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ª RPU
MACEIÓ/AL BRASIL 5 a 7 de abril de 2006
Local: Centro Cultural e de Exposições de Maceió
AVALIAÇÃO DO MÓDULO DE RESILIÊNCIA DE MISTURAS SOLO
AGREGADO RECICLADO CERÂMICO EM FUNÇÃO DA POROSIDADE
DO ESQUELETO GRANULAR DO AGREGADO
1
Professor Adjunto; Faculdade de Engenharia Civil – Universidade Federal de Uberlândia; Av. João Naves de Ávila,
2121, Bloco 1Y– Campus Santa Mônica;CEP: 38400902; Uberlândia; MG; (34) 32394137; jdias@ufu.br
2
PhD, Professor Titular; Departamento Engenharia Construção Civil da Escola Politécnica da USP; Av. Prof.
Luciano Gualberto, Trav. 3, no. 38; CEP:05508900 – Cidade Universitária; São Paulo; vahan.agopyan@poli.usp.br
3
Professora Associada; Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da USP; Av. Prof. Almeida
Prado trav. 2 no. 83; CEP:05508900 – Cidade Universitária; São Paulo; liedi@usp.br
4
Técnico Nível Superior, Mestre em Engenharia, Doutorando Departamento de Engenharia de Transportes da Escola
Politécnica da USP; Av. Prof. Almeida Prado trav. 2 no. 83; CEP:05508900; São Paulo; edmoura@usp.br
RESUMO
Nos dias atuais a reciclagem de resíduos sólidos é uma alternativa importante para reduzir os problemas ambientais de
disposição irregular destes materiais, dando a eles um destino nobre com aplicações na construção civil, preservando as
fontes naturais de agregados e o meio ambiente. Resíduos originados da fabricação de telhas de cerâmica vermelha
perfazem 32 mil toneladas ao ano, apenas na região dos pólos industriais de Ituiutaba e Monte Carmelo, no Triângulo
Mineiro e Alto Paranaíba. Aproximadamente 10 toneladas desses resíduos, da cidade de Monte Carmelo, foram
britados, produzindose agregados reciclados de telhas cerâmicas, visando seu emprego em camadas de pavimentos de
baixo volume de tráfego. Para o estudo das propriedades de deformabilidade desses materiais, determinouse o módulo
de resiliência em laboratório através de ensaios cíclicos. Foram avaliadas três distribuições granulométricas distintas,
para o mesmo agregado reciclado, as quais resultaram em três diferentes porosidades do esqueleto granular. O valor do
módulo de resiliência do agregado reciclado variou com a porosidade do esqueleto granular, nos diversos níveis de
tensões ensaiadas e observouse que o agregado se quebra com a aplicação de tensões. Para reduzir os problemas
decorrentes da alta porosidade granular dos agregados reciclados, foram realizadas misturas desses agregados com dois
tipos de solos lateríticos, de ocorrência abundante na mesma região. As proporções de agregado e solo nas misturas
foram calculadas levandose em consideração a porosidade granular do agregado. Foram determinados os módulos de
resiliência dessas misturas e verificouse que o valor do módulo aumenta em relação ao do agregado sem adição de
solo, e o agregado não mais se quebra, graças à nova configuração do esqueleto granular obtido na mistura com solo. Os
resultados dos ensaios mostram a possibilidade de emprego destas misturas como material de base de pavimentos para
vias de baixo volume de tráfego, viabilizando assim sua aplicação.
PALAVRASCHAVE
Soloagregado; agregado reciclado; módulo de resiliência
ABSTRACT
Currently the recycling of solid residues is an important alternative to reduce environment problems which are related to
irregular disposal of these materials. Recycling give them a better destination in civil construction. That can help to
preserve natural sources of aggregate material as well as the environment. Residues that are originated of the
manufacture of heavyclay ceramics reach 32 thousand tons per year, only in the region of Ituiutaba and Monte
Carmelo, in Minas Gerais. Approximately 10 tons of these residues of Monte Carmelo, were crushed producing
recycled aggregates aiming its employment in floors layers of low traffic volume. Assays of the repeated dynamic load
have been made for the study of the properties of deformity of these materials. Three distinct grain sized distributions
were evaluated for the same recycled aggregate, resulting in three different porosities for the granular skeleton. The
value of the resilient module of the recycled aggregate varied according to porosity of the granular skeleton, in the
several levels of assayed tensions and it was observed that the aggregate breaks when of tension application. To reduce
decurrency problems of the high granular porosity of recycled aggregates, mixtures of these aggregates with two
lateritic soils had been carried through. The soil volume in the mixtures was calculated taking into account the granular
porosity of the aggregate. The resilient modules of these mixtures had been determined and it was verified that value
increases in relation to the one of the aggregate without soil addition. The aggregate have not presented the broken
grains, due to the new configuration of the granular skeleton of the mixture. The results of the assays show that it is
possible to use these residues mixtures with lateritic soil for layers of low traffic volume pavements.
KEY WORDS
Soilaggregate; recycled aggregate; resilient modulus
INTRODUÇÃO
A geração de resíduos pelas atividades humanas tem sido motivo de preocupação crescente. O desperdício, o
esgotamento das reservas naturais, o impacto ambiental e a necessidade de recursos financeiros para a gestão dos
resíduos justificam ações na busca de soluções sustentáveis. Os resíduos gerados atingem volumes expressivos e, não
recebendo solução adequada, impactam o meio ambiente tornando críticos os problemas de saneamento nas áreas
urbanas (HANSEN, 1996)[1].
A reciclagem é uma importante medida para a redução da demanda de agregados naturais e dos custos de energia
relacionados à sua extração e transporte, redução dos custos ambientais associados, e prováveis benefícios comerciais
com o uso dos resíduos.
As pesquisas sobre reciclagem na construção civil têm aumentado no Brasil e em outros países, em virtude da grande
relevância das questões ligadas à preservação do meio ambiente e da qualidade de vida, em busca de modelos de
produção e consumo mais sustentáveis (DIAS, 2004)[2].
A Federal Highway Administration (FHWA, 2000)[3] mostra em relatório técnico que, nas pesquisas e praticas
desenvolvidas, sobre o uso de materiais reciclados na construção de rodovias, os procedimentos não mudam
drasticamente quando se utilizam agregados reciclados, mas ressalta a necessidade do conhecimento das características
de engenharia e performance ambiental desses materiais, concluindo que eles devem se equiparar com as especificações
dos materiais naturais e devem ser ambientalmente aceitáveis.
Nunes et al (1996)[4] têm desenvolvido pesquisas, na University of Nottingham, para fomentar o uso de resíduos na
construção de pavimentos, alertando que as especificações para materiais naturais, não necessariamente se aplicam aos
reciclados.
Resíduos exclusivamente cerâmicos, ou RCD com porcentagem em massa maior do que 90% de fase cerâmica são
pouco estudados ou mencionados com restrição de uso na literatura e renegados à aplicação em serviços de menor
exigência estrutural como praça de estacionamento, por exemplo, segundo a diretriz AEN / CTN 146 (UNE, 1999)[5].
Para o emprego de resíduos reciclados em pavimentos é de suma importância conhecer suas propriedades; na
metodologia tradicional são levados em consideração os índices físicos, a distribuição granulométrica, o CBR, desgaste
por abrasão Los Angeles, e expansão.
O desenvolvimento da teoria estrutural dos pavimentos, considerando os pavimentos como sistemas de camadas sujeitos
às cargas dos veículos, ressaltou a necessidade de conhecimento das características de deformabilidade dos materiais de
pavimentação sob a ação de cargas repetidas (MEDINA, 1997)[6].
Uma das dependências do desempenho dos pavimentos está associada à magnitude das deflexões superficiais, que são
devidas a deformações do subleito e das camadas acima. O conhecimento do módulo de resiliência (MR) é fundamental
para as análises que envolvam as tensões e deformações na estrutura do pavimento e no subleito, quando submetidos à
ação do tráfego (PARREIRA et al., 1998)[7].
Agregados reciclados de telhas de cerâmica vermelha (ART) foram produzidos e caracterizados quanto às suas
propriedades físicas e mecânicas, segundo a metodologia tradicional, demonstrando potencial para emprego em
camadas de pavimento (DIAS et al, 2005a[8]; DIAS et al, 2005b[9]).
O agregado reciclado de telha (ART) foi submetido ao ensaio de determinação do módulo de resiliência com
verificação posterior da distribuição granulométrica, demonstrando apresentar quebra dos grãos. Com o intuito de
resolver o problema da quebra dos grãos, prepararamse e avaliaramse duas outras distribuições granulométricas
distintas, com diferente porosidade do esqueleto granular. Produziramse misturas dos três agregados reciclados com
solos lateríticos, tendo como referencia a porosidade do esqueleto granular, conforme procedimento apresentado por
Dias et al (2004)[10], e submeteramnas ao ensaio de determinação do MR.
Neste trabalho apresentamse os resultados da determinação do módulo de resiliência (MR) de agregados reciclados de
telhas de cerâmica vermelha, e também de misturas destes agregados com solos lateríticos, correlacionandoos com a
porosidade do esqueleto granular do agregado.
MATERIAIS UTILIZADOS
Os agregados reciclados de telha de cerâmica vermelha foram denominados neste trabalho por: ART1 (originado da 1ª
britagem), ART 2i (originado da 2ª britagem com distribuição granulométrica integral), e ART 2c (originado da 2ª
britagem e distribuição granulométrica cortada).
Foram utilizados também dois solos de ocorrência no município de Uberlândia, de características diferentes, cuja
escolha se deveu, unicamente, à facilidade de obtenção destes materiais.
As características principais dos agregados e dos solos utilizados são apresentadas a seguir.
Tabela 1. Distribuição granulométrica dos agregados utilizados (DIAS et al, 2004)[10]
Porcentagem Retida Acumulada (%) – peneiras (mm)
Material
0,15 0,30 0,60 1,2 2,4 4,8 6,3 9,5 12,5
ART1 91,5 83,8 77,6 69,8 58,9 39,6 24,6 4,1 0
ART2i 85,9 73,1 63,0 50,0 32,0 0
ART2c 100,0 62,2 10,3 0
Tabela 2. Dados dos agregados reciclados de telha utilizados (DIAS et al, 2004) [10]
Agregado ART1 ART2i ART2c
Massa Especifica Aparente (kg/m 3 ) 1810 1810 1810
Massa unitária (kg/m 3 ) 1060 1249 1148
Por osidade do esqueleto gr anular 41,4 % 31,0 % 36,6 %
Massa Espec. Apar. Seca (kg/m 3 ) * 1560 1610 1460
Umidade ótima * 19 % 21 % 22 %
* massa específica aparente seca e umidade ótima determinadas na energia Intermediária.
Curva de Distribuição Granulométrica
número das peneiras
Arenoso
200 100 40 10 4
100,0 Argiloso
% que passa
80,0
ART2i
60,0
40,0 ART1
20,0 ART2c
0,0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
diâmetro (mm)
areia
argila silte pedregulho
fina média grossa
Figura 1. Curva de distribuição granulométrica dos agregados e solos utilizados (DIAS et al, 2004) [10]
Tabela 3. Classificação pelo Método MCT (DIAS, 2004) [2]
Material Parâmetros do MCT Classificação MCT
Solo Argiloso c’ = 2,30; Pi’ = 60%; d’ = 80; e’ = 0,95 LG’
Solo Arenoso c’ = 0,92; Pi’ = 85%; d’ = 44; e’ = 1,09 LA’ / NA’
Tabela 4. Características dos solos utilizados (DIAS, 2004) [2]
Ensaios/Classificação* Solo Argiloso Solo Arenoso
Limite de Liquidez 42,2 19,6
Limite de Plasticidade 29,5 15,3
Índice de Plasticidade 12,7 4,3
Massa específica dos sólidos 2,755 2,74
(g/cm 3 )
Granulometria % que passa % que passa
Nº peneira (mm) (massa) (massa)
4 4,76 100 100
10 2,00 99,86 98,9
16 1,19 99,71 97,96
30 0,59 98,39 96,03
40 0,42 93,37 91,33
60 0,25 81,91 77,41
100 0,149 71,19 48,48
200 0,074 67,35 26,75
Classificação HRB A 76 A24
Tabela 5. Resultados da compactação, CBR e M.E.A.S.* dos solos utilizados (DIAS, 2004) [2]
Solo Hótima (%) CBRHmold. CBRimerso CBRImerso / CBR/Hmold. M.E.A.S.*
Argiloso 25,8 7% 6,7% 96% 1,51 (g/cm 3 )
Arenoso 10,5 61% 31% 51% 1,99 (g/cm 3 )
* Massa especifica aparente seca compactada. Os dados da tabela se referem a compactação na energia Intermediária do
Proctor.
ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DO M R
Os ensaios para a determinação do módulo de resiliência foram realizados no Laboratório de Tecnologia de
Pavimentação (LTP) do PTRUSP. Os corposdeprova foram compactados na umidade ótima, na energia
intermediária do Proctor, e foram ensaiados de acordo com a norma DNERME 131 (DNER, 1994)[11].
Aplicaramse os pares de tensões indicados na Tabela 6. Iniciando com a tensão σ3 igual a 21 kPa, aplicaramse as
tensões desvio σd seqüencialmente até completar a etapa 1. Em seguida aplicouse a tensão σ3 de 50 kPa e
seqüencialmente a série de tensões desvio até terminar a etapa 2. E assim sucessivamente até completar o ensaio. A
cada final de aplicação dos ciclos de pares de tensões, coletavamse as deformações resilientes correspondentes. Com os
valores das tensões aplicadas e as deformações determinadas calcularamse os valores dos módulos de resiliência em
cada nível de tensão estabelecido.
Tabela 6. Etapas do ensaio do MR × Tensões aplicadas
Resultados dos ensaios dos agr egados
Nas figuras a seguir são apresentados os gráficos que representam os resultados dos ensaios de determinação do módulo
de resiliência. A título de ilustração são apresentadas, em cada gráfico, algumas equações de regressão e coeficiente de
correlação dos valores obtidos.
Com a finalidade de comparar os valores dos módulos dos três agregados, escolheuse um par de tensões e calcularam
se os módulos correspondentes utilizando as equações de regressão obtidas. As tensões escolhidas foram: σd igual a 200
kPa, e σ3 igual a 100 kPa, definindo, portanto, uma taxa de tensões σ1 / σ3 igual a 3. Os valores obtidos para os módulos
de resiliência dos três agregados são apresentados na tabela Tabela 7. As densidades correspondentes foram ART1 =
1,56 g/cm 3 ; ART2i = 1,61 g/cm 3 ; ART2c#0,6 = 1,46 g/cm 3 .
Tabela 7. Alguns valores de MR para o ART1, ART2i, e ART2c*
Material: ART1 ART2i ART2c #0,6
MR (MPa) 105,3 151,6 122,6
* Valores obtidos dos gráficos para as tensões σd igual a 200 e σ3 igual a 100 kPa.
MÓDULO DE RESILIÊNCIA
ART1 (h de moldagem)
10000 0,5877
y = 1110,5x
0,4493
2
R = 0,9724 y = 992,28x
MR (kgf/cm2)
2
p/ Sigma d = 0,7 R = 0,9155
0,4097 p/ Sigma d = 1,0
y = 1053,1x
2
R = 0,9425
1000 p/ Sigma d = 2,0
σ d = 0,7 (kgf/cm2)
σ d = 1,0 (kgf/cm2)
σ d = 1,5 (kgf/cm2)
σ d = 2,0 (kgf/cm2)
100
0,1 1 10
Tensão de Confinamento (kgf/cm2)
Figura 2. Módulo de resiliência do agregado ART1
MR ENSAIO DE MR (ART2i)
(kgf/cm2) ensaio na umidade de moldagem
10000
0,6796 0,7046
y = 1781,2x y = 1516,8x
2 2
R = 0,9772 (σd = 0,7) R = 0,9929 (σd = 2,0)
1000
σ d = 0,7 kgf/cm 2
0,6854 σ d = 1,0 kgf/cm 2
y = 1731,2x σ d = 1,5 kgf/cm 2
R 2 = 0,9945 (σd = 1,0) σ d = 2,0 kgf/cm 2
100
0,1 1 10
Tensão de confinamento (kgf/cm2)
Figura 3. Módulo de Resiliência do agregado ART2i (granulometria integral)
ENSAIO DE MR (ART2c)
10000
0,5191 0,4906
y = 1509,7x y = 1226,8x
2 2
R = 0,8867 (σd = 0,7) R = 0,9764 (σd = 2,0)
MR (kgf/cm2)
1000
σd = 0,7 kgf/cm2
0,4887 σd = 1,0 kgf/cm2
y = 1304,6x
2 σd = 1,5 kgf/cm2
R = 0,9374 (σd = 1,0)
σd = 2,0 kgf/cm2
100
0,1 1 10
Tensão de confinamento (kgf/cm2)
Figura 4. Módulo de resiliência do agregado ART2c (cortado na # 0,60 mm)
Os resultados do MR do ART podem ser considerados baixos para utilização em camadas de base. Dados de Bernucci
(1995)[11] e Carvalho et al., (1996)[12], por exemplo, apontam valores médios de módulo de resiliência de solos
lateríticos compactados (solos que ocorrem com freqüência em camadas de pavimentos do Estado de SP), para camadas
de base de materiais granulares, variando de 150 a 350 MPa, e para camada de subbase de 100 a 350 MPa. Nunes et al
(1996)[4] afirmam que é esperado de um material granular sem ligante um valor de MR acima de 200 MPa.
DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA DO ART1
100
90
80 ART antes da compactação
% que passa (%)
70
ART após o MR
60
50
40
30
20
10
0
0,01 0,1 1 10 100
Peneiras aberturas em (mm)
Figura 5. Distribuição granulométrica do ART1 antes e após a compactação e ensaio do Módulo de Resiliência
Após a execução do ensaio do MR do ART1, o corpodeprova foi destorroado em água, lavado sobre as peneiras, e
após secagem determinouse a distribuição granulométrica apresentada na Figura 5, demonstrando que houve quebra
dos grãos do agregado. A distribuição granulométrica neste ensaio foi restringida às frações 0,425/12,5mm, para
possibilitar a comparação com o mesmo ensaio realizado com a mistura de ART1 com solo, quando o agregado não
mais apresentou quebra dos grãos (o gráfico correspondente não foi aqui incluído).
Resultados dos ensaios das mistur as (agr egado + solo)
Foram preparadas misturas de dois agregados com os dois solos (argiloso e arenoso). Adotouse o procedimento de
mistura apresentado por Dias (2004)[2], que correlaciona a quantidade de solo na mistura com a porosidade do
esqueleto granular do agregado.
A misturas preparadas foram: Mistura do ART1 (que apresentou, dentre os três agregados, o mais baixo valor para o
MR e a maior porosidade granular: 41%) e do ART2c (que apresentou, dentre os três agregados, o maior valor para o
MR e a menor porosidade granular: 31%).
Os resultados dos ensaios de determinação do MR das misturas são apresentados nas figuras seguintes.
Ensaio de MR (ART1 + solo arenoso)
Ensaio na umidade de moldagem
10000
0,6697
y = 3361,7x
MR (kgf/cm2)
2
R = 0,9889 (σ d = 0,7)
1000 σ d = 0,7 (kgf/cm2)
σ d = 1,0 (kgf/cm2)
0,4768
y = 3014,9x σ d = 1,5 (kgf/cm2)
2
R = 0,981(σ d = 2,0) σ d = 2,0 (kgf/cm2)
100
0,1 1 10
Tensão de Confinamento (kgf/cm2)
Figura 6. Módulo de resiliência da mistura ART1 + solo arenoso
Ensaio de MR (ART1 + solo argiloso)
Ensaio na umidade de moldagem
10000
0,4465
y = 4466,2x
MR (kgf/cm2)
2
R = 0,9938 (σ d = 0,7)
1000 σ d = 0,7 (kgf/cm2)
0,4116
y = 3358,6x σ d = 1,0 (kgf/cm2)
2
R = 0,971(σ d = 2,0)
σ d = 1,5 (kgf/cm2)
σ d = 2,0 (kgf/cm2)
100
0,1 1 10
Tensão de Confinamento (kgf/cm2)
Figura 7. Módulo de resiliência da mistura ART1 + solo argiloso
ENSAIO DE MR (ART2c + solo argiloso
10000
0,6927
y = 3310,4x
2
MR (kgf/cm2) R = 0,9911(σ d = 0,7)
1000 σ d = 0,7 kgf/cm2
σ d = 1,0 kgf/cm2
0,6582
y = 2539x σ d = 1,5 kgf/cm2
2
R = 0,9992 (σ d = 2,0) σ d = 2,0 kgf/cm2
100
0,1 1 10
Tensão de confinamento (kgf/cm2)
Figura 8. Módulo de resiliência da mistura ART2c + solo argiloso
ENSAIO DE MR (ART2c + solo ar enoso)
10000
0,7828
y = 2795,8x
2
R = 0,9946 (σ d = 0,7)
Mr (kgf/cm2)
1000
σ d = 0,7 kgf/cm2
0,7133 σ d = 1,0 kgf/cm2
y = 2222,1x
2
R = 0,9813 (σ d =2,0) σ d = 1,5 kgf/cm2
σ d = 2,0 kgf/cm2
100
0,1 1 10
Tensão de confinamento (kgf/cm2)
Figura 9. Módulo de resiliência da mistura ART2c + solo arenoso
ANÁLISE FINAL
Para facilitar a análise, agruparamse os resultados dos MR dos agregados individualmente juntamente com os das
misturas, resultando na Figura 10 e na Figura 11 , a seguir.
Observase que o valor do módulo de resiliência do agregado reciclado de telha (sem mistura com solo) cresce com o
decréscimo da porosidade do esqueleto granular (Figura 10). Quando a porosidade foi reduzida de 41% para 31% o
ganho no valor do MR foi de 74% (conforme ilustração dos percentuais na Figura 11. Portanto, quanto melhor for o
empacotamento do agregado o que pode resultar de uma adequada distribuição granulométrica, maior é o potencial de
atingir um valor mais elevado para o MR. No entanto, em se tratando de utilização de agregados reciclados, quanto
menor for a necessidade de intervenção no processo de obtenção do material, menores serão os custos agregados, não
sendo interessante, em princípio, o investimento em classificação, mesmo porque o material natural concorrente o solo
natural normalmente, tem baixo valor de mercado.
Em princípio, então, a redução da porosidade do ART, possivelmente através de ajustamentos na britagem e na
classificação, não parece ser uma boa medida neste caso, pois demandaria investimentos adicionais –técnicos e
financeiros no sistema de britagem para melhorar o formato dos grãos e a distribuição granulométrica para esse fim.
Por outro lado, estimase que com o processamento adicional, sempre serão geradas mais partículas finas no agregado,
o que também para o uso em pavimento é indesejável.
Os valores obtidos para o MR (Figura 3) utilizando agregado com a menor porosidade, ou seja 31% para o ART2i (o
que pode ser considerado um baixo valor de porosidade se comparado com agregados naturais, areia por exemplo),
ainda são considerados baixos para emprego do agregado em pavimentos, conforme referências citadas na literatura.
A alternativa de se misturar solo ao agregado mostrou ganho substancial em todos os casos estudados, quando se
utilizou o procedimento de mistura indicado por Dias (2004)[2].
O único caso, dentre os estudados, que apresentou baixo ganho foi o da mistura do ART1 com 20% de solo arenoso.
Na Figura 10 verificase o valor de 116 MPa, obtido para o MR da mistura de ART1 com 20% de solo, ou seja, 17%
maior do que o MR do ART1 que foi de 99,2 MPa. Neste caso, ao invés de se utilizar os 41% de solo –valor obtido na
metodologia de dosagem, foram adicionados somente 20%, constatandose, após o ensaio, a quebra dos grãos do
agregado reciclado.
M R (MPa)
286,8 300
y = 7,4005x + 402,13 250
2
c/ solo arenoso 253 R = 0,9996
200
173,1
116, c/20%S.Aren
130,4 150
99,2 100
ART2c 50
ART1 ART2i
42 40 38 36 34 32 30
porosidade do esqueleto granular (%)
Figura 10. Valores do MR do ART e misturas x porosidade do ART*
* Os valores de MR indicados na Figura 10 foram aqueles obtidos para tensão de confinamento e tensão desvio de 1,0
MPa, a título de referência. Mas a correspondência também ocorre para os outros níveis de tensão.
Ganho percentual: M Rmisturas X M RART
+288% 400
375
% acima do M R do ART
7. PARREIRA, A.B.; CARMO, C.A.T.; CUNTO, F.J.C. Estudo do módulo de resiliência de materiais usados em
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