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CONDIÇÕES HISTÓRICAS PARA O SURGIMENTO DA FILOSOFIA

A filosofia nasce no final do século VII e inicio do século VI a.C., na Grécia. Não nasceu magicamente,
nasce do real, da necessidade de explicação de tudo que existe. Nasce das lacunas deixadas pelo
mito.
O que contribuiu para o nascimento da Filosofia?
1) Viagens marítimas que produziram o desencantamento do mundo através do conhecimento de
novas culturas;
2) Invenção da moeda que introduz o cálculo, superando a troca de “coisas” por “coisas”;
3) Vida urbana que possibilitou o desenvolvimento de novas relações sociais, surgindo novas classes
em substituição às famílias aristocráticas;
4) Invenção da política que introduz a ideia de lei. Surgem os espaços públicos, havendo estímulo para
o surgimento do pensamento e de um discurso baseado na razão;
5) Invenção da escrita alfabética que revelou o crescimento da capacidade de abstração e
generalização, como a invenção do calendário e da moeda;
6) Invenção do calendário com as estações do ano e contagem do tempo;
7) Invenção da cidade política – a polis – cidade que pensa o formato de organização política.

O DISCURSO MITICO X DISCURSO FILOSÓFICO

O Mito perde força quando surge a razão. É uma narração sobre a origem das coisas, com
embasamento em Deuses e heróis em ação.
É usada a imaginação como base de elucidação do mistério do mito. São usadas imagens para
explicar o mundo. O mito não é questionado. Há crenças no mito e sempre é apresentado por um
ritual, através dos rapsoldos.
A Filosofia é é um processo de investigação, onde há argumentação, tendo a razão por base. Explica
o mundo por meio do conhecimento, da sabedoria. Há questionamentos e diálogos. A Filosofia é a
arte, a procura incansável da verdade através da razão. É a essência de todas as coisas. Pensar é sair
da área de conforto e buscar agregar conhecimentos, saberes.

O que Mito e Filosofia Têm em Comum?


Ambos buscam explicar as origens, sendo basicamente essa a característica que os aproxima.

MITO FILOSOFIA
Fantástico, imaginário Verdadeiro, real
Sobrenatural Natural
Inquestionável Questionável
Fantasia, incoerência Razão, coerência
Irracional Lógico

PRÉ-SOCRÁTICOS
Pensamento: preocupação em perguntar e compreender a natureza do mundo: a physis.
Período caracterizado pelo aparecimento dos primeiros filósofos que viveram antes de Sócrates.
Sendo que alguns foram seus contemporâneos, onde houve tentativa de explicar, racional e
sistematicamente, a origem, a ordem e as transformações pelas quais passava a natureza e os seres
humanos pois o mundo estava em continua mudança, sem perder sua essência.

ESCOLA JÔNICA

 Interesse pela physis (=conjunto de todas as coisas naturais que existem);


 O problema da physis é a pergunta sobre a origem e a constituição de todas as coisas que existem;
 Escola Jônica Surge em Milleto, na costa da Ásia Menor, centro mercantil que mantinha contato com
as antigas civilizações orientais;

PENSADORES DA ESCOLA JÔNICA


 Tales de Milleto – água
 Anaximandro – infinito
 Anaximenes – ar MUNDO EM
 Xenófanes – terra MOVIMENTO
 Heráclito – fogo

AS FONTES (REGISTROS) DE CONHECIMENTO

DOXOGRAFIA: síntese do pensamento dos filósofos e comentários feitos às obras por autores de
períodos posteriores como Aristóteles e Simplício.
É o relato das ideias de um autor, quando interpretadas por outro autor. Não usa aspas.
DOXA = parecer, opinião
Quando entende o que lê e escreve do seu jeito.
FRAGMENTOS: Citações de passagens dos próprios filósofos pré-socráticos, encontrados em obras
posteriores.
Citação literal das palavras de um autor por outro. Usa-se aspas.

MOBILISMO

Mobilismo é a concepção da realidade natural caracterizada pelo movimento, e seu principal


representante foi Heráclito, que valorizava a experiência sensível dizendo que tudo flui e está em
constante evolução. Acreditava também que o fogo era o elemento primordial, simbolizando o
caráter dinâmico da realidade em meio à energia que queima e consome.
MONISMO

Monismo é a doutrina que defende a existência de uma realidade única, distinguindo-a da


aparência. Seu representante era o opositor do mobilismo, Parmênides, que afirmava que o
movimento era um aspecto superficial das coisas, e que o pensamento da razão sobrepunha o
caminho da opinião, pelo fato de ser ilusório e impreciso.

Duas filosofias distintas, onde a primeira valoriza a pluralidade do real e a segunda busca aquilo
que é único, estável e perfeito. Trata-se de um conflito insolúvel, onde não podemos dizer quem tem
razão.

SOFISTAS

Os sofistas eram considerados mestres da retórica e da oratória, acreditavam que a verdade é


múltipla, relativa e mutável. Protágoras foi um dos mais importantes sofistas.
Na Grécia Antiga, havia professores itinerantes que percorriam as cidades ensinando, mediante
pagamento, a arte da retórica às pessoas interessadas. A principal finalidade de seus ensinamentos
era introduzir o cidadão na vida política. Tudo o que temos desses professores são fragmentos e
citações e, por isso, não podemos saber profundamente sobre o que eles pensavam. Aquilo que
temos de mais importante a respeito deles foi aquilo que disseram seus principais adversários
teóricos, Platão e Aristóteles.
Eles eram chamados de sofistas, termo que originalmente significaria “sábios”, mas que adquiriu o
sentido de desonestidade intelectual, principalmente por conta das definições de Aristóteles e
Platão. Aristóteles, por exemplo, definiu a sofística como "a sabedoria (sapientia) aparente mas não
real”. Para ele, os sofistas ensinavam a argumentação a respeito de qualquer tema, mesmo que os
argumentos não fossem válidos, ou seja, não estavam interessados pela procura da verdade e sim
pelo refinamento da arte de vencer discussões, pois para eles a verdade é relativa de acordo com o
lugar e o tempo em que o homem está inserido.
O contexto histórico e sociopolítico é importante para que se compreenda o papel e o pensamento
dos sofistas para a sociedade grega. Embora Anaxágoras tenha sido o filósofo oficial de Atenas na
época do regime de Péricles, não havia um sistema público de ensino superior, então jovens que
podiam pagar por instrução recorriam aos sofistas a fim de se prepararem para as dificuldades que
enfrentariam na vida adulta. Uma delas, imposta pelo exercício da democracia, era a dificuldade de
resolver divergências pelo diálogo tendo em vista um interesse comum. O termo “sofista” não
corresponde, portanto, a uma escola filosófica e sim a uma prática. Mesmo assim, podemos elencar
algumas caracterizações comuns aos sofistas:

Resumindo
* Contexto histórico: Consolidação da democracia em Atenas no século V. a.C.
* Os sofistas: não se trata de uma escola filosófica;
* Eram professores itinerantes que ensinavam os jovens, mediante pagamento, a arte da oratória,
imprescindível para a vida adulta em um regime democrático;
* O que sabemos deles é em grande parte aquilo que foi citado por seus principais adversários
teóricos e, por isso, não podemos ter uma conclusão adequada sobre o que eles pensavam;
* Entre os mais importantes sofistas estão Protágoras e Górgias.
* Protágoras pensava que o homem é a medida de todas as coisas, inclusive da verdade que não
poderia ser pautada, portanto, pela fé nos deuses. Seu pensamento pode ser
considerado humanista e relativista.

 Nesse meio, com o objetivo de dar aos jovens esse tipo de educação, SURGIRAM OS
DENOMINADOS FILÓSOFOS “SOFISTAS”, considerados os primeiros filósofos do período
socrático.
 Os sofistas negavam a existência da verdade, ou pelo menos a possibilidade de acesso a ela.
 = Para os SOFISTAS, o que existe são opiniões: boas e más, melhores e piores, mas jamais falsas e
verdadeiras.
 = Na formulação clássica de Protágoras, ao afirmar: “o homem é a medida de todas as coisas”,
significa que, para ele CADA HOMEM SERIA A MEDIDA DE SUA PRÓPRIA VERDADE.
 = Entre os sofistas, destacam-se: Protágoras, Híppias, Górgias, Isócrates.
 Os sofistas negavam a existência da verdade, ou pelo menos a possibilidade de acesso a ela.
 = Para os SOFISTAS, o que existe são opiniões: boas e más, melhores e piores, mas jamais falsas e
verdadeiras.
 = Na formulação clássica de Protágoras, ao afirmar: “o homem é a medida de todas as coisas”,
significa que, para ele CADA HOMEM SERIA A MEDIDA DE SUA PRÓPRIA VERDADE.
 = Entre os sofistas, destacam-se: Protágoras, Híppias, Górgias, Isócrates.
 Os sofistas negavam a existência da verdade, ou pelo menos a possibilidade de acesso a ela.
 = Para os SOFISTAS, o que existe são opiniões: boas e más, melhores e piores, mas jamais falsas e
verdadeiras.
 = Na formulação clássica de Protágoras, ao afirmar: “o homem é a medida de todas as coisas”,
significa que, para ele CADA HOMEM SERIA A MEDIDA DE SUA PRÓPRIA VERDADE.
 = Entre os sofistas, destacam-se: Protágoras, Híppias, Górgias, Isócrates.
 Os SOFISTAS foram sábios que atuavam como professores ambulantes de filosofia,
ensinando, a um preço estipulado, a arte da política, garantindo, assim, o sucesso dos jovens
na vida política. ELES ENSINAVAM A ARTE DA RETÓRICA.!! (**)
(**) RETÓRICA é uma palavra com origem no termo grego rhetorike, que significa a arte de
falar bem, de se comunicar de forma clara e conseguir transmitir ideias com convicção.
A retórica é uma área relacionada com a oratória e dialética, e remete para um grupo de
normas que fazem com que um orador comunique com eloquência. Tem como objetivo
expressar ideias de forma mais eficaz e bonita, sendo também responsável pelo aumento da
capacidade de persuasão (***)
(***) PERSUASÃO é o substantivo feminino com origem no termo em latim persuadere, e
consiste no ato de persuadir ou convencer. A persuasão pode convencer alguém a tomar um
certo tipo de atitude.
 A expressão poder de persuasão remete para a capacidade de alguém em persuadir outras
pessoas. A persuasão é uma forma de comunicação estratégica que é feita através de
argumentos lógicos ou simbólicos.
 Assim, a capacidade de argumentação e a retórica são essenciais para conseguir persuadir
alguém.
 A capacidade de persuasão é uma característica muito importante no âmbito da liderança.
Um líder eficaz deve saber como persuadir outras pessoas, para que elas sigam as suas
instruções e o caminho e as instruções indicadas.
Os escritos dos sofistas se perderam no tempo, os conhecemos a partir de comentários de
Platão (DOXOGRAFIA), que nos deixa uma visão estereotipada dos sofistas, denominados de
charlatães, pois convencem os ignorantes de um saber que, na verdade, não possuem.
Para Platão, os sofistas não eram filósofos. Apesar disso, eles deixaram importantes
contribuições à filosofia. Foram os primeiros a fazer uma distinção entre a physis (ordem
natural) e o nomos (ordem humana).
Eram considerados como portadores de polimatia, ou seja, se posicionavam sobre qualquer
assunto (POLÍMATA = é uma pessoa cujo conhecimento não está restrito a uma única área).
Organizaram, assim, um currículo: gramática, retórica, dialética, aritmética, geometria,
astronomia e música.
Os sofistas, afirmavam que os ensinamentos dos filósofos cosmologistas anteriores (PRÉ
SOCRÁTICOS) estavam abarrotados com contradições e erros e que não tinham serventia
para a vida da pólis (a cidade no âmbito político);
Apresentavam-se, ainda, como mestres de retórica e oratória, garantindo ser possível
ensinar aos jovens o procedimento para que fossem bons cidadãos.
Ensinado pelos sofistas, esse procedimento denominado “PERSUASÃO”, servia para que os
alunos pudessem defender uma opinião X, bem como, a opinião contrária, a não-X, de maneira
que, numa discussão política, tivessem fortes argumentos contra ou a favor de uma opinião,
sendo possível, assim, ganhar a discussão.
Os sofistas, assim, aceitavam a validade das opiniões e das percepções sensoriais (SENSO
COMUM) e trabalhavam com elas para produzir argumentos de persuasão.
Sócrates e Platão , no entanto, consideravam as opiniões e as percepções sensoriais, ou
imagens das coisas, como FONTE DE ERRO, MENTIRA E FALSIDADE, formas imperfeitas do
conhecimento que nunca alcançam a verdade plena da realidade.
Para Sócrates, considerado o patrono da Filosofia, OS SOFISTAS corrompiam a mente dos
jovens, já que defendiam qualquer ideia, se isso fosse vantajoso.
E, faziam com que o erro e a mentira tivessem a mesma importância que a verdade.
Todavia, houve consenso em um ponto: SÓCRATES CONCORDAVA COM OS SOFISTAS em
relação aos filósofos cosmologistas:
Para PLATÃO A Filosofia é o esforço do pensamento para abandonar o sensível e alcançar o
inteligível.
PLATÃO: a reminiscência e a transcendência das Ideias.
Filósofo grego que, juntamente com SÓCRATES, seu mestre, e ARISTÓTELES, seu discípulo, é uma
das figuras mais importantes da FILOSOFIA ocidental.
Nasceu em Atenas, numa família aristocrática, a sua filosofia está profundamente marcada por
preocupações de caráter ético e político.
Fundou em Atenas, em 387, uma escola dedicada ao ensino e à investigação, chamada Academia,
onde ensinou até ao final da sua vida. Com exceção da Apologia de Sócrates, todas as outras obras
que escreveu são diálogos, que é comum distribuir por três períodos: juventude, maturidade e
velhice.
a) As obras do primeiro período: JUVENTUDE:
 Tratam de conceitos morais específicos, como a piedade (Êutifron) ou a coragem (Laques) e
nelas SÓCRATES é a figura central;
b) As obras de MATURIDADE:
 Expõem as suas principais teorias (teoria das ideias, da imortalidade e transmigração
das almas);
c) Nas obras de VELHICE:
 Critica e revê algumas das teorias dos diálogos de maturidade.
 Platão apresenta 04 questões para refletir sobre a problemática do conhecimento:
1° - a possibilidade do conhecimento: é possível conhecer a realidade como ela é?
2° - a questão do método: como alcançamos o conhecimento?
3° - a questão dos instrumentos do conhecimento: os sentidos e a razão podem ser fontes do
conhecimento?
4° - a questão do objeto do conhecimento: conhecemos a partir do mundo material ou da
realidade superior = natureza inteligível?
Platão, desenvolveu a noção de que o ser humano está em contato permanente com duas
espécies de realidade:
 1) a inteligível (que pensa)
 2)a sensível (que sente).
A realidade inteligível é uma realidade IMUTÁVEL (permanente, que não sofre mudança);
A realidade sensível aborda todas as coisas que afetam os nossos sentidos, sendo portanto:
* realidades MUTÁVEIS, dependentes, ou seja, representações (ou cópias imperfeitas) da
realidade inteligível.
Tal compreensão é conhecida pelo nome de “TEORIA DAS IDÉIAS OU DAS FORMAS”,
constituindo-se em uma maneira de assegurar a possibilidade do HOMEM alcançar o
conhecimento .
Para Platão, o mundo percebido pelos sentidos é uma MERA E IMPERFEITA, reprodução do
mundo das Ideias (inteligível), pois:
 Cada objeto que existe (e é percebido pelos homens), participa, junto com todos os outros
objetos de seu conjunto, de uma Ideia perfeita acerca desse objeto.
 Ex:
* Uma cadeira tem determinadas características (tamanho, formato, cor, etc);
* Outra cadeira tem outras características diferentes (outro tamanho, outra cor, outro
formato), MAS AINDA SERÁ UMA CADEIRA, tanto quanto a primeira;
 Assim, aquilo que faz com que as duas cadeiras sejam cadeiras é, segundo Platão, A IDEIA DE
CADEIRA, ou seja:
• uma abstração perfeita que esgota todas as possibilidades de ALGO SER CADEIRA E NÃO
OUTRO OBJETO!
Esta é a SOLUÇÃO PLATÔNICA para explicar COMO COMEÇA O PROCESSO DE
CONHECIMENTO - DOUTRINA DA REMINISCÊNCIA (anamnese), ou seja, há um CONHECIMENTO
INATO (INATISMO) e este serve de ponto de partida para todo o processo de conhecimento.
Temos um CONHECIMENTO PRÉVIO que a alma traz consigo desde o seu nascimento (do
homem) e que resulta da contemplação das formas (das coisas), que esta (A ALMA)
contemplou antes de encarnar no corpo material e mortal e, que, para superar a visão
obscurecida das formas, é preciso recorrer a maiêutica socrática.
Platão elabora a TEORIA DA REMINISCÊNCIA segundo a qual aprender é recordar-se. Para
ele as ideias são imutáveis, eternas, incorruptíveis e não criadas. Estas ideias estão
hospedadas no hiperurânio* que está localizado num mundo supra-sensível.
* Hiperurânio: Para Platão o Hiperurânio é um mundo que é parcialmente visível só para as
almas que estão desligadas do próprio corpo. A região está "além do céu", na qual, residem as
substâncias imutáveis que são objeto da ciência. Trata-se de uma região não espacial, já que, para
os antigos, o céu encerrava todo o espaço e além do céu não haveria espaço. Essa expressão,
portanto, é puramente metafórica. Em República, o próprio Platão zomba dos que se iludem
achando que verão os entes Inteligíveis olhando para cima: "Não posso atribuir a outra ciência o
poder de fazer a alma olhar para cima, senão à ciência que trata do ser e do invisível; mas se
alguém procurar aprender alguma coisa sensível olhando para cima, com a boca aberta ou
fechada, digo que não aprenderá nada porque não há ciência das coisas sensíveis e sua alma
não está olhando para cima, mas para baixo, mesmo que ele estude ficando de costas na
terra ou no mar" (Rep., VII,]
Quando nossa alma estava desligada do nosso corpo ela viu e conheceu as ideias do
hiperurânio (o mundo que é parcialmente visível para as almas que estão desligadas do
próprio corpo”) e quando entraram novamente em um corpo, reencarnando-se, nossa alma
esqueceu a visão que teve das ideias.
O trabalho do filósofo é fazer com que as pessoas recordem dessas ideias através do diálogo.
Mas é impossível aos seres humanos conhecer completamente o mundo das ideias, pois, o
melhor conhecimento a que os humanos conseguem atingir é o conhecimento filosófico, o
amor pelo saber e a incansável busca da verdade.
Para Platão o homem tem necessidade de conhecimento e ele não teria necessidade de
conhecimento se não tivesse visto nunca esse conhecimento. O homem busca o conhecimento
porque ele não o tem mais, porque ele o perdeu.
Essa reflexão destaca a EPISTEMOLOGIA, ou seja, A DISCUSSÃO TEÓRICA DA QUESTÃO DO
CONHECIMENTO, como ponto de partida do projeto filosófico, da reflexão filosófica, da
temática do conhecimento e do papel crítico da filosofia.
Para Platão, a principal tarefa da Filosofia seria estabelecer COMO O HOMEM PODE AVALIAR
DETERMINADAS PRETENSÕES PARA ALCANÇAR O CONHECIMENTO.
E, segundo este filósofo, o conhecimento só será alcançado com A POSSE DE UMA
REPRESENTAÇÃO CORRETA DO REAL.
Para isso, a Filosofia precisa se colocar como árbitro, como legislador de uma cultura e, por
isso, sua função crítica.
PLATÃO divide o mundo em três partes,:
1ª - Na primeira parte estão os objetos perceptíveis pelos sentidos.
2ª - Na segunda parte estão as coisas que não podem ser percebidas pelos sentidos mas
podem ser entendidos pelo espírito humano como a MATEMÁTICA E A GEOMETRIA.
3ª - Na terceira parte Platão coloca as ideias superiores como a virtude e a justiça que
SOMENTE PODEM SER CONHECIDAS PELA INTELIGÊNCIA através da utilização de outras
ideias.
A Filosofia de Platão pode ser entendida, também, como:
 uma longa reflexão sobre a decadência da democracia ateniense,
 E, de seus valores e ideais,
 E, de seu modelo político que condenou seu mestre Sócrates (“o mais sábio dos homens”) à
morte.
 Platão TEMATIZAVA IMPORTANTES QUESTÕES e também como estas são pensadas pelos
homens, ou seja, através do diálogo, como:
A) O que significa democracia? Esta consiste em leis iguais para todos (como defendia
Sócrates e os Sofistas), possibilitando o entendimento mútuo e portanto, as decisões tomadas
por consenso?
B) o que significa ensinar?
C) Qual o valor da arte?
D) Como se definem as virtudes?
A obra de Platão se caracteriza como a SÍNTESE DE UMA PREOCUPAÇÃO COM A CIÊNCIA
(conhecimento verdadeiro e legítimo), COM A MORAL E A POLÍTICA.
Para ele, o conhecimento, em seu sentido mais elevado, se identifica com a visão de BEM.
Platão escreveu sobre diversos temas como epistemologia, metafísica, ética e política.
Escreveu ainda sobre a melhor forma de governo e sobre o Estado. Para ele a SOCIEDADE
deveria ser dividida em três partes que correspondem e se relacionam com a alma dos
indivíduos.
A concepção platônica de conhecimento, esquematiza as seguintes OPOSIÇÕES:
Opinião x Verdade;
Desejo x Razão;
Interesse Particular x Interesse Universal;
Senso Comum x Filosofia.
Platão defendia que a Filosofia é um MÉTODO PARA SE ATINGIR O IDEAL EM TODAS A ÁREAS
DA VIDA, pela superação do senso comum, estabelecendo o que deve ser aceito por todos,
independente da origem, função ou classe social do homem, ou seja, representa a
UNIVERSALIDADE DA RAZÃO.
Sendo assim, a prática filosófica para Platão, envolve o abandono do mundo sensível (apesar
deste existir) para buscar o mundo das ideias.
A DIALÉTICA PLATÔNICA tem como ponto de partida, o senso comum, a opinião, submetido a
um reexame crítico, ou seja, O FILÓSOFO não invoca uma autoridade divina superior para
alcançar o conhecimento, mas, CONDUZ SEU INTERLOCUTOR A DESCOBRIR ELE PRÓPRIO A
VERDADE.
Os diálogos de Platão, representam uma oposição aos sofistas (que ignoravam a prática do
diálogo – importante para Sócrates e Platão, para se alcançar o conhecimento verdadeiro),
um momento de luta política.
Para Platão a filosofia É UM DISCURSO que SE FUNDA NA LEGITIMIDADE, aceito por todos,
que se impõe pela argumentação racional, que produz um consenso entre as pessoas, que se
opõe a violência do poder e à ilusão ideológica (dos sofistas).
O método dialético de Platão (enquanto processo de abstração que permite chegar a
definição dos conceitos), visa expor e denunciar a fragilidade, a ausência de fundamento, o
caráter de aparência das opiniões e preconceitos dos homens, que existem no seu senso
comum.
Visa, então, superar este obstáculo e fazer com que o interlocutor tenha consciência disto.
A filosofia é assim, um projeto político, que tem como objetivo promover a transformação da
realidade.
Sendo assim, Platão concebeu a realidade em uma perspectiva dualista (o mundo das ideias
ou formas e o mundo concreto).
Apesar da ruptura gradual da filosofia com o pensamento mítico (mitos), principalmente,
enquanto portador de uma verdade sobrenatural, a tradição mitológica grega permanece
como uma referência cultural importante (o poder simbólico dos mitos), fornecendo aos
filósofos muitas imagens e metáforas.
Aristóteles
c) Período Sistemático (final do século IV a.C. ao final do século III a.C.) - Aristóteles
c) O 3° período da Filosofia antiga é o Período SISTEMÁTICO:
Nele, os filósofos tentaram reunir e sistematizar tudo o que já havia sido pensado nos
períodos anteriores.
 Os filósofos desse período interessaram-se, sobretudo, em mostrar que tudo poderia ser
objeto de estudo para o conhecimento filosófico, desde que.......
 O pensamento e as leis que regem o objeto de estudo e as comprovações necessárias sobre o objeto
em questão, estivessem estabelecidas com segurança, a fim de oferecerem critérios adequados para
fundamentar a ciência e alcançar a verdade.
 EXPLICAÇÕES LÓGICAS!!!
Discípulo de Platão, Aristóteles (384-322) apresentou em sua obra um verdadeiro apanhado
de todo o saber produzido e acumulado pelos gregos*, considerando essa totalidade de
saberes como sendo a Filosofia**:

* por isso, foi considerado o GRANDE SISTEMATIZADOR DO CONHECIMENTO.


** não como um saber específico sobre algum assunto, mas como UMA MANEIRA DE CONHECER
TODAS AS COISAS.
A Filosofia, para Aristóteles, pretendia não apenas reconsiderar, mas também corrigir os
erros e as imperfeições que os pensamentos anteriores trouxeram.
Discordando da filosofia dos pré-socráticos e da filosofia platônica (do seu mestre Platão),
Aristóteles DEFENDEU A EXISTÊNCIA DE UM ÚNICO MUNDO (e não de dois, como entendia
Platão = sensível e inteligível – MUNDO DUAL).
Discípulo da Academia de Platão durante 19 anos, Aristóteles rompe com os ensinamentos do seu
mestre - após a morte deste - e elabora o seu próprio sistema filosófico a partir de uma crítica ao
pensamento de Platão.
Como é sabido, Platão concebia a existência de dois mundos:
1° - aquele que é apreendido por nossos sentidos, o mundo concreto, em constante mutação;
2° - e o mundo das ideias - abstrato, acessível somente pelo intelecto, imutável e independente do
tempo e do espaço material.
Aristóteles, ao contrário, defende a existência de um único mundo:
Este em que vivemos.
Pois, para ARISTÓTELES, o que está além (fora) de nossa experiência sensível não pode ser nada para
nós.
Que mundo seria esse, para ARISTÓTELES?
Exatamente este em que vivemos – O MUNDO REAL, O CONCRETO.
Assim, Aristóteles rejeitou o mundo inteligível, pois argumentou que tal mundo estaria além
de nossa experiência sensível e de nossa compreensão, de modo que não poderia ser
conhecido pelos homens.
Para evitar este problema (existência de dois mundos), ARISTÓTELES, busca um novo ponto
de partida para a sua METAFÍSICA*, ou seja, para a sua CONCEPÇÃO DE REAL.
* É um ramo da filosofia que estuda a essência do mundo. Se ocupa em procurar responder
perguntas tais como: O que é real? O que é natural? O que é sobrenatural? O ramo central
da metafísica é a ONTOLOGIA, que INVESTIGA EM QUAIS CATEGORIAS AS COISAS ESTÃO NO
MUNDO E QUAIS AS RELAÇÕES DESSAS COISAS ENTRE SI. A metafísica também tenta
esclarecer as noções de como as pessoas entendem o mundo, incluindo a existência e a
natureza do relacionamento entre objetos e suas propriedades, espaço, tempo, causalidade,
e possibilidade.
(Estudos que vão além da natureza, além do físico, além daquilo que se possa ver ou tocar).
Para Aristóteles, existem 04 (quatro) causas para a existência do SER (TEORIA DAS QUATRO
CAUSAS), por exemplo:
= o Vaso de Argila:

1° - A CAUSA MATERIAL = ESSÊNCIA(aquilo do qual é feita alguma coisa, a argila, por


exemplo);
2° - A CAUSA FORMAL = APARÊNCIA (a coisa em si, como o vaso);
3° - A CAUSA EFICIENTE (aquilo que DÁ ORIGEM AO PROCESSO em que a coisa surge, como as
mãos de quem trabalha o vaso de argila);
4° - A CAUSA FINAL (aquilo para O QUAL A COISA É FEITA, ou seja, portar arranjos para
enfeitar um ambiente, por exemplo).
Vejamos, a partir de um exemplo grosseiro, o que ele tinha em mente: quando Alfredo prepara um
risoto, as causas materiais do risoto são os ingredientes que ele utiliza para prepará-lo, a causa
eficiente é ele mesmo, o cozinheiro, a causa formal é a receita e a satisfação dos clientes do
restaurante é a causa final. Aristóteles acreditava que um entendimento científico do universo
exigia uma investigação sobre a operação no mundo das causas de cada um desses tipos.

SÃO TOMÁS DE AQUINO (1226-1274) - ARISTOTELISMO CRISTÃO


Obras marcantes para a chamada “segunda fase” da escolástica (do século XIII ao princípio
do século XIV), cuja principal característica é a HARMONIZAÇÃO ENTRE A FÉ A RAZÃO.
Nasceu em Nápoles, no Sul da Itália.
O objetivo de sua filosofia era NÃO CONTRARIAR A FÉ, MAS SIM ORGANIZAR UM CONJUNTO DE
ARGUMENTOS PARA DEMONSTRAR E DEFENDER AS REVELAÇÕES DO CRISTIANISMO.
Reviveu o pensamento aristotélico com o objetivo de buscar nele ELEMENTOS RACIONAIS
QUE EXPLICASSEM ASPECTOS DA FÉ CRISTÃ.
Introduziu elementos estranhos ao aristotelismo: o conceito de criação do mundo, a noção
de um DEUS ÚNICO, a ideia de que o vir-a-ser (o que Aristóteles chama de Potência) é
procedente de Deus, e não autodeterminado.
Introduziu a distinção entre o ser e a essência, partindo a metafísica em duas partes: a do ser
em geral (homens/coisas) e a do Ser pleno, que é Deus.
São Tomás de Aquino foi um pensador de grande criatividade e originalidade, que
desenvolveu uma filosofia própria em um SENTIDO FORTEMENTE SISTEMÁTICO e, portanto,
tomando Aristóteles como ponto de partida para a elaboração de seu sistema.
Este mostra que a filosofia de Aristóteles é perfeitamente compatível com o cristianismo,
abrindo assim uma nova alternativa para a filosofia cristã.
Este desenvolve as “cinco vias da existência de Deus”, para provar a existência deste:
1° VIA:
O PRIMEIRO MOTOR:
Tudo aquilo que move é movido por outro ser.
Por sua vez, este outro ser, para que se mova, necessita também que seja movido por outro
ser. E assim sucessivamente...
SE NÃO HOUVESSE UM PRIMEIRO SER MOVENTE, cairíamos num processo indefinido.
Logo, conclui Tomás, É NECESSÁRIO CHEGAR A UM PRIMEIRO SER MOVENTE que não seja
movido por nenhum outro.
ESSE SER É DEUS.
2° VIA:
CAUSA EFICIENTE:
Todas AS COISAS EXISTENTES NO MUNDO NÃO POSSUEM EM SI PRÓPRIAS A CAUSA
EFICIENTE DE SUAS EXISTÊNCIAS.
Devem ser consideradas efeitos de alguma causa.
Tomás afirma ser impossível remontar indefinidamente à procura das causas eficientes.
Logo, é necessário admitir a EXISTÊNCIA DE UMA PRIMEIRA CAUSA EFICIENTE, responsável
pela sucessão de efeitos.
ESSA CAUSA PRIMEIRA É DEUS
3° VIA:
SER NECESSÁRIO E SER CONTINGENTE:
Este argumento é uma variante do segundo.
Afirma que TODO SER CONTINGENTE, DO MESMO MODO QUE EXISTE, PODE DEIXAR DE
EXISTIR.
Ora, se todas as coisas que existem podem deixar de ser, então, ALGUMA VEZ, NADA EXISTIU.
Mas, se assim fosse, também agora nada existiria, pois aquilo que não existe somente
começa a existir em função de algo que já existia.
É preciso admitir, então, QUE HÁ UM SER QUE SEMPRE EXISTIU, UM SER ABSOLUTAMENTE
NECESSÁRIO, QUE NÃO TENHA FORA DE SI A CAUSA DA SUA EXISTÊNCIA, mas, ao contrário,
QUE SEJA A CAUSA DA NECESSIDADE DE TODOS OS SERES CONTINGENTES.
ESSE SER NECESSÁRIO É DEUS.
4° VIA:
OS GRAUS DE PERFEIÇÃO:
Em relação à qualidade de todas as coisas existentes, pode-se afirmar a existência de graus
diversos de perfeição.
Assim, afirmamos que tal coisa é melhor que outra, ou mais bela, ou mais poderosa, ou mais
verdadeira etc.
Ora, se uma coisa possui “mais” ou “menos” determinada qualidade positiva, isso supõe que
DEVE EXISTIR UM SER COM O MÁXIMO DESSA QUALIDADE, NO NÍVEL DA PERFEIÇÃO.
Devemos admitir, então, que EXISTE UM SER COM O MÁXIMO DE BONDADE, DE BELEZA, DE
PODER, DE VERDADE, sendo, portanto, um ser máximo e pleno.
ESSE SER É DEUS.
5° VIA:
A FINALIDADE DO SER:
Todas as coisas brutas, que não possuem inteligência própria, EXISTEM NA NATUREZA
CUMPRINDO UMA FUNÇÃO, UM OBJETIVO, UMA FINALIDADE, semelhante à flecha dirigida
pelo arqueiro.
Devemos admitir, então, que EXISTE ALGUM SER INTELIGENTE QUE DIRIGE TODAS AS
COISAS DA NATUREZA para que cumpram seu objetivo.
ESSE SER É DEUS.
Os primeiros pensadores cristãos são seletivos em relação aos pensamentos da filosofia
grega, TOMANDO SOMANDO AQUILO QUE CONSIDERAM COMPATÍVEIS COM O
CRISTIANISMO, enquanto religião revelada.
Privilegiam assim, a metafísica platônica, com seu dualismo entre mundo espiritual e
material e a lógica aristotélica, com seus recursos demonstrativos e dialéticos.
Em resumo, a Idade Média foi conhecida como a “IDADE DAS TREVAS”, ou seja, um período de
obscurantismo e ideias retrógradas, marcado pelo:
atraso econômico e político do feudalismo,
pelas guerras religiosas e
pelo monopólio restritivo da Igreja nos campos da educação e da cultura.
CONCLUSÕES:
1° - O objetivo da Filosofia antiga, em todos os seus períodos, mostrou-se bastante
pretensioso:
 Os primeiros pensadores tinham por objetivo conhecer racionalmente o mundo e
contemplar a verdade.
(Tal ambição ainda se faz presente. Como exemplo, temos as ciências atuais, que acreditam
na possibilidade de um conhecimento verdadeiramente objetivo da realidade, de um
conhecimento neutro e imparcial – sem interferências e preferências!).
2° - Deixou uma forte herança para a construção do conhecimento que se propôs um difícil
desafio:
Qual? Observar, conhecer e distinguir a realidade, a partir, de uma perspectiva abstrata,
racional, da qual homem algum havia, antes, cogitado realizar.
3° - Essa é, pois, a principal marca da Filosofia antiga — marca que, nunca é demais lembrar:
* influenciou fortemente o pensamento ocidental e a organização política, social e intelectual
daquela época até os dias atuais.

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