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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

Centro de Ciências Exatas e Tecnologia


Departamento de Engenharia Civil
Programa de Pós-Graduação em Estruturas e Construção Civil
CIV 284 - Avaliação de estruturas de concreto armado

Recuperação de estruturas:
reparo

Profa Dra Fernanda Giannotti


Prof. Dr. Almir Sales
Fonte: Grochoski e Helene (2008)
GRAU DE DEGRADAÇÃO

 Ações emergenciais: risco de colapso total ou


parcial

 Ações de prevenção e/ou proteção: grau de


deterioração baixo

 Reparos: condição de uso original

 Reforços: aumento da capacidade portante

 Substituição da estrutura: custo da intervenção é


extremamente elevado
Para o sucesso de uma recuperação,
qual seria a porcentagem de
participação de cada etapa?

Produto Aplicação Diagnóstico e terapia

30% 30% 40%


25% 25% 50%
SISTEMAS DE REPARO – HELENE (1993)

 Sistemas de reparo por repassivação localizada (argamassas,


concretos e grautes de base cimento Portland);

 Sistemas de reparo por barreira sobre a armadura (argamassas


de base epóxi, os primers e tintas de base epóxi);

 Sistemas de reparo por barreira sobre o concreto (vernizes e


tintas de base epóxi, acrílica ou poliuretana);

 Sistemas de reparo por barreira química (inibidores de corrosão);

 Sistemas de reparo por proteção catódica.


SISTEMAS DE REPARO – HELENE, 1997

•Catódica por corrente impressa


•Catódica do tipo galvânica
Proteção
direta •Barreira física
•Barreira galvânica

•Argamassas e concretos
•Realcalinização
•Repassivação
• Extração eletroquímica de
Proteção •Inibidores químicos cloretos
indireta
•Recobrimentos
superficiais do concreto
MÉTODOS DE COMBATE OU PREVENÇÃO DA
CORROSÃO – PANOSSIAN (2010)
 Seleção de materiais: substituição do aço pelo aço inoxidável;

 Mudança do meio: reparo (retirada do concreto danificado e


recomposição), realcalinização e extração de cloretos;

 Revestimentos: tratamento da superfície do concreto ou


revestimento da armadura;

 Proteção catódica: por corrente impressa ou ânodos de sacrifício.


Principais sistemas de reparo

RETIRADA DO CONCRETO DANIFICADO E RECONSTRUÇÃO


Argamassas, concretos e grautes de cimento Portland

Concreto

Zehbour Panossian – Abraco, 2010


Principais sistemas de reparo

RETIRADA DO CONCRETO DANIFICADO E RECONSTRUÇÃO


Argamassas, concretos e grautes de cimento Portland

Aplicação da argamassa em toda a superfície do concreto ou pintura de proteção

Concreto

Zehbour Panossian – Abraco, 2010


Para evitar incompatibilidade eletroquímica em concreto muito
contaminado → reparo generalizado

Concreto

Concreto
Concreto

Zehbour Panossian – Abraco, 2010


Procedimentos de recuperação

 Inspecionar e delimitar o local de reparo;

 Remover o concreto danificado;

 Limpar a armadura no padrão SA 2 1/2;

 Aplicar ponte de aderência;

 Preencher os vazios com argamassa de reparo;

 Proteger/dar o acabamento na superfície.


Procedimentos de recuperação

 Inspecionar e delimitar o local de reparo

delimitar

Áreas com corrosão Delimitação incorreta Delimitação correta


Procedimentos de recuperação

 Limpeza da superfície de concreto

Utilização de soluções ácidas

 Não deve ser utilizada quando se tem uma pequena


espessura de cobrimento da armadura reduzida;

 Normalmente utiliza-se ácido muriático, ácido clorídrico


diluído em água na proporção 1:6;

 Início da limpeza → saturação da superfície de concreto


Procedimentos de recuperação

 Remover o concreto danificado: corte e apicoamento

Equipamentos mecânicos: martelete pneumático leve (5kg)


Apicoamento manual: ponteiro, talhadeira e marreta
Procedimentos de recuperação

 Remover o concreto danificado: corte e apicoamento

Observações:
O corte do concreto deve ser com cantos vivos e, o
seu interior (bordas) deve ser chanfrado em ângulos
de 45°- DIN 18349 30°até 60°

Exposição de toda a armadura

Espessura mínima de corte na face superior deve ser


de 3 vezes a espessura do maior agregado
Procedimentos de recuperação

 Remover o concreto danificado: hidrojateamento


Procedimentos de recuperação

 Remover o concreto danificado: hidrojateamento


Procedimentos de recuperação

 Limpar a armadura no padrão SA 2 ½ (condição próxima ao metal branco)

Observações:
Limpeza com escova de aço ou hidrojateamento

Em estruturas de concreto contaminado com


cloretos, utilizar água quente (60ºC)

Perda de seção de aço


maior que 10%

Substituição da armadura

Traspasse, luva, solda – NBR


6118:2014
Procedimentos de recuperação
 Aplicar ponte de aderência
 Preencher os vazios com material de reparo
 Proteger/dar o acabamento na superfície
Materiais de reparo

 Argamassa polimérica (espessura até 50 mm) ± 50 MPa em 28 d;


 Argamasssa polimérica reforçada com fibras (aplicação manual
ou projetada), com espessura localizada até 100 mm;
 Argamassa polimérica resistente a sulfatos;
 Argamassa polimérica para áreas sujeitas a carregamento
dinâmico (grandes áreas horizontais);
 Argamassa polimérica com agente adesivo integrado (dispensa
ponte de aderência);
 Argamassa seca tipo dry-pack;
 Argamassa fluida (pisos, obras de infraestrutura), entre outras.
Materiais de reparo

 Graute de alto desempenho (espessura máxima de 100 mm);


 Graute de alta resistência (40 MPa em 1 dia e 80 MPa em 28
dias);
 Microconcretos (espessura máxima de 300 mm);
 Microconcreto com agente inibidor de corrosão;
 Graute epóxi (impermeável);
 Graute subaquático (reparos em condições subquáticas).
Procedimentos de recuperação

Produto à base de
zinco?
Formação da
macrocélula de
corrosão

Revestimentos Ponte de aderência e


minerais proteção anticorrosiva
Aplicado sobre a superfície umedecida
Procedimentos de recuperação

Aplicação de
graute em pilares
Procedimentos de recuperação
SISTEMAS DE REPARO

Argamassas e concretos
1. Inibidores químicos
2. Proteção catódica
3. Extração eletroquímica de cloretos
4. Realcalinização
5. Sistemas de proteção superficial
Inibidores de corrosão

Produtos Diminuem a Estruturas novas (preventiva)


químicos velocidade de
corrosão Estruturas existentes

Adicionados à Adicionados na Não usual no Brasil


mistura de superfície do MCI (migratin
concreto concreto corrosion inhibitors)

Classificação: • De absorção (anódico, catódico, misto)


• De formação de filme passivo (bloqueando superfície metal)
• De passivação (favorece a estabilidade do filme de passivação)
Inibidores de corrosão

Nitritos Aminas e alcanolaminas


Adicionados à mistura de Óxido de zinco
Produtos
concreto (preventiva)
químicos

Nitrito de sódio - 1950


Perda de resistência e
RAA
• Depende do valor crítico do teor de cloretos e do teor de
nitritos
• Não inibem a corrosão quando utilizado em dosagens
Nitrito de cálcio inferiores
• Inibidores anódicos (formam filme passivo)
• 2Fe2+ + 2OH- + 2NO-2 2NO + Fe2O3 + H2O
Inibidores de corrosão

Nitritos Aminas e alcanolaminas

Produtos Adicionados à mistura de concreto, em


químicos materiais de reparo ou aplicado na
superfície di concreto

Inibidores catódicos ou mistos

• Substância é absorvida na superfície do metal,


formando uma camada protetora, que impede o
contato entre o metal e o meio corrosivo
• Remove os produtos de corrosão.
Inibidores de corrosão

Atuam de 3 formas:
 Interferem nas reações anódicas e/ou catódicas, alterando a
velocidade com que o processo corrosivo se desenvolve

 Alteram a camada de passivação do aço, aumentando a sua


estabilidade

 Adsorvem-se na superfície do metal, formando um filme que


impede as reações na superfície do mesmo
Inibidores de corrosão

Altera sistema Redução da Potencial de corrosão assume


eletroquímico do corrente de valores diferentes: maiores ou
sistema concreto-aço corrosão menores que o valor inicial
Proteção catódica

 Método para prevenir a corrosão das armaduras no concreto armado

 Aplicado 1ª vez na Itália, em 1989, para prevenir a corrosão de


tabuleiro de pontes

 Empregada em ambientes bastante agressivos → ambiente marinho

 Aplicação de medidas preven vas → menores os custos associados

Consiste na aplicação permanente de corrente elétrica contínua,


de baixa intensidade, entre as armaduras da estrutura de
concreto e um ânodo externo
Potencial de corrosão para valores correspondentes à
imunidade do material!!!!
Proteção catódica

Utiliza conceitos de eletroquímica para proteger o metal. Numa célula


eletroquímica, o metal corrói, perdendo elétrons para a área anódica,
onde são consumidos (GROCHOSKI e HELENE, 2007).

Proteção catódica cria uma corrente de elétrons entre o ânodo


de sacrifício e o metal a ser protegido

Área anódica passa a receber elétrons, comportando-se como


uma área catódica.
A corrosão não é eliminada, porém passa a ocorrer em um local
pré-determinado e de forma controlada

Por ânodo de sacrifício Por corrente


ou
ou galvânico impressa
Proteção catódica

•Por ânodos de sacrifício ou por corrente imposta;


•Eletrodos de referência/sensores;
• Fontes de alimentação;
• Sistemas de controle e monitoração

• Controla o processo existente de corrosão das armaduras;

• Com o tempo, estabelece as condições passivas;

• Na prevenção → impede o início da corrosão (estabilização do


filme passivo);

• Prevenção mais simples que proteção.


Proteção catódica

Por ânodo de sacrifício

Metal de sacrifício
fortemente anódico

Mais adequado para estruturas de concreto úmidas (zonas de respingo e variação


de maré) e estruturas submersas.

Mais utilizado em estruturas sujeitas à contaminação por cloretos → diminui a


resistividade do concreto
Proteção catódica

Corrente impressa – método tradicional


Consiste em instalar um leito de ânodos na superfície do concreto,
proteger este leito com uma camada de revestimento, em geral
cimentício, e, por meio de uma fonte externa, aplicar uma corrente
catódica (pólo positivo conectado ao ânodo e o negativo, à armadura,
de modo a tornar a armadura, catódica)

Re ficador de corrente → fluxo de


elétrons da ordem de 3 a 20 mA/cm2
entre o metal e o ânodo
A
Mais adequado para estruturas atmosféricas.
A

Ânodo de sacri cio → metais nobres


(baixa taxa de corrosão)
Proteção catódica

Observações:
Não recompõe o aço;

É essencial que o ânodo apresente um tempo de vida elevado e que seja


fácil de instalar;

Tipo de malha ou fita de ânodo a utilizar e o seu espaçamento está


relacionado com a densidade de corrente requerida e com a
uniformidade de distribuição de corrente;

Tipo de sensores, o seu número e localização determinarão da eficácia


da proteção catódica.
Zehbour Panossian – Abraco, 2010
aaaa
a
Zehbour Panossian – Abraco, 2010
Extração eletroquímica de cloretos

Remoção de grande parte dos íons cloreto que estão contaminando a


estrutura sem a necessidade de remoção do concreto.

É um método que consiste na criação de um campo elétrico entre as


armaduras e um ânodo externo (malha metálica fixada externamente
na estrutura). Com a criação do campo elétrico, os íons de carga
negativa (Cl-), são mobilizados em direção ao ânodo, enquanto os
íons positivos são conduzidos ao cátodo (armaduras) (GROCHOSKI e
HELENE, 2007).

Depois de algumas semanas, o eletrólito colocado junto ao


ânodo (normalmente polpa de celulose úmida) é removido,
juntamente com o ânodo e os cloretos.
Eletro-osmose Dessalinização
Extração eletroquímica de cloretos

Malha de Ti até aço carbono


Hidróxido de cálcio
Transformador → a saturado
partir da corrente Hidróxido de sódio
alternada é Água tratada
produzida uma
corrente contínua a
baixa voltagem

Permite
repassivação
da armadura

Fonte: Monteiro, 2002

Taxa de extração dos íons cloreto é diretamente


proporcional à corrente aplicada
Extração eletroquímica de cloretos

Aplicação do método em uma parede de concreto do metrô

Fonte: Monteiro, 2002


Extração eletroquímica de cloretos

E a durabilidade de um tratamento
de extração eletroquímica?

Depende da porcentagem de
cloretos que ficam na estrutura!!!

Cloretos livres Cloretos combinados

Dificuldade de remoção dos íons por trás da armadura


Realcalinização

Reestabelece a alcalinidade do concreto carbonatado através da


elevação do pH.

Não necessita remover o concreto carbonatado!

Realcalinização Realcalinização
passiva eletroquímica

Difusão e absorção de Uso de corrente elétrica e


uma solução alcalina: formação de um campo
carbonato de sódio, elétrico
hidróxido de sódio,
hidróxido de potássio.
Realcalinização

Realcalinização
passiva
Realcalinização

Realcalinização
eletroquímica
Sistemas de proteção superficial

Sistemas formadores de películas


São sistemas compostos por polímeros que ao coalescerem formam
uma película/filme sobre a superfície, impedindo a passagem de
gases e íons (GROCHOSKI e HELENE, 2007).

Aplicação
Armadura Superfície do concreto
Menor consumo Maior consumo
Exposição da armadura Mais indicado: facilidade para
Formação macro-célula re-aplicação
Minimiza formação macro-
célula
Sistemas de proteção superficial

Sistemas de proteção → formadores de película


Mais comuns

Acrílicas Áreas internas

Alquídicas Não são recomendas → saponificação

Poliuretâncias
Indicadas para recuperação de
Epoxídicas estruturas de concreto

Qualidade depende:
Sistemas de proteção superficial

Sistemas de proteção → formadores de película


Epóxi Poliuretano

• Excelente resistência química; • Alifático

• Degrada sob ação de raios UV. • Aromático (bicomponente)


Resistente a raios solares
Ambiente externo
Ambiente externo
Características dos formadores de película
Fonte: Helene (2000)
Sistemas de proteção superficial

Sistemas hidrofugantes Silicones – silanos e siloxinos

Não alteram as características


Aversão à água
originais do concreto

• Devem ser aplicados em superfície seca


• Penetram nos poros e reagem com a matriz cimentícia→ ligação química
• Devem ser aplicados em concretos/argamassas com idades avançadas →
hidratação do cimento → reduz a eficiência do tratamento
• Não colmatam os poros → permitem que eles “respirem” → indicado em
locais em que há percolação de água
• Permite a passagem de vapor de água e outros gases

Carbonatação Absorção de água em 95%


(Medeiros e Helene, 2007)
Características dos hidrofugantes
Fonte: Helene (2000)

Pesquisadores afirmam que podem durar até 10 anos!!


Interação entre a água e a superfície de concreto com e sem
hidrofugante

Estrutura molecular

Fonte: Helene (2000) e Medeiros (2008)


Fonte: Medeiros (2008)

Tendência em se utilizar sistemas duplos de proteção: combinação de


hidrofugantes com películas protetoras, por exemplo.
INJEÇÃO DE FISSURAS

Estanqueidade
Evitar penetração de agentes agressivos
Objetivos:
Reforçar a estrutura
Levantamento de pisos

Classificação dos tipos de injeção:


• Estrutural: aderência ≥ 2,0 MPa ( 20 kg/cm2)
• Preenchimento: aderência ≥ 0,6 MPa ( 6 kg/cm2)
• Selamento: até 20 mca
• Impermeabilização: até 70 mca
INJEÇÃO DE FISSURAS

Resina epóxi (rígida → fissuras passivas)


Resina de poliuretano rígido (fissuras passivas
secas)
Materiais: Resina de poliuretano flexível (fissuras ativas,
passivas secas, úmidas e com fluxo de água)
Gel acrílico (flexível → forma uma membrana
impermeabilizante)

Equipamentos:
INJEÇÃO DE FISSURAS

Aplicação:
FISSURAS
Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da armadura,
em função da classe de agressividade ambiental (NBR 6118:2014)
Tipo de concreto Classe de Exigências relativas à
estrutural agressividade I (CAA) fissuração
Concreto simples CAA I a CAA IV Não há
Concreto armado CAA I ELS-W Wk≤ 0,4 mm

CAA II e CAA III ELS-W Wk≤ 0,3 mm

CAA IV ELS-W Wk≤ 0,2 mm

Injeção de fissuras: até 2,0 mm

Acima de 2,0 mm? CALCULISTA


FISSURAS – como recuperar?

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