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Materiais Ortodônticos

Tratamento Precoce da Mordida 2


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Quadrihélice de Encaixe 7
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Márcio Antonio de Figueiredo*, Danilo Furquim Siqueira**,
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Silvana Bommarito***, Marco Antonio Scanavini**** 12
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Resumo 21
O propósito do artigo é demonstrar a com o aparelho fixo do tipo Quadrihélice 22
importância do diagnóstico e do trata- de encaixe e mentoneira occiptal. Com 23
mento ortodôntico precoce da mordida a correção da má oclusão obteve-se um 24
cruzada posterior no período da denti- equilíbrio funcional entre a postura da 25
ção decídua, com a apresentação de um língua e dos lábios e restabeleceu-se o 26
caso clínico de um paciente com 4 anos, crescimento normal. A correção preco- 27
com mordida cruzada posterior unilate- ce da mordida cruzada posterior com o 28
ral funcional, mordida cruzada anterior e aparelho Quadrihélice pode ser alcan- 29
mordida aberta anterior. O tratamento foi çada com eficácia sem a necessidade de 30
realizado no período de 1 ano e 3 meses colaboração do paciente. 31
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Palavras-chave: Má oclusão. Ortodontia Interceptora. Dentição primária.
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* Especialista em Ortodontia - Ortopedia Facial e Mestre em Ortodontia pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia – Área de Concentração em Ortodontia da UMESP.
** Professor Doutor em Ortodontia pela FOB-USP e Professor do Programa de Pós-Graduação em Odontologia (Mestrado) - Área de Concentração em Ortodontia da UMESP. 47
*** Professora Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana pela UNIFESP, e titular do Programa de Pós-Graduação em Odontologia – Área de Concentração em Ortodontia da UMESP.
**** Professor Doutor em Ortodontia pela FO-USP e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Odontologia (Mestrado) - Área de Concentração em Ortodontia da UMESP.
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Tratamento Precoce da Mordida Cruzada Posterior com o Quadrihélice de Encaixe

Introdução 1
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a má oclu- 2
são como o terceiro problema odontológico de saúde pública, dada 3
a grande quantidade da população acometida pelos desvios mor- 4
fológicos da oclusão normal. Sendo que desses desvios, muitos 5
podem ser observados na dentição decídua, e se nenhuma medida 6
interceptora for adotada, os resultados com certeza se farão pre- 7
sentes na dentadura mista e permanente. 8
O tratamento realizado na época da dentição decídua ou início 9
da dentadura mista tem como objetivo minimizar ou eliminar pro- 10
blemas esqueléticos, dentoalveolares e musculares, antes que a ir- 11
rupção da dentição permanente se complete19,22,24. Este tratamento Figura 1 - Assimetria bilateral do posicionamento dos côndilos na mordida 12
quando bem indicado, pode reduzir a necessidade de extrações de cruzada posterior unilateral. 13
dentes permanentes,3,26 e por vezes da cirurgia ortognática19,23. Ou 14
seja, o tratamento precoce visa devolver as condições normais de 15
crescimento e desenvolvimento da oclusão da criança com o obje- intervenção precoce favorece a simetria imediata dos côndilos na 16
tivo de evitar severos problemas esqueléticos, musculares e dento- fossa do temporal e normalização do crescimento mandibular11,23. 17
alveolares futuros. Segundo autores como Bench, Gugino, Hilgers3 Segundo Gianelly12 os desvios funcionais devem ser corrigidos 18
e Silva Filho et al.28 as alterações das relações anormais nesta idade o quanto antes, pelo menos por dois motivos. Primeiro, porque 19
são recomendáveis e possíveis de tratamento. podem evitar possíveis complicações de ATM. Em segundo lugar, 20
Para Silva Filho, Oliveira, Capelozza26; Bench, Gugino, Hilgers3 e tratando-se mais cedo tais problemas, pode-se evitar um desequi- 21
Arvystas1 a correção dos problemas que afetam a saúde, a função e líbrio no crescimento facial. 22
o desenvolvimento normal da articulação temporomandibular é o O problema clínico que comumente causa um desvio funcional é 23
principal alvo do tratamento ortodôntico precoce. a diminuição do perímetro transversal da maxila, que impede a man- 24
É de comum acordo entre os ortodontistas que dentre as más díbula de fechar em relação cêntrica (R.C.), conseqüentemente, ela o 25
oclusões encontradas na dentição decídua e dentadura mista, a faz numa posição lateral excêntrica de máxima intercúspidação ha- 26
indicação do tratamento precoce é feita principalmente nas mor- bitual (MIH), desviando a linha média para o lado cruzado. Quando a 27
didas cruzadas posteriores e anteriores2,21,22,23,26,28 sendo que, estas mandíbula é colocada em relação cêntrica, sua linha média coincide 28
más oclusões podem produzir assimetrias mandibulares morfoló- com a linha média da maxila e com o centro da face (Fig. 2, 3, 4, 5). 29
gicas e funcionais nas crianças e que podem ser eliminadas com Este tipo de má oclusão é corrigido precocemente com ex- 30
uma terapia precoce de expansão da maxila26,30. pansão maxilar12,17, possibilitando a eliminação das interferências 31
A mordida cruzada posterior unilateral funcional é uma das oclusais (Fig. 6, 7, 8). Como resultado desta mecânica ocorre um 32
más oclusões mais encontradas na dentição decídua e na dentadu- posicionamento dos côndilos de maneira simétrica, devolvendo a 33
ra mista28, sendo que em estágios precoces apresenta um desloca- possibilidade de um crescimento normal da articulação temporo- 34
mento lateral funcional em aproximadamente 80% dos casos. mandibular e da face14,16. 35
Devido a esse deslocamento funcional da mandíbula, ocorre Diferentes métodos que utilizam aparelhos fixos ou removíveis 36
uma assimetria no posicionamento e deslocamento dos côndilos para correção da mordida cruzada estão disponíveis na literatura, 37
na fossa do osso temporal, com conseqüente crescimento assimé- todos eles quando indicados adequadamente e controlados pelo 38
trico, alteração no plano oclusal, alteração na altura dos ramos, e especialista são satisfatórios, porém os aparelhos removíveis ne- 39
no posicionamento do mento na face (assimetria facial)3,20. cessitam de um melhor controle com relação à colaboração do pa- 40
Por meio de exames radiográficos é possível observar o posi- ciente do que os aparelhos fixos, que possuem um resultado mais 41
cionamento assimétrico dos côndilos, onde o côndilo do lado não previsível por não necessitarem muito desta colaboração11,22,24. 42
cruzado se posiciona mais para frente, para baixo e para dentro Dipaolo9, Capelozza, Silva Filho6 e Martins, Almeida, Dainesi18, 43
com relação à eminência articular e o côndilo do lado oposto (lado destacaram a importância do correto diagnóstico das mordidas 44
da mordida cruzada) se posiciona mais para cima e para trás (Fig. cruzadas posteriores, uma vez que estas podem ser esqueléticas 45
1). Essa assimetria na relação geométrica do côndilo e da fossa do (deficiência da base apical) ou dentoalveolares (inclinações dentá- 46
temporal estabelece como uma das principais razões para o trata- rias indesejáveis). Na maioria das vezes realiza-se esta diferenciação 47
mento precoce da mordida cruzada unilateral posterior, visto que a com o auxílio de observações clínicas (paciente e modelo de gesso) 48

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Figura 2 - Desvio funcional da mandíbula para Figura 3 - Desenho ilustrando assimetria no posi- 10
esquerda. cionamento dos côndilos e desvio da linha média. 11
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Figura 4 - Desenho ilustrando assimetria no Figura 5 - Desenho ilustrando os côndilos posi-
posicionamento dos côndilos e desvio da linha cionados adequadamente, linha média coinciden- 23
média. te e mordida topo a topo bilateral. 24
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Figura 6 - Mandíbula em relação cêntrica. Figura 7 - Mandíbula em relação cêntrica. Figura 8 - Mordida cruzada posterior unilateral 34
funcional (desvio da linha média). 35
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e imagens radiográficas (radiografia póstero-anterior), auxiliando na fixos (Quadriélice e arco em W). Nos pacientes mais jovens, durante 38
correta definição do tipo de aparelho a ser empregado. Nos casos a fase de dentadura decídua este tipo de expansão pode suscitar a 39
de deficiência real da maxila, os aparelhos para expansão rápida da abertura da sutura palatina mediana, além dos efeitos ortodônti- 40
maxila, como o aparelho disjuntor tipo HAAS13, HYRAX4 e expansor cos, devido a pouca resistência óssea destes indivíduos7,18. 41
colado8 são os mais indicados devido a capacidade de liberação for- Um desses aparelhos fixos citados se refere ao Quadrihélice 42
ças ortopédicas sobre o palato e ou sobre a face palatina dos dentes (Fig. 9, 10), um aparelho para a expansão lenta da maxila. Este é um 43
superiores, para a ruptura da sutura palatina mediana e conseqüen- arco palatino onde quatro helicóides são confeccionados, sendo 44
temente a obtenção de efeitos ortopédicos almejados. posicionados dois na região posterior (distal do molar bandado) e 45
Nos casos de envolvimento dentoalveolar, preconiza-se o tra- dois na porção anterior, (próximo a papila incisiva). Sua forma final 46
tamento com a expansão lenta da maxila, com aparelhos remo- se aproxima do formato da letra “W” e consta de cinco segmentos, 47
víveis (molas coffin e com parafuso expansor) ou com aparelhos ou seja, duas pontes posteriores, uma anterior e dois braços que 48

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Figura 9 - Expansor fixo do tipo Quadrihélice de encaixe (0,8mm). Figura 10 - Efeito da expansão com Quadrihélice de encaixe.(0,8mm).
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se estendem dos molares aos caninos11,17,23. Este tipo de aparelho com os segundos molares decíduos) como na figura 23, sempre 18
pode ser confeccionado de duas maneiras: diretamente soldado na que possível. Segundo Zachrisson31, o risco de que esses dentes 19
face palatina das bandas dos molares ou encaixado a estas mesmas sobrecorrigidos permaneçam nessa posição é desprezível devido ao 20
bandas por meio de um tubo lingual. O fio utilizado pode ser o equilíbrio da função do lábio e bochechas. Proffit22, recomendou 21
Elgiloy .038”, aço inoxidá vel 0,8mm ou 0,9mm. que uma mordida cruzada posterior deveria ser sobrecorrigida até 22
O sucesso do tratamento precoce da mordida cruzada poste- as cúspides linguais dos dentes posteriores da maxila ocluirem com 23
rior tem início na primeira consulta onde é realizada a anamnese a inclinação lingual das cúspides vestibulares da mandíbula. 24
e o exame clínico. Na anamnese deve-se investigar distúrbios de Um controle rígido dos fatores etiológicos primários (respira- 25
hábitos, eficiência da respiração nasal, traumas e produção da fala. ção bucal, alergias e hábitos viciosos) é fundamental na manuten- 26
Já, no exame clínico deve-se observar ausência de dentes, princi- ção dos resultados obtidos. 27
palmente no segmento posterior da arcada, inclinações axiais dos Estes pacientes devem receber um acompanhamento durante o 28
dentes posteriores, largura da maxila, profundidade do palato, in- crescimento em intervalos de 6 a 12 meses. Caso alguma alteração 29
terferências oclusais durante o fechamento em relação cêntrica, ocorra, medidas interceptoras e devidos encaminhamentos para os 30
“curva de monson” positiva ou negativa, inclinação do plano oclu- profissionais de áreas afins devem ser efetuados. 31
sal, apinhamentos e assimetrias faciais. Na maioria dos casos tratados com expansão lenta ou rápida 32
A partir destas considerações, se existir uma mordida cruzada da maxila, após o período de tratamento, indica-se a instalação de 33
posterior, serão necessários exames complementares incluindo ra- uma placa de contenção superior. 34
diografias: panorâmica, periapicais, telerradiografias lateral e frontal, 35
fotografias e modelos de estudo para a avaliação completa do caso. CASO CLÍNICO 36
Com todos os exames em mãos, o ortodontista irá definir o Paciente do gênero masculino, com 4 anos e 5 meses de idade 37
seu diagnóstico e escolher o plano de tratamento mais eficiente e e com padrão facial braquifacial. Na avaliação extrabucal pode-se 38
adequado para o tratamento. observar uma assimetria facial com desvio da mandíbula para o 39
Uma vez apresentado o diagnóstico, outros fatores devem ser lado esquerdo do paciente, assim como uma tendência ao progna- 40
observados para o sucesso da correção da má oclusão, tais como, tismo mandibular (Fig. 11, 12). 41
completa correção dos problemas funcionais, respiração nasal res- O exame intrabucal revelou que o paciente encontrava-se com 42
tabelecida, mastigação bilateral, relação cêntrica coincidente com a a dentição decídua completa e apresentava uma mordida cruzada 43
oclusão cêntrica, fonação, deglutição e postura da língua normal. posterior unilateral funcional do lado esquerdo, associada a uma 44
Um outro fator muito importante para estabilidade em longo mordida aberta e a uma mordida cruzada anterior (Fig. 13, 14, 45
prazo é realizar, como sugere Ricketts23 e Zachrisson31, a sobrecorre- 15). Numa vista oclusal pode-se observar deficiência na dimensão 46
ção das mordidas cruzadas em direção a uma mordida em “tesoura” transversal da maxila (Fig. 16) e aumento da dimensão transversal 47
(caninos e primeiros molares decíduos vestibularizados e alinhados da mandíbula (Fig. 17). 48

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Figura 11 - Vista extrabucal lateral, mostrando Figura 12 - Vista extrabucal frontal, mostrando 18
tendência à prognatismo mandibular. assimetria da mandíbula (desvio para o lado es-
querdo do paciente). 19
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Figura 13 - Vista intrabucal do lado direito do Figura 14 - Vista intrabucal de frente do pacien- Figura 15 - Vista intrabucal do lado esquerdo do 30
paciente, lado não cruzado. te com desvio funcional da mandíbula para o lado paciente (lado da mordida cruzada). 31
esquerdo.
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Figura 16 - Vista intrabucal oclusal da maxila Figura 17 - Vista intrabucal oclusal da mandíbu- 42
(início do tratamento -11/06/99). la (inicio do tratamento -11/06/99). 43
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Tratamento Precoce da Mordida Cruzada Posterior com o Quadrihélice de Encaixe

A telerradiografia lateral (Fig. 18) evidenciou um espaço aé- Com base na anamnese, exame clínico e radiográfico o trata- 1
reo nasobucofaríngeo inadequado, e a análise cefalométrica de mento proposto foi à expansão lenta da maxila com a utilização 2
Ricketts (Fig. 19) indicou um prognatismo mandibular suave e do aparelho Quadrihélice (0,8mm aço), com o propósito de re- 3
maxila bem posicionada. Na radiografia panorâmica (Fig. 20), mover as interferências dentárias que deslocavam à mandíbula 4
observou-se a presença de todos os dentes permanentes e des- para frente e para o lado esquerdo, permitindo a mandíbula se 5
vio do septo nasal. posicionar em relação cêntrica, aumentar o perímetro transversal 6
A criança respirava com a boca sempre aberta, com a língua em da maxila para que a língua pudesse se posicionar corretamente, 7
uma postura baixa, além da presença de projeção anterior da língua fornecendo estímulos de crescimento adequado e melhorando a 8
à deglutição o que caracterizou a presença de deglutição atípica. respiração (Fig. 21-26). O paciente foi orientado a utilizar uma 9
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Figura 18 - Telerradiografia em norma lateral inicial. Figura 19 - Análise cefalométrica de Ricketts inicial.
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Figura 20 - Radiografia panorâmica inicial. 48

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mentoneira oblíqua (Fig. 27, 28) para má oclusão de Classe III, Proffit22; McNamara, Brudon19, Sandikçio Lu, Hazar24, e Gianelly12, 1
com força de 150 gramas por lado, durante o período noturno (8 segundo os quais o tratamento precoce (realizado na época da 2
a 10 horas). Segundo Sakamoto, Iwase, Nakamura25, Ishii et al.15, dentição decídua ou início da dentadura mista) pode minimizar 3
Sugawara et al.29, Domingues et al.10 e Gianelly12, a mentoneira ou eliminar futuros problemas esqueléticos, dentoalveolares e 4
tende a posicionar a mandíbula posteriormente e a girá-la em musculares. 5
sentido horário. Esta ação favorece a correção da Classe III em O tempo de tratamento total foi de um ano e três meses, e o 6
pacientes com tipo facial convergente (braquifaciais) e contra aparelho utilizado para descruzar a mordida foi o Quadrihélice de 7
indica o seu uso em casos de pacientes com tipo facial diver- encaixe (0,8mm de aço) mantido fixo na boca do paciente. Este 8
gente (dolicofaciais). O prognóstico devido à idade do paciente e resultado concorda com as afirmações de Proffit22; Sandikçio Lu, 9
seu padrão facial foi avaliado como satisfatório, como pode-se Hazar24; Erdinç, Ugur e Erbay11, de que aparelhos fixos apresentam 10
verificar nas figuras 29-33. um resultado previsível e com menos necessidade de colaboração 11
quando comparado com aparelhos removíveis. 12
DISCUSSÃO A análise cefalométrica de Ricketts realizada 4 anos e meio 13
A correção da mordida cruzada posterior permitiu um fecha- após o final da primeira fase do tratamento (Fig. 36, 37) demons- 14
mento vertical normal da mandíbula (R.C. coincidente com M.I.H.) trou um ligeiro biprognatismo (Profundidade Maxilar = 920 e Pro- 15
sem desvio do trajeto, evitando assim o deslocamento condiliano fundidade Facial = 920), entretanto esta relação existente entre as 16
e a possibilidade futura do crescimento assimétrico e conseqüen- bases ósseas e o crânio não prejudicaram a estética do paciente 17
te contatos no lado de balanceio durante a função, além de uma como pode-se observar na figura 38, obtida 2 anos após a análise 18
estética facial mais agradável (simetria), (Fig. 34, 35). Devolveu a cefalométrica ter sido realizada. As demais mensurações cefalomé- 19
harmonia entre a posição da língua e a função, por um lado, e a tricas estão compatíveis com o padrão Braquifacial do paciente. Na 20
função do lábio e da bochecha, por outro, favorecendo o desen- radiografia panorâmica (Fig. 39), observou-se a presença de todos 21
volvimento normal da oclusão. Este resultado esta de acordo com os dentes permanentes com exceção dos terceiros molares. 22
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Figura 21 - Pré-ativação do Quadrihélice de en- Figura 22 - Fotografia do Quadrihélice imediata- Figura 23 - Expansão obtida com Quadrihélice
caixe (0,8mm). mente após instalação (24/07/99). (26/01/00).
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Figura 24 - Vista intrabucal (lado direito) após Figura 25 - Vista intrabucal (frontal) após a ex- Figura 26 - Vista intrabucal (esquerda) após a 47
a expansão. pansão. expansão. 48

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Figura 27 - Mentoneira occiptal - uso noturno Figura 28 - Mentoneira occiptal - uso noturno 18
(vista lateral). (vista frontal).
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Figura 29 - Vista intrabucal do lado direito do Figura 30 - Vista intrabucal de frente do pacien- Figura 31 - Vista intrabucal do lado esquerdo do
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paciente, dois meses após o final do tratamento. te, dois meses após o final do tratamento. paciente, dois meses após o final do tratamento. 30
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Figura 32 - Vista intrabucal oclusal da maxila Figura 33 - Vista intrabucal oclusal da mandíbu- 41
dois meses após o final do tratamento. la dois meses após o final do tratamento. 42
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Figura 34 - Fotografia extrabucal frontal, com sime- Figura 35 - Fotografia extrabucal lateral, com equi-
tria facial, dois meses após o final do tratamento. líbrio facial, dois meses após final do tratamento.
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Figura 36 - Telerradiografia lateral de controle Figura 37 - Análise cefalométrica de Ricketts (4 31
(4 anos após o final do tratamento). anos após o final do tratamento).
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Figura 38 - Fotografia extrabucal lateral eviden- Figura 39 - Radiografia panorâmica de controle (4 anos após o final do tra-
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ciando o perfil do paciente obtida 5 anos e 5 me- tamento)
ses após o final do tratamento. 48

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Tratamento Precoce da Mordida Cruzada Posterior com o Quadrihélice de Encaixe

O caso apresenta-se estável 5 anos e 5 meses após o término procedimento necessário e importante para o sucesso do trata- 1
do tratamento como pode-se observar nas fotografias intrabu- mento e o risco destes dentes sobrecorrigidos permanecerem em 2
cais e extrabucais (Fig. 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47). O paciente uma posição inadequada é desprezível31. A utilização da mento- 3
encontra-se agora no segundo período transitório da dentadura neira foi indicada no período noturno, como aparelho de con- 4
mista e todas as características do período estão dentro da nor- tenção (Fig. 48, 49). Os pais foram orientados da necessidade do 5
malidade. paciente retornar ao consultório anualmente para controle até o 6
Este resultado confirma a afirmação de Ricketts23 e Zachris- final do crescimento facial e se fosse reconhecido algum desvio 7
son31, de que a sobrecorreção da mordida cruzada posterior é um da normalidade, uma segunda fase seria realizada. 8
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Figura 48 - Fotografia extrabucal lateral com men- Figura 49 - Fotografia extrabucal frontal com 18
toneira occiptal. mentoneira occiptal. 19
20
21
22
Mordidas cruzadas dentoalveolares se apresentam com muita A muitos anos o aparelho fixo Quadrihélice tem sido utili- 23
freqüência em crianças no período da dentição decídua e denta- zado para desenvolver o arco dentário superior. Este aparelho 24
dura mista2,17,23,27. A sua etiologia é bastante ampla e pode estar além de alcançar expansão desejada da maxila para descruzar a 25
relacionada com os distúrbios de hábitos como: problemas res- mordida, não apresenta nenhum problema de tolerância signifi- 26
piratórios, hábito de sugar os dedos, hábito de sugar chupeta, cante (efeitos mínimos na fala após curto período de adaptação) 27
mamadeira, herança genética, entre outros17,21,22. enquanto oferece as vantagens de aplicação de força contínua, 28
De origem inicialmente dentoalveolar associada a um desvio maior ancoragem e retenção, e menor necessidade de colabora- 29
funcional da mandíbula para o lado cruzado, esta má oclusão ção2,21,23. A natureza da força contínua produzida pelo Quadrihé- 30
depois de instalada, não se corrige espontaneamente com o cres- lice reduz a necessidade de ajustes durante o tratamento. 31
cimento, mesmo quando a causa é removida. Durante o cresci- 32
mento, a mordida cruzada só tende a piorar e se um tratamento Conclusão 33
interceptor não for realizado pode se tornar uma mordida cruza- A literatura consultada relata a necessidade da correção 34
da esquelética, com danos permanentes para a função, estética precoce (período da dentição decídua ou inicio da dentadura 35
facial e para as articulações temporomandibulares, que se desen- mista) da mordida cruzada posterior, e deve ser o objetivo da 36
volvem com estímulos de crescimento inadequado19,23,26. Ortodontia - Ortopedia facial; para tanto se torna importante a 37
Este prognóstico desfavorável leva a um consenso entre os orientação para a população leiga do diagnóstico precoce deste 38
especialistas de que a mordida cruzada deve receber uma inter- tipo de má oclusão. 39
venção o mais precocemente possível com o objetivo de resta- Como pode-se evidenciar neste caso clínico, a correção pre- 40
belecer a morfologia normal, enviando a partir desta normali- coce da mordida cruzada posterior unilateral funcional pode ser 41
dade restabelecida estímulos para um correto desenvolvimento alcançada com eficácia utilizando-se o Quadrihélice, um apare- 42
da articulação temporomandibular2,22,23,26. lho higiênico, confortável e que não necessita de “cooperação” 43
Como visto neste caso clínico, a intervenção precoce da mordi- do paciente para o seu êxito. Este é um procedimento simples 44
da cruzada posterior forneceu condições morfológicas adequadas do ponto de vista técnico se comparado ao tratamento de um 45
para que o organismo retomasse o seu percurso normal de cresci- paciente adolescente ou adulto, além de permitir uma relação 46
mento que a criança herdou geneticamente de seus pais. Este fato adequada entre as bases ósseas, restabelecer a estética facial e 47
esta de acordo com Hesse et al.14 e Lamm, Sadowsky, Omerza16. preservar a articulação temporomandibular. 48

Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 5, n. 6 - dez. 2006/jan. 2007 85


Tratamento Precoce da Mordida Cruzada Posterior com o Quadrihélice de Encaixe

1
The Early Orthodontic Treatment of Posterior Crossbites 2
3
with Attachment Quad-helix 4
5
6
Abstract
7
This paper demonstrates the importance of early diagnosis appliance and low-pull chincap therapy. Correction of
8
and orthodontic treatment of posterior crossbite during the the malocclusion allowed functional balance between
9
deciduous dentition, presenting a case report of a 4-year- the tongue and lip posture, and normal growth was
10
old patient with functional unilateral posterior crossbite, reestablished. Early correction of the posterior crossbite
11
anterior crossbite and anterior open bite. Treatment was with the quad-helix appliance may be effectively achieved
12
performed for 1 year and 3 months with a quad-helix without the need of patient compliance.
13
key words: Malocclusion. Interceptive orthodontics. Primary dentition. 14
15
16
17
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46
Rua Capitão Nascimento Filho 131, Bairro Vergueiro
18. MARTINS, D.R.; ALMEIDA R.R.; DAINESI, E..A. Mordidas cruzadas anterior e posterior
CEP: 18030-123 - Sorocaba / SP 47
Parte I – diagnóstico e tratamento precoces. Apresentação de casos clínicos. Odonto
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