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A Lei dos Cearenses

LEI Nº 6.969, DE 16 DE FEVEREIRO DE 1999.

Dispõe sobre os direitos e deveres do cidadão cearense.

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Artigo 1º - Considera-se cearense, para os efeitos desta Lei, todo e


qualquer cidadão que se encontre em pelo menos uma das seguintes
situações:

a. Ser nascido em território alencarino;


b. Ter residido no Ceará por período superior a 10 (dez) anos,
clandestinamente ou não;
c. Ser filho (a) de pai ou mãe cearense com pulso suficiente para
incutir-lhe características típicas do "cabeça-chata" e "cabra-macho".
Parágrafo Único - Aos demais brasileiros e aos estrangeiros com
residência permanente no Ceará, se houver reciprocidade em favor de
cearenses, curtirem um gato-vei e uma colonial limão, serão atribuídos
os direitos inerentes ao cearense.

CAPÍTULO II
DOS DIREITOS

Artigo 2º - Todo cearense tem direito à água, farinha, rapadura e um


gato-vei.

Artigo 3º - Todo cearense tem o direito de escutar o seu forró no


último volume sem ser importunado por aqueles que teimam em
dormir.

Artigo 4º - Todo cearense tem o direito de permanecer em casa em


dias de chuva ou de baixa temperatura.
Parágrafo Único - O cearense pode retornar às suas atividades
normais quando a temperatura do local estiver nos padrões vigentes
no seu "habitat" natural (algo em torno de 32º C).
Artigo 5º - Todo cearense tem direito a rir e a fazer piada em qualquer
local, até mesmo em cemitérios e salas de aula, e em qualquer
situação, inclusive barroada de trem e solenidades de enterro.
Parágrafo Único - O cearense pessimista e mal-humorado será
sumariamente excomungado, expulso e expatriado.

Artigo 6º - Todo cearense deve ser reconhecido não somente pela sua
privilegiada cabeça mas também pela sua coragem, determinação,
dedicação e senso de superação.

Artigo 7º - Todo cearense tem o direito de migrar para qualquer parte


do país ou do mundo sem ser chamado de "paraíba" ou "baiano".
Parágrafo Único - O termo a ser usado como tratamento de cearense,
além do já tradicional "cabeça-chata", é "cearense". "Cabra Macho" ou
"Cabra da Peste" também podem ser usados, em casos excepcionais.

CAPÍTULO III
DOS DEVERES

Artigo 8º - Todo cearense tem o dever de divulgar o linguajar típico de


sua região.
Parágrafo Único - O cearense deve estimular o uso de expressões
como: "oxente", "meu bichim", "arriégua", "pai d'égua", "vixe Maria",
"porreta", "macho" , "gato-vei", "queima raparigal" e outras do gênero.

Artigo 9º - O cearense tem o dever de receber em sua casa qualquer


cidadão, independentemente de procedência, sexo, raça, religião ou
time de coração, e tratá-lo com a hospitalidade típica do alencarino.
Parágrafo 1º - O cearense deve servir aos seus hóspedes somente
comidas típicas da Região, tais como: sarrabulho, buchada, panelada,
baião-de-dois, farofa, tapioca e canjica, tomando as devidas
precauções para que, sob qualquer hipótese, ele deixe sua residência
de barriga vazia.
Parágrafo 2º - Em caso de desentendimento grave com o hóspede, o
cearense deve abandonar provisoriamente a sua casa em prol do
visitante, até que se resolva a pendenga.

Artigo 10º - O uso de rede é obrigatório ao cidadão cearense, mesmo


nos dias de baixa temperatura.
Parágrafo 1º - O uso de pinico é permitido em caso de o banheiro
situar-se distante do local da rede.
Parágrafo 2º - A rede pode ser utilizada por mais de um cearense,
desde que a pesagem total dos ocupantes não ultrapasse 6 (seis)
gato-veis.
Parágrafo 3º - Aceita-se que o cearense não tenha cama em casa,
mas é inaceitável a falta dos armadores de rede.

Artigo 11º - Todo cearense deve lavar a sua honra em caso de ofensa
ou destrato oriundos de terceiros.
Parágrafo Único - Para cumprir o disposto neste artigo, o cearense
pode utilizar-se de qualquer artifício, inclusive tabefe, unhada,
cocorote, puxão de cabelo, baladeira, peixeira e tiro de espingarda.

Artigo 12º - Todo cearense deve ter no mínimo cinco filhos, permitindo
assim a natural preservação da espécie.
Parágrafo 1º - Fica o cearense proibido de se desesperar com o
aumento da prole, sendo-lhe permitido rezar a Padim Ciço e lembrar
de um ditado típico da Região: "Onde come um, comem dez".
Parágrafo 2º - O cearense deve manter a tradição de ser criativo na
escolha dos nomes nos "cumedozim de rapadura", e até mesmo
aceitar a ajuda dos vizinhos para tanto. No mínimo, a prole deve ter
nomes combinando, de preferência começando com a mesma letra.

Artigo 13º - Revoga-se qualquer disposição contrária ao disposto


nesta lei.

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