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BENEFICIOS POR INCAPACIDADE PARA O TRABALHO: AUXILIO-DOENCA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ Clarissa Albuquerque Costa! ilo 6 oferecer ao leitor um panorama geral erca da viséo doutrindria e principalmente jurisprudencial dos beneficios 2 cloenga e de aposentadoria por i 2. Ao longo do trabalho, serao abordadas questdes como a necessidade a necessidade de realizacao de pericia lista, a legaliclace da alta programada, dentre outras, }, até pouco tempo desconhecido pela maioria f, tem sido alvo de constante discussao na dou- 1, 0 conhecimento de tais discussdes e do- jurisprudenciais ¢ enriquecedor e ‘rea de atuacdo, Mesmo porque rudéncia é fonte indireta do Direito e se revela importante metodo expretacdo legal A fim de evitar repeticdes, e até mesmo para facilitar comparacoes, s 0s beneficios sero analisados conjuntamente, fazendo-se as quando for 0 caso. \warie rvequcryue Wate 2 - REQUISITOS Antes de an. risprudéncia, convém um breve esboco dos requisitos para a concessao auxflid-doenca e da aposentadoria por invalidez. ‘A aposentadoria por invalidez esta prevista no artigo 42 da 8.213/1991: “uma vez cumprida, quando for 0 caso, a caréncia exigida, ser la ao segurado que, estando ou nao em gozo de aux! ; lerado incapaz e insusceptivel de reabilitacdo para 0 exercicio de a ide que Ihe garanta a subsisténcia, e ser-Ihe-A paga enquanto perma: cer nesta condicao”. Por sua vez, 0 auxilio-doenca é disciplinado pelo artigo 59 da 8213/1991 e “sera devido ao segurado que, havendo cumprido, quando fot © cabo, 0 periodo de caréncia exigido nesta Lei, ficar incapacitado para seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de quinze dias co secutivos”. Ambos os dispositivos legais revelam a necessidade ce cumpriment de caréncia, em alguns casos. Este ¢ portanto, 0 primeiro requisito cor A caréncia é um ntimero minimo de contribuighes necessario para que © segurado faca jus a determinado beneficio (da Lei de Beneficios, art. 24). dos de periodos de caréncia, e que podem ser defi tempo durante o qual os beneficiarios nao tém direito a determinadas pre tacdes, em razao de nao haver o segurado completado o ntimero minimo d contribuiges mensais exigido para esse fim’, Todavia, nao importa somente o numero de contribuigdes reco! mas sim um prazo minimo de filiagao ao sistema para fins de percepcao d beneficio previdenciérios, Essa observacio é importante porque o artigo da Lei 8212/1991 nao permite que o segurado antecipe o recolhimento d contribuigdes previdenciérias a fim de obter mais rapidamente o bene! almejado. Nos termos do artigo 25, 1, da Lei 8.213/1991, a caréncia para 0 auxilia -doenca é de doze contribuigdes mensais. | ilo previdenciério brasileiro, 10, ed. Rio de Jancird _ tribuicao previdencidri no dia 30 do més de janeiro, por exemplo, havera contril | competéncia de janeiro. Assim, se permanecer trabalhando até o primeiro "Parkinson; i) espondiloartrose anquilosante; avangado da doenca de Paget (osteite deforman deficiéncia Adquirida - All conclusao da medicina especializada; ou n) hepatopatia grave. 8213/1991 nao é taxat a doenca apresentar caracteristicas sem cionado dispositivo de 'e/eyIIOS POR INCAPRCIDADE PARA O TRABALHO; AUILIO.DOENCA €APOSENTADORIA Po MWVALIDE Para Carlos Alberto Pereira de Castro e Joao Batista Lazzari', 1 regra, contuido, a nosso ver, pode ser questionada em face da protecdo stitucional previsia ao segurado acometido de doenga, O lapso cle caréncia néo se justifica para essa espécie de beneficio, que incaraite o trabalhador temporaiamtente, porém, mutes vere por nga gone causando-the sérios problemas de sub ° E importante lembrar que um tinico dia de trabalho gera Dessa forma, se o segurado inicia stias, de dezembro desse mesmo ano, havera cumprido a caréncia de 12 con. igdes mensais", Conforme previsto nos artigos 42 e 59 da LB, nem todos os segura- __ dos precisam cumprir a caréncia para a concessao do beneficio. A carencia _ Poderd ser dispensadla se 0 segurado estiver acometiclo de alguma das do- encas previstas no artigo 151 da referida Lei. Sao elas: tuberculose cogueira; doenca de i) nefropatia grave; k) estado Sindrome da Imuno- }) contamtinacto por radiagao com base em hanseniase; ¢) alienagao mental; d) neoplasia malig isia irreversivel e incapacitante; g) cardiopatia grave; A jurisprudéncia tem afirmado que o rol do artigo 151 da Lei » sendo possivel a dispensa da caréncia quando hantes aquelas previstas no men: PREVIDENCIARIO. ARTIGO 151 DA LET DE BENEHCIOS, ROI DOENCAS, CARENCIA. BENEFICIOS POR INCAPACIDADE, > PE 1. O rol de doencas expresso no att. 151 da Lei de Beneficios nao 6 taxativo, CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. LAZZARI, Jolo Batista. Mamual de Dirito Previdencirio 12 ed, Florianopolis: Conexito Poi 2010-8 oh Nesse sentido: ROCHA, Daniel Machado da. BALTAZAR JUNIOR, Jose ‘ Jose Paulo Comentves i Li de Benefcos da Prevent Soi. 9. et Pris Alors Advogado, 2009, p. 275 pera Se J0.DOENGA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, ‘ 1 eneriios Hon WcAPACIOxO€ FARA O TRABALHO: Clarissa Albuquerque Costa 2. £ possivel que, analisadas as condicdes médicas da parte autora, 0 jul Furma Regional de Uniformizagao da 4* Regido e da 1° Tarma Recursal do reconheca similaridade entre as doengas e, assim, afaste a necessidad Parana: caréncia para obtencéo do beneficio por incapacidade. 68.2009,404.7050, Turma Regional de Uniformizacéo da 4° Regiao, Rel A x tegiao, PREVIDENCIARIO. ARTIGO 151 DA LEI DE BENEFICIOS. ROL DE Antonio Fernando Schenkel clo Amaral e Silva, DE. 10/06/2011) 4 DOENCAS. CARENCIA. BENEFICIOS POR INCAPACIDADE. Annan mrtmnio armaaci cysts aposerrrspowA 1.0 rl de downs expresso no a 15 Lice anism at INVALIDEZ, REQUISITOS PREENCHIDOS. ACRESCIMO DE 25%. 2. E possivel que, analisadas as condigées médicas da parte autora, 0 Juiz reconhega sit idade entre as doencas e, assim, afaste a necessidade de 8213/91, ARTS. 26 UL, 42,45 e 15 ; Io carn etetineichiin eee 1 crssnprmiesn denise des pest ramen pela D5. Recuso provide, 6007691-51.2012 arma Regional. de 4 ielatn por eiroutnanusla trevor ene Tiniormniaagae cn 4 Regine, Relator p/ Acido Gabriela Pietsch Serafin, {@cidente vascular cerebral) isquémico, o qual foi suficiente para deixé DE. 11/12/2012), dependente de terceiros para realizar suas atividades diarias. Ss eots dak nas) preieer etooceccaisacT? ISPENSA DE CARENCIA, ROL XE: - rend iin pied sae eareaie deo aba ICATIVO, DOENCA EQUIPARADA. 1. Ovrol do. artigo 151 da Lei rmensais para a concessto cle aposentadoria por invalidez, ressalv | RDTn/IDMI ao € taxativ, sendo posivel a dispensa da carénca quando a doenca aprese isticas semelhantes aquelas. pre dente de qualquer natureza ou causa @ rencionado dispositive de lei. Faz-senecessétio queea doenca.aser equ doeneapresional ou de tata, bem come n : Bernat Peas cnqucns carats eemelhontes juss di for acome Gocngas previstas no mencionade artigo, para que entdo possa ser consicierada graven bonto de ser quiparada a do artigo TSI e permite a dispensa da Errencia para a concessio dos beneficios de auxilio-doenga e aposentadoria por invalidez, 2.0 acidente vascular cerebral dispensa a caréncia quando as ‘ Eejuelas por ele deixadas podem ser equiparadas a paralisia ireversive, caso rol do art. 151 da Lei 1° 8.213/91, nso haven, portanto, que se falar em dos autos, (RCI 200770.56.001517-0, Primeira Turma Recursal do PR, Relatora descumprimento de caréncia. ‘Ana Beatriz Vieira da Luz Palumbo, julgado em 04/12/2008). 4. Nao deve ser esnseradotaxativo 0 Tol de doenss doar, 151 da Ll 8.213/91, pois este dispositivo, em certos casos especificos, como o dos aut Da mesma forma, nos termos do artigo 26, Il, da Lei 8.213/1991, a deve comportar uma interpretacdo analogica, Precedente, ocorréncia de acidente de qualquer natureza dispensa o cumprimento da caréncia para a concessao de auxilio-doenca, sendo necesséria apenas a camprovacio da qualidade de segurado na data do evento e da existencia da stevia permanenede uta ps Se posta B ce incapacidade.. ——___—— ee tant ce akaecteoa duet O segundo requisito comum a concessao do autxilio-doenga e da apo- ia a decisdio monocratica que dew pr _ sentadoria por invalidez ¢ a incapacidade para 0 trabalho ou atividade ha- iz, TRF2 - Segunda Turma Especi 05/07/2011, p. 51-52). (Sem grifos no original ‘A Organizagio Mundial da Satide (OMS) define a incapaci sendlo “qualquer reduco ou falta (resultante de uma deficiéncia ou disfun- Gao) da capacidade para realizar uma atividade de uma maneira considera- da normal para o ser humano, ou que esteja dentro do espectro considerado normal” ‘A meu ver, essa equiparacao somente se revela possfvel quando a do nga a ser equiparada apresente sintomas, sequelas ou caract nelhantes aqueles das doencas previstas no mencionado artigo, para que nto possa ser considerada grave a ponto de ser equiparada as do artigo = 51 a nermitir a dicnenca da earéncia, Nesse sentido, é a iurisnrudéncia da 3” HORVATHIUNIOR Miguel, Direito previdencfvia Sdo Paulo: Quartier Latin, 2008, p.163.

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