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13. a  REUNIÃO DE PAVIMENTAÇÃO URBANA – 13.

ª RPU 
MACEIÓ/AL ­ BRASIL ­ 5 a 7 de abril de 2006 

Local: Centro Cultural e de Exposições de Maceió 

AVALIAÇÃO DO MÓDULO DE RESILIÊNCIA DE MISTURAS SOLO­ 
AGREGADO RECICLADO CERÂMICO EM FUNÇÃO DA POROSIDADE 
DO ESQUELETO GRANULAR DO AGREGADO  

J oão F ernando Dias 1 ; Vahan Agopyan 2 ; Liedi L. B. Bernucci 3 ; Edson de Moura 4 


Professor Adjunto; Faculdade de Engenharia Civil – Universidade Federal de Uberlândia; Av. João Naves de Ávila, 
2121, Bloco 1Y– Campus Santa Mônica;CEP: 38400­902; Uberlândia; MG; (34) 32394137;  jdias@ufu.br 

PhD, Professor Titular; Departamento Engenharia Construção Civil da Escola Politécnica da USP; Av. Prof. 
Luciano Gualberto, Trav. 3, no. 38; CEP:05508­900 – Cidade Universitária; São Paulo;  vahan.agopyan@poli.usp.br 

Professora Associada; Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da USP; Av. Prof. Almeida 
Prado trav. 2 no. 83; CEP:05508­900 – Cidade Universitária; São Paulo;  liedi@usp.br 

Técnico Nível Superior, Mestre em Engenharia, Doutorando Departamento de Engenharia de Transportes da Escola 
Politécnica da USP; Av. Prof. Almeida Prado trav. 2 no. 83; CEP:05508­900; São Paulo;  edmoura@usp.br
RESUMO 
Nos dias atuais  a  reciclagem de resíduos sólidos é uma alternativa  importante para reduzir os problemas ambientais de 
disposição irregular destes materiais, dando a eles um destino nobre com aplicações na construção civil, preservando as 
fontes  naturais  de  agregados  e  o  meio  ambiente.  Resíduos  originados  da  fabricação  de  telhas  de  cerâmica  vermelha 
perfazem 32  mil  toneladas ao ano,  apenas na  região dos pólos industriais de Ituiutaba e Monte Carmelo, no Triângulo 
Mineiro  e  Alto  Paranaíba.  Aproximadamente  10  toneladas  desses  resíduos,  da  cidade  de  Monte  Carmelo,  foram 
britados,  produzindo­se  agregados  reciclados  de  telhas  cerâmicas,  visando  seu  emprego  em  camadas  de  pavimentos  de 
baixo  volume  de tráfego.  Para o estudo das propriedades de  deformabilidade  desses materiais, determinou­se o módulo 
de  resiliência  em  laboratório  através  de  ensaios  cíclicos.  Foram  avaliadas  três  distribuições  granulométricas  distintas, 
para o mesmo agregado reciclado,  as quais resultaram em três diferentes porosidades do esqueleto granular. O valor do 
módulo  de  resiliência  do  agregado  reciclado  variou  com  a  porosidade  do  esqueleto  granular,  nos  diversos  níveis  de 
tensões  ensaiadas  e  observou­se  que  o  agregado  se  quebra  com  a  aplicação  de  tensões.  Para  reduzir  os  problemas 
decorrentes  da alta porosidade granular dos agregados reciclados, foram realizadas misturas desses agregados com dois 
tipos  de  solos  lateríticos,  de  ocorrência  abundante  na  mesma  região.  As  proporções  de  agregado  e  solo  nas  misturas 
foram  calculadas  levando­se  em  consideração  a  porosidade  granular  do  agregado.  Foram  determinados  os  módulos  de 
resiliência  dessas  misturas  e  verificou­se  que  o  valor  do  módulo  aumenta  em  relação  ao  do  agregado  sem  adição  de 
solo, e o agregado não mais se quebra, graças à nova configuração do esqueleto granular obtido na mistura com solo. Os 
resultados  dos  ensaios  mostram  a  possibilidade  de  emprego  destas  misturas como material de base de pavimentos  para 
vias de baixo volume de tráfego, viabilizando assim sua aplicação. 
PALAVRAS­CHAVE 
Solo­agregado; agregado reciclado; módulo de resiliência 
ABSTRACT 
Currently the recycling of solid residues is an important alternative to reduce environment problems which are related to 
irregular  disposal  of  these  materials.  Recycling  give  them  a  better  destination  in  civil  construction.  That  can  help  to 
preserve  natural  sources  of  aggregate  material  as  well  as  the  environment.  Residues  that  are  originated  of  the 
manufacture  of  heavy­clay  ceramics  reach  32  thousand  tons  per  year,  only  in  the  region  of  Ituiutaba  and  Monte 
Carmelo,  in  Minas  Gerais.  Approximately  10  tons  of  these  residues  of  Monte  Carmelo,  were  crushed  producing 
recycled  aggregates aiming its employment  in floors layers  of low traffic volume.  Assays of the repeated dynamic  load 
have  been  made  for  the  study  of  the  properties  of deformity of these materials.  Three distinct grain sized distributions 
were  evaluated  for  the  same  recycled  aggregate,  resulting  in  three  different  porosities  for  the  granular  skeleton.  The 
value  of  the  resilient  module  of  the  recycled  aggregate  varied  according  to  porosity  of  the  granular  skeleton,  in  the 
several levels  of assayed tensions and it was observed that the aggregate breaks when of tension application. To reduce 
decurrency  problems  of  the  high  granular  porosity  of  recycled  aggregates,  mixtures  of  these  aggregates  with  two 
lateritic soils had been carried through. The soil volume in the mixtures was calculated taking into account the granular 
porosity  of  the  aggregate.  The  resilient  modules  of  these  mixtures  had  been  determined  and  it  was  verified  that  value 
increases  in  relation  to  the  one  of  the  aggregate  without  soil  addition.  The  aggregate  have  not  presented  the  broken 
grains,  due  to  the  new  configuration  of  the  granular  skeleton  of  the  mixture.  The  results  of  the  assays  show  that  it  is 
possible to use these residues mixtures with lateritic soil for layers of low traffic volume pavements. 
KEY WORDS 
Soil­aggregate; recycled aggregate; resilient modulus 
INTRODUÇÃO 
A  geração  de  resíduos  pelas  atividades  humanas  tem  sido  motivo  de  preocupação  crescente.  O  desperdício,  o 
esgotamento  das  reservas  naturais,  o  impacto  ambiental  e  a  necessidade  de  recursos  financeiros  para  a  gestão  dos 
resíduos  justificam  ações  na  busca  de  soluções  sustentáveis.  Os  resíduos  gerados  atingem  volumes  expressivos  e,  não 
recebendo  solução  adequada,  impactam  o  meio  ambiente  tornando  críticos  os  problemas  de  saneamento  nas  áreas 
urbanas (HANSEN, 1996)[1]. 
A  reciclagem  é  uma  importante  medida  para  a  redução  da  demanda  de  agregados  naturais  e  dos  custos  de  energia 
relacionados  à  sua  extração  e  transporte,  redução  dos  custos  ambientais  associados,  e  prováveis  benefícios  comerciais 
com o uso dos resíduos. 
As  pesquisas  sobre  reciclagem  na  construção  civil  têm  aumentado  no  Brasil  e  em  outros  países,  em virtude da grande 
relevância  das  questões  ligadas  à  preservação  do  meio  ambiente  e  da  qualidade  de  vida,  em  busca  de  modelos  de 
produção e consumo mais sustentáveis (DIAS, 2004)[2]. 
A  Federal  Highway  Administration  (FHWA,  2000)[3]  mostra  em  relatório  técnico  que,  nas  pesquisas  e  praticas 
desenvolvidas,  sobre  o  uso  de  materiais  reciclados  na  construção  de  rodovias,  os  procedimentos  não  mudam 
drasticamente quando se utilizam agregados reciclados, mas ressalta a necessidade do conhecimento das características
de engenharia e performance ambiental desses materiais, concluindo que eles devem se equiparar com as especificações 
dos materiais naturais e devem ser ambientalmente aceitáveis. 
Nunes  et  al  (1996)[4]  têm  desenvolvido  pesquisas,  na  University of  Nottingham,  para  fomentar  o  uso  de  resíduos  na 
construção  de  pavimentos,  alertando  que as especificações para materiais naturais, não necessariamente se aplicam  aos 
reciclados. 
Resíduos  exclusivamente  cerâmicos,  ou  RCD  com  porcentagem  em  massa  maior  do  que  90%  de  fase  cerâmica  são 
pouco  estudados  ou  mencionados  com  restrição  de  uso  na  literatura  e  renegados  à  aplicação  em  serviços  de  menor 
exigência estrutural como praça de estacionamento, por exemplo, segundo a diretriz AEN / CTN 146 (UNE, 1999)[5]. 
Para  o  emprego  de  resíduos  reciclados  em  pavimentos  é  de  suma  importância  conhecer  suas  propriedades;  na 
metodologia tradicional são levados em consideração os índices físicos, a distribuição granulométrica, o CBR, desgaste 
por abrasão Los Angeles, e expansão. 
O desenvolvimento da teoria estrutural dos pavimentos, considerando os pavimentos como sistemas de camadas sujeitos 
às cargas dos veículos, ressaltou a necessidade de conhecimento das características de deformabilidade dos materiais de 
pavimentação sob a ação de cargas repetidas (MEDINA, 1997)[6]. 
Uma  das  dependências  do  desempenho  dos  pavimentos  está  associada  à  magnitude  das  deflexões  superficiais, que  são 
devidas a deformações do subleito e das camadas acima. O conhecimento do módulo de resiliência (MR) é fundamental 
para as análises que envolvam as  tensões e  deformações na estrutura do pavimento e no subleito, quando submetidos à 
ação do tráfego (PARREIRA et al., 1998)[7]. 
Agregados  reciclados  de  telhas  de  cerâmica  vermelha  (ART)  foram  produzidos  e  caracterizados  quanto  às  suas 
propriedades  físicas  e  mecânicas,  segundo  a  metodologia  tradicional,  demonstrando  potencial  para  emprego  em 
camadas de pavimento (DIAS et al, 2005a[8]; DIAS et al, 2005b[9]). 
O  agregado  reciclado  de  telha  (ART)  foi  submetido  ao  ensaio  de  determinação  do  módulo  de  resiliência  com 
verificação  posterior  da  distribuição  granulométrica,  demonstrando  apresentar  quebra  dos  grãos.  Com  o  intuito  de 
resolver  o  problema  da  quebra  dos  grãos,  prepararam­se  e  avaliaram­se  duas  outras  distribuições  granulométricas 
distintas,  com  diferente  porosidade  do  esqueleto  granular.  Produziram­se  misturas  dos  três  agregados  reciclados  com 
solos  lateríticos,  tendo  como  referencia  a  porosidade  do  esqueleto  granular,  conforme  procedimento  apresentado  por 
Dias et al (2004)[10], e submeteram­nas ao ensaio de determinação do MR. 
Neste  trabalho  apresentam­se  os  resultados  da determinação do módulo  de resiliência (MR)  de agregados  reciclados de 
telhas  de  cerâmica  vermelha,  e  também  de  misturas  destes  agregados  com  solos  lateríticos,  correlacionando­os  com  a 
porosidade do esqueleto granular do agregado. 
MATERIAIS UTILIZADOS 
Os  agregados  reciclados  de  telha  de  cerâmica  vermelha  foram  denominados  neste trabalho por: ART1  (originado da 1ª 
britagem),  ART 2i  (originado  da  2ª  britagem  com  distribuição  granulométrica  integral),  e  ART 2c  (originado  da  2ª 
britagem e distribuição granulométrica cortada). 
Foram  utilizados  também  dois  solos  de  ocorrência  no  município  de  Uberlândia,  de  características  diferentes,  cuja 
escolha se deveu, unicamente, à facilidade de obtenção destes materiais. 
As características principais dos agregados e dos solos utilizados são apresentadas a seguir. 
Tabela 1. Distribuição granulométrica dos agregados utilizados (DIAS et al, 2004)[10] 
Porcentagem Retida Acumulada (%) – peneiras (mm) 
Material 
0,15  0,30  0,60  1,2  2,4  4,8  6,3  9,5  12,5 
ART­1  91,5  83,8  77,6  69,8  58,9  39,6  24,6  4,1  0 
ART­2i  85,9  73,1  63,0  50,0  32,0  0  ­  ­  ­ 
ART­2c  ­  ­  ­  ­  ­  100,0  62,2  10,3  0 
Tabela 2. Dados dos agregados reciclados de telha utilizados (DIAS et al, 2004) [10] 
Agregado  ART­1  ART­2i  ART­2c 
Massa Especifica Aparente (kg/m 3 )  1810  1810  1810 
Massa unitária (kg/m 3 )  1060  1249  1148 
Por osidade do esqueleto gr anular   41,4 %   31,0 %   36,6 %  
Massa Espec. Apar. Seca (kg/m 3 ) *  1560  1610  1460 
Umidade ótima *  19 %  21 %  22 % 
* massa específica aparente seca e umidade ótima determinadas na energia Intermediária.
Curva de Distribuição Granulométrica 
número das peneiras 
Arenoso 
200 100  40  10  4 
100,0  Argiloso 
% que passa 

80,0 
ART­2i 
60,0 
40,0  ART­1 

20,0  ART­2c 
0,0 
0,001  0,01  0,1  1  10  100 
diâmetro (mm) 
areia 
argila  silte  pedregulho
fina  média  grossa 

Figura 1. Curva de distribuição granulométrica dos agregados e solos utilizados (DIAS et al, 2004) [10] 

Tabela 3. Classificação pelo Método MCT (DIAS, 2004) [2] 
Material  Parâmetros do MCT  Classificação MCT 
Solo Argiloso  c’ = 2,30; Pi’ = 60%; d’ = 80; e’ = 0,95  LG’ 
Solo Arenoso  c’ = 0,92; Pi’ = 85%; d’ = 44; e’ = 1,09  LA’ / NA’ 

Tabela 4. Características dos solos utilizados (DIAS, 2004) [2] 
Ensaios/Classificação*  Solo Argiloso  Solo Arenoso 
Limite de Liquidez  42,2  19,6 
Limite de Plasticidade  29,5  15,3 
Índice de Plasticidade  12,7  4,3 
Massa específica dos sólidos  2,755  2,74 
(g/cm 3 ) 
Granulometria  % que passa  % que passa 
Nº peneira  (mm)  (massa)  (massa) 
4  4,76  100  100 
10  2,00  99,86  98,9 
16  1,19  99,71  97,96 
30  0,59  98,39  96,03 
40  0,42  93,37  91,33 
60  0,25  81,91  77,41 
100  0,149  71,19  48,48 
200  0,074  67,35  26,75 
Classificação HRB  A 7­6  A­2­4 

Tabela 5. Resultados da compactação, CBR e M.E.A.S.* dos solos utilizados (DIAS, 2004) [2] 
Solo  Hótima (%)  CBRHmold.  CBRimerso  CBRImerso / CBR/Hmold.  M.E.A.S.* 
Argiloso  25,8  7%  6,7%  96%  1,51 (g/cm 3 ) 
Arenoso  10,5  61%  31%  51%  1,99 (g/cm 3 ) 
* Massa especifica aparente seca compactada. Os dados da tabela se referem a compactação na energia Intermediária do 
Proctor. 
ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DO M R 
Os  ensaios  para  a  determinação  do  módulo  de  resiliência  foram  realizados  no  Laboratório  de  Tecnologia  de 
Pavimentação  (LTP)  do  PTR­USP.  Os  corpos­de­prova  foram  compactados  na  umidade  ótima,  na  energia 
intermediária do Proctor, e foram ensaiados de acordo com a norma DNER­ME 131 (DNER, 1994)[11]. 
Aplicaram­se  os  pares  de  tensões  indicados  na  Tabela  6.  Iniciando  com  a  tensão  σ3  igual  a  21  kPa,  aplicaram­se  as 
tensões  desvio  σd  seqüencialmente  até  completar  a  etapa  1.  Em  seguida  aplicou­se  a  tensão  σ3  de  50  kPa  e 
seqüencialmente  a  série  de  tensões  desvio  até  terminar  a  etapa  2.  E  assim  sucessivamente  até  completar  o  ensaio.  A 
cada final de aplicação dos ciclos de pares de tensões, coletavam­se as deformações resilientes correspondentes. Com os 
valores  das  tensões  aplicadas  e  as  deformações  determinadas  calcularam­se  os  valores  dos  módulos  de  resiliência  em 
cada nível de tensão estabelecido. 
Tabela 6. Etapas do ensaio do MR  × Tensões aplicadas 

σd  Tensão de confinamento ­ σ3  (kPa) 


(kPa)  21  50  70  100  150 
70  Etapa 1  Etapa 2  Etapa 3  Etapa 4  Etapa 5 
100  Etapa 1  Etapa 2  Etapa 3  Etapa 4  Etapa 5 
150  Etapa 1  Etapa 2  Etapa 3  Etapa 4  Etapa 5 
200  Etapa 1  Etapa 2  Etapa 3  Etapa 4  Etapa 5 

Resultados dos ensaios dos agr egados 
Nas figuras a seguir são apresentados os gráficos que representam os resultados dos ensaios de determinação do módulo 
de resiliência. A título de ilustração são apresentadas, em cada gráfico, algumas equações de regressão e coeficiente de 
correlação dos valores obtidos. 
Com a finalidade  de comparar os valores dos módulos dos três agregados, escolheu­se um par de tensões e calcularam­ 
se os módulos correspondentes utilizando as equações de regressão obtidas. As tensões escolhidas foram: σd  igual a 200 
kPa, e σ3  igual a 100 kPa, definindo, portanto, uma taxa de tensões σ1  / σ3  igual a 3. Os valores obtidos para os módulos 
de  resiliência  dos  três  agregados  são  apresentados  na  tabela  Tabela  7.  As  densidades  correspondentes  foram  ART­1  = 
1,56 g/cm 3 ; ART­2i = 1,61 g/cm 3 ; ART­2c#0,6 = 1,46 g/cm 3 . 
Tabela 7. Alguns valores de MR para o ART­1, ART­2i, e ART­2c* 
Material:  ART­1  ART­2i  ART­2c #0,6 
MR  (MPa)  105,3  151,6  122,6 
* Valores obtidos dos gráficos para as tensões σd  igual a 200 e σ3  igual a 100 kPa. 

MÓDULO DE RESILIÊNCIA 
ART­1 (h de moldagem) 

10000  0,5877 
y = 1110,5x 
0,4493 

R  = 0,9724  y = 992,28x 
MR ­ (kgf/cm2) 


p/ Sigma d = 0,7  R  = 0,9155 
0,4097  p/ Sigma d = 1,0 
y = 1053,1x 

R  = 0,9425 
1000  p/ Sigma d = 2,0 

σ d = 0,7 (kgf/cm2) 
σ d = 1,0 (kgf/cm2) 
σ d = 1,5 (kgf/cm2) 
σ d = 2,0 (kgf/cm2) 
100 
0,1  1  10 
Tensão de Confinamento (kgf/cm2) 
Figura 2. Módulo de resiliência do agregado ART­1
MR  ENSAIO DE MR (ART­2i) 
(kgf/cm2)  ensaio na umidade de moldagem 
10000 
0,6796  0,7046 
y = 1781,2x  y = 1516,8x 
2  2 
R  = 0,9772 (σd = 0,7)  R  = 0,9929 (σd = 2,0) 

1000 
σ d = 0,7 kgf/cm 2 
0,6854  σ d = 1,0 kgf/cm 2 
y = 1731,2x  σ d = 1,5 kgf/cm 2 
R 2  = 0,9945 (σd = 1,0)  σ d = 2,0 kgf/cm 2 
100 
0,1  1  10 
Tensão de confinamento (kgf/cm2) 
Figura 3. Módulo de Resiliência do agregado ART­2i (granulometria integral) 

ENSAIO DE MR (ART­2c) 

10000 
0,5191  0,4906 
y = 1509,7x  y = 1226,8x 
2  2 
R  = 0,8867 (σd = 0,7)  R  = 0,9764 (σd = 2,0) 
MR (kgf/cm2) 

1000 
σd = 0,7 kgf/cm2 
0,4887  σd = 1,0 kgf/cm2 
y = 1304,6x 
2  σd = 1,5 kgf/cm2 
R  = 0,9374 (σd = 1,0) 
σd = 2,0 kgf/cm2 
100 
0,1  1  10 
Tensão de confinamento (kgf/cm2) 
Figura 4. Módulo de resiliência do agregado ART­2c (cortado na # 0,60 mm) 
Os  resultados  do  MR  do  ART  podem  ser  considerados baixos para utilização em camadas de  base. Dados  de Bernucci 
(1995)[11]  e  Carvalho  et  al.,  (1996)[12],  por  exemplo,  apontam  valores  médios  de  módulo  de  resiliência  de  solos 
lateríticos compactados (solos que ocorrem com freqüência em camadas de pavimentos do Estado de SP), para camadas 
de base de materiais granulares, variando de 150 a 350 MPa, e para camada de sub­base de 100 a 350 MPa. Nunes et al 
(1996)[4] afirmam que é esperado de um material granular sem ligante um valor de MR  acima de 200 MPa. 

DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA DO ART­1 

100 
90 
80  ART antes da compactação 
% que passa (%) 

70 
ART após o MR 
60 
50 
40 
30 
20 
10 

0,01  0,1  1  10  100 
Peneiras aberturas em (mm) 

Figura 5. Distribuição granulométrica do ART­1 antes e após a compactação e ensaio do Módulo de Resiliência
Após  a  execução  do  ensaio  do  MR  do  ART­1,  o  corpo­de­prova  foi  destorroado  em  água,  lavado  sobre  as  peneiras,  e 
após  secagem  determinou­se  a  distribuição  granulométrica  apresentada  na  Figura  5,  demonstrando  que  houve  quebra 
dos  grãos  do  agregado.  A  distribuição  granulométrica  neste  ensaio  foi  restringida  às  frações  0,425/12,5mm,  para 
possibilitar  a  comparação  com  o  mesmo  ensaio  realizado  com  a  mistura  de  ART­1  com  solo,  quando  o  agregado  não 
mais apresentou quebra dos grãos (o gráfico correspondente não foi aqui incluído). 
Resultados dos ensaios das mistur as (agr egado + solo) 
Foram  preparadas  misturas  de  dois  agregados  com  os  dois  solos  (argiloso  e  arenoso).  Adotou­se  o  procedimento  de 
mistura  apresentado    por  Dias  (2004)[2],  que  correlaciona  a  quantidade  de  solo  na  mistura  com  a  porosidade  do 
esqueleto granular do agregado. 
A  misturas  preparadas  foram:  Mistura  do ART­1  (que  apresentou,  dentre  os  três  agregados,  o  mais  baixo valor  para  o 
MR  e  a maior porosidade  granular: 41%)  e do ART­2c (que apresentou, dentre os três agregados, o maior valor  para  o 
MR  e a menor porosidade granular: 31%). 
Os resultados dos ensaios de determinação do MR  das misturas são apresentados nas figuras seguintes. 

Ensaio de MR (ART­1 + solo arenoso) 
Ensaio na umidade de moldagem 

10000 
0,6697 
y = 3361,7x 
MR ­ (kgf/cm2) 


R  = 0,9889 (σ d = 0,7) 

1000  σ d = 0,7 (kgf/cm2) 
σ d = 1,0 (kgf/cm2) 
0,4768 
y = 3014,9x  σ d = 1,5 (kgf/cm2) 

R  = 0,981(σ d = 2,0)  σ d = 2,0 (kgf/cm2) 
100 
0,1  1  10 
Tensão de Confinamento (kgf/cm2) 
Figura 6.  Módulo de resiliência da mistura ART­1 + solo arenoso 

Ensaio de MR (ART­1 + solo argiloso) 
Ensaio na umidade de moldagem 

10000 
0,4465 
y = 4466,2x 
MR ­ (kgf/cm2) 


R  = 0,9938 (σ d = 0,7) 

1000  σ d = 0,7 (kgf/cm2) 
0,4116 
y = 3358,6x  σ d = 1,0 (kgf/cm2) 

R  = 0,971(σ d = 2,0) 
σ d = 1,5 (kgf/cm2) 
σ d = 2,0 (kgf/cm2) 
100 
0,1  1  10 
Tensão de Confinamento (kgf/cm2) 
Figura 7.  Módulo de resiliência da mistura ART­1 + solo argiloso
ENSAIO DE MR (ART­2c + solo argiloso 

10000 
0,6927 
y = 3310,4x 

MR (kgf/cm2)  R  = 0,9911(σ d = 0,7) 

1000  σ d = 0,7 kgf/cm2 

σ d = 1,0 kgf/cm2 
0,6582 
y = 2539x  σ d = 1,5 kgf/cm2 

R  = 0,9992 (σ d = 2,0)  σ d = 2,0 kgf/cm2 
100 
0,1  1  10 
Tensão de confinamento (kgf/cm2) 
Figura 8.  Módulo de resiliência da mistura ART­2c + solo argiloso 

ENSAIO DE MR (ART­2c + solo ar enoso) 

10000 
0,7828 
y = 2795,8x 

R  = 0,9946 (σ d = 0,7) 
Mr  (kgf/cm2) 

1000 
σ d = 0,7 kgf/cm2 
0,7133  σ d = 1,0 kgf/cm2 
y = 2222,1x 

R  = 0,9813 (σ d =2,0)  σ d = 1,5 kgf/cm2 
σ d = 2,0 kgf/cm2 
100 
0,1  1  10 
Tensão de confinamento (kgf/cm2) 
Figura 9. Módulo de resiliência da mistura ART­2c + solo arenoso 
ANÁLISE FINAL 
Para  facilitar  a  análise,  agruparam­se  os  resultados  dos  MR  dos  agregados  individualmente  juntamente  com  os  das 
misturas, resultando na Figura 10 e na Figura 11 , a seguir. 
Observa­se  que  o  valor  do  módulo  de  resiliência  do  agregado reciclado  de  telha  (sem  mistura com solo)  cresce  com  o 
decréscimo  da  porosidade  do  esqueleto  granular  (Figura  10).  Quando  a  porosidade  foi  reduzida  de  41%  para  31%  o 
ganho  no  valor  do  MR  foi  de  74%  (conforme  ilustração  dos  percentuais  na  Figura  11.  Portanto,  quanto  melhor  for  o 
empacotamento do agregado ­o que pode resultar de uma adequada distribuição granulométrica­, maior é o potencial de 
atingir  um  valor  mais  elevado  para  o  MR.  No  entanto,  em  se  tratando  de  utilização  de  agregados  reciclados,  quanto 
menor  for  a  necessidade  de  intervenção  no  processo  de  obtenção  do  material,  menores  serão  os  custos  agregados,  não 
sendo interessante, em princípio, o investimento em classificação, mesmo porque o material natural concorrente ­o solo 
natural­ normalmente, tem baixo valor de mercado. 
Em  princípio,  então,  a  redução  da  porosidade  do  ART,  possivelmente  através  de  ajustamentos  na  britagem  e  na 
classificação,  não  parece  ser  uma  boa  medida  neste  caso,  pois  demandaria  investimentos  adicionais  –técnicos  e 
financeiros­  no  sistema  de  britagem  para  melhorar  o  formato  dos  grãos  e  a  distribuição  granulométrica  para  esse  fim. 
Por  outro  lado,  estima­se  que com o processamento adicional, sempre serão geradas mais partículas finas no agregado, 
o que também para o uso em pavimento é indesejável. 
Os  valores  obtidos  para  o  MR  (Figura  3)  utilizando  agregado  com  a  menor  porosidade,  ou  seja  31%  para  o  ART­2i  (o 
que  pode  ser  considerado  um  baixo  valor  de  porosidade  se  comparado  com  agregados  naturais,  areia  por  exemplo), 
ainda são considerados baixos para emprego do agregado em pavimentos, conforme referências citadas na literatura.
A  alternativa  de  se  misturar  solo  ao  agregado  mostrou  ganho  substancial  em  todos  os  casos  estudados,  quando  se 
utilizou o procedimento de mistura indicado por Dias (2004)[2]. 
O  único  caso,  dentre  os  estudados,  que apresentou baixo ganho foi o da  mistura do ART­1 com 20% de  solo arenoso. 
Na Figura 10 verifica­se o valor  de 116 MPa,  obtido para o MR  da mistura de  ART­1 com 20% de solo,  ou seja, 17% 
maior do que o MR  do ART­1 que foi de 99,2 MPa. Neste caso, ao invés de se utilizar os 41% de solo –valor obtido na 
metodologia  de  dosagem­,  foram  adicionados  somente  20%,  constatando­se,  após  o  ensaio,  a  quebra  dos  grãos  do 
agregado reciclado. 

M R­ART  e M R­misturas  x porosidade do ART 


450 
385,3 
c/ solo argiloso  400 
314,8  350 

M R  (MPa) 
286,8  300 
y = ­7,4005x + 402,13  250 

c/ solo arenoso  253  R  = 0,9996 
200 
173,1 
116, c/20%S.Aren 
130,4  150 
99,2  100 

ART­2c  50 
ART­1  ART­2i 
42  40  38  36  34  32  30 
porosidade do esqueleto granular (%) 

Figura 10. Valores do MR do ART e misturas x porosidade do ART* 
* Os valores de MR  indicados na Figura 10 foram aqueles obtidos para tensão de confinamento e tensão desvio de 1,0 
MPa, a título de referência. Mas a correspondência também ocorre para os outros níveis de tensão. 

Ganho percentual: M R­misturas  X M R­ART 
+288%  400 
375 
% acima do M R do ART 

+217%  c/ solo argiloso  350 


325 
300 
275 
+120%  250 
c/ solo arenoso  225 
+94%  +74%  200 
+17%(com20%Aren.) 
100% 
175 
+31%  150 
100% 
125 
ART­2i  100 
ART­1  ART­2c 
42  40  38  36  34  32  30 
porosidade do esqueleto granular (%) 
Figura 11. Ganho no MR das misturas em relação ao MR do ART­1 
Quando o percentual de solo na mistura foi igualado ao valor da porosidade do agregado, os valores obtidos para o MR 
das  misturas  mostraram  ganhos  elevados  em  relação  ao  MR  do  agregado  sem  mistura  de  solo.  Os  valores  dos  MR 
obtidos  com  essas  misturas  otimizadas  com  solos,  mostram  ganho  mais  expressivo  no  caso  do  agregado  com  a  maior
porosidade,  indicando  que  a  melhoria  de  desempenho  pode  ser  obtida  pela  mistura  com  solo,  e  esta  constatação  vem 
reforçar  o  método  de  otimização  de  misturas,  que  não  leva  em  consideração  a  distribuição  granulométrica  e  sim  a 
porosidade do agregado.  A verificação da distribuição granulométrica após os ensaios destas misturas, demonstrou que 
não houve a quebra dos grãos do agregado. 
Em virtude desses resultados, a mistura do agregado reciclado com solo laterítico da região onde ele é gerado, mostrou­ 
se  uma  alternativa  adequada  para  melhorar  a  resposta  resiliente.  A  solução  adotada  utiliza  os  recursos  disponíveis  no 
local e tecnologia construtiva conhecida, possibilitando o emprego dos resíduos. 
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