- O fenômeno das remoções das áreas gentrificadas / corredores olímpicos ocorreu
em várias cidades que sediaram grandes eventos esportivos, e alertaram para o que podia acontecer no Rio (9) - Os eventos são encarados como plataformas de negócios, que vendem tudo que a eles se relaciona, inclusive as cidades, estas marcadas pior desigualdades e urbanidades incompletas (10) - “Nunca era divulgado quantas pessoas seriam removidas, para onde iriam e quais as propostas, custos e fontes para seu reassentamento”. As obras eram importantes, o que fazer com as pessoas não (11) - “As desapropriações e remoções têm uma geografia baseada num processo milimétrico de desconstrução de direitos e de abertura de uma área da cidade como nova fronteira de expansão do mercado imobiliário” (11) -“Sua remoção das áreas centrais abre caminho para investimentos privados com localização privilegiada, ao mesmo tempo em que reforma a ideia de que o lugar dos pobres é na periferia” (12) - PP e Carlos Lacerda consagrados na memória coletiva como representantes de despejos massivos, mas não foram páreo para Eduardo Paes. (12) - O processo não é relacionado apenas a eventos esportivos temporários, usou os mesmos como justificativa para projetos que já vinham desde os ano s1970 (12) - Política pública que deixa de ser orientada para a satisfação das condições de vida das pessoas para se orientar À maximização dos lucros (13) - “Perspectiva da reafimação da cidade voltada para o mercado, em detrimento dos direitos dos cidadãos. Nesse processo, aqueles que perdem suas casas para a valorização do território não usufruem dos supostos benefícios que ela origina” (15) - MCMV se tornou instrumento de segregação espacial (16) - Expulsão dos mais pobres para as áreas mais distantes da cidade (17) - Relação centro x periferia – expulsão e atração (17) - “Uma vez que os investimentos se voltaram para as áreas centrais da cidade que antes estavam à margem dos interesses políticos e imobiliários, como determinadas favelas e a zona portuária, a população que ali reside sofre uma enorme pressão do próprio mercado para sua saída (remoção branca)” (18) - Cidade neoliberal, parcerias com setor privado, PROPAR RIO (23) - Criação da CDIRP (11/2009), Porto Novo (Odebrecht, OAS e Carioca Engenharia), Area de Especial Interesse Urbanístico como “local mais qualificado em infraestrutura e serviços do Rio de Janeiro para trabalho, investimento, moradia e entretenimento” (23) - fazer com que a intervenção urbana dependesse de exigências de atores privados (24) - Modelo de cidade baseado no sucesso de Barcelona, intervenções militares baseadas em Medellín e Bogotá (25) - Plano de cidade olímpica já existia em 1995 - Requalificação de área portuária através de entidade gestora autônoma; projetos de viés social na tentativa de introduzir certa camada nessa rede de consumidores / cidadãos (26) - “Constituição do Conselho da Cidade ajuda a entender a quem o poder público dá o direito de pensar a cidade: (...) encontram-se representantes dos setores que têm interesse direto nos projetos e empreendimentos que transformaram a cidade num imenso canteiro de obras” (27) (orgia das picaretas de PP) - Grande maioria das doações de campanha para EP e PMDB foram de empreiteiras ou empresas que atuam no mercado imobiliário, cerca de 60% (30 e 31) - “O cenário de crise cria um ambiente propício a soluções que são apresentadas como um ‘mal necessário’ e que se justificam por um futuro melhor para a cidade” (32) - “As favelas e seus habitantes representam historicamente uma cidade que deve ser combatida. Uma agressão ao meio ambiente e ao cenário carioca, e ao mesmo tempo, um empecilho para a valorização e progresso dessa sociedade” (32) - Elementos de propaganda do combate à crise promovem ao cidadão sensação de pertencimento ao projeto de evolução, dando plenos poderes ao Estado (33) - “A forma de apropriação do espaço pelas camadas de renda mais baixa da população ocorre de forma muito particular no Rio de Janeiro desde o aparecimento da primeira favela. Diferente de muitas outras cidades, onde aos pobres só cabiam a periferia geográfica, esses territórios cariocas foram surgindo principalmente nas encostas dos morros da região central e mais valorizada” (35) - desequilíbrio no uso do solo (35) -“ No processo de apropriação do espaço urbano pelo capital ao longo da história da cidade, um fenômeno recorrente foi a expulsão das camadas socioeconomicamente mais vulneráveis dos territórios de maior valor de mercado. Foi assim com a caça aos cortiços da região central, com os incêndios das favelas da Zona Sul, entre outras” (36) - governo argumentava que novas remoções seriam realizadas com participação dos moradores e respeito aos seus direitos (36) - Tema das remoções aparece como uma das contradições do processo de transformação urbana, pois o estado deveria garantir o direito a habitação e vem desrespeitando sistematicamente (37) - “Através de uma simples comunicação por ato normativo do órgão executor de uma obra à Secretaria de Habitação, o imóvel referido já estará sujeito À remoção sem direito a contestação por parte dos moradores” (39) (semelhança com prefeito plenipotenciário de PP) - Prefeitura não reconhece direitos dos cidadãos com relação à propriedade e indeniza terceiros (donos dos cortiços?) 41 - BRT e desapropriações – margem de lucro pra iniciativa privada (42) - Diferenças de empreendimentos de acordo com o bairro – Barra: shoppings, Madureira habitação popular (43) - Plano estratégico 2012-2016 estipula percentual de imóveis desapropriados, possibilitando ação agressiva do estado (45) - Obras viárias priorizavam o transporte coletivo mas incentivavam o individual (45) - “Dentro desta lógica de reorganização do espaço urbano por estratos sociais, na qual resta Às camadas com menor poder aquisitivo os territórios mais distantes da cidade, o transporte ganha um valor muito significativo para a sua sustentabilidade. O cidadão que mora na periferia da Zona Oeste geralmente não trabalha nessas imediações, necessitando de um meio de transporte mais ágil, que possibilite uma melhor fluidez para a reprodução de capital” (45) - Traçado dos BRTs colocado como pretexto para remoções (valorização imobiliária) (46) - Tanto desapropriações quanto remoções claramente associadas ao desejo do capital imobiliário (48) - Secretarias da Prefeitura apontam alternativa de remoção das camadas sociais mais pobres como preceito para a valorização do território (48) - Direcionamento das ações do Estado sobre determinada região vem ao encontro dos interesses da construção civil (49) - Remoções realizadas para 40 a 70 km do local original, mapeamentos e censo falsos para definir cooptação, demarcação com sigla (associação com PR) (51) - Demolição de casas negociadas, deixando pra trás o entulho sem remover para piorar a vida de quem fica (53) - Criada uma ligação entre os BRT Transolímpica e Transcarioca, não existente no projeto original, para justificar remoção da Vila Autódromo (55) - “Por que o rico pode morar ali e o pobre não?” (56) - Recursos para reforma do porto adquiridos mediante CEPACS, compradas pela Caixa em 2011, implicando em que essa região histórica sofresse com radicais transformações em morfologia e padrão social (58) - Imóveis privados desapropriados, muitos deles com ocupações que foram removidas (Zumbi dos Palmares, Boa Vista, Flor do asfalto, etc ) (58) - Estado atuando como mitigador dos riscos da iniciativa provada e oferecendo financiamento. Caixa poupou empreiteiras de comprar as CEPACS, com elevado grau de risco (59) -“Assim como em outros casos na cidade, as intervenções são apenas divulgadas, sem possibilidade de objeção” (59) - Favelas “pacificadas” Zona Sul e Tijuca, regiões de interesse imobiliário, sofrem com processo de “remoção branca” e chegada de taxas de concessionárias (61) - Laudos técnicos de órgãos não ligados à Prefeitura apontam número de remoções muito superior ao necessário para viabilizar as intervenções (62) -Decisão técnica que justifique a remoção poderia ter outra solução se debatida publicamente (caso dos corredores viários) (63) - Casas removidas estão em assentamentos precários, população pouco poder aquisitivo, materiais com pouco valor de mercado = indenização de baixo valor. Indenização essa que é baseada no valor de um imóvel que vai ser demolido, e que impede que o indenizado adquira outrao imóvel (65) - Imóveis MMCM 0-3 construídos de forma precária e má qualidade (66) e muitas vezes invadidos por milícias que tomam conta dos imóveis e dos serviços do local (68) - Milicianos cumprem papel na reorganização do espaço urbano mantendo essa população silenciada e desintegrada ao restante da cidade, para naõ sinalizar sua insatisfação com a ausência de serviços fundamentais (68) - Incentivo do poder público em expandir para os cantos remotos da zona oeste serve aos interesses imobiliários e fundiários. A maioria dos empreendimentos não atinge a maior camada do déficit habitacional (0-3 SM) (70) - Area prioritária para MCMV zonas mais desassistidas de serviço9s portanto passiveis de valorização da terra quando houver investimento público (70) - Deslocamento do trabalhador para zonas distantes dos polos geradores de empregos representa custo maior para o trabalhador e para o setor público que tem que investir mais em projetos de mobilidade (71) - Ao invés do governo promover a ocupação das áreas com mais postos de trabalho racionalizando os gastos de tempo e dinheiro do trabalhador, prefere oferecer moradia nas zonas mais afastadas *73) - “Embora localizados nas zonas mais centrais, muitas das críticas se repetem quanto À qualidade das construções e às possibilidades de ocupação, (...) [tendendo] a reafirmar a lógica de gueto – Israel Silva e Zé Kéti (73) - Cidadãos percebem que ao invés de beneficiários são vítimas do projeto. Dinheiro gasto com equipamentos esportivos ao invés de serviços básicos (74) - Custo de vida cada vez mais inviável no Rio. Camadas mais pobres e classe média sofrendo com gentrificação (74) - “Os eventos são meras justificativas que tentam legitimar qualquer ação de emergência por parte do Estado, e esta também é uma questão central que deve ser debatida. Mas, além desses órgãos internacionais, a quem serve esta cidade de exceção?” (76) Por que a cidade é produzida por e para essas empresas? - Empresas dos consórcios imobiliários figuram como maiores doadoras de campanha em nível municipal estadual e federal (76) - O instrumento de desapropriação, embora atentando à propriedade privada, é alternativa para atuação mais aguda em prol do mercado (77) RELATOS SOBRE AS REMOÇÕES - As comunidades são arrancadas dos seus lugares de origem (80) MICRODIÁSPORAS - Para onde vai o povo que eles naõ querem que os ricos vejam? Pro mesmo lugar onde está a maioria da classe trabalhadora que grita e a gente não escuta – no máximo, a gente paga pra manter uma milícia pra manter esse povo calado (81) - Chegada de cobrança de concessionárias aumentou em 803% a conta de luz em Vigário Geral (82) - Estratégia governamental para que os moradores originais percebam que “estão em um lugar errado” – remoção branca (82) - Ação repressiva estatal, UPP para controlar os “estranhos” (classes perigosas) (84) - remoção da Vila Recreio II justificada em função da ampliação da via do BRT, mas a obra no final não ocupou nem 60% do terreno onde ficava a comunidade (85) - Destruição da casa de Jorge Santos Oliveira com seus móveis e livros, que ele juntava para biblioteca comunitária. (87) - DESINTEGRAÇÃO DA SOCIABILIDADE COLETIVA com as remoções (88) - Vila Autódromo recebeu Medalha de Direitos Humanos e prêmio do IPPUR de projeto de urbanização, além de premio internacional. E ainda assim a prefeitura quis remover. (90) - Defensor publico derrubou liminar de não remoção (90) - Remoção já era tentada desde a época de Cesar Maia, 1993, com interesse de empreiteiras - Carvalho Hosken, Andrade Gutierrez e Odebrecht (91) - Construção do Parque Carioca próximo à comunidade considerada como vitória “porque o governo sempre joga as pessoas para muito longe, fazendo com que os moradores perdessem escola dos filhos, trabalho. Conseguimos a conquista desses apartamentos aqui perto como opção para os que queriam negociar com a prefeitura” (92) MAIS UMA VEZ O CONCEITO DE MICRODIÁSPORAS -“ Moradia não é quatro paredes, mas a história, o vínculo da comunidade, da identidade de cada um de nós com o nosso lugar. Nós vamos resistir até o fim” (94) - Relatos de comunidades removidas para imóveis a 70km, 3 horas e meia de distância do anterior lugar. (100)