Professional Documents
Culture Documents
ANGICOS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS, TECNOLÓGICAS E
HUMANAS – DCETH
CURSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
ANGICOS - RN
2013
ALDI NESTOR DE SOUZA JUNIOR
Orientador:
Prof. M.Sc. Aerson Moreira Barreto -
UFERSA.
ANGICOS - RN
2013
ALDI NESTOR DE SOUZA JUNIOR
Agradecimento
Agradeço a Deus, pois entendo que tudo acontece mediante sua permissão; ao seu
filho amado Jesus Cristo pelo seu imenso amor demonstrado por mim na cruz e
reafirmado todos os dias de minha vida; ao Espírito Santo que, além de me consolar
nos momentos mais difíceis, me direciona todos os dias à boa, perfeita e agradável
vontade do Pai.
Ao meu pai Aldi Nestor de Souza pela sua substancial participação, apesar da
distância, na minha formação, tanto intelectual como pessoal. À minha mãe
Risoneide Fernandes de Souza pelo seu grande amor, por sempre acreditar em
mim, mesmo quando eu não mais acreditava, obrigado por vocês existirem.
As professoras Alessandra Spinelli e Izabelle Marie, pela ajuda na parte final deste
trabalho, sem vocês eu não teria conseguido.
Aos meus avós paternos Angelina Luiza de Souza e Manoel Nestor de Souza (in
memoriam), por me mostrarem a importância da família. À minha avó materna Luiza
Fernandes de Souza, seu companheirismo e caráter foram fundamentais.
À parceira escolhida por Deus, Thais Cristina de Souza Lopes, seu amor e carinho
me renovam a cada dia.
Aos parceiros de república Luiz Felipe, Manoel Jobson, Edvanilson Jackson, Izaac
Braga e Hálison Fernandes, grandes momentos vivemos juntos e sei que essa
amizade nunca acabará. Aos amigos da república CCAA, onde tudo começou.
À todos os meus amigos, os quais não irei citar evitando assim esquecimentos
indevidos, pois aprendi que amizade é um presente de Deus.
A construção civil tem sido responsável por grandes avanços no que tange
comodidade, praticidade do homem e da sociedade como um todo. Porém em meio
a tanta modernidade um rastro notório de degradação ambiental tem preocupado
nossa sociedade. As chamadas construções em terra são uma alternativa viável,
uma vez que une a viabilidade técnica à econômica sem esquecer seu respeito ao
meio ambiente. O uso do adobe como exemplo dessa prática teve seu auge no
passado, sendo substituído pelos materiais de construção ditos convencionais,
porém estudos apresentam o adobe como método técnico e economicamente viável.
Várias qualidades são inerentes ao seu uso, como por exemplo, baixo consumo de
energia, facilidade para obtenção da matéria prima e conforto térmico e acústico.
Como desvantagem, pode-se citar a baixa resistência quando em contato com a
água. Sua aplicação enfrenta um grande entrave, que é a questão do preconceito,
uma vez que para sociedade ter uma casa construída em terra significa um baixo
nível econômico. Através de ensaios de flexão verificou-se que o adobe quando
bem confeccionado, tem suas propriedades semelhantes as dos materiais
convencionais.
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11
2 OBJETIVO GERAL.................................................................................................13
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................14
3.1 SUSTENTABILIDADE..........................................................................................14
3.2 O MERCADO DA CONSTRUÇÃO CIVIL E A SUSTENTABILIDADE................15
3.3 CONSTRUÇÕES EM TERRA CRUA...................................................................17
3.3.1 Classificação dos principais sistemas de construção................................19
3.3.2 Critérios necessários......................................................................................21
3.4 ADOBE.................................................................................................................22
3.4.1 Vantagens do adobe ......................................................................................25
3.4.2 Processo de fabricação..................................................................................25
3.4.3 Sistema construtivo com adobe....................................................................26
3.5 DEFINIÇÕES........................................................................................................28
4 MATERIAL E MÉTODO..........................................................................................29
4.1 LOCAL DE ESTUDO............................................................................................29
4.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.............................................................30
4.2.1 Levantamento do conhecimento prévio dos moradores quanto à técnica
de adobe....................................................................................................................30
4.2.2 Coleta da matéria prima para fabricação de blocos de adobe....................30
4.2.3 Avaliação física e mecânica de blocos de adobe com material local........31
4.2.4 Confecção dos blocos....................................................................................33
5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS......................................................................38
5.1 ENTREVISTA JUNTO À COMUNIDADE....................................................................38
5.2 ENSAIOS LABORATORIAIS................................................................................40
5.2.1 Massa................................................................................................................40
5.2.2 Densidade........................................................................................................42
5.2.3 Resistência a flexão........................................................................................43
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................46
APÊNDICE A - Questionário aplicado para diagnosticar o conhecimento e a
aceitação da sociedade angicana, residente em casas de taipa, em relação a técnica
de construção em adobe............................................................................................50
11
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVO GERAL
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 SUSTENTABILIDADE
Shibam, no Lémen, todas elas já foram classificadas como patrimônio mundial pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO), reforçando assim sua importância. Estima-se que cerca de 30 a 50% da
humanidade vive ou trabalha em construções de terra (Blondet apud Gonçalves e
Gomes, 2012).
Com a terra aplicada com uma correta tecnologia podem ser feitas
construções de qualidade. Tal fato justifica que esse material passe a ser
estudado como acontece com os diferentes tipos de concreto.
após misturar bem o volume, e obter uma coloração uniforme, adiciona-se aos
poucos a água. Caso o local seja susceptível à chuva, recomenda-se trabalhar sob
abrigo. Na massa não pode haver torrões, resultado de defeito no peneiramento ou
na pá. O tempo de repouso do traço também é algo fundamental. Quando ocorre o
acréscimo da cal hidratada, recomenda-se que haja um tempo de descanso de 12
horas; e, quando se opta por trabalhar com acréscimo de esterco à terra, esse
período de repouso é ainda maior sendo ele de aproximadamente 15 dias, de
acordo com Cevallos e Rotondaro apud Neves et al. (2005).
A umidade vai ser estabelecida de acordo com o tipo de técnica escolhida
para trabalhar. No caso do adobe, a plasticidade será aquela necessária para que o
traço preencha todas as arestas da forma sem, no entanto, provocar deformação
após o desmolde. No caso da terra comprimida, existe um teste a ser realizado, bem
simples, que consiste em tomar uma mistura com a mão e comprimi-la, quando após
a abertura perceberá os traços dos dedos no volume, e logo em seguida deixa-se
cair o volume, que por sua vez, deverá esfarelar-se, caso não ocorra o desenho
após a compressão o teor de umidade é insuficiente, e se após o bloco cair ainda
assim se manter coeso, a umidade é excessiva. Em caso de técnica mista a mistura
deve ser tão plástica que haja a acomodação entre os elementos e ainda assim não
ocorra o deslizamento entre os mesmos.
Nem toda técnica exige a compactação, mas quando assim for necessário o
controle da mesma será intuitivo, uma vez que o operador perceberá a mudança do
seu som até a ocorrência de um som “quase metálico”, notará também um momento
em que seus esforços se tornaram quase que inúteis. Outro fator desse processo é
que as camadas a serem compactadas não devem ser superiores a 20 cm. A massa
do compactador é muito importante, não importa o seu valor, mas sim sua
homogeneidade para que haja uma transferência de energia uniforme.
3.4 ADOBE
Africano, fato é que alguns blocos foram identificados onde hoje se localiza o
Turquemenistão com cerca de 8000 a 6000 a.C. (MINKE apud TORGAL; JALALI,
2009).
O adobe como tipo de construção em terra utiliza a argila, areia e água,
podendo ser acrescida de algum tipo de fibra, formando assim um bloco firme e
consistente. Segundo Bussoloti apud Girão (2009), esse tipo de construção é muito
utilizado em várias regiões do mundo, inclusive aqui no Brasil. Este autor afirma
também que esse método de construção contempla duas grandes necessidades da
sociedade: a primeira, refere-se à redução da agressão ao planeta, uma vez que
não se utiliza da queima para a confecção dos blocos; a segunda, à redução do
déficit habitacional, por se tratar de uma forma barata e simples de ser executada.
Castro e Sales apud Girão (2009) acrescentam que de acordo com a organização
das Nações Unidas (ONU) um milhão de pessoas moram em favelas distribuídas por
todo o planeta com uma projeção de três milhões daqui a vinte e cinco anos,
somando um total de 40% da população.
A carência social leva, muitas vezes, a população a buscar formas
alternativas de moradias sem a mínima segurança. Famílias inteiras utilizam o
papelão, madeira e laminados como material de “construção”, totalmente carente de
higiene e segurança. Outro material muito usado é o plástico como matéria prima de
moradias dos “Sem Terras” (BOUTH, 2005). A técnica de blocos em adobe, desse
modo, poderia servir como alternativa ao problema exposto.
A confecção dos blocos é em geral bem fácil e simples de ser realizada, por
sua matéria prima ser basicamente a argila não necessita de uma mão de obra
especializada, e os conhecimentos podem ser tranquilamente passados de geração
a geração (GIRÃO, 2009). A Figura 2 mostra um exemplo de bloco de adobe e sua
respectiva forma.
Sobre as dimensões dos blocos, Girão (2009) afirma que não existe um
consenso, variando muito de acordo com a região, porém o que existe na verdade é
uma proporção sendo ela de 1:2 ou 1:5 entre a largura e o comprimento (MACHADO
et al. apud GIRÃO, 2009). Assim, suas formas podem ser nos mais variados
modelos, possibilitando ainda moldar desde apenas um único bloco ou até mesmo
vários, atentando sempre para o local de secagem, que deve ser o mais nivelado
possível.
25
Martinez apud Corrêa et al. (2005) usa uma composição de 20% de argila e 40 a
55% de areia. Alves apud Corrêa et al. (2005) usa a argila em quantidade menor que
20% e a areia superior a 40%. Segundo Hernandez et al. apud Corrêa et al. (2005),
deve-se utilizar 50% de areia, silte 30% e argila 20%. Ao contrário dos blocos
tradicionais, o adobe apresenta predominância em areia, responsável pela
resistência, e em menor quantidade a argila e o silte, esses últimos servindo como
aglutinante entre as partículas.
Preparar e triturar a palha: identifica-se o local de obtenção da palha, tritura-
se a mesma e sua estocagem. Os equipamentos úteis são algum tipo de triturador,
caso necessário energia e mão de obra. Os eventuais resíduos são os de palha no
local de produção.
Preparar a mistura: Adicionar a palha (opcional) junto com a areia e a argila.
Os resíduos serão a mistura de palha e solo no próprio local de trabalho. Faz-se
necessária apenas a mão de obra para mistura.
Amassar o barro: Adicionar água na mistura anterior e misturar até identificar
a massa homogênea. As ferramentas necessárias são água, mistura (anteriormente
preparada) e mão de obra.
Moldar os adobes: Corrigir alguma eventual porção de água e realizar a
moldagem. São necessários água, mão de obra para pisar novamente e as formas.
Secagem dos blocos: Realizar a primeira etapa de secagem à sombra, cinco
dias e meio, e sua próxima etapa será ao sol, aproximadamente quinze dias. Bouth
(2005) afirma que a secagem química dos blocos é semelhante do concreto sendo
ela em um total de 30 dias.
Armazenamento: Em locais seco e livre de chuvas. Os resíduos do processo
serão blocos quebrados ou rejeitados.
a parede estrutural ocorre pelo simples apoio direto, ligadas assim pela simples
força da gravidade.
O subsistema de vedação é feito pelo próprio adobe, acrescidos ou não de
estabilizantes próprios, com junta amarrada, a argamassa utilizada é a própria
mistura dos blocos. Araújo (2004) acrescenta que, historicamente, as unidades de
adobe são ligadas através de sua própria massa, ressalta ainda que, esse tipo de
ligante apresentará as mesmas taxas de distorção e retração higroscópica (absorção
de umidade), expansão e contração térmica, e degradação, logo, nenhum outro
material cumpre melhor esse papel. Algumas pessoas utilizam, erroneamente, a
mistura de cimento e cal para ligação, porém sua incompatibilidade com o adobe
através de diferentes taxas de expansão e contração térmicas aceleram a
degradação dos blocos, pelo fato dessa argamassa ser mais forte que o adobe.
O terceiro subsistema é a cobertura, o autor indica a utilização de vigas
formadas por três camadas de peças de madeira da espécie Pinus sp. A união de
cada viga é feita através de pregos de aço (cuja dimensão 17x21 é suficiente), o
espaçamento de uma unidade a outra é de acordo com o tamanho da telha utilizada,
cerca de 40 cm. A junção entre este subsistema e a parede é possível com o uso do
“berço”, elemento de transição em madeira fixada no adobe por pinos metálicos.
Ao término da construção da fundação e do contrapiso, deve-se ter alguns
cuidados: promover uma limpeza no baldrame, para o levantamento da primeira
fiada; execução com argamassa, a mesma utilizada para confecção dos blocos; os
cantos devem estar no nível e no esquadro; a primeira fiada de blocos deve levar em
conta as aberturas de portas para elevação de paredes; as demais fiadas são
executadas mediante junta amarrada de ferro cabelo de 4,2 mm com o intuito de
travamento das fiadas e também impermeabilização nos primeiros 0,30 m internos e
externos. A Figura 3 representa um exemplo de casa construída com adobe.
28
3.5 DEFINIÇÕES
4 MATERIAL E MÉTODOS
A massa, quando pronta, foi lançada dentro da forma no sentido vertical até que
preenchesse todo o seu volume, o excesso foi retirado de forma manual (as mãos
devem estar sempre molhadas para que aja um melhor acabamento final). Os
blocos foram arranjados em três espaços separados de acordo com as amostras
dos setores.
Espaço A – blocos provenientes da amostra retirada do 1° setor: composto
por nove blocos formados através da argila proveniente da amostra 1 (argila
1:areia, 35%:65%). Sete deles blocos de adobe puros e dois deles tiveram o
acréscimo de palha com o intuito de verificar sua influência no produto final
(Figura 13 – A).
Espaço B – blocos provenientes da amostra retirada do 2° setor: composto
por quatro blocos de adobe puros formados através da amostra 2 (argila
2:areia, 35%:65%) (Figura 13 - B).
Espaço C – blocos provenientes da amostra retirada do 3° setor: composto
por nove blocos formados por meio da argila proveniente da amostra 3 (argila
3:areia, 35%:65%). Dois dos nove blocos foram confeccionados, única e
exclusivamente, pela mistura da argila com a água (argila 3, 100%) com o
intuito de verificar seu comportamento final (Figura 13 - C).
37
5.2.1 Massa
Das três amostras ensaiadas, a que apresentou menor massa foi a terceira,
referente à amostra do 3º Setor, com uma média total de 3,929 Kg. Ao passo que a
primeira amostra (1º Setor), apresentou uma maior média na referida grandeza,
totalizando 4,036 Kg.
Com os valores de massa variando entre 3,800 Kg e 4,150 Kg foi percebido
que os valores obtidos no presente trabalho para os blocos de adobe ultrapassavam
muito aqueles encontrados em blocos tradicionais que variam entre 0,800 Kg e
1,200 Kg.
5.2.2 Densidade
A densidade dos blocos é obtida pelo quociente entre sua massa e seu
volume, para calcular a referida grandeza foi pesado um fragmento de bloco
(obtendo assim sua massa), em seguida o mesmo material foi submerso num
béquer graduado e com um certo volume d’água qualquer, a variação volumétrica
encontrada representa o volume do fragmento, de posse dessas duas grandezas
conseguimos calcular a densidade dos blocos das diferentes amostras (Gráfico 7).
Para o ensaio com a amostra 2 foram utilizados dois blocos puros, o primeiro
atingiu o valor de ruptura 0,67 KN e o segundo 0,52 KN de acordo com o Gráfico 9.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BONJORNO, José Roberto et al. Física: História e Cotidiano. São Paulo: Ftd, 2005.
672 p.
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&c
o_obra=80789>. Acesso em: 04 jan. 2013.
PUCCI, Luís Fábio Simões. Massa e peso: Descubra a diferença entre esses
conceitos. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica/massa-e-
peso-descubra-a-diferenca-entre-esses-conceitos.htm>. Acesso em: 21 mar. 2013.
<https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja
&ved=0CCsQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.mp.go.gov.br%2Fportalweb%2Fhp%
2F9%2Fdocs%2Frsudoutrina_24.pdf&ei=TchHUf6KHbKJ0QHyrIDwDg&usg=AFQjC
NHGUkp7n-CldhwSg6nga-5GpXGOWQ&sig2=ZBmeJnYNXzyP1077z-fwAA>.
Acesso em: 15 jan. 2013.
APÊNDICE – A
Nome: Sexo M ( ) F ( )
Número de moradores:
Sim ( ) não ( )