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18ª RPU – REUNIÃO DE PAVIMENTAÇÃO URBANA

São Luís, MA - 18 a 20 de junho de 2012

AVALIAÇÃO DO PAVIMENTO DE CONCRETO DE TRECHO DE


CORREDOR DE TRANSPORTE URBANO DO RECIFE PELO MÉTODO
DO ÍNDICE
DE CONDIÇÃO DO PAVIMENTO-ICP

Artur de Carvalho Santos Neto¹; José Orlando Vieira Filho²

1 Delta Construções; End: Rua...............................................................;email:


2 Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco e Universidade Catolica de Pernambuco; Rua Padre Roma 688 Ap
302, Recife/PE, CEP:52060-060; e-mail: jovf@globo.com
RESUMO

Este trabalho tem como objetivo a inspeção e determinação do Índice de Condição do Pavimento (ICP) de uma seção de
um importante corredor de tráfego urbano do Recife. Refere-se à Avenida Norte-Miguel Arraes de Alencar, entre a Av.
João de Barros e a Av. Professor José dos Anjos, em Recife-PE. Neste contexto, foram utilizados conceitos que
determinam o Índice de Condição de Pavimento (ICP) como a avaliação objetiva contida na norma do Departamento
Nacional de Infraestrutura e Transporte, respectivamente a DNIT 062/2004-PRO, além das normas DNIT 060/2004-
PRO que trata da inspeção visual do pavimento e a DNIT 061/2004-TER que estabelece a terminologia de defeitos.Com
as fichas de inspeção devidamente preenchidas, em trabalho de campo realizado no meio do mês de junho de 2011, foi
determinado o ICP para cada uma das amostras analisadas e para o trecho como um todo. Os resultados obtidos
classificaram como “bom” e “muito bom” os subtrechos entre a Av. Professor José dos Anjos e a Estrada Velha de
Água Fria e entre a Av. Santos Dumont e a Rua Quarenta e Oito; como “bom”, o subtrecho entre a Rua Treze de Junho
e a Av. Santos Dumont; como “muito bom” o subtrecho entre a Rua Treze de Junho e Estrada Velha de Água Fria e por
fim, teve conceitos “bom” e “razoável” o trecho compreendido entre a Rua Quarenta e Oito e a Av. João de Barros.
Sugere-se como prevenção, para que a vida útil deste pavimento não fique comprometida, um controle do tráfego de
veículos pesados que circulam com freqüência, com destino ou partindo do Porto do Recife; além de uma melhoria e
conservação do sistema de drenagem e a execução de obras periódicas de manutenção e restauração de acordo com a
Especificação de Serviço para reabilitação de pavimentos rígidos- DNIT 067/2004-ES.

Palavras-chave: pavimento rígido; avaliação de pavimento; defeitos em pavimentos


ABSTRACT

The aim of this work is to inspection and to determination of the Pavement Condition Index (PCI) of an important
section of an urban traffic in Recife-Pernambuco specifically at North Avenue – Miguel Arraes de Alencar between the
João de Barros Avenue and the Professor José dos Anjos Avenue. In this context, some concepts were used to determine
the Pavement Condition Index (PCI) such as the objective evaluation contained in the National Department of
Infrastructure and Transportation (DNIT) standard as DNIT 062/2004-PRO, DNIT 060/2004-PRO (about the visual
inspection of the pavement) and the DNIT 061/2004-TER (about the terminology of defects). The inspection forms
were filled on fieldwork carried out in June 2011 and these allowed the determination of the ICP for each sample
analyzed and the aim section as a whole. The results rated as a “good” the subsection between the Professor José dos
Anjos Avenue and the Água Fria Old Road, “very good” the subsection between the Dumont Avenue and the Quarenta
e Oito Street, “good” the subsection between Treze de Junho Street and Santos Dumont Avenue, “very good” the
subsection between Treze de Junho Street and Água Fria Old Road and finally had the concepts “good” and
“reasonable” the section between Quarenta e Oito Street and João de Barros Avenue. For improving the quality of this
pavement, it is suggested a greater traffic control of the heavy vehicles often going or returning from the Recife Port as
well as an improvement and maintenance of the drainage system and the execution of regular works maintenance and
restoration in accordance with the Service Specification for the rehabilitation of rigid pavements defined in the standard
DNIT 067/2004-ES.

Key words: rigid pavement, pavement evaluation, pavement defects


INTRODUÇÃO

Este trabalho, extraído de estudo acadêmico, componente de trabalho de conclusão de curso de


graduação de engenharia civil, possui a temática da avaliação de pavimentos rígidos e tem como
finalidade fornecer dados necessários para que se possa estudar o tipo de manutenção e conservação
da via, como também fornecer dados futuros para possíveis projetos de reabilitação. No caso de
possíveis reabilitações, é necessária previamente a identificação dos defeitos dos pavimentos e as
deficiências da estrutura seguidas de soluções técnicas para restaurar tais problemas.
A “American Concrete Pavement Association” – ACPA, em documento técnico de 2006,
abordando a avaliação e reparos em pavimentos de concreto, observa que, apesar de sua
reconhecida durabilidade, após certo período de serviço submetido a tráfego intenso de veículos, se
faz necessárias intervenções nos pavimentos de concreto para restituir o seu nível de serviço. Assim
é preciso um processo de inspeção e avaliação funcional e estrutural realizado com metodologia
adequada que possibilite um processo de reabilitação correto do pavimento.
Considerando-se que a avenida em estudo foi construída no período de 1957 à 1967, recebendo
posteriormente intervenções localizadas não uniformes, ao longo do tempo, torna-se de extrema
importância que se tenha uma caracterização adequada do estado de conservação, em que tal
pavimento se encontra para o necessário estabelecimento de políticas de manutenção, prevenção e
de reabilitação.
O ICP (Índice de Condição do Pavimento) representa um indicador do estado de conservação em
que se apresenta um pavimento. No estudo são levantados dados em campo que são posteriormente
trabalhados com auxilio das Normas do (DNIT 062/2004 – Avaliação objetiva-Procedimento; DNIT
061/2004 – Defeitos-Terminologia; DNIT 060/2004 – Inspeção visual-Procedimento).
Desta forma, com base na determinação do Índice de Condição do Pavimento-ICP pelo método
constante do Manual de Pavimentos Rígidos (DNIT,2005), procura-se avaliar o nível de qualidade
do pavimento objeto do estudo – no caso o corredor da Avenida Norte - Miguel Arraes de Alencar,
Recife-PE no trecho Av. João de Barros- Av. Professor José dos Anjos.

BREVE HISTÓRICO DA PAVIMENTAÇÃO EM CONCRETO EM PERNAMBUCO

A primeira estrada pavimentada em concreto de cimento Portland no Brasil e também na America


do Sul, refere-se ao trecho serrano da rodovia São Paulo – Santos, executado entre os anos 1925 e
1926, como continuidade do plano viário desenvolvido no governo do Estado de São Paulo de
Washington Luís Pereira de Sousa (1920 a 1924).(ABCP, 2009).
No Estado de Pernambuco, data de 1935 a construção em pavimento de concreto do trecho
Sucupira – Vila Militar Floriano Peixoto, na rodovia BR-11, hoje BR-101, e na Estrada de Belém
no bairro de Campo Grande na cidade de Recife. Ainda em 1945, em Recife, foi construída a Av.
Barão de Souza Leão, como ligação entre a Base Aérea do Recife e o bairro da Boa Viagem (Vieira
Filho, 1994). Posteriormente, até a presente data, foram executadas, além de extensa malha
rodoviária em pavimento de concreto no Estado de Pernambuco, diversas avenidas e importantes
corredores de transporte urbano na área metropolitana do Recife, representando, atualmente,
considerando-se uma largura de 7 m, uma extensão pavimentada de 234 km de vias urbanas,
ficando assim, a cidade do Recife conhecida com a “capital nacional do pavimento de
concreto”(ABCP, s/d). A figura 1 a seguir mostra os corredores e vias pavimentadas em concreto de
cimento Portland na região metropolitana do Recife.

Figura – Mapa das vias pavimentadas em concreto (linha vermelha).


(Fonte: Vieira Filho, 1994).
DESCRIÇÃO DO TRECHO ESTUDADO

Os diversos trechos da Av. Norte – Miguel Arraes de Alencar, foram construídos entre os anos de
1957 e 1967, pelas construtoras Queiroz Galvão e Borrione S.A.( LIRA, R. D. de A. e VIEIRA
FILHO, J. O, 1978) Tem extensão de cerca de 8600m e largura média de 15m, com duas pistas de
tráfego, totalizando cerca de 135.000m², com pavimento em placas de concreto de cimento
Portland. Constitui-se importante corredor para as cidades de Recife e Olinda ligando a BR-101 ao
centro do Recife e a zona Portuária. O trafego é constituído por diversas linhas de ônibus, veículos
de passeio e caminhões médios e pesados.

O presente trabalho refere-se ao trecho entre a Av. João de Barros e a Av. Professor José dos Anjos.
A seqüência de atividades utilizada para o cálculo do ICP, iniciou com o levantamento de campo,
por amostragem, dos defeitos encontrados no pavimento segundo a norma do DNIT 061/2004. Para
isso, foram escolhidos subtrechos delimitados por ruas transversais de referência. Em cada um deles
foram levantadas amostras (com extensão de 20 placas de concreto por amostra) e preenchidas as
fichas de inspeção baseada na norma DNIT 060/2004, Na figura a seguir é apresentada a
localização do trecho estudado, com indicação esquemática das amostras coletadas.

Figura 2. localização do trecho estudado, com indicação esquemática das amostras coletadas

(Fonte: Google maps, 2011).


RESUMO DOS RESULTADOS DA INSPEÇÃO VISUAL DO PAVIMENTO

Subtrecho-01: Av. Professor José dos Anjos - Estrada Velha de Água Fria
Os defeitos encontrados com mais freqüência neste subtrecho foram:
• Defeito na selagem das juntas, com 66,66% das placas afetadas;
• Desgaste superficial, com 51,66% das placas afetadas;
• Fissuras por retração plástica, com 46,66% das placas afetadas;
• Grandes reparos, com 41,66% das placas afetadas.
Utilizadas 3 amostras :
• Amostra nº 01: ICP= 69, Conceito “BOM”
• Amostra nº 02: ICP= 59, Conceito “BOM”
• Amostra nº 03: ICP= 76, Conceito “MUITO BOM”

Subtrecho-02: Estrada Velha de Água Fria - Rua Treze de Junho


O defeito predominante neste subtrecho encontra-se discriminado abaixo:
• Grandes reparos, com 100% das placas afetadas.
Utilizada 1 amostra
• Amostra nº 04: ICP= 76, Conceito “MUITO BOM”

Subtrecho-03: Rua Treze de Junho – Av. Santos Dumont


Os defeitos mais encontrados neste subtrecho foram:
• Ausência e defeitos na selagem das juntas, com 100% das placas afetadas;
• Desgaste superficial, com 80% das placas afetadas;
• Fissuras por retração plástica, com 75% das placas afetadas;
• Degrau de junta, com 25% das placas afetadas;
• Fissuras lineares, com 15% das placas afetadas.

Utilizada 1 amostra.
• Amostra nº 05: ICP= 60, Conceito “BOM”
Subtrecho-04: Av. Santos Dumont - Rua Quarenta e Oito
Os defeitos mais observados neste subtrecho foram:
• Ausência e defeitos na selagem das juntas, com 100% das placas afetadas;
• Fissuras por retração plástica, com 75% das placas afetadas;
• Desgaste superficial, com 70% das placas afetadas;
• Fissuras lineares, com 18,33% das placas afetadas;
• Esborcinamento de juntas, com 13,33% das placas afetadas;
• Degrau de junta, com 10% das placas afetadas.
Utilizadas 3 amostras:
• Amostra nº 06: ICP= 74, Conceito “MUITO BOM”
• Amostra nº 07: ICP= 60, Conceito “BOM”
• Amostra nº 08: ICP= 74, Conceito “MUITO BOM”

Subtrecho-05: Rua Quarenta e Oito – Av. João de Barros (Encruzilhada)


Os defeitos mais encontrados neste subtrecho foram:
• Defeito na selagem das juntas, com 80% das placas afetadas;
• Desgaste superficial, com 55% das placas afetadas;
• Fissuras lineares, com 30% das placas afetadas;
• Fissuras por retração plástica, com 25% das placas afetadas;
• Degrau de junta, com 20% das placas afetadas;
• Esborcinamento de juntas, com 12,5% das placas afetadas;
• Quebra de canto, com 10% das placas afetadas.

Utilizadas 2 amostras:
• Amostra nº 09: ICP= 57, Conceito “BOM”
• Amostra nº 10: ICP= 54, Conceito “RAZOÁVEL”
Com base nos resultados amostrais referidos acima representa-se na figura 3 a seguir o
enquadramento das amostras na escala de avaliação dos conceitos do ICP

Figura 3. Escala de Avaliação do ICP (Fonte: Autor, 2011).


A título de ilustração, nas figuras seguintes, mostram-se os principais tipos de defeitos encontrados
no pavimento estudado.

Figura 4– Falha na selagem das juntas(Fonte: Figura 5 – Falha na selagem das juntas(Fonte:
Autor, 2011). Autor, 2011).

Figura 6– Desgaste superficial(Fonte: Autor, 2011). Figura 7– Desgaste superficial(Fonte: Autor, 2011).
Figura 8– Fissura de retração plástica(Fonte: Autor, Figura 9– Fissura de retração plástica(Fonte: Autor,
2011). 2011).
.

Figura 10 – Grandes reparos(Fonte: Autor, 2011). Figura 11– Grandes reparos(Fonte: Autor, 2011).
Figura 12 – Fissuras lineares(Fonte: Autor, 2011). Figura 13– Fissuras lineares (Fonte: Autor, 2011).

Figura 14– Escalonamento ou degrau nas juntas Figura 15– Escalonamento ou degrau nas juntas
(Fonte: Autor, 2011). (Fonte:Autor, 2011).
Figura 16– Esborcinamento de juntas(Fonte: Autor, Figura 17– Esborcinamento de juntas(Fonte: Autor,
2011). 2011).

Figura 18– Quebra de canto(Fonte: Autor, 2011). Figura 19– Quebra de canto(Fonte: Autor, 2011).

ÁNALISE DOS RESULTADOS

Apesar do pavimento de concreto de cimento Portland ser de alta durabilidade, comprovada nos
importantes corredores do Recife, todos com mais de 30 anos e alguns com mais de 50 anos de
serviço, necessitam de um programa de manutenção periódica e de intervenções, sempre que
necessárias para garantia do nível de desempenho para o qual foi projetado.
Observou-se no trecho em questão, uma grande incidência do defeito de ausência ou deficiência de
selagem das juntas, que pode vir a ser causa de outros danos mais severos ao pavimento de concreto
de cimento Portland, sendo importante um programa adequado de selagem periódica das juntas.
Algumas intervenções realizadas, a exemplo de “grandes reparos” com capeamento betuminoso são
paliativas, resolvendo os problemas apenas temporariamente, sendo na maioria das vezes mais
adequada a reconstrução total da placa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O método utilizado do ICP mostrou-se eficaz para a avaliação qualitativa do trecho estudado,
guardando coerência dos conceitos obtidos com os respectíveis níveis de desempenho do pavimento
nos subtrechos avaliados. No estudo de caso apresentado, ficou evidente que o pavimento rígido do
corredor urbano da Av. Norte no trecho estudado, apresentou conceitos classificados em sua
maioria como “bom” e “muito bom” e em apenas uma amostra como “razoável”, comprovando-se
assim, a eficiência e a elevada durabilidade em serviço, do pavimento de concreto de cimento
Portland, de grande incidência na cidade do Recife.
Para manutenção do bom desempenho deste importante corredor urbano, da Av. Norte, do qual faz
parte o trecho estudado, é mister que se restrinja a circulação de veículos pesados com origem ou
destino ao Porto do Recife e que se executem a adequada conservação e melhorias dos sistema de
drenagem e a reabilitação periódica do pavimentos de acordo com as especificações técnicas para
pavimentos rígidos DNIT 067/2004.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Recife: capital nacional do
pavimento de concreto. São Paulo: ABCP, s/d.
______. “Governar é abrir estradas”. O concreto pavimentando os caminhos da formação do novo
país.. São Paulo: ABCP, 2009.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES-DNIT. Manual
de pavimentos rígidos. Rio de Janeiro, 2005
______Pavimento rígido – Inspeção visual – Procedimento. Norma DNIT 060/2004-PRO
______Pavimento rígido - Defeitos – Terminologia. Norma DNIT 061/2004-TER
______Pavimento rígido - Avaliação objetiva – Procedimento. Norma DNIT 062/2004-PRO
______Pavimento rígido – Reabilitação. Norma DNIT 067/2004-ES
LIRA, R. D. de A. e VIEIRA FILHO, J. O. – O pavimento de concreto de cimento Portland em
Pernambuco. In: Instituto Brasileiro do Concreto – IBRACON, 1º Congresso Brasileiro de
Pavimentos de Concreto -, 1998, Belo Horizonte. Anais.....Belo Horizonte: IBRACON, 1978.
VIEIRA FILHO, José Orlando – Avaliação estrutural e funcional de um pavimento rígido em via
urbana do recife – Estudo de correlações, Dissertação de Mestrado-UFPB-Campina Grande, 1999

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