DEPARTAMENTO DE ARTES CÊNICAS TEATRO- LICENCIATURA
PROPOSTA DE CURSO
TÍTULO: OFICINA DE CRIAÇÃO TEATRAL – em busca de um corpo poético
TEMA: Introdução a elementos técnicos para a construção de um corpo poético e seus
desdobramentos no processo de composição da cena.
OBJETIVO: Experienciar o processo de ensino-aprendizagem de diferentes procedimentos
técnicos que podem contribuir para o desenvolvimento de uma poética atoral.
O presente projeto faz parte da disciplina estágio Supervisionado III, componente
curricular obrigatório do curso de Licenciatura em Teatro ofertado no período 2017.2 e ministrado pela professora Drª. Marcia Chiamulera com o objetivo de refletir e exercitar a prática docente na área de Arte em espaços de ensino não formais. No Brasil, a formação e pesquisa na área de teatro ficaram a cargo, prioritariamente, das universidades. Nesse sentido, além das reflexões teóricas sobre a prática desenvolvida dentro e fora dela, o estofo teórico, por ela, oferecido tem como principal objetivo promover uma prática profissional, estética, técnica, ética, histórica, política e social que contribua com o desenvolvimento dos sujeitos. Segundo a pesquisadora canadense Beatrice Piccon-Vallin, o ensino é a grande questão do século XXI e sugere que a área de Arte possa servir de laboratório para as demais áreas de conhecimento. Essa colocação faz sentido se pensarmos que a percepção incomum e dissonante do mundo é uma característica básica da área de Arte. Se pensarmos, mais especificamente, no caso do teatro, no contexto da contemporaneidade, é possível verificar como suas formas se encontram cada vez mais fragmentadas e processuais, evidenciando seu estado de procura e estilhaço. O fato é que ele pode ser feito em qualquer lugar e das mais diversas formas. Contudo, esse processo de expansão, contraditoriamente, vem acompanhado de uma significativa retração da audiência. Como resposta, o teatro continuou se hibridizando, num movimento quase biológico com diferentes linguagens e áreas de conhecimento como estratégia para continuar existindo. Esse movimento de resistência, próprio da área de Teatro, e da Arte de modo geral, pode no ajudar a pensar o próprio processo de formação artística em suas diversas possibilidades nos permitindo, inclusive, articular formas de raciocínio alternativas ao modelo de formação científica vigente. Como a pesquisadora canadense supracitada destaca, muitos experimentos são feitos nas escolas de Arte, sendo importante reuni-los e discuti-los para quem sabe encontrar aplicações para outras disciplinas. Se o teatro amplia seu campo de atuação se hibridizando para resistir, é possível pensar num aperfeiçoamento do ensino. Talvez, num ambiente igualmente hibrido, onde o processo de ensino aprendizagem possa dialogar prática e teoria de modo complementar. E nesse sentido, os espaços não-formais de ensino-aprendizagem, pelas suas características, podem se mostrar um lugar privilegiado para empreender esse tipo de experimento, já que são espaços mediados por relação de ensino-aprendizagem sem a fixação rígida de tempos e utilização de múltiplos espaços educacionais, flexibilização e adaptabilidade de conteúdos de acordo com o público atendido, normalmente por meio de projetos, programas, propostas a partir de diferentes formas de organização e estruturação, com uma maior liberdade de atuação em relação às demandas burocráticas da legislação vigente. Nesse sentido, a ideia de ensinar, como ainda coloca Piccon-Vallin, pode ser substituída por experimentar. Uma noção que pode se mostrar muito cara no processo de constituição de uma poética, pensada enquanto elementos constitutivos de uma prática, do professor e dos alunos. As poéticas contemporâneas se caracterizam pelo movimento de apropriação e ressignificação das poéticas do outro para si. Nesse processo, ao mesmo tempo em que cria-se uma poética própria, é possível identificar elementos próprios da sua poética na dos outros. Esse caráter pode contribuir para o estabelecimento de uma ambiente de estímulo à troca de experiências, percepções e realidades especificas, onde a problematização de práticas, leituras e modelos aponta para múltiplas e infinitas possibilidades de ação. Por esse motivo, nossa proposta de oficina tem como objetivo a prática docente nesse contexto de relação de diferentes poéticas com o objetivo de contribuir para a formação de uma poética própria dos alunos a partir da troca de experiências e problematização dos conteúdos e práticas. De caráter prático, a oficina se desenvolverá por meio de quatro workshops relacionados a técnicas de preparação corporal e procedimentos de composição finalizando com um experimento coletivo criado a partir do que foi experienciado. Os dois primeiros workshops serão voltados para a preparação corporal do ator a partir de duas perspectivas diferentes. Inicialmente a partir da apropriação de elementos de matriz cultural, por meio da técnica do Cavalo Marinho e, em seguida, pelo uso do bastão, pensado enquanto um procedimento técnico que pode contribuir para construção de cena. Os dois últimos workshops serão voltados para processos de composição, entendido como a articulação dos diversos elementos que compõe a cena. O terceiro workshop é voltado para os processos de composição dos elementos visuais da cena, com ênfase no figurino e maquiagem. e o quarto e último workshop seria focado em procedimentos e dinâmicas de composição a partir da apropriação de elementos concretos de tempo e espaço, cuja articulação resultaria na construção da cena. Ambos processos de composição, terão como tema comum, um extrato textual, a ser escolhido pelos ministrantes que, também, servirá como referência para a construção do experimento final.
METODOLOGIA: De caráter prático, a oficina se desenvolverá por meio de quatro
workshops relacionados a técnicas de preparação corporal e procedimentos de composição finalizando com um experimento coletivo criado a partir do que foi experienciado. Os dois primeiros workshops serão voltados para a preparação corporal do ator, inicialmente a partir da apropriação de elementos de matriz cultural, por meio da técnica do Cavalo Marinho e, em seguida, pelo uso do bastão como procedimento técnico para construção de cena. Os dois últimos workshops serão voltados para processos de composição de cena, o terceiro relacionado à elaboração dos seus aspectos visuais e o quarto pelo uso de procedimentos baseados na apropriação de parâmetros concretos de tempo e espaço. Os processos de composição farão uso de um referencial textual, a ser escolhido pelos ministrantes, que, também, servirá como base para o experimento final. Cada workshop terá carga horária de 6h/aula, divididas em dois encontros, sempre aos sábados, das 09h às 12h, no Lima Penante. O primeiro encontro será para apresentação do curso, dos ministrantes e aplicação de dinâmicas introdutórias de cada workshop e o último encontro será para finalização e execução do experimento coletivo final. MINISTRANTES: Joelson Pereira, Jucinaldo Pereira, Vladimir Santiago, Joevan Oliveira.
PÚBLICO ALVO: Artistas profissionais, amadores e interessados afins.