio da língua (Content and
219
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Language Integrated Learning ou CLIL na abreviação em inglês) para o


ensino infantil de língua inglesa (LI). Com tal objetivo o estudo realizou uma
revisão de literatura no portal da Capes e no Google acadêmico e selecionou
24 artigos relevantes para o tema. A análise das possibilidades e limitações
dessa abordagem foi feita de forma qualitativa e de forma geral os resultados
preliminares sugerem que algumas possibilidades do uso dessa abordagem na
Educação Infantil de LI no Brasil são: proporcionar a aquisição da língua e
do aprendizado de conteúdos de forma dinâmica e natural, proporcionando
uma maior proficiência em todas as habilidades linguísticas, além de
combater a falta de relevância do ensino da língua baseado em progressão
gramatical e, por consequência, elevar a motivação dos aprendizes através do
alinhamento do desenvolvimento cognitivo e linguístico, regenerando o
ensino de conteúdos, pois abriga um desenvolvimento e flexibilidade no
aprendiz por meio de sua abordagem construtivista. Alguns desafios
encontrados são: a formação acadêmica de professores insuficiente para atuar
nesse segmento, pois os professores formados para atuar no ensino de LI não
recebem formação para atuar na Educação Infantil, assim como os
professores formados em Pedagogia e considerados aptos para atuar na
Educação Infantil, de modo geral, não possuem proficiência linguística
suficiente na língua estrangeira para atuar nessa modalidade. Falta de
políticas de incentivo ao aprendizado da LI a partir da Educação Infantil.
Com base nesses resultados o estudo sugere propor caminhos para a
formação de professores de línguas (inicial e continuada) para atuar nesses
espaços formativos a partir da Educação Infantil.

Palavras-chave: CLIL, Ensino de língua inglesa, Educação Infantil.

220
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

O PROCESSO DE CORREÇÃO DIALOGADA ENTRE PROFESSOR


E ALUNOS E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A ESCRITA
COLABORATIVA DE TEXTOS EM INGLÊS

Paula Franssinetti de Morais Dantas Vieira


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)

Francisco José Quaresma de Figueiredo


Universidade Federal de Goiás (UFG)

Nesta pesquisa me proponho a investigar como professor e alunos constroem,


de maneira conjunta e interativa, momentos significativos de aprendizagem
durante as aulas. Nesse sentido, observo mais atentamente uma forma
alternativa de correção: a correção dialogada entre professor e aluno
(BRENDER,1998; FIGUEIREDO, 2005; WALKER, 1992); e busco verificar
como essa ferramenta colaborativa, amparada pela teoria sociocultural, pode
contribuir para a melhoria da escrita de textos em inglês pelos aprendizes
(ALLWRIGHT; BAILEY, 1991; BRUFEE, 1999; FIGUEIREDO, 2006a,
2009; FIGUEIREDO; LIMA, 2013). Baleghizadeh e Zarghami (2012)
esclarecem que esse tipo de correção representa um momento de interação,
de diálogo entre o professor e seus alunos, servindo, ao mesmo tempo, como
uma forma de avaliação do desempenho educacional dos aprendizes, cujo
foco recai sobre as suas necessidades durante o processo de aprendizagem
por eles vivido e experienciado. A correção dialogada auxilia o aluno a
diminuir sua ansiedade em relação ao erro e, ao mesmo tempo, contribui para
que o aprendiz solucione suas dúvidas diretamente com o professor. Trata-se
de um estudo de caso (BIALYSTOK; SWAIN, 1978; JOHNSON, 1992)
quali-quantitativo de natureza etnográfica colaborativa (BORTONI-
RICARDO; PEREIRA, 2006), cujos dados foram coletados no segundo
semestre de 2013 em uma IES pública em Goiânia e contou com a
participação de uma professora e seus onze alunos, que cursaram a disciplina
Prática Escrita de Inglês II. Todas as aulas e momentos de correção dialogada
foram gravadas em vídeo, questionários foram aplicados à professora e aos
alunos, e entrevistas após os momentos de correção dialogada foram
realizadas com os participantes. A análise dos dados confirma a importância
221
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

da correção dialogada para a interação professor/aluno e aos poucos revela


que esse processo pode conduzir o aprendiz por caminhos que o tornam mais
autônomo, conforme advogam Benson e Voller (1997) e Pennycook (1997),
entre outros.

Palavras-chave: Colaboração, Texto, Correção.

A ESCRITA ACADÊMICA NAS PRÁTICAS DE LETRAMENTO:


UMA REFLEXÃO SOBRE ATIVIDADES REPARADORAS

José Hipólito Ximenes de Sousa


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

É crescente e o esforço significativo na tentativa de reparação da escrita


acadêmica de escritores iniciantes, principalmente, devido a crescente
expansão do ensino superior no Brasil. Neste artigo, temos por objetivo
analisar a questão da remediação em escrita acadêmica de escritores
iniciantes através da leitura e reflexão de artigos cuja temática central é a
preocupação com a escrita na universidade. O método utilizado nesta
investigação foi de natureza qualitativa, de caráter exploratório, mediante o
levantamento de um corpus com 97 artigos que tratam sobre práticas de
letramento acadêmico ou escrita acadêmica num período de duas décadas. O
corpus utilizado foi tratado através da ferramenta de linguística de Corpus
AntConc e GraphColl que nos permitiu perceber as ocorrências de estudos
direcionados a reparação da escrita acadêmica na universidade. Nesse
contexto, apoiamo-nos no letramento como prática social específica (GEE,
2015) e na escrita na universidade (ROSE, 1985, FISHER,2007) para tentar
responder as seguintes questões relativas as remediações em escrita
acadêmica: 1) Quais “erros” são aceitáveis na escrita acadêmica? 2) É
222
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

possível isolar e definir novas habilidades na escrita acadêmica? 3) Urge nas


universidades brasileiras cursos de reparação das deficiências na escrita
acadêmica? Teoricamente baseamo-nos em Street, 2003; Gee, 1999; Lillis;
2002; Lea & Street, 1998; Wingate, 2015 que tratam sobre práticas de
letramento acadêmico e Rose, 1985; Flower e Higgins,1991; Hyland,
2000,2009; Motta-Roth e Hendges, 2010 que tratam do ensino de escrita na
universidade. As análises preliminares são reveladoras de que é necessária
maior atenção ao ensino de escrita acadêmica principalmente para os alunos
que chegam à universidade e precisam de um acompanhamento eficaz.

Palavras-chave: Escrita acadêmica, Letramento acadêmico, Atividades


reparadoras.

A CULTURA DE APRENDER E A AUTONOMIA DO APRENDIZ NO


PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA NO
CONTEXTO PÚBLICO ESCOLAR

Maria Teresa Sousa Serpa


Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC-MA)

Sebastiana Sousa Reis Fernandes


Instituto Federal do Maranhão (IFMA)

Este trabalho constitui-se um recorte de nossa tese de doutoramento intitulada


Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa como língua estrangeira: análise
de crenças no contexto público escolar. Tem como objetivo compreender a
“cultura de aprender dos alunos” (SILVA, 2005) sobre a autonomia dos
educandos no processo de aprendizagem da língua inglesa no contexto
público escolar. Com este estudo, procuramos responder algumas questões
norteadoras da pesquisa tais como: quais as percepções dos estudantes do
oitavo ano do ensino fundamental II sobre ensino e aprendizagem de língua
inglesa? Até que ponto a “cultura de aprender dos alunos” (SILVA, 2005)

223
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

poderia promover ou inibir a autonomia dos educandos no processo de


aprendizagem da língua inglesa? Para respondermos tais questionamentos,
este estudo de natureza qualitativa-interpretativista (BOGDAN/BIKLEN,
1994); (BORTONI-RICARDO, 2008) utilizamos os seguintes instrumentos
de geração de dados: um inventário de crenças baseado no BALLI (Beliefs
About Language Learning Inventory), questionários fechados, mistos e
entrevista-semiestruturada. A pesquisa, contou, ainda, com a participação de
uma população alvo constituída por noventa discentes do ensino fundamental
II de escolas públicas estaduais da cidade de São Luís do Maranhão. O
referencial teórico utilizado baseou-se nos estudos sobre crenças
(BARCELOS 1995; 2001; 2004; 2011, ALANEN, 2003; DUFVA, 2003;
BRAIT, 2005; SILVA, 2005, 2007; BAKHTIN, 2009; FARACO, 2009;
ALMEIDA FILHO, 2010); e, nos estudos sobre autonomia do aprendiz, a
pesquisa se baseou em Dickinson (1987); Freire (1996); Nicolaides (2003);
Fernandes (2005); Benson (2006, 2008); Paiva (2006); dentre tantos outros.
Os resultados da pesquisa evidenciaram uma “cultura de aprender dos
alunos” (SILVA, 2005) oriunda de várias fontes que pode tanto promover
quanto inibir a autonomia dos educandos no processo de aprendizagem da
língua inglesa. Ademais, uma autonomia que pode ser ofuscada mediante a
convivência dos educandos com “aglomerados de crenças” (SILVA, 2005)
sobre a aprendizagem da língua inglesa no contexto público escolar.

Palavras-chave: Cultura de Aprender do Aluno, Aprendizagem de Língua


Inglesa, Autonomia do Aprendiz.

ESTUDO DE PROPAGANDAS DA HORTIFRUTI COMO RECURSO


DIDÁTICO PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA
PORTUGUESA NO ENSINO FUNDAMENTAL II

Luana Monteiro do Nascimento


Universidade Federal do Ceará (UFC)

224
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Jeannie Fontes Teixeira


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Raquel Nunes Nocrato


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Os gêneros discursivos, desde a última publicação dos Parâmetros


Curriculares Nacionais, têm despontado no contexto escolar como ferramenta
de teorização e de explanação sobre o funcionamento da linguagem para criar
e recontextualizar interações sociais. Desta feita, apresentam-se as
Propagandas da Hortifruti, empresa destinada à venda de frutas, legumes e
verduras. Para realização desta ação, a empresa utiliza-se de campanhas
publicitárias, a exemplo da Liga da Saúde, a qual remete a títulos de filmes
de grande conhecimento social, com a intenção de parodiá-los. Nosso
objetivo é analisar descritivamente propagandas da campanha Liga da Saúde,
da Hortifruti, na perspectiva bakhtiniana, e propor a utilização destas na
prática escolar do ensino fundamental, tendo em vista o caráter dialógico
entre textos e discursos. Nossa pesquisa é descritiva, de abordagem
qualitativa, tendo como objetivo destacar a dinâmica do gênero anúncio
publicitário segundo suas esferas de produção, circulação e recepção, nas
quais se analisaram os elementos macrogenéricos e microgenéricos em cinco
propagandas. Para tanto, baseou-se em Sobral (2009), o qual apresenta
questões de análise de gênero na perspectiva bakhtiniana. Observamos que a
dinâmica dos gêneros vai além de alguma característica linguístico-textual
intrínseca, pois se concretiza materialmente, pelo texto, mediada pelo
discurso. Assim o projeto enunciativo é determinante na análise para a
compreensão do gênero e deve ser observado pelo docente de ensino
fundamental na orientação de atividades de leitura. Considera-se o trabalho
com gêneros da esfera publicitária relevante para o contexto escolar, em
especial as propagandas estudadas, tendo em vista a natureza interacional
destes, uma vez que estão associados ao social, isto é, a contextos e
elementos espaço temporais.

Palavras-chave: Gêneros discursivos, Análise de gêneros, Aulas de Língua


Portuguesa.

225
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE GÊNEROS ORAIS NA


ESCOLA DE NÍVEL BÁSICO

Lílian Paula Leitão Barbosa


Universidade Federal do Ceará ( UFC)

Vendo que o trabalho com gêneros orais na escola, na maioria das vezes, é
deixado em segundo plano, e, quando há este trabalho em sala de aula, ele
está estritamente relacionado ao trabalho com a escrita, sendo, quase sempre,
uma oralização do texto escrito, não sendo atribuído o seu real valor dentro
de um contexto sócio comunicativo com as inúmeras variantes linguísticas e
não linguísticas que um texto oral pode proporcionar, o presente estudo tem
como objetivo principal modelizar uma sequência didática para o ensino
específico de gêneros orais na escola de ensino fundamental II (mais
precisamente para uma turma do nono ano) tendo em mente que “uma
sequência didática é um conjunto de atividades escolares organizadas, de
maneira sistemática, em torno de um gênero textual ou escrito” (DOLZ,
2010). Para isso, será escolhido um gênero oral específico, já que o modelo
didático do gênero nos fornece, de forma bastante objetiva, os objetos
principais para o ensino, e esse será trabalhado, de preferência, de forma
autônoma em sala de aula, instituindo-se como um objeto concreto de
aprendizagem que será estudado e refletido segundo suas características
linguísticas, estruturais, comunicativas e sociais de uso. A ficcionalização
desse gênero oral (SCHNEUWLY, 2010), portanto, será necessária, já que o
professor deverá deixar claro para o aluno todo o contexto social de produção
e de aplicação do texto produzido, assim como todos os agentes envolvidos.
Para tanto, este trabalho será ancorado no modelo de sequência didática
proposto por Dolz (2010), na noção sobre gêneros de Bakhtin (1992) e na
visão de linguagem interacionista sociodiscursiva de Bronckart (1999).

Palavas-chave: Ensino, Gêneros orais, ISD

226
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

ANÁLISE LINGUÍSTICA DE ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS: UMA


PROPOSTA PARA O ENSINO DE ADJETIVO

Renalle Ramos Rodrigues


Universidade Federal de Campina Grande (UFCG/Pós-le)

Maria Augusta Reinaldo


Universidade Federal de Campina Grande (UFCG/Pós-le)

As orientações oficiais atuais para o ensino reflexivo de língua, inspiradas


nas contribuições dos estudos descritivos e aplicados, recomendam que em
nossas aulas de reflexão sobre a língua sempre busquemos alternativas para
um ensino das unidades linguísticas que fuja da prática exclusiva de definição
e classificação dos fenômenos linguísticos. Tendo isso em vista, o objetivo
norteador deste estudo é descrever uma situação de ensino de adjetivo
articulado com a leitura e produção de anúncios publicitários. Adotamos
como referencial teórico a abordagem descendente de inspiração
interacionista sócio discursiva, que contempla as condições de produção do
texto como determinantes da sequência textual e das unidades linguísticas
constitutivas dos mecanismos de textualização e de responsabilização
enunciativa. Os dados de análise foram gerados numa pesquisa-ação em
andamento, no contexto de aplicação em sala de aula de uma sequência de
atividades integradas de leitura, análise linguística, escrita e reescrita de
textos, destinadas a alunos dos anos finais do ensino fundamental em situação
de reforço escolar em uma escola do município de Boqueirão, localizada no
interior do cariri paraibano. Os resultados parciais apontam para fato de os
alunos que estão sendo contemplados com aulas que se apresentam de modo
diferente do que se tem como "aulas de língua", uma sucessão de normas
descontextualizadas, passaram a compreender que as regras gramaticais são
inerentes a língua que utilizam e fazem-se presentes em tudo o que leem e
escrevem. Além de que surge uma maior atenção dos alunos no
reconhecimento dos significados da escolha dessa classe gramatical em
exemplares do gênero anúncio.

227
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Palavras-chave: Reflexão sobre língua, Morfossemântica do adjetivo,


Mecanismos enunciativos.

A INTERAÇÃO COMO AVALANCA PARA A FLUÊNCIA:


REPENSANDO A QUALIDADE DA AVALIAÇÃO ORAL DE INGLÊS
COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

Eber Clayton Dutra


Universidade de Brasília (UnB)

Fluência, a competência comunicativa (CC) em uso (TEIXEIRA DA SILVA,


2000), é a palavra-chave dos cursos de idiomas atualmente: quem estuda uma
língua estrangeira (LE) hoje quer adquiri-la, usá-la fluentemente, circular
socialmente (ALMEIDA FILHO, 1993, 2011), daí a abordagem comunicativa
ser a orientação fundamentada no ensino/aprendizagem de línguas desde
1980. Entretanto, problemas ainda existem na aula de inglês quanto à
concepção de fluência oral e à operacionalização do conceito de CC,
especialmente do componente interação, fundamental para a formação
discursiva do aluno e para que a própria CC se materialize (BARBIRATO,
2005; CELCE-MURCIA, 2007). Este trabalho discute as incoerências (e
algumas consequências) que se configuram quando a abordagem
comunicativa não dirige a prática cotidiana na aula, aparecendo apenas na
avaliação - geralmente a última fase do ensino -, notadamente na prova oral,
quando se espera dos alunos um desempenho satisfatório sem antes lhes
proporcionar oportunidades para aquisição de tais habilidades. A partir de
autores como Canale & Swain (1980), Nunan (1989), Bachman (1990),
Scaramucci (2000, 2014), Widdowson (2005), Quevedo-Camargo (2011,
2014), e através de pesquisa qualitativa interpretativa de cunho etnográfico
(FETTERMAN, 1998; DENZIN & LINCOLN, 2006), ainda em andamento,
com aplicação de questionário, entrevistas semi-estruturadas e observação de
aulas (com notas de campo) em ambiente de um centro de línguas público de
Brasília/DF, este trabalho tem confirmado que a prática docente que não
228
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

privilegia a interação frequentemente inviabiliza o desenvolvimento de


fluência, o que, além de configurar um obstáculo para o ensino/aprendizagem
de uma LE hoje, não condiz com os objetivos de uma avaliação oral que visa
verificar níveis de CC, comprometendo aspectos da qualidade da prova,
como validade, confiabilidade, autenticidade e efeito retroativo.

Palavras-chave: Interação, Língua inglesa, Avaliação oral

O TRABALHO DOCENTE CONFIGURADO NOS DOCUMENTOS


PRESCRITOS: UM AGIR REGULADO POR NORMAS
CONTEUDISTAS

Evany da Silva Gonçalves


Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Maria de Fátima Alves


Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Roziane Marinho Ribeiro


Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Entendido como quadro teórico-metodológico que se situa sobre as ciências


sociais e do humano, o Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) nos últimos
anos tem se destacado no âmbito dos estudos e pesquisas científicas
brasileiras. Dentre os objetos de seu interesse, destacamos o agir docente,
inscritos nas mediações formativas e cujas pesquisas estão voltadas para as
metodologias didáticas, ensino de línguas e trabalho do professor. Ancorado
nesse quadro teórico, nosso objetivo neste estudo é discutir como se
configuram os documentos prescritos elaborados por duas professoras dos
Anos Iniciais do Ensino Fundamental durante o processo de definição e
planejamento das ações pedagógicas. Para tanto, utilizamos como base
teórica as contribuições de autores como Schneuwly e Dolz (2004), Dolz,

229
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Noverraz e Schneuwly (2004), Machado e Bronckart (2005), Machado


(2007), Cristovão (2008), Lousada (2010), Bronckart (2006; 2008; 2012;
2013) e Medrado (2011), Gonçalves e Ferraz (2014) e Miranda (2010; 2015)
que discorrem sobre o agir docente e o trabalho prescrito no âmbito dos
estudos ISD. Os dados aqui analisados resultaram de um estudo de campo
realizado com duas professoras dos anos iniciais do Ensino Fundamental de
uma instituição escolar de educação básica, no percurso de uma pesquisa de
natureza qualitativa e de caráter colaborativo. Os resultados deste estudo
apontaram para um trabalho docente regulado por normas e prescrições que,
por vezes, negou a autonomia dos professores no processo de definição dos
objetos de ensino e planejamento das atividades didáticas. As ações docentes
se limitavam aos conteúdos preestabelecidos pela gestão escolar e exigências
dos órgãos municipais de educação.

Palavras-chave: Agir docente, Trabalho prescrito, Ensino.

ENSINO DE GRAMÁTICA DE LÍNGUA PORTUGUESA E DE


LÍNGUA INGLESA EM ESCOLAS SOB O ENFOQUE
FUNCIONALISTA

Sheyla Vieira de Lima Lapa


Universidade Federal do Ceará ( UFC)

O estudo de gramática nas escolas brasileiras tem suscitado muitas


controvérsias no que concerne ao entrelaçamento da teoria aprendida (se é
que realmente aprendida) e da prática em situações de uso real. Muitos
autores (NEVES, 2003; ANTUNES, 2007, 2014) têm mencionado o fato de
que a gramática ensinada na escola não encontra propósito na vida dos
alunos, e quando se trata do ensino de língua estrangeira em que o aluno não
se encontra imerso na cultura cuja língua vai estudar, a distância entre ensino
e uso efetivo da língua se torna ainda maior (LARSEN–FREEMAN, 2000).
230
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Esta comunicação busca trazer reflexões em torno da problemática de ensino


da gramática na escola, objetivando buscar formas de um ensino atrelado à
prática cotidiana, à luz de teóricos que se debruçaram sobre o assunto sob a
perspectiva da gramática como um dos componentes para o estudo do texto
na sala de aula, componente este que estaria intrinsecamente atrelado a dois
outros componentes: o contextual e o textual (ANTUNES, 2014). Traremos à
baila a perspectiva de Widdowson (1991) sobre o ensino de inglês para a
comunicação, que propõe exercícios gramaticais que levem em consideração
a forma e o uso como aspectos do desempenho. Analisaremos os social verbs
tal como abordados na gramática de Bland (1996). Pontuaremos a perspectiva
funcionalista; segundo Cunha, Bispo e Silva (2013); que aponta um ensino de
gramática pautado no uso e em uma análise de fenômenos linguísticos
baseada na utilização da língua em situação concreta de intercomunicação.
Dentro dessa perspectiva, temos um ponto norteador para um ensino de
gramática que não parte de textos criados ad hoc, mas de uma
contextualização pragmática para o ensino.

Palavras-chave: Gramática, Ensino, Funcionalismo.

MULTIMODALIDADE E LITERATURA – ANÁLISE DA RELAÇÃO


VERBO-VISUAL EM MACBETH: THE GRAPHIC NOVEL DE
SHAKESPEARE

Raquel Ferreira Ribeiro


Universidade Federal do Ceará (UFC)

A “peça escocesa” Macbeth, de William Shakespeare, escrita no século XVII,


já foi estudada, adaptada e encenada de diversas formas. O objeto de estudo
da presente pesquisa, Macbeth: The Graphic Novel (2013), é uma adaptação
do texto original do autor inglês que segue a tendência de adaptação de obras
renomadas para quadrinhos, a fim de engajar leitores ao combinar dois
modos semióticos e comunicativos, verbal e visual, isto é, um texto
multimodal (KRESS, et al. 2001, WALSH, 2004). Percebe-se, porém, uma
231
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

lacuna nos estudos multimodais aliados a estudos literários, apesar de a


relação entre modos semióticos ter sido explorada na literatura, pelo menos
desde o século XVIII (GIBBONS, 2008), com ênfase no segmento da
literatura infantil, e também presente na literatura para adultos. Argumenta-se
que o uso de textos literários no ensino de línguas auxilia no processo de
aquisição de uma língua estrangeira (MENDONZA, 2004, 2007; ARAGÃO,
2006). Com a crescente importância do gênero graphic novel para os estudos
literários (TABACHNICK, 2010) e para o desenvolvimento da leitura em
sala de aula como forma de melhorar as habilidades de letramento
multimodal (HAMMOND, 2009; KAULFUSS, 2012), o presente estudo
objetiva analisar como as personagens principais desta obra, Macbeth e Lady
Macbeth, são apresentadas pela integração dos já citados modos semióticos.
A metodologia adotada é descritiva e qualitativa das personagens citadas em
Macbeth: The Graphic Novel (2013), adaptado por John Mcdonald e Jon
Haward, examinando a construção dramática das personagens (BRADLEY,
1904; McMAHAN, 1989) na relação entre palavra-imagem em narrativas
gráficas (HERMAN, 2010). Os resultados parciais revelam formações de
identidades das personagens percebidas a partir da combinação verbo-visual.
Percepções como essas podem contribuir para a promoção de letramento de
aprendizes em uma língua estrangeira

Palavras-chave: Literatura, Multimodalidade, Ensino de língua estrangeira.

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA POR MEIO DE UM


PROCEDIMENTO DIDÁTICO COM O GÊNERO REGRAS DE JOGO

Leliane Regina Ortega Esteves


Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)

A Concepção Dialógica da Linguagem considera que os enunciados são


produzidos em situações reais de interação verbal e pressupõe o trabalho com
os gêneros discursivos como forma de possibilitar ao aluno construir seu
232
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

discurso moldado por formas típicas estabelecidas historicamente,


apropriadas para a esfera de comunicação na qual pretende atuar. O objetivo
desse artigo é refletir sobre a elaboração de um procedimento didático para o
ensino de língua portuguesa com o gênero discursivo Regras de jogo
destinado aos alunos do 6º ano do ensino fundamental. A escolha do gênero
justifica-se por sua circulação na esfera lúdica, favorecendo ao aluno a
associação do conteúdo escolar com situações reais de uso da linguagem.
Para isso, o construto teórico mobilizado ampara-se nos estudos do Círculo
de Bakhtin (2010[1979]; 2009[1929]); o desenvolvimento do procedimento
metodológico sustenta-se nos estudos de Dolz e Schnewuly (2004) que
estabelecem a sequência didática para o trabalho com os gêneros orais e
escritos e nas adaptações propostas por Costa-Hübes (2008) para o trabalho
com alunos do ensino fundamental. Esse estudo faz parte de uma pesquisa de
mestrado que diagnosticou as deficiências no trabalho pedagógico com
gêneros que exigem a capacidade de linguagem injuntiva e por meio de
estudos teóricos busca elaborar, aplicar e avaliar uma sequência didática com
o gênero Regras de Jogo para alunos do 6º ano do ensino fundamental, de
modo a colaborar com o aperfeiçoamento da competência discursiva desses
alunos, uma vez que crianças nessa faixa etária já avançaram no contato com
o mundo da escrita e podem compreender as regras prescritas e até mesmo
elaborá-las.

Palavras-chave: Gênero discursivo, Regras de jogo, Sequência didática.

CANTOS DISTANTES E O GÊNERO CARTA A SERVIÇO DE


PRÁTICAS SIGNIFICATIVAS DE LEITURA E ESCRITA EM SALA
DE AULA: UMA EXPERIÊNCIA ENTRE BRASIL E CABO VERDE

Maria Verúcia de Souza


Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais de Educação do DF(EAPE)
Universidade de Brasília (PPGL-UNB)

A formação de cidadãos críticos, responsáveis e conscientes do seu papel no


mundo, perpassa o currículo escolar e surge como um dos grandes desafios
233
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

para a escola contemporânea. Ao mesmo tempo, que é necessário trabalhar


vários temas, e diversos conteúdos é fundamental agregar a esse processo não
só as novas possibilidades como também as antigas, num jogo em que o novo
e o antigo complementem-se na construção de novos conhecimentos. A
tecnologia tão importante na atualidade mudou a forma das pessoas se
comunicarem uma consequência advinda daí é a condição quase obsoleta da
escrita de cartas. É inegável que os avanços tecnológicos trouxeram ganhos,
mas a nossa pouca habilidade em (re)significar estratégias de trabalho tem
permitido apenas substituir o velho pelo novo de forma mecânica e assim
vamos deixando para trás práticas que já tiveram muito significado e que se
bem reconduzidas poderiam fazer uma grande diferença em termos de leitura
e produção escrita. De um modo geral, nota-se que um número expressivo de
alunos apresenta dificuldades em escrever qualquer gênero textual, partindo
desse pressuposto, elaborou-se o projeto Cantos Distantes, objetivando
desenvolver habilidades de leitura e escrita dos alunos do 3º ano de distintos
países, mas com alguns pontos em comum: a Língua Portuguesa e as
dificuldades de leitura e escrita. Ainda, no intuito de ampliar o olhar dos
discentes sobre os gêneros textuais, pensou-se numa rede de gêneros,
constituindo-se mais um objetivo desse trabalho mostrar como diferentes
gêneros podem se entrelaçar. O estudo pauta-se na metodologia da pesquisa-
ação. Zeichner(1998), Bakhtin(1999), Bronckart(1999), Dolz, Noverraz e
Schneuwly(2004), Bazerman(2005), dentre outros, embasarão a
fundamentação teórica.

Palavras-chave: Gênero textual, Ensino, Aprendizagem.

234
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

OS ESTRANGEIRISMOS NA OBRA DONA GUIDINHA DO POÇO,


DE OLIVEIRA PAIVA

Vicente de Paula da Silva Martins


Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA, Sobral)

As obras literárias são uma importante fonte de registro de palavras e


expressões vernaculares e estrangeiras que revelam muito da cultura de um
povo, de seu tempo, nível cultural da sociedade dominante, comportamento
social de leitores e escritores; enfim, a literatura é reveladora ímpar
das diversas modalidades de expressão de uma língua. Dentre as várias
frentes que o romance românico brasileiro em suas origens explorou, o
presente trabalho objetiva apresentar os estrangeirismos coletados no
romance Dona Guidinha do Poço (1952), do cearense de Oliveira Paiva. A
pesquisa foi guiada pelo seguinte problema: por que o autor cearense, a
despeito de seu empenho no projeto regionalista redescobrir o país nas suas
variedades linguísticas e culturais, acabou por recorrer a estrangeirismos
numa época flagrantemente xenófoba e de exaltação dos valores nacionais,
incorporando-os ao léxico da sua obra literária? Para respondermos a este
questionamento, procedemos metodologicamente assim: após a leitura e
releitura da referida obra, fizemos o levantamento de palavras e expressões
estrangeiras constituindo assim um corpus de estrangeirismos. Os
estrangeirismos, realçados em itálico no texto literário, foram
selecionados,categorizados e contextualizados a partir de sua origem
(anglicismo, galicismo e latinismo, por exemplo). Os dados coletados
(especialmente, os itens polexicais) mostram que o emprego sistemático ou
frequente de estrangeirismos no texto literário revela muito dos esquemas
cognitivos vivenciados pelo autor no processo de produção de sua obra,
decorrentes, por vezes, de contatos de natureza econômica, cultural e
social com a estética europeia e clássica antes e durante o processo de
criação literária. Ao final do trabalho postulamos, à luz dos aportes teóricos
da Análise do Discurso de Dominique Maingueneau (2006), as razões
intrínsecas que levaram o autor regionalista a utilizar, a título de organização
transfrástica, palavras e expressões de outras línguas no seu discurso
literário.
Palavras-chave: Estrangeirismos, Análise do Discurso, Literatura.
235
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

CONTRIBUIÇÕES DO USO DE JOGOS EM SALA DE AULA DE


LÍNGUA INGLESA

Marco André Franco de Araújo


Rede Municipal de Educação de Goiânia

Este estudo tem por objetivo compreender como a utilização de jogos em sala
de aula pode contribuir para a aprendizagem de língua inglesa de alunos
adolescentes da escola pública. Para isso, conduzimos uma pesquisa em que
três tipos de jogos foram selecionados: o jogo da memória, o jogo de
tabuleiro e o jogo de descrever, e foram realizados numa perspectiva
colaborativa. A pesquisa foi realizada em uma turma de ensino fundamental,
com alunos com níveis diferentes de conhecimento linguístico da língua
inglesa de uma escola pública de Goiânia, durante o primeiro e segundo
semestres do ano de 2015. Buscamos na teoria sociocultural o suporte teórico
para nossa investigação, bem como em estudos pautados na interação e na
colaboração em sala de aula de língua estrangeira. Do ponto de vista
metodológico, realizamos um estudo de caso e baseamo-nos nos princípios
da pesquisa qualitativa para a coleta e a análise dos dados. Os resultados
revelaram que os jogos contribuem para a aprendizagem de língua
estrangeira, pois, por meio deles, os alunos coconstroem o conhecimento,
podem tornar-se autônomos no aprendizado da língua, e podem, por meio da
colaboração e da interação, aprender e ensinar os seus colegas de maneira
efetiva. Notamos, ainda, que por meio dessas atividades os alunos puderam
aprender vocabulário e regras gramaticais da língua inglesa. Observamos
também que atividades que envolvem os jogos podem fazer com que os
alunos usem estratégias que vão lhes beneficiar durante a realização das
atividades e, também, favorecem uma maior interação, tornando o
aprendizado da língua mais significativa.

Palavras-chave: Jogos, Interação, Colaboração.

236
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

PILARES TÉCNICO-PEDAGÓGICOS IMPRESCINDÍVEIS AO AGIR


PROFESSORAL ENQUANTO ORGANIZADOR DAS INTERAÇÕES,
EM SALA DE AULA, NO PROCESSO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM DA LÍNGUA MATERNA

Sonilda Sampaio Santos Pereira


Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

O estudo sobre o ensino e aprendizagem da língua materna escrita com


camponeses é realizado na Escola Estadual Rural Taylor-Egídio em
Jaguaquara – Bahia, desde 2001 quando da criação da referida escola. Trata-
se de uma unidade residencial com pedagogia da alternância. Para a
realização desse estudo, foi associada à pesquisa bibliográfica a do tipo
etnográfico, estruturada a partir da abordagem qualitativa e consideradas as
atitudes fundamentais nesse tipo de investigação: abertura, flexibilidade,
observação apurada e interação com os atores sociais envolvidos. A
etnografia, tomada dos antropólogos pelos educadores, tem como
preocupação central para estes, o processo educativo (ANDRÉ, 2003, p. 28).
Esse estudo, ao longo de quinze anos, já discutiu sobre as complexidades do
processo de ensino e de aprendizagem do sistema de escrita alfabética;
pontuou os vazios no agir professoral dos alfabetizadores; acompanhou a
formação contínua dos educadores e propôs aprofundamento dos suportes
linguísticos sustentadores de práticas alfabetizadoras. Atualmente, quando de
maior amadurecimento, a pergunta que move o estudo é: Para além dos
conhecimentos linguísticos, o ensino da leitura e da escrita da língua materna
exige do agir professoral quais competências pedagógicas? Em torno dessa
pergunta, o objetivo se impôs: Discutir as competências técnico-pedagógicas
para o ensino da língua materna. Considerando o grau de complexidade do
processo de ensino e de aprendizagem da leitura e da escrita, este trabalho
ousa apontar, a partir das reflexões acumuladas dos quinze anos e da matriz
referencial: (FERREIRO & TEBEROSKY, 1991), (VIGOTSKY, 1991),
(FREIRE, 1994), (ZIBERMAN & SILVA, 2004), (FERREIRO, 2005),
(SIMÕES, 2006), (FARACO, 2012) e (MORAIS, 2012), (PEREIRA, 2011,
2013) dezesseis pilares técnico-pedagógicos imprescindíveis ao agir
professoral enquanto organizador das interações, em sala de aula, no processo

237
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

de ensino e de aprendizagem da língua materna escrita. Também apresenta


resultados de avaliações externas, realizadas nos últimos cinco anos, no
espaço da pesquisa.

Palavras-chave: Ensino e aprendizagem, Leitura e escrita, Pilares técnico-


pedagógicos.

A UTILIZAÇÃO DO GÊNERO CURTA-METRAGEM COMO


FERRAMENTA DE MOTIVAÇÃO PARA A PRODUÇÃO TEXTUAL
EM LÍNGUA ESPANHOLA

Izabel Cristina Barbosa de Oliveira


Universidade de Pernambuco (UPE - Campus Mata Norte)

Com o desenvolvimento tecnológico, o processo de ensino-aprendizagem de


língua estrangeira também passou por processos de mudanças quando se
começou a utilizar outras ferramentas didáticas além do livro. O curta-
metragem, além de aparentemente ser uma diversão, é uma ferramenta que
demonstra o uso da língua em contextos reais, podendo proporcionar um
melhor aproveitamento das aulas, levando o aprendiz a ficar mais atento e
participativo, facilitando também a aprendizagem de novos vocabulários.
Esta ferramenta é um gênero discursivo, pois proporciona em sua
peculiaridade seu vínculo com o real e o contato com a realidade social
(Alcântara, 2014). O vídeo pode ser explorado e adaptado de diversas
maneiras para atingir os objetivos pedagógicos propostos pelo professor
(Ribeiro, 2013). A visualização do curta-metragem, necessariamente, implica
no desenvolvimento de diferentes destrezas necessárias para a aquisição da
competência comunicativa pelo estudante (Teixeira, 2012). A utilização do
gênero curta-metragem durante as aulas de Língua Espanhola teve por
objetivos: observar a aceitação da ferramenta curta-metragem no curso de
Espanhol como Língua Estrangeira (ELE); apresentar atividades
diversificadas para que os estudantes aprendam de forma mais dinâmica; e
motivar os estudantes a produzirem textos em Língua Espanhola. Este
238
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

trabalho foi desenvolvido em uma instituição pública de ensino durante 2


aulas. Na primeira aula a professora passou o curta-metragem "la leyenda del
espantapajaros" e pediu para que os estudantes formassem pequenos grupos
para responder algumas perguntas referentes ao vídeo, fazendo, no final,
comparações entre as respostas. Na segunda, os estudantes tiveram que
recontar a lenda, produzindo um resumo e apresentando-o oralmente em sala.
Observou-se que os estudantes ficaram mais atentos enquanto assistiam ao
curta-metragem; o vídeo foi visto como uma ferramenta mais cativante,
comparado a outros materiais utilizados nas aulas; e os estudantes foram
capazes de produzir textos, tanto escrito quanto oral, sobre o curta-metragem
de forma mais significativa.

Palavras-chave: Curta-metragem, Competência comunicativa, Produção


textual em língua espanhola.

O ALUNO ‘LOCAL’ E O ALUNO ‘DO LIVRO DE INGLÊS’: COMO


ESSA RELAÇÃO FAZ SENTIDO EM SALA DE AULA?

Maria Helena Favaro


Instituto Federal de Santa Catarina (UFSC)

Maria Inêz Probst Lucena


Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Este trabalho resulta de uma pesquisa inserida na Linguística Aplicada


(In)disciplinar (Moita Lopes, 2008), desenvolvida nas aulas de língua inglesa
de uma turma de sétima série de um colégio federal, ao longo do ano de
2012, e objetivou a) observar e problematizar a forma como os alunos de
língua inglesa atribuem sentido às atividades propostas pelo livro didático
dessa disciplina, distribuído pelo Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD); b) provocar reflexões acerca da necessária criticidade no
desenvolvimento dos conteúdos trazidos pelo livro didático. Com base nos
239
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

pressupostos da linguística aplicada e da etnografia (Moita Lopes, 2005,


2006, 2008, Pennycook, 2001, 2004, e tantos outros), buscamos discutir
como os participantes da pesquisa enquanto seres humanos singulares
interagem com as propostas do livro didático na sala de aula de inglês.
Procurando construir com os participantes melhores formas de organização
de observação para que pudéssemos entender, conjuntamente, a ecologia da
vida escolar (Erickson, 1990), extensa negociação entre participantes e
pesquisadores foi feita a fim de que a observação participante se
desenvolvesse da forma menos assimétrica possível. Os resultados
evidenciaram que na busca de uma identificação com os enunciados do livro
nas dinâmicas de sala de aula, os alunos tentam imprimir significados
pessoais às atividades propostas. Na tentativa de fugir de práticas tradicionais
e que não os representam, os alunos reinventam a linguagem “no aqui-e-
agora do evento aula” (Schlatter; Garcez, 2012:57), evidenciando sua
identidade nas práticas locais (Canagarajah, 2006). Para dar conta de suas
identidades, os participantes operavam, portanto, com discursos e culturas,
usando a linguagem como “alternativa para lidar com os designs globais, em
termos de quem [são] em suas histórias locais” (Moita Lopes, 2008:7). A
performatividade juvenil dava significado não só aos seus mundos repletos de
tecnologia, mas também lhes possibilitava reagir diante de propostas em que
práticas de linguagem eram apresentadas em uma versão normativa.

Palavras-chave: PNLD, Livro didático, Performances identitárias.

240
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

CAFÉ FILOSÓFICO: UMA LEITURA-AÇÃO DO MUNDO

Auristela Rafael Lopes


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Maria do Socorro Oliveira


Universidade Federal do Rio Grande do Norte(UFRN)

Andréa Cristina Soares Costa


Universidade Federal do Rio Grande do Norte(UFRN)

Os debates acerca da leitura e da escrita, entendidas como práticas sociais,


têm permeado os estudos de letramento. Alguns desses estudos têm se
aproximado dos postulados freireanos, que veem o letramento como um ato
político (1987), caracterizando essas práticas como contextualizadas e
envolvidas num jogo de saber-poder (KLEIMAN, 1995). Nessa perspectiva,
esta pesquisa pretende compreender o evento de letramento ‘Café Filosófico’
como uma forma de viabilizar a leitura-ação na comunidade escolar, com
vistas a construir saberes que sejam significativos para os indivíduos como
agentes sociais. Trata-se de um evento de letramento crítico em que a leitura
e a escrita estão interligadas a planos ideológicos nos quais se inserem os
agentes de letramento. (OLIVEIRA, 2010a). Esses agentes de letramento,
situados num contexto social e nele intervindo a partir da recepção e da
produção da leitura e da escrita, participam de práticas de letramento que lhes
permitem também adquirir uma consciência crítica, libertadora e responsiva
frente ao mundo social. Teoricamente, as reflexões aqui feitas serão
embasadas nos estudos de letramento (FREIRE,1982, 1987; STREET,
2003,2014; MCLAREN, 2008; KLEIMAN e OLIVEIRA, 2008; OLIVEIRA,
2010b) e nos estudos de análise do discurso de linha francesa que
preconizam, na sua segunda e terceira fases, as condições de existência e de
poder dos sujeitos (FOUCAULT, 1979; 1998). Metodologicamente, esta
pesquisa, de natureza qualitativa, assume um viés etnográfico. Foi
desenvolvida no contexto da Escola Estadual Irmão Urbano Gonzalez
(Fortaleza-CE). Os resultados da pesquisa evidenciam que a leitura e a escrita
se configuram como práticas de letramento que estimulam a agência social e
oportunizam a construção identitária dos alunos e professores como agentes
241
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

de letramento.

Palavras-chave: Café Filosófico, Letramento crítico, Agentes de


Letramento.

FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DA EDUCAÇÃO


BÁSICA: REFLEXÕES SOBRE O TRABALHO COM A PRODUÇÃO
TEXTUAL COMO ATIVIDADE DE INTERAÇÃO

Dayse Grassi Bernardon


Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)

A pesquisa apresentada neste artigo se inseriu no Programa Observatório da


Educação –CAPES/INEP – em que atuamos como pesquisadora voluntária
dentro do Projeto Institucional, intitulado Formação Continuada para
professores da educação básica nos anos iniciais: ações voltadas para a
alfabetização em municípios com baixo IDEB da região Oeste do Paraná. No
presente artigo, apresentamos parte dos resultados de nossa pesquisa de
doutorado (em andamento), que objetiva verificar, junto aos professores da
Educação Básica - anos iniciais, participantes de momentos de um processo
de formação em Língua Portuguesa em um dos municípios do Oeste do
Paraná - Brasil, se a formação continuada ofertada pelo Observatório da
Educação (OBEDUC), no ano de 2012, contribuiu significativamente para o
trabalho pedagógico no que se refere à produção, avaliação e reescrita de
textos produzidos por seus alunos e quais dificuldades ainda persistem para
esse trabalho. Para isso, desenvolvemos uma pesquisa diagnóstica e
colaborativa. Para a pesquisa diagnóstica tomamos como instrumentos
geradores de dados a entrevista em grupo focal, as observações em sala de
aula e a análise documental. A partir dos dados gerados nessa primeira parte
da pesquisa, desenvolvemos a pesquisa colaborativa com os professores, por
meio de sessões reflexivas, a fim de discutir e trabalhar aspectos em torno da
produção, avaliação e reescrita de textos. Todavia, nesse momento, fizemos
um recorte dos dados gerados, focalizando parte da pesquisa diagnóstica e
242
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

colaborativa, enfocando os comandos de produção textual, com o intuito de


discuti-los numa perspectiva interacionista e dialógica da linguagem,
buscando assim, contribuir com a formação docente, oportunizando a
reflexão em torno da prática pedagógica. Diante das discussões, os resultados
enfatizam a importância da elaboração de comandos de produção textual a
partir de contextos reais de uso da língua, focalizando a interação de maneira
a evidenciar a língua e sua função social.

Palavras-chave: Ensino, Língua Portuguesa, Produção textual.

ENSINO/APRENDIZAGEM DOS ELOS CONJUNTIVOS

Abniza Pontes de Barros Leal


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Magarete Alfreda Costa


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

A leitura e a escrita são pilares no ensino/aprendizagem no domínio de uma


língua. A inquietação que norteou essa pesquisa foi o estudo das conjunções e
locuções conjuntivas, como elos semântico-discursivos na compreensão
leitora de textos produzidos por alunos do 2º ano do Ensino Médio de uma
escola da rede particular de ensino de Fortaleza. Os procedimentos
metodológicos constaram de três partes: um instrumental sobre a importância
desses elos na produção de um texto; reconhecimento do valor semântico de
elos conjuntivos em textos dos próprios alunos; preenchimento de elos
conjuntivos em um texto com lacunas. Nessa perspectiva, a pesquisa teve
como objetivo geral analisar o valor semântico dos elos conjuntivos e a
função textual atribuída por esses docentes. E, como objetivo específico,
avaliar as relações estabelecidas por esses docentes no tocante ao uso de
conjunções e locuções conjuntivas e seus efeitos semântico-discursivos na
compreensão leitora. Para fundamentar nossa pesquisa, amparamo-nos em
Antunes (2005, 2009), Kato (1993), Solé (1998), Koch (, 2006, 2008), Perini
243
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

(, 2007), Neves (2000) dentre outros estudiosos. O corpus da pesquisa é


constituído de 10 produções textuais de educandos do 2º ano do Ensino
Médio, distribuídas em 03 grupos: 4 textos de bons produtores, 3 textos de
produtores medianos e 3 textos de produtores com dificuldades na
organização textual. Os resultados a que chegamos demonstram que as
principais dificuldades enfrentadas pelos alunos no reconhecimento do valor
e da função dos elos conjuntivos em seus próprios textos giram em torno de
dois aspectos: não reler o texto produzido para avaliar a adequação dos elos
conjuntivos ao contexto e não atribuir valor semântico-discursivo aos elos
utilizados quer na produção quer na compreensão do texto.

Palavras-chave: Elos conjuntivos. Compreensão leitora. Semântica. Texto


do aluno

ALGUMAS DIMENSÕES ENSINÁVEIS DO RPG: UM


INSTRUMENTO PARA O ENSINO DE INGLÊS

Élen Ramos
Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO)

Este estudo faz parte de uma dissertação em andamento que objetiva


construir um modelo didático (MD) do gênero textual roleplaying game
(RPG) para a prática de inglês como língua adicional direcionado a alunos de
níveis avançados. O MD é um estudo teórico descritivo sobre um gênero
textual, que evidencia as dimensões ensináveis necessárias para o professor
ter um conhecimento aprofundado, que pode proporcionar autonomia e
segurança na planificação de sequências didáticas. Entre os níveis de análise
do interacionismo sociodiscursivo (BRONCKART, 1999), que utilizamos
para a construção de um MD, destacamos o contexto de produção, o
conteúdo temático, os segmentos de orientação temáticos e os segmentos de
tratamento temático do primeiro capítulo da uma aventura pronta do gênero
em questão chamada Lost Mine of Phandelver. O RPG é um jogo de
interpretação de personagens, em que a história é guiada pelo mestre (um dos
244
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

jogadores) e é desenvolvida com a colaboração dos outros jogadores, assim


exercitando a cooperação. Nosso corpus é direcionado para o mestre e faz
parte ao jogo de RPG Dungeons & Dragons, lançado pela Wizards of the
Coast em agosto de 2014 nos Estados Unidos. O RPG advém dos jogos de
guerra e tem como temática a era medieval, tendo como intertexto a Idade
Média e a Terra Média de Tolkien. Já, enquanto material pedagógico na
disciplina de língua inglesa, esse jogo abre possibilidade para o incentivo à
imaginação, escrita de histórias, estímulo à leitura e a prática da oralidade e
escuta. O intuito da exposição de algumas dimensões ensináveis é fortalecer
as condições de uso do jogo RPG em sala de aula. Além disso, o MD garante
sustentação teórica ao docente ao prover um estudo sobre as dimensões
ensináveis do gênero a partir de um corpus e, assim, possibilita a construção
de um trabalho fundamentado cientificamente.

Palavras-chave: Contexto de produção, Segmentos de orientação temáticos,


Segmentos de tratamento temático.

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES


ALFABETIZADORES: ANÁLISE DE UM CAMINHO PERCORRIDO

Maria Lucas da Silva


Faculdade do Vale do Jaguaribe ( FVJ)

Marília Costa de Souza


Faculdade do Vale do Jaguaribe (FVJ)

A formação docente, nos últimos anos, tem sido foco de pesquisas


importantes e os resultados desses estudos estão intimamente relacionados ao
desenvolvimento da educação básica no Brasil. Desta forma, o trabalho tem
como objetivo investigar em que medida o curso de formação de professores,
na área da Linguagem, realizado pelo Pacto Nacional pela Alfabetização na
Idade Certa-PNAIC, através da Secretaria de Educação de Aracati, tem
contribuído para a reflexão teórico-metodológica dos professores
245
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

alfabetizadores, do 1º ano do Ensino Fundamental. A leitura reflexiva sobre o


tema e a vivência em nossa prática pedagógica conduziu-nos à elaboração das
seguintes hipóteses: a compreensão efetiva pelos docentes da necessidade de
se estar em permanente formação, assim como a compreensão dos temas e,
especificamente, dos conteúdos trabalhados nos encontros presenciais e
aplicados em sala de aula e o desejo de querer fazer um trabalho
diferenciado, são determinantes para a melhoria da prática docente e,
consequentemente, para a melhoria da aprendizagem dos alunos. A
fundamentação teórica do presente estudo centra-se nos estudos de Liberali
(2008); Imbernón (2010); Ferreiro e Teberosky (2000); Freire (1996);
Perrenoud (2000) e Morais (2008). O corpus da pesquisa foi constituído
através da aplicação de questionários a 06 (seis) professores alfabetizadores,
os quais tinham mais de 10 (dez) anos de experiência na área. Os resultados
apontam que a formação docente aliada à formação continuada possibilita ao
profissional da educação básica a reflexão sobre sua prática, bem como a
mudança de posturas e metodologias, muitas vezes, antiquadas e replicadas
ao longo da profissão como resquícios de uma formação deficiente ou, até
mesmo, fruto dos professores que fizeram parte da formação desse professor.
Os 06 (seis) professores apontaram que o curso de formação Continuada do
Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC contribuiu
efetivamente na mudança metodológica em sala de aula.

Palavras-chave: Formação de professores, Prática docente, Aprendizagem


discente.

O DESENVOLVIMENTO DA CAPACIDADE DISCURSIVA DE


IMIGRANTES EM PREPARAÇÃO PARA O ENEM

Desirée de Almeida Oliveira


Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Este trabalho tem por objetivo apresentar notas preliminares referentes a um


estudo sobre o desenvolvimento da capacidade discursiva de imigrantes,
246
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

majoritariamente haitianos, alunos do curso Pró-Imigrantes na Universidade


Federal de Minas Gerais (UFMG). O Pró-Imigrantes é um curso criado para
auxiliar estrangeiros que chegam à cidade de Belo Horizonte e região
metropolitana a se prepararem para prestar o Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem). Os alunos frequentam aulas de diferentes disciplinas, entre
elas a de redação, ministradas por professores voluntários. Nas aulas de
redação, especificamente, há a necessidade de ajudar os alunos a se tornarem
aptos a produzirem um texto dissertativo-argumentativo, como o requerido
no Enem. Tendo em vista tal necessidade, as dificuldades encontradas para
produzir o gênero textual solicitado, bem como o fato de que o português é
uma língua adicional para os alunos, o presente trabalho propõe a intervenção
pedagógica organizada por meio de sequências didáticas (Dolz; Schneuwly,
2011) a fim de promover o desenvolvimento da capacidade discursiva dos
alunos (Dolz-Mestre; Pasquier; Bronckart, 1993). Para tanto, fundamenta-se,
especialmente, no modelo de análise de textos do Interacionismo
Sociodiscursivo (Bronckart, [1985] 1999). Busca-se, dessa maneira, analisar
o desenvolvimento da capacidade discursiva dos alunos, relativa à
apropriação das características infraestruturais do gênero escolar dissertativo-
argumentativo. O estudo proposto constitui um estudo de caso, de natureza
qualitativa e as informações aqui apresentadas se referem às considerações
iniciais da pesquisa. Faz-se, também, uma breve discussão sobre o impacto
social a ela inerente, visto que seus participantes são imigrantes que buscam
uma inserção mais plena na sociedade brasileira por meio do acesso ao
Ensino Superior.

Palavras-chave: Português língua adicional, Interacionismo Sociodiscursivo,


Sequência didática

GÊNEROS TEXTUAIS E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA


PROPOSTA DIDÁTICA DE ANÁLISE LINGUÍSTICA NO ENSINO
SUPERIOR

Ana Patrícia Sá Martins


Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
247
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Os estudos acadêmicos sobre gêneros textuais no âmbito do ensino


aprendizagem de Língua Portuguesa ainda são muito tímidos no ensino
superior. Nesse sentido, pensamos esta proposta didática que objetivou
analisar as relações intertextuais e polifônicas em diferentes gêneros textuais,
a partir das atividades desenvolvidas na disciplina de Prática de Análise
Linguística e Literária, em uma universidade pública na região sul do estado
do Maranhão, com alunos do quarto período do Curso de Letras. Nossas
premissas foram sustentadas pelas contribuições teóricas de Marcuschi
(2008), Bakhtin ([1979] 2003), Bronckart (1999, 2006), Schneuwly e Dolz
(2004), Machado (2009) entre outros, com foco nas questões que abordam o
trabalho com os gêneros textuais sob o contexto do interacionismo
sociodiscursivo (ISD). Essa perspectiva sugere uma nova configuração nas
aulas de língua portuguesa e uma mudança de postura da escola e do agir
professoral em relação ao trabalho com a linguagem. Assim, após as
exposições e problematizações acerca das características relativamente
estáveis dos gêneros que iríamos analisar (publicitários, poemas, capas de
revistas e letras de música), a turma de vinte alunos foi sistematizada em
quatro equipes; as quais analisaram o papel da intertextualidade e da
polifonia na construção discursiva dos seus respectivos gêneros e,
posteriormente, apresentaram os resultados em forma escrita, por meio de um
ensaio, e também na modalidade de pôster em um evento acadêmico
realizado pela universidade. Almejando perceber como nossa proposta foi
efetivamente apreendida pelos futuros professores, elaboramos questões
abertas, que no formato de questionário, foram disponibilizadas aos
discentes. Após a análise e sistematização das respostas, observamos que a
reflexão sobre o trabalho prescrito e o trabalho real desenvolvido com os
gêneros textuais na formação inicial de professores contribuiu significamente
na apreensão dos conceitos bakhtinianos relacionados aos gêneros, como
também possibilitou aos discentes a visibilidade do estudo didatizado destes.

Palavras-chave: Gêneros textuais, Língua portuguesa, Ensino superior.

248
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

DA APROPRIAÇÃO DA PALAVRA DE OUTREM: AS SITUAÇÕES


FORMAIS E INFORMAIS DE LETRAMENTO EM REDAÇÕES
ESCOLARES

Thaís Rosa Viveiros


Universidade de São Paulo (USP)

Apropriar-se da palavra de outrem é fato bastante frequente em qualquer


situação comunicativa. Uma criança em processo de aquisição da linguagem,
por exemplo, reproduz, como se fossem suas, as falas dos pais, dos avós, dos
professores, o que mostra que todo discurso está sempre em diálogo com
outro(s) discurso(s) com o(s) qual(is) dialoga. O mesmo se dá na produção
escrita de escreventes em formação escolar, fato que pode ser percebido
quando da análise de uma dada argumentação. Partindo desse pressuposto,
com a intenção de pensar a presença da palavra de outrem em produções
textuais escolares, durante esta comunicação, analisarei dois textos
produzidos por escreventes em formação escolar – de séries diferentes – que
produziram redações sobre um mesmo tema proposto – a busca pela
felicidade – em concurso de redação realizado no colégio em que leciono, no
ano de 2014. Em seus textos, uma mesma referência discursiva é utilizada.
Esta referência – um slogan de propaganda da rede “Pão de Açúcar” – é a
primeira evidência da apropriação do discurso de outrem e das ligações
estabelecidas por cada um desses escreventes com o já-dito. Durante a
análise, foi possível perceber que várias outras vozes foram tomadas,
permitindo relações distintas na argumentação construída por cada
escrevente. Contudo, a voz do sujeito escrevente nem sempre será
perceptível, fato que propicia a análise que será proposta dos eventos de
letramento (STREET 2014) reconhecíveis em um dado texto e dos modos de
apropriação perceptíveis em um dado encadeamento textual. Para isso, é
sempre fundamental considerar que o que foi dito/escrito só pôde sê-lo, se
considerarmos o que foi excluído na composição. É nas exclusões que se
tornam mais perceptíveis as vozes que compõem um determinado texto.

Palavras-chave: Apropriação, Já-dito, Letramento.

249
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

ASSUNÇÃO DE VOZ COLETIVA E MODALIZAÇÃO DEÔNTICA


EM ESTRATÉGIAS DE REFORMULAÇÃO

Arnaldo Rebello Camargo Júnior


Universidade de São Paulo

Este estudo propõe analisar a apropriação da voz de outrem na produção


escrita de escrevente pré-universitários, com enfoque na reformulação,
entendida aqui como retomada da palavra alheia. A reformulação é uma
atividade linguística central e, mais especificamente tratando-se da retomada
do discurso do outro, oferece importantes contribuições para os estudos da
discursividade na produção escrita. Essa escolha é fundamentada no fato de
que raramente a reformulação na escrita de vestibular se dá pelo discurso
citado, pois não há possibilidade de o escrevente efetuar consulta a possíveis
referências bibliográficas, de modo que toda referenciação construída no
texto se apoia exclusivamente nos discursos que se situam no conhecimento
prévio dos vestibulandos. Assim, essas estratégias mencionadas se inscrevem
na heterogeneidade mostrada não-marcada, conforme estabelecido por
AUTHIER-REVUZ (1990). Para análise, foram selecionadas duas estratégias
distintas, das quais os escreventes comumente se valem em sua escrita: a
assunção de voz coletiva (DUCROT, 1987; CHARADEAU E
MAINGUENEAU, 2008, p:171), e a modalização deôntica (NASCIMENTO,
2010). O material selecionado para análise foi produzido por escreventes pré-
universitários, constituído de 25 redações (escolhidas aleatoriamente) do
vestibular de 2014 da Universidade Federal de Grande Dourados (UFGD).
Verificou-se que a assunção de voz coletiva é um recurso bastante acionado
pelos escreventes e, dentro de uma certa regularidade, tende a coincidir com
formas distintas de modalização deôntica. Essa regularidade, por sua vez,
demonstra ser uma estratégia generalizante de reformulação da qual os
escreventes se utilizam para ajustar o dizer àquilo que julgam ser apropriado
para a produção escrita em situação de vestibular.

Palavras-chave: Reformulação, Modalização Deôntica, Voz Coletiva.

250
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

“WHAT DOES YOUR T-SHIRT SAY?”: ATIVIDADE DE ANÁLISE,


COMPREENSÃO E PRODUÇÃO TEXTUAL NO ENSINO MÉDIO

Edina Maria Araújo de Vasconcelos


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Camisetas com dizeres em língua inglesa são bastante populares e se


tornaram suporte para veicular diversos textos. Seguindo a proposta de
Marcuschi (2002), que aponta ser característica do gênero não exatamente a
sua forma (estrutural ou linguística), mas sobretudo o seu aspecto sócio-
comunicativo e funcional, acreditamos que elas também podem constituir
material para o ensino do idioma estrangeiro. A partir dessa concepção, este
artigo apresenta os resultados de um projeto pedagógico intitulado What does
your t-shirt say?, desenvolvido com alunos de ensino médio, na EEEP
Antônio Valmir (Caucaia, Ce). O projeto justificou-se partindo da
compreensão de que as aulas de língua inglesa também se configuram em um
momento para promover letramentos, os quais poderão ser alcançados
inclusive através da análise de imagens (cf. JORDÃO; FOGAÇA, 2007, p.
94) e da produção de textos multimodais (ROJO et al, 2012). Com o aporte
teórico da tríade sintaxe-semântica-pragmática, proposta por Morris (1938), a
metodologia seguiu três passos principais: no primeiro momento, a atividade
proposta teve como objetivo a aquisição de vocabulário bem como a
compreensão dos textos selecionados (SOUZA et al, 2012); em seguida, os
alunos foram apresentados às classes gramaticais e realizaram incursões na
estrutura dos sintagmas nominais e verbais; e finalmente, foram convidados a
produzir textos com características multimodais, conforme Jordão; Fogaça
(2007). Ao envolver o aluno no projeto, pudemos oportunizar a prática de
multiletramentos, pois compartilhamos a ideia de que, no tocante à
aprendizagem de língua inglesa, “ler e escrever deixa de ser o fim, para ser o
meio de produzir saberes e compartilhá-los” (LORENZI; PÁDUA, 2012).

Palavras-chave: Ensino de inglês, Multiletramento, Pragmática.

251
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

“VALE MUITO A PENA SER CONHECIDO”: METADISCURSO EM


PRODUÇÕES ESCRITAS POR ESTUDANTES DE PORTUGUÊS
LÍNGUA ADICIONAL

Meire Celedônio da Silva


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Este trabalho tem como objeto de estudo a função que os marcadores de


metadiscurso exercem em textos escritos em Português Língua Adicional
(doravante PLA) em situação de imersão. Nosso objetivo é examinar como os
estudantes de PLA fazem uso de unidades linguísticas que constituem as
marcas de metadiscurso mostram a organização do conteúdo temático
semiotizado nos textos e a relação dos produtores do texto com o conteúdo
temático (BRONCKART, 1999) e com os leitores. Essas marcas explicitam
também o engajamento social do produtor (HYLAND, 2005) a partir de seu
posicionamento e de suas representações que vão se construindo ao longo do
texto. Para basear nosso trabalho, utilizaremos a perspectiva do
interacionismo sócio discursivo sobre as questões de análise dos textos sob o
enfoque do agir de linguagem. Nessa perspectiva, os textos são produções de
linguagem situada sejam orais ou escritas (BRONCKART, 1999). Além desse
aparato teórico, utilizaremos também as contribuições de Hyland (2005) para
tratar das relações estabelecidas pelos marcadores metadiscursivos,
sobretudo, os marcadores de transição, de auto-menção, de atitude e de
engajamento no texto e entre texto, produtor e leitor. Para atender ao nosso
objetivo, partimos de uma análise quantitativa de textos produzidos no curso
de Língua e Cultura Brasileira ofertado pela UFC. Os resultados prévios
evidenciam o uso de recursos interativos para a organização do conteúdo
temático. Além disso, os recursos interacionais deixam explícito o
engajamento e as opiniões do estudante de PLA e as representações que eles
têm em relação aos temas retratados em seu texto, sobretudo, relacionados à
natureza do nordeste.

Palavras-chave: Metadiscurso, Produção Escrita, Aprendizagem.

252
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

A PRODUÇÃO DE HQTRÔNICAS POR ALUNOS DE 7º ANO: UM


OLHAR SOBRE OS MECANISMOS VISUAIS

Leonel Andrade dos Santos

Este trabalho tem como objetivo analisar os mecanismos visuais empregados


por alunos de 7º ano na produção do gênero histórias em quadrinhos
eletrônicas (HQtrônicas). Para isso, ancoramo-nos em Franco (2001) e em
Freitas (2012) para apresentarmos o gênero HQtrônica, que tem como
característica a predominância da sequência narrativa, a moldura das cenas
em quadrinhos e a interatividade. A produção de HQ nesse formato passou a
ser realizada em um contexto marcado pela popularização da hipermídia e
pelas experimentações das possibilidades de expressão desse meio, que foram
agregadas à potencialidade artística trazida pela experiência na produção dos
quadrinhos para desenvolver outras semioses nessa nova sintaxe visual.
Baseamo-nos ainda em McCloud (2008) para analisarmos os mecanismos
visuais empregados pelos alunos, a saber: a escolha do momento, do
enquadramento, das imagens, das palavras e do fluxo. A pesquisa foi
realizada no ano de 2015 em uma escola pública da região metropolitana de
Fortaleza e contou com a participação de nove sujeitos, com faixa etária entre
13 e 15 anos de idade. Destacamos também que a pesquisa é produto de um
estudo de caso e possui um corpus composto por nove textos produzidos na
ferramenta digital Pixton. Esta ferramenta tem como principal função
oferecer aos seus usuários a possibilidade de produção de quadrinhos na web,
seja para fins de entretenimento, seja para fins pedagógicos. A análise nos
permitiu concluir que, mesmo de forma intuitiva, os alunos empregam
categorias de produção de HQs utilizadas por quadrinhistas experientes e essa
produção foi fortemente potencializada pelo uso da ferramenta digital para
produção de quadrinhos. Desse modo, buscamos contribuir para a elucidação
de questionamentos sobre como alunos da educação básica produzem
narrativas multissemióticas e hipermidiáticas por meio de uma ferramenta
digital interativa.

Palavras-chave: HQtrônica, Mecanismos visuais, Ferramenta digital.

253
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

AS OPERAÇÕES DE LINGUAGEM NO PROCESSO DE REESCRITA


DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO TÉCNICO INTEGRADO

Meire Celedônio da Silva


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Maria Vieira Monte Filha


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Este trabalho tem como objetivo analisar o processo de reescrita de textos


narrativos escrito pelos estudantes do ensino médio técnico integrado.
Investigamos como os alunos realizam operações de linguagem. A
problemática que permeia nossa pesquisa é: essas operações promovem o
desenvolvimento de capacidades linguísticas e discursivas? O foco de nossa
investigação são as operações de linguagem relacionadas ao uso de
mecanismos linguísticos no texto. Podemos perguntar, a partir da atividade
desses estudantes, como eles realizam a edição de seus textos em
determinado momento de escrita. Para isso, analisamos, baseados nos
pressupostos teórico-metodológicos do Interacionismo Sociodiscursivo, que
comportamento os estudantes assumem na reescrita de textos
(SCHNEUWLY; DOLZ, 2004) levando em consideração o conteúdo
temático e o contexto de produção (BRONCKART, 1999). No tocante ao
processo de reescrita, utilizamos as seguintes categorias de análises:
operações linguísticas de supressão, adição e deslocamento dentro do texto
(FABRE; COLS, 2002). O corpus é constituído de produções textuais, mais
especificamente crônicas, produzidas por estudantes do Instituto Federal do
Rio Grande do Norte do Ensino Médio Técnico Integrado. Essas produções
foram realizadas durante a disciplina de Língua Portuguesa. A partir da
análise, percebemos que os alunos realizam mais operações em períodos
completos e/ou reescrevem totalmente o texto para conseguir avançar no
desenvolvimento do texto sugerido pelo professor. Nas edições realizadas por
eles, as operações mais recorrentes são adição, supressão e substituição nesta
ordem. Isso revela que os alunos procuram organizar a escrita como um
processo que está sempre se renovando, o texto é visto como algo em
construção que demanda ajustes de ordem linguística e discursiva. Assim
254
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

percebemos que o ensino de produção textual a partir dessas operações


proporciona uma melhor compreensão do fazer e refazer textual, bem como
auxilia no desenvolvimento das capacidades linguísticas e discursivas dos
alunos.

Palavras-chave: Reescrita, Capacidades de Linguagem, Operações


Linguísticas.

UMA VISÃO INTERACIONISTA SOCIODISCURSIVA DE LEITURA:


POR UMA PROPOSTA INTERVENTIVA PARA A AULA DE
LEITURA NO ENSINO BÁSICO

Lílian Paula Leitão


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Este estudo teve início a partir da análise dos últimos resultados das provas
de larga escala, Spaece e Prova Brasil, aplicadas aos alunos do último ano do
Ensino Fundamental II, dos anos de 2009 a 2013 no estado do Ceará, em que
foram averiguados, apesar de uma melhora significativa, os baixos índices de
proficiência em leitura. Para reverter esse quadro de ainda baixos resultados
nas diversas avaliações internas e externas envolvendo leitura no nível básico
de ensino, é necessário que se elabore uma transposição didática inovadora,
capaz de encorajar professores a novas descobertas e desafios. Verificando
essa necessidade, propomos, então, uma intervenção por meio da
metodologia da pesquisa-ação, “pesquisa associada a diversas formas de ação
coletiva que é orientada em função da resolução de problemas ou de
objetivos de transformação” (Thiollent, 2008), utilizando um modelo de
sequência didática (Dolzs, 2010), voltada para o ensino da leitura para o nível
básico, mais especificamente para o nono ano do Ensino fundamental II.
Tratar-se-á, dessa forma, de uma pesquisa qualitativa sobre a prática da
leitura em sala de aula e do trabalho docente cujo foco será o próprio agir
profissional do professor-pesquisador. O objetivo deste trabalho, portanto, é
fazer uma análise da atual prática de leitura no ensino básico e propor uma
perspectiva interventiva mais atual para tornar essa aula de leitura mais
255
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

eficiente para a aprendizagem e para o desenvolvimento da competência


comunicativa dos discentes. Para conseguirmos tal objetivo, ancoramo-nos
em estudos de Braggio (1992), quanto à concepção sócio-histórica ideológica
de linguagem, tendo como base o quadro teórico do Interacionismo
Sociodiscursivo - ISD (Bronckart, 1999) e os modelos de aulas de leitura
propostos por Leurquin (2014).

Palavras-chave: Leitura, ISD, Pesquisa-ação.

O PROCESSO DE AVALIAÇÃO NO GÊNERO RESENHA


ACADÊMICA

Verônica Maria Alves


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Gleicyane Feitosa Gomes Torres


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Adriana Negreiros de Almeida Morais


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Este trabalho tem por objetivo definir e caracterizar a resenha acadêmica e a


relevância da comunidade disciplinar na elaboração desse modelo de texto,
bem como investigar o ato de avaliar através da análise de marcadores
metalinguísticos ou metadiscursivos presentes em amostras do referido
gênero. Para tanto, analisamos um corpus constituído por resenhas
produzidas por graduandos do curso de Letras. Os dados coletados provêm de
resenhas retiradas da revista “Ao Pé da Letra”, criada pelo Departamento de
Letras da Universidade Federal de Pernambuco, cujo intuito é publicar,
semestralmente, textos de graduandos em Letras de todas as IES do país,
além de estimular e legitimar sua escrita acadêmica, divulgar as pesquisas
que realizam e fomentar o intercâmbio de saberes entre professores e alunos,
motivo pelo qual a escolhemos, uma vez que o foco deste trabalho é
256
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

descrever e analisar o processo de avaliação crítica de graduandos, a partir do


gênero resenha acadêmica. O referencial teórico no qual se embasou este
trabalho foi Swales (1990); Araújo (1999); Motta-Roth (1995, 1996); Hyland
(1998) e Matencio (2003). Os dados obtidos demonstraram que embora os
traços que compõem a resenha acadêmica tenham adquirido relativa
estabilidade, existem outros que parecem estar diretamente relacionados com
a comunidade disciplinar ou até mesmo em habilitações diferentes em um
mesmo campo de estudo, os quais possibilitam a apropriação do gênero como
instrumento de ação social dentro da comunidade acadêmico-científica.
Nessa esteira, este artigo pretendeu contribuir com as pesquisas em
Linguística Aplicada, uma vez que pode servir de subsídios tanto para
professores de diversas áreas do conhecimento que solicitam resenhas como
uma forma de avaliar o desempenho dos alunos, como também para os
próprios estudantes universitários, que têm a oportunidade de se
reconhecerem, através do construto de uma resenha, como sujeitos atuantes
na comunidade acadêmica.

Palavras-chave: Resenha acadêmica, Avaliação, Comunidade disciplinar.

O AGIR DOCENTE NA FORMAÇÃO INICIAL: ANÁLISE DE


NARRATIVAS SOBRE UMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO DE
INGLÊS PARA IDOSOS

Karyne Soares Duarte Silveira


Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

No presente trabalho nosso objetivo foi analisar como se constitui o agir


docente de professores de língua inglesa em formação inicial por meio de
suas narrativas sobre um contexto de ensino de inglês para idosos. Trata-se de
uma pesquisa colaborativa de abordagem interpretativista desenvolvida
através da análise de narrativas produzidas por dois professores sobre a
experiência vivenciada em um projeto de extensão universitária de ensino de
257
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

inglês para idosos da Universidade Aberta à Maturidade (UAMA) da


Universidade Estadual da Paraíba (UEPB – Campus I). Entendemos que o
referido projeto de extensão além de promover uma experiência de inclusão
social de idosos por meio do aprendizado da língua inglesa como forma de
ampliar suas capacidades de comunicação e interação social, proporciona
novas experiências de ensino da língua-alvo para professores em formação
inicial do Curso de Letras-Inglês. Para atingir nosso objetivo de pesquisa, nos
apoiamos nas contribuições teóricas de Bronckart (1999), Bronckart e
Machado (2004), Medrado (2011), Barricelli (2007), dentre outros sobre o
agir docente à luz dos princípios teórico-metodológicos do Interacionismo
Sóciodiscursivo (ISD). De acordo com Bronckart e Machado (2004), o agir
tanto pode ser observado, quando interpretado, por meio dos discursos e das
vozes, como uma forma de atribuir-lhe significado para si e para os outros.
Foi nesse sentido que decidimos fazer uso de narrativas nesta pesquisa, no
intuito de acessar os conteúdos temáticos e as vozes dos professores
colaboradores e, assim, compreender como entendem seu próprio agir. Ao
final da pesquisa identificamos a predominância do agir cognitivo e afetivo
como formas de agir caracterizados por constantes reconfigurações
provavelmente motivadas pelo próprio contexto especial e inovador de
ensino-aprendizagem de inglês para idosos.

Palavras-chave: Agir Docente, Narrativas, Inglês para Idosos.

UMA ANÁLISE DAS MODALIDADES DE GÊNEROS TEXTUAIS


COM SEQUÊNCIA INJUNTIVA NOS LIVROS DIDÁTICOS

Meyssa Maria Bezerra Cavalcante dos Santos


Universidade Federal do Ceará (UFC)

De acordo com Bakhtin (2010), toda atividade humana está ligada ao uso da
linguagem como meio de interação. Por sua vez, Bronckart (2009) afirma que
os gêneros constituem instrumentos de adaptação e participação na vida
258
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

social e comunicativa. Compartilhando com essas ideias, acreditamos que o


trabalho com o gênero textual, em sala de aula, pode propiciar a vivência do
aluno com o texto, numa situação real de uso. Nossa pesquisa investiga quais
os gêneros textuais de sequência injuntiva são contemplados nos livros
didáticos de Língua Portuguesa, para o Ensino Fundamental do segundo
segmento. Buscamos fundamentos teóricos na proposta sociointeracionista de
Bronckart (2009) e na Linguística de Texto, adotando, basicamente, os
seguintes procedimentos: 1. Seleção de corpus; 2. Observação dos níveis de
análise linguística. Os resultados obtidos permitiram-nos uma síntese a partir
dos dados, os quais confirmam nossa hipótese básica: O livro didático de
Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental do segundo segmento, no que
se refere ao texto injuntivo, apresenta apenas atividades na sua forma
instrucional. Esta hipótese está sintonizada com as hipóteses secundárias: i)
No livro didático concebe-se o texto injuntivo somente como instrucional; ii)
A metodologia aplicada no livro didático para o ensino de gêneros textuais
com sequência injuntiva não é aplicada de maneira a se perceber um efeito
prático; iii) O trabalho com gêneros textuais de sequência injuntiva, em sala
de aula, facilita o ensino/aprendizagem do uso de textos do âmbito das
enunciações invocativas, resultando na manifestação de habilidade para a
interação de forma mais direta. Os resultados demonstram que os docentes,
em sua prática pedagógica, ao fazerem uso, dentro ou fora da sala de aula, de
gêneros injuntivos unicamente na sua forma instrucional, deixam de oferecer,
aos discentes, condições mais favoráveis para se desenvolver a competência
textual de maneira mais ampla, seja através da capacidade qualificativa e/ou
formativa, na perspectiva de Charolies (1979), conforme Travaglia (1997).

Palavras-chave: Gênero textual, Sequência textual injuntiva, Instrução.

O TRABALHO DO PROFESSOR NO ENSINO DE GÊNEROS


ACADÊMICOS EM FRANCÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

Eliane Gouvêa Lousada


Universidade de São Paulo (USP)
259
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Simone Maria Dantas-Longhi


Universidade de São Paulo (USP)

Emily Caroline da Silva


Universidade de São Paulo (USP)

Nesta comunicação, apresentaremos um estudo sobre o trabalho do professor


de francês como língua estrangeira ao ministrar um curso sobre gêneros
acadêmicos. De maneira específica, visamos a analisar, primeiramente, os
objetos de ensino materializados na sequência didática elaborada para o curso
para, em seguida, investigar como o professor adapta e reconcebe esse
material para o uso em sala de aula. Com base no quadro teórico e
metodológico do Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart, 1999, 2006,
2008) e de alguns de seus desdobramentos (Schneuwly e Dolz, 2004), aliados
a aportes da Ergonomia da atividade (Amigues, 2004; Saujat, 2004), nosso
estudo focaliza um curso de extensão universitária sobre gêneros acadêmicos
em língua francesa ministrado a um público de estudantes de graduação e
pós-graduação em humanidades (Letras, Ciências Sociais, Filosofia). O
material do curso foi elaborado com base nos conceitos de modelo didático
(De Pietro; Schneuwly, 2006) e sequência didática (Dolz, Noverraz,
Schneuwly, 2004) e foi aplicado em diversas edições do curso. Em cada
edição, sempre há uma adaptação do material aos alunos, que é proposta pelo
professor ministrante. Nesse contexto, objetivamos analisar o trabalho do
professor realizado em sala de aula, observando, por um lado, o trabalho
prescrito que se materializa na elaboração do material didático para o curso e,
por outro, como o professor o atualiza em função dos parâmetros concretos
de realização de sua atividade, partindo do princípio de que a reconcepção
(Amigues, 2004), ou “contextualização”, para o uso é parte inerente do
trabalho e, logo, do trabalho docente. Nesta apresentação, centraremos nossas
análises em três aulas, gravadas em vídeo, que abordam o ensino do gênero
“note de lecture” e verificaremos a reconcepção do material para o uso em
sala de aula, por meio de um estudo dos gestos didáticos (Schneuwly, Dolz,
2008) usados pelo professor.

260
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Palavras-chave: Gênero acadêmico, Trabalho do professor, Gesto didático.

TRADUÇÃO E COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL

Shirlei Tiara de Souza Moreira


Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

O presente trabalho está inscrito no âmbito da Linguística Aplicada, tendo


como recorte os Estudos Tradutórios, com foco no Ensino de Tradução para
alunos de Graduação em Letras com Inglês. Traduzir é um processo criativo
que demanda muito mais do que transferências linguísticas, há uma gama de
possibilidades relacionadas às especificidades do contexto socio-histórico e
cultural na qual a obra está inserida. Ensinar a traduzir, nessa perspectiva, é a
oportunidade de solidificar a dupla ‘língua-cultura’ como indissociável e
indispensável no ensino de língua estrangeira, quando se prioriza a
comunicação intercultural. A presente pesquisa tem como objetivo analisar o
posicionamento dos discentes de letras com Inglês quanto às etapas do
processo tradutório, o uso de ferramentas eletrônicas, e o que influencia suas
escolhas tradutórias, nos momentos que mais desafiam um tradutor, bem
como, analisar o olhar dos docentes quanto às estratégias de ensino da
Tradução. Para fundamentar a pesquisa, foram utilizadas as bases teóricas de
George Mounin, Roman Jakobson, Susan Bassnet, entre outros. Foram
aplicados questionários aos alunos e professores e empreendidas as análises
em diálogo com a base teórica, o que nos fez perceber que apesar da
Tradução fazer parte do cotidiano desses estudantes, é ainda uma área, que no
contexto específico analisado, carece de uma problematização mais
específica sobre o fazer tradutório propriamente dito. Os discentes ainda não
veem a prática tradutória como uma possibilidade de trabalho, tendo uma
visão muito simplista, por vezes, tecnicista e logocêntrica da Tradução. O
Ensino da tradução precisa adequar-se as novas tendências e necessidades do
contexto globalizado no qual a atividade está inserida. Essa análise desperta
um novo pensar, novas abordagens para o Ensino de Tradução nas aulas de
261
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

graduação para alunos de letras com Inglês, vivificando esta atividade que é
uma importante ferramenta para a promoção da comunicação intercultural.

Palavras-chave: Tradução, Ensino, Interculturalidade.

TAREFAS DE TRADUÇÃO: UMA INVESTIGAÇÃO DOS


PROCESSOS COGNITIVOS PELO VIÉS DA HIPÓTESE DA
PRODUÇÃO
Antonia de Jesus Sales
Universidade Federal do Ceará (UFC)

Maria da Glória Guará Tavares


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Este estudo visa a investigar a existência de uma possível interface entre


atividades de tradução na sala de LE e as funções da Hipótese da Produção de
Swain. Para isto, o presente estudo parte do pressuposto de que traduzir é
produzir língua, considerando a tradução como recriação de efeitos de sentido
(Santoro, 2011) e, assim, analisamos se as funções da Hipótese da Produção
emergem durante a atividade de tradução, de cunho pedagógico, a ser
realizada. Para fundamentar teoricamente esta investigação, recorremos aos
estudos de Swain (1985, 1993, 1995, 1998, 2000, 2010), estudos referentes à
Hipótese da Produção: Swain e Lapkin (1995), Izumi, Bigelow, Fujiwara e
Fearnow (1999), Ohta, (2000), Izumi (2002, 2003), Shehadeh, (2002, 2003),
Ehsan (2011), dentre outros. A metodologia previu a condução de um
experimento prático com uma atividade de tradução, em que os participantes
da pesquisa foram oito estudantes de graduação em Letras-Inglês, na qual
estes fizeram uma atividade em dupla, gravada em áudio. Com base na
transcrição destes, os dados foram analisados visando a investigar se os
processos mentais nos quais os alunos embarcam têm relação com as funções
da Hipótese da Produção de Swain. Analisamos, portanto, se durante a
atividade de tradução, os participantes notaram lacunas, formulam hipóteses e
se refletiram metalinguisticamente acerca da LE/L2. Os resultados
262
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

comprovam que as funções ocorrem de forma entrelaçadas e justapostas


dentro dos processos cognitivos exigidos pela referida tarefa. Concluímos
com isto, que a HP e as tarefas de tradução se relacionam diretamente e assim
é a HP é uma hipótese a ser considerada nos Estudos da Tradução quanto ao
ensino de L2.

Palavras-chave: Ensino, Tradução, Hipótese da Produção.

O ENSINO DE PRONÚNCIA EM LIVROS DIDÁTICOS DE


PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA: CONSIDERAÇÕES SOBRE
AS ATIVIDADES PROPOSTAS

Rogéria Costa Pereira


Universidade Federal do Ceará (UFC)

O ensino de pronúncia em Língua Estrangeira (LE) costuma ser tratado na


sala de aula como ‘primo pobre’. Fato é que uma pronúncia inteligível se
apresenta como primordial para uma comunicação bem sucedida. Segundo
Major (2007), uma pronúncia deficiente, tanto quanto um erro gramatical ou
vocabular, pode não só comprometer a comunicação, mas também levar o
ouvinte da língua-alvo a associar o falante estrangeiro a determinados déficits
pessoais, de comportamento e até de inteligência. Em um contexto do
aprendizado formal da LE, é necessário, portanto, que o livro didático
adotado contemple adequadamente aspectos fonético/fonológicos da língua-
alvo, pois que este material norteará a atuação do professor em sala de aula e
servirá como suporte para um aprendizado autônomo. A comunicação
apresentará resultados preliminares de uma análise da abordagem do ensino e
das atividades de pronúncia apresentados em três livros didáticos utilizados
no ensino de Português Língua Estrangeira (PLE) utilizados no Brasil e no
exterior. Para tanto, partiremos dos resultados apresentados por Silveira e
Rossi (2006), aprofundando-os a partir dos critérios desenvolvidos por
Hirschfeld (2011) para desenvolvimento e análise de exercícios de pronúncia
em LE.

263
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Palavras-chave: Ensino PLE, Pronúncia, Livro Didático.

Eixo temático 3:
Ensino e aprendizagem de línguas: Aquisição de língua
estrangeira em situações de plurilinguismo.

PERCURSOS DE AQUISIÇÃO DAS VOGAIS DO INGLÊS POR


ALUNOS BRASILEIROS NOS SEMESTRES INICIAIS DE
GRADUAÇÃO EM LETRAS-INGLÊS

Ronaldo Mangueira Lima Júnior


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Esta pesquisa está inserida em um projeto guarda-chuva que tem por objetivo
descrever e analisar o percurso de aquisição das vogais do inglês por alunos
do curso de Letras-Inglês da Universidade Federal do Ceará. O projeto
guarda-chuva é longitudinal-dinamicista, e pretende acompanhar a rota de
aquisição das vogais do inglês dos alunos brasileiros luso-falantes de Letras-
Inglês admitidos em 2015 até que se formem, em 2019, com coletas de dados
semestrais. Nesta seção de comunicação serão apresentados os dados das
duas primeiras coletas, em 2015.2 e 2016.2, com foco na produção das vogais
[iː ɪ ɛ æ uː ʊ], por incluírem distinções fonológicas ausentes no português. A
coleta foi realizada com a gravação de 15 alunos lendo frases-veículo com 3
tokens CVC para cada vogal. Cada token foi repetido quatro vezes, gerando
72 vogais por participante, 1.080 vogais no total. As vogais foram analisadas
acusticamente com relação à duração e à qualidade espectral (F1 e F2). Os
espaços vocálicos dos alunos foram comparados aos de falantes nativos do
inglês, e os resultados mostram dificuldade dos aprendizes brasileiros em

264
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

separar os pares de vogais cujo contraste não existe no português, i.e. [iː ɪ] [ɛ
æ] e [uː ʊ], tanto em duração como em qualidade espectral. Seus espaços F1-
F2 se sobrepõem nos pares de vogais-alvo. Esse achado está alinhado às
teorias de aquisição fonológica de protótipos (e.g. FLEGE, 1995; KUHL,
1991; BEST, 1995), nas quais o estudo se apoia. Contudo, espera-se que, com
o desenvolvimento de suas interlínguas, em especial após os semestres III e
IV, quando os alunos cursam disciplinas de fonologia, eles comecem a
separar os pares de vogais-alvo em seus espaços vocálicos.

Palavras-chave: Aquisição Fonológica, Inglês-L2, Análise Acústica.

CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS NO PROCESSO DE ENSINO-


APRENDIZAGEM DE DIFERENTES VARIEDADES DA LI: UMA
PESQUISA-AÇÃO COM UMA TURMA DE LETRAS/INGLÊS

Daniela Moreira Duarte


Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Com a expansão da língua inglesa (LI) no mundo e sua condição atual de


língua de comunicação global, possuindo mais falantes não-nativos do que
nativos, precisamos lidar com uma nova realidade de uma língua marcada
pelo hibridismo, com a necessidade de adotarmos uma abordagem
intercultural no ensino e de discutirmos sobre a descentralização do modelo
do falante nativo. Percebemos que muitos são os avanços de ordem teórica e
crescentes as discussões na Linguística Aplicada a respeito de diferentes
perspectivas como o World English e o Inglês como Língua Franca, por
exemplo. Entretanto, na prática do ensino da língua, muitas vezes, nos
limitamos a trabalhar com uma ou duas variedades mais prestigiadas. No
intuito de buscar por mudanças significativas neste quadro, esta pesquisa tem
como objetivo investigar as contribuições e os desafios encontrados no
processo de ensino-aprendizagem de LI ao considerarmos diferentes
variedades desta língua no trabalho em sala de aula, através do estudo de
265
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

gêneros diversos, sob uma perspectiva crítica. Trata-se de uma pesquisa-ação


que será realizada com uma turma de Língua Inglesa Intermediário I do curso
de Letras/Inglês de uma universidade estadual do interior da Bahia. Para
tanto, serão utilizados como instrumentos de coleta de dados dois
questionários investigativos, as notas de observação da professora
pesquisadora e uma entrevista semiestruturada. Esperamos, através deste
estudo, oferecer subsídios teóricos e práticos no que tange aos avanços nas
discussões sobre o tema e às melhorias no processo de ensino-aprendizagem
da LI, na busca de preparar os discentes, futuros professores, para lidarem
com as demandas pedagógicas emergentes.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem, Língua inglesa, Variedades


linguísticas.

O ENSINO DE PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA (PLE) NA


GUIANA FRANCESA

Maria Erilan Costa Silva


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Este trabalho tem como objetivo analisar o sistema educativo francês com
relação ao ensino de Português Língua Estrangeira (PLE), tomando por base
o caso da Guiana Francesa. Este trabalho relatará a experiência vivenciada
como professora-assistente de Português Língua Estrangeira (PLE) na Guiana
Francesa, no período de outubro de 2014 a abril de 2015. A atividade foi
realizada nos colégios Just Hiasyne et Égenie Tell-Éboué, situados
respectivamente nas cidades de Macouria e Saint-Laurent du Maroni. Neste
território, o francês, língua oficial, coabita com mais de 30 línguas, entre elas
a língua crioula de base francesa, o espanhol, o holandês, línguas indígenas, o
português etc. A língua portuguesa caracteriza-se por ser uma das línguas
mais utilizadas na comunicação oral entre os guianenses. Em 2010, segundo
dados do Institut National de la Statistique et des Études Économique, a

266
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Guiana possuía 229.040 habitantes, entre eles 19.904 brasileiros residindo


legalmente no território. Logo, um dos incentivos ao ensino de português nas
escolas guianenses é a grande presença de brasileiros no território.
Atualmente, o português é ofertado como segunda língua estrangeira no
ensino de base, sendo a primeira língua estrangeira o inglês. Em 2006, 6.190
estudantes que frequentavam os “collèges” e os “lycées” guianenses estavam
matriculados na disciplina de PLE. A baixa procura por esta disciplina é
devido a aparente facilidade de aprender o português no dia a dia com os
brasileiros que moram no território. Apesar do pouco interesse dos estudantes
no aprendizado formal do português, o governo francês trabalha para
qualificar linguisticamente os estudantes, visando estabelecer relações
sociais, educacionais, profissionais e econômicas com o Brasil e outros países
lusófonos.

Palavras-chave: Ensino, PLE, Guiana Francesa.

DIFICULDADES NA PRODUÇÃO DE AFRICADAS


ALVEOPALATAIS POR FALANTES DE PORTUGUÊS BRASILEIRO
COMO APRENDIZES DE LÍNGUA ITALIANA

Elisa Devit Ottaran


Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

A presente pesquisa insere-se na área de Aquisição da Linguagem, mais


precisamente no ensino de Língua Italiana (LI). No decorrer das aulas de LI,
observou-se que os alunos tendiam a ler segundo as regras fonético-
fonológicas do português quando não conheciam as palavras e, até mesmo na
produção livre, a influência da Língua Materna (LM) era evidente. Portanto,
buscou-se abordar as dificuldades de produção da africada alveopalatal
desvozeada [ʧ] e africada alveopalatal vozeada [ʤ] durante o processo de
aquisição de LI, por falantes de língua portuguesa, por meio de coleta de
dados orais, a partir de imagens e perguntas que estimulassem a produção das
267
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

palavras desejadas. O corpus da pesquisa foram estudantes de LI do primeiro


semestre do Núcleo de Ensino de Línguas em Extensão da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul; as palavras escolhidas eram de conhecimento
dos alunos, salvo as palavras de controle. Após a coleta de dados, procedeu-
se para transcrição fonética dos dados, fez-se uma análise contrastiva, entre
produção fônica ideal e real, onde foram percebidas constantes influências da
LM na aprendizagem da língua estrangeira (LE). A análise de dados foi feita
à luz dos conceitos fonéticos e fonológicos definidos por Maturi (2009),
considerando o inventário fonético italiano estabelecido por Graffi e Scalise
(2013). Foi considerada, também, a relação estabelecida por Saussure de
língua escrita e língua falada como dois sistemas diferentes de signos, bem
como o princípio saussuriano da arbitrariedade (SAUSSURE, 1995). Através
do exame da produção de um aluno, constatou-se que não existe uma
incapacidade ou deficiência articulatória, mas sim uma influência da LM na
LE neste momento de interlíngua. Essas assimilações fônicas da LM no
processo de interlíngua da LE corroboram a importância de estudos mais
aprofundados e amplos, visto que pouco se discute tanto na sala de aula,
quanto em métodos de ensino.

Palavras-chave: Fonética, Língua Italiana, Aquisição da Linguagem.

A APRENDIZAGEM DE ESPANHOL NO BACHARELADO LEANI:


REPRESENTAÇÕES DE ALUNOS EM FORMAÇÃO

Antonio Ferreira da Silva Júnior


Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (CEFET/RJ)

Desde o ano de 2014, o Centro Federal de Educação Tecnológica Celso


Suckow da Fonseca (Cefet-RJ) oferece o curso de Graduação em Línguas
Estrangeiras Aplicadas às Negociações Internacionais (LEANI). A proposta
desse bacharelado é a formação de profissionais da área de linguagem
proficientes em três línguas estrangeiras (LE) e capazes de mediar diferentes

268
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

negociações interculturais. Espera-se que esse profissional seja capaz de


refletir sobre o uso da linguagem em múltiplos contextos profissionais e
interculturais. Para isso, as ementas das disciplinas de espanhol como LE
apresentam um duplo papel formativo: (a) levar o aluno em formação a
refletir sobre o uso social da linguagem, principalmente, no contexto de
negócios e (b) desenvolver o conhecimento instrumental para fins de
comunicação. No entanto, na prática em sala de aula de espanhol, percebe-se
que os alunos acabam por valorizar a formação meramente linguística do
idioma, portanto, não se enxergam como futuros profissionais da linguagem.
Partindo dessa hipótese, este trabalho tem como objetivo analisar as
representações de alunos de três períodos do bacharelado LEANI para tecer
considerações sobre a aprendizagem do espanhol e o papel das LE na
construção identitária profissional. Para isso, realizou-se uma etapa
bibliográfica sobre o conceito de representações (MOSCOVICI, 1995), o
papel das LE nos cursos LEANI do Brasil e do espanhol/ LE na formação
profissional (SILVA JÚNIOR, 2015; VIAN JR, 2015; ONODERA, 2015) e
uma etapa qualitativa (BORTONI RICARDO, 2008) mediante a geração de
dados por meio de questionário com questões abertas e fechadas. Os dados
nos sinalizam a necessidade de maior conscientização pelos alunos do papel
formativo em linguagem e em espanhol, necessários para o pleno exercício
da profissão e, por outro lado, o desafio para o professor atuante no curso em
relação à seleção de conteúdos para o atendimento do duplo papel formativo
de sua disciplina.

Palavras-chave: Representações, Aprendizagem de espanhol, Linguagem.

REPRESENTAÇÕES DE ESTUDANTES ARGENTINOS DE


PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA ACERCA DO BRASIL,
LÍNGUA PORTUGUESA E ENSINO DE PLE: IMPLICAÇÕES PARA
O ENSINO

Ana Angélica Lima Gondim

269
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Universidade Federal do Ceará (UFC)

Eulália Vera Lúcia Fraga Leurquin


Universidade Federal do Ceará (UFC)

O ensino de Português como Língua Estrangeira na Argentina é um tema que,


dada a urgência em propiciá-lo, vem sendo amplamente discutido em eventos
de Linguística e analisado por estudiosos desde que a Lei Lei Nº 26.468, que
dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino da língua portuguesa no país, foi
sancionada em 2008. Como parte de nossa pesquisa de Doutorado, no
momento da apreensão do contexto de ensino de Português como Língua
Estrangeira no referido país, lançamos um olhar sobre o perfil de diferentes
grupos de estudantes (escolas regulares de ensino, curso livre e curso para
aposentados), com o objetivo de identificar suas representações sociais sobre
a língua portuguesa, o ensino dessa língua, o material didático utilizado e o
Brasil a fim de as identificarmos e as utilizarmos para a facilitação do ensino
de PLE. Problematizamos Representações Sociais a partir da obra magna de
Serge Moscovici (1961, 2004), e das contribuições de Jodelet (1989, 2001),
entendendo que estas são conhecimento que se manifestam como elementos
cognitivos, são socialmente elaborados e compartilhados e contribuem para a
construção de uma realidade comum; e tal realidade interfere Com o intuito
de utilizarmos estas representações a favor do ensino de PLE, as coletamos
através de um questionário contendo cinco perguntas aos diferentes grupos.
Analisamos, de forma quantitativo-qualitativa, as respostas apresentadas por
cada grupo e verificamos um sentimento de simpatia pelo Brasil e sua
cultura, com base numa visão de um “país festa”, repleto de belezas naturais,
habitado por um povo amável, receptivo e bonito, como apresentado pela
mídia. Quanto à língua, verificamos uma aversão à gramática da língua dada
a “dificuldade” em compreender tantas regras.

Palavras-chave: Representações sociais, Ensino de PLE, Cultura brasileira.

270
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

ANÁLISE DE NECESSIDADES DE CURSOS DE LÍNGUA INGLESA


PARA FINS ESPECÍFICOS EM CURSOS SUPERIORES DE
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO A PARTIR DA ÓTICA DOS
SEUS ESTUDANTES

Adriana da Rocha Carvalho


Instituto Federal do Ceará (IFCE)

Este estudo tem como objetivo fazer uma reflexão inicial acerca da análise de
necessidades com relação às habilidades linguísticas dos aprendizes de língua
inglesa para fins específicos a partir da ótica dos próprios aprendizes.
Tradicionalmente, o ensino de inglês para fins específicos, mais comumente
no Brasil chamado de inglês instrumental, tem tido como foco de ensino a
habilidade de leitura. Segundo Ramos (2008), criou-se um mito no Brasil de
que o ensino de Inglês Instrumental é o ensino da habilidade de leitura.
Aparentemente, para o mundo globalizado, a atividade de leitura apenas
parece não vem dando conta das demandas acadêmicas e de mercado de
trabalho da área da tecnologia da informação, que, diga-se de passagem, está
bastante aquecida e em franco desenvolvimento. Segundo Dudley-Evans e St.
John (1998) o ensino de inglês para fins específicos exige do professor mais
consciência acerca do contexto de ensino/aprendizagem. A Análise de
Necessidades facilita o trabalho docente uma vez que permite ao professor
uma maior eficácia na condução das aulas e consequentemente maior
engajamento e motivação por parte dos alunos. Robinson (1991) aponta que
as necessidades do aprendizado de uma língua devem ser investigadas a partir
de três perspectivas: dos professores, dos alunos e dos
empregadores/mercado de trabalho. Com base nessas reflexões e visando
avaliar uma dessas três perspectivas, foi aplicado um questionário
semiestruturado a alunos do segundo semestre do Curso de Bacharelado em
Ciência da Computação do IFCE campus Aracati visando avaliar que tipo de
necessidade linguística eles até então percebiam como necessárias para o
bom desempenho acadêmico. Com base nas respostas pudemos perceber que
apesar de a leitura de artigos acadêmicos em língua inglesa ser exigida, outras
habilidades são igualmente necessárias como por exemplo as que
possibilitam assistir aulas em língua inglesa tanto presencialmente quanto em
vídeos do YouTube.
271
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Palavras-chave: Ensino de Inglês Instrumental, Análise de Necessidades,


Tecnologia da Informação.

BEM VINDO AO TERRITÓRIO BRASILEIRO: INVESTIGANDO O


IMPACTO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COLABORATIVO
E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA A REPETIÇÃO EM
UMA TAREFA DE TRADUÇÃO

Raquel Carolina Souza Ferraz D Ely


Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Maria da Gloria Guará Tavares


Universidade Federal do Ceará (UFC)

A presente pesquisa, de natureza quantitativa e qualitativa, constrói interface


entre o campo da Tradução e da Aquisição de Segunda Língua ao propor o
escrutínio do impacto dos processos de planejamento estratégico (Ellis, 2015,
Skehan, 2015), e planejamento estratégico para a repetição (D Ely, 2006) em
uma tarefa de tradução. Oito aprendizes de Inglês como LE, de uma
Universidade do Sul do Brasil, cursando Letras-Inglês, no nível intermediário
desempenham a tarefa de tradução de um vídeo - Havaianas Território
Brasileiro, primeiramente na condições de planejamento estratégico
colaborativo (em pares), onde tem a oportunidade de planejar de forma
guiada, com o auxilio de um/a colega, a tarefa de traduzir as frases do vídeo.
Posteriormente, na condição de planejamento para a repetição, os alunos tem
oportunidade de repetir a gravação da tradução, após a participação em um
ciclo de tarefas que visa engajar os alunos em um processo de reflexão acerca
das escolhas feitas e de leitura de textos paralelos que os auxiliem na
272
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

compreensão do contexto em que o texto e a tradução se inserem. Após a


atuação em cada uma das condições, os alunos respondem questionários pós
tarefa e também são convidados a manter um diário onde registram detalhes
dos processos deflagrados em sala de aula. Resultados da comparação da
atuação dos aprendizes em termos de fluência, complexidade, acurácia e
outcome, apontam para o impacto positivo do planejamento para a repetição,
contudo, o momento de planejamento estratégico colaborativo é também
percebido como benéfico uma vez que proporciona aos alunos oportunidade
de foco na forma (Long, 2015) e geração de hipóteses (Swain, 1995). A
elaboração e implementação das tarefas nos permite constatar que tratar e
perceber a traduçáo como ação situada (Nord, 1991)) vai ao encontro da
premissa maior do conceito de tarefa, que é o fazer para aprender (Long,
2015).

Palavras-chave: Ensino baseado em tarefas, Tradução, Planejamento


estratégico

Eixo temático 4:
Ensino e aprendizagem de línguas: Políticas
linguísticas.

ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA E A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Maria Silvana Militão de Alencar


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Pretende-se, com este trabalho, proceder a uma reflexão sobre as


contribuições que os estudos linguísticos podem oferecer ao ensino,
notadamente os que se referem à variação linguística e seus reflexos sobre o
273
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

ensino-aprendizagem da língua portuguesa. O reconhecimento da diversidade


linguística no Brasil, manifestada através da pluralidade de usos, vem pari
passu substituindo aquela visão ultrapassada de língua homogênea tão
divulgada no princípio do século XX. Sabe-se que o desconhecimento, por
parte dos professores, da heterogeneidade linguística pode trazer
consequências profundas ao sistema de ensino, além de acrescer, ainda mais,
o quadro de evasão escolar, por conta do preconceito linguístico. Tal
reconhecimento acarretou inúmeras consequências que se refletiram tanto na
comunidade de uso da língua como no ambiente escolar. Tem como suporte
as bases teórico-metodológicas da Fonética e da Fonologia, com abordagem
da Dialetologia e da Sociolinguística uma vez que será apresentado, além do
estudo dos aspectos sonoros, o estudo das variações diatópicas (regionais) e
diastráticas (sociais). A escolha desse tema encontra justificativa por vários
motivos, dentre eles, destaca-se o papel relevante das pesquisas empíricas,
que têm por finalidade a descrição da língua portuguesa em suas variantes
diatópicas e diastráticas, no sentido de definir o que de fato constitui o
chamado português do Brasil. Depois, devido à extensão territorial do nosso
país e, principalmente, devido às diferenças culturais, além das contradições
sociais, há sempre necessidade de que investigações sejam realizadas a fim
de que essas variações referentes aos aspectos fonéticos e lexicais, bem como
a relação entre estas variantes e seus condicionadores tornem-se mais
conhecidas, afinal uma política linguística só existe quando há escolha, seja
entre diferentes variedades linguísticas, seja entre diferentes línguas. Isto
posto, abre-se espaço para reflexões sobre a diversidade linguística no
contexto escolar, levando-se em consideração a língua em suas diferentes
funções e no meio social.

Palavras-chave: Ensino, Língua Portuguesa, Variação linguística.

274
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

SER PROFESSOR DE PLE/PLNM NA RAEM: REALIDADES E


DESAFIOS

Rosa Bizarro
Instituto Politécnico de Macau (IPM)

A importância da formação inicial de docentes de Língua Estrangeira, em


geral, e de Língua Portuguesa, como Língua Estrangeira/ Língua Não
Materna (PLE/PLNM), em particular, tem sido devidamente estudada por
diferentes autores (assinale-se, a título de exemplo, ALARCÃO, 2013,
ALMEIDA FILHO, 1999, BIZARRO, 2008, BIZARRO E BRAGA, 2006,
BIZARRO, MOREIRA e FLORES, 2013, LEFFA, 2008, SÁ-CHAVES,
2002), postulando a necessidade de se formar professores reflexivos, críticos,
preparados para intervir em contextos caracterizados por forte diversidade
cultural, comprometidos com a educação e com o desenvolvimento humano,
co-construtores de uma formação teórica e prática em diferentes áreas do
conhecimento, capazes de dar respostas às necessidades do aluno de hoje,
mas capazes, igualmente, de compreender a vigência transitória, temporária,
do seu saber, o que lhes exige, por conseguinte, a consciencialização nítida da
necessidade de uma formação continuada, ao longo da sua carreira
profissional. Em conformidade, é nosso propósito contribuir para a discussão
do que é/ pode ser um professor de Português como Língua Não Materna,
cuja língua materna é o Chinês, que, a partir de Macau, será chamado a
desenvolver a sua acção docente em diferentes contextos geo-políticos e
culturais. Para tal, apresentaremos os resultados de um inquérito realizado
junto de mais de oito dezenas de estudantes de Português de uma Instituição
de Ensino Superior da RAEM (República Popular da China), que apontam,
claramente, para a necessidade de se reforçar a formação teórica, prática e
reflexiva do Professor de Português Língua Não Materna, na Região.
Caracterizaremos, ainda, uma nova licenciatura destinada a formar
professores de PLE/PLNM, criada pelo Instituto Politécnico de Macau com
idênticas preocupações, na certeza de, assim, se dar uma resposta estruturada
e reflectida a uma necessidade emergente na RAEM, onde a Língua
Portuguesa e o seu ensino se manifestam como uma prioridade estratégica da
política regional e nacional.

275
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Palavras-chave: Professor, Formação inicial, PLE/PLNM.

POLÍTICAS LINGUÍSTICAS EM MOÇAMBIQUE: REFLEXÕES


SOBRE OS ARTIGOS 9 E 10 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
DE 2004

Zacarias Alberto Sozinho Quiraque


Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique (UEM- Moç)
Universidade Federal de Goiás(UFG)

Maria Helena de Paula


Universidade Federal de Goiás(UFG)

Entre várias causas, a diversidade linguística em Moçambique fundamenta-se


em três (3) razões: i) A substituição gradual, anos 200 a 300 n.e, da
comunidade Khoisan na região meridional da África por diferentes grupos
populacionais, que teve como consequência a expansão de um inúmero de
línguas bantu hoje faladas naquela região, incluindo Moçambique. ii) a
penetração, no século IX, dos primeiros mercadores árabe-persas que
contribuiu para o surgimento de novos grupos linguísticos como eKoti
(Angoxe), kiMwani (Cabo Delgado), etc; e iii) a chegada à Moçambique, do
navegador português, Vasco da Gama em 1489, e posterior penetração
portuguesa em 1505, marcando o início histórico da língua portuguesa. É
neste contexto que pretendemos, (1) discutir criticamente o conteúdo dos
artigos 9 e 10 da Constituição da República de Moçambique (CRM) de 2004.
O primeiro “valoriza” as línguas nativas como património cultural e
educacional, mas, na realidade nada tem sido feito para valorizar estas
línguas que conduzem a vida da maior parte da população moçambicana, e o
segundo atribui à língua portuguesa, o estatuto de única língua oficial, em
detrimento de várias línguas bantu, faladas pela maioria populacional
(87.15%). (2) Propor conteúdo que melhore as cláusulas daqueles artigos, de
modo que sejam específicos e que incluam os verdadeiros moçambicanos nas
atividades de administração pública e organismos oficiais, através do uso das
276
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

línguas que melhor se expressam e compreendem. Além da revisão


bibliográfica sobre políticas linguísticas, também nos basearemos na CRM de
2004. Entretanto, ambos os artigos daquela Constituição são, nada mais que
dois pontos escritos para driblar o povo, pois, os mesmos não são claros
sobre a inclusão destes nas atividades administrativas oficiais do país.
Esperamos com as propostas deste trabalho, que todos moçambicanos tenham
a liberdade de usar as suas línguas em todos os contextos oficiais, (incluindo
ensino/aprendizagem), sem nenhum receio e privação.

Palavras-chave: Moçambique, Politicas Linguísticas, Constituição da


República.

INTERNACIONALIZAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA:


INTERFACES ENTRE AÇÕES OFICIAIS E POLÍTICAS
LINGUÍSTICAS PRATICADAS.

Maria Erotildes Moreira Silva


Secretaria de Educação do Estado do Ceará (SEDUC)

As interfaces existentes entre os Programas de Leitorado e os Exames de


Proficiência em português, implementados por Portugal pelo Brasil, e as
concepções e práticas de dois segmentos da comunidade de língua portuguesa
envolvidos, respectivamente, com a gestão da língua e com o ensino de
português como língua estrangeira são o objeto de estudo da pesquisa em
tela. Nesse estudo, essas interfaces foram analisadas com o objetivo de
perscrutar em que medida as políticas oficiais estabelecidas atendem às
necessidades de gestores e professores de Português como língua estrangeira
(PLE) que atuam na difusão internacional do português. A análise tem o
aporte teórico proposto por Spolsky (2004), Shohamy (2006) e Bonacina-
Pough (2008), acerca das esferas constitutivas de uma Política Linguística,
em que as crenças e as práticas em torno de uma língua, ao lado da gestão,
constituem faces das ações oficiais em torno de uma língua. Com base nessa
perspectiva, partimos da hipótese de que há um hiato entre a política explícita
277
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

para a promoção internacional do português e a política implícita que permeia


o processo de internacionalização do idioma. Para referendar nossa
proposição, entrevistamos três gestores e setenta professores que atuam no
ensino de PLE, em instituições públicas e privadas, em diferentes países.
Concluímos, a partir das crenças e práticas desses entrevistados, que as ações
oficiais analisadas são um alicerce concreto na internacionalização da língua
portuguesa, mas lhes falta coesão, ao serem praticadas pelos dois países
analisados, visto que ambos insistem em traçar um “Tratado de Tordesilhas”,
em torno das ações para a internacionalização do português. Gestores e
professores entrevistados foram unânimes em afirmar a necessidade de ações
oficiais mais consistentes em torno da internacionalização do idioma, com
foco no ensino de português, na modalidade estrangeira e na formação de
professores que atendam a essa especificidade.

Palavras-chave: Política linguística, Gestão linguística, Ensino de português


como língua estrangeira.

INTERNACIONALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR: OS


IMPACTOS DO INTERCÂMBIO NA CONSTRUÇÃO DA
IDENTIDADE DO FUTURO PROFESSOR DE LE

Fabrício Dias de Andrade


Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)

A internacionalização do ensino superior tem reformulado o desenvolvimento


das universidades. Além de promover o melhor relacionamento entre nações,
culturas e instituições, ela contribui na formação do discente, principalmente
quanto ao futuro professor de LE. O acordo do MERCOSUL, que vê na
educação o elo estratégico na integração dos diferentes povos, possibilitou a
criação de programas de mobilidade acadêmica entre os países do bloco.
Entre eles, está o programa de "Formação de Professores de Português e
278
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Espanhol: ações articuladas em torno de aproximação de currículos”. Trata-se


da parceria entre a Universidade do Vale do Rio dos Sinos/UNISINOS e
Universidad Nacional de Cuyo/Argentina – que tinha apoio do programa da
CAPES de "Parcerias Universitárias de Graduação em língua espanhola e
portuguesa no MERCOSUL", foco desse estudo. Esta apresentação, parte da
minha dissertação e tem por objetivo verificar como, na percepção dos
participantes da pesquisa, as ações conduzidas em torno do ambiente
acadêmico, através de um programa de internacionalização, podem
influenciar na formação e na identidade de futuros professores de LE. Com
base no Plano de Ação do Setor Educacional do MERCOSUL (BRASIL,
2011/2015) e no Projeto de Cooperação entre a Universidade do Vale do Rio
dos Sinos – UNISINOS/Brasil e a Universidad Nacional de Cuyo/Argentina
(KERSCH, 2010), esta pesquisa ancora-se nos estudos sobre a
Internacionalização das Universidades (KNIGHT, J., 2004) e na importância
das Comunidades de Prática (WENGER, E., 2001) na constituição de
identidades (HALL, 2005; RAJAGOPALAN, 1998). Os dados foram gerados
através de entrevistas parcialmente estruturadas realizadas no período de
imersão ou ao retorno dos participantes ao país de origem. Os resultados
destacam que a imersão aos países de língua estrangeira contribui para a
construção da identidade do professor de LE, bem como faz com que os
participantes se reconheçam através do outro e de uma nova cultura.

Palavras-chave: Internacionalização, Identidade, Formação de professores


de LE.

POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E ENSINO DE LÍNGUAS


ESTRANGEIRAS NO ESTADO DO AMAPÁ: UM ESTUDO EM UM
CONTEXTO FRONTEIRIÇO

Katiuscia Montoril dos Santos


Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
279
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

No presente projeto procuramos evidenciar os pressupostos teóricos no que


diz respeito tanto às políticas linguísticas quanto ao ensino de línguas
estrangeiras no Brasil e no exterior, em que para Lagares 2013, (apud
NICOLAIDES, C.; et alii, 2013, p. 181), é necessário diferenciar pelo menos
duas noções, que mesmo sendo distintas resultam ser, ao mesmo tempo,
complementares, os conceitos de policy e politics (Ninyole, 1991, p. 51). A
primeira delas, language policy, faz referência às atitudes e aos planos de
ação relativos à língua, compreendendo, portanto, os acontecimentos prévios
à decisão política. A segunda, language politics, se refere à própria decisão
política, que implica já um determinado “ato de poder”. Assim, este estudo
fundamenta-se na abordagem qualitativa-interpretativista, buscando respostas
para os seguintes questionamentos: Qual é a política linguística para o ensino
de línguas no Estado do Amapá? E como ela se constitui efetivamente na
prática? Este projeto tem como objetivo geral investigar a política linguística
para o ensino de línguas estrangeiras no Estado do Amapá, e como objetivos
específicos mapear estratégias e práticas institucionais referentes ao ensino de
línguas estrangeiras no Estado do Amapá; analisar a política linguística de
línguas estrangeiras no Estado do Amapá à luz das legislações estaduais e
federais, de reflexões teóricas e de documentos produzidos pela área de
Linguística Aplicada. Como procedimento de coleta de dados, será realizada
a aplicação de questionários e entrevistas semiestruturada, para professores,
gestores escolares, coordenadores escolares e Secretário (a) Estadual de
Educação. Este estudo se apoia em textos de referência, tanto em nível
federal quanto estadual e em autores como Calvet (2002), Ball (2002),
Rajagopalan (2003; 2004), entre outros, cujos postulados darão sustentação a
esta pesquisa. Ressalta-se que este projeto encontra-se em fase preliminar e
ainda não foi aplicado.

Palavras-chave: Políticas linguísticas, Ensino de línguas estrangeiras,


Estratégias e práticas institucionais.

280
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

BILINGUISMO PARA SURDOS: DESAFIOS PARA O ENSINO DE


LÍNGUA PORTUGUESA NO CONTEXTO ESCOLAR

Graziely Grassi Zanoni


Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED-PR)

Dayse Grassi Bernardon


Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)

Neste artigo trazemos para discussão a questão do bilinguismo para alunos


surdos e alguns desafios encontrados no ensino da língua portuguesa em
contextos escolares. A comunidade surda atualmente é vista como uma
diversidade linguística imersa a outras, com uma língua que lhe é própria, a
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais. A língua de sinais é uma língua visual,
diferente da língua portuguesa que se apresenta numa modalidade oral-
auditiva. Assim, a língua de sinais, Libras, constitui-se numa modalidade
espaço-visual, apresentando uma gramática própria, que se estrutura a partir
de elementos fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos, como
quaisquer outras línguas. Nesse sentido, a Libras é a língua pela qual os
surdos vivenciam suas experiências linguísticas, trata-se de uma cultura da
visão. Diante disso, o ensino e a aprendizagem da língua portuguesa passam a
ser compreendidos como a aquisição de uma segunda língua pelos surdos, o
que implica em um contexto bilíngue diferenciado de outros de ensino e
aprendizagem de línguas, já que a língua de sinais e a língua portuguesa
apresentam modalidades linguísticas distintas, o que propicia um contexto
atípico bilíngue. Portanto, é de fundamental importância que crianças surdas
aprendam a língua de sinais da forma mais natural possível, por meio da
interação social com outros surdos, no contexto escolar, em escolas bilíngues
para surdos. Todavia, para sustentar esta pesquisa bibliográfica, nos pautamos
em autores como Brito (1995), Quadros (1997, 2004), Skliar (1998),
Fernandes (1999), Strobel (2008), Salles (2004), Perlin (1998), Mello (1999),
dentre outros. Os resultados das discussões apontam a importância em se
considerar o aprendizado da língua portuguesa como segunda língua para
surdos e a utilização de critérios diferenciados para a avaliação de sua escrita
no contexto escolar, já que a língua de sinais se apresenta numa modalidade
281
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

diferenciada da língua portuguesa e reflete na escrita dos surdos.

Palavras-chave: Ensino, Língua Portuguesa, Bilinguismo.

BILINGUISMO E LETRAMENTO PARA SURDOS NO CONTEXTO


ESCOLAR

Silvana Mendonça Lopes Valentin


Universidade Tuiuti do Paraná (UTP)
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)

Joice M. M. Juliano
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)

Objetivamos neste artigo descrever parte dos resultados das atividades


realizadas em um projeto desenvolvido com um grupo de alunos surdos de
uma escola especializada, bilingue localizada no Oeste do Paraná. A escolha
do tema se deu a partir de uma pesquisa realizada anteriormente com um
grupo de professores, os quais relataram que seus alunos surdos, usuários da
Língua de Sinais, no momento de desenvolver as atividades propostas em
sala de aula, apresentavam grande dificuldade no que se refere a Língua
Portuguesa. Através destas queixas e constatações, procuramos verificar
como as escolas bilingues ensinavam a Língua Portuguesa para surdos
mediada pela LIBRAS. Com os resultados obtidos, procuramos auxiliar esta
escola. Assim, elaboramos um projeto de letramento que foi realizado em

282
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

2013 e teve duração de 3 (três) meses. As atividades eram desenvolvidas nas


quartas-feiras e tinha duração de 4 (quatro) horas semanais. A proposta do
projeto, era trabalhar com textos de circulação social relacionados com o
cotidiano dos alunos. As respostas coletadas constituíram o resultado do
estudo, em cuja interpretação aplicou-se a técnica de análise do discurso e
considerou-se os sujeitos da amostra e o processo ensino-aprendizagem da
língua(gem) em estritas relações com o atual contexto sócio-histórico, à luz
dos fundamentos teóricos Bakhtinanos, vygotskyanos e da pedagogia
freireana. Os resultados desta pesquisa nos possibilitaram refletir sobre a
concepção de bilinguismo das escolas investigadas, intimamente relacionada
aos tipos e gêneros discursivos abordados pelos docentes nas atividades
realizadas em sala de aula para o ensino da escrita em Língua Portuguesa
mediada pela Língua de Sinais- LIBRAS.

Palavras-chave: Letramento, Bilinguismo, Ensino.

TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DO CONCEITO DE ANÁLISE


LINGUÍSTICA EM DOCUMENTOS PARAMETRIZADORES DO
ENSINO MÉDIO: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E LINGUÍSTICOS
Denise Lino de Araújo
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Isabelle Guedes da Silva Sousa


Universidade Federal de Campina Grande(UFCG)

Este trabalho se integra a uma pesquisa mais ampla, já concluída realizada no


âmbito de um mestrado acadêmico, e tem por objetivo demonstrar as
dimensões pedagógica e linguística do processo de didatização da proposta
de análise linguística, em dois documentos parametrizadores do Ensino
Médio: as Orientações Curriculares (BRASIL, 2006) e os Referenciais
Curriculares da Paraíba (PARAÍBA, 2006). Essa proposta foi apresentada
por J. W. Geraldi na década de 80 do século XX, inicialmente para o Ensino
283
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Fundamental, como parte de uma proposta de educação crítico-reflexiva.


Posteriormente, na década de 90, foi (re)apresentada em documentos
parametrizadores da educação básica. Considerando a importância do Ensino
Médio para articulação do ensino pré-universitário com o superior, centramos
a análise nesse nível de ensino. Para tal, realizamos uma pesquisa qualitativa,
do tipo documental, baseada na perspectiva da Linguística Aplicada
indisciplinar e crítico-colaborativa (MOITA LOPES, 2003, 2013) para análise
do corpus selecionado. Os principais subsídios teóricos são os conceitos de
Transposição de Yves Chevallard (SANTOS, 2009) e de Recontextualização
de Basil Bernstein (MARANDINO, 2011) para compreensão do processo de
didatização da análise linguística. Os dados analisados revelaram como
indícios recorrentes da transformação da proposta do campo acadêmico para
o campo curricular a exemplificação, a paráfrase e o esclarecimento. Esses
resultados nos levam a concluir que esses recursos estão a serviço das
dimensões linguístico-discursiva e didático-pedagógica da transposição.
Esses recursos servem para referenciar ou inserir o discurso acadêmico
(instrucional), no discurso didático, desvelando uma intertextualidade entre
os documentos acadêmicos e os parametrizadores oficiais. Como implicação
direta desse resultado, verificamos nos documentos a instituição do Estado
como detentor do conhecimento e os professores em lugar de desatualização
didática. A dimensão política da didatização, um outro resultado também
identificado nos dados, já foi apresentada em outro trabalho.

Palavras-Chave: Transposição Didática, Análise Linguística, Documentos


Parametrizadores.

IDEOLOGIAS LINGUÍSTICAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA OS


ESTUDOS DE POLÍTICAS LINGUÍSTICAS

Gustavo Cândido Pinheiro


Universidade Federal do Ceará (UFC)

284
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

O objetivo deste trabalho é refletir sobre pressupostos epistemológicos do


que tem se convencionado chamar de Sociolinguística Crítica
(BLOMMAERT, 2014; COLLINS, 2015; HELLER, 2012) especificamente, a
respeito do conceito de ideologia linguística e suas possíveis contribuições
analíticas para o campo de estudos da Política Linguística (CALVET, 2007;
RAJAGOPALAN, 2013). Nos últimos anos, têm sido crescentes pesquisas
que focalizam as ideologias linguísticas como objeto de estudo. Os trabalhos
na área têm discutido questões como ideias acerca do que conta como língua;
valores classistas associados a dadas formas linguísticas e seus efeitos na
legitimação do status quo; ideologias puristas ligadas à crenças sobre
decadência de línguas; pressupostos ideológicos eurocêntrico em políticas
públicas; concepções associados a dadas línguas, seus falantes e suas culturas
e/ou construtos linguístico-identitários em contextos multilíngues;
essencialismos identitários; nacionalismo, xenofobia e racismo linguístico;
negação de misturas e hibridismos linguístico-culturais na
contemporaneidade; avaliações axiológicas acerca do status de dadas línguas;
políticas linguísticas assimiladoras e segregadoras em instituições estatais;
processos semióticos e discursivos que agrupam indivíduos em determinadas
“coletividades” e/ou os diferenciam por interesses ideológicos etc. Em outras
palavras, estes estudos discutem as formas como representações sociais sobre
as línguas e seus falantes, podem, em determinados contextos, serem usadas
para naturalizar relações de poder e estratificações sociais. A ênfase deste
estudo situa-se sobretudo em suas contribuições críticas acerca das ideologias
que movem dadas maneiras de legislar e/ou intervir nas formas das línguas,
apontando, notadamente, as relações de poder implicadas em dadas políticas.
Preliminarmente, concluímos que a presente pesquisa pode oferecer subsídios
para uma melhor compreensão a respeito daquilo que orienta as decisões
sobre implementações de políticas linguísticas referentes às relações entre
línguas e sociedade.

Palavras-chave: Sociolinguística Crítica, Ideologias Linguísticas, Políticas


Linguísticas.

285
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

AS POLÍTICAS LINGUÍSTICAS PARA O ENSINO DA ORALIDADE


NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

Kátia Cristina Cavalcante de Oliveira


Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Socorro Cláudia Tavares de Sousa


Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Ana Gláucia Jerônimo de Santiago


Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) constitui uma política pública


que materializa as exigências legais de um currículo comum proposto pela
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996, 2013),
pelas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica (Brasil,
2009) e pelo Plano Nacional de Educação (Brasil, 2014). Nesse sentido,
restringimos nossa investigação à área de Língua Portuguesa sob as lentes da
Política e Planejamento Linguísticos (PPL). Nessa perspectiva, iremos
discutir o documento de Língua Portuguesa a partir da noção de Shohamy
(2006), que compreende as políticas linguísticas educacionais como um
mecanismo que pode promover a manutenção, modificação e criação de
ideologias e práticas linguísticas sobre o que ensinar e como ensinar, por
exemplo. Para a realização da análise, nos apoiaremos no conceito de
intertextualidade (KOCH, BENTES, CAVALCANTE, 2007;
CAVALCANTE, 2014). A relevância dessa discussão se explica pelo papel
que esse currículo comum terá nas diferentes camadas do sistema
educacional brasileiro (macro-meso-micro) e seus diferentes agentes
envolvidos (secretarias de educação, autores de livros didáticos, professores,
dentre outros). Para esta reflexão, ilustraremos com a abordagem dada ao
ensino da oralidade (visto que este se constitui em um dos eixos de ensino de
língua na BNCC), a partir da análise dos textos presentes nas duas versões da
Base em correlação com as orientações curriculares já existentes (e.g.:
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio; Orientações
Curriculares para o Ensino Médio). Em análise preliminar, identificamos que
a primeira versão da BNCC negligencia o ensino da oralidade, tratando o
286
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

tema, por vezes, de forma genérica, sem evidência da prática cotidiana de


toda a sociedade humana, que é compreender e produzir textos na
modalidade oral, e não apenas ler, escrever, falar e “escutar” textos, como
posto em diversas passagens no referido documento.

Palavras-chave: Políticas Linguísticas, Ensino de Língua Portuguesa,


Oralidade.

O PAPEL SOCIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA EM ENTREVISTAS


COM ESTUDANTES DOS PAÍSES AFRICANOS DE LÍNGUA
OFICIAL PORTUGUESA (PALOP)

Klébia Enislaine do Nascimento e Silva


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Maria Elias Soares


Universidade Federal do Ceará (UFC)

O presente estudo tem por objetivo identificar o papel social que a língua
portuguesa exerce na vida de estudantes de Graduação, oriundos dos Países
Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), de acordo com o que eles
relatam em entrevistas que compõem o corpus do Projeto Variação e
Processamento da Fala e do Discurso: análises e aplicações (PROFALA).
Dessa forma, nosso estudo visa, principalmente, a uma análise comparativa
da importância da língua portuguesa na fala de tais estudantes. Para tanto,
selecionamos 10 entrevistas de cada um dos cinco países africanos, a saber:
Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe que
constituem o banco de dados do corpus africano do projeto PROFALA. Esse
projeto utiliza, para suas entrevistas, o Atlas Linguístico do Brasil (ALiB),
adaptado para a realidade do ensino e aprendizagem da língua portuguesa em
contextos multilingues. Nessas entrevistas, mais precisamente no
287
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

questionário metalinguístico, os estudantes respondem a seguinte questão:


“Qual a importância da língua portuguesa em sua vida?”. E é a partir das
respostas dadas a ela que surge nossa pesquisa. Como pressupostos teóricos
seguimos as pesquisas de Candé (2008), Intumbo (2012), Oliveira (2013) e
Carioca (2014), que estudam a situação da língua portuguesa em contextos
lusófonos. Seguimos, também, a perspectiva sociointeracional de Bakhtin
(2004), que pressupõe que a interação linguística é também um processo
social, veiculador de crenças, de valores e de ideologias de seus
interlocutores. Para o conceito de política linguística adotamos Calvet (2007),
que ressalta ser tal política relevante para qualquer tipo de decisão que se
refere à inter-relação entre língua e sociedade. Em uma análise preliminar,
verificamos que, na fala dos entrevistados, a língua portuguesa desempenha
funções sociais diversas a depender do país de origem desses.

Palavras-chave: Língua Portuguesa, PALOP, PROFALA.

O MULTICULTURALISMO NA ESCOLA: O PROFESSOR DE


LÍNGUA PORTUGUESA COMO AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO
SOCIAL

Djair Teofilo Rego


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE-
Campus Recife)

O multiculturalismo tem se constituído em objeto de pesquisa em diferentes


áreas das Ciências Humanas. Com o avanço das tecnologias a coexistência de
múltiplas culturas extrapolou os limites geográficos e estabeleceu-se,
também, em ambientes virtuais, ampliando o fenômeno. O multiculturalismo
comporta um conjunto de significados que se entrecruzam, harmonizam-se
e/ou antagonizam-se, possibilitando ao indivíduo compreender que o mundo,
288
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

hoje, extrapola o limite de sua própria cultura. No Brasil, a questão


multicultural está na raiz da formação da população brasileira, que possui a
miscigenação como uma de suas principais características. Ao considerar a
relevância da questão, decidimos realizar uma pesquisa acerca de tal
fenômeno nas nossas aulas de Literatura Brasileira, em uma instituição
federal, de nível médio, localizada em Recife, que buscou investigar se os
alunos percebiam processos multiculturais presentes no seu cotidiano. A
metodologia utilizada foi a pesquisa-ação, a qual nos possibilitou conhecer os
sentidos atribuídos pelos discentes às situações de discriminação e
preconceito sofridas por personagens de romances de Lima Barreto que, por
meio de sua obra, denunciou os preconceitos raciais, sociais e culturais contra
as camadas mais desfavorecidas da população do Rio de Janeiro, no início do
século XX. O referido estudo envolveu atividades de leitura, produção escrita
e debates em sala de aula. Como resultado da pesquisa, constatamos que os
alunos se identificaram bastante com as situações de discriminação e
preconceito de que foram vítimas as personagens barretianas, alguns até se
emocionaram e, de forma voluntária, narraram suas próprias experiências,
compartilhando, portanto, narrativas pessoais, similares àquelas dos
personagens supracitadas. Todos os relatos mostraram situações de
dificuldades vivenciados pelos alunos de identidade racial negra ou parda e
que eles percebem a “branquitude” como “passaporte” ao sucesso na nossa
sociedade. Concluímos, também, que o professor pode atuar, por meio de
suas práticas pedagógicas, como agente de transformação social.

Palavras-chave: Língua Portuguesa, Multiculturalismo, Sala de Aula.

O PIBID: UMA FERRAMENTA DE CONSTRUÇÃO DE AÇÕES


AFIRMATIVAS CONTRA O PRECONCEITO RACIAL NA ESCOLA

Fátima Bezerra Negromonte


Universidade Federal de Sergipe (UFS)

O preconceito racial se faz presente nos espaços sociais de forma velada ou


289
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

explícita, fazendo vítimas em todas as classes sociais. Trata-se de um


fenômeno secular, que persiste ainda mais forte atualmente, se considerarmos
as novas formas de violências raciais vinculadas nas redes sociais interativas
existentes na internet. Desde as suas origens, o racismo tem como alicerce a
concepção da superioridade de certas etnias em relação a outras. As práticas
discriminatórias contra afrodescendentes dão-se nas relações interpessoais
cotidianas, estabelecidas em diferentes espaços sociais, inclusive na escola.
Nesse sentido, o Subprojeto do PIBID-Inglês da Universidade Federal de
Sergipe, no qual atuamos como coordenadora de área, juntamente com mais
dois docentes daquela IES, em conformidade com as diretrizes do MEC-
CAPES e com o que determina a lei 10.639/2003, está construindo um
projeto a ser implementado em duas escolas públicas, em Sergipe, que tem
como meta combater o racismo por meio de ações educativas que promovam
a valorização da cultura africana, desconstruindo imagens estereotipadas e
depreciativas, presentes nos diferentes espaços sociais, que historicamente
têm servido como modelos de referência. A metodologia utilizada no projeto
é o Letramento Crítico, que concebe língua como discurso e prática social de
construção de sentidos atribuídos pelos próprios sujeitos, princípios basilares
dos valores democráticos. Portanto, os alunos, participantes do projeto, serão
inseridos em práticas linguísticas questionadoras, que lhes permitirão
construir recursos interpretativos, possibilitando-lhes se posicionar
criticamente perante os processos discriminatórios existentes na sociedade, e
perceber mecanismos de inclusão e exclusão, afirmação e preconceito
baseados em relações de poder hierarquizantes nas quais os sujeitos
afrodescendentes são posicionados em um lugar inferior àquele ocupado
pelos brancos. Esperamos que nossas ações pedagógicas promovam a
valorização da diversidade cultural e contribuam para a eliminação de
práticas discriminatórias, as quais continuam a atuar em nossa sociedade.

Palavras-chave: Escola, PIBID, Racismo.

290
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Eixo temático 5:
Ensino e aprendizagem de línguas: linguagem e
tecnologias.

LETRAMENTO EM EJA: UM ESTUDO NA PERSPECTIVA DO


LETRAMENTO DIGITAL

Alceane Bezerra Feitosa


Universidade Federal do Piauí (UFPI)

Júlia Maria Muniz Andrade


Universidade Federal do Piauí (UFPI)

O presente trabalho tem como objetivos principais a) analisar o letramento


digital de alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e, com isso,
verificar suas práticas de leitura e escrita tendo como base o Letramento
Digital; b) observar, na escola, como os discentes fazem uso da tecnologia
para os processos de leitura e escrita, pois os mesmos não tiveram acesso à
educação escolar na idade apropriada; e por fim c) identificar como os
discentes reconhecem e fazem uso dessas tecnologias em sala de aula. Para
tanto, utilizamos, como instrumentos de coleta de dados, entrevistas,
gravações em áudio e vídeo, aplicação de questionários e observação em sala
de aula, tendo como aporte teórico autores como Moura (2005), Soares
(2009), Rojo (2009, 2011), Coscarelli e Ribeiro (2011). Diante das entrevistas
realizadas, verificamos que os alunos da EJA da escola escolhida para análise
não possuem um grau satisfatório de letramento digital, visto que grande
parte deles sequer já teve acesso ao computador e à internet. Esperamos que
o trabalho contribua de forma significativa com o processo de informação
tanto de discentes e docentes da modalidade de ensino escolhida para este
estudo, pois alguns conceitos sobre letramento não são de conhecimento de
muitos professores de Língua Portuguesa, principalmente o conceito de
letramento digital, apesar de ser um tema em discussão na atualidade. Diante
disso, o trabalho servirá para esclarecer tanto os conceitos de Letramento
291
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

quanto os conceitos de Letramento Digital, principalmente para àqueles que


atuam diretamente na Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Palavras-chave: EJA, Letramento Digital, Leitura, Escrita.

RECURSOS MIDIÁTICOS A FAVOR DA APRENDIZAGEM DE


LÍNGUAS: INTERAÇÕES ENTRE BRASILEIROS E AMERICANOS

Suelene Vaz da Silva


Instituto Federal de Goiás (IFG)

Rosângela Medeiros da Luz


Instituto Federal de Goiás (IFG)

Esta comunicação apresenta um projeto de pesquisa realizado entre alunos da


graduação do Instituto Federal de Goiás (IFG), Brasil, e alunos vinculados à
Northen Virginia Community College (NOVA), EUA. Os objetivos da
pesquisa foram investigar como o processo de interação entre os participantes
contribuiu para a aprendizagem de inglês pelos participantes brasileiros e de
português pelos participantes americanos, bem como o uso de ferramentas
tecnológicas como recursos mediadores na aprendizagem dessas línguas. A
investigação qualitativa (BOGDAN; BIKLEN, 1994) ocorreu no primeiro
semestre de 2015 e de 2016. Os dados foram coletados por meio dos
aplicativos síncronos (Skype e Adobe Connect) e assíncronos (Dropbox,
email e Facebook). Os participantes foram agrupados em pares, sendo cada
um deles de nacionalidade diferente. O projeto sustentou-se na teoria
sociocultural que defende a aprendizagem por meio de interações
socioculturais (ANTÓN; DICAMILLA, 1999; FIGUEIREDO, 2006,
ROMMETVIET, 1985; VYGOTSKY, 1998) e a utilização de recursos
midiáticos em contexto de ensino-aprendizagem de línguas, considerando
principalmente o fato de que interações mediadas por ferramentas
tecnológicas são vistas como oportunidades para socialização e produção
292
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

linguística (ARAÚJO, 2013; CHINNERY, 2014; LEFFA, 2006; OLIVEIRA,


2013; PAIVA 2001a, 2001b, 2001c, WARSCHAUER, 1996, entre outros). Os
resultados demonstram que houve uma predominância do uso da língua
inglesa durante as interações, que as temáticas mais recorrentes durante as
interações foram sobre a cultura brasileira e que as negociações de sentido
advindas das diferenças culturais fomentaram as trocas linguísticas, o que
ampliou a sensibilidade intercultural dos participantes. Os resultados ainda
demonstram que recursos midiáticos favorecem o processo de aprendizagem
quando são formalmente utilizados para sustentar esse processo, bem como
quando são usados como ferramentas de apoio a conversas informais, sem o
propósito primordial de aprender uma língua estrangeira.

Palavras-chave: Interação, Aprendizagem de línguas, Recursos midiáticos.

APLICAÇÃO DO PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DE SOFTWARES


PEDAGÓGICOS: UMA ANÁLISE DIDÁTICO-PEDAGÓGICA E
ERGONÔMICA DE UM JOGO DIGITAL PARA ENSINO DE LÍNGUA
PORTUGUESA

Fernanda Rodrigues Ribeiro Freitas


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Nukácia Meyre Silva Araújo


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

No contexto atual, em que vivemos sob a égide das Tecnologias Digitais de


Informação e Comunicação, surgem diferentes modelos de ensino que visam
complementar e estimular a aprendizagem nas salas de aula. Alguns dos
modelos usados partem do uso de ferramentas digitais interativas, entre as
quais podemos citar os jogos pedagógicos digitais. Isso reflete a mudança
pela qual o processo de ensino-aprendizagem de jovens estudantes vem
293
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

passando. Tendo isso em vista, na sala de aula, atualmente, além dos


materiais didáticos impressos, também estão presentes os materiais didáticos
digitais (os MDDs), os quais, levando em consideração a importância que
têm assumido em sala, precisam passar por uma avaliação rigorosa, assim
como ocorre com os materiais impressos. Assim, neste trabalho, que trata do
tema ensino de Língua Portuguesa e tecnologias e que foi embasado em
Bakhtin/Volochínov (2009 [1929]); Geraldi (2011); Halliday et al. (1974); e
Koch (2002), propomo-nos a responder a seguinte questão: como se deve
avaliar a qualidade de jogos pedagógicos digitais destinados ao ensino de
língua materna? Partindo desse questionamento, tivemos como objetivo de
pesquisa, a partir do Protocolo de Avaliação de Softwares Pedagógicos
(PASP), avaliar a qualidade didático-pedagógica e ergonômica de jogos
educacionais digitais disponíveis online. Na nossa pesquisa, de caráter
descritivo, avaliamos um jogo pedagógico digital destinado ao ensino de
Língua Portuguesa no que diz respeito à concepção de língua(gem)
subjacente às atividades propostas, ao tipo de ensino, entre outros aspectos. A
análise revelou que, embora se tratasse de um OA de boa qualidade, o jogo
apresentou inadequações tanto quanto aos aspectos didático-pedagógicos
quanto aos ergonômicos.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa, Jogo


Educacional Digital, Protocolo de Avaliação.

TECNOLOGIAS DIGITAIS COMO MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA NA


AULA DE INGLÊS

Keila Mendes dos Santos


Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

294
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Considerando que as tecnologias digitais têm permeado as nossas atividades


cotidianas mais corriqueiras e que as mesmas, podem ser consideradas
ferramentas significativas para um aprendizado consistente, este trabalho tem
o intuito de perceber, de maneira prática, como tecnologias digitais podem
auxiliar o ensino de língua inglesa (LI), de forma que estas possam ser
utilizadas na mediação pedagógica do docente. Como aporte teórico para o
estudo em questão, parte-se dos conceitos de Haguenauer (2003) e Silva
(2013) que destacam a necessidade da inserção das novas tecnologias no
ambiente escolar, enfatizando que a mera adoção de ferramentas digitais na
sala de aula não provocará as transformações almejadas, sendo necessário o
uso apropriado de tais recursos, atribuindo objetivos claros a serem
alcançados. Partindo dessas afirmações, para execução da proposta em
questão, pensou-se na realização de um curso de extensão com professores
em formação de uma universidade pública estadual na Bahia, no qual os
mesmos pudessem experimentar algumas ferramentas digitais e aplicativos e
suas possíveis contribuições no processo de aprendizagem da LI. Presumindo
que estes futuros docentes irão atuar em contextos distintos, como escolas
públicas, privadas e/ ou cursos de idiomas, sugeriu-se que após o uso de cada
ferramenta fosse feita uma avaliação pontuando as contribuições provindas
da utilização destas por parte do professor e os possíveis entraves que os
docentes possam vir a encontrar para utiliza-las, sendo estes desde problemas
com conexão a ausência de espaço apropriado no ambiente escolar como
também, carência de habilidades e/ou conhecimento para seu uso com fins
didáticos. Com esta proposta, espera-se, apresentar ferramentas que sirvam
como subsídios ao dia a dia da prática pedagógica do docente, sendo essas
recursos para subsidiar o processo ensino/aprendizagem, como também
contribuir significativamente com os docentes em formação, instigando um
processo consciente e crítico de letramento digital.

Palavras-chave: Tecnologias, Língua inglesa, Letramento digital.

295
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS NO PROCESSO DE ESCRITA


COLABORATIVA DO GÊNERO WEBAULA

Débora Liberato Arruda Hissa


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

O foco de investigação do presente estudo centrou-se na análise da


articulação das diferentes estratégias de escrita colaborativa utilizadas pelos
sujeitos que participaram da produção didático-digital-colaborativa. O corpus
de pesquisa é constituído de 24 webaulas do curso de Licenciatura Educação
Profissional e Tecnológica (EPCT). Elas foram elaboradas de forma
colaborativa pela equipe de produção da Diretoria de Educação a Distância
(DEaD) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
(IFCE). A partir da análise, constatou-se que, no contexto estudado, além do
professor-conteudista (especialista no conteúdo da disciplina da webaula),
participam do processo de escrita colaborativo de uma webaula mais outros
quatro sujeitos: o designer educacional (especialista na adaptação do texto
escrito em multimodal), o revisor de textos (especialista em revisão dos
aspectos formais e dos aspectos textuais), o diagramador web e o
ilustrador/pesquisador iconográfico (especialistas no que denominamos
retextualização hipertextual). Ao analisarmos o corpus, identificamos três
etapas de produção do gênero webaula: 1. produção didática individual; 2.
produção didática mediada; 3. produção didática hipertextual. Neste jogo
enunciativo, os sujeitos utilizam três principais categorias textual-discursivas:
as estratégias de textualização – continuidade, progressão, articulação,
informatividade; as estratégias de recursividade – a reversibilidade, a
interferência e a revisão; e as estratégias de interlocução – a convergência, a
divergência e a complementariedade. Ao final do processo, ocorre o que
denominamos de retextualização hipertextual, antes do material didático-
digital ser postado no ambiente virtual de aprendizagem como webaula.
Constatamos que escrita colaborativa ocorre por meio de uma orquestração
mediada entre os sujeitos, a partir de uma cooperação especializada e
multitarefa exigida em cada etapa do processo de produção do gênero
webaula para a EaD.

Palavras-chave: Estratégias Discursivas, Escrita colaborativa, Webaula.


296
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

A CONSTRUÇÃO DE UM NOVO LEITOR: DO CONSUMIDOR AO


PARTICIPATIVO
Arthur Barros de França
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

A recorrência, na literatura, de trabalhos sobre cultura impressa em


Letramento motiva, erroneamente, a dedução de esse conceito estar vinculado
somente a textos impressos. Isso acontece, evidentemente, porque o advento
do computador, da internet e, mais recentemente, dos dispositivos móveis é
algo novo, fazendo com que, por consequência, os textos digitais, dentro de
plataformas específicas (blogs, Facebook, Instagram, Whatsapp etc) – como
um letramento diferente –, não sejam tão lembrados. O fato é que, nos dias
atuais, é difícil pensar a leitura e a escrita sem se remeter às mídias digitais.
Elas têm sido, por isso, diante das diversas situações comunicativas,
fundamentais no cotidiano das pessoas. Em razão disso, pretende-se, neste
artigo – a partir da visão dialógica de sujeito e enunciado responsivo
(BAKHTIN, 2015a; 2015b; 2015c), como também das noções de cibercultura
(LÉVY, 2000), cultura participativa (JENKINS, 2009) e letramento como
prática social (STREET, 1983; KLEIMAN, 1995) –, analisar a construção de
um novo leitor na era digital, qual seja: aquele que participa ativamente das
relações estabelecidas no âmbito virtual, o qual não somente consome, numa
atitude passiva, mas interage: rejeitando, acatando, interpelando, enfim,
respondendo – através da escrita – a determinados enunciados concretos. Para
isso, a investigação, com base em 10 (dez) publicações dos perfis literários
“literatorturaoficial” e “tatianafeltrin”, acontecerá no gênero discursivo post
(o mais comum nas redes sociais on-line) do Instagram. Ser letrado
digitalmente, nesse sentido, provavelmente, exige mais do leitor, que precisa
lidar com a complexidade da semiótica cibernética e de seus hipertextos
multimodais, rompendo com antigas formas de comunidade social, numa
relação com o conhecimento compartilhado e a inteligência coletiva.
Metodologicamente, por sua vez, alicerçado numa concepção histórica da
linguagem, este trabalho se insere na Linguística Aplicada, com abordagem
qualitativa e um paradigma indiciário (GINZBURG, 1989).

Palavras-chave: Cibercultura, Leitor participativo, Letramento digital.

297
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

A INTERTEXTUALIDADE ENTRE O “11 DE SETEMBRO” DE


JUGOSLAV VLAHOVIC E “O GRITO” DE EDVARD MUNCH

Neilton Falcão de Melo


Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Esta comunicação descreve trabalho com intertextualidade analisado sobre o


cartoon “11 de Setembro” de Jugoslav Vlahovic e “O Grito” de Edvard
Munch. Vlahovic é um famoso pintor sérvio vencedor de vários prêmios.
Munch é um pintor norueguês que tem em "O Grito" sua obra máxima e uma
das mais importantes da história do expressionismo. A atividade foi
desenvolvida com alunos do 1º ano do Ensino Médio e teve como objetivo
exercitar a leitura de imagens e entender a relação entre textos. O trabalho
parte do princípio de que a multimodalidade está presente em todo ato
comunicativo (oral ou escrito), e que as imagens têm importância semelhante
ao texto verbal quanto à produção de significados (KRESS & VAN
LEEUWEN, 2006). Outro fundamento para o trabalho é que o letramento
visual está diretamente relacionado com a organização social e com a
organização dos gêneros textuais (DIONISIO, 2011). Parte-se também do
pressuposto de que não existem textos puros, pois todo texto parte de outro já
existente (BAKHTIN, 2011). A atividade iniciou com uma discussão sobre
concepção de intertextualidade e as formas como pode ser constituída:
explícita, implícita, temática e estilística (KOCH, 2008). Todas as etapas
foram exemplificadas com textos. Quanto às imagens, estas foram projetadas
lado a lado e em seguida os alunos foram questionados sobre a
intertextualidade entre elas. A resposta foi dada inicialmente de forma tímida,
porém correta. A imagem em cartoon foi relacionada à queda das Torres
Gêmeas em 11 de setembro de 2001, e com o “O Grito”, foi detectado a
forma semelhante da composição das duas imagens e a sensação de pavor
que as duas provocam. O trabalho teve sua meta alcançada visto que o
objetivo era discutir sobre intertextualidade e obter retorno através de
atividade prática sobre o tema.

Palavras-chave: Intertextualidade, Imagem, Multimodalidade.

298
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

A PROSAÍSTICA E O DISCURSO CITADO: CONTRIBUIÇÃO PARA


O ENSINO DE “TIPOS DE DISCURSO”

Marcos Roberto dos Santos Amaral


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

A prosaística é uma perspectiva de pensar que percebe a importância do


cotidiano, do comum, do “prosaico” (MORSON & EMERSON, 2008, p. 13)
na constituição do discurso. De fato, Bakhtin, quando fala em autoria,
interessa-se nas maneiras cotidianas de imaginar a alteridade, assim, busca
pelo estudo das formas de linguagem estudar a riqueza, complexidade e força
das trocas mais íntimas e triviais. (idem, p. 52). Dentro da perspectiva
prosaística o estudo do discurso citado é atravessado pelo dialogismo
bakhtiniano, como unidade de vozes múltiplas, cujas conversações nunca
chegam à finalidade (ibidem, p 79), e aborda a relação entre discurso
referente e referido num continuum de interação dialógica. Portanto, as
formas de citação discursiva orientam-se segundo a percepção das diversas
falas cotidianas alheias. Nesse sentido, o ensino de “tipos de discurso” pode
enriquecer-se com este entendimento, superando a visão formal que resume a
citação a questões estilístico-gramaticais. Analisaremos o post do site
infoescola sobre “tipos de discurso”, tentando demonstrar limites entre a
perspectiva prosaística e a visão formal de ensino do discurso citado. Neste
post, observaremos que embora haja o reconhecimento do caráter contextual
e das condições de produção das práticas discursivas, marcas gramaticais
tradicionais como pessoa e reprodução fiel da fala são o que determinam a
classificação em discurso direto, indireto e indireto livre. Desse modo, no
tipo de estudo em que o post do site infoescola inscreve-se, fica à margem a
análise das práticas sociais cotidianas constitutivas dos modos de citar a fala
de outrem e as diversas formas de linguagem que as percebem.

Palavras-chave: Prosaística, Discurso citado, Ensino de “tipos de discurso”.

299
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

MAIS DO QUE BELAS, RECATADAS E “DO LAR”: REFLEXÕES


SOBRE LETRAMENTO VERBO-VISUAL E EMPODERAMENTO

Diana de Oliveira Mendonça


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

O crescente acesso a tecnologias da informação e da comunicação, a


diversidade de conteúdos, a velocidade de compartilhamento e o amplo
alcance são alguns dos elementos que compõem um cenário que permite ao
indivíduo não apenas consumir mas também gerar conteúdo de grande
abrangência midiática. Esse é o caso dos memes, enunciados de caráter
humorístico que apresentam grande alcance na internet. Tais enunciados são
entendidos como verbo-visuais, visto que superam a materialidade
linguística, incorporando aos textos imagens de modo a produzir sentidos.
Nesta comunicação, buscamos analisar a responsividade presente na
elaboração de seis memes postados na página do Tumblr “Bela, Recatada e
do Lar”, enviados por leitoras em resposta a uma imagem ideal de mulher
imposta socialmente. Observamos como essa articulação verbo-visual
funciona na reconstrução identitária das mulheres para, desse modo, refletir
sobre a importância de trabalhar os enunciados verbo-visuais na perspectiva
dos letramentos. Para tanto, este trabalho que, metodologicamente, apresenta
natureza qualitativa e interpretativista, ancora-se na concepção dialógica de
linguagem (BAKHTIN, [1953] 2015; BAKHTIN/VOLOCHINOV [1929],
2009), nos conceitos de verbo-visualidade (BRAIT, 2009) e identidade
(HALL, 2005; BAUMAN, 2005) e nos estudos de letramento que focalizam
a multimodalidade (ROJO, 2012; COPE e KALANTZIS, 2000). A análise
dos memes nos fez perceber que a elaboração desses enunciados representa
tanto um processo de responsividade quanto de empoderamento das autoras
no contexto social no qual estão inseridas. Esse empoderamento se concretiza
em diálogo com três categorias: beleza, recato e atuação profissional. Esses
enunciados levam ainda a outra reflexão: considerar a articulação verbo-
visual na construção de sentidos é um importante aspecto para a ampliação de
letramentos.

Palavras-chave: Construção identitária, Responsividade, Empoderamento da


mulher.
300
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

O QUE A CRÍTICA DIZ E COMO ELA DIZ: UM ESTUDO À LUZ DO


SISTEMA DA AVALIATIVIDADE

Benigna Soares Lessa Neta


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Este trabalho, que está sendo desenvolvido no Instituto Federal de Educação,


Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Campus Limoeiro do Norte, com o
apoio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
(PIBIC/IFCE), analisa um conjunto de críticas teatrais escritas por Décio de
Almeida Prado, durante a Ditadura Militar, à luz do Sistema da
Avaliatividade, tendo como base a integração de dois pressupostos teóricos, o
Funcionalismo Linguístico de Halliday, mais especificamente os postulados
da metafunção interpessoal, a qual trará reflexões sobre o tipo de interação
construída a partir das críticas teatrais e possibilitará, através dos conceitos de
modo e modalidade, investigar quais recursos semânticos e lexicais foram
utilizados por Décio de Almeida Prado no corpus selecionado para este
trabalho; e as subcategorias do Sistema da Avaliatividade (atitude,
engajamento e gradação) propostas Martin e White. O objetivo deste projeto
de pesquisa consiste em descrever e analisar os mecanismos semânticos e
lexicogramáticos utilizados por Décio de Almeida Prado para criticar os
espetáculos teatrais, a fim de compreender qual subcategoria foi a mais
recorrente em sua produção crítica elaborada durante a Ditadura Militar. No
que diz respeito aos procedimentos metodológicos, após a seleção do corpus,
a ser constituído por 10 críticas teatrais divulgadas no Jornal O Estado de S.
Paulo, elaboradas pelo crítico Décio de Almeida Prado, será feita a
estratificação dos mecanismos semânticos e lexicogramáticos utilizados
nessas críticas e da subcategoria do Sistema da Avaliatividade predominante.
O trabalho ainda está sendo desenvolvido, mas, concluída a análise, espera-se
constatar que, não obstante se perceber a presença das duas outras
subcategorias (gradação e engajamento), a subcategoria atitude foi
predominante.

Palavras-chave: Crítica Teatral, Ditadura Militar, Sistema da Avaliatividade.

301
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

ENSINO DE INGLÊS PARA FINS ESPECÍFICOS: UM ESTUDO


SOBRE
OS RECURSOS TECNOLÓGICOS E METODOLÓGICOS DO
CURSO ESP-T PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Jacqueline Rose Di Lacerda


Universidade Federal de Goiás (UFG)

Um dos objetivos da integração de TDICs com teorias de ensino-


aprendizagem de línguas em cursos online de IFE é identificar, usualmente
através de análise de necessidades, conjuntos de habilidades linguísticas
transferíveis e potencialmente aplicáveis em ambientes acadêmicos e de
trabalho (PALTRIDGE; STARFIELD, 2013). Dessa forma, educadores em
todo o mundo procuram refletir sobre questões centrais no ensino-
aprendizagem de IFE, tais como alterações nos papéis de professores e
alunos, desenvolvimento de novos desenhos de cursos e materiais online,
bem como o uso de tecnologia para colaboração, comunicação e
aprendizagem ao longo da vida (ANJOS-SANTOS, 2015; ARNÓ-MÁRCIA,
2014; BASTURKMEN, 2010; GARRET, 2009; GONZÁLEZ-PUEYO, 2009;
HOFFMAN, 1996; RAMOS, 2009, 2010; SOARES-VIEIRA, 2015; VIAN,
2015). Nesta pesquisa qualitativa investigamos recursos tecnológicos e
metodologias empregados no curso esp-t da plataforma online Erasmus, a
fim de analisar, segundo os quadros referenciais de Doughty e Long (2003) e
Basturkmen (2006, 2010), se esses recursos favoreciam o desenvolvimento
de habilidades linguísticas para profissionais da saúde. (HUTCHINSON;
WATERS, 1987; RAMOS, 2005, 2009; BASTURKMEN, 2006, 2010;
PALTRIDGE; STARFIELD, 2013; LIMA-LOPES, 2015; OCHIUCCI, 2015;
RAMOS, DAMIÃO; CASTRO, 2015). Uma combinação de diferentes
abordagens empregada no curso esp-t, visou proporcionar um ambiente no
qual os alunos pudessem desenvolver competências comunicativas em seu
próprio ritmo utilizando input variado, com textos e vídeos pertinentes para
situações práticas, empregando o uso da língua no gênero formal acadêmico e
profissional, com grande enfoque para utilização de vocabulário técnico e de
alta frequência (CHUNG; NATION, FERGISON, 2013). A resolução de
tarefas é incentivada através de diferentes estratégias para a utilização da
língua-alvo em situações comunicativas específicas, favorecendo assim a
302
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

aquisição de habilidades linguísticas para o grupo alvo.

Palavras-chave: IFE, TIDCs, Quadros referenciais.

O ESTÍMULO DA LEITURA A PARTIR DE RECURSOS


TECNOLÓGICOS

Izabel Cristina Barbosa de Oliveira


Universidade de Pernambuco (UPE - Campus Mata Norte)

A leitura é uma necessidade não apenas para alunos e professores, mas para
todas as pessoas. Ela não se limita a leitura da palavra escrita, mas também
envolve a compreensão e interpretação do mundo (ALVES, 2005). Os
docentes devem formular estratégias para incentivar os estudantes a
desenvolverem o gosto pela leitura e a parceria dos recursos tecnológicos
pode servir de estímulo neste processo (CARNEIRO, 2008). A formação de
um leitor pode ser iniciado pela ação de ouvir várias histórias, levando a um
caminho de descobertas (ABRAMOVICH, 1993). Não se tem mais como
dissociar os recursos tecnológicos da prática da leitura e, graças e eles, talvez
seja mais fácil introduzir os estudantes à cultura letrada (FERRERO, 2008).
Os sistemas educacionais ainda não conseguem medir o impacto da
comunicação visual e da informática no processo educativo, levando
profissionais a trabalharem com recursos que não chamam a atenção dos
estudantes (GADOTTI, 2000). Este trabalho tem por objetivos criar um
ambiente propício para o desenvolvimento do gosto pela leitura; utilizar
recursos tecnológicos no processo de formação do leitor; e utilizar materiais
multimodais para envolver o estudante neste processo. Este trabalho foi
desenvolvido em 6 aulas de Língua Portuguesa (LP) em uma instituição
pública de ensino com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental II. A
professora digitalizou o livro o índio cantado em prosa e verso de Edy
Lima, e o apresentou em slides, primeiramente mostrando as imagens e
depois os textos escritos, alternando com perguntas, formuladas pela docente,
que podiam ser respondidas em dupla. Observou-se que as aulas de LP se
303
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

tornaram mais dinâmicas e prazerosas; a leitura do livro projetado em sala fez


com que todos o lessem de maneira mais participativa; as perguntas
intercaladas instigaram os estudantes a refletirem sobre a importância da
relação entre imagem e texto escrito (aspectos multimodais).

Palavras-chave: Estímulo da leitura, Recursos tecnológicos, Materiais


multimodais.

ANÁLISE DA FORTUNA CRÍTICA DE THE TURN OF THE SCREW,


DE HENRY JAMES: UMA PROPOSTA BASEADA EM CORPUS

Diana Costa Fortier Silva


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Como acontece em relação à maior parte da fortuna crítica das grandes obras
da literatura, o modus operandi adotado pelos críticos da novela The Turn of
the Screw (doravante TTOTS ) de Henry James é de caráter hermenêutico,
eminentemente analítico. Embora diferenciadas de acordo com a filiação
teórica do crítico em questão, as análises de Turn compartilham o viés
interpretativista, fundamentado nas impressões do estudioso, como é o caso
de textos seminais sobre a novela de James, como os trabalhos de Heilman
(1947), Jones (1959), Costello (1960), Cargill (1961), e Edel (1960, 1963).
Tais impressões têm sido, desde o lançamento da novela, bastante diversas;
pode-se mesmo dizer que TTOTS resiste à crítica, desafiando o trabalho dos
seus analistas, em grande parte pela ambiguidade fundamental que marca a
história. Embora os teóricos de TTOTS classifiquem a fortuna crítica da obra
de diversas formas, Esch e Warren (1999) consideram que a crítica sobre a
história pode ser dividida em três períodos: Período 1 - Reações Iniciais
(“Early Reactions”), 1898-1921; Período 2 - Crítica Principal (“Major
Criticism”), 1921-1970; e Período 3 - Crítica Recente (“Recent Criticism”),
1970-presente. Com base na análise computacional de uma pequena
coletânea de textos críticos sobre TTOTS elaborada Esch e Warren (ibid),
304
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

busquei perceber as tendências em cada uma dessas fases da crítica de


TTOTS, buscando traçar um painel dos posicionamentos interpretativos sobre
a novela. Utilizei para tanto o pacote de ferramentas de análise linguística
chamado WordSmith Tools (doravante WST). Assim, proponho uma
metodologia de trabalho de caráter empírico para realizar uma breve análise
de textos de natureza interpretativista, buscando unir as duas perspectivas e
ampliar as possibilidades de estudo sobre TTOTS.

Palavras-chave: Henry James, The Turn of the Screw, Linguística de


Corpus.

O ARTIGO DE OPINIÃO EM UMA PRÁTICA DE ESCRITA


PROCESSUAL, COLABORATIVA E COM FIM SOCIAL.

Liana Maria Lemos de Oliveira


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ProfLetras-UFRN)

Argumentar é uma técnica crucial para demandas cotidianas e, por isso, saber
argumentar subsidia o cidadão a responder, com mais autonomia, às
problemáticas que a vida em sociedade nos impõe. Essa compreensão nos
levou a desenvolver um projeto de letramento (KLEIMAN, 2000), buscando
implantar um modelo didático no qual a língua(gem) como interação
(BAKHTIN [1929] 2009) exerce papel fundamental. O eixo condutor desse
projeto foi o interesse de estudantes do 9o ano do ensino fundamental de se
prepararem para o processo seletivo do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN). Da profusão de dados
gerados, destacaremos, para esta comunicação oral, o aspecto processual da
escrita de um artigo de opinião no qual foi defendido um ponto de vista
acerca da seguinte problematização: “Para minimizar (ou eliminar) a
corrupção no Brasil é preciso partir de ações de cada cidadão ou será
necessário renovar o quadro político brasileiro?”. Esse artigo de opinião,
resultante de um debate com agentes externos à sala de aula sobre a
305
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

problematização mencionada, foi uma construção coletiva (professora e


estudantes) que requereu três versões, a fim de fortalecer argumentos e
aprimorar o projeto de dizer por escrito. Em função disso, pretendemos
destacar não só a importância da escrita como instrumento de transformação
social mas também as estratégias argumentativas explicitadas nas versões e
alguns aprimoramentos linguístico-textuais realizados para se chegar à versão
final. Essa análise é fundamentada pela concepção dialógica de linguagem,
pelos estudos de letramento (KLEIMAN, 1995; STREET [1995] 2014) e pela
Linguística Aplicada (MOITA LOPES, 2006, 2009). Como resultado, vimos
que práticas de escrita desenvolvidas de forma colaborativa e que visam ao
aprimoramento processual prepararam melhor os estudantes para, em
diferentes situações comunicativas, fazerem bom uso da argumentação,
inclusive no enfrentamento de processos seletivos.

Palavras-chave: Projeto de letramento, Ensino-aprendizagem de escrita,


Argumentação.

O GÊNERO CAMPANHA PUBLICITÁRIA NA AULA DE LÍNGUA


INGLESA: PROCESSOS DE PRODUÇÃO

Gláucio Geraldo Moura Fernandes


Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG)

Natália Costa Leite


Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG)
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Este artigo apresenta um relato de experiência sobre um trabalho realizado


com o gênero Campanha Publicitária em aulas de língua inglesa. O trabalho
foi desenvolvido com alunos do 3º ano do Ensino Médio Técnico em uma

306
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

instituição pública federal do estado de Minas Gerais. Os alunos produziram


Campanhas Publicitárias sobre temas diversos, de maneira colaborativa,
fazendo uso de recursos tecnológicos, com o objetivo de compartilhar seus
trabalhos com a comunidade escolar. Para o desenvolvimento da atividade
escolhida – Campanha Publicitária – optamos em utilizar o ciclo de produção
de gêneros textuais conforme proposto por Boccia et al. (2013). Elegemos
como categoria de análise o uso de elementos multimodais, movimentos
retóricos, propósito comunicativo e comunidade discursiva. O corpus foi
constituído a partir de 40 Campanhas Publicitárias elaboradas pelos alunos
dos cursos de Redes de Computadores, Informática, Mecânica Industrial,
Mecatrônica e Eletrônica no primeiro bimestre de 2016. Esse estudo pautou-
se em Bakhtin (1979) e Swales (1990) quanto ao gênero, Kress (2001) quanto
à consideração dos aspectos multimodais e Cope & Kalantzis (2008) quanto à
noção de design. O trabalho com gêneros textuais na sala de aula de língua
inglesa permite o engajamento do aluno nas mais diversas práticas sociais
através do (re)conhecimento do gênero, de sua reprodução e possível
transformação. A sala de aula deve objetivar recriar situações de
aprendizagem que façam sentido no mundo social do aluno. Ou seja, a prática
docente deve ir além do ensino de códigos, considerando, também, a
dimensão social envolvida nas práticas discursivas. Nossa análise apontou
para dificuldades dos alunos referentes às seguintes categorias de análise:
elementos multimodais e comunidade discursiva.

Palavras-chave: Gênero textual, Campanha publicitária, Produção.

307
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

PROGRAMA DE FORMAÇÃO GERAL E O LETRAMENTO


ACADÊMICO: ALGUMAS REFLEXÕES

Luzia Bueno
Universidade São Francisco (USF)

Milena Moretto
Universidade São Francisco(USF)

Cláudia Abreu de Jesus Feitoza


Universidade São Francisco(USF)

Leitura e escrita na universidade assumem uma peculiaridade que nem


sempre os ingressantes no ensino superior dominam, principalmente nos
primeiros semestres de cursos. Na universidade, há um conjunto de textos a
ser lido e escrito que pode ser ensinado em disciplinas de Leitura e Produção
de Textos. Contudo, nota-se também a deficiência em algumas capacidades
que seriam transversais aos vários gêneros textuais e que deveriam ter sido
desenvolvidas no decorrer do Ensino Médio. Visando enfrentar esta situação
e altará-la, a Universidade São Francisco, no interior de São Paulo (Brasil),
propôs, no segundo semestre de 2014, um Programa de Formação Geral,
ofertado na modalidade de Ensino à distância (EaD), que assume
explicitamente como um de seus objetivos levar ao desenvolvimento de
capacidades de linguagem aliado a um programa de Letramento Acadêmico
(inserção do aluno na cultura de leitura e escrita da universidade). Neste
Programa, os alunos universitários devem realizar atividades de leitura e
escrita quinzenalmente em uma sala virtual. Essas atividades são organizadas
por uma equipe de professores de um Programa de Pós-graduação em
Educação. Nesta apresentação, o objetivo é de apresentar o Programa de
Formação Geral e refletir sobre os seus problemas e resultados a fim de
verificar a) se ele está conseguindo contribuir para o desenvolvimento das
capacidades de linguagem do aluno, b) além de verificar a necessidade ou
não de mudanças de encaminhamento do trabalho. Na análise dos dados,
foram consideradas as discussões sobre Letramento Acadêmico (Street, 2014)
e os estudos do Interacionismo Sociodicursivo (Bronckart, 2010). Os

308
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

resultados da análise permitem perceber a relevância do Programa de


Formação Geral e apontam para a necessidade de alguns ajustes para que ele
possa contribuir melhor o desenvolvimento do letramento acadêmico dos
alunos universitários.

Palavras-chave: Letramento acadêmico, Ensino a distância, Interacionismo


sociodiscursivo.

USO DE FERRAMENTAS DIGITAIS NO DESENVOLVIMENTO DE


HABILIDADES ORAIS: UM ESTUDO SOBRE A AUTONOMIA DO
APRENDIZ À LUZ DA COMPLEXIDADE

Marilane de Abreu Lima Miranda


Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Analiso o desenvolvimento de autonomia do estudante na aprendizagem de


habilidades orais na língua inglesa como língua estrangeira em uma turma do
8º ano do Ensino Fundamental II de uma escola pública estadual localizada
no Estado de Minas Gerais, Brasil. A partir de corpus constituído por
narrativas de aprendizagem, de dados complementares de um questionário e
de notas de campo referentes a esse grupo de nativos digitais (PRENSKY,
2001), analisei as dinâmicas e padrões do desenvolvimento da autonomia,
considerando-se um contexto de integração de novas ferramentas digitais às
práticas didático-pedagógicas que visam ao desenvolvimento das habilidades
orais dos alunos na língua-alvo. A Teoria da Complexidade no campo da
Linguística Aplicada, proposta por Larsen Freeman (1997), Larsen-Freeman
e Cameron (2008) serviram como base epistemológica para análise dos dados
e considerando a autonomia como sistema adaptativo complexo (PAIVA e
BRAGA 2008), este trabalho analisa o corpus coletado à luz das
309
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

características dos sistemas complexos, tendo por foco a autonomia dos


alunos, no desenvolvimento das habilidades orais, usando tecnologias digitais
em seu processo de aprendizagem. Analisei narrativas escritas por cada um
dos 28 (vinte e oito) alunos, na faixa etária média de 13 (treze) anos, em 2
(dois) momentos – o inicial e o final da pesquisa. Os resultados apontam que
a integração de tecnologias digitais no contexto de desenvolvimento de
habilidades orais em língua inglesa promove oportunidades para o aprendiz
fazer escolhas, gerenciar, refletir e avaliar seu processo de aprendizagem,
propicia dinâmicas como interações aluno-máquina e entre pares, com
colaboração em grupos, fomentando aprendizagem e autoconfiança,
favorecendo o surgimento de atitudes que promovem o desenvolvimento da
autonomia.

Palavras-chave: Autonomia, Teoria da Complexidade,Tecnologias digitais.

O FÓRUM DE DISCUSSÃO EM UM CURSO DE FORMAÇÃO DE


PROFESSORES: POSSIBILIDADE DE LETRAMENTOS?

Antônio Carlos Santos de Lima


Instituto Federal de Alagoas (IFAL)

No presente trabalho, recorte de uma tese de doutorado em andamento,


apresentamos uma reflexão sobre a utilização do fórum de discussão como
ferramenta para a promoção de letramentos em um curso de Letras a
distância ofertado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
de Alagoas. A perspectiva de letramento adotada na presente reflexão é
aquela apresentada por Johns (1997), a qual concebe o letramento como um
fenômeno mais inclusivo do que a mera ação de ler e escrever; mais inclusivo
em função de o sujeito que lê ou escreve o fazer de modo consciente a partir
de uma atitude de compressão, mobilização e conhecimento de determinados
conteúdos, linguagens e práticas. Para a presente reflexão, analisamos
310
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

postagens realizadas no decorrer de uma disciplina do referido curso, na


tentativa de observar se o fórum, através de sua utilização por professores e
tutores, contribui para a apropriação de letramentos necessários à formação
do professor de línguas. Buscamos também problematizar a caracterização
dessa ferramenta para a aprendizagem dos alunos enquanto sujeitos que se
apropriam adequadamente das práticas situadas de escrita e de leitura. Os
resultados evidenciam lacunas nas orientações adotadas pelo professor e pelo
tutor que não correspondem aos caracteres de um agente de letramento, o que
traz prejuízos para a constituição dos alunos como professores de línguas,
pois para que o processo formativo do sujeito seja bem sucedido, para que ele
possa se constituir letrado, é necessário que sejam considerados pelo meio
acadêmico, sua vida e sua cultura, questão basilar num trabalho
fundamentado na perspectiva do letramento.

Palavras-chave: Letramento, Formação de professores, Fórum de discussão.

A ABORDAGEM INGLÊS PARA FINS ACADÊMICOS COM FOCO


NA ESCRITA EM MEIO IMPRESSO E DIGITAL

Franciclé Fortaleza Bento


Universidade Federal do Ceará (UFC)

O ensino de línguas estrangeiras conta com uma gama de abordagens e


métodos que podem ser utilizados, de acordo com os objetivos de
aprendizagem do público alvo. Dentre as diversas abordagens para o ensino,
o Inglês para Fins Acadêmicos (IFA) se configura como uma abordagem
centrada no aluno, levando em consideração o contexto acadêmico e os
diversos letramentos advindos dele. Sabe-se que na academia, a habilidade
escrita é uma das mais requeridas para a produção de gêneros já consolidados
neste meio. Nesse sentido, este artigo tem o objetivo de apresentar a
abordagem Inglês para Fins Acadêmicos (IFA) com foco na escrita em meio
impresso e digital. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que aborda os
conceitos referentes à esta abordagem e suas principais aplicações para o
ensino da habilidade escrita. A fundamentação teórica deste artigo inclui a
311
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

abordagem Inglês para fins Acadêmicos (GILLET, 2000; HYLAND, 2006;


FLOWERDEW; PEACOCK, 2011), a escrita acadêmica (GILLETT, 2009;
OLIVEIRA, 2010; RODRIGUES, 2012; BACON, 2013) e a escrita
acadêmica em meio digital com foco no uso da ferramenta de escrita
colaborativa wiki (KUUTEVA, 2011; SANTOS, 2011; KUMMER, 2014).
Diversas pesquisas têm sido realizadas em universidades no Brasil e no
mundo em torno do IFA, sobretudo com o uso da wiki. É possível concluir, a
partir das pesquisas elencadas, que a escrita no IFA promove práticas de
letramentos acadêmicos e também digitais, com a integração da produção
escrita às plataformas digitais. No entanto, um mapeamento dos letramentos
necessários e emergentes para o trabalho com a escrita colaborativa ainda não
foi realizado.

Palavras-chave: IFA, Escrita acadêmica, Wiki.

O USO PEDAGÓGICO DO BLOG COMO OBJETO DE


APRENDIZAGEM NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE
LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

Marcus de Souza Araújo


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Rosinda de Castro Guerra Ramos


Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

As tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) têm


proporcionado mudanças significativas na sociedade contemporânea, com o
advento do computador e da internet, ao mesmo tempo, que o ensino-
aprendizagem passa por modificações, que ultrapassam o paradigma da sala
de aula tradicional. Nessa direção, o blog pode otimizar uma aprendizagem
312
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

mais motivadora e colaborativa, pois pode levar em consideração os


interesses e as necessidades dos alunos a aprenderem e a discutirem assuntos
que sejam de interesse coletivo ou individual, tornado esse aluno mais
responsável por sua aprendizagem e mais motivado para buscar a informação.
Com base nessas considerações, a presente comunicação tem por objetivo
apresentar uma proposta com o uso do blog, como objeto de aprendizagem
(OA), para a formação (inicial ou continuada) do professor de línguas
estrangeiras, para discutir assuntos relacionados às TDIC na educação e na
formação desses profissionais. Decidiu-se adotar como proposta de material,
neste trabalho, os objetos de aprendizagem (OA), por serem um recurso
educacional e estarem diretamente ligados com as novas TDIC. Dessa forma,
o acesso cada vez maior à internet, ao computador e aos seus inúmeros
recursos digitais, como, por exemplo, som, (criação de) imagem, vídeo(s),
entre outros, indicam para seus usos no ensino-aprendizagem de línguas, por
exemplo, de maneira mais sistemáticos e dinâmicos. As três primeiras
unidades serão apresentadas juntamente com o blog, construído pelos
professores-pesquisadores, sendo, assim, nosso objeto inicial de discussão
para esta comunicação. O estudo se desenvolve por meio de referenciais
teóricos da Linguística Aplicada em relação à perspectiva reflexiva na
formação de professores de línguas (CELANI, 2010, 2011; RAMOS, 2010,
2012, 2015; SCHÖN, 2000; entre outros), acerca das contribuições do blog
no ensino (MARCUSCHI, 2010; TAPSCOTT, 1999; TAPSCOTT e
WILLIAMS, 2007) e do objeto de aprendizagem (MACHADO, LONGHI e
BEHAR, 2013; TAROUCO, 2012; WILEY, 2002).

Palavras-chave: Formação de professores, Blog, Objeto de Aprendizagem.

313
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

A PERÍFRASE QUERER+INFINITIVO EM AULAS DE ESPANHOL


COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA POR MEIO DE DISCURSOS DE
INVESTIDURA: UMA ORIENTAÇÃO FUNCIONALISTA PARA
ENSINO DE E/LE
André Silva Oliveira
Universidade Federal do Ceará (UFC)

Nadja Paulino Pessoa Prata


Universidade Federal do Ceará (UFC)
O presente trabalho tem por objetivo apresentar aos professores de E/LE uma
abordagem da perífrase querer+infinitivo, por meio de discursos de
investidura nos quais encontramos a manifestação da modalidade volitiva. O
estudo sustenta-se sob os princípios básicos de orientação funcionalista para
o ensino de língua estrangeira e na análise qualitativa de um texto
predominantemente político, o discurso de investidura, para a abordagem de
um dado conhecimento linguístico específico, em aulas de espanhol como
língua estrangeira (E/LE). Para esta pesquisa, abordamos como uso do
discurso de investidura de um candidato a primeiro ministro da Espanha,
Rodríguez Zapatero, pode contribuir para que o professor de E/LE oriente, de
modo mais adequado, a leitura e interpretação da perífrase querer+infinitivo
e de seus possíveis efeitos de sentido nesse tipo de discurso político. Vale
salientar que a utilização dos discursos de investidura visa que os aprendizes
consigam relacionar o contexto comunicativo em que o discurso é proferido
pelo falante com a perífrase modal querer e fornecer input linguístico da
língua alvo. Buscamos assim apresentar aos professores de E/LE a volição
(desejo) e um dos possíveis efeitos de sentido relacionados a ela, a intenção e
o modo como eles poderiam apresentá-los aos seus alunos, contribuindo não
só para que o estudo da perífrase do espanhol querer+infinitivo não se
restrinja apenas a sua estrutura, mas que permita que o alunado consiga fazer
também uma análise do tipo de relação estabelecida entre os falantes e, a
partir disso, de como o uso do modal volitivo corrobora para o efeito de
sentido desejado pelo candidato a primeiro ministro, como também poderá
servir como reflexão sobre a política do país em questão.

Palavras-chave: Funcionalismo, Língua Espanhola, Perífrase Verbal.


314
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

WIKIS E A IMPORTÂNCIA DA MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA: UM


RELATO DE CASO

João Paulo Eufrazio de Lima


Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA)

O objetivo deste trabalho é demonstrar as potencialidades pedagógicas dos


textos coletivos online que compõe o gênero digital wiki. Tal perspectiva de
abordagem pedagógica do gênero em questão já foi proposta por
pesquisadores anteriores como Primo (2003), Gomes (2007), Coutinho e
Bottentuit Júnior (2007), Vieira (2008) e Becker (2011). Em geral todos esses
autores atentaram para o fato de que o gênero wiki é desafiador como
ferramenta pedagógica uma vez que as individualidades tendem a se sobrepor
à unidade textual, o que afeta muito a qualidade do produto final do texto
coletivo. Partindo, portanto, das discussões iniciadas por tais pesquisas, nosso
estudo teve como objetivo verificar as possibilidades de adaptação
pedagógica desse gênero em um ambiente acadêmico. Para tanto, realizamos
atividades que envolviam a escrita de um texto coletivo em ambiente wiki do
Google com duas turmas de disciplinas distintas do curso de licenciatura em
Letras da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) em Sobral, Ceará. A
duração da atividade foi de um mês, participando voluntariamente ao todo 50
alunos de um total de 69. O objetivo específico era criar um texto coletivo
referente a um dos assuntos estudados nas aulas presenciais. Pudemos
verificar que é de fundamental importância o papel de mediador a ser
desempenhado pelo professor para que a individualidade dos membros não se
sobreponha ao espírito coletivo desse tipo de atividade e para que o objetivo,
que deve ser apresentado de forma clara antes do início da atividade, seja
cumprido ao final, possibilitando assim a feitura de um texto coeso e coerente
de forma tal que também a aprendizagem esperada possa ser lograda.

Palavras-chave: Wikis, Mediação pedagógica, Escrita coletiva.

315
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

A ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE TURNOS DE FALA EM AULAS


DE LÍNGUA ESTRANGEIRA A DISTÂNCIA MEDIADAS PELO
GOOGLE HANGOUTS ON AIR

Paulo Bruno Lopes da Silva


Universidade de São Paulo (USP)

O surgimento e a popularização da Internet e das Tecnologias de Informação


e Comunicação (doravante TIC) têm causado transformações nas relações
entre as pessoas em diferentes níveis. Nas comunicações, as TIC criaram
novos meios de interação em tempo real dentro dos chamados ambientes
virtuais. Diante desse cenário, também estão surgindo novas modalidades de
ensino e aprendizagem de Línguas Estrangeiras (doravante LE), como o
ensino a distância mediado pelo computador. Nesse contexto, este trabalho
tem o objetivo de investigar a organização e a manutenção dos turnos de fala
que decorrem de interações verbais em aulas de Língua Estrangeira em sala
de aula virtual mediada pelo uso do Google Hangouts On Air. Para chegar a
esse objetivo, serão analisados trechos de duas aulas de Língua Estrangeira
(uma de inglês e outra de francês) realizadas por professores ligados à
plataforma online de ensino e aprendizagem de Línguas Estrangeiras
Verbling, registradas e disponibilizadas publicamente por meio do Youtube.
Com base nas contribuições teóricas advindas da Análise da Conversação, de
Kerbrat-Orecchioni, 2006), Marcuschi (2005) e Traverso (1999), bem como
da interação verbal de Goffman (1967) e Orletti (2000), tal análise visa
explicitar como os mecanismos que mantêm a organização e a estrutura do
sistema de turnos de fala em um contexto de sala de aula presencial também
estão presentes em um contexto de sala de aula não presencial mediado por
computador e em que medida o uso da tecnologia é determinante para a
interação e a organização do sistema de turnos de fala. Ao final deste
trabalho, espera-se também que os resultados apresentados possam contribuir
para a prática da didática de línguas em meio eletrônico.

Palavras-chave: Sistema de turnos de fala, Interação verbal, Google


Hangouts on Air.

316
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

O USO DE WHISPER PHONES COMO FERRAMENTA PARA


DESENVOLVER A PRODUÇÃO ORAL E ESCRITA EM L2

Lucienne de Castro Gomes


Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Neste trabalho apresentamos os resultados de um projeto de Pesquisa Ação


desenvolvido durante o primeiro semestre nas aulas de inglês, em turmas de
5o e 6o anos do Ensino Fundamental, na rede pública de Belo Horizonte. O
objetivo deste trabalho é apresentar as ações desenvolvidas em sala de aula,
que incentivaram e desenvolveram as habilidades orais dos alunos em L2 e a
compreensão escrita. Nosso aporte teórico-metodológico baseia-se na
Pedagogia de Multiletramentos (KALANTZIS; COPE, 2012, 2013; DIAS,
2012) e nos gêneros textuais (SWALES, 1990; DOLZ, et al., 1998; DIAS,
2012; GOMES, 2015). O gênero textual escolhido foi a poesia. Ao
apropriarem das características do gênero, os alunos realizaram atividades de
escrita, reescrita e foram capazes de produzirem e publicarem suas próprias
poesias. Nesta pesquisa utilizou-se o equipamento “Whisper phone” (telefone
fonético), produzido pela professora, com o objetivo de colaborar com a
consciência fonética do aluno, fluência na leitura e interpretação dos textos.
O Whisper phone é utilizado para amplificar e transmitir a voz do aluno
diretamente para seu ouvido. Ao ler a poesia através do equipamento, o leitor
passa a ouvir ele mesmo de forma clara e sem interferência do ambiente
externo, auxiliando-o ouvir, produzir e corrigir seus próprios erros. As
poesias foram publicadas utilizando um aplicativo de e-book. Os resultados
obtidos revelam que ao partir de suas experiências anteriores, os alunos
tiveram a oportunidade de utilizar os “whispers phones” para desenvolver a
leitura, a produção oral, a fluência e a pronúncia, assim como a compreensão
escrita e oral, além de incentivar e colaborar com a autonomia e a
concentração em turmas numerosas. Verificamos que ao publicar seus textos
em um ambiente eletrônico os alunos têm a oportunidade de consolidar seu
aprendizado através da correção dos textos e inserção de outros recursos
multimodais em suas publicações.

Palavras-chave: Pedagogia de Multiletramentos, Compreensão e Produção

317
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

escrita e Oral em LI, Whispers Phones.

TECNOLOGIAS DIGITAIS E LETRAMENTOS NA ESCOLA


PÚBLICA: A SALA DE AULA DE INGLÊS E A FORMAÇÃO DO
PROFESSOR NA ERA CIBERNÉTICA

Josiane Brunetti Cani


Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Gilvan Mateus Soares


Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Nos últimos anos tem ocorrido aumento considerável de pesquisas


relacionadas ao uso das Tecnologias Digitais de Informação e de
Comunicação (TDICs) na educação na tentativa de aproximar mais ainda os
saberes escolares com as linguagens produzidas socialmente pelos alunos.
Dentre essas pesquisas, algumas nos chamam a atenção acerca da formação
dos professores para o uso das TDICs, como Kenski (2015), que destaca a
urgência de planejamento e implantação de propostas inovadoras para a
formação de professores com o uso das tecnologias digitais; Moran (2015),
que propõe mudanças com metodologias mais ativas de aprendizagem; e Dias
e Pimenta (2015), sobre o uso das tecnologias para o aperfeiçoamento das
capacidades orais na formação inicial de professores de língua inglesa.
Articulando esses estudos com o uso das TDICs nas escolas, surgiu nosso
interesse pela pesquisa: como os alunos enxergam a possibilidade da
aplicação das TDICs em sala de aula? Nosso objetivo foi identificar
ferramentas tecnológicas digitais apropriadas às práticas pedagógicas de
língua materna pelos conhecimentos de uso das tecnologias dos alunos do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo,
campus Colatina. O percepção desses participantes poderá representar uma
318
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

motivação para transformações metodológicas em sala de aula, configuradas


como potencial recurso didático-pedagógico para modernizar, qualificar e
aprimorar o processo de ensino e de aprendizagem. Por ser uma pesquisa
ainda em desenvolvimento, pretendemos com este estudo estabelecer a
estruturação de TDICs disponibilizadas na Internet apreciadas pelos alunos
como potenciais instrumentos pedagógicos. Assim, esperamos promover
diferentes processos: primeiro, entender e valorizar a contribuição dos alunos
como seres ativos no processo de aquisição do conhecimento; e, segundo,
relacionar possibilidades de práticas educacionais partindo da aprendizagem
dos que vivem imersos no mundo digital, de modo a contribuir para a
reestruturação de práticas pedagógicas voltadas para as tecnologias digitais.

Palavras-chave: DICs, Língua Portuguesa, Práticas pedagógicas

RESPONSABILIDADE ENUNCIATIVA EM COMENTÁRIOS NO


FACEBOOK

Alana Helena de Morais


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Auristela Rafael Lopes


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Com o advento das redes sociais, as interações no âmbito virtual têm sido
ampliadas consideravelmente. Opiniões, posicionamentos, críticas e elogios
ocupam hoje um espaço visto e reconhecido, não apenas por poucos e
privilegiados indivíduos, mas por membros de classes e contextos sociais
distintos, entre eles, a escola, local onde o ensino e a tecnologia precisam
estar associados de maneira colaborativa. Diante do panorama apresentado,
este artigo tem por objeto uma postagem e cinco comentários,
especificamente na fanpage “Os mortadelas”, no facebook. Selecionado esse
corpus, buscamos refletir sobre a responsabilidade enunciativa, tomada como
319
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

objeto de estudo em sala de aula, com vistas ao desenvolvimento de leitores


críticos. Para tanto, o entendimento que aqui irá nos nortear, é de que o
exercício da linguagem está diretamente relacionado à formação de uma
postura crítica. Nessa perspectiva, o aprendente não apenas avalia o texto, ele
também se situa e posiciona-se diante dele, de maneira individual ou coletiva
e em diferentes graus, esses mecanismos acabam dissolvendo a figura do
leitor apenas como um receptor inativo de textos. Metodologicamente, este
trabalho se caracteriza por ter cunho qualitativo-interpretativista e é
fundamentado por dois conceitos centrais, são eles: letramento crítico
(FREIRE, 1981; MCLAREN, 1997) e responsabilidade enunciativa (ADAM,
2008). Considerando os atos de escrita como prática social e associando a
criticidade com a leitura, os resultados preliminares da análise parecem
apontar para a necessidade de se evidenciarem aspectos relacionados ao
letramento crítico e à responsabilidade enunciativa dos sujeitos envolvidos na
interação viabilizada, virtualmente, por meio de comentários a postagens do
facebook.

Palavras-chave: Letramento Crítico, Responsabilidade Enunciativa, Gênero


Comentário.

APLICANDO A GRAMÁTICA DO DESIGN VISUAL NA LEITURA


DE ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS: UM ESTUDO DE CASO COM
ALUNOS DE LETRAS-INGLÊS

Vânia Soares Barbosa


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Avanços tecnológicos, especialmente nas tecnologias de comunicação e


informação, têm facilitado a crescente produção, disseminação e consumo de
uma variedade de textos multimodais. Estes textos são compostos por
diferentes modos e recursos semióticos, tais como a linguagem verbal,
imagens estáticas e em movimento, sons, tipografia, layout, etc.
320
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Consequentemente, essas composições demandam novos letramentos, entre


eles o letramento visual-crítico, aqui entendido como a habilidade para
interpretar, usar e entender como integrar diferentes modos e recursos
semióticos em eventos comunicativos. Adotando ideias da semiótica social e
da multimodalidade, esta comunicação tem como objetivo apresentar e
discutir a produção de sentidos de anúncios publicitários por dois acadêmicos
de graduação e dois de pós-graduação em Letras-Inglês a partir de seus
feedbacks apresentados antes e depois de serem expostos à cinco categorias
relacionadas às metafunções representativas, interativas e composicionais da
Gramática do Design Visual (GDV) de Kress e Van Leeuwen ([1996], 2006).
A coleta realizou-se em um workshop no qual os participantes se engajaram
em atividades de análises de imagens e compartilharam suas interpretações
de dois anúncios publicitários relacionados à moda e beleza. As análises, bem
como suas impressões a respeito da GDV enquanto ferramenta para entender
imagens, foram coletadas em modo oral e escrito e buscou-se a identificação
de um possível potencial da GDV em contribuir na promoção do letramento
visual-crítico. Os resultados mostraram maior segurança e um conhecimento
introdutório em relação à leitura crítica de imagens, indicando a inserção de
ideias da GDV como implicação pedagógica para o ensino de língua inglesa
como língua estrangeira

Palavras-chave: Multimodalidade, Letramento visual-crítico, Anúncios


publicitários

LETRAMENTO DIGITAL E EAD: O USO DE TECNOLOGIAS


DIGITAIS NAS AULAS DE INGLÊS DOS GRADUADOS NA
MODALIDADE SEMIPRESENCIAL A PARTIR DE SUAS CRENÇAS.

Fábio Rodrigo Bezerra de Lima


Universidade Federal do Ceará (UFC)
321
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Essa pesquisa visa analisar a prática do letramento digital por professores


graduados no curso de Letras-Inglês na modalidade semipresencial da UFC
Virtual. Esse estudo se dará inicialmente pelas pesquisas em linguística
aplicada sobre crenças (BARCELOS,2001,2004; LEFFA,1993,2001;
KALAJA, 1995,2003). As crenças guiam nossas ações e influem em nossas
emoções, sendo elas ponto de partida para entender o agir professoral no
ensino de língua estrangeira. Assim, precisamos primeiro entender o que os
docentes concebem por ensino, por língua estrangeira, bem como por
aprendizado de línguas em escola pública. A partir dessas concepções será
possível relacionarmos a formação em EAD que esse professor recebeu com
a sua prática em sala de aula. A contraparte dessa pesquisa são os estudos de
letramento digital. Entendemos que a escola é um espaço que produz
cibercultura (LÉVY,1999) e por isso deveria ser o lugar onde os agentes –
professores, alunos e gestores – deveriam ter acesso de antemão aos diversos
tipos de tecnologias (TICS, OAs) para ressocializarem suas ideias e
melhorassem sua prática. Essa pesquisa parte dos conceitos mais atualizados
de letramento digital onde ele é visto de forma mais ampla e reflexiva e de
como esse novo docente do século XXI pensa, planeja e corresponde em sua
práxis (levando em conta todos os fatores possíveis) o uso de tecnologias
ressignificadas para diferentes momentos pedagógicos (MOREIRA, 2012;
ARAÚJO; PINHEIRO, 2009). Esse estudo vem preencher uma lacuna ao
descrever as crenças e a práticas de professores de língua estrangeira
formados em EAD, já que as primeiras turmas se graduaram há pouco tempo
e é importante entender ‘se’ e ‘como’ essa formação influencia o saber e o
saber-fazer do novo docente.

Palavras-chave: Letramento, Digital, Crenças.

PRÁTICAS DE LETRAMENTO DIGITAL: O QUE REVELA A


PRÁTICA DOCENTE DE PROFESSORES DAS ESCOLAS DE
ENSINO MÉDIO DE LIMOEIRO DO NORTE ?

Carla Jéssica Severiano Lima Gonçalves


Universidade Estadual do Ceará (UECE)
322
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Ana Maria Pereira Lima


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

As práticas cotidianas demandam a apropriação das tecnologias digitais pelos


indivíduos, a fim de que esses participem efetivamente da sociedade. Uma
vez que os cidadãos estão imersos em uma série de eventos prenhes dos usos
de diferentes estratégias que os façam acessar e processar as informações que
circulam nas mais diversas mídias. Isso ocorre, nos contextos dos centros
urbanos, onde os meios de comunicação e a natureza linguística dos
enunciados alteraram em decorrência das mudanças na sociedade. Para
analisarmos as práticas de letramento digital presentes no cotidiano escolar,
visitamos duas escolas da cidade de Limoeiro do Norte e realizarmos, nessas
escolas, uma pesquisa que se configura como um estudo de caso, na qual
utilizamos os seguintes instrumentos/técnicas para a coleta e geração de
dados: (i) questionário realizado com professores e profissionais do
laboratório de informática; (ii) acompanhamento das aulas de Língua
Portuguesa realizadas no laboratório de informática, através da observação
do(s) pesquisadores (iii) entrevista com os alunos. Fundamentamo-nos,
principalmente, em Street (1984;1993; 2003; 2010; 2013), Soares (2000;
2002; 2005), Barton (1994; 2000; 2001), Buzato (2003; 2004; 2007) e
Cavalcante Jr. (2003). Como resultado, percebemos, em linhas gerais, que
grande parte das práticas observadas nas escolas reforça a subutilização dos
meios digitais em sala de aula, atestando que muitos professores não
promovem práticas de letramento digital porque não compreendem as
possibilidades de diálogo entre os conteúdos curriculares e o uso das
ferramentas digitais. Isso pode sinalizar para uma formação tecnológica
(inicial ou continuada) inadequada para o engajamento na inclusão digital
crítica dos envolvidos.

Palavras-chave: Práticas de letramento digital, Formação tecnológica,


Escolas de ensino médio.

323
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

LÍNGUA ESTRANGEIRA EM UMA PLATAFORMA DE


APRENDIZAGEM: ANÁLISE E METODOLOGIAS

Denise Maia Pereira


Universidade de Taubaté (UNITAU)

Neste trabalho, procedemos à avaliação de uma plataforma de aprendizagem


de línguas estrangeiras (LE). Para tanto, fizemos um breve retrospecto
histórico das metodologias de ensino de LE com o objetivo de verificar, na
proposta didática da plataforma, as metodologias de ensino de LE (LEFFA,
2012) que são utilizadas na plataforma. Este trabalho faz jus ao ensino e
aprendizagem de línguas: linguagem e tecnologias, levando em conta que é
indubitável que o desenvolvimento das Tecnologias da Informação e
Comunicação (TIC) e o ensino e aprendizagem de LE andam cada vez mais
juntos e que o uso das TIC tem melhorado o processo de aprendizagem (ZHU
& KAPLAN, 2002 apud MOTIWALLA, 2007, p. 583). A aprendizagem não
formal e o uso do mobile learning aparecem como uma tendência inerente
aos inúmeros aplicativos educacionais que vem sendo desenvolvidos há uns
anos e, com isso, a análise desses processos contemporâneos que envolvem o
ensino e a aprendizagem de línguas deve ser motivada. As perguntas de
pesquisa que nortearam esta pesquisa foram: 1- O uso da plataforma trouxe
uma nova metodologia de ensino de LE ou ela utiliza as metodologias de
outrora em um contexto relativamente novo das TIC?; 2- Quais as
metodologias de ensino aparecem na plataforma?; A análise dos dados nos
revelou que, embora em um contexto relativamente novo, e com a
possibilidade de uso de gadgets como, smartphones, tablets e notebooks, a
metodologia mais utilizada na plataforma é o Método de Tradução e
Gramática, metodologia datada do século dezenove (BROWN, 2001); além
de nos revelar que a gamificação (KAPP, 2012) está em alguns contextos na
plataforma.

Palavras-chave: Plataforma, Língua, Metodologias.

324
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

ENUNCIADOS INFANTIS E DE ADOLESCENTE DO ENSINO


MÉDIO: UMA CONSTITUIÇÃO FUNDADA NA ATUAÇÃO DE
DIVERSOS OUTROS/DESTINATÁRIOS

Taynara Alcântara Cangussú


Instituto Federal do Paraná (IFPR)

Este trabalho parte do encontro entre o trabalho de Corrêa (2013) – no qual


ele aborda o conceito de heterogeneidade constitutiva dos gêneros− e o de
Capristano e Oliveira (2014) – no qual as autoras analisam produções textuais
infantis de maneira condizente a proposta de Corrêa (2013). Subsidiados por
esses estudos, propusemos esta pesquisa com o objetivo de investigar como
estudantes de fases iniciais de aquisição da escrita e dos anos finais do
processo escolar (Ensino Médio) lidam com o aspecto endereçamento dos
gêneros textuais/discursivos. Para cumprir com esse objetivo, utilizamos
como material de análise 20 produções textuais, sendo dez delas coletadas no
Ensino Fundamental I e dez no Ensino Médio. Todas as produções foram
escritas a partir de uma proposta que requeria do escrevente a escrita de
enunciados no gênero carta. A análise dessas produções foi feita a partir dos
pressupostos teórico-metodológicos do paradigma indiciário. Como
resultados, observamos que a oscilação do endereçamento do enunciado
ocorre tanto nos enunciados de crianças que estão em fase inicial de
aquisição da escrita, quanto nos de adolescentes que já caminham para os
momentos finais da trajetória escolar. Apesar de ser regular em ambos os
casos, notamos diferenças qualitativas e quantitativas nos dados de
oscilações. Quanto às quantitativas, observamos que as oscilações referentes
aos enunciados infantis envolviam a atuação de mais Outros/ destinatários
(até 4 simultaneamente) do que as referentes aos enunciados dos alunos do
Ensino Médio. Quanto aos qualitativos, observamos que os
Outros/destinatários envolvidos nos enunciados infantis eram mais marcados
por relação de afetividade do que os endereçamentos envolvidos nas
oscilações analisadas nos enunciados do Ensino Médio.

Palavras-chave: Endereçamento, Gêneros textuais/discursivos, Enunciados


infantis e de adolescentes.

325
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

OS MECANISMOS ENUNCIATIVOS NO ESTUDO DE CRÔNICAS

Ana Cecília Nascimento e Santos


Universidade Federal de Sergipe (UFS)

O objetivo desse estudo é apresentar propostas de atividades circunscritas na


área da Linguística Textual. Para nortear essa pesquisa, buscou-se refletir
sobre as teorias de gênero, tendo, inicialmente, as bases teóricas respaldadas
em Bakhtin (1992), com a questão dos gêneros discursivos e, posteriormente,
em Marcuschi (2002), Dolz & Schneuwly (2004) e Bronckart (1999) com a
noção de gênero de texto, concepção adotada nesse trabalho. Tomamos,
também, como fundamento teórico o Interacionismo sociodiscursivo (ISD),
que é uma corrente que entende o texto como um construto que promove a
interação social, refletindo o momento histórico e dialogando com textos
anteriores. Esse estudo se justifica pela necessidade de novas práticas de
ensino, que priorizem o estudo dos gêneros de texto, como preconizam os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), favorecendo o desenvolvimento
de competências linguísticas e discursivas no aluno. O gênero escolhido para
a análise foi a crônica e essa escolha se deu pelo fato de este ser um texto
mais curto e facilmente encontrado nos livros didáticos, o que promove uma
maior aproximação e identificação do aluno com o material a ser estudado, o
que possibilita, também, um maior envolvimento com a leitura.
Investigamos, nas crônicas, o uso dos mecanismos enunciativos, presentes
nas vozes e modalizações e os efeitos de sentido que eles trazem na
interpretação textual, já que esses mecanismos são responsáveis pela
coerência pragmática do texto e colaboram na elucidação dos
posicionamentos que são feitos, norteando diretamente a interpretação
textual. Para o presente trabalho, apresentamos a análise de uma das crônicas
do nosso corpus: “O desafio”, de Luís Fernando Veríssimo.

Palavras-chave: Crônica, Gênero de texto, Mecanismos enunciativos.

326
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

GÊNERO TEXTUAL E AVALIAÇÃO EM LÍNGUA INGLESA NO


ACESSO AO ENSINO SUPERIOR: O PAES EM ANÁLISE

Denise Maia Pereira


Universidade de Taubaté (UNITAU)

O presente trabalho está inserido no tema concernente ao ensino e


aprendizagem de línguas por ter como foco: analisar as provas de língua
inglesa (LI) da primeira etapa do vestibular do Processo Seletivo de Acesso à
Educação Superior (PAES) da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)
nas edições de 2014 e 2015. Essas provas foram analisadas para se responder
às seguintes perguntas de pesquisa: (a) Quais os gêneros discursivos
predominantes nas provas PAES de LI?; (b) Os gêneros são explorados nas
provas ou são um pretexto de um texto para checar questões de habilidades
linguísticas? (c) Quais conhecimentos foram priorizados nas provas PAES
por meio da análise de questões? Este estudo justifica-se sobre o ponto que
“testes de línguas podem ser fontes valiosas de informação sobre a eficácia
do ensino e da aprendizagem” (BACHMAN; PALMER 1995, p. 2-3,
tradução nossa), principalmente envolvendo um exame de extrema
importância, cujas contribuições de pesquisas, ainda praticamente
inexistentes, podem ter um efeito retroativo positivo no ensino e
aprendizagem de línguas, visando minimizar lacunas de estudos nessa área.
Além da relevância dos estudos dos gêneros ter sido explanada por muitos
estudiosos como Marcuschi (2008, p.151) ao afirmar que ""o estudo dos
gêneros textuais é hoje uma fértil área interdisciplinar com atenção especial
para a linguagem em funcionamento para as atividades culturais e sociais"".
As noções de Bakhtin (2011) do conceito de gêneros textuais são fulcrais na
análise deste trabalho. Os resultados mostram que nas provas de inglês do
PAES são contemplados diferentes gêneros textuais (como receita, tira,
anúncio de jornal e propaganda), e que as questões das provas tanto
contribuem para o entendimento dos mesmos quanto abordam habilidades
linguísticas e habilidades de leitura.

Palavras-chave: Gênero textual, PAES, análise.

327
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Eixo temático 6:
Ensino e aprendizagem de línguas: Identidade e
representação de professores.

IDENTIDADES DE PROFESSORES – ALUNOS DE INGLÊS DA


EDUCAÇÃO BÁSICA: IMPLICAÇÕES PARA SUA FORMAÇÃO E
PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DE INGLÊS

Marta de Faria e Cunha Monteiro


Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

Este trabalho apresenta uma pesquisa realizada no contexto de um curso de


formação de professores de Letras – Língua Inglesa do Plano Nacional de
Formação dos Professores da Educação Básica – PARFOR, criado pelo
Governo Federal para professores da rede pública de ensino para atender a
demanda estabelecida pela Lei de Diretrizes e Bases – LDB (BRASIL, 1996).
A pesquisa, inserida no campo da Linguística Aplicada, teve como objetivo
geral investigar a formação de professores para o ensino-aprendizagem de
inglês (CELANI, 2000; 2002; 2010; GIL, 2007; GIMENEZ; MONTEIRO,
2010; LEFFA, 2001; LIBERALI, 2006; MONTEIRO, 2014) e como
específico, analisar os traços identitários desses professores-alunos à luz de
Gimenez (2005), Hall (1996/2000; 1997/2003), Moita Lopes (2002),
Rajagopalan (2003). A pesquisa foi ancorada no paradigma qualitativo
(CELANI, 2005; DENZIN; LINCOLN, 2006; ANDRÉ, 2005) e foi realizada
por meio dos pressupostos da pesquisa-ação (EL ANDALOUSSI, 2004;
THIOLLENT, 2011). Os instrumentos utilizados foram dois questionários,
entrevistas norteadas por roteiros semiestruturados, rodas de conversa e
diário de campo. Os participantes foram vinte professores de inglês de quatro
cidades do interior do Amazonas e os resultados revelaram que sua
identidade, apesar de estar em constante construção, tornou-se fortalecida
pelo processo de formação vivenciado. A pesquisa apontou, ainda, que o
curso do PARFOR se demonstrou um espaço que possivelmente provocou
mudanças na prática docente dos participantes em relação ao ensino-
328
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

aprendizagem de inglês. Ao final do trabalho, são trazidas reflexões da


pesquisadora, implicações do estudo e apresentadas sugestões para nortear a
formação continuada desses professores-alunos, bem como de alunos
egressos de Cursos de Letras de outros idiomas.

Palavras-chave: Formação de professores, Identidade, Pesquisa-ação.

ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA DA AFETIVIDADE NA


APRENDIZAGEM

Kátia Cardoso Campos Simonetto


Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)

O presente artigo objetivou a análise da importância da afetividade no


processo de ensino e aprendizagem com a realização de um levantamento da
literatura científica, publicada em bases de dados de artigos científicos, a
respeito da afetividade no contexto da aprendizagem na relação pedagógica
entre professor e aluno. Enfatizando que a afetividade pode determinar o
sucesso de um aluno na escola e em sua vida futura. Constata-se que o
relacionamento entre professor e aluno influencia e pode trazer resultados
benéficos ou não no processo de aprendizagem. Tem-se como ponto crucial a
investigação do que vem sendo discutido no que concerne à relação entre o
afetivo e o cognitivo no contexto sala de aula frente aos objetos de
conhecimento, abordando todo o processo de ensino-aprendizagem e a
relação dos sujeitos envolvidos. Para desenvolver este estudo a metodologia
utilizada foi uma revisão sistemática, onde se buscou subsídios nos artigos
científicos. Estes artigos foram publicados entre os anos de 2010 e 2015, a
partir de critérios de seleção e exclusão e termos definidos a priori, tendo
como escopo de análise um total de 06 artigos que tiveram seus textos
analisados. Os dados coletados foram de participantes provenientes dos
estados de São Paulo (3 artigos), Maranhão (1 artigo), Roraima (1 artigo) e

329
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Rio Grande do Sul (1 artigo). Percebe-se que muitos autores têm se


preocupado em buscar subsídios, elementos que comprovem a necessidade de
um bom relacionamento entre professores e alunos, levando em consideração
a família e demais pessoas que fazem parte da equipe pedagógica, sabendo
que afetividade é ponto crucial no desenvolvimento da aprendizagem e
assimilação de conteúdos transmitidos para os alunos. Pretende-se com este
estudo contribuir para novas pesquisas sobre o assunto.

Palavras-chave: Afetividade, Aprendizagem, Professor.

CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES ATRAVÉS DA


ARGUMENTAÇÃO EM TEXTOS DE JORNALISMO POLÍTICO
CONTEMPORÂNEO: UMA PROPOSTA DE LETRAMENTO
CRÍTICO

Diego Candido Abreu


Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

O objetivo deste trabalho é analisar, criticamente (FAIRCLOUGH, 1992), o


papel da argumentação na (re-)construção de identidades em textos de
jornalismo político contemporâneo. Partindo desse olhar, destaco a relevância
da articulação da perspectiva da sociossemiótica de linguagem (HALLIDAY,
1994) no ensino de língua portuguesa, visando a construção do letramento
crítico discente (GREEN, 1998). Para tanto, baseio-me na noção de nós e os
outros (DUSZAK, 2002) com o objetivo de compreender como identidades
de pertencimento a grupos vêm sendo construídas no discurso político-
jornalístico brasileiro atual. O arcabouço teórico dessa pesquisa fundamenta-
se no valor social e político da argumentação (BRETON, 2003), na ideia de
Letramento Crítico (GREEN, 1998) e no conceito supracitado de Duszak
(2002). Como ferramental de análise dos textos apresentados, apoio-me na
Linguística Sistêmico-Funcional que oferece insumos teórico-analíticos para

330
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

a verificação da forma como a polarização e o antagonismo entre grupos com


posicionamentos políticos divergentes são construídos nos textos observados.
A metodologia aqui proposta insere-se no viés da pesquisa qualitativa. Serão
analisados dois textos disponibilizados em versões on-line de revistas
semanais de grande circulação nacional. Considerando a impossibilidade de
existência de imparcialidade no discurso social (BAKHTIN, 1997), buscar-
se-á observar como dois jornalistas apresentam o mesmo acontecimento
através do viés de suas lentes político-ideológicas conflitantes, dando atenção
especial à maneira como o discurso é manipulado para possibilitar a
construção dos valores sociais de ingroupness e outgroupness (DUSZAK,
2002). As análises sugerem que a opção por alguns pronomes ou a escolha
lexical de certos atributos associados a determinados indivíduos ou
instituições ressaltam o seu pertencimento (ou não-pertencimento) a grupos
sociais que podem ter suas ações e posturas consagradas ou atacadas a partir
dessas identidades construídas no texto.

Palavras-chave: Linguística Sistêmico-Funcional, Letramento crítico,


Argumentação.

“A ESTAGIÁRIA PEDIU PARA QUE OS DISCENTES PRODUZISSEM


UM CARTAZ DEDICADO À NOVA UNIDADE.”- O “EU”
REPRESENTADO NO “ELE”: UMA DISCUSSÃO EM TORNO DAS
FIGURAS DE AÇÃO
Victor Flávio Sampaio Calabria
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Secretaria de Educação do Estado do Ceará (SEDUC-CE)
Secretaria Municipal de Fortaleza (SME-FORTALEZA)
Nosso objetivo nesta contribuição é apresentar parte dos resultados e
discussões empreendidos por nossa pesquisa em nível de mestrado
acadêmico, que se situa na formação inicial de professores de italiano da
Universidade Federal do Ceará (UFC) e as representações feitas pelos
estagiários nos relatórios de regência. Propõe-se, sobretudo, a uma discussão
331
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

teórica em torno das figuras de ação externas (BULEA-BRONCKART,


LEURQUIN E CARNEIRO, 2013). Para tanto, nosso trabalho ancora-se na
perspectiva de análise textual apontada pelo Interacionismo Sociodiscursivo
(ISD) e em sua interface com as ciências do trabalho, concentrados, de modo
geral, na Clínica da Atividade (FAÏTA, 2004; CLOT, 1999) e na Ergonomia
da Atividade (AMIGUES, 2004; SAUJAT, 2004). Nesse tocante, centramo-
nos nos textos prefigurativos do agir, caracterizados por um viés
autoavaliativo, como exemplo, o relatório de estágio e de modo ainda mais
específico, o relatório de regência em italiano. Em face dessa delimitação,
selecionamos um dos relatórios que constituiu nosso corpus, em que o agente
produtor se distancia do texto, construindo-o de forma autônoma em relação
ao ato de produção. Nessa conjuntura, questionamo-nos: há figuras de ação
em segmentos predominantemente narrativos? Partindo dessa
problematização e considerando os pressupostos metodológicos do ISD,
procuramos respostas a tal indagação. Resultados parciais apontam para a
necessária caracterização de figuras de ação internas e externas em contextos
sociointeracionais que não dependem de uma interação direta e simultânea
entre locutor e interlocutor como é o caso de um gênero textual acadêmico e
escrito, cuja interação entre os interlocutores não se dá de maneira
espontânea, mas rememorada, autoavaliada e, por fim, representada.

Palavras-chave: ISD, Figuras de ação, Relatórios de regência.

“A GENTE NÃO ESTÁ PREPARADA PARA LIDAR COM ISSO”:


INCLUSÃO, IDENTIDADES E ENSINO DE LE PARA SURDAS/OS
Mariana R. Mastrella-de-Andrade
Universidade de Brasília(UnB)
Rayssa Oliveira de Sousa
Universidade de Brasília(UnB)
As discussões sobre inclusão e educação, mesmo não sendo tão recentes, têm
sido intensificadas nas últimas décadas no Brasil em função de políticas de
educação inclusiva orientadas pelo Ministério da Educação. O próprio termo

332
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

– inclusão – tem ganhado diferentes conotações e propiciado controvérsias


entre os vários sujeitos que participam da educação nos ambientes escolares,
gerando e ressaltando o discurso de que é preciso uma preparação (da parte
dos/as educadores/as) para a inclusão (SKLIAR, 2006). Nessa perspectiva,
este trabalho investiga a maneira como professores/as de língua estrangeira
na escola entendem seu trabalho junto a alunas/os surdas/os, como entendem
o que significa inclusão e como, nesse cenário, se identificam como parte do
processo de ensino-aprendizagem. É também objetivo aqui investigar como
termos como “inclusão” e “preparação para incluir” participam na construção
das identidades nos contextos de ensino de línguas para surdos/as.
Entendemos identidade como construção social (WEEDON, 2000), sempre
mediada por relações simbólicas e políticas (SILVA, 2000), e formação
docente a partir de uma perspectiva sociocultural (VIEIRA ABRAHÃO,
2012; KUMARAVADIVELU, 2012). Por meio de uma pesquisa qualitativa
interpretativista (MOITA LOPES, 1994), entrevistamos e observamos
práticas docentes em escolas no distrito federal. Os resultados sugerem uma
idealização da formação docente, que seria responsável e suficiente para
preparar professores/as para todos os contextos de atuação; e essa ideia de
“despreparo” parece funcionar como justificativa para a recusa em incluir.
Diante dessa idealização, os/as professores/as se identificam como
despreparados/as e possuem uma baixa expectativa sobre suas possibilidades
de ensino efetivo, sobre as possibilidades de aprendizagem dos/as surdos/as e
sobre as relações dentro da sala de aula. Os resultados também apontam para
a importância de se repensar a formação docente para a inclusão.
Palavras-chave: Inclusão, Identidade, Ensino de LE para surdos/as.

AS CONTRIBUIÇÕES DO INTÉRPRETE DE LIBRAS NO


PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE ALUNOS SURDOS
DURANTE SUA PARTICIPAÇÃO NO PROJETO: “A HORA DO
CONTO”
333
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Quintino Martins de Oliveira


Universidade Federal de Goiás (UFT/UFG)

A tradução da Língua Brasileira de Sinais (Libras) perpassa por habilidades


cognitivas que vão além do domínio gramatical entre duas línguas, visto que,
ao se traduzir de uma língua para outra, devemos levar em conta os aspectos
culturais, discursos e identidades (GILE, 1995). Para promover acesso aos
contos dos irmãos Grimm para os surdos, um projeto foi criado na Faculdade
de Letras da Universidade Federal de Goiás (UFG), que se intitula “A Hora
do Conto”. As interpretações são estruturadas por meio da construção
imagética dos elementos mágicos presentes nos contos e pela interação
reflexiva construída entre os surdos, buscando relacionar seus contextos de
vida no meio da sociedade com os enredos presentes nessas histórias. Essas
relações são construídas por meio das contribuições do intérprete de Libras
que assume também o papel de mediador (ALBRES, 2015) nas
reformulações dos significados do enredo da história, a qual os surdos tecem,
dentro de seus discursos individuais, novos significados e sentidos mediados
pelas vozes elaboradas e assimiladas desses enunciados (BARROS, 2003;
SOBRAL, 2009). Com isso, buscamos possibilitar a formação de leitores
bilíngues, psicologicamente equilibrados, através da construção do
conhecimento subjetivo, promovido pelo imaginário, por meio da
interpretação (ALBRES, 2015; BAKHTIN, 2010). Os dados para esta
pesquisa foram coletados por meio de gravações em vídeo das sessões de
contação de histórias em Libras, transcritas em português e entrevistas
realizadas com os alunos surdos, durante o ano de 2015. Os resultados
indicam que, por meio da interação e da discussão das histórias, os alunos
puderam refletir sobre os conceitos presentes nas histórias e relacioná-los à
identidade e à cultura surda.

Palavras-chave: Libras, Interpretação e Aprendizagem.

334
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

PROBLEMATIZANDO IDENTIDADES SOCIAIS DE GÊNERO E


RAÇA NA SALA DE AULA DE FRANCÊS

Walesca Afonso Alves Pôrto


Universidade de Brasília (UnB)
Esta pesquisa tem por objetivo investigar de que maneira o letramento crítico
abre espaço para (re)construção de identidades sociais de gênero e raça com
vistas à formação cidadã. Segundo Moita Lopes (2012), por visar o exercício
da palavra, a sala de aula de línguas se torna o espaço ideal para discutir
temas que envolvem o universo dos alunos, pois é na linguagem que
construímos quem somos. Diante disso, busco discutir e problematizar, na
sala de aula de francês, as representações da mulher, bem como da mulher
negra, a fim de desconstruir discursos preconceituosos e cristalizados que
limitam ações na sociedade. Tendo em vista que a linguagem é uma
construção social, as identidades são construídas no discurso, dentro de um
contexto social regido por relações assimétricas de poder. Elas são, portanto,
múltiplas, cambiantes, fluidas e heterogêneas (HALL, 2014; MASTRELLA-
DE-ANDRADE, 2013; NORTON e TOOHEY, 2001; SILVA, 2014;
WOODWARD, 2014). Esta pesquisa se baseia nos aportes do letramento
crítico para o ensino de línguas (MONTE MÓR, 2015; DUBOC, 2015), na
pedagogia crítica (FREIRE, 2011; HOOKS, 2013) como também na
Linguística Aplicada Crítica (PENNYCOOK, 2001). Trata-se de uma
pesquisa qualitativa (DENZIN & LINCOLN, 2006) de caráter
interpretativista (MOITA LOPES, 1994) cuja metodologia é a pesquiça-ação
(BARBIER, 2007). Alguns alunos mostram ter consciência crítica da maneira
como as categorias sociais de gênero e raça se interseccionam produzindo
diferentes tipos de opressões, exclusões e violências. Por outro lado,
percebem-se ainda visões estereotipadas e certa naturalização dos eventos
sociais. Observou-se que é possível desenvolver um trabalho de letramento
crítico na aula de línguas, favorecendo aos aprendentes formação cidadã e
política além de possibilitar reflexões sobre as suas próprias realidades.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem de línguas, Letramento crítico,


Identidades sociais.

335
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: REFLEXOS NA CONSTRUÇÃO


DAS IDENTIDADES

Rozirlania Florentino da Silva


Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

Esta pesquisa está inserida no campo da Linguística Aplicada (MOITA


LOPES, 1996) por apresentar uma perspectiva interpretativista sobre o ensino
de língua, pois busca-se apresentar algumas considerações a respeito da
formação do professor de Língua Portuguesa (GUEDES, 2006; PIMENTA,
2010; MAGALHÃES, 2001 e 2004; CELANI, 2004 e ZEICHNER, 1998) e
os reflexos dessa formação docente no processo de construção das
identidades desse profissional (MOITA LOPES, 1998, 2002; SIGNORINI,
1998; HALL, 1997; CORACINI, 2000) em contexto de ensino. O estudo traz
o recorte de uma pesquisa de Mestrado em andamento que se baseia nas
seguintes questões: Quais as identidades sociais que o professor/a assume na
atualidade? Que fatores interferem na construção da identidade social docente
do professor/a de Língua Portuguesa no processo de ensino/aprendizagem?
Para tentar buscar respostas a essas questões valemo-nos de uma metodologia
de base qualitativa (CHIZZOTTI, 2014) que conta com um levantamento
bibliográfico e leituras sobre as questões que envolvem a língua, seu ensino e
evolução histórica (BAKHTIN, 1998; 2003; ANTUNES, 2010; GERALDI,
1991), além das abordagens sobre formação de professores e sobre
identidade. Os dados da pesquisa são apresentados a partir da observação das
aulas de um professor de Língua Portuguesa de uma escola da rede pública
estadual de ensino da cidade de Maceió-Alagoas e, também, das anotações
em um diário de campo, gravação das aulas, entrevista e aplicação de
questionários. Como resultados esperados, busca-se contribuir para a
construção de um ensino que contemple a língua em seu contexto, e também
contribuir para a formação de um professor reflexivo, que procure ser
pesquisador e elaborar sua prática com maior autonomia.

Palavras-chave: Ensino, Formação, Identidades.

336
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

PROJETOS DE EXTENSÃO E O FORTALECIMENTO DA


IDENTIDADE DE PROFESSORES FORMADORES NA ÁREA DE
LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

Angélica Araújo Maia


Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Jailine Mayara Sousa de Farias


Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Essa comunicação parte do pressuposto de que projetos de extensão no curso


de Licenciatura em Letras Estrangeiras desempenham a função de fortalecer
o comprometimento social do trabalho dos docentes universitários, mas
também de expandir os campos de atuação dos professores formadores
envolvidos, para além do contexto das aulas na universidade, constituindo-se
um espaço onde novas funções são assumidas por esses profissionais. Desta
feita, tomamos como contexto de pesquisa uma experiência de projeto de
extensão vinculado ao curso Letras-Inglês vivenciada no decorrer do ano de
2016 na Universidade Federal da Paraíba. O projeto teve como objetivo o
ensino de inglês através da música, dança e jogos a crianças e adolescentes de
uma organização não governamental e de uma escola municipal da cidade de
João Pessoa. Essa experiência proporcionou aos professores formadores o
desempenho de novos papeis junto aos bolsistas do projeto, professores em
formação inicial. Nesse trabalho, abordaremos, através da análise das
reflexões elaboradas pelos bolsistas sobre como veem a atuação das
professoras coordenadoras do projeto e das próprias avaliações das
coordenadoras sobre as suas práticas, os conhecimentos que puderam ser
construídos ao longo do projeto, destacando os problemas de ordem teórico-
prática que se apresentaram para o trabalho, de forma a compreender que
aspectos do gênero profissional professor formador (CLOT, 2006) puderam
ser ampliados, considerando as seguintes dimensões: as relações
interpessoais; as atividades de ordem administrativas e pedagógicas
específicas do projeto e o fornecimento de feedback aos professores em
formação. Entendemos que a reflexão sobre as formas de atuação dos
professores formadores no projeto poderá resultar em uma expansão de
perspectiva no que se refere aos elementos inovadores da agência do docente
337
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

de ensino superior dinamizados nesse espaço alternativo de formação,


sugerindo possibilidades de ampliação das atividades que podem e devem
fazer parte desse gênero profissional.

Palavras-chave: Projeto de extensão, Professor formador, Gênero


profissional.

IDENTIDADE DOCENTE: INQUIETAÇÕES, PERCEPÇÕES,


SONHOS E DESEJOS

Lucimara Destéfani De Souza Penha


Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Durante dois anos organizei e coordenei, em uma escola pública municipal


do Sul de Minas, um projeto de intervenção pedagógica denominado
Intensivão, cujo objetivo era contribuir com os conhecimentos em leitura,
compreensão e interpretação oral e escrita em Língua Portuguesa dos
estudantes dos anos iniciais da educação básica, uma vez verificada pela
escola as dificuldades que os estudantes possuíam em compreender,
interpretar e analisar textos no próprio idioma. Logo, esta comunicação
apresenta parte de uma pesquisa, ainda em andamento, que, inserida no
âmbito da Linguística Aplicada, LA, busca compreender os significados que
os professores construíram durante o processo do projeto. A coleta de dados é
feita por meio de questionários semiestruturados e entrevistas com os
professores que participaram desse projeto no ano de 2015. Como aporte
teórico para a análise da reflexão crítica desses questionários e entrevistas,
utilizarei (LIBERALI, MAGALHÃES e ROMERO, 2003; REICHMANN,
2013; ROMERO, 2004), para refletir sobre a identidade docente (NÓVOA,
1991; HALL, 2002; ), na perspectiva da LA (CELANI, 2000; MOITA
LOPES, 1996; PENNYCOOK, 2001). Por fim para compreender os
significados que os professores construíram durante o projeto tenho como
aporte a linguística sistêmico funcional (HALLIDAY e HASAN, 1989). A
pesquisa permitirá a supervisora educacional compreender os significados
338
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

que os professores construíram durante o projeto Intensivão, uma vez que por
meio dos significados e interações dialéticas construímos e reconstruímos
nossas identidades. Este estudo em desenvolvimento já mostra indícios que
por meio da reflexão crítica dos regentes da educação básica há
possibilidades e novas perspectivas para a resolução desse problema
verificado pela escola, ou seja, novas perspectivas de ensino na educação
básica por meio dos gêneros textuais e pela reflexão crítica das ações
docentes.

Palavras-chave: Linguística Aplicada, Reflexão Crítica, Identidade docente.

PROFESSOR DE INGLÊS: OLHAR REFLEXIVO, PROFICIÊNCIA


LINGUÍSTICA E SEGURANÇA DE VOO

Silvana de Cássia Faria


Universidade Federal de Lavras (UFLA)

Como professora de inglês para pilotos, tenho observado certa fragilidade


existente no ensino de inglês técnico da área, especificamente nos aspectos
referentes à segurança de voo. Percebe-se grande necessidade de se formar
professores qualificados para o ensino do inglês para fins específicos
(English for Specifc Purposes- ESP), que possam preparar aqueles
profissionais, não somente para o teste de proficiência, ao qual são
submetidos, mas também para que haja efetividade na comunicação entre
pilotos e controladores de voo. Por essa razão, a Organização da Aviação
Civil Internacional elaborou um documento de Implementação de
Proficiência Linguística, conhecido como DOC 9835, o qual considera a
necessidade de uma padronização da fraseologia. A partir de 2008 surgiu a
exigência de um teste de proficiência linguística para pilotos e controladores
de voo. O objetivo desse estudo é salientar que professores possam se tornar

339
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

reflexivos analisando suas práticas, e a partir de criteriosa análise, possam


aperfeiçoar e criar nova identidade profissional, consciente e direcionada para
as necessidades percebidas frente à grande tarefa que se coloca. A coleta de
dados será por meio de questionários/relatos com pilotos e entrevistas com
controladores de voo da Torre do Aeroporto Internacional de Guarulhos e do
Controle de Aproximação do Terminal São Paulo. O arcabouço teórico para a
investigação é o inglês para fins específicos (CELANI, 2009; LIMA-LOPES;
FISCHER E GAZOTTI-VALLIM, 2015), para análise da reflexão da própria
prática dos professores (ROMERO, 2004). Essa pesquisa em andamento já
evidencia que por meio da reflexão crítica dos professores existem
possibilidades e perspectivas de abordagens assertivas para o
desenvolvimento das habilidades linguísticas dos profissionais da aviação
que venham contribuir na mitigação de acidentes aeronáuticos.

Palavras-chave: Proficiência Linguística, Inglês para fins específicos, Inglês


para aviação.

AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS PROFESSORES DE LÍNGUA


MATERNA EM FORMAÇÃO INICIAL SOBRE O ESPAÇO DA
GRAMÁTICA EM SALA DE AULA
Ana Edilza Aquino de Sousa
Universidade Federal do Ceará (UFC)

O ensino da análise linguística deve ter seu espaço definido em sala de aula
de forma a contemplar a ampliação das capacidades de linguagem porque
para se comunicar é também necessário pôr em jogo os saberes linguísticos.
Este trabalho tem como objetivo contribuir para uma discussão maior em
torno da problemática da formação do professor de língua materna.
Identificamos o conjunto de representações sociais de uma turma do 5º
semestre, cursando a disciplina Funcionalismo, do curso de Letras-Português
da Universidade Federal do Ceará, a partir das tomadas de posição dos alunos
frente ao comando: Discorra sobre a seguinte questão – Qual é o espaço da
340
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Gramática em sala de aula de Língua Materna? Questionam-se quais as


representações sociais dos professores em formação inicial sobre o espaço da
gramática na aula de língua portuguesa, ancoradas em uma abordagem
discursiva das representações sociais, em que se destaca a função da
linguagem na constituição e na circulação de representações.
Metodologicamente, os dados são analisados através das pistas linguísticas
presentes no discurso escrito dos alunos. Dispõe-se dos quadros teórico-
metodológicos da Teoria das Representações Sociais (MOSCOVICI, 1961,
1978, 2009; JODELET, 1984, 2001, 2005; DOISE, 2001) e do
Interacionismo Sóciodiscursivo (BRONCKART, 2006, 2008, 2009). Para
realizar a interpretação do comando respondido pelos alunos, adota-se a
categoria de análise das modalizações (BRONCKART, 2009), pois
materializam linguisticamente avaliações e julgamentos. Os dados são
analisados considerando que a compreensão sobre o que é a língua/linguagem
e a gramática é construída durante a formação acadêmica, mas também que
as experiências vivenciadas na escola, têm seu papel definido. A partir da
análise das modalizações, identifica-se um posicionamento favorável a uma
concepção de gramática voltada ao uso das categorias linguísticas com
propósitos comunicacionais diversos e para construção de sentidos tendo em
vista o ensino por meio dos gêneros textuais.

Palavras-chave: Representações sociais, Gramática, Professores de língua


materna em formação inicial.

REPRESENTAÇÕES SOBRE AVALIAR UTILIZANDO


TECNOLOGIAS DIGITAIS

Márcia Aparecida Silva


Universidade Estadual de Goiás (UEG)

Neste trabalho, pretendo analisar as representações de uma professora de


língua inglesa que utiliza tecnologias digitais em suas aulas presenciais para

341
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

ensinar e, também, avaliar os alunos. Esse modelo de ensino, que mescla


presencial e online, é conhecido como aprendizagem híbrida, segundo Moran
(2015). O autor argumenta que o sistema educacional não está mais naquele
modelo estanque e tradicional de aprendizagem, no qual o professor apenas
ensina e o aluno apenas aprende, com funções bem marcadas que não se
misturam. Nesse cenário atual de educação, em que há uma demanda pelo
uso de tecnologias digitais, inclusive pelos documentos oficiais, o ensino
híbrido se torna relevante e ganha espaço. Essa pesquisa é de de cunho
qualitativo e, inserida nesse âmbito, trata-se de um estudo de caso, por se
referir a um espaço de aprendizagem especifico, o ensino superior. Para
coletar os dados, entrevistei uma professora de língua inglesa de uma
instituição de ensino superior e pedi a ela que escrevesse uma narrativa sobre
sua experiência com o uso de tecnologias digitais em sala. Para analisar os
dados coletados, embaso-me nas categorias proporcionadas pelo
sociointeracionanismo discursivo, conforme Bronckart (2012[19971]),
levando em consideração a infraestrutura geral do texto, os mecanismos de
textualização e os mecanismos enunciativos. Lousada e Barricelli (2014, p.
232) afirmam que “essa distinção é puramente didática, também, já que, na
prática, os três níveis se apresentam em constante interação”. A partir da
análise das representações do professor sobre o uso de tecnologias digitais
para ensinar e avaliar, pretendo observar quais as possíveis decorrências
dessas representações para o ensino de língua inglesa.

Palavras-chave: Representação, Tecnologias digitais, Aprendizagem de


Língua.

IDENTIDADE E REPRESENTAÇÃO DOCENTE: AS DIMENSÕES


FORMATIVAS DO CONHECIMENTO PEDAGÓGICO

Maria de Lourdes da Silva Neta


Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)

342
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

José Roberto de Sousa Brito


Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)

Jacqueline Rodrigues Peixoto


Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)

Na formação inicial os docentes precisam apreender e remodelar


conhecimentos no exercício profissional reconhecendo que para ensinar se
faz necessária aquisição de um repertório de informações que se destinam
aprendizagem dos discentes. Nessa acepção o conhecimento pedagógico nos
cursos de formação de professores deve perpassar todos os componentes
curriculares e proporcionar aos licenciandos uma formação que aliem as
dimensões teóricas, didáticas e científicas que serão utilizados no decorrer
das atividades profissionais na educação básica e superior. Para tanto, nosso
intento é Analisar a formação da identidade docente no Curso de Letras de
uma Instituição de Ensino Superior Pública. O objeto do escrito constituiu-se
da identidade e das representações constituídas a partir do conhecimento
pedagógico descrito no currículo da Licenciatura. Nessa escritura
objetivamos analisar a formação da identidade docente no tocante ao
conhecimento pedagógico constituído na formação inicial. O referencial
teórico basilar constituiu-se com escritos de Charlot (2013), Gauthier (2013),
Tardif e Lessard (2011), Tardif (2008), dentre outros. A metodologia de
natureza qualitativa recorreu ao estudo de caso único através da técnica de
investigação denominada de pesquisa documental que utilizou as Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCN) para a Formação de Professores da Educação
Básica, em nível superior, curso de licenciatura e de graduação plena, as
DCN destinadas aos cursos de Letras, o Projeto Pedagógico do Curso (PPC)
de Licenciatura em Letras com escopo na matriz curricular e no que se refere
ao conhecimento pedagógico na formação docente. Sendo assim, acreditamos
que as dimensões pedagógicas na formação do professor necessitam
contemplar a inovação/renovação das práticas formativas atividade inerente
ao trabalho docente consubstanciando a solução de problemas na sala de aula
para que os estudantes tenham sucesso e, principalmente potencializem
aprendizagens.

Palavras-chave: Identidade, Conhecimento Pedagógico, Formação Docente.


343
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

O (RE) POSICIONAMENTO IDENTITÁRIO DO PROFESSOR DE


LÍNGUA ESTRANGEIRA NA REDE SOCIAL DO FACEBOOK:
DIÁLOGOS TECIDOS EM “REDE”

Anne Michelle de Araújo Dantas


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Marília Varella Bezerra de Faria


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

O inegável instinto gregário do homem, atrelado ao crescente


desenvolvimento tecnológico que se impõe à escola e sociedade em geral,
leva-nos a percepção de um aumento na difusão e utilização de novas
ferramentas que visam potencializar as formas de comunicação e interação,
criando diálogos multifacetados, orquestrados por uma heterogeneidade
discursiva de várias comunidades virtuais. Parece-nos que o conhecimento
transpôs os muros da escola e ganhou literalmente as ruas (redes). Diante do
exposto, questionamo-nos se é possível, ao profissional da educação, manter
uma identidade fixa, independentemente, dos contextos históricos nos quais
encontra-se inserido. Com vistas a isso, o presente estudo discute o (re)
posicionamento identitário de professores, a partir da análise discursiva de
postagens de dois professores de língua inglesa da rede pública de ensino
com seus alunos no Facebook. O aporte teórico deste trabalho de natureza
qualitativa e interpretativista se organiza em torno de três eixos
fundamentais: a concepção de linguagem do Círculo de Bakhtin
([1929]1992); ([1952/1953]2011), Os estudos do meio digital (MORAN,
2009-10; LÉVY, 1999) e as investigações sobre construção identitária
empreendidas por Bauman (2005) e Hall (2014). Assim, buscar-se-á
evidenciar, por meio das vozes que se dão entre sujeitos meritocraticamente
posicionados, sujeitos dotados não de uma, mas de várias identidades. Com
os resultados, pretendem-se fomentar reflexões que visem subsidiar
professores de língua inglesa na sua atuação, para que estes partam da
percepção de que no Facebook a linguagem viva se corporifica através dos
discursos e, que tal fato aponta para uma (re) construção identitária
profissional, afinal é na tessitura dialógica da rede que as identidades estão
344
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

sendo, diariamente, construídas e delineadas.

Palavras-chave: Linguagem, Construção Identitária, Redes sociais

AS REPRESENTAÇÕES SOBRE O TRABALHO DOCENTE NO


GÊNERO GUIA DIDÁTICA DO LIVRO ENLACES

Laysi Araújo da Silva


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Muitas pesquisas realizadas na área da educação tentam compreender os


diferentes fatores e processos que se implicam na constituição do trabalho
docente. No entanto, ainda são poucos os trabalhos que identificam a
atividades docente como trabalho numa perspectiva discursiva. O presente
trabalho tem como objetivo analisar um documento prescritivo, a saber, a
guia didática do Livro Enlaces, observando como o trabalho do professor é
representado neste texto. Para tanto, partimos de uma análise do nível
organizacional desse documento, seguindo os critérios teórico-
metodológicos do Interacionismo Sociodiscursivo em interface com a Clínica
da Atividade. Numa abordagem sociointeracionista, objetivou-se analisar e
descrever como as ações humanas e, por sua vez, linguageira se constituem
socialmente e como ocorre a interação entre os sujeitos. Através da análise do
nível organizacional do texto prescritivo analisado, tentamos demonstrar
como se dá a atribuição do trabalho do professor e o seu agir é representado
dentro do texto. Como corpus, temos um texto inicial de livro didático de
Língua Portuguesa dirigido aos docentes que utilizarão tal material, como
forma de embasar e justificar as escolhas didáticas e metodológicas presentes
na obra. Assim, partimos, do arcabouço teórico, do Interacionismo
Sociodiscursivo, em interface com os estudos da Sociolinguística Interacional
e da Análise do discurso da perspectiva francesa. Neste sentido, a abordagem
e análise de textos a partir da perspectiva de folhado textual cunhado pelo
Interacionismo Sociodiscursivo, ISD, permite-nos explorar tais estratégias,
345
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

observando como são produzidos os discursos frente a seus objetivos. Dito de


outra forma, como os modos de organização textual podem levar os sujeitos
pressupostos no ato de interação a agirem de determinada maneira. Assim,
acreditamos que o estudo de modalizadores e vozes textuais, dentro da
perspectiva do ISD, pode ser um instrumento para a análise de discursos
diversos.

Palavras-chave: ISD, Trabalho docente, Língua espanhola.

A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR DE LÍNGUAS


POR MEIO DE ENSINO E PESQUISA

Cleide Inês Wittke


Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)

Alessandra Baldo
Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)

Este trabalho aborda sobre a formação do professor de línguas


fundamentando-se em experiências vivenciadas no meio acadêmico, tanto
sob o enfoque do ensino quanto da pesquisa. Cabe destacar que a presente
reflexão é fruto de atividades realizadas a partir de leituras e discussões
efetuadas com os licenciandos dos Cursos de Letras da Universidade Federal
de Pelotas (UFPEL), em disciplinas voltadas ao ensino da leitura e da escrita
e também em projetos de pesquisa desenvolvidos nessa área. Sob tais
condições e por conceber a língua como um processo social, de constante
interação, tanto falando, ouvindo ou lendo, quanto escrevendo, defende-se
que essa prática deve ser realizada através da seleção e da abordagem de
diferentes textos (gêneros de texto na perspectiva interacionsita
sociodiscursiva de SCHNEUWLY e DOLZ, 2009, 2010 e de BRONCKART,
2012), enfocando todos os elementos que os caracterizam e permitem que
essa materialidade exerça sua funcionalidade social (MARCUSCHI, 2002).
346
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Sugere-se que o texto/gênero seja trabalhado com base em seus aspectos


temáticos, textuais, enunciativos, linguísticos e discursivos (WITTKE, 2016).
Defende-se esse ponto de vista por acreditar que o formador de professores
tem o papel social de preparar o licenciando a trabalhar com e no texto,
abordando suas unidades básicas, por meio de estratégias de leitura,
oralidade, análise linguística e produção textual, com ênfase na reescrita,
tanto na língua materna quanto na estrangeira. Considera-se ainda que a
prática da realização de pesquisas, de projetos e de diálogos com professores
em atuação (das redes: pública e particular) pode se constituir em caminhos
viáveis à desejada mudança na abordagem do ensino de língua, com vistas a
formar um professor pesquisador (BORTONI-RICARDO, 2008).

Palavras-chave: Formação Docente, Ensino de Leitura e Escrita, Pesquisa

REPRESENTAÇÕES DE LINGUAGEM DE PROFESSORES DE


LÍNGUA PORTUGUESA EGRESSOS DA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE MONTES CLAROS

Marileia de Souza
Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)

Aurinete Tiago
Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)

Danielle Ferreira de Souza


Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)

Esta pesquisa almejou identificar as representações de linguagem que


professores de Língua Portuguesa, egressos da Unimontes,
constroem/construíram ao longo da vida e da carreira e os impactos dessas
347
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

representações na prática pedagógica. Nesse sentido, procurou-se relacionar


as representações de linguagem dos professores de língua portuguesa de
escolas públicas de Montes Claros às teorias que lhes são subjacentes e à sua
prática. Fundamentamos essa investigação na Teoria das Representações
Sociais, devido a seu imbricamento com a vida cotidiana e com a formação
da identidade, bem como pelo fato de as representações sociais constituírem-
se, enquanto processo de mediação da relação homem-mundo, uma
possibilidade a cada um em particular e de todos, em geral, posto tratar-se de
processo de apropriação do mundo e da construção de cada um em contato
com este mundo. Isso implica que, no fazer do professor e no seu dizer sobre
o seu fazer, pode-se encontrar traços comuns e traços específicos nas escolhas
para a sua ação docente. Igualmente, buscou-se, com este estudo, fomentar
dados e informações para contribuir para as discussões dos cursos de Letras
da Unimontes, principalmente nas reformulações dos projetos pedagógicos,
com vistas aos seus programas de disciplinas e na execução do estágio
supervisionado curricular. A metodologia compreendeu a escrita de
memoriais por professores da rede pública egressos da Unimontes, sendo a
análise desses memoriais feita sob a perspectiva do Interacionismo
Sociodiscursivo de Bronckart. Os resultados revelaram a recorrência da
crença de que a competência e o desempenho linguístico dependem do
aprendizado da gramática padrão, sendo ela, então, traço marcante na
formação da identidade profissional dos professores. Os resultados também
apontaram a importância das prescrições oficiais para a orientação do
trabalho docente. A análise das narrativas evidenciou que as representações
sociais e metodologias de ensino sempre são reflexos do ethos e da formação
pessoal e profissional.

Palavras-chave: Representações Sociais, Professores, Ensino de Língua


Portuguesa.

348
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

O ASPECTO DA INTERPRETABILIDADE CONTIDO NA


LINGUAGEM SOBRE O TRABALHO: O QUE SIGNIFICA, HOJE,
SER PROFESSOR (A) DE FRANCÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA

Lena Lúcia Espíndola Rodrigues Figueirêdo


Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Universidade Federal do Ceará (UFC)

O objetivo de nosso trabalho é analisar como o papel do professor de Francês


Língua Estrangeira (FLE) é representado, através da linguagem, em textos de
autoavaliação profissional, produzidos especificamente para esta pesquisa.
Para desenvolver o tema, analisamos, na arquitetura textual, aspectos da sua
infraestrutura e seus elementos enunciativos, vozes e modalizações,
fundamentando-se no aporte teórico metodológico do Interacionismo
Sociodiscursivo (ISD), que tem como expoente maior Jean-Paul Bronckart.
Duas concepções foram basilares, também, na pesquisa, a de linguagem e a
de ensino como trabalho. O ISD adere à concepção de linguagem
essencialmente (e não apenas contingentemente ou secundariamente) como
um fenômeno social, pois é uma das condições básicas para o
desenvolvimento histórico dos homens: a produção material de sua própria
vida no trabalho. A partir desses pilares teóricos, desenvolvemos a pesquisa
cujo corpus foi constituído de textos produzidos por quatro discentes do
Curso de Letras da Universidade Estadual do Ceará. Começamos nossa
análise examinando, em cada texto, no plano geral, sua composição
organizacional, suas características e os tipos de agir. Em segundo lugar,
estudamos os mecanismos enunciativos, para examinar o jogo de
responsabilidades enunciativas pelas vozes e modalizações formuladas sobre
aspectos do conteúdo temático dos referidos textos, com a finalidade de
verificar os aspectos da interpretabilidade contidos na linguagem sobre o
trabalho revelada por cada docente. Nosso pressuposto de base é o de que o
papel dos professores é ressignificado, pela linguagem, à medida que eles
situam a questão da desvalorização da língua francesa no mercado de
trabalho. Relevante para desenvolver nossa pesquisa foi estudar a questão do
agir docente, da busca de valorização deste profissional, tomando o ensino
como trabalho e, assim, considerar, no cenário teórico, as novas abordagens
concernentes à Ciência do trabalho.
349
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Palavras-chave: Interacionismo Sociodiscursivo, Representações do papel


docente, Arquitetura textual.

O JOGO DAS VOZES E DAS MODALIZAÇÕES EM TEXTO DO


GÊNERO APRESENTAÇÃO: AS DIVERSAS FACES DAS AUTORIAS

Lena Lúcia Espíndola Rodrigues Figueirêdo


Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Universidade Federal do Ceará (UFC)

Este trabalho corresponde a um recorte de nossa pesquisa que tem como


objetivo analisar de que maneira o autor do texto de Apresentação de livro,
com produção coletiva, intercala e funde as vozes e modalizações no referido
texto. Na sua apresentação, o autor empírico através da sua voz e das
modalizações explicita a voz dos (das) organizadores (ras) e dos demais
autores (as), mesclando os diferentes pontos de vista e fundindo o conteúdo
temático com a finalidade de dar unidade ao propósito do livro. O corpus da
pesquisa se constituiu de textos do gênero já referenciado. Estudamos, na
arquitetura textual, os mecanismos enunciativos, para examinar o jogo de
responsabilidades enunciativas, as avaliações formuladas sobre aspectos do
conteúdo temático, baseando nossas análises no aporte teórico metodológico
do Interacionismo Sociodiscursivo, que tem Jean-Paul Bronckart como
teórico de referência e que concebe um texto a partir de sua arquitetura, de
sua organização constituída por estratos, que podem se codeterminar ou
interagir entre eles. Nosso estudo se centrou, portanto, no estrato
correspondendo ao dos mecanismos enunciativos e, ainda, no estrato da
infraestrutura, especificamente no que se refere ao plano global do texto. Para
este momento específico, dada à dimensão do trabalho, situamos nossa
análise num dos textos selecionados do corpus. Primeiramente, no plano
global, examinamos sua composição organizacional, o conjunto do conteúdo
temático, para, em segundo lugar, passar às vozes e modalizações. Com esta
350
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

pesquisa esperamos contribuir com modelos de análises, na perspectiva da


compreensão do papel das vozes e interpretação de propósitos em produções
textuais.

Palavras-chave: Vozes, Modalizações, Interacionismo Sociodiscursivo.

O PAPEL DA UNIVERSIDADE NA FORMAÇÃO DOCENTE

Mary Stela Surdi


Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)

Este estudo analisa algumas falas de professores da área de língua portuguesa


que atuam na educação básica, coletadas no decorrer das atividades do
projeto de extensão “Formação continuada – ensino de língua portuguesa em
discussão”, realizado pelo Programa de Educação Tutorial Assessoria
Linguística e Literária da UFFS, campus Chapecó-SC. Nesses recortes
discursivos estão presentes informações acerca da visão dos professores em
atuação sobre o papel da universidade tanto na formação inicial quanto na
formação continuada de docentes, bem como suas concepções acerca dos
objetivos da aula de língua portuguesa no ensino fundamental e médio e
foram analisados com base nos pressupostos teóricos presentes em
documentos oficiais que orientam sobre o ensino de Língua Portuguesa,
como os Parâmetros Curriculares Nacionais e a Proposta Curricular de Santa
Catarina. Na análise, destaca-se a percepção dos docentes em atuação sobre o
distanciamento entre a universidade e as escolas de educação básica, o que
implica no não reconhecimento, muitas vezes, das dificuldades e desafios do
cotidiano escolar e do trato dessas questões durante a formação inicial
docente e na proposição de políticas de formação continuada voltadas para
tal. Atrelado a isso, destaca-se a preocupação com a relação entre teoria e
prática, já longa e exaustivamente discutida, mas sempre presente no
imaginário e ideário docente, sinalizando para um conflito ainda a ser
superado durante a formação inicial e continuada de docentes. Como
proposta de intervenção, a sugestão que emerge desses mesmos discursos é a
351
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

de se buscar na prática cotidiana do professor a reflexão e a problematização


que possibilitem a identificação dos conhecimentos necessários para que se
possa instrumentalizar teoricamente o docente em atuação.

Palavras-chave: Universidade, Formação continuada, Docência.

O AGIR PROFESSORAL E O ENSINO-APRENDIZAGEM NA


CONSTRUÇÃO DA ESCRITA ACADÊMICA

Adriana Sales Barros


Universidade Federal da Paraiba (UFPB)

Este artigo surgiu da necessidade de refletir sobre o agir professoral,


textualizado no Plano de elaboração como pré-construído para a produção do
gênero textual acadêmico artigo científico na disciplina de Pesquisa Aplicada
ao Ensino de Língua Portuguesa, doravante PAELP, do curso de Letras da
Universidade Federal da Paraíba. De modo que esse estudo trata sobre a
morfogênese da ação como movimento linguageiro no qual se produz a
interpretação do agir-referente, cujo efeito de sentido põe em funcionamento
o agir comunicativo. O objetivo principal é analisar o modo como o agir
professoral interage via texto plano de elaboração de trabalho com as
respostas dos discentes ao mesmo. As perguntas norteadoras desta reflexão
são: Como o agir comunicativo – professoral é produzido na materialidade
textual em destaque? Como a morfogênese da ação põe em ação o
movimento linguageiro no qual se produz a interpretação do agir-referente?
Como norte teórico foram adotados, Amigues (2005) no tocante ao trabalho
do professor e de ensino, Bronckart e Machado (2004) o ensino como
trabalho, o agir comunicativo, Bronckart (2006) e a morfogênese da ação
Bulea (2010) sobre o agir professoral, materializado no texto plano de
elaboração. Essa pesquisa está vinculada ao programa PNPD-UFPB-ATA,
Ateliê de textos acadêmicos financiado pela CAPES, é de natureza
qualitativa, uma vez que trabalham com dados interpretativos, acima
352
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

referidos. O procedimento metodológico adotado é composto por dois


critérios, o plano de elaboração para entendermos os direcionamentos da
disciplina evidenciando os pré-construídos na construção do artigo científico;
e a observação de todas as questões respondidas pelos alunos destacando via
morfogênese da ação as formas interpretativas, produtoras do agir professoral
via agir-referente.

Palavras-chave: Agir professoral, Ensino-aprendizagem, Morfogênese da


ação.

O ENEM COMO OBJETO DE ENSINO E(M) REPRESENTAÇÕES


SOCIAIS DISCURSIVIZADAS POR PROFESSORES EM
FORMAÇÃO INICIAL: IMPLICAÇÕES PARA O AGIR
PROFESSORAL

Verônica Maria Araújo dos Santos


Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

Fernanda de Castro Modl


Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

Entendendo a formação inicial do professor, na contemporaneidade, como


um momento de retomadas, deslocamentos, impactos, mudanças de
paradigmas (MATENCIO, 2009) e realinhamento de práticas em consonância
com discursos acadêmico-científicos a enquadrar a profissionalização,
analisamos, nesta comunicação, representações sociais acerca do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) indiciadas em um corpus constituído de
vinte e duas (22) respostas a um questionário discursivo aplicado em
interação didática de atividade de Tirocínio Docente e respondido por alunos
matriculados em diferentes semestres letivos do Curso de Licenciatura em
Letras Vernáculas de uma universidade do interior baiano. Como exemplares
de análise, elegemos quatro (04) respostas, que registram o recorrentemente
353
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

explicitado e o episódico no universo das respostas ao instrumento de


pesquisa. A análise discursiva dessas respostas é orientada pelo enquadre
teórico-metodológico da Teoria das Representações Sociais (TRS) e da
Análise do Discurso (AD) de linha francesa. Desse modo, filiamo-nos às
teorizações de Moscovici (2015) e Jodelet (1989), as quais possibilitam a
focalização de representações de e em grupos. Para a compreensão da
formação do professor, focalizamos a Linguística Aplicada, enveredando-nos
em estudos de Matencio (2001, 2006, 2009), Kleiman e Martins (2007),
Signorini (2007), Miller (2013) e Bohn (2013). Nessa perspectiva, para
trabalho com o corpus, investimos na apreciação das categorias de análise:
objetos de discurso (MONDADA; DUBOIS, 2003; BENTES; RIO, 2005), de
léxico (LEPSCHY, 1984; MARCUSCHI, 2004), bem como de ditos, não
ditos e pressuposição (DUCROT, 1984). A materialidade linguístico-
discursiva, assim, é analisada, via léxico, com vistas à percepção de ditos e
não-ditos a referenciar o objeto de discurso Enem, a fim de dimensionar o
lugar de representações sociais acerca do Exame para e na educação
brasileira, tendo vista o enquadre cultura escolar.

Palavras-chave: Enem, Representações sociais, Formação do professor.

TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DO CONCEITO DE ANÁLISE


LINGUÍSTICA EM DOCUMENTOS PARAMETRIZADORES DO
ENSINO MÉDIO: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E LINGUÍSTICOS

Isabelle Guedes da Silva Sousa


Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Denise Lino de Araújo


Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Este trabalho se integra a uma pesquisa mais ampla, já concluída realizada no


354
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

âmbito de um mestrado acadêmico, e tem por objetivo demonstrar as


dimensões pedagógica e linguística do processo de didatização da proposta
de análise linguística, em dois documentos parametrizadores do Ensino
Médio: as Orientações Curriculares (BRASIL, 2006) e os Referenciais
Curriculares da Paraíba (PARAÍBA, 2006). Essa proposta foi apresentada por
J. W. Geraldi na década de 80 do século XX, inicialmente para o Ensino
Fundamental, como parte de uma proposta de educação crítico-reflexiva.
Posteriormente, na década de 90, foi (re)apresentada em documentos
parametrizadores da educação básica. Considerando a importância do Ensino
Médio para articulação do ensino pré-universitário com o superior, centramos
a análise nesse nível de ensino. Para tal, realizamos uma pesquisa qualitativa,
do tipo documental, baseada na perspectiva da Linguística Aplicada
indisciplinar e crítico-colaborativa (MOITA LOPES, 2003, 2013) para análise
do corpus selecionado. Os principais subsídios teóricos são os conceitos de
Transposição de Yves Chevallard (SANTOS, 2009) e de Recontextualização
de Basil Bernstein (MARANDINO, 2011) para compreensão do processo de
didatização da análise linguística. Os dados analisados revelaram como
indícios recorrentes da transformação da proposta do campo acadêmico para
o campo curricular a exemplificação, a paráfrase e o esclarecimento. Esses
resultados nos levam a concluir que esses recursos estão a serviço das
dimensões linguístico-discursiva e didático-pedagógica da transposição.
Esses recursos servem para referenciar ou inserir o discurso acadêmico
(instrucional), no discurso didático, desvelando uma intertextualidade entre
os documentos acadêmicos e os parametrizadores oficiais. Como implicação
direta desse resultado, verificamos nos documentos a instituição do Estado
como detentor do conhecimento e os professores em lugar de desatualização
didática. A dimensão política da didatização, um outro resultado também
identificado nos dados, já foi apresentada em outro trabalho.

Palavras-chave: Transposição Didática, Análise Linguística, Documentos


Parametrizadores.

355
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Eixo temático 7:
Ensino e aprendizagem de línguas: Identidade e
representação de professores.

ABORDAGEM FUNCIONAL DA GRAMÁTICA NA ESCOLA BÁSICA


– BASE PARA A LEITURA E A ESCRITA

Vania Lúcia Rodrigues Dutra


Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Universidade Federal Fluminense (UFF)

Magda Bahia Schlee


Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

O trabalho com a gramática ainda hoje desenvolvido na escola básica é de


orientação basicamente formal, apoiado em definições, classificações,
exercícios mecânicos que mobilizam unicamente a memória e quase sempre
desvinculado do uso real da língua – textos. A visão funcionalista examina a
língua como uma entidade não suficiente em si, e investiga a estrutura
linguística vinculada a seu contexto de uso, o que confere especial relevância
à correlação entre as propriedades das estruturas gramaticais e as
propriedades dos contextos em que ocorrem (HALLIDAY, 2004). Pretende-
se, com este trabalho, apresentar uma análise comparativa entre a abordagem
estrutural e a abordagem funcional da língua no que diz respeito ao trabalho
com a gramática na escola básica no Brasil. Para tanto, um conteúdo
gramatical comum no Ensino Médio é analisado do ponto de vista do
tratamento que normalmente lhe é dado nas aulas e nos materiais didáticos de
Língua Portuguesa. Em seguida, propõe-se, para o mesmo conteúdo, um
trabalho gramatical funcionalmente orientado. Os resultados dessa
comparação demonstram que a gramática deve ser considerada parte de um
conjunto mais amplo de recursos que atuam na configuração da forma como
a língua é colocada em uso, ou seja, na configuração da forma como os textos
são construídos, e que o trabalho gramatical deve ser desenvolvido visando
356
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

ao texto e à construção de seu(s) sentido(s); demonstram, também, que a


abordagem funcional da gramática é mais eficaz no desenvolvimento da
competência comunicativa dos alunos, que passam a ver sentido e
aplicabilidade no estudo da estrutura da língua nas aulas de Português.
Assim, eles são capazes de identificar a função das estruturas linguísticas nos
textos que leem e de usá-las com adequação nos textos que escrevem a
serviço da concretização de sua intenção comunicativa.

Palavras-chave: Língua Portuguesa, Funcionalismo, Ensino de Gramática.

MASCULINIDADE(S) NO LIVRO DIDÁTICO DE PORTUGUÊS

Guilherme Figueira-Borges
Universidade Estadual de Goiás (UEG)

O Livro Didático de Português (LDP) é uma relevante ferramenta no


contexto de ensino da Língua Portuguesa no ensino público no Brasil. O
LDP, notadamente, evidencia construções sócio, histórico e ideológicos de
sujeitos que desvelam padrões, por exemplo, gestuais e estéticos que
podem/devem ser abordados, discursivamente, no ensino da língua. Nesse
sentido, este trabalho objetiva analisar a construção de masculinidade(s) a
partir de materialidades linguísticovisuais de volumes do LDP “Português
Linguagens”, de CEREJA & MAGALHÃES (2012a, 2012b, 2012c), de
modo desvelar regularidades e dispersões para o corpo masculino. Para tanto,
pretendemos estabelecer um diálogo entre o campo da Linguística Aplicada e
da Análise do Discurso francesa e ancoramo-nos nas noções de “sujeito”,
“discurso” e “história”, de Foucault (1996, 2008, 2011), “Livro Didático”, de
Grigoletto (1999), “Identidade”, de Hall (2002), “Linguística Aplicada
Mestiça”, Moita Lopes (2006). Conforme pontua Moita Lopes (2003), pensar
a identidade está na pauta do dia na medida em que os sujeitos são, em seu

357
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

cotidiano, interpelados a (re)pensar suas práticas (linguajeiras) e, por


conseguinte, suas constituições. Neste trabalho, mostraremos que o LDP é
um documento histórico que evidencia a construção de um corpo masculino
que atende aos papeis de gênero atribuídos ao homem ao longo da história.
Nesse sentido, o LDP interpela, por meio de representações de
masculinidade(s), os alunos a se constituírem sujeitos no ensino de Língua
Portuguesa. Portanto, pode-se dizer que o LDP incide na constituição
identitária dos alunos, fazendo com que naturalizem determinadas práticas
pra o corpo masculino como, por exemplo, namorar diversas mulheres e ter
motocicleta.

Palavras-chave: Corpo, Masculinidade, Livro Didático.

A REFERENCIAÇÃO ANAFÓRICA NA PRODUÇÃO ESCRITA DE


ALUNOS DO 9º ANO

Patrícia Gomes Bezerra Ribeiro


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Flávia Cavalcante Rocha


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Na sociedade atual, é atribuído um grande valor à leitura e à escrita na


formação dos cidadãos, em razão de atuarem como fatores que cooperam
para o desenvolvimento cognitivo dos indivíduos e pela possibilidade que
ambas lhes oferecem de crescimento pessoal e crítico na sociedade letrada.
Ler e escrever com eficiência consiste em requisitos básicos necessários para
a nossa compreensão da realidade e atuação nos diversos contextos sociais,
pois são instrumentos que ampliam a nossa visão e o nosso entendimento
sobre o mundo em que vivemos. Nesta pesquisa, propomos um método de
358
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

ensino de redações escolares visando ao uso produtivo e eficiente dos


mecanismos de referenciação anafórica, responsáveis pela manutenção e pela
progressão da referência no texto. Na atividade de produção do texto,
percebemos que os referentes são estabelecidos entre os interlocutores, em
uma perspectiva compartilhada, pois é na interação que os sentidos do texto
são construídos de acordo com os conhecimentos prévios dos participantes.
Nossa pesquisa envolve, também, uma proposta de atividades que ajudarão o
aluno a desenvolver a competência no uso de mecanismos de referenciação
anafórica, por meio de uma sequência didática, baseada em Dolz, Noverraz e
Schneuwly, a qual envolverá o estudo do gênero artigo de opinião e o
reconhecimento dos processos de referenciação, em especial os anafóricos.
Para o nosso apoio teórico utilizamos Marcuschi (2008), Ciulla (2008), Koch
(2002) Cavalcante (2011), Mondada e Dubois (2005), Cavalcante, Brito e
Custódio Filho (2014) e Custódio Filho (2006), Charolles (1988), Ciulla (
2008 ), Costa Val ( 1999 ), DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY (2004) ,
entre outros.

Palavras-chave: Referenciação, Mecanismos anafóricos, Produção escrita.

MATERIAIS DIDÁTICOS E ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA


ESTRANGEIRA PARA CRIANÇAS: A CONFIGURAÇÃO DOS
MATERIAIS E A INFLUÊNCIA NA CONFIGURAÇÃO DAS AULAS

Camila Sthéfanie Colombo


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP-
Barretos)

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Câmpus São José do


Rio Preto-Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas(IBILCE-
UNESP)

O ensino de língua estrangeira para crianças (LEC) tem sido alvo de


359
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

inúmeras pesquisas no Brasil desde os anos 2000 dado o aumento


significativo de sua oferta e procura no cenário nacional (ROCHA, 2006;
SCARAMUCCI; COSTA; ROCHA, 2008; LIMA, 2010a, 2010b; dentre
outros). No entanto, a promoção de cursos de LEC no país ainda é realizada
de maneira não uniforme, em virtude, dentre outros fatores, da ausência de
obrigatoriedade de oferta em escolas regulares, de orientações político-
pedagógicas e de cursos de formação docente, o que acaba por configurá-la
em uma “colcha de retalhos” (ROCHA, 2006). Assim, a falta de
conhecimentos específicos para atuar com o ensino de LEC leva professores
e estabelecimentos de ensino a apoiarem-se em recursos didáticos oferecidos
pelo mercado para orientar a prática pedagógica. Por meio da análise dos
materiais utilizados em três contextos de ensino (escola regular pública e
privada e escola de idiomas), da observação participante passiva
(SPRADLEY, 1980) de aulas nos referidos estabelecimentos e da realização
de entrevistas semiestruturadas (BURNS, 1999) com as docentes de cada
escola, Colombo (2014) constatou a existência do referido cenário, bem
como a crença positiva por parte das docentes com relação à qualidade das
aulas propiciada com base nas sugestões dos materiais. Este trabalho tem por
objetivo expor a estruturação dos materiais didáticos investigados por
Colombo (2014) e refletir acerca da influência que eles exerceram na
configuração do ensino. Diante deste quadro, busca-se, ainda, refletir acerca
de sugestões de reconsideração dos papeis e do conteúdo desses materiais nas
aulas de LEC.

Palavras-chave: Abordagens de ensino, Língua estrangeira para crianças


(LEC), Materiais didáticos.

360
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

ELEMENTOS FUNDAMENTAIS À ELABORAÇÃO DE MATERIAL


DIDÁTICO PARA AULAS DE LÍNGUA ESTRANGEIRA (LE): O USO
DE FILMES LEGENDADOS E ATIVIDADES DIDÁTICAS DE
TRADUÇÃO

Bill Bob Adonis Arinos Lima e Sousa


Universidade Federal do Ceará (UFC)

O ensino e aprendizagem de língua estrangeira (LE) passou e vem passando


por diversas transformações; houve períodos em que o apelo foi quase
exclusivamente linguístico até conhecermos abordagens mais comunicativas
(PAIVA 2012). Em parte, isso se deve ao desenvolvimento tecnológico das
mídias comunicacionais. Nesse sentido, hoje, o professor que se limita a usar
apenas o livro didático em sala de aula de LE pode comprometer o
aprendizado dos seus alunos. Atualmente, dispomos de muitos recursos que
podem ser utilizados em nosso trabalho e que, se incorporados de forma
estratégica à rotina pedagógica, podem trazer diversos benefícios. Com base
nisso, neste estudo relacionamos preceitos de ensino e aprendizagem de LE,
encontrados em Hadley (1986), Larsen-Freeman (2008), Holden (2009),
Krashen (2009), Ellis (2009) e Paiva (2012), com o trabalho de desenho de
atividades para a sala de aula. O objetivo central desse estudo é destacar
fatores fundamentais à elaboração de material didático para aulas de LE.
Além disso, visamos a fomentar o debate sobre as variáveis envolvidas nesse
processo, sublinhando os elementos que influem na forma como adquirimos
conhecimento em LE. Para isso, confrontamos algumas teorias dos autores
supracitados. Então, apresentamos uma sequência didática (SD) de nossa
autoria e discutimos seus elementos constitutivos: pressupostos,
procedimentos, recursos utilizados, objetivos etc. Nessa SD, usamos filmes
legendados e atividade de tradução escrita. Constatou-se, aqui, que as teorias
de ensino e aprendizagem de LE dos autores em questão convergem em
vários pontos e que nossa SD reúne muitos dos fatores encontrados nesses
pontos, podendo esta, dessa forma, representar uma boa prática para
aquisição de LE.

Palavras-chave: Ensino, Língua estrangeira, Material didático.

361
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

HABILIDADE DE LEITURA NO ENSINO DE LÍNGUA


PORTUGUESA

Laura Camila Braz de Almeida


Universidade Federal de Sergipe (UFS)

A presente comunicação apresenta resultados de um estudo qualitativo sobre


a Perspectiva Interacionista da Leitura (KLEIMAN, 2008) no processo de
ensino e de aprendizagem de Língua Portuguesa no 6º ano do Ensino
Fundamental da Escola Estadual Armindo Guaraná. Baseado na análise de
gêneros escritos apresentados por Schneuwly e Dolz (2004), pretende-se,
com essa pesquisa, analisar a teoria relacionada com o estudo sobre a leitura
como uma atividade de construção do sentido com a interação autor-texto-
leitor (Koch; Elias, 2007) com o intuito de contribuir para o processo de
formação de professores de língua portuguesa como língua materna. Esses
pressupostos são relevantes para fundamentar a construção das tarefas de
compreensão de texto a serem desenvolvidas nas aulas de língua portuguesa.
Nesse estudo, são analisadas as atividades de leitura e construção textual-
interativa, elaboradas por uma aluna da graduação, membro do grupo de
pesquisa, para serem usadas no ensino de língua portuguesa. O ensino da
habilidade de leitura, nesse projeto, é desenvolvida de forma processual,
fundentada na avaliação formativa (PERRENOUD, 1999). Essas tarefas têm
como objetivo apresentar características da leitura, como interlocução entre o
leitor e o autor, sujeitos sociais, e da escrita como instrumento de referência
para a construção do sentido da leitura. O resultado esperado dessa pesquisa é
a contribuição para a formação de alunos da graduação do curso de Letras da
UFS por desenvolver a aplicação das teorias propostas nesse projeto de
ensino de Língua Portuguesa. Assim, nesse contexto, podem ser observados a
evolução da aprendizagem e o desenvolvimento do senso crítico do estudante
universitário.

Palavras-chave: Leitura, Ensino, Aprendizagem.

362
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

ARGUMENTAÇÃO INDISCIPLINAR: A PRESENÇA DO OUTRO


NAS ATIVIDADES DE PRODUÇÃO DE TEXTOS NOS LIVROS
DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA

Waltersar José de Mesquita Carneiro


Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)

Neste trabalho, passo a entender a argumentação como sendo um princípio da


linguagem que pode e deve ser trabalhada no processo de ensino e
aprendizagem de Língua Materna, em conformidade com a agenda de
pesquisa da Linguística Aplicada Indisciplinar (MOITA LOPES, 2006). Uma
Linguística Aplicada que busca fazer pesquisas que tematizem aquilo que não
é tematizado, que dê voz a quem não tem, que negue validar significados que
façam sofrer. A partir dessa agenda de pesquisa e das noções de dialogismo e
de atitude responsiva ativa de Bakhtin (2003), passo a defender, enquanto
pesquisador, que vivemos em um estado de tensão entre vozes que se
mostram e vozes silenciadas. Essa tensão está presente nos posicionamentos
assumidos nas práticas discursivas “O discurso argumentativo é marcado pela
necessidade de tomada de posição e de justificação dessa posição” (LEAL e
MORAIS, 2006, pag. 17). Orientado pela perspectiva interpretativista de
pesquisa, faço uma análise sobre como as atividades propostas nos livros
didáticos de língua portuguesa têm possibilitado aos professores, nas
atividades de sala de aula, o trabalho com a argumentação, com os
posicionamentos assumidos no discurso. Mais que isso, analiso como essas
atividades promovem o trabalho de atividades argumentativas
‘indisciplinares’, ou seja, possibilitam a produção de discursos inclusivos,
discursos que contribuam para uma política de construção de diferenças
sociais. Como principal resultado, demonstro que as orientações pragmáticas
existentes aos professores nos livros didáticos de língua portuguesa ainda
estão muito longe de atender ao princípio de linguagem apresentado nas
orientações aos professores, ou seja, de trabalhar a linguagem com uma
perspectiva de que construímos realidades e somos construídos, pela
linguagem, na interação verbal.

363
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Palavras-chave: Argumentação, Indisciplinar, Dialogismo.

DICIONÁRIO EM SALA DE AULA: COMO EXPLORAR OS


RECURSOS VISUAIS DOS DICIONÁRIOS INFANTIS ILUSTRADOS

Francisco Iaci do Nascimento


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Este estudo tem por objetivo investigar como os recursos visuais contribuem
para a compreensão do texto lexicográfico, buscando compreender como os
alunos percebem a representação visual no dicionário. Também, buscamos
compreender sob a ótica do aluno quais recursos visuais podem potencializar
ou limitar o uso do dicionário. Está fundamentado teoricamente nos estudos e
pesquisas sobre Metalexicografia Pedagógica (Welker (2004, 2006, 2008);
Pontes (2009); Krieger (2011, 2012) entre outros) e nos pressupostos teóricos
da Semiótica Social de Kress e van Leeunwen (2006). Trata-se de um estudo
qualitativo em que foram entrevistados nove alunos de uma escola pública do
Ceará com idades entre 10 e 13 anos. A análise dos dados revelou que os
alunos percebem a representação visual do dicionário, identificando a função
dos vários recursos visuais das páginas e dos verbetes, tais como, cor da
palavra-entrada, organização em duas colunas, recuo de parágrafo na entrada,
ilustração, etc. Vale salientar que eles perceberam mais facilmente os
elementos mais salientes como as ilustrações e as cores. Já, com relação às
ilustrações, os alunos preferem fotografias a desenhos. Quanto à localização
da ilustração em relação ao verbete, eles identificaram com mais facilidade as
imagens que estão imediatamente abaixo do verbete. Já aquelas que estavam
distantes na mesma página ou em outra página, mesmo com o recurso da
legenda, os estudantes tiveram dificuldades de estabelecer a relação entre
imagem e verbete, sempre a associando a entrada imediatamente acima do
verbete. Os alunos tiveram dificuldades também de estabelecer a relação
entre a imagem e o verbete quando partimos do visual para o verbal,

364
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

especialmente, nas ilustrações de conceitos mais abstratos.

Palavras-chave: Metalexicografia Pedagógica, Lexicografia Multimodal,


Multimodalidade.

UMA PROPOSTA DE TRADUÇÃO COMENTADA DE THE TURN OF


THE SCREW, DE HENRY JAMES

Diana Costa Fortier Silva


Universidade Federal do Ceará (UFC)

A novela The Turn of the Screw, de Henry James, tem sido objeto de uma
vasta quantidade de estudos críticos desde sua publicação em 1898. Constitui
um exemplo do gênero novela, definido como um formato “curto demais para
ser um romance e longo demais para ser um conto”, em que Henry James foi
bem sucedido – com obras como Daisy Miller (“Daisy Miller”,1879), The
Aspern Papers (“Os papéis de Aspern”, 1888) e The Beast in the Jungle (“A
fera na selva”, 1903). Desde o início fez enorme sucesso de público e crítica
e, juntamente com o próprio Daisy Miller e os romances Portrait of a Lady
(“Retrato de uma senhora”, 1881) e The Ambassadors (“Os embaixadores”,
1903), foi um dos maiores triunfos literários de James, mas talvez também
seu trabalho mais controvertido e enigmático. O pronunciado interesse
despertado pela obra, tradicionalmente classificada como pertencente ao
gênero ficção gótica, deve-se, entre outras razões, principalmente à grande
ambiguidade na interpretação do texto (YEAZELL, 1994; ESCH e
WARREN, 1999; GUTMAN, 2005; BROMWICH, 2011; KIMMEL, 2011),
na medida em que o autor esmera-se em revestir de mistério a natureza do
mal que permeia a trama. O presente trabalho apresenta uma proposta de
tradução da novela The Turn of the Screw para o português brasileiro. Alguns

365
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

pontos de dificuldade na tradução foram também selecionados para


discussão, com auxílio das ferramentas da linguística de corpus. Entre outras
fontes de dados para a análise dos problemas tradutórios encontra-se um
corpus contendo as dez traduções anteriores de Turn para o português do
Brasil, compilado especialmente para o presente estudo.

Palavras-chave: Henry James, The Turn of The Screw, Tradução comentada.

O USO DA MÚSICA COMO INSTRUMENTO PEDAGÓGICO-


MOTIVACIONAL NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
DA LÍNGUA INGLESA

Letícia Maria Damaceno Sateles


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)

Ana Luiza Munhoz Moreira


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)

João Marcos Dias da Silveira


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)

Esta pesquisa anseia explorar a música como um instrumento pedagógico e


motivacional para o ensino da língua estrangeira (inglês) no âmbito do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG) –
Campus Inhumas. Tal trabalho é resultado do projeto de pesquisa “A música
como ferramenta pedagógica para o ensino de língua estrangeira- inglês”,
realizado com alunos do ensino técnico integrado ao ensino médio. Seu
objetivo maior é o de tentar mostrar como a música pode contribuir para o
processo de ensino-aprendizagem da língua, uma vez que ela promove
366
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

motivação nos alunos e possibilita o desenvolvimento de diversos aspectos


como a pronúncia; a leitura; a interpretação; o vocabulário; a compreensão
auditiva e oral; as estruturas gramaticais; a intertextualidade; as questões
sociais, culturais e políticas. Esta investigação tem como suporte teórico
autores como Dörnyei (1994), Dörnyei (1998), Gobbi (2001), Gomes (2012),
Lima (2004), Murphey (1992), Riddiford (1999) e Woyciechowski (2009).
Trata-se de uma pesquisa qualitativa de base etnográfico-interpretativista,
cujos materiais utilizados são: os textos recomendados para leitura; as
músicas e atividades propostas no minicurso “Aprendendo inglês com
música” e dois questionários. A pesquisa neste momento está na fase de
análise dos dados. Estão sendo analisados os dois questionários que foram
aplicados aos alunos antes e depois do minicurso, com o objetivo de perceber
se houve mudança na concepção deles a respeito do papel da música na
aprendizagem da língua inglesa, depois do minicurso. A música foi escolhida
como tema desta pesquisa por ser um elemento presente na rotina tanto dos
alunos quanto dos professores e por reconhecermos que ela é um recurso
pedagógico relevante, pois além de viabilizar o conhecimento linguístico e
cultural da língua, proporciona a interação, o uso de linguagem autêntica, a
motivação e o diálogo com diferentes áreas do saber

Palavras-chave: Língua estrangeira, Ensino-aprendizagem, Música.

MATERIAIS DIDÁTICOS E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: UM


ENFOQUE A PARTIR DE LETRAMENTOS, MULTIMODALIDADES
E TECNOLOGIA ASSISTIVA
Beatriz Furtado Alencar Lima
Universidade Federal do Ceará (DLE/UFC)

Almejamos discutir sobre a realidade dos materiais didáticos, no contexto da


Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva. Quais (re) arranjos fazem-se necessários, no tocante à elaboração
de material didático, com a obrigatoriedade do ingresso de pessoas com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades nas
367
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

escolas brasileiras. Observamos que grande parte dos estudos sobre as


práticas de letramento (que buscam articulações com os estudos sobre a
multimodalidade), em contextos escolares, ainda não se atenta para a
problemática da elaboração e da análise de materiais didáticos que levem em
conta as diversidades corporais que, pouco a pouco, ocupam as escolas.
Levando em conta este cenário, nosso estudo versa sobre as implicações que
a interdisciplinaridade entre as pesquisas na área da multimodalidade e dos
Novos estudos do Letramento (STREET, 2004; JEWIIT & KRESS, 2003;
KRESS & STREET, 2006; STREET, 2012) via Tecnologia Assistiva
(doravante TA), pode trazer para a reflexão acerca da elaboração de materiais
didáticos para pessoas com deficiência. A TA de acordo com a definição do
Comitê de Ajudas Técnicas – CAT do Brasil “é uma área do conhecimento,
de caráter interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias,
estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade,
relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência,
incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia,
independência, qualidade de vida e inclusão social”. Acrescentamos, ao
arcabouço teórico dessas áreas, os conceitos de centralidades corpóreo-
discursivas dominantes e de ordem visiocêntrica do discurso (LIMA, 2015),
elaborados com base nas abordagens da Análise de Discurso Crítica (ADC),
do letramento como prática social e do Modelo Social de Deficiência. Com
os conceitos de centralidades corpóreo-discursivas dominantes e de ordem
visiocêntrica do discurso, investimos na possibilidade do início de uma trilha
reflexiva sobre o desenvolvimento proposto por Street (2004) de um Modelo
Ideológico de multimodalidade.

Palavras-chave: Multiletramentos, Tecnologia Assistiva, Pessoas com


deficiência.

368
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

VALORIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO IMATERIAL LOCAL VIA


PROJETOS DE LETRAMENTO

Luciana de França Lopes


Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PROFLETRAS/UFRN)

Visando à valorização do Patrimônio Imaterial local, desenvolvemos um


Projeto de Letramento (KLEIMAN, 2000), entendido como modelo didático
(TINOCO, 2008), que teve como meta a ressignificação das lendas locais.
Nossa trajetória inicia com a leitura de lendas de Ceará-Mirim ouvidas e
recontadas por de Luís da Câmara Cascudo. A partir da leitura dessas lendas,
percebemos que alguns alunos desconheciam essas histórias e não as
reconheciam como parte de sua identidade cultural. Entendemos que a
carência de informações sobre Patrimônio Cultural nas escolas contribui, em
muitos casos, para a não valorização dos bens culturais, provocando, na
população, o distanciamento dos bens imateriais. Diante dessa realidade,
surgiram alguns questionamentos que impulsionaram o desenvolvimento de
um projeto de intervenção. Nossa proposta foi desenvolvida em uma
comunidade de aprendizagem (AFONSO, 2001) formada por alunos do 8º
ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Augusto Xavier de Góis, pela
professora-pesquisadora, além de agentes externos à comunidade escolar. A
escola está localizada na Praia de Muriú, distrito de Ceará–Mirim, no estado
do Rio Grande do Norte. Essa proposta é de vertente etnográfica e está
situada no campo da Linguística Aplicada (MOITA LOPES, 2006, 2009).
Para desenvolvimento da proposta, apoiamo-nos nos Estudos de Letramento
Kleiman (1995), Street (2014), Tinoco, Oliveira e Santos (2014) e na
etnografia de André (2005). Nesta comunicação, faremos uma breve
exposição do Projeto de Letramento, desenvolvido na escola citada, que
contribuiu para a ressignificação das lendas que circulam na comunidade.
Como resultado, elaboramos um videolivro de lendas locais, valorizando a
cultura da comunidade.

Palavras-chave: Letramento, Projeto de letramento, Patrimônio Cultural


local.

369
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRODUÇÃO TEXTUAL NO LIVRO


DIDÁTICO DE PORTUGUÊS DO ENSINO MÉDIO

Eliane Martins da Silva


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Júlio César Dinoá do Nascimento


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Regina Cláudia Pinheiro


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

A produção textual constitui um dos temas mais debatidos pelos


pesquisadores que estudam a língua materna no cotidiano escolar. Com o
intuito de enriquecer tais debates e contribuir para melhorar a abordagem
desse eixo do ensino de língua portuguesa, o presente artigo apresenta
discussões acerca da abordagem da produção textual no Ensino Médio,
focalizando o livro didático de Português. Para a viabilidade desse estudo,
adotamos como objeto de análise a coleção didática Português: linguagem em
conexão, de Graça Sette, Márcia Travalha e Rozário Starling, utilizada nas
três séries da escola de Ensino Médio Deputado Ubiratan Diniz de Aguiar,
situada no município de Capistrano, Ceará. O nosso propósito é examinar se
tais manuais pedagógicos apresentam gêneros textuais das modalidades oral e
escrita e também os gêneros digitais; verificamos ainda a eficácia dos
exercícios propostos por estes manuais pedagógicos para o aprimoramento e
desenvolvimento das competências linguística e comunicativa dos alunos do
Ensino Médio. Como base teórica desse estudo, adotamos os documentos que
outrora eram oficiais do Ministério da Educação: os Parâmetros Curriculares
Nacionais do Ensino Médio (PCNEM) e as Orientações Educacionais
Complementares (PCN +) da área de Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias, mais especificamente, da disciplina de Língua Portuguesa. Os
resultados desse estudo demonstram que a coleção analisada está em
conformidade com algumas orientações elencadas pelos PCNEM e PCN+,
visto que apresenta gêneros textuais escritos e orais, no entanto deixa de lado
os gêneros digitais. Por isso, acreditamos que os autores de livros didáticos
precisam conscientizar-se a respeito dos gêneros digitais, presentes nas
370
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

diversas situações cotidianas da atualidade.

Palavras-chave: Livro didático, Produção textual, Ensino.

O DISCURSO DOCENTE SOBRE O LIVRO DIDÁTICO DE INGLÊS:


UMA ANÁLISE DE AVALIATIVIDADE

Ronessa do Carmo Teodoro


Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET/ MG)

Esta comunicação apresenta uma pesquisa em andamento, sobre a avaliação


que os professores de Inglês, da cidade de Ouro Preto, fazem a respeito dos
livros didáticos fornecidos via Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD). O livro didático é uma importante ferramenta no ensino de Língua
Inglesa, pois, na maioria dos contextos, constitui-se em uma das principais
fontes de informação, bem como de insumo linguístico da língua estrangeira.
É ele quem define o que e como deverá ser ensinado e aprendido,
estabelecendo também um perfil para o aluno e professor (CORACINI,
1999). A partir de 2011, o componente curricular Língua Estrangeira
Moderna foi incluído no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD),
possibilitando que escolas públicas, de ensino fundamental e médio, de todo
o Brasil passassem a receber materiais didáticos de Inglês e de Espanhol,
constituídos pelo livro do aluno e seus respectivos CDs de áudio, e pelo
manual do professor. Nesse sentido, o principal objetivo desta pesquisa é
identificar e analisar as avaliações presentes nas práticas discursivas dos
professores de Língua Inglesa da rede pública de ensino de Ouro Preto,
Minas Gerais, sobre os livros didáticos fornecidos por meio do Programa
Nacional do Livro Didático (PNLD). Com vistas a atingir o objetivo
supracitado, serão realizadas entrevistas semiestruturadas sobre esses livros
didáticos. A análise dos dados coletados se pautará sob uma perspectiva
371
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

discursiva com base no Sistema da Avaliatividade (MARTIN; WHITE,


2005). Espera-se que o trabalho em questão, crie possíveis subsídios que
contribuam para a problemática da adequação dos livros didáticos de língua
inglesa ao contexto das escolas públicas brasileiras, e que forneça dados que
minimizem a falta de estudos acadêmicos que abordam essa temática.

Palavras-chave: Livro Didático de Inglês, PNLD, Sistema da Avaliatividade.

O DISCURSO PEDAGÓGICO SOBRE A LEITURA EM MANUAIS DE


ENSINO BRASILEIROS: IMAGENS DA LEITURA, DO LEITOR E
DOS MODOS DE ENSINAR

Alanne De Paula Barbosa


Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

O discurso, objeto histórico-social, se (re)produz por/nos processos de


constituição que envolvem a historicidade. Assim sendo, o discurso
pedagógico, objeto deste trabalho, se materializa em diferentes suportes,
dentre eles, nos manuais de ensino. Nesse sentido, este artigo se propõe a
analisar o discurso de dois manuais de ensino brasileiros do início do século
XX, considerando a questão de que os sentidos atribuídos à leitura/leitor,
associados à forma de ensinar desta época, partiam dos gestos de
interpretação dos autores. Partindo desta proposição, o presente trabalho tem
como objetivo analisar como o discurso pedagógico sobre a leitura está
representado em manuais de ensino do início do século XX, atentando à
observação dos movimentos de efeito de sentido da leitura através da
imagem/representação da leitura/leitor reveladas nos manuais, assim como os
seus modos de ensinar. Os pressupostos teóricos utilizados estão inscritos no
campo da Análise de Discurso Francesa e Brasileira, em que são apresentados
conceitos articulados às relações do discurso/interdiscurso – historicidade;
372
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

efeitos de sentido da leitura e do sujeito leitor, assim como sua constituição e


filiação. O corpus deste trabalho trata de dois manuais de ensino brasileiros:
Terceiro Livro de Leitura, de Felisberto de Carvalho e 3º Livro de Leitura, de
Antônio Firmino de Proença. A metodologia adotada se embasa na pesquisa
qualitativa, com abordagem discursiva, em que é desenvolvida uma análise
comparativa dos prefácios dos manuais de ensino escolhidos. Os resultados
desta análise indicam que os discursos pedagógicos dos manuais atribuem
diferentes efeitos de sentido à leitura e ao leitor, bem como apresentam
discursos distintos sobre os modos de ensino da leitura.

Palavras-chave: Análise do Discurso, Leitura, Manuais de ensino.

O ENSINO DE INGLÊS NO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL


DO PROGRAMA RIO CRIANÇA GLOBAL: ELABORAÇÃO DE
MATERIAL DIDÁTICO POR MEIO DA PEDAGOGIA DE
MULTILETRAMENTOS

Patrícia Helena da Silva Costa


Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME-RJ)

No Programa Rio Criança Global (PRCG), todos os alunos do ensino


fundamental da rede pública municipal de educação do Rio de Janeiro
possuem aulas de Inglês, inclusive os discentes do Programa Acelera Brasil,
um programa responsável pela correção de fluxo escolar de alunos
multirrepetentes. Dentre as características do Programa Acelera Brasil, temos
a utilização de materiais didáticos elaborados exclusivamente para o seu
público alvo. Na contramão deste aspecto, a Secretaria Municipal de
Educação (SME-RJ) determina que os livros didáticos de Inglês Zip From
Zog 5A e 5B, utilizados com os alunos do 5º ano do ensino fundamental
regular, também sejam empregados nas aulas de Inglês do programa de
aceleração em questão. Em minha pesquisa de Mestrado, no Programa de
373
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Pós-Graduação em Interdisciplinar de Linguística Aplicada da Universidade


Federal do Rio de Janeiro, investiguei a adequação dos livros didáticos Zip
From Zog 5A e 5B ao Programa Acelera Brasil. Conforme os apontamentos
em meu estudo, estes livros didáticos não se adequam ao Programa Acelera
Brasil, além de apresentarem discrepâncias em relação ao PRCG. Sendo
assim, o objetivo da minha pesquisa no Doutorado, em andamento, é
desenvolver unidades didáticas para o ensino de Inglês no 5º ano do ensino
fundamental do PRCG, de forma a atender as demandas sinalizadas em
minha dissertação. Nesta comunicação, apresentarei, de forma sucinta, a
minha pesquisa de Mestrado. É também propósito desta comunicação discutir
sobre a minha pesquisa doutoral, cuja proposta de elaboração de material
didático é pautada por uma Pedagogia de Multiletramentos (COPE &
KALANTZIS, 2000; KALANTZIS & COPE, 2012) e fundamentada em uma
concepção sociointeracional (VYGOTSKY, 1991 [1978]) e crítica (LUKE &
FREEBODY, 1997; CERVETTI et al., 2001; NICOLAIDES & TILIO, 2011)
de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Programa Rio Criança Global, Material didático para o


ensino de Inglês, Pedagogia de Multiletramentos.

ANÁLISE MULTIMODAL DAS CHARGES FUTEBOLÍSTICAS NA


ÓTICA DAS METAFUNÇÕES DA GDV

Gustavo Ewerson da Rocha Balbino


Universidade Estadual do Ceará(UECE)

Raphael Barbosa Lima Arruda


Universidade Estadual do Ceará(UECE)

No âmbito da Semiótica Social, o estudo de gêneros textuais multimodais


tem se mostrado uma profícua área de investigação desde a divulgação do
374
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

trabalho de Kress e van Leeuwen (2006), com a publicação da Gramática do


Design Visual (GDV). Os teóricos da GDV se inspiraram na Linguística
Sistêmico-Funcional (GDV) cujo foco é estudar a língua enquanto escolha,
com ênfase em seu uso como forma de interação social. A necessidade de
propor uma ferramenta crítico-analítica para a investigação sistemática de
estruturas visuais advém da relativa falta de instrumentos empregados para se
ler e interpretar as imagens no campo da Semiótica Visual. Com efeito, como
bem enfatizado por Kress e van Leuween, o campo da comunicação visual se
desenvolveu, ao longo dos anos, e suas formas têm sido amplamente
influenciado pelas novas tecnologias, permeando a proliferação de diversos
gêneros textuais, dentre eles, o gênero charge. O gênero charge será objeto
da nossa pesquisa, em decorrência das múltiplassemioses utilizadas pelos
leitores na recepção do significado, ou seja, tanto a modalidade visual quanto
a modalidade escrita se entrelaçam na construção do significado como o todo.
Dentro dessa abordagem, as metafunções da GDV são geralmente usadas
como ferramentas conceituais para descrever e explorar os recursos
semióticos potenciais que as pessoas usam para fazer significados. O presente
trabalho tem como objetivo analisar charges futebolísticas veiculadas em
blogs esportivos, tendo como base de análise a metafunção representacional,
interativa e composicional. Este trabalho descreve, portanto, as modalidades
semióticas integrantes da charge, a fim de explicar o significado socialmente
construídos pelos leitores. Este trabalho visa contribuir com ampliação da
noção de gênero textuais/discursivos à luz da teoria da multimodalidade.

Palavras-chave: Multimodalidade, Gênero, Gramática do Design Visual

DE GRAMÁTICA NO LIVRO DIDÁTICO ENLACES PARA ENSINO


DA LÍNGUA ESPANHOLA PARA BRASILEIROS

Laysi Araújo da Silva


Universidade Federal do Ceará (UFC)
375
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

O livro didático de língua estrangeira assume um papel relevante, quando


produzido conforme fundamentos teórico-metodológicos que garantam o
engajamento discursivo dos estudantes e favoreçam o compromisso de uma
formação escolar construtora da cidadania. O artigo propõe refletir sobre as
concepções de gramática que são apresentadas como proposta didática dentro
do manual do professor, e em seguida realizar uma pequena análise de como
a gramática e as atividades são propostas dentro do livro didático Enlaces
destinado ao ensino da língua espanhola a brasileiros, e, seguida, levantar
questões de como a gramática e suas respectivas atividades são apresentadas
no livro e suas possíveis formas de entrelaçamento com o estudo dos gêneros
textuais. Para tanto, partiremos do que está posto no manual e realizaremos
comparações com o que está nos capítulos do livro, ilustrando a partir de
exemplos retirados da livro. Usando o aporte conceitual do interacionismo
socio-discurso (ISD) acreditamos que podemos esclarecer e elucidar o lugar
da gramática dentro do livro didático de língua estrangeira e na nova
perspectiva do ensino dos gêneros textuais. A temática dos gêneros textuais
vem ganhando a cada dia mais espaço em sala de aula. Essa presença
marcante no ensino se deve a vários fatores, entre eles, o forte interesse
acadêmico que evidencia o tema, pesquisas que apontam para a necessidade
de uma abordagem prática das questões relacionadas aos gêneros, além de
recomendações oriundas de políticas públicas voltadas ao ensino. No entanto,
ainda encontramos algumas dificuldades para achar o lugar da gramatica no
ensino de língua dentro da sala de aula.

Palavras-chave: Concepção de gramática, Língua espanhola, ISD.

GÊNERO TEXTUAL – CONTO DE TERROR EM SALA DE AULA

Catiana Santos Correia Santana


Universidade Federal de Sergipe (UFS/Itabaiana)

376
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Isabel Carvalho da Silva


Universidade Federal de Sergipe (UFS/Itabaiana)

José Ricardo Carvalho da Silva


Universidade Federal de Sergipe (UFS)

A partir da publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) o


trabalho pedagógico com o auxílio do gêneros de textos tem se tornado mais
comum, Pois este possibilita instrumentalizar o aluno para as práticas
comunicativas diversas. Assim, a prática de sala de aula transforma-se no
estudo empírico da língua materna, isso faz com que os alunos se apropriem
de determinados conceitos ou habilidade. Para tanto trabalhou-se com o
gênero textual conto de terror “A Máscara Rubra” de Edgar Allan Poe (2010),
através da análise linguística e discursiva do texto pode-se ampliar as
capacidades linguageiras de aluno de 9º ano, do Ensino Fundamental. Com a
análise discursiva e linguística os alunos conheceram o gênero, que não está
presente na maioria da vida dos alunos, mas apropriação deste, facilitou sua
interpretação, análise crítica e reflexões sobre os usos da língua. Diante disso,
o objetivo desse trabalho é apresentar uma sequência de atividade de leitura,
com base no diário de leitura (MACHADO; LOUSADA; ABREU-
TARDELLI, 2007) com vista ao que já foi apresentado e para o
fortalecimento do leitor crítico. Ao propor uma análise linguística e
discursiva do conto “A máscara da morte rubra” do escritor Edgar Allan Poe
considerou-se também a dinâmica que o constitui como tal. Para tanto,
utilizaremos como aporte teórico o conceito de texto trazido por Adam apud
Bronckart (2012), a proposta pedagógica de Dolz e Schneuwly (2004); uma
abordagem sobre o conto de Gotlib (2006) para fundamentar trabalho. Vale
ressaltar que também será feita uma breve biografia sobre o autor do conto
para contextualizar sua escrita literária.

Palavras-chave: Aprendizagem, Conto de terror, Diário de leitura.

377
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

INFOGRAFIA EM LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA


PORTUGUESA: OCORRÊNCIA E ABORDAGEM DO GÊNERO
SEGUNDO ESTRATÉGIAS DE REFERENCIAÇÃO

Jeannie Fontes Teixeira


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Mônica Magalhães Cavalcante


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Reconhecido por integrar pelo menos duas modalidades semióticas – texto e


imagem – de modo mais ou menos proporcional, o infográfico é um gênero
textual oriundo da esfera jornalística que ganha espaço nas esferas escolares e
didáticas (PAIVA, 2009). Esse texto é utilizado regularmente em avaliações
de conhecimento como o Enem e o Pisa, e pesquisas apontam que há uma
grande dificuldade dos alunos nas questões que os envolvem em seus
enunciados (JURADO, 2006). Deste modo, cumpre-se perguntar se a escola
dispõe de materiais didáticos orientados para a leitura e compreensão desse
gênero quanto a sua constituição multimodal, e assim explorar essa
pluralidade semiótica na construção dos sentidos do texto para desenvolver
habilidades e competências necessárias para a leitura proficiente.
Considerando o livro didático como protagonista dos materiais didáticos
disponíveis ao professor de ensino fundamental, esse trabalho objetiva
mapear a ocorrência do gênero multimodal infográfico em livros didáticos de
Língua Portuguesa do ensino Fundamental II aprovados pelo PLND 2017 e
analisar três exemplos de atividades com infográficos a fim de verificarmos
se há abordagem ou previsão da multimodalidade na construção dos seus
enunciados. Orientados pela matriz de avaliação leitora do Pisa (OCDE,
2013), orientações dos PCN (BRASIL, 1998) e sob pressupostos da
Linguística de Texto, nossa análise verifica se os enunciados ou instruções
das atividades empreendem estratégias de referenciação as quais contemplem
a multimodalidade do infográfico (CAVALCANTE, CUSTÓDIO FILHO,
BRITO, 2014), (CAVALCANTE e BRITO, 2015). Os resultados obtidos
demonstram que, de modo geral, a multimodalidade do gênero infográfico
não é explorada nas atividades propostas nos livros didáticos dos anos finais
do ensino fundamental, de modo que estes requerem um aporte didático-
378
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

metodológico extra para o professor desse segmento.

Palavras-chave: Infográfico, Livro didático, Referenciação.

A CRÔNICA HUMORÍSTICA COMO INSTRUMENTO DE ENSINO E


APRENDIZAGEM

Catiana Santos Correia Santana


Universidade Federal de Sergipe (UFS)

José Ricardo Carvalho da Silva


Universidade Federal de Sergipe (UFS)

O presente trabalho tem a finalidade de analisar o gênero crônica humorística


sob a perspectiva do Interacionismo Sociodiscursivo de Bronckart (2012),
buscando compreender de que forma as categorias do mundo discursivos
definidas na proposta teórica do ISD ajudam a interpretar e compreender as
crônicas humorísticas em sala de aula. Valendo-se da noção do gênero
crônica humorística apresentada por Ferreira (2010), a qual a define como
relato episódico que se ocupa de fatos políticos ou costumes da vida
cotidiana. Sendo assim, tais textos promovem uma crítica bem-humorada aos
padrões de comportamento social e às concepções de mundo estabelecidas
em um determinado período histórico de maneira polifônica, trazendo
questões polêmicas para/do universo social. Com a finalidade de
compreender como as críticas são manifestadas nesse tipo de discurso,
partimos do pressuposto de que a produção de sentido depende da
constatação de relações intertextuais, da compreensão configuracional entre
os tipos de discurso, da observação do jogo de vozes e da compreensão da
forma de funcionamento dos mundos discursivos manifestados de forma

379
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

implicada e autônoma no interior da crônica. Explicitaremos essas relações


discursivas, do ponto de vista temático, a partir do confronto de um trecho do
texto “A seleção natural ou a perseverança do mais capaz” de Darwin (2003),
que manifesta o discurso teórico, com a crônica humorística “Invólucro” de
Veríssimo (2011) que promove um discurso interativo ligado ao mundo
expor. Tal análise visa a elaboração de uma sequência de atividades de leitura
para se trabalhar as capacidades linguageiras, dentro da crônica, destacando
como ensináveis a compreensão do efeito de humor e o uso da
intertextualidade. A partir dos dados apresentados, demonstramos a dinâmica
discursiva realizada pelo autor da crônica ao transformar a temática da
evolução e seu processo de seleção natural em um texto que promove uma
crítica social em um tom humorístico.

Palavras-chave: Crônica, Capacidade de linguagem, Interacionismo


Sociodiscursivo.

ABORDAGENS DE ENSINO DE GRAMÁTICA EM EXERCÍCIOS DE


LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA DO ENSINO
MÉDIO

Francisco Elton Martins de Souza


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Mônica de Souza Serafim


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Este trabalho teve por objetivo investigar as abordagens de ensino de


gramática presentes em exercícios de livros didáticos de Língua Portuguesa
do Ensino Médio, avaliados e aprovados pelo Programa Nacional do Livro
Didático (PNLD) e pelo Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio
380
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

(PNLEM) para distribuição em escolas públicas brasileiras. A fim de


situarmos nosso trabalho no vasto campo da Linguística Aplicada, levamos
em conta as considerações presentes em Celani (2000), Almeida Filho (2011)
e Lopes (2011). Com o intuito de mostrarmos como a própria história da
gramática tem influência em seu ensino, pautamo-nos nos estudos de Neves
(2002) e Manini (2009). Empregamos os postulados teóricos presentes em
Halliday, McIntosh e Strevens (1974), no que concerne à abordagem
produtiva, à abordagem prescritiva e à abordagem descritiva do ensino de
gramática. A partir de tais abordagens, identificamos concepções de
gramática presentes em diversos autores (POSSENTI, 1996; NEVES, 1997,
2002, 2006, 2012, 2013; ANTUNES, 2003 e 2007; BUNZEN &
MENDONÇA, 2006; TRAVAGLIA, 2006 e 2007; MARTELOTTA, 2010),
bem como delineamos o postulado que diz respeito à prática de análise
linguística, com base em autores como Geraldi (1997), Franchi (2006) e
Bezerra e Reinaldo (2013). Para alcançarmos o objetivo da pesquisa,
analisamos duas coleções de livros didáticos de Língua Portuguesa, a saber:
Novas Palavras, aprovada pelo PNLEM 2009, e Português: contexto,
interlocução e sentido, aprovada pelo PNLD 2012. Constatamos a presença
equilibrada das três abordagens de ensino de gramática supracitadas, bem
como o fato de que tais abordagens (1) conduzem ao uso de uma variedade
de prestígio (abordagem prescritiva), (2) desenvolvem a habilidade para
produção e compreensão/interpretação de textos, de como usar a língua
(abordagem produtiva e também exercícios de “outras abordagens”) e (3)
desenvolvem a habilidade de reflexão e raciocínio sobre a língua, reflexão
metalinguística (abordagem descritiva).

Palavras-chave: Ensino de Língua Portuguesa, Abordagens de Ensino de


Gramática, Livros Didáticos.

ENSINO DE SEMÂNTICA A PARTIR DO LIVRO DIDÁTICO:


ANÁLISE PRELIMINAR E PROPOSTAS DE REFORMULAÇÃO

Carolina Alves Fonseca


Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
381
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

Thaís Fernandes Sampaio


Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Este trabalho - vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Linguística da


Universidade Federal de Juiz de Fora em sua linha Linguística e ensino de
línguas – visa a apresentar os resultados preliminares de uma tese em
andamento cujo intuito é confrontar as práticas de ensino de semântica
propostas nos livros didáticos com os parâmetros direcionadores nacionais,
no sentido de observar qual(is) concepção(ões) relativas ao campo da
significação estão presentes neles. Aliado a isso, pretende-se propor um
material didático de ensino no qual o tratamento das questões semânticas
esteja vinculado aos gêneros textuais. Para tanto, encontramos aporte teórico
na perspectiva interacionista sociodiscursiva da linguagem, amparada nas
teorias propostas por Bakhtin (2003) sobre os gêneros discursivos na
interação, Bronckart (1999) que evidencia o interacionismo sociodiscursivo,
Dolz & Schneuwly (2004) e Marcuschi (2003) que acreditam em uma
proposta de ensino-aprendizagem organizada através gêneros textuais,
atribuindo à linguagem e à interação a instrumentalização na construção do
conhecimento e na formação do cidadão. O viés semântico é desenvolvido na
perspectiva da Linguística Cognitiva (LAKOFF; JOHNSON, 1999;
LAKOFF, 1987; FAUCONNIER; TURNER, 2002; FILLMORE, 1977, 1979,
1982), que fundamenta nossa análise dos processos de construção de sentido.
Neste trabalho, apresentamos um recorte da referida pesquisa, no qual
discutimos o tratamento da metáfora e da metonímia em livros didáticos e
apresentamos uma sequência de atividades que propõe a abordagem desses
fenômenos em textos da esfera jornalística, como notícia, reportagem e
outros, fundamentada na Teoria da Metáfora e da Metonímia Conceptuais,
postulada por Lakoff e Johnson (2002). Tal sequência de atividades ilustra
nossa proposta de elaboração de um material didático cujo foco sejam
questões semânticas, muitas vezes deixadas em segundo plano nas aulas de
Língua Portuguesa.

Palavras-chave: Ensino de semântica, Elaboração de material didático,


Metáfora e Metonímia Conceptuais.

382
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

A DINÂMICA DO LIVRO DIDÁTICO DE PORTUGUÊS INSERIDO


NAS TRADIÇÕES DISCURSIVAS

Karla Maria Marques Peixoto


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Livro Didático de Língua Portuguesa apresenta uma multiplicidade de


olhares que podem ser lançados sobre esse objeto de estudo: o pedagógico,
político, o didático, o econômico, dentre tantos outros. Diante disso, o
objetivo do nosso trabalho é apresentar o Livro Didático de Português
enquanto uma Tradição Discursiva que se modifica de acordo com as
transformações da sociedade; das concepções de língua provenientes dos
estudos linguísticos e das diretrizes estabelecidas para a sua confecção e
aprovação, focalizando as mudanças e permanências ao que se refere às
concepções de leitura. Tendo em vista que o Livro Didático segue o caminho
das tradições discursivas, uma vez que apresenta traços de permanências e
mudanças, traçaremos um perfil histórico das obras nos baseando em Soares
(2002) e Pessanha (2004), tendo como recorte os anos de 1980 a 2010,
demonstrando quais as principais mudanças que ocorreram a partir de dois
marcos da educação brasileira: Os Parâmetros Curriculares Nacionais -
PCN’s – e o Plano Nacional do Livro Didático - PNLD. Selecionamos quatro
livros, um para cada década, e analisamos uma atividade de leitura de cada
Livro Didático, com o intuito de compreender o movimento de permanências
e mudanças ao que se refere à leitura. A Tradição Discursiva do Livro
Didático de Português está diretamente relacionada ao contexto educacional,
responsável por organizar os conteúdos autorizados para o ensino de língua
Portuguesa. Temos, portanto, o intuito de compreender os saberes que se
modificaram e se repetiram durante o recorte temporal selecionado por nós, e
não de criticar ou avaliar os Livros Didáticos.

Palavras-chave: Livro Didático, Tradições Discursivas, Leitura.

383
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

CULTURA DISCIPLINAR E GÊNEROS ACADÊMICOS: UMA


ANÁLISE DA ABORDAGEM DO GÊNERO ARTIGO EM MANUAIS
DE ORIENTAÇÃO DA ESCRITA CIENTÍFICA

Maria Vanessa Batista Lima


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Atualmente, os estudos sobre gêneros acadêmicos vêm ocupando um espaço


cada vez mais significativo no âmbito dos estudos da linguagem. Dentre os
vários gêneros da esfera acadêmica, destacamos o artigo científico.
Considerando a importância que esse gênero tem na universidade,
apresentamos aqui uma investigação prévia de uma pesquisa de mestrado em
andamento no Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada-PosLA-
UECE sobre a análise da abordagem do gênero artigo acadêmico em manuais
de orientação da escrita científica, cujo estudo tem como corpus cinco
manuais de orientação da escrita científica. Nesse sentido, a presente
proposta de comunicação oral traz um recorte do que analisamos até este
momento. Para tanto, nosso objetivo é mostrar como esses livros conceituam
o gênero artigo, observando se há suporte teórico consistente calcado em
teorias de gênero para tal, e se fazem referência às diferenças entre culturas
disciplinares. A análise foi realizada nos capítulos sobre artigo de três livros,
a saber: “Produção textual na universidade” (2010), das linguísticas Motta-
Roth e Graciela R. Hendges, “Manual de artigos científicos” de Hortência
Abreu Gonçalves (2013) e “Guia Prático para redação científica” de Gilson
L. Volpato (2015). Como base teórica utilizamos os conceitos de comunidade
discursiva de Swales (1990) e cultura disciplinar de Hyland (2000).
Preliminarmente, concluímos que a presente pesquisa pode oferecer suporte
tanto aos estudantes como aos professores no tocante à escolha de manuais
sobre a escrita científica que venha auxiliar de forma significativa à produção
dos gêneros acadêmicos na universidade, especificamente o artigo,
contribuindo, portanto, para o letramento acadêmico dos graduandos e pós-
graduandos.

Palavras-chave: Artigo científico, Escrita científica, Cultura disciplinar.

384
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

O ENSINO DE PLE NA ARGENTINA A PARTIR DOS GÊNEROS DE


TEXTO

María de Luján Vallejos


Universidad Nacional de Rosario (UNR)

Ana Angélica Lima Gondim


Universidade Federal do Ceará (UFC)

A presente proposta está focada na realidade do ensino de português como


língua estrangeira (PLE) na Argentina, mais especificamente na formação
inicial do professor nesta área. Iremos focalizar os recursos didáticos
(SOUZA, 2007) produzidos e utilizados pelos estagiários da Licenciatura de
Português da Universidade Nacional de Rosario para os diferentes níveis de
ensino em que estes alunos possam atuar. Entendendo que o aprendizado da
língua se dá através do domínio de diferentes gêneros de texto utilizados, de
forma eficiente, em diferentes contextos, nos propomos a analisar quais os
gêneros de textos são mais recorrentes e os recursos didáticos produzidos
pelos estagiários para ensinar a língua portuguesa como língua estrangeira na
Argentina. O processo de compreensão/ análise/ produção de textos vincula
conhecimentos sobre a língua, sobre o contexto em que são produzidos e
sobre o propósito dos interlocutores. Os textos variam de acordo com o
propósito para o qual são produzidos, o contexto no qual estão inseridos e a
relação estabelecida entre o escritor/produtor e seu possível
leitor/destinatário. Os textos que produzimos, escritos, orais ou multimodais,
diferenciam-se uns dos outros porque são produzidos em condições
diferentes. Fundamentamo-nos, para realizarmos a análise, nas contribuições
do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 1999, 2003, 2008;
SCHNEUWLY & DOLZ, 2004) e assim, procuramos possibilitar uma
reflexão concernente à produção de materiais e à utilização de recursos
didáticos buscando a integração dos aspectos relativos ao trabalho com
gêneros orais e escritos e novas formas didáticas e metodológicas de
realização do processo de ensino de português língua estrangeira.

Palavras-chave: Ensino, Recurso didático, Gêneros de texto.

385
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

A COESÃO NOMINAL EM LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO


MÉDIO: UMA ANÁLISE À LUZ DO INTERACIONISMO
SOCIODISCURSIVO
Francisco Walisson Ferreira Dodó
EEEP-José Maria Falcão

Mônica de Souza Serafim


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Este trabalho tem como objetivo principal analisar, à luz do interacionismo


sociodiscursivo, as propostas de ensino e aprendizagem da coesão nominal
em duas coleções de livros didáticos de Português do Ensino Médio adotadas
pelo PNLD – 2015. Para tanto, verificamos se o ensino da coesão nominal
nos livros didáticos aborda os elementos coesivos com função de introdução
ou de retomada; também, analisamos se/como as propostas de abordagem de
atividades nos livros didáticos contemplam as classes gramaticais como
elementos linguísticos que contribuem para a coesão. Ou seja, se o ensino e
aprendizagem de análise linguística contempla os elementos estruturais,
linguísticos e discursivos como recursos de coesão com o propósito de
formar leitores e produtores de textos coesos e bem articulados e capazes de
interagir competente e adequadamente nas práticas sociais, considerando seus
papéis sociais, ou se sua abordagem esvazia-se na nomenclatura gramatical.
Para nossa análise, tecemos um quadro teórico cujos principais autores são
Bronckart (1999;2006;2012), Machado (2009), Givón (1995), Dik (1978),
Neves (1997), Ilari (1992), Halliday & Hasan (1976), Beuagrande & Dressler
(1981), Charolles (1997), Apothéloz (2003), Schwarz (2000) e Adam (2011).
Com a pesquisa, constatamos que os livros trabalham a diferença entre
anáfora e catáfora, dando, no entanto, um olhar mais resumitivo a esta.
Também, percebemos que, na maioria das questões, embora sutilmente, o
foco esvazia-se no ensino nomenclatural ou de identificação ou internalização
de conceitos, isto é, quando se afirma estar trabalhando os conteúdos
gramaticais para construir a coesão no texto, percebe-se que as questões
pouco exploram as possibilidades de construção de progressão textual,
limitando as formas de coesão a exercícios de substituição, objetivando que o
aluno aprenda as classes gramaticais, evidenciando, assim, uma perspectiva
que não vê a gramática como instrumento de coesão para que se construam
386
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

textos inteligíveis e bem construídos em práticas sociodiscursivas e


interacionistas.

Palavras-chave: Livro Didático, Coesão nominal, Interacionismo


Sociodiscursivo.

OS GÊNEROS TEXTUAIS EM LIVRO DIDÁTICO DE INGLÊS DO


ENSINO MÉDIO

Monica Lopes
Universidade Estadual do Centro-Oeste (PPGL/UNICENTRO)

Lídia Stutz
Universidade Estadual do Centro-Oeste (PPGL/UNICENTRO)

Este trabalho é parte dos estudos de dissertação de mestrado em andamento


do Programa de Pós Graduação em Letras (PPGL) da Universidade
Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO-PR. Tem por objetivo apresentar
uma análise de uma unidade de livro didático de inglês para verificar os
gêneros textuais adotados, a coerência das atividades em relação ao gênero,
as capacidades de linguagem, bem como a proximidade com a proposta de
sequências didáticas (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004). O livro WAY TO GO, é
um dos aprovados no Plano Nacional do Livro Didático de 2015 para o
Ensino Médio e foi escolhido por professores de vários colégios estaduais de
Guarapuava-PR, para os anos de 2015 a 2017. A preocupação com os
materiais didáticos para o ensino de línguas tem crescido nos últimos anos
em diversas frentes, seja nos estudos e eventos científicos, seja nas propostas
governamentais. Entre os diversos estudos que tem contemplado a análise de
material didático podemos citar Silva e Sarmento (2015) sobre critérios

387
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

utilizados por professores na escolha de livros nas escolas públicas e Dias


(2009) que ressalta a importância de fornecer parâmetros para que o professor
possa realizar práticas mais coerentes com as necessidades do contexto no
qual irá atuar. A unidade analisada parte dos gêneros: fotos de práticas
sustentáveis e não sustentáveis, selo procel, mapa conceitual, instruções e
programa radiofônico. As atividades mobilizam as capacidades de linguagem:
de ação, discursivas, lingüístico-discursivas e de significação, mas se
distancia da proposta de sequências didáticas. Concluímos também que a
escolha de materiais coerentes com a realidade escolar demanda
compreensão sobre a análise de material didático.

Palavras-chave: Gêneros textuais, Livro didático, Língua Inglesa.

MATERIAIS DIDÁTICOS E APRENDIZAGEM DE INGLÊS SOB UM


OLHAR CRÍTICO: UM ESTUDO COMPARATIVO

Brisa Enéas da Silva


Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Esta comunicação individual objetiva discutir sobre a formação de um aluno,


cidadão pensante e crítico em relação ao mundo, detentor de opiniões e
consciente de seus saberes. Para isso, é preciso uma atuação significativa da
escola. Assim, sendo o material didático a principal ferramenta do professor
em sala de aula, é de fundamental relevância pensar sobre como ele é trazido
para dentro da rotina dos alunos de inglês como língua estrangeira. Faz-se
necessário, também, refletir qual modelo ou formato de material seria o ideal
para um ensino de língua estrangeira efetivo, em que haja uma abordagem
cultural plural e democrática e que leve em consideração o status da língua
inglesa como língua franca da modernidade e, finalmente, como esta
388
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

percepção da língua configura o cenário de sala de aula. Espera-se que os


materiais didáticos estejam próximo do cotidiano dos alunos que estão
vivenciando e interagindo o momento específico da aprendizagem e que
despertem o pensamento crítico, tornando a prática pedagógica mais realista,
transformando o aluno em sujeito ativo e consciente de seu conhecimento.
Nesse sentido, trata-se de uma pesquisa qualitativa, de cunho etnográfico,
que, apoiada em uma análise documental comparativa, observa de que modo
os materiais didáticos, a partir de seus recortes temáticos, favorecem a
aprendizagem de língua inglesa, numa perspectiva intercultural. Para tanto,
além da análise dos livros didáticos, serão realizadas entrevistas
semiestruturadas e questionários serão aplicados aos alunos, afim de entender
como eles percebem e reagem aos recortes temáticos abordados nos materiais
didáticos que lhes são apresentados. Finalmente, as observações em sala de
aula também contribuirão na triangulação e análise dos dados gerados,
durante toda a pesquisa.

Palavras-chave: Língua Inglesa, Material didático, Interculturalidade.

GRAMÁTICA DE PLE PARA APRENDENTES CHINESES: UM


MODELO COGNITIVO-COMUNICATIVO
Yao Jing Ming, Universidade de Macau (UM)
Ao Sio Heng (Sónia), Universidade de Macau (UM)

O papel e os métodos pedagógicos de ensinar gramática de língua estrangeira


têm sido temas de debate muito abordados. Em ambientes acadêmicos, um
dos critérios para avaliar a proficiência linguística requer que os estudantes
observem regras gramaticais e as usem corretamente em contextos concretos.
Por um lado, inumerosas pesquisas têm criticado a ineficácia do ensino
‘mecânico’ de memorização de vocabulário e regras gramaticais (sem as
compreender), bem como de negligência relativamente ao desenvolvimento
de competência comunicativa. Argumenta-se que aprendentes não transferem
naturalmente regras e padrões gramaticais memorizados de fichas de
exercício para produção oral ou escrita (Hillocks 1986; Harris e Rown 1989).
389
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

E por outro lado, a abordagem natural do ensino de zero-input de gramática


(por exemplo: teoria chomskiana 1957) faz com que, devido à incompreensão
de complexidade concetual de regras gramaticais, aprendentes sentam
desconfiantes em sua atuação linguística de LE. De fato, é impossível haver
uma ‘solução’ universal que possa satisfazer as necessidades de todos os
aprendentes que têm caraterísticas diferentes. Certo método rende muito com
determinados aprendentes, mas o mesmo efeito pode não se aplicar aos
outros. De um modo geral, aprendentes chineses de LE acham importante
saber as regras gramaticais para poderem usar a língua corretamente. Além
disso, há um provérbio chinês que diz “É fundamental ter boas ferramentas
para trabalhar bem”. Portanto, bons livros de gramática podem facilitar muito
a aprendizagem. Tendo em consideração as questões colocadas, este estudo
procura, através da análise de 4 Gramáticas adotadas no curso da licenciatura
em estudos portugueses da Universidade de Macau, propor um modelo
cognitivo-comunicativo para a produção de uma gramática de PLE para
aprendentes chineses. O modelo contempla diversas dimensões, tais como
cognitiva, comunicativa, criativa, cultural e afetiva.

Palavras-chaves: gramática, aprendentes chineses de PLE, modelo


cognitivo-comunicativo.

GRAMÁTICA DE PLE PARA APRENDENTES CHINESES: UM


MODELO COGNITIVO-COMUNICATIVO

Yao Jing Ming


Universidade de Macau (UM)

Ao Sio Heng (Sónia)


Universidade de Macau (UM)

390
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL)
UFC/GEPLA Sessões de Comunicação Individual

O papel e os métodos pedagógicos de ensinar gramática de língua estrangeira


têm sido temas de debate muito abordados. Em ambientes acadêmicos, um
dos critérios para avaliar a proficiência linguística requer que os estudantes
observem regras gramaticais e as usem corretamente em contextos concretos.
Por um lado, inumerosas pesquisas têm criticado a ineficácia do ensino
‘mecânico’ de memorização de vocabulário e regras gramaticais (sem as
compreender), bem como de negligência relativamente ao desenvolvimento
de competência comunicativa. Argumenta-se que aprendentes não transferem
naturalmente regras e padrões gramaticais memorizados de fichas de
exercício para produção oral ou escrita (Hillocks 1986; Harris e Rown 1989).
E por outro lado, a abordagem natural do ensino de zero-input de gramática
(por exemplo: teoria chomskiana 1957) faz com que, devido à incompreensão
de complexidade concetual de regras gramaticais, aprendentes sentam
desconfiantes em sua atuação linguística de LE. De fato, é impossível haver
uma ‘solução’ universal que possa satisfazer as necessidades de todos os
aprendentes que têm caraterísticas diferentes. Certo método rende muito com
determinados aprendentes, mas o mesmo efeito pode não se aplicar aos
outros. De um modo geral, aprendentes chineses de LE acham importante
saber as regras gramaticais para poderem usar a língua corretamente. Além
disso, há um provérbio chinês que diz “É fundamental ter boas ferramentas
para trabalhar bem”. Portanto, bons livros de gramática podem facilitar muito
a aprendizagem. Tendo em consideração as questões colocadas, este estudo
procura, através da análise de 4 Gramáticas adotadas no curso da licenciatura
em estudos portugueses da Universidade de Macau, propor um modelo
cognitivo-comunicativo para a produção de uma gramática de PLE para
aprendentes chineses. O modelo contempla diversas dimensões, tais como
cognitiva, comunicativa, criativa, cultural e afetiva.

Palavras-chave: Gramática, Aprendentes chineses de PLE, Modelo


cognitivo-comunicativo.

391
RESUMOS

PÔSTERES

392
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

Eixo temático 1:
Ensino e aprendizagem de línguas em situação de
formação inicial de professores de línguas: o estágio
docente.

O ESTÁGIO COMO TRANSFORMAÇÃO DO PROFESSOR: O CASO


DA GERAÇÃO DE DADOS

Amanda Carla Silva Avelar


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Felipe de Almeida e Silva Pinheiro


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Durante o estágio, no curso de Letras, os estudantes vão à sala de aula como


futuros professores, às vezes, pela primeira vez. Essa experiência revela
conflitos de diversas ordens, descompassos entre teoria e prática, intenções e
impedimentos, dizer e fazer. Nesse contexto, não entendemos a origem dos
fatos, quanto a situações fora do alcance de observação. Para ter acesso a
informações sobre o agir do estagiário, as interações didáticas (CICUREL,
2011), o objeto ensinado (DOLZ & SCHNEUWLY, 2004), é preciso criar
condições. Certos dispositivos de geração de dados podem ser alternativas.
Nossa finalidade era ter acesso a situações não observáveis, descrever e
analisar os dispositivos de geração de dados que nos possibilitam conhecer as
representações, intenções e conflitos dos estagiários antes e depois da
vivência em sala de aula. Inicialmente, estudamos textos teóricos sobre esses,
depois, em função da não autorização da escola para filmar as cenas de sala
de aula, não pudemos realizar a autoconfrontação, nem a entrevista de
explicitação, decidimos realizar apenas o grupo focal e a instrução ao sósia
(BULEA, 2010). Realizamos um grupo focal antes da sala de aula, em que
os alunos relataram as expectativas com relação ao estágio, e outro quando
eles retornaram da escola, em que eles relataram as experiências vividas. A
instrução ao sósia aconteceu na própria universidade. Nossos resultados
demonstraram a voz do estagiário com desdobramentos importantes e
dificuldades de diversas ordens: é necessária uma política linguística que
393
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

contemple a formação inicial do professor, porque, para os estagiários, ainda


é muito difícil adentrar a sala de aula, pois se veem pouco preparados para o
agir professoral, o que aponta a pouca formação quanto aos saberes a ensinar
(VANHULLE, 2011).

Palavras-chave: Formação inicial de professores, Geração de dados, Relato


de experiências.

ESTÁGIO SUPERVISIONADO NAS RESPECTIVAS


LICENCIATURAS: LETRAS PORTUGUÊS/ESPANHOL E HISTÓRIA

Maurício Félix do Nascimento


Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Maria Auxiliadora Machado de Jesus


Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Clara Steffane Santos Mendonça


Faculdade Pio Décimo (FDP)

O presente pôster tem por finalidade fazer uma abordagem voltada para
questões desafios que norteiam o processo de estágio supervisionado nos
cursos de Letras Português/espanhol e História, tendo como base um novo
refletir acerca das práticas em sala de aula durante o percurso de estágio
supervisionado. Nosso foco consiste em observar o cumprimento dessa
prática conforme o período estabelecido pala Instituição de ensino e, levar em
consideração, a necessidade de um bom estágio para a práxis de uma
renovação no processo educacional. Apresentaremos, como proposta de
reflexão, neste trabalho, novas práticas para que o estagiário possa se atentar
à exploração de diferentes métodos para o ensino e aprendizagem, mesmo
que, para isso, ele precise desafiar-se em seu novo ambiente, que é a sala de
aula. O objetivo centra-se, portanto, no significado do conceito de estágio
dentro de uma proximidade histórica, teórica e legal explicitando reflexões e
discussões com o auxílio de uma investigação qualitativa, sobre a
394
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

importância e o papel do Estágio Supervisionado na formação prática de


discentes. Os sujeitos desta pesquisa são alunos de diferentes períodos e, que
convivem e vivem a experiência do estágio. Para melhor entender e
fundamentar a práxis do estágio supervisionado, basearmo-nos em uma
pesquisa de cunho bibliográfico, cujas leituras estão centradas em autores
como Perrenoud (2000), Pimenta (2012) e Bergamaschi (2003) e, a partir
deles buscaremos compreender a prática enquanto atividade humana, uma
vez que, pode ser construída e reconstruída. Como resultados, enfatizaremos
a necessidade e importância de uma prática de estágio mais reflexiva em
pleno século XXI.

Palavras-chave: Estágio Supervisionado, Ensino-Aprendizagem, Formação


de Professores.

O USO DOS GÊNEROS TEXTUAIS COMO FERRAMENTA


CRITICO-REFLEXIVA NA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA

Andréia Muniz Lisboa


Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Daniela Cruz Viana


Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Rayanne Paes
Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

O ensino da Língua Inglesa (LI) tem sido cada vez mais debatido por
diversos autores no que tange a sua importância no mundo contemporâneo.
395
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

Considera-se que o inglês, há muito tempo, deixou de ser associado a um


povo e a uma cultura específicos, tornando-se uma língua globalizada. Com
base nestas ponderações, faz-se necessário que o ensino desta língua nas
escolas seja apresentado de forma crítico-reflexivo, a fim de que os
aprendizes usem o inglês não só, no âmbito escolar, mas em todas as
exigências cotidianas. Desta forma, propôs-se, através do estágio
supervisionado II, uma oficina, abordando o ensino da LI, utilizando gêneros
textuais contextualizados, como uma proposta pedagógica, que pôde
contribuir para o desenvolvimento das habilidades linguísticas e estender esse
processo de aprendizagem além da sala de aula. Para realização da oficina,
selecionamos alguns gêneros como música, poemas e filmes no intuito de
promover mecanismos capazes de possibilitar ao aluno a consciência
reflexiva da língua, motivando-os ao aprendizado a partir de ações
pedagógicas, dentro do contexto que comumente eles estão em contato. Para
a fundamentação teórica, este estudo foi baseado em autores como Freire
(2011) e (1987), Lima (2009), Lima (2012), Marcuschi (2008), Paiva (2007),
Tomitch (2009) entre outros, o que proporcionou compreender como a
utilização de gêneros textuais distintos, pode auxiliar tanto o professor,
muitas vezes, desmotivado por inúmeras dificuldades encontradas na sala de
aula quanto os aprendizes que estão cansados da monotonia diária da escola.
Ao introduzir os gêneros textuais, de forma crítica e interativa, consegue-se
estimular a capacidade dos alunos na construção de sua autonomia para a
aprendizagem da Língua Inglesa. Vimos nessa proposta uma possibilidade de
ampliar os conhecimentos por meio da realidade dos alunos e também aos
professores refletirem suas ações em busca de inovar sua prática se
adequando às novas gerações e tecnologias contemporâneas.

Palavras-chave: Ensino crítico-reflexivo, Gêneros textuais, Língua inglesa.

396
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

PRÁTICA DOCENTE – O ESTÁGIO DE OBSERVAÇÃO NA


FORMAÇÃO DO DOCENTE DE ELE

Germana da Cruz Pereira


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Luana Rochelly Pinto Paulino


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Álvaro Cruz de Souza


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Com o presente trabalho refletimos e discutimos sobre as observações de


aulas feitas nas disciplinas de Estágio de Observação em Ensino Fundamental
e Médio e em Cursos Livres na Universidade Federal do Ceará (UFC) que
constituem o objeto central desta pesquisa. Discutimos sobre os perfis de
professores encontrados nas instituições de ensino público e privado, as
respostas dos alunos aos perfis destes professores, as dificuldades
encontradas na realidade escolar. Composto de 400 horas obrigatórias, como
nos informa a lei do estágio nº 11.788/2008, o estágio é um período que
promove momentos de reflexão sobre o contexto social e multicultural,
realidade escolar, metodologia, prática docente, momento legitimador que
promove a discussão de experiências, do porquê de algumas ações darem
certo e outras não, do que é dito e o que é vivido. As experiências do Estágio
como componente essencial na formação de professores de ELE, possibilita
reflexões sobre a construção de saberes, de identidade e de condutas
intrínsecas de um profissional docente. O relato apresentado parte das
observações feitas no ensino fundamental e médio e em cursos de línguas.
Para tanto, utilizamos como referencial teórico os estudos sobre estagio e
pratica docente de Pimenta e Lima (2008), sobre a função educativa da escola
de Perrenoud (2000), Mizukami (2010) e sobre material didático de Leffa
(2003). Deste modo, identificamos, analisamos e compreendemos as
experiências observadas em salas de ELE, seus desafios e dificuldades,
promovendo uma reflexão e análise crítica em relação às especificidades e
relevância do estágio para a formação de docentes.
397
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

Palavras-chave: Estágio, Formação docente, Ensino do espanhol como


língua estrangeira

LETRAMENTO CRÍTICO E MULTIMODALIDADE NO ENSINO DE


INGLÊS: UMA REFLEXÃO SOBRE AS CONCEPÇÕES DE
PROFESSORES EM FORMAÇÃO INICIAL NO PIBID

Giuseppe Andrew Ferreira Dantas


Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Angelica Araujo de Melo Maia


Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Hoje em dia, o ensino de língua inglesa situa o aprendiz na era da


globalização, exigindo dos aprendizes um maior aprimoramento crítico diante
dos discursos verbais e não verbais. Na escola pública, a língua inglesa pode
representar um gatilho para a reconstrução de identidade, uma vez que
funciona como uma oportunidade para os estudantes enxergarem outras
realidades, culturas e discursos. Desta forma, este trabalho tem como objetivo
principal identificar e interpretar a compreensão de Letramento Crítico (LC)
e Multimodalidade (MM) por parte de quatro professores de inglês em
formação inicial a partir da análise de: a) relatos reflexivos e b) duas
sequências didáticas; respectivamente escritos e planejados por tais
professores-alunos do curso de Letras/Inglês da Universidade Federal da
Paraíba (UFPB), também vinculados ao Projeto de Institucional de Bolsas de
Iniciação a Docência (subprojeto PIBID Letras-Inglês). Observamos o
processo de formação desses professores em relação às estratégias de ensino
e aprendizagem que envolvem duas perspectivas: o Letramento Crítico
(BRASIL, 2006; DUBOC, 2015; FREIRE, 1998; JORDÃO, 2012, 2013;
398
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

LEWISON, 2002; MATOS, 2010, 2015; SOUZA 2011a, 2011b; TÍLIO 2013)
e a Multimodalidade (HERBELE, 2010, 2012; ROJO, 2013, 2015; ROYCE,
2002; TÍLIO, 2013). A partir da análise dos dados, foi constatado um trabalho
com gêneros discursivos através de uma abordagem multimodal baseada nos
princípios do letramento crítico. Tal articulação entre teorias parece ter
contribuído para a construção da identidade dos professores e para o
desenvolvimento da competência comunicativa multimodal dos estudantes
(ROYCE, 2002). Sugere-se assim, que professores de língua inglesa podem
estabelecer relações intersemióticas entre linguagens, a fim de aprimorar o
filtro crítico dos alunos, desenvolvendo a consciência cidadã diante das
práticas sócio discursivas.

Palavras-chave: Letramento crítico, Multimodalidade, Formação de


professores.

ENSINANDO E APRENDENDO INGLÊS DE FORMA LÚDICA: UMA


EXPERIÊNCIA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Geisiany Fernandes Freitas


Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Leila Gracielle de Castro Paes


Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Keila Mendes dos Santos


Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

O intuito deste trabalho é apresentar os resultados da oficina de estágio


supervisionado II ministrada por graduandas do VI semestre do curso de
Letras/Inglês de uma universidade no interior da Bahia, tendo como
participantes alunos do 1º e 2º ano do ensino médio de uma escola pública da
Rede Estadual. Para fundamentar este estudo buscamos os seguintes autores:

399
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

Paiva (2009); Almeida Filho (2010); Oliveira (2011) Jorge (2011). Com o
propósito de evidenciar a importância em se aprender a língua inglesa, esta
oficina teve como objetivos mostrar a relevância do inglês no mundo
globalizado, perceber as diversas formas para a aprendizagem de uma nova
língua, bem como, motivar os alunos na autonomia da aprendizagem da LI
dentro e fora do ambiente escolar. Partindo do pressuposto de que para
auxiliar os alunos no processo de aprendizagem da língua inglesa é
necessário que o professor utilize uma metodologia que corresponda ao
desejo da maioria dos alunos e também que os recursos utilizados sejam
compatíveis à realidade que os mesmos estão inseridos (PAIVA, 2009)
procuramos adotar uma prática que atendesse a esta proposta. Dessa forma
durante a execução da oficina, percebemos que é possível ministrar as aulas
de inglês de uma forma diversificada com atividades lúdicas como,
dinâmicas, músicas, filmes, games dentre outras, incentivando e
proporcionando oportunidades de aprendizagem para que os alunos
construam o seu conhecimento de forma autônoma. Em virtudes dos fatos
mencionados compreendemos que executar as atividades propostas pela
oficina do estágio supervisionado II nos possibilitou uma visão mais crítica
em relação à regência e a postura do professor na sala de aula em relação à
metodologia utilizada, contribuindo de forma positiva para nossa futura
atuação dentro e fora da sala de aula como professoras da língua inglesa.

Palavras-chave: Aprendizagem de Língua Inglesa, Lúdico, Oficina.

FORMAÇÃO INICIAL DOS PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA:


CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS

Leila Gracielle de Castro Paes


Universidade do Estado da Bahia (UNEB)
Geisiany Fernandes Freitas
Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

400
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

Muito se tem pesquisado sobre a formação inicial dos professores de língua


inglesa no âmbito educacional, tornando este um grande desafio
governamental e objeto de estudo de diversos autores, como Barcelos (2004),
Celani (2000), Dultra e Melo (2004), Pimenta e Lima (2004), entre outros,
comprovando a aflição destes pesquisadores da área em tentar entender a
forma como os futuros docentes estão sendo preparados para atuarem
futuramente nas salas de aulas uma vez que para ser um bom professor é
preciso ter consciência e competência na disciplina que se propõem a
lecionar, sendo isso, mostrado e discutido durante a sua formação inicial. Ao
longo desta formação surgem vários questionamentos que nos levam a
pensar: quais são as contribuições e os desafios que os futuros professores
passam durante a sua formação inicial. E para tentar responder a esta
pergunta, pensou-se na realização desta pesquisa frente a necessidade de
auxiliar os futuros docentes a entenderem quais são as contribuições teóricas
e práticas adquiridas durante o curso de graduação para a sua futura atuação,
e assim também analisar, os desafios que estes encontram no decorrer deste
caminho e até mesmo após a sua inserção ao mercado de trabalho.
Considerando que o objetivo geral deste trabalho é refletir sobre as
contribuições e desafios encontrados durante a formação inicial dos futuros
professores de língua inglesa. Utilizaremos para desenvolver esta pesquisa o
estudo de caso, tendo como auxilio narrativas feitas por professores em
formação, estudantes do último semestre de letras com inglês de uma
universidade pública estadual do interior da Bahia e serão analisadas as suas
experiências no estagio supervisionado, como também, em outras instancias.

Palavras-chave: Contribuições, Desafios, Formação Inicial.

401
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

(RE)PENSANDO O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA (PLE):


A QUESTÃO DA ORALIDADE

Ana Cecília Cutrim Aragão


Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Michelle de Sousa Bahury


Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Este trabalho tem como intuito apresentar reflexões sobre a relevância da


oralidade para o ensino de Português como língua estrangeira, tendo em vista
que esta modalidade ainda é pouco trabalhada em sala de aula, pois não é
dada a ela o valor que lhe é devido. Isso pode ser observado no extenso
conteúdo gramatical normativo consolidado no ensino de Língua Portuguesa.
Nesse sentido, discutiremos de que modo esse ensino tradicional de nossa
língua materna está influenciando no processo de ensino-aprendizagem de
Português como Língua Estrangeira (PLE), onde os participantes apresentam-
se de outro modo frente à esta língua não-nativa, apresentando outras
dificuldades e posicionamentos durante a trajetória de ensino-aprendizagem.
Nesse contexto, pretendemos elencar os pressupostos que fundamentam esta
modalidade e as implicações pedagógicas para seu ensino como um
instrumento de otimização do processo ensino-aprendizagem, que nos levam
a pensar a respeito da forma como o ensino desta língua está sendo
trabalhado nas salas de aula, tanto no ensino da língua materna quanto na
língua estrangeira. A partir de observações realizadas durante as aulas de LP
na cidade de São Luís, percebemos a predominância de um ensino
metalinguístico, cuja prática descontextualizada não dimensiona a
importância em trabalhar a oralidade para o desenvolvimento de capacidades
comunicativas, tornando o ensino de Língua Portuguesa menos significativo
para os envolvidos. Bem como, apontaremos os métodos utilizados dentro do
ensino de PLE e de que forma estes têm demonstrado serem eficientes para
habilitar os estrangeiros a utilizarem esta língua nas diversas competências
comunicativas às quais são requeridas em suas práticas sociais.

Palavras-chave: Língua Estrangeira, Língua Portuguesa, Oralidade.

402
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

ESCREVER EM INGLÊS: UM ESTUDO DAS INTERFERÊNCIAS DA


LINGUA PORTUGUESA NA PRODUÇÃO ESCRITA DE LÍNGUA
INGLESA

André Felipe Ribeiro


Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Naiara Sales Araújo Santos


Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Este trabalho abordará o resultado de uma pesquisa feita com alunos


iniciantes do curso de Inglês promovido pelo Centro de Línguas e Cultura
(CLC) da Universidade Federal do Maranhão. Foram analisados 20 testes,
respondidos por alunos do nível básico I ao básico III, em que havia questões
que pediam a produção de textos em forma de prosa e de conversação, além
de questões de perguntas e respostas e interpretação textual. Os alunos
discorreram sobre temas diversos como rotina, família, coisas que fizeram no
último fim de semana e planos para as próximas férias. Para análise dos
textos, recorremos às teorias de aquisição de segunda língua que tentam
destrinchar os processos de aprendizagem e aquisição de uma língua
estrangeira e que considerará uma pessoa como bilíngue desde que, segundo
Grosjean, ela use esta segunda língua de forma regular e fluente. Ao
analisarmos os textos, foram identificados trechos das produções que tinham
estruturas frasais semelhantes ou iguais às que usualmente se encontram em
textos falados e escritos em língua portuguesa como a excessiva utilização da
preposição of para indicar caso genitivo em detrimento da forma com ‘s que é
um fenômeno exclusivo da língua inglesa. Outra similaridade com formas
comumente usadas em Português é a utilização do adjetivo possessivo “your”
referindo-se a todas as pessoas gramaticais do Inglês; levando a uma tradução
literal deste pronome como “seu”, “sua”, “seus” e “suas”, que gera
ambiguidades por poderem referir-se a segunda e terceira pessoas. Isso
mostra o quanto as regras da língua portuguesa interferem na aprendizagem
do estudante de Inglês e que não podem ser ignoradas em todas as etapas da
aquisição do Inglês como segunda língua.

403
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

Palavras-chave: Aprendizagem, Inglês, Escrita.

O USO DE APLICATIVOS NA ATUAÇÃO ESTRATÉGICA DE


APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS

Myrian Cristina Cardoso Costa


Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

João da Silva Araújo Junior


Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

No âmbito das pesquisas voltadas para o uso de tecnologias digitais (TD)


relacionadas à mobilização de estratégias de aprendizagem (EA) de línguas é
cada vez mais corrente a compreensão de que a aquisição de uma segunda
língua ocorre predominantemente através de meios que facilitem a atuação
estratégica dos aprendizes. A internet possibilita através dos mais variados
suportes uma grande facilidade entre as ferramentas que podem ajudar a
ampliar os conhecimentos e as ações do aprendiz na tentativa de adquirir ou
usar a língua alvo. Nesse sentido, consideramos que os aplicativos (apps),
programas com grande número de usuários, instalados em smartphones ou
computadores com a finalidade de aproximar o aprendiz da língua alvo
constituem, no contexto das TD, um dos principais suportes no que tange a
mobilização de estratégias de naturezas distintas. A relevância de EA na
aprendizagem de línguas fica evidente em pesquisas como a de Oxford
(1990). Para a autora, todas essas estratégias são fundamentais para a
aprendizagem de uma língua estrangeira, principalmente quando o aprendiz
não está inserido no contexto da língua alvo. Segundo Vilaça, é importante
voltarmos nossa atenção para essas questões, especificamente no que diz
respeito à mobilização de EA, pois o estudo delas “permite identificar o que o
aluno faz durante a aprendizagem de uma língua ou em situações
comunicativas.”(VILAÇA, 2012, p.212) Considerando o exposto,

404
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

entendemos ser relevante analisar, em narrativas de aprendizagem, que


segundo Paiva (2007, p. 6) “conferem significados a contextos de
aprendizagem na perspectiva dos próprios aprendizes”, as implicações do uso
de aplicativos na mobilização de EA por estudantes universitários de Língua
Espanhola, uma vez que o uso dos apps contribui para atuação estratégica dos
aprendizes.

Palavras-chave: Tecnologias Digitais, Estratégias de Aprendizagem,


Aplicativos.

REFLEXÕES SOBRE O APRENDIZ DE SEGUNDA LÍNGUA E SUAS


CRENÇAS

Stephane Thayane dos Santos Serejo


Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

Naiara Sales Araújo Santos


Universidade Federal do Maranhão ( UFMA)

Pesquisas sobre crenças na aprendizagem de línguas vêm tomando maiores


proporções com o decorrer dos anos, tanto no Brasil como no exterior. O
interesse pelas crenças surgiu dentro da LA, quando esta mudou o foco da
visão de ensino de línguas que era voltado para linguagem, a um enfoque
voltado para o processo. Com isso colocou-se o aprendiz em posição de
destaque nas pesquisas de ensino-aprendizagem de línguas. O estudo das
crenças nessa pesquisa é uma maneira de buscar compreender o universo
discursivo do aprendiz de L2, pois de acordo com Barcelos (2004), as crenças
são de natureza dinâmica, experienciais, construídas socialmente e
contextualmente, e relacionadas às ações de maneira complexa e indireta.
Com o objetivo de refletir e verificar a relação das crenças com as ações e
atitudes tomadas por aprendizes de segunda língua. Para tanto, limitamos
essa pesquisa a analisar a incidência de crenças e verificar como estas afetam
405
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

o desenvolvimento dos alunos de línguas matriculados nos cursos de inglês e


espanhol, do projeto de extensão Línguas e Cultura do Maranhão, LCM, da
Universidade Federal do Maranhão. Trata-se de um estudo de casos e se dará
sob uma perspectiva contextual, para que possamos compreender as crenças
dos alunos em contextos específicos e para que professores de línguas,
conhecendo seu aluno, compreendam que as expectativas dos mesmos a
respeito de ensino e aprendizagem de línguas podem estar associadas ao uso
de determinadas estratégias. E também para que o aluno, sabendo como suas
crenças o afetam, possa refletir sobre elas e assim saber como prosseguir com
seu desenvolvimento e aprendizado.

Palavras-chave: Crenças, Aprendiz, Aprendizagem de línguas.

Eixo temático 2:
Ensino e aprendizagem de línguas: a interação em sala
de aula, o agir professoral e o objeto de ensino.

O ENSINO DAS VOGAIS POR MEIO DO ENSINO DEDUTIVO AOS


ALUNOS DE PLE

Tereza Raquel de Melo Lobo


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Josileide Maria Albuquerque Aguiar


Universidade Federal do Ceará (UFC)

O ensino de Português como Língua Estrangeira é uma prática recente em


nosso país. O planejamento de aulas e elaboração de atividades para tal curso
merecem atenção e dedicação por parte dos professores, estagiários e
colaboradores que optam pelo estudo desta ramificação do Ensino da Língua
Portuguesa. O curso de PLE ofertado pela UFC, também veiculado ao grupo

406
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

de estudos GEPLA, o qual tem como coordenadora a Professora Dra. Eulália


Leurquin tem sido extremamente proveitoso e ao mesmo tempo desafiante
dentro e fora de sala de aula. Trataremos aqui de expor e questionar a
elevada importância que o ensino das sete vogais fônicas e cinco vogais
escritas da língua portuguesa tem em uma sala de PLE. A aplicação do
método de ensino – aprendizagem na forma dedutiva foi aliado ao método
comunicativo adotado nesse curso. Neste trabalho elegemos o ensino das
vogais escritas e fônicas, porque há uma crença de que o método
comunicativo de ensino não visa à melhoria da pronúncia dos alunos
estrangeiros que se determinam a falar de forma clara e o compreensível o
idioma estudado. Nosso público alvo são os alunos de nível II do curso
mencionado acima. Para isso ancoramo-nos na proposta de atividades
apresentadas e desenvolvidas com os estes alunos no semestre 2016.1, bem
como análise de seus resultados. As aulas de fonética em questão são voltadas
para o ensino das 7 vogais fônicas para isso temos o embasamento teóricos
dos estudiosos CALLOU (2011) e CRISTÓFARO SILVA (2002) vale
também ressaltar a forma dedutiva de ensino aplicada essas nessas aulas ,
assim como proposto pelo autor ARAUJO (2000). Os resultados da
demonstram que o ensino dedutivo aliado ao método comunicativos aplicado
nas aulas de idioma tornam o trabalho satisfatório.

Palavras-chave: PLE, Fonética, Vogais.

AULA DE PORTUGUÊS: ANÁLISES DAS EXPERIÊNCIAS DE


DISCENTES DO CURSO DE LETRAS, DURANTES OS ESTÁGIOS
Juliana Oliveira Barros de Sousa
Universidade Federal do Ceará (UFC)

Dannytza Serra Gomes


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Nossa pesquisa busca demonstrar, por meio dos relatórios escritos durante os
estágios de Ensino de Análise Linguística e Língua Oral e Língua Escrita,
407
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

Ensino de Leitura e Regência em Língua Portuguesa, como os discentes em


formação realizam suas práticas pedagógicas nas aulas de português, frente
aos mais diversos assuntos referentes à língua, com isso, avaliamos os
mecanismos de ensino-aprendizagem utilizados durante as aulas de Língua
Materna e, também, a consciência linguística despertada nos alunos,
verificada através de exercícios de produção e interpretação textual,
propostos com base na Matriz de Competência do ENEM. Vale ressaltar, que
os relatórios analisados foram produzidos por professores, em formação, a
partir da observação e da regência com turmas de Ensino Médio em escolas
públicas de Fortaleza/Ceará. Com isso, nosso intuito é realizar um estudo
comparativo entre os relatórios dos estágios de observação com os de
regência, em que os professores em formação atuam em sala de aula, com sua
práxis escolar. Assim, apontaremos algumas das possíveis remodelações do
ensino de LP, como já apontava a LDB (1996) e PNE (2013) reforça que o
raio de atuação dos docentes vai além do domínio do conhecimento
específico, pois, são solicitadas atividades pluridisciplinares que antecedem a
regência e a sucedem ou a permeiam. Contudo, para nossa pesquisa usamos -
dentre outros - os estudos de Antunes (2009; 2013), que em suas produções
literárias reforça sobre o perigo de ainda haver um ensino tradicional que se
concentra em exercícios que ampliem – ou não – os conhecimentos sobre o
léxico, as nomenclaturas verbais, funções sintáticas e aplicação de conceitos
gramaticais, cujo ensino fica vazio e conduz o aluno à incapacidade de
desenvolver textos mais complexos, formais e declínio da fluência verbal.
Assim, encetamos algumas considerações e atividades em nosso estudo que
podem potencializar o ensino de português na escola.
Palavras-chave: Estágios, Ensino, Docentes em formação.

408
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

GÊNEROS TEXTUAIS COMO INSTRUMENTO NO PROCESSO DE


ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA

Elisiane da Silva Souza Santos Costa


Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Claudinete Oliveira Sobrinho


Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Este artigo busca compreender a importância do trabalho com gêneros


textuais no ensino da língua inglesa (LI), refletindo em como fazer de seu uso
um momento enriquecedor para o aluno, já que esse tipo de trabalho
proporciona ao aprendiz uma vasta rede de conhecimentos, tais como:
aquisição de vocabulário, aproximação com a estrutura da língua estudada,
desenvolvimento do pensamento crítico, crescimento pessoal dos estudantes,
dentre outros fatores. Uma preocupação que surge com tal temática é quais
gêneros textuais são suficientemente capazes de mostrar as peculiaridades do
idioma em estudo, posto que existe uma variedade de gêneros textuais, é
preciso fazer uma seleção do que mais se aproxima da realidade social e
cultural dos educandos, pois, cada gênero tem aspectos diferentes a serem
explorados. Dessa forma, apresentaremos uma breve reflexão sobre os
gêneros textuais, em seguida, mostraremos uma oficina na qual utilizamos os
gêneros textuais como ferramenta principal, tal oficina foi realizada com o
apoio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação á Docência (PIBID),
programa esse que busca aprimorar o conhecimento do discente de
licenciatura, aproximando e antecipando o seu contato com a sala de aula, em
uma parceria com participantes do programa, visando também à melhoria no
ensino. Ao refletir sobre os gêneros textuais, basearemos nossos estudos em
Marcuschi (2007), e Rajagopalan (2011), considerando aspectos teóricos
sobre o ensino/aprendizagem da língua inglesa. Dessa maneira, acreditamos
que os gêneros textuais constituem uma ferramenta eficaz no processo de
ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira, uma vez que, por meio
deles, podem ser trabalhados diversos aspectos da língua estudada.

Palavras-chave: Ensino-Aprendizagem de LI, Gêneros textuais, PIBID.

409
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

A UTILIZAÇÃO DE UM MÉTODO DE ENSINO DE PRODUÇÃO


TEXTUAL AOS ESTUDANTES DE ENSINO MÉDIO

João Paulo Monteiro Lopes


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Thainara Campos de Araújo


Universidade Estadual do Ceará (UFC)
David Brito Alves
Universidade Estadual do Ceará (UFC)

O presente trabalho cujo tema A utilização de um método de ensino de


produção textual aos estudantes de ensino médio tem como objetivo
provocar reflexões como o trabalho do professor de língua materna,
desenvolvido na leitura e escrita, desencadeiam em novas perspectivas frente
à produção textual. Quanto à pesquisa, foram feitos experimentos, na escola
de Ensino Fundamental e Médio João Mattos, instituição pública de
Fortaleza, priorizando uma visão sociointeracionista aos métodos utilizados,
a partir de situações reais de interação comunicativa para desenvolver uma
melhor competência comunicativa nos discentes do nível médio e, assim
tornar a produção escrita uma atividade mais prazerosa. Dessa forma,
percebeu-se que os alunos apresentaram um desempenho esperado atendendo
aos objetivos da presente pesquisa, uma vez que os recursos método-
pedagógicos foram relevantes para se perceber a eficácia que se têm quanto a
esses recursos trabalhados satisfatoriamente dentro de sala de aula. Essa
pesquisa, além de conduzir a novas reflexões sobre o método de ensino, faz o
professor (re)pensar na importância fundamental de desenvolvimento ou
aprimoramento quanto ao método de ensino de leitura e escrita que está
sendo aplicado ou trabalhado nas aulas de língua portuguesa. Afinal, o uso de
um método-didático eficiente pertinente ao ensino de leitura e escrita
contribui, certamente, para o ensino-aprendizado do discente, visto que este
se depara com situações reais de comunicação e a interação com os outros e o
meio permite que haja um desenvolvimento maior quanto à utilização da
linguagem comunicativa e, mas também contribui para a construção da
linguagem textual.

Palavras-chave: Metodologia de ensino, Produção textual, Ensino médio.


410
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

A FÁBULA NA VISÃO DE SÓCIO-INTERACIONISTA DE LEV


VYGOTSKY

Elzimar Rodrigues Pantoja


Universidade Federal do Pará (UFPA)

O presente trabalho com a literatura infantil na escola, fez-me repensar a


minha docência em sala de aula, dessa maneira considerei importante
trabalhar com os diferentes tipos de gêneros textuais coma as fábulas que
transmitem valores morais representados nas vozes de animais, pois este é
um gênero literário que envolve todo um contexto de práticas de leituras,
tendo como finalidade a entrada no mundo imaginário do aluno através da
leitura ser fácil assimilação, nessa grade de mudar usei como objetivo
estimular os alunos a valorizar a leitura ampliando o seu vocabulário,
sistematizado na interdisciplinariedade. com isso visionado na concepção de
Lev Vygotsky mostrou-me que tudo acontece na interação, o uso e a
funcionalidade da linguagem e do discurso transferidos nas condições das
produções dos alunos. Diante disso fiz a união das fábulas no contexto do
próprio filosofo, isso possibilitou-me o pleno desenvolvimento das funções
psicológicas que foram trabalhadas em sala de aula o ano letivo todo, com
diversos trabalhos produzidos e realizados pelos alunos que neste caso foram
prestigiados pelos seus responsáveis, e todo comunidade escolar, realizando
assim ao final de cada bimestre uma culminância que agregava a todos os
envolvidos. Este trabalho "A fábula na visão sócio-interacionista de Lev
Vygotsky", permitiu-me integrar todas as disciplinas fomentada na teia da
interdisciplinaridade o encontro de tudo, tornando as estratégias livres para
desenvolvê-las de formas abertas, na qual o aluno foi estimulado a partir da
interação, alcançando assim um excelente nível de sociabilidade e
aprendizagem no que se refere a leitura. Salientei que para tudo acontecer
organizei reuniões, replanejei e construir recursos novos onde aguçaram e
alimentaram os meus alunos, desse modo, o interessante apresentou-se na
transformação de unir pais, escola e comunidade.

Palavras-chave: Leitura, Aluno, Interação.

411
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

ANÁLISE DE ATIVIDADE DE LÍNGUA MATERNA À LUZ DOS


PRESSUPOSTOS SOCIOCOGNITIVISTAS DA LINGUAGEM

Francisco Igor Albuquerque Dantas


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Maria Helenice Araújo Costa


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Neste trabalho, analisamos uma atividade voltada para o ensino de Língua


Portuguesa à luz das teorias sobre o texto como evento comunicativo
(BEAUGRANDE, 1997) e como organizador das relações sociais
(BAZERMAN, 2004); do conceito de contexto (HANKS, 2008); de leitura
complexa (FRANCO, 2011) e do ensino com foco na aprendizagem
(COSTA, 2010), a fim de verificarmos como a forma de abordagem do texto
nessa atividade reflete as novas perspectivas teóricas da linguagem expressas
nesse referencial teórico. Para nossa pesquisa, escolhemos as aulas 6 e 7
(seção Arte e cultura), da revista Siaralendo – material didático destinado aos
alunos do nono ano das escolas públicas estaduais do Ceará. A atividade
consta de dez questões, das quais destacamos, para fins de exemplificação da
nossa análise, a primeira, a quinta e a sétima questões, pois acreditamos que
elas abrangem melhor os objetivos propostos no manual do professor, pondo
o aluno como agente no processo de aprendizagem. Os resultados da nossa
análise mostraram que a atividade está de acordo com as noções teóricas
apresentadas, tornando o aluno capaz de acionar conhecimentos diversos para
a construção do sentido do texto que é explorado na atividade, de estabelecer
conexões com outras disciplinas e de posicionar-se criticamente diante do
assunto abordado. Ademais, o manual do professor também colabora para a
interação com o aluno, pois na medida em que propõe objetivos a serem
alcançados pelos discentes, apresenta o conteúdo temático e o textual-
linguístico, comenta as respostas que podem ser discutidas com o aluno, pois
não estão presas puramente à materialidade textual. Portanto, concluímos que
a atividade do material didático atende às necessidades atuais de um ensino
voltado para as práticas sociocognitivas e interacionais, com foco na
aprendizagem do aluno.

412
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

Palavras-chave: Ensino, Sociocognitivismo, Texto.

O USO DOS TEXTOS COMO UNIDADE BÁSICA NO ENSINO-


APRENDIZAGEM DA LÍNGUA E LINGUAGEM NAS SÉRIES
FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DAS ESCOLAS PÚBLICAS
DA AÇAILÂNCIA-MA

Rafaete de Araújo
Secretaria Municipal de Educação de Açailândia (SME - MA)

O ensino de língua portuguesa é motivo de diversos estudos e debates,


relacionado ao fracasso em escrita e leitura, como também o ensino distante
da realidade dos falantes nativos. Com base em Bortoni-Ricardo (2009) o
estudo é pautado na utilização do texto no ensino-aprendizagem de língua
portuguesa como mecanismo de desenvolvimento da língua e da linguagem
nas séries finais do ensino fundamental. Realizamos uma discussão sobre o
processo de comunicação, diante do desenvolvimento de capacidades de
interação, previstas pelas avaliações nacionais (BRASIL, 2002), envolvendo
língua, fala e linguagem, definições fundamentadas nas teorias de Saussure
(1969), Bagno (1999) e Luft (2002); as concepções de ensino de língua e
linguagem, e o texto e suas características segundo Koch & Travaglia (
1989). Durante o estudo foram utilizados os métodos qualitativos e
quantitativos, para desenvolver conceito, percepções e entendimentos sobre a
situação da prática docente de língua portuguesa nas séries finais do ensino
fundamental nas escolas públicas e a identificação e apresentação de dados a
partir de amostragem escolar, sendo aplicado um questionário aos professores
em atividade, forma de refletir sobre ação docente; e aos alunos, um pequeno
teste de leitura e reflexão linguística com base nos descritores do SAEB e o
cruzamento com os dados nacionais de aprendizagem das escolas
participantes. Os resultados demonstraram uma contradição na prática e nas
teorias transmitidas pelos profissionais, como também nas informações
coletadas na pesquisa com os alunos, em que apresentaram resultados
distantes do exigido pelo sistema. Concluindo que, para um resultado eficaz,

413
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

o ensino-aprendizagem de língua e linguagem deve ocorrer por meio de


textos, como na prática de leitura para familiaridade com diferentes espaços e
usos linguísticos, sendo indispensável o contexto social na sala de aula,
interdisciplinaridade, intertextualidade e o envolvimento com a língua em
uso, processo mutável e variável.

Palavras-chave: Ensino, Língua, Textos.

ASPECTOS CULTURAIS NO ENSINO DE SEGUNDA LÍNGUA: UMA


ANÁLISE DO USO DO GÊNERO PROVÉRBIO NO ENSINO DE
PORTUGUÊS COMO L2 PARA SURDOS

Elton John de Almeida Silva


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Wesley Magalhães Viana


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Compreender as realizações da linguagem vai muito mais além de


simplesmente decifrar códigos. Efetivamente, a construção de sentidos está
intimamente atrelada aos aspectos culturais e às vivências de cada indivíduo.
Em razão disso, para o domínio pleno de uma língua, importa muito mais o
conhecimento de suas particularidades culturais e contextuais do que somente
o domínio de seu vocabulário, visto que os falantes de qualquer língua podem
utilizar discursos em que os sentidos não estão expressos literalmente na
mensagem, como acontece no discurso metafórico. O que torna essas
questões importantes para o ensino de segunda língua, especialmente para
alunos surdos, é que, apesar de estarem–– “imersos” em duas culturas — a
surda e a ouvinte —, eles não assimilam naturalmente os aspectos
linguísticos e culturais da comunidade ouvinte. Tendo essa informação como
base, este trabalho pretende analisar a aquisição do português como segunda
414
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

língua, na perspectiva de alunos surdos, através do uso do gênero provérbio,


que adquire importância pedagógica nesse cenário, especialmente por ilustrar
traços culturais da língua e transmitir conhecimentos que ultrapassam o
sentido literal das palavras, focando na assimilação da língua de acordo com
o modo que ela se manifesta na cultura-alvo. Para a análise dessas questões, o
presente trabalho está embasado em autores como Lima (2001), Faria (2003)
e Paula (2009). Serão abordadas concepções teóricas e metodológicas, assim
como a problemática que surge em decorrência do processo de ensino dessa
modalidade textual para alunos surdos, resultante não apenas das diferenças
linguísticas e culturais entre surdos e ouvintes, mas também da visão de
mundo peculiar a cada um deles. Como resultado, ressaltamos o contato dos
aprendizes com uma linguagem mais informal e a possibilidade de eles
ampliarem sua visão sobre a cultura e as significações da língua em
aprendizado.

Palavras-chave: Português como L2, Ensino para surdos, Provérbios.

UTILIZAÇÃO DE LIVRO JOGO COMO FERRAMENTA DE


INCENTIVO À LEITURA DE ALUNOS DO ENSINO
FUNDAMENTAL: UMA EXPERIÊNCIA NUMA ESCOLA PÚBLICA
DE MACEIÓ, ALAGOAS

Antônio Carlos Santos de Lima


Instituto Federal de Alagoas (IFAL)

Marici Lopes da Silva


Instituto Federal de Alagoas (IFAL)

A partir da consideração de que a leitura se apresenta como fator


imprescindível para assegurar ao sujeito uma formação que contemple várias
dimensões da vida humana, é consenso que a escola exerce papel importante
no oferecimento de oportunidades de leitura aos alunos. Entretanto, sabemos
415
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

que tanto no Brasil como em outras partes do mundo, essa questão é bastante
complexa, pois resultados de exames em nível nacional e internacional
demonstram que a escola não tem conseguido, de forma exitosa, dar conta da
função de incentivar e desenvolver a habilidade da leitura nos seus alunos.
Daí, surge a necessidade de se desenvolver estratégias que favoreçam o
interesse pela leitura, sobretudo na sala de aula, lugar por excelência onde
deve ocorrer a aprendizagem (BRASIL, 1996). Nesse sentido, a escola é
capaz de promover práticas de estímulo e desenvolvimento da leitura nos
seus alunos. Para isso, basta implementar ações que favoreçam tais práticas.
Um estudo realizado por Lima (2015) constatou que a utilização de livros
jogos se tornou uma experiência eficaz na promoção de incentivo à leitura e,
como consequência, a consecução da aprendizagem Assim, nasceu essa
proposta de trabalho, investigativa e interventiva, cuja finalidade foi
contribuir para minimizar a problemática pela qual passa a leitura. O presente
trabalho teve como objetivo analisar a eficácia da utilização de livros jogos
como ferramenta de incentivo à leitura de alunos de uma escola da rede
pública estadual da cidade de Maceió, Alagoas. A partir de levantamento
prévio de assuntos/temas de interesse desses alunos, e com a ajuda de
literatura pertinente, um livro jogo foi construído para ser lido por esses
alunos em experiência de leitura nas quais foram registradas, em diário de
campo, as impressões dessas experiências a fim de avaliar a eficácia desse
instrumento como incentivador de leitura.

Palavras-chave: Aprendizagem, Leitura, Livro Jogo.

416
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

O GESTO DE REGULAÇÃO NO ENSINO DO GÊNERO RESUMO


EM UMA TURMA DO ENSINO FUNDAMENTAL II

Luana Aquino da Costa


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Márcia Andréa Almeida de Oliveira


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Neste estudo, temos como objetivo investigar e descrever o gesto didático de


regulação e refletir a respeito da relação entre ele e o gênero resumo, bem
como analisar o impacto das regulações realizadas pelo professor na
aprendizagem dos alunos. Para o presente trabalho, tomamos como base a
noção de gestos didáticos de acordo com Aeby-Daghé e Dolz (2008),
Nascimento (2011) e Oliveira (2012 e 2013), autores esses que estabelecem
uma relação entre os objetos de ensino e os movimentos didáticos
reguladores da transformação das significações atribuídas aos objetos
ensinados aos alunos, isto é, os gestos didáticos fundadores e específicos.
Como referencial teórico, baseamo-nos também nos estudos de avaliação
realizados por Condemarín e Medina (2005), Marcuschi e Suassuna (2006),
Hadji (2011), Hoffman (2014) e Fernandes (2008) e na concepção de escrita
de Koch e Elias (2014). Em relação aos dados coletados, inicialmente,
observamos e gravamos, em áudio, aulas de uma turma do 9° ano do Ensino
Fundamental II da rede privada de ensino e, posteriormente, fizemos as
transcrições das aulas em que foi ensinado o gênero resumo. Com base na
análise dos dados, percebemos que ocorrem regulações internas, isto é,
aquelas que acontecem por meio de testes, e também regulações locais, as
quais se caracterizam pela intervenção do professor durante as aulas em favor
da construção de um saber comum sobre o objeto ensinado. Verificamos
ainda que os saberes regulados, na maioria das vezes, são de natureza
ortográfica, sendo raramente contemplados aqueles relacionados ao gênero
resumo, como: síntese, referência ao autor e ao título do texto.

Palavras-chave: Gesto de Regulação, Ensino do Gênero Resumo, Ensino


Aprendizagem da Escrita.

417
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

BACIAS ATRATORAS, EMERGÊNCIA E ACONSELHAMENTO


LINGUAGEIRO: A TEORIA DA COMPLEXIDADE NA
APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS

Isabelly Raiane Silva dos Santos


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Este pôster procura descrever a trajetória de aprendizagem de uma estudante


de língua inglesa dos Cursos Livres de Línguas Estrangeiras (CLLE) da
Universidade Federal do Pará (UFPA) observando dois aspectos pertinentes
ao paradigma da complexidade: os atratores e a emergência de novos
comportamentos. O crescimento significativo de trabalhos sob a luz da teoria
da complexidade, principalmente no exterior, contribui para o entendimento
do ensino e da aprendizagem de línguas a partir de um novo prisma. Esta
pesquisa de iniciação científica busca evidenciar a interdependência dos
aspectos contidos em seu sistema adaptativo complexo, como motivação,
autonomia, crenças, afetividade, identidade, entre outros. Para consolidação
da pesquisa foi necessário descrever a trajetória desta aprendente, tendo como
meio para coleta de dados, a realização de sessões de aconselhamento
linguageiro, prática que envolve o processo de ajudar aprendentes a
direcionar sua própria aprendizagem, a fim de torná-los mais autônomos
(MYNARD, 2012). Para isso, foram utilizados instrumentos como: registros
escritos, questionários, teste de estilos de aprendizagem, produções da
aconselhada, narrativas e relatos orais. Por meio da perspectiva defendida por
Larsen-Freeman (1997), Van Lier (2004), Martins e Braga (2006) Larsen-
Freeman e Cameron (2008) e Paiva (2014) conseguiu-se descrever a
trajetória da participante verificando diversos agentes e elementos presentes
em seu sistema, e ainda, identificar os atratores, principalmente relacionados
às crenças sobre a aprendizagem. A partir disso, verificou-se um bloqueio que
afetou sua motivação e a impediu de buscar novos modos de aprender. Além
do mais, foi possível observar inúmeras características dos sistemas
adaptativos complexos, por exemplo: imprevisibilidade, dinamicidade, não-
linearidade, entre outras. A compreensão de um sistema de aprendizagem nos
permite constatar de maneira holística a relação da aquisição de segunda
língua com o paradigma da complexidade.

Palavras-chave: Atratores, Emergência, Aprendizagem de línguas.


418
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

GÊNEROS TEXTUAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL: CONCEPÇÃO


DOCENTE, PRÁTICAS DE ENSINO E POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES
NO LETRAMENTO DOS ALUNOS

Jéssica Rodrigues de Queiroz


Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Diversos estudos demonstram a relevância dos gêneros textuais, no âmbito


do ensino de língua materna, para a formação de sujeitos leitores e produtores
de texto competentes, capazes de utilizarem os diversos gêneros de acordo
com o contexto e a situação em que estão inseridos. Entretanto, no contexto
escolar o trabalho com os gêneros textuais ainda é muito lacunar em função
das várias dificuldades enfrentadas pelos docentes, quanto à definição do que
são gêneros textuais e quanto à forma de trabalhá-los em sala de aula, bem
como entre a diferença dos conceitos de gêneros e tipos textuais, o que tem
refletido, negativamente, na aprendizagem da língua materna. Tendo em vista
essa realidade, a pesquisa em andamento, desenvolvida em um Curso de
Especialização em Educação Básica (UFCG), fundamenta-se teoricamente
em Coscarelli (2007), Hila (2009), Marcuschi (2003), Miranda (2015),
Pirozzi (2011) e investiga o trabalho com os gêneros textuais nos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental em escolas do município de Campina
Grande-PB, verificando as concepções dos professores acerca dos gêneros, a
metodologia usada em sala de aula para explorar a leitura e a escrita dos
mesmos e os possíveis efeitos no letramento dos alunos. Para tanto,
realizamos entrevistas com os docentes colaboradores da pesquisa,
observamos suas aulas, planos de Curso e atividades produzidas pelos alunos.
Os resultados apontam para o fato de que as perspectivas teóricas adotadas
pelos docentes influenciam diretamente em suas práticas de ensino e trazem
consequências para a expansão das práticas letradas dos alunos.

Palavras-chave: Gêneros textuais, Concepção docente, Práticas de ensino.

419
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

Eixo temático 3:
Ensino e aprendizagem de línguas: Aquisição de língua
estrangeira em situações de plurilinguismo.

A CONSCIÊNCIA DA PLURALIDADE: EXPOSIÇÃO DAS


VARIANTES LINGUÍSTICAS DO ESPANHOL PARA ESTUDANTES
DO ENSINO SUPERIOR

Natália Silva Celestino


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Com este trabalho objetivamos compartilhar a experiência e os resultados da


aplicação de um minicurso sobre as variantes linguísticas do espanhol
desenvolvido como projeto da monitoria (PID/UFC) para os alunos dos
semestres iniciais de Letras Espanhol da Universidade Federal do Ceará,
além de discutir a relevância da formação de professores para a consciência
da pluralidade linguística. Para tanto, partimos da distinção entre espanhol
peninsular e americano, estabelecimento de diferenças morfossintáticas,
lexicais e de pronúncia, e de Haensch (2001; 2002), da classificação em
variação diafásica, diastrática, diatópica; a diferenciação entre língua falada e
escrita, sob a análise de Abad (2008), das destrezas linguísticas desde
Widdowson (1991), da reflexão sobre a pluralidade da língua espanhola
desde a perspectiva de Barros e Goettenauer (2007), da teoria da elaboração
de sequência didática de Dolz et al. (2004) e de materiais didáticos de Leffa
(2003), construindo a base teórico-metodológica para a investigação. Com
este embasamento, elaboramos e desenvolvemos as atividades para o
minicurso, as quais apresentamos neste trabalho, a saber: atividades orais,
leitura de textos e audição, direcionadas à identificação dos tipos de variação
analisados: lexical, fonológico e morfossintático, atentando às características
que os subjazem, como aspectos históricos e socioculturais. Por fim,
discutimos a importância do trabalho de conscientização sobre a pluralidade
linguística da língua espanhola durante a formação de professores de
espanhol como língua estrangeira, para que os futuros professores de ELE
não se limitem ao conhecimento de uma única variante, uma vez que, nesse
420
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

processo, o discente tem mais autonomia de escolha da variante de que se


apropriará e consciência de que, na variação, a fatores linguísticos
relacionam-se fatores culturais. Para que ao tornar-se professor, possa
também partilhar com o alunado as diversidades da língua ensinada.

Palavras-chave: Variação linguística, Espanhol como língua estrangeira,


Conscientização linguística.

DISCUTINDO IDENTIDADES SEXUAIS E DE GÊNERO A PARTIR


DA TEORIA QUEER: EM BUSCA DE NOVAS PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS NAS AULAS DE INGLÊS

Cibele Márcia Aparecida Barros Guimarães


Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Caetité)

O objetivo deste estudo consiste em discutir a abordagem da Teoria Queer no


âmbito da educação, especialmente nas aulas de inglês. Considera-se que
abordar questões sobre sexualidade na prática educacional é um grande
desafio presente na sociedade brasileira como um todo, pois é bastante
recorrente no imaginário social a ideia de que as relações sexuais humanas
são naturais, pautando-se, muitas vezes, em doutrinações religiosas e/ou em
estudos arcaicos e simplificadores. Por conseguinte, é notório que existe uma
resistência em discutir tal assunto em ambientes escolares. Nesse sentido,
pretende-se tratar de experiências de alunos homossexuais no processo de
construção de sua identidade dentro do ambiente acadêmico, mais
especificamente na área do ensino de língua inglesa. Trata-se de um estudo de
caso que terá como instrumento de coleta de dados duas narrativas
produzidas por graduandos de um curso de Letras com Inglês de uma
universidade estadual do interior da Bahia. Através dessas narrativas, intenta-
421
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

se discutir se as aulas do curso em questão abrem espaço para que


estereótipos sexuais possam ser desconstruídos. Este estudo se fundamenta na
Teoria Queer, cujas discussões problematizam normatividades sexuais e
contribuem para o conhecimento de aspectos culturais relacionados ao
processo de ensino e aprendizagem de inglês. Entre os autores que servem
como base teórico-metodológica, ressaltam-se Richard Miskolci, Luciana
Lins Rocha e Guacira Lopes Louro, que têm aprofundado conceitos e
experiências referentes à sociedade brasileira. Espera-se, através desta
pesquisa, ampliar e enriquecer as discussões sobre o tema em questão, no
intuito de buscar mudanças significativas no que diz respeito às implicações
da desconstrução dos estereótipos sexuais nas práticas pedagógicas nas aulas
de língua inglesa.

Palavras-Chave: Língua Inglesa, Homossexualidade, Teoria Queer.

ESCOLHAS LEXICAIS E(M) REFERENCIAÇÕES DE UM


(TRANS)GÊNERO: PREOCUPAÇÕES DISCURSIVAS

Jackson Souza Costa


Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

Neste Pôster, focalizamos nosso olhar para referenciações relativas à


sexualidade e, nessa medida, para discussões que evocam (d)efeitos de
sentido decorrentes de escolhas lexicais e(m) situações de interação. Em
tempos de crescente conservadorismo acerca dos papéis sociais agenciados
pelos sujeitos nos dia a dia interacionais nos domínios público e privado das
relações humanas, isso se revela um conhecimento caro a todo sujeito de
linguagem. Assim, no mote de ressignificar termos tidos como ofensivos, tal
como a teoria queer que se apropria do termo que a nomeia, acaba por
transformá-lo, devolvendo-o como crítica à normalização – venha ela de onde
vier (LOURO, 2001). Daí escolhermos o instrumento de pesquisa grupo focal
422
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

para uma reflexão na universidade relativa às diferentes identidades sociais


que se voltam para a referenciação de termos como expressão de gênero,
gênero, identidade de gênero e orientação sexual. Como
interlocutores/sujeitos da pesquisa, temos um grupo de estudantes do 1º ano
do ensino médio de uma escola pública estadual no interior da Bahia, na qual
o pesquisador atua como bolsista do PIBID. Todos os sujeitos se
autocandidataram frente ao convite do bolsista para o debate. Trechos do
filme “Bichas, o documentário” foram utilizados como ponto inicial de uma
roda de conversa registrada em vídeo e transcrita posteriormente para compor
o corpus da pesquisa. Baseando-se em estudos como de Marcuschi (2004),
Louro (1997) e Foucault (1988), analisamos discursivamente a transcrição do
grupo focal que nos indicia aspectos interessantes no que respeita as relações
palavra-mundo, desafios referenciais no e para o empoderamento dos sujeitos
e da desmarginalização das diversas formas de arrumação sexual, de gênero e
afins (BIRMAN, 1991).

Palavras-chave: Discurso, Escolhas lexicais, Gênero.

DIVERSIDADE DE GÊNEROS E(M) REFERENCIAÇÃO:


REFLEXÕES DE/PARA UMA FORMAÇÃO (CADA VEZ MAIS)
CIDADÃ DO ALUNO

Danilo Pinheiro Lessa Alves


Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

Compreendendo a escola como um microcosmo da sociedade e, portanto,


como lugar interacional e institucional para se lidar com o outro/Outro e
também com a diferença, integram a esse processo auto e alter agenciamento
de representações sociais, imagens e identidades. Dentre essas imagens e
identidades, focalizamos a temática da questão do gênero do indivíduo, bem
como a grande diversidade implícita em referenciações da categoria. Neste
Pôster, publicizamos resultados de uma pesquisa qualitativa (Flick, 2001;
Minayo, 2005) em que lidamos com dados advindos da observação de
423
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

inspiração etnográfica vivenciada em escolas-campo de iniciação à docência


das quais atuam os bolsistas do PIBID-Inglês. Aqui, para esta apresentação,
analisamos discursivamente a transcrição de posições de 3 sujeitos (alunos do
ensino médio de escolas públicas estaduais do interior baiano) que registram
o recorrente e o episódico de um todo maior do nosso trabalho com o gênero
entrevista. A interpretação dos dados - em interlocução com discussões de
Freire (2006), Louro (1991) e Orlandi (1991), dentre outros - aponta para um
sujeito social/de linguagem com pouca autonomia enunciativa, que se
silencia ou é silenciado frente a (suas e/ou de outros) comportamentos
discursivos no âmbito escolar que se vinculam a gênero. Referenciações às
identidades e expressões de gênero, necessárias à uma formação cidadã,
acabam ocorrendo sempre marginalmente e quando são objetos de discurso
nos discursos didático e pedagógico acabam por revelar mostras de situações
de “exclusão” das diferentes expressões de gêneros, bem como apresentar os
argumentos e/ou princípios de uma sociedade tradicional que as mesmas
adotam como adequados e fomentar maneiras de inserção da diversidade de
gêneros no âmbito escolar.

Palavras-chave: Silêncio, Diversidade de gênero, Letramento crítico.

O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NORTEADO PELOS GÊNEROS


TEXTUAIS E PELA SEQUÊNCIA DIDÁTICA: REFLEXÕES PARA A
PRÁTICA DOCENTE

João Cleber Santana Meira


Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Daniela Moreira Duarte


Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Diante de um cenário onde percebemos que os conteúdos da disciplina de

424
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

língua inglesa são aplicados de maneira isolada e pouco criativa, pretende-se


com esse estudo refletir sobre práticas docentes contextualizadas e criativas,
capazes de desenvolver as habilidades comunicativas sem menosprezar o
estudo gramatical, a estrutura da fala, e a realidade social dos aprendizes,
além disso, almejamos refletir de que maneira os gêneros textuais e a
sequência didática podem contribuir no processo de aquisição de língua
inglesa. Dessa forma, faz-se necessário buscar novas práticas de ensino no
intuito de melhorar essa realidade. Para aperfeiçoar esse estudo apegaremo-
nos a autores da área como: Celani (2009), Dolz (2004), Bronckart (2006),
Bakhtin (2000), entre outros, que tomaremos como base. Dolz, Noverraz e
Schneuwly (2004) orientam que uma sequência didática deve ser edificada
em quatro etapas, são elas: 1) a apresentação da situação; 2) a produção
inicial (ou primeira produção); 3) os módulos; e 4) a produção final. A
sugestão de trabalho com uma sequência didática, tem por objetivo
desenvolver nos aprendizes a capacidade de explorar e conhecer gêneros que
eles ainda não dominam, ou que precisam aprender de forma mais autônoma.
De forma resumida, a apresentação da situação vem a ser o momento em que
o projeto comunicativo é apresentado, introduzido e refletido. A partir da
produção inicial o professor poderá adquirir dados preciosos para melhorar e
dinamizar o ensino. Assim, os módulos são arquitetados com atividades
diversificadas motivando os alunos para um trabalho instrumentalizado com
o gênero escolhido. Na etapa da produção final, é o momento do estudante
apresentar os conhecimentos que foram conquistados após essas explorações
e atividades. Por meio desse estudo que ainda está em andamento, esperamos
contribuir com os docentes de língua inglesa que também estão nessa jornada
buscando novas práticas de ensino para essa disciplina.

Palavras-chave: Práticas de Ensino, Gêneros Textuais, Sequência Didática.

425
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NO ADVENTO DAS TIC: O


OLHAR DOS PROFESSORES

Sueli Fernandes Carneiro Marinho Ferreira


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)

Esta comunicação reflete sobre o uso pedagógico das tecnologias no ensino


da Língua Inglesa no contexto educacional, a partir do olhar dos professores
dessa disciplina. A pesquisa foi realizada com quatro professores que
ministram a disciplina de inglês na Escola de Ensino Fundamental e Médio
CAIC Maria Alves Carioca - Município de Fortaleza – CE. O objetivo foi
investigar qual o olhar que os professores, desta instituição de ensino, têm
sobre as TIC como recurso didático pedagógico em sala de aula. Os
resultados mostraram que, se as TIC considerarem os interesses e as
necessidades dos/as educandos/as, ou melhor – para beneficiar e favorecer o
aprendizado da língua inglesa dos estudantes de forma livre e responsável no
processo de construção do conhecimento – pode despertar nos mesmos o
gosto pela LI. Afirmamos que, os docentes estão abertos à mudança e
experimentam uma nova modalidade de trabalhar os conteúdos articulados.
Visando a identificação e análise dessas representações sociais, concluiu-se
que a imagem sobre o ensino da LI no advento das TIC encontra-se
diretamente ancorado nas relações cotidianas que se estabelecem entre
professor e aluno. Para isso, nos respaldamos na leitura minuciosa da
literatura de Schütz (2009), Siqueira (2014), Figueredo (2008), krashen
(1988), dentre outros autores/pesquisadores fundamentais para o alcance dos
objetivos desta pesquisa, que explanam a relevância do ensino da língua
inglesa alicerçados nas TIC. Destarte, salienta-se também que as TIC, quando
utilizadas como ferramentas de apoio, de forma adequada, gera aprendizagem
significativa, com possibilidade de aumento na criatividade e na motivação
dos alunos, ou seja, a aula se torna mais dinâmica e interativa. Portanto,
pudemos verificar que alunos e professores passaram a ver com outro viés o
ensino-aprendizagem de forma inovadora, utilizando os recursos
tecnológicos.

Palavras-chave: TIC, Língua inglesa, Ensino-aprendizagem.


426
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

INTEGRANDO INGLÊS, MÚSICA, DANÇA E JOGOS: UMA


PROPOSTA MULTIMODAL DE ENSINO DE LÍNGUA INGLESA
PARA CRIANÇAS EM UM CONTEXTO NÃO ESCOLAR

Angélica Araújo de Melo Maia


Universidade Federal Da Paraíba (UFPB)

Jonathan Feitosa Ferreira


Universidade Federal da Paraíba(UFPB)

Desde 1998, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino fundamental


preconizam que o ensino de língua estrangeira nesse nível deve estar a
serviço de um processo educativo que promova a integração dos vários
espaços educacionais da sociedade e favoreça a pluralidade cultural, o avanço
do conhecimento e um melhor convívio social (BRASIL, 1998). Da mesma
forma, considerando a multiplicidade de modalidades de linguagem que
circulam no mundo atual, os PCN têm como um dos objetivos para o nível
fundamental utilizar linguagens diversas e plurais, como a verbal, musical,
matemática, gráfica, plástica e corporal, que sirvam para criar, expressar e
comunicar ideias, bem como interpretar e usufruir de produções culturais,
com contextos públicos e privados. Apoiado nesses princípios, este trabalho
busca descrever uma experiência de ensino e aprendizagem da língua inglesa
em um espaço não escolar, que se desenvolveu como projeto de extensão da
Universidade Federal da Paraíba. Nessa experiência, foram utilizados, entre
outros recursos, música, jogos, artes e a dança com o intuito de proporcionar
uma vivência de aprendizagem de inglês que ampliasse as possibilidades
comunicativas, culturais, estéticas, sociais e críticas dos participantes. O
projeto foi realizado em uma organização não governamental e dele
participaram 19 crianças entre 8 a 10 anos, que compareceram no contraturno
do horário escolar para aulas de 90 minutos durante 10 semanas. No pôster,
explicitaremos os princípios da multimodalidade no ensino-aprendizagem de
línguas que nortearam o planejamento das atividades lúdicas, musicais e
artísticas com foco na língua inglesa (COPE, KALANTZIS, 2000;
HEBERLE, 2010,2012; ROJO, 2009). Em seguida, descreveremos os
critérios para o desenvolvimento do material didático e analisaremos uma das
427
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

aulas temáticas, buscando identificar como os recursos multimodais


utilizados serviram para ampliar a visão de mundo e vivência sociocultural
dos participantes, assim como possibilitaram o aprendizado da língua alvo de
forma dinâmica e contextualizada.

Palavras-chave: Multimodalidade, Ensino da língua inglesa, Espaço não


escolar

O ENSINO E A APRENDIZAGEM DA LEITURA EM LÍNGUA


INGLESA: UMA PROPOSTA DIDÁTICA

Matheus Alencar da Silva


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Dayane da Paixão Carneiro


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Rosana Assef Faciola


Universidade Federal do Pará (UFPA)

A leitura em língua estrangeira é considerada por muitos como uma das


habilidades mais acessíveis de se desenvolver. No entanto, controversas são
as opiniões de professores acerca das dificuldades que envolvem o ensino e a
aprendizagem da leitura em Inglês como língua estrangeira. Importa
considerar que mesmo cercados por textos escritos em língua inglesa, há
alguns fatores desafiadores no seu ensino e na sua aprendizagem. De acordo
com Oliveira (2015), essas dificuldades vão desde as que envolvem o campo
da linguística textual até as de leitura que esses alunos possam apresentar em
sua própria língua materna e que podem ser facilmente transferidas para o
uso desta habilidade na língua estrangeira. Diante disso, as estratégias de
428
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

leitura tornam-se grandes auxiliares para os estudantes de Inglês, pois elas


“são tentativas deliberadas e direcionadas a uma meta para controlar e
modificar os esforços do leitor para decodificar o texto, entender as palavras
e construir sentidos para o texto” (OLIVEIRA, 2015). O objetivo deste
estudo é mostrar como o uso de estratégias de leitura pode facilitar o ensino e
simplificar a aprendizagem desta habilidade, mesmo em níveis básicos. Para
alcançar este objetivo, uma proposta de atividade de leitura em sala de aula
de nível básico é apresentada para ilustrar de que forma essas estratégias
podem ser utilizadas e quais são os benefícios esperados para melhorar as
habilidades de leitura. Os resultados mostraram que, durante essa atividade,
os alunos puderam desenvolver o uso de estratégias propostas por estudiosos
da área do ensino da língua Inglesa (Nunan, 1998), como exemplo, a de fazer
uso dos conhecimentos anteriores e experiências de vida para predizer o
conteúdo do texto, entre outras.

Palavras-chave: Leitura em língua Inglesa, Estratégias de leitura, Ensino e


aprendizagem.

ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS EM


CONTEXTOS MULTILÍNGUES: EVIDÊNCIAS DE UM ESTUDO DE
CASO SOBRE AS CRENÇAS DE FALANTES DE POMERANO
APRENDIZES DE INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

Maria Carolina Porcino


Instuto Federal do Espírito Santo (IFES)

Livia Melina Pinheiro


Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Kyria Finardi
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

429
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

Finardi e Porcino (2015) investigaram crenças de alunos do ensino médio


sobre o aprendizado de línguas estrangeiras em uma comunidade capixaba
onde há muitos imigrantes pomeranos. Resultados desse estudo mostraram
que os alunos dessa comunidade sentem dificuldade em relacionar o ensino-
aprendizado de línguas estrangeiras com a possibilidade de atuar de forma
local (por meio do pomerano) e global (por meio do inglês) por meio das
línguas estrangeiras. Partindo dos resultados desse estudo, esta pesquisa
objetiva investigar de que forma(s) a língua inglesa é vista por alunos falantes
do pomerano em um comunidade capixaba próxima à comunidade onde os
dados de Peruzzo (2014), reportados em Finardi e Porcino (2015) foram
coletados. Outro objetivo do estudo é refletir de que maneiras essas crenças e
a cultura pomerana podem influenciar o processo de ensino-aprendizagem do
inglês como língua estrangeira nesse comunidade. Com esse fim o estudo faz
uma revisão de literatura sobre políticas linguísticas e o ensino de línguas
estrangeiras no Brasil e no Espírito Santo e revisa estudos sobre
multilinguismo e o ensino e aprendizado de línguas estrangeiras em contextos
multilingues. A metodologia da pesquisa é mista e viabiliza-se por meio da
aplicação de questionários e realização de entrevistas coletivas com alunos de
inglês, falantes de pomerano, em uma comunidade capixaba onde há muitos
imigrantes pomeranos. Resultados preliminares sugerem que há uma
identificação dos alunos com a língua inglesa por conta de uma proximidade
do pomerado com essa língua ainda que eles não vejam oportunidades de
usos locais e globais dessas línguas, corroborando resultados de Finardi e
Porcino (2015).

Palavras-chave: Crenças, Ensino aprendizagem de línguas estrangeiras,


Contextos multilíngues.

430
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

Eixo temático 4:
Ensino e aprendizagem de línguas: Políticas
linguísticas.

KIT “ESCOLA SEM HOMOFOBIA” E ENSINO DE LÍNGUA


PORTUGUESA: ENFRENTAMENTOS E POSSIBILIDADES DE
TRABALHO

Mábsom Silva Lemes


Universidade Estadual de Goias (UEG)

O kit “escola sem homofobia” foi pensado de 2008 a 2011 com o objetivo
principal de combater a homofobia no contexto escolar. O kit é formado de
um caderno, seis boletins (BOLESHS) três audiovisuais e dois DVDs com
seus respectivos guias, um cartaz e cartas de apresentação para os gestores e
os educadores. Entretanto em 2011 a sua distribuição foi vedada pelo MEC,
cedendo a pressões da bancada evangélica do Congresso Federal. Neste
trabalho, objetivamos analisar possibilidades de trabalho com os seis boletins
(BOLESHS) de forma estabelecer um enfrentamento a homofobia no
contexto escolar. Para tanto, ancorar-nos-emos nas noções de “Sujeito”,
“Discurso” e “Corpo” em Foucault (1996, 2008, 2011), “Corpo Anormal”
Courtine (2012), presentes na Análise do Discurso Francesa em diálogo com
a Linguística Aplicada, notadamente, a partir das noções de “Identidade”
Moita Lopes (2010, 2011) e “Ensino de Língua Materna” Coracini (1999).
Pensar a construção do corpo nos é cara neste trabalho, na mediada que
entendemos o corpo como uma materialidade construída historicamente e
formatada a partir de um regime de permissões e proibições. Pode-se dizer
que o kit tem por objetivo principal combater a homofobia no espaço escolar,
construindo uma noção de normalidade para o corpo homossexual nas
práticas sociais. Trabalhar com os seis boletins (BOLESHS) em sala de aula
visa possibilitar ao aluno o contato com identidades sexuais outras afim de
ressaltar a heterogeneidade social. Assim, ao abordar o corpo homossexual,
funda-se um ensino de língua portuguesa que pode ser mais responsável e
responsivo a questões de identidade sexual que são vividas na
431
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

contemporaneidade.

Palavras-chave: Ensino, Identidade, Homossexualidade.

Eixo temático 5:
Ensino e aprendizagem de línguas: linguagem e
tecnologias.

A CONTRIBUIÇÃO DOS LIVROS DIDÁTICOS PARA O


DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA COMUNICATIVA EM
ALUNOS DE PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA

Marisa Marisson de Oliveira Almeida


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Maria Erilan Costa Silva


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Roberto Vieira de Meneses


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

A necessidade de estabelecer uma comunicação eficaz com falantes de outras


línguas é o que motiva a aprendizagem e o ensino de línguas estrangeiras ao
redor do mundo. A procura por cursos de português língua estrangeira (PLE),
dentro e fora do Brasil, cresce devido ao desenvolvimento econômico e
político do país no cenário internacional. O Brasil é considerado como uma
futura potência econômica mundial, o que desperta o interesse em muitas
pessoas de aprender a língua portuguesa e a cultura brasileira. Diante do
desenvolvimento brasileiro, é grande o número de países, tais como a França,
a Argentina e os Estados Unidos, que estabelecem o português como língua
432
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

estrangeira a ser ensinada na escola de ensino de base e até mesmo em


universidades. Como o aprendizado do português se dá fora de um contexto
lusófono, o livro didático é um dos principais elementos que colabora para o
ensino e para a aprendizagem da língua portuguesa. Considerando as
contribuições de Canale (1990) e Hymes (1991) que definem a competência
comunicativa como a capacidade de o sujeito circular na língua-alvo, de
modo adequado, de acordo com os diversos contextos de comunicação
humana. Em meio à diversidade de materiais didáticos de PLE escolhemos
dois livros didáticos para analisarmos as atividades linguísticas que auxiliam
no desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos de PLE. Nosso
objetivo consiste em identificar como as atividades propostas nos livros
didáticos Novo Avenida Brasil e Falar, Ler e Escrever Português contribuem
para o desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos de PLE.

Palavras-chave: Português Língua Estrangeira, Competência Comunicativa,


Livro Didático.

LETRAMENTO DIGITAL: LEITURA E COMPREENSÃO DO


GÊNERO TEXTUAL INFOGRÁFICO

Lídia do Espírito Santo Santos Coelho


Instituto Federal do Maranhão (IFMA)

Luisyane de Maria Carlos Terrado


Instituto Federal do Maranhão (IFMA)

Investigação da leitura e compreensão do gênero textual infográfico no


processo de ensino-aprendizagem da língua portuguesa na era digital, uma
vez que este gênero é bastante utilizado pela mídia em notícias, reportagens e
em publicações de cunho científico e tecnológico. O desenvolvimento de
competências e habilidades de letramento desejáveis ao sujeito
falante\ouvinte e escrevente na contemporaneidade dá-se através de novas
433
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

dinâmicas de comunicação digital, a exemplo, o infográfico, que explica


conceitos, fenômenos, fatos históricos em geral, complementando um texto
ou apresentando-se de forma independente. O trabalho tem como objetivo
investigar os processos de leitura e compreensão do gênero infográfico
digital, observando os mecanismos e as dificuldades encontradas na leitura e
os níveis de compreensão do infográfico nas práticas de letramento em língua
portuguesa na educação básica. Para tanto, utiliza-se como fundamentação
teórica os estudos de Colle (1996), Bazerman (2006), Paiva (2009), Rojo e
Moura (2012), Rojo (2013), Coscarelli (2016) e Ribeiro (2016), dentre
outros. A pesquisa é de natureza mista (quali-quantitativa) e interpretativa,
com um viés metodológico de pesquisa-ação, o que possibilitará o
redimensionamento da dinâmica das atividades de testagem do gênero textual
analisado. Pretende-se também, no desenvolvimento da pesquisa, apresentar a
classificação da infografia como forma de compreender o percurso de
constituição do que hoje se conhece como gênero infográfico. Tem como
sujeitos alunos do 1º semestre do curso de Eletrotécnica Concomitante do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão/Campus
São Luís Monte Castelo. Espera-se, por meio da multimodalidade peculiar
aos gêneros digitais, desenvolver as habilidades de leitura e compreensão,
ampliando as possibilidades de uso da língua(gem) na (re)construção de
sentidos.

Palavras-chave: Infográfico, Letramento Digital, Tecnologia.

MULTIMODOS DE ENSINAR E APRENDER A LÍNGUA INGLESA:


CAMINHOS PARA UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E
MOTIVADORA

Clara de Carvalho Alexandre


Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Lorena de Araújo Barros e Silva


Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
434
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

Jailine Mayara Farias


Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

O ensino de língua inglesa atualmente procura incluir as diversas formas de


aprender (GARDNER, 1995) e vem sendo influenciado, cada vez mais, pelos
avanços no meios de comunicação e uso da tecnologia (FERRAZ, 2008),
oportunizando aos alunos que possuem diferentes estilos de aprendizagem
uma experiência autêntica, significativa e motivadora, a partir de uma
abordagem da linguagem em seu aspecto social e multimodal. Essa mudança
se reflete, portanto, em duas perspectivas: um professor que passa a ter novas
ferramentas de ensino e um aluno que tem novas preferências e motivações.
A tecnologia em sala de aula também permite que o docente saia da mesmice
dos métodos antigos de ensino e supremacia da linguagem verbal, e inove,
podendo abordar o conteúdo através de diferentes recursos (imagens,
músicas, gestos, sons, etc.), engajando os alunos e construindo o
conhecimento a partir das várias modalidades presentes no seu ambiente de
aprendizagem e na produção de sentidos, de forma a proporcionar
experiências na língua em seu aspecto social, dinâmico, interativo, criando
"ambientes condizentes e coerentes com o mundo em que vivemos hoje, um
mundo de palavras, imagens e sons: um mundo multimodal" (SILVA, s/d).
Neste sentido, o presente trabalho objetiva discutir a utilização de vídeos,
músicas, imagens, dança e jogos, na perspectiva da multimodalidade,
conectando-a à noção de inteligências múltiplas e diferentes estilos de
aprendizagem, a partir da experiência dos bolsistas quanto ao planejamento,
prática e análise de oficinas de língua inglesa para alunos do 8º e 9º ano da
Escola Municipal de Ensino Fundamental Frei Afonso, em turno oposto ao
escolar, desenvolvidas como ação de um projeto de extensão da Universidade
Federal da Paraíba. Buscaremos identificar os aspectos de multimodalidade e
novas tecnologias presentes na aulas ministradas e investigar como essa
perspectiva de ensino pode tornar a aprendizagem mais significativa e
motivadora para os alunos.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem de língua inglesa, Multimodalidade,


Estilo de aprendizagem.

435
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

Eixo temático 6:
Ensino e aprendizagem de línguas: Identidade e
representação de professores.

REFLEXÕES INICIAIS ACERCA DE MECANISMOS


DEFLAGRADORES DO SILÊNCIO E SILENCIAMENTO NA
INTERAÇÃO DIDÁTICA

Leilian França dos Santos


Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

Neste Pôster, publicizamos resultados de uma pesquisa que se volta à


compreensão de gestos de silêncio e silenciamento na interação didática em
salas de aula do ensino médio. Do ponto de vista metodológico, apoiamo-nos
numa metodologia qualitativa (Flick, 2001; Minayo, 2005) de inspiração
etnográfica, desse modo, observamos aulas de diferentes disciplinas e
professores do ensino médio. Nesta apresentação, organizamos dados
advindos de 04 aulas observadas em duas turmas de 1º ano do ensino médio
numa escola pública do interior baiano. Para a observação do agenciamento
da interação didática, foram escolhidos 03 professoras e 01 professor das
disciplinas Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Biologia. A variável
disciplina foi, portanto, considerada na e para interpretação das cenas de
aulas transcritas. Afinal, são duas profissionais de linguagens e uma das
ciências biológicas. Realizadas as investigações, nessa amostragem de aulas,
concluímos que os professores atualizam diferentes estratégias didático-
discursivas (Matencio, 2001; Modl, 2015) para lidar com dificuldades para
ocupar sozinho ou com tranquilidade enunciativa (sem reprimendas) o solo
da interação principal (Matencio, 2001). Os alunos, por sua vez, demonstram
de diferentes maneiras estarem ou não engajados às discussões na/da
interação principal. Microinterações ocorrem e recorrem, revelando um traço
da cultura escolar local, parecendo não se atrelarem à disciplina em
tematização na/da aula. Dentre as generalizações, por ora analisadas, temos
que: i) comportamentos demasiadamente indisciplinados de alunos,
manifestados por meio de microinterações entre pares, provoca o
silenciamento no professor; ii) a indiferença do aluno em relação aos objetos
436
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

de ensino da disciplina e mesmo à identidade enunciativa do professor


provoca silêncio (não engajado à aula, como desatenção) no aluno e iii)
posturas enunciativamente autoritárias do professor também geram
silenciamentos e silêncios entre os alunos.

Palavras-chave: Silêncio, Silenciamento, Interação didática.

SUJEITOS DOCENTES E(M) REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE


A (IN)DISCIPLINA ESCOLAR

Patricia Silva Santos


Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

Os estudos a respeito de, sobre e a partir de representações sociais


manifestam-se como importantes empreendimentos teórico-metodológicos
para a compreensão de como sujeitos significam o mundo à sua volta e de
como as suas práticas corriqueiras são/parecem ser reguladas, por meio
dessas significações (MOSCOVICI, 2015; JODELET, 2008). No interior do
campo escolar, muitos são os objetos de significação e a indisciplina não
escapa a essa realidade discursiva de toda e qualquer sala de aula como
espaço discursivo e palco da interação didática. Embora o fenômeno da
indisciplina - via comportamentos disciplinados e indisciplinados na sala de
aula e na escola - ainda mereça mais atenção, a nosso ver, uma pesquisa que
se paute nos problemas oriundos das práticas sociais – nesse caso, a aula – é
indiscutivelmente relevante para problemáticas relativas à cultura escolar
brasileira e para culturas/realidades escolares locais. Nossa experiência como
bolsista PIBID CAPES, vivenciada em diferentes escolas campo de iniciação
à docência, atesta que a indisciplina tem sido objeto de reflexão em torno das
discussões por parte do corpo docente e coordenação pedagógica. À vista
dessas percepções, objetivamos, neste Pôster, apresentar exemplos de
representações sociais acerca da indisciplina, a partir da análise discursiva

437
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

respostas ao instrumento de pesquisa questionário aberto, enunciadas por


professores (servidores públicos da rede de ensino estadual baiana). Como
corpus, analisamos, nesta apresentação, dez questionários respondidos por
professores de diferentes disciplinas que atuam no ensino médio em escolas
estaduais do interior baiano. A análise dos dados aponta para diferentes
representações sobre a indisciplina e evidencia, ao mesmo tempo, a validez
do estudo sobre as representações sociais no contexto escolar, posto em vista
que é necessário compreender as instâncias comportamentais que perpassam
as relações provenientes da sala de aula.

Palavras-chave: Representações sociais, Indisciplina, Sala de aula.

OCUPAÇÃO DAS ESCOLAS ESTADUAIS DO CEARÁ: O


MOVIMENTO ESTUDANTIL COMO INSTRUMENTO DE
EMANCIPAÇÃO E REAFIRMAÇÃO DE IDENTIDADES

Germana da Cruz Pereira


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Aline de Oliveira Viana


Universidade Federal do Ceará (UFC)

O movimento estudantil é uma forma de organização social de teor crítico e


emancipatório. No estado do Ceará, alunos do ensino médio iniciaram
processos de ocupação das escolas estaduais como forma de apoiar a greve
dos professores a fim de combater o descaso com a educação do estado e em
prol de melhores condições de trabalho para professores e de aprendizagem
para os estudantes. Dentre as estratégias adotadas, há a realização de aulas
diferenciadas, no formato de oficinas, e atividades culturais, além do uso da
tecnologia como instrumento de organização e de divulgação das atividades
realizadas. Ao adotar essas estratégias, observamos a ressignificação da

438
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

relação de ensino e aprendizagem que causa forte impacto na identidade de


professores e estudantes a partir de suas representações em fanpages e perfis
de redes sociais. Dessa forma, com esse trabalho objetivamos analisar como
professores e alunos estão sendo representados no site de rede social
Facebook. Para realizar este estudo, analisamos os discursos das postagens de
fanpages de ocupações, de professores grevistas e de jornais locais. Para
tanto, utilizamos como referenciais teóricos os Estudos Críticos do Discurso
de Teun A. van Dijk (2014), os conceitos de redes sociais na internet de
Recuero (2009), e de sociedade em rede e identidade de Castells (1997;2008),
além do conceito de representações sociais de Jodelet (2001) e Moscovici
(1998;2001). A partir desse estudo, observamos que essa formação crítica
propicia aos alunos uma tomada de posição problematizadora e, ao participar
desse movimento, reafirmam sua identidade como membros e responsáveis
por sua formação, unidade escolar e comunidade.

Palavras-chave: Análise crítica do discurso, Representação, Movimento


Estudantil.

Eixo temático 7:
Ensino e aprendizagem de línguas: Identidade e
representação de professores.

MATERIAL DIDÁTICO PARA O ENSINO DE NOÇÕES


LINGUÍSTICAS NA GRADUAÇÃO: O CASO DOS CURSOS DE
PORTUGUÊS DA UNIVERSIDAD NACIONAL DE ROSARIO
(ARGENTINA)

Lucía Cano
Universidad Nacional de Rosario (UNR)

439
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

Florencia Miranda
Universidad Nacional de Rosario (UNR)

Este trabalho apresenta uma proposta de elaboração de um material didático


particular para a disciplina “Linguística Geral” dos Cursos de Português da
Universidad Nacional de Rosario (Argentina). A Universidade Nacional de
Rosario conta atualmente com três cursos de português na graduação: a
Licenciatura (Profesorado en Portugués), o Bacharelado (Licenciatura en
Portugués) e o curso de Tradução português-espanhol, que forma tradutores
juramentados nessas línguas (Traductorado Público de Portugués). Uma
característica desses cursos é que entre os alunos e professores há tanto
argentinos quanto brasileiros, mas também pessoas de outras nacionalidades.
Tal diversidade na origem dos alunos e professores implica, como é evidente,
uma diversidade de línguas maternas (espanhol, português, ou ainda outras
línguas) e, paralelamente, para as mesmas pessoas existe uma relação
diferente com a “língua estrangeira”, que poderá ser o espanhol, o português
ou ambas as línguas. Além disso, o português e o espanhol constituem as
línguas objeto de estudo dos três cursos; porém, cada uma delas tem um lugar
particular na distribuição das disciplinas da grade curricular, já que que se
parte do pressuposto – inadequado, como mostraremos – de que o espanhol é
a língua materna dos estudantes e o português, uma língua estrangeira. O fato
de os cursos terem as línguas portuguesa e espanhola como objetos de estudo
e também como ferramentas fundamentais no posterior exercício profissional
exige uma reflexão por parte do aluno sobre qual a relação que se estabelece
entre ele e as línguas que estuda. Para contribuir a isso, procuramos elaborar
um material que forneça ferramentas conceptuais e de análise adequadas a
essa realidade. No presente trabalho refletiremos, primeiramente, sobre a
necessidade que justifica a elaboração de um material didático específico;
depois, comentaremos o procedimento de elaboração desse material e,
finalmente, descreveremos as características principais do material elaborado.

Palavras-chave: Material didático, Formação de professores, Linguística

440
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

ANÁLISE DE ATIVIDADES ORAIS EM LIVROS DIDÁTICOS DE


PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA
Wanessa Monte Ferreira
Universidade Federal do Ceará (UFC)

O material didático tem um espaço importante na sala de aula de Português


Língua Estrangeira (doravante PLE). Todavia, esse espaço apresenta sérios
problemas decorrentes dos desencontros entre teoria e prática. O
desdobramento de tais descompassos interfere diretamente no processo de
aquisição da língua estrangeira. Neste trabalho, portanto, nosso objetivo é
apresentar resultados de um estudo desenvolvido sobre o papel das atividades
que desenvolvem a habilidade oral, apresentadas pelos autores de livros
didáticos de Português língua estrangeira. Essa reflexão decorre de um
trabalho apresentado na disciplina Tópicos de Português língua estrangeira
ofertada pelo Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal do
Ceará. Foram contemplados os três principais métodos de ensino de PLE em
escolas privadas do município de Fortaleza (Bem-Vindo, Ponto de encontro e
Avenida Brasil). Ressaltamos a habilidade oral como referência de nossas
reflexões, por considerar na apresentação do autor das obras analisadas um
posicionamento teórico que defende o ensino comunicativo. Nossas reflexões
são referendadas pelo Quadro Europeu Comum de Referência para as línguas
(2001); no conceito de comunicação em Vion (1992) e no conceito da
Abordagem Comunicativa de Shütz (2016). A metodologia do trabalho
consistiu em fazer o levantamento dos métodos mais utilizados em escolas de
línguas, no primeiro momento; em seguida foi feito o levantamento das
atividades comunicacionais orais e no terceiro momento, foi realizada a
análise dos dados. Trata-se, portanto, de uma pesquisa documental. O
resultado dela nos apontou para um desencontro entre o que o autor afirma na
apresentação do método e o que ele realmente mostra nas atividades; vimos
também que quando há atividades comunicacionais para desenvolver as
habilidades orais, elas são superiores ao nível dos alunos.

Palavras-chave: Português Língua Estrangeira, Material Didático,


Abordagem Comunicativa.

441
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

LIVRO DIDÁTICO E IMAGEM: RELAÇÕES PERTINENTES AO


ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS

Josefa Felix do Nascimento


Faculdade Pio Décimo (FPD)

Este estudo apresenta uma reflexão acerca da análise sobre a presença


imagética no livro didático. Tal pesquisa é fundamental para a contribuição
visual na compreensão do alunado quanto aos textos que mobilizam
conhecimentos no livro didático, onde se faz necessário enfatizar a
necessidade de, em pleno século XXI, trabalhar com imagens para que o
aluno, através delas, possa compreender as coisas e relacioná-las criticamente
às que são ditas em uma simples e grandiosa imagem. Visamos propor uma
contribuição sobre o ensino, principalmente sobre um olhar crítico do leitor
que busca construir seu conhecimento por meio de atividades voltadas às
representações imagéticas contidas no livro didático. Nesse sentido,
interessa-nos mostrar que as ilustrações textuais estão ganhando cada vez
mais grau de importância no ensino de línguas, apontando para uma
renovação no processo educacional. O objetivo consiste em trabalhar com
material imagético em sala de aula. Para tanto, baseamo-nos nas leituras de
PAIVA (2006), SOUZA (2007), JOLY (1994) para fundamentar a pesquisa. A
reflexão feita volta-se para as novas expectativas relacionadas ao fato de que
o livro didático constituído por imagens, tem o poder de chamar a atenção do
leitor e, por isso, o professor, assim como o aluno, devem estar atentos à
exploração dos diferentes sentidos e significados das imagens inseridas no
livro didático, observando sua relevância diante do processo de ensino-
aprendizagem quando nos referimos ao uso de imagens ao explicitarmos
recortes memoriais na identificação de elementos sociais e culturais, que
configuram espaço/tempo de uma produção textual em sala de aula. Os
resultados demonstram que os alunos conseguem identificar, refletir e
produzir textos com facilidade a partir do uso de imagens que correspondam
às práticas de aprendizagem na sala de aula.

Palavras-chave: Imagem, Livro didático, Relações de Ensino-aprendizagem.

442
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

GRAMÁTICA REFLEXIVA EM SALA DE AULA: A PARTIR DE


ELEMENTOS LINGUÍSTICOS NO ENSINO DE GRAMÁTICA

Clara Steffane Santos Mendonça


Faculdade Pio Décimo (FDP)

Josefa Félix do Nascimento


Faculdade Pio Décimo (FDP)

Mauricio Félix do Nascimento


Universidade Federal de Sergipe (UFS)

O presente pôster tem por finalidade fazer uma abordagem sobre o desafio
de trabalhar novas metodologias a partir do ensino da gramática reflexiva
de William Cereja. Nosso foco consiste nas novas perspectivas tendo como
base o ensino reflexivo (crítico) em sala de aula diante do desafio do
ensino da gramática reflexiva como suporte para uma correlação entre
tipos diferentes de gramáticas. Apresentaremos, como proposta de
reflexão, neste referido trabalho, novos métodos de ensino que podem
chamar à atenção do aluno-leitor, por isso, o professor, assim como o
aluno, devem estar atentos quanto à exploração dos diferentes métodos que
compõem o processo de ensino e de aprendizagem de língua materna.
Nesse sentido, a referida pesquisa sugere uma reflexão sobre a importância
do diálogo interdisciplinar em sala de aula, principalmente em casos de
compreensão visual descritas através de imagens. O objetivo centra-se,
portanto, no estudo da Gramática Reflexiva de Willian Cereja e para
melhor compreender o ensino reflexivo e a metodologia dos professores
para com o ensino da língua portuguesa e, para tanto, basearmo-nos numa
pesquisa de cunho bibliográfico, cujas leituras estão centradas em autores
como Cereja (2012), Antunes (2007), Neves (1990), Soares (2002), Mattos
e Silva (2004). Como resultados, mostraremos as lutas e reflexões
provindas de um bom estudo reflexivo, levando em consideração os
aspectos linguísticos que reproduzem e disseminam conceitos ideológicos,
aos quais, quase sempre precisam ser erradicados para uma busca, cujo
foco, consiste na construção de alunos críticos e reflexivos capazes de
443
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

construir e/ou reconstruir uma sociedade realmente justa e igualitária.


Palavras-chave: Gramática, Metodologia, Perspectivas de ensino.

AULA INTERATIVA DE LEITURA APLICADA AO ENSINO DE


PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA (PLE)

Sara Silva Oliveira


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Amanda Carla Silva Avelar


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Gabriella Lima de Alencar


Universidade Federal do Ceará (UFC)

A leitura é uma das três atividades basilares do ensino e aprendizagem de


uma língua. Segundo Kleiman (1997), esta atividade não deve consistir
apenas em uma ação de extrair informações, decodificando-as a partir do
texto. É necessário que, em um primeiro momento, o leitor acione o seu
conhecimento de mundo, bem como as suas experiências de leitura, para que,
ocorra a interação entre o texto e ele. Alinhado a essa concepção de leitura,
também é muito importante o desempenho do professor em sala de aula,
ressignificando o sentido apontado pelo autor. É, portanto, nesse espaço e
alinhados com as reflexões de Leurquin (2014) sobre a didática do ensino
comunicativo de leitura, que produzimos os materiais didáticos com base no
modelo sócio-interacionista de Jean-Paul Bronckart (1999). Essa orientação
foi dada nas turmas de nível II e III, do curso de Português Língua
Estrangeira (PLE), do Grupo de Estudos e Pesquisas em Linguística Aplicada
(GEPLA), da Universidade Federal do Ceará (UFC). O objetivo deste
trabalho é apresentar como desenvolvemos os materiais didáticos utilizados
nas aulas e como formulamos as estratégias utilizadas no processo ensino-
444
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

aprendizagem dos alunos de PLE, nos níveis referidos acima. Limitamo-nos


às ações ocorridas durante o semestre 2016.1. Com base nos autores citados,
ao final desse semestre, pudemos observar que os discentes participaram das
aulas, realizaram as leituras recorrendo aos seus conhecimentos prévios e
(re)significaram os textos com o auxílio dos professores, ratificando o
pensamento de que a leitura deve ser entendida como processo e não
como produto (NUNES, 2002).

Palavras-chave: Abordagem Comunicativa, Aula Interativa, PLE

RECURSOS MATERIAIS EM CENTROS DE AUTO ACESSO

Mariana Maués Barreto


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Com o aumento da procura pela aprendizagem de línguas estrangeiras,


diversas propostas foram criadas visando a rápida e efetiva aquisição de
conhecimentos. É perceptível que a grande maioria delas estimula o aumento
da responsabilidade do individuo sobre sua trajetória de aprendizagem.
Segundo Holec (1981) o aluno autônomo é aquele que controla suas metas,
técnicas e conteúdos para que, assim, o processo de aprendizagem seja mais
confortável, adaptado e bem sucedido. Desta forma, surgem os Centros de
Auto Acesso (CAA), que indicam ambientes especialmente desenvolvidos
para a busca autônoma do conhecimento. Gardner e Miller (1999) destacam
que o CAA é uma abordagem à aprendizagem de línguas, não uma
abordagem ao ensino de línguas. Estes ambientes integram um determinado
número de elementos, com os quais cada indivíduo interage de maneira
diferente. Materiais e atividades encontram-se entre os recursos disponíveis
em CAAs e são elementos centrais deste estuo em desenvolvimento. A
Universidade Federal do Pará (UFPA) possui um CAA denominado Base de
Apoio à Aprendizagem Autônoma (BA³), localizado na Faculdade de Letras
Estrangeiras Modernas (FALEM). Este centro fornece diversos recursos,
445
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

dentre eles os materiais. Através de um questionário disponibilizado online


obtivemos o perfil dos alunos frequentadores da BA³, suas necessidades,
sugestões e expectativas quanto aos materiais ali disponibilizados. Estes
acusam a falta de organização dos materiais e de divulgação do centro,
sugerindo a inclusão de materiais interativos, jogos, revistas em quadrinhos
estrangeiras e manuais para melhoria de habilidades específicas. Aliando os
dados obtidos ao levantamento teórico, apresentaremos os projetos que vem
sendo desenvolvidos, tendo como objetivo a melhoria do Centro de Auto
acesso e dos materiais e recursos ali disponibilizados.

Palavras-chave: Materiais, Autonomia, Centros de Auto acesso.

ANÁLISE DE REDAÇÕES DE ALUNOS DO 3º DO ENSINO MÉDIO


DA EEEP JAIME ALENCAR DE OLIVEIRA E AS DIFICULDADES
DA CONSTRUÇÃO DA ARGUMENTAÇÃO NA TIPOLOGIA
DISSERTATIVA-ARGUMENTATIVA

Rafael Dantas da Silva


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Patrícia dos Santos de Paulo


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Alania Santos Vieira


Universidade Federal do Ceará (UFC)

O presente trabalho tem como objetivo a análise de redações de alunos do 3º


ano do ensino médio, de uma escola da rede pública de ensino, no intuito de
averiguar quais as possibilidades de os estudantes, em término de curso, não
dominarem os mecanismos de processo de construção da argumentação
textual, o que implica, consequentemente, em um mau desempenho nas
avaliações externas, como o Enem. Nesse sentido, elaboraremos um corpus

446
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

composto de trinta redações de alunos em conclusão, com o intuito de


subsidiar as hipóteses levantadas a partir da leitura das produções textuais
feitas por eles, em uma oficina de produção textual de preparatório para as
avaliações externas do Exame Nacional do Ensino Médio, na mesma
instituição de ensino. Além disso, de posse dos resultados obtidos, propiciar
alternativas de intervenção nas aulas de produção textual, fazendo com que o
discente seja um produtor autêntico, sabendo fazer uso dos repertórios
linguísticos a que dispõe, no sentido de (re)construir o significado do seu
texto, inserindo de modo produtivo os mecanismos de coesão, de modo a
garantir um texto coeso e coerente, perpassando pelas competências das
matrizes do Enem, as progressões referenciais e sequenciais a que um texto
possui, as estruturações dos parágrafos de maneira a torná-lo concatenado
com as ideias de todo o texto apresentado pelo discente. Para as discussões,
nos pautaremos nas leituras de Koch, dos Parâmetros Curriculares para o
Ensino Médio, Matriz de Competências do Exame Nacional do Ensino
Médio, Marcuschi, Fiorin, dentre outros autores que forneçam subsídios para
a análise do estudo em questão.

Palavras-chave: Argumentação, Coesão, Produção.

LETRAMENTO MULTIMODAL E PROPAGANDAS DE PRODUTOS


DE BELEZA: UMA ANÁLISE SEGUNDO A GRAMÁTICA DO
DESIGN VISUAL

Mariana Amorim de Paula Palhano


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Rita de Cássia Vasconcelos de Matos


Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Os gêneros textuais multimodais impressos estão repletos de propagandas


publicitárias, que constituem um meio de interação social entre diversas
447
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

empresas e os consumidores/leitores. Faz-se então necessário tomar esses


textos como objeto de estudo e analisar de que forma as diversas linguagens,
além da verbal, configuram-se para criação de sentido por meio do
letramento multimodal, influenciando o consumidor/leitor. O objetivo deste
trabalho, que faz parte do projeto de pesquisa MULTILETRA
(Multimodalidade e Letramento Visual), é investigar e descrever como os
gêneros multimodais impressos circulantes na sociedade podem ser
caracterizados segundo os princípios da Gramática do Design Visual (GDV)
de Kress e van Leeuwen (1996, 2006) com vistas à sua estruturação e
construção dos sentidos nas línguas inglesa e espanhola. Para tanto, foram
selecionadas para essa análise vinte propagandas publicitárias de produtos de
beleza, retiradas de revistas ELLE, Vogue, Cosmopolitan, Glamour, InStyle e
Seventeen, direcionadas ao público feminino. Adotamos uma pesquisa
exploratória-analítico-descritiva de natureza qualiquantitativa para analisar os
dados segundo a GDV. Os resultados mostraram que as propagandas
publicitárias constroem sentidos que visam estimular o consumo e a
propagação dos padrões de beleza vigentes. Elas carregam uma forte carga
ideológica e podem também estabelecer novos padrões de beleza ou
comportamento. Para tanto, a publicidade se utiliza de diversos recursos
semióticos que integram os significados representacionais, interacionais e
composicionais das imagens. Concluímos que uma leitura crítica, ao invés de
uma mera decodificação inconsciente dessa carga ideológica representada nas
imagens das propagandas, possibilitaria ao leitor uma melhor compreensão
desses significados. Para tanto, é preciso, então, promover o letramento
multimodal crítico nos contextos de sala de aula tanto de língua materna
quanto de língua estrangeira via GDV para que os gêneros textuais
multimodais possam ser devidamente compreendidos.

Palavras-chave: Gênero Propaganda, Multimodalidade, Letramento


Multimodal

448
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E GÊNEROS TEXTUAIS:


ANÁLISE DE LIVRO DIDÁTICO DO 8º ANO, NUMA ESCOLA
PARTICULAR DOS SERTÕES DE CRATEÚS

Antonio Edson Alves da Silva


Instituto Federal do Ceará (IFCE)

Diante das discussões a respeito dos paradoxos entre leitura eficiente, ensino
e produção de gêneros textuais diversos, este trabalho surge com o objetivo
de analisar as propostas de atividades com os gêneros textuais do livro
didático Língua Portuguesa (VILLAS-BÔAS, Juliana; OLIVEIRA, Maria
Lúcia; BORGES, Pedro Farias, 2015) adotado no 8º ano do Ensino
Fundamental numa determinada escola privada dos Sertões de Crateús, nos
anos 2015 e 2016. Sobre a leitura, conforme Koch (2011, p. 11), vale
ressaltar, que “o foco passa a estar na interação autor-texto-leitor, e a ela se
torna uma atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos”.
A metodologia utilizada perpassa pela análise bibliográfica de cunho
quantitativo, para averiguar o número de gêneros textuais propostos no livro,
e qualitativo,a fim de avaliar a forma e a função como eles serão abordados.
Esta análise dar-se-á à luz de Koch (2011), Cascarelli (2013), Marcuschi
(2008) e Brasil (1988). Outros aspectos relevantes à observação serão o
contexto social, cultural, político, ideológico e os gêneros textuais mais
presentes no referido livro, compreendendo-se a importância do estudo deles
para aquisição da linguagem e o desenvolvimento intelectual dos estudantes.
Com este trabalho,percebe-se que “a leitura é o processo no qual o leitor
realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de
seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo
que sabe sobre a linguagem etc.”, conforme Brasil(1998, p. 69). Logo, os
resultados almejados são a importância de trabalhar diversos gêneros
textuais, conforme situações comunicativas;a eficiência do livro didático,
mesmo diante da dissonância, em alguns capítulos, do que é proposto para
estudo e do que é solicitado como atividade de produção textual; e o
distanciamento significativo entre o ensino tradicional de língua portuguesa e
aquele fundamentado em gêneros textuais.

Palavras-chave: Análise, Livro didático, Gêneros textuais.

449
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

NOTAS SOBRE A CONSTITUIÇÃO DO CORPO NEGRO EM UM


LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Laurianne Guimarães Mendes


Universidade Estadual de Goiás (UEG)

Objetiva-se nesse trabalho analisar a constituição identitária do corpo negro


no livro didático de português intitulado “Português Linguagens”, de Cereja
& Cochar (2015), além disso, iremos esboçar atividades que podem ser
propostas a partir de alguns textos deste livro. Para tanto, ancorar-nos-emos
em noções do campo da Análise do Discurso francesa, notadamente, de
“sujeito”, “discurso”, “história”, “corpo anormal” e “corpos dóceis”, de
Foucault (1995, 1996, 2001), da História de “raça” e de “gênero”, de
LOURO (2003) em diálogo com a Linguística Aplicada no que tange à noção
de “identidade”, de Moita Lopes (2010, 2011). As identidades do corpo negro
são construídas historicamente, a partir da instauração de (a)normalidades
para os sujeitos nas práticas sociais. Nesse sentido, pensamos que o corpo
negro deve ser alvo de um trabalho crítico no ensino-aprendizagem de língua
portuguesa, haja vista que pensamos que um combate ao racismo passa
também – e talvez, sobretudo – por questões atinentes à língua e à linguagem.
Consideramos que o Livro Didático de Português é um documento construído
historicamente e que evidencia instâncias sócio-histórico-ideológicas. E
lançar o olhar para o ele se torna relevante na medida em que ele desvela
construções ideológicas que estão cristalizadas na contemporaneidade.
Entretanto, apesar dele apresentar constituições identitárias para o corpo
negro ele não problematiza as posições do negro na sociedade. Nesse sentido,
convém que o professor apresente possibilidades outras de trabalho para os
textos presentes no Livro Didático de forma a conduzir os alunos a repensar a
condição no negro na sociedade, instaurando, assim, práticas de
enfrentamento ao racismo no ensino de língua portuguesa.

Palavras-chave: Corpo Negro, Livro Didático, Ensino de Língua


Portuguesa.

450
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO DE E/LE PARA


PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL NA PERSPECTIVA DOS
MULTI E MÚLTIPLOS LETRAMENTOS

Dayana da Silva Alves Rodrigues


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Fátima Thaís de Almeida Reinaldo


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Leila Barbosa dos Santos


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Com a discussão acerca da inclusão de pessoas com deficiência, faz-se


necessário refletirmos sobre como nós professores devemos atender à
demanda desse público nas escolas regulares. Baseando-nos nessa realidade,
idealizamos um curso de língua espanhola, nível básico, para pessoas com
deficiência visual. Para isso e levando em consideração a falta de livros
didáticos que contemplem uma proposta multimodal voltada a um público
cujo contato com a leitura não se centra na visão, estamos desenvolvendo o
material que será utilizado com o público-alvo do curso de extensão
Espanhol Acessível cujo objetivo é proporcionar o diálogo entre formação
docente e pessoas com deficiência a partir de um curso introdutório à língua
espanhola ofertado a pessoas cegas. A construção do material segue estes
passos: levantamento dos livros didáticos, nível Básico, utilizados em cursos
de idiomas e em escolas públicas de Fortaleza; seleção dos conteúdos em
comum encontrados nesses livros; divisão entre os membros da equipe desses
conteúdos para a elaboração da apostila. Nossa preocupação centrou-se em
um material que não focasse pessoas videntes e que pudesse contemplar os
gêneros textuais sugeridos por meio de questionários aplicados a seis pessoas
cegas. A disponibilização deste material dar-se-á através de um site
construído dentro dos parâmetros do Design Universal; também
imprimiremos a apostila em Braille. Fundamentamo-nos na
interdisciplinaridade entre as pesquisas na área da multimodalidade e dos
Novos estudos do Letramento (STREET, 2004; JEWIIT & KRESS, 2003;
KRESS & STREET, 2006; STREET, 2012). Acrescentamos o conceito de
451
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

ordem visiocêntrica do discurso (LIMA, 2015). Por meio desta ação,


refletimos sobre nossos papéis como educadores e nos deslocamos de nosso
lugar, regido por uma “ordem visiocêntrica do discurso” (LIMA, 2015), a
qual estabelece como dominante o sentido da visão. Nessa formação nos
engajamos em uma reflexão que nos permite ampliar nossa prática
contemplando a diversidade humana.

Palavras-chave: Multi e múltiplos letramentos, Pessoas com deficiência


visual, Formação inclusiva.

LA GRAMMAIRE DES PREMIERS TEMPS: UM MATERIAL


COMPLEMENTAR DE FRANCÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA SOB A
ABORDAGEM COMUNICATIVA?

Felipe de Almeida e Silva Pinheiro


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Maria Jacqueline Noberto da Frota


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Ticiana Telles Melo


Universidade Federal do Ceará (UFC)

Diante da grande quantidade de materiais didáticos para o ensino de francês


como língua estrangeira disponíveis no mercado e da importância que eles
têm tanto para o aprendiz da língua francesa quanto para o professor em
formação, o presente estudo analisa a Grammaire des Premiers Temps
(GDTP), Nouvelle Édition, de autoria de Marie-Laure Chalaron e Dominique
452
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

Abry, a qual apresenta as explicações gramaticais da língua francesa de


maneira diferenciada da maioria dos manuais do mesmo gênero. Ao contrário
da prática de muitas obras gramaticais de referência, a GDPT, se propõe a
trazer uma abordagem mais comunicativa, com atividades mais voltadas para
a língua em uso, introduções mais descontraídas, ou seja, uma maneira
diferente de trabalhar os temas gramaticais. Para esta pesquisa, buscamos
analisar o capítulo 10 (sessão que contempla os tempos no passado do
indicativo), observando se as quatro competências (compreensão oral e
escrita e produção oral e escrita) estão sendo trabalhadas no material, a partir
de seus textos introdutórios, chamados de textes de sensibilisation, visto que
são constituídos na maioria das vezes por poemas ou textos que favorecem a
memorização do aluno. Vimos, em seguida, como são apresentados os
exercícios, acompanhados na maioria das vezes, por atividades de
compreensão auditiva, mas que também trazem propostas inovadoras de
atividades escritas. O diálogo com outras linguagens está sempre presente nas
atividades como forma de atrair a atenção do aluno e tornar a atividade
gramatical mais interessante e menos tradicional, por exemplo, com o uso de
gravuras e histórias em quadrinho. O trabalho em tela, ainda em andamento,
pretende verificar a adequação da referida gramática à metodologia
comunicativa de ensino de línguas estrangeiras.

Palavras-chave: Gramática, Ensino e aprendizagem de Francês Língua


Estrangeira, Metodologia Comunicativa.

453
V Fórum de Linguística Aplica e Ensino de Línguas (FLAEL) – UFC/GEPLA Pôsteres

Apoio:

454

You might also like