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Batalha de Aljubarrota

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Coordenadas: 39º38'17"N 8º50'42"O

Batalha de Aljubarrota
Crise de 1383-1385

Data 14 de agosto de 1385


Local Campo de São Jorge, Calvaria de Cima, perto de Aljubarrota, Portugal
Desfecho Vitória decisiva de Portugal
Beligerantes
Reino de Portugal Castela

Apoio: Apoio:
Reino da França
Reino da Inglaterra
Coroa de Aragão
Comandantes
João I de Portugal João I de Castela
Nuno Álvares Pereira Pedro Álvares Pereira

Forças
Cerca de 6,500 homens: Cerca de 31,000 homens:

 4,000 peões;  15,000 peões;


 1,700 lanceiros;  6,000 lanceiros;
 800 besteiros;  8,000 besteiros;
 200 arqueiros ingleses;  Mais de 2.000 cavaleiros pesados
franceses;
 15 morteiros.

Baixas
500 a 600 4,000 a 5,000; 5000, no rescaldo.
A Batalha de Aljubarrota decorreu no final da tarde de 14 de
agosto de 1385 entre tropas portuguesas com aliados ingleses, comandadas
por D. João I de Portugal e o seu condestável D. Nuno Álvares Pereira, e o
exército castelhano e seus aliados liderados por D. João I de Castela. A batalha
deu-se no campo de São Jorge, na localidade de Picoto, pertencente à freguesia
de Calvaria de Cima, concelho de Porto de Mós, nas imediações da vila
de Aljubarrota, entre o referido concelho e Alcobaça[1].
O resultado foi uma derrota definitiva dos castelhanos, o fim da crise de 1383-
1385 e a consolidação de D. João I, anteriormente o Mestre de Avis, no início da
rebelião, como rei de Portugal, o primeiro da Dinastia de Avis. A aliança Luso-
Britânica saiu reforçada desta batalha e seria selada um ano depois, com a
assinatura do Tratado de Windsor e o casamento do rei D. João I com D. Filipa
de Lencastre. Como agradecimento pela vitória na Batalha de Aljubarrota, D.
João I mandou edificar o Mosteiro da Batalha. A paz com Castela só viria a
estabelecer-se em 1411 com o Tratado de Ayllón, ratificado em 1423.

A Batalha de Aljubarrota foi uma das raras grandes batalhas campais da Idade
Média entre dois exércitos régios e um dos acontecimentos mais decisivos da
história de Portugal. Inovou a tática militar, permitindo que homens de armas
apeados fossem capazes de vencer uma poderosa cavalaria. No campo
diplomático, permitiu a aliança entre Portugal e a Inglaterra, que perdura até
hoje. No aspecto político, resolveu a disputa que dividia o Reino de Portugal do
Reino de Castela e Leão, abrindo caminho sob a Dinastia de Avis para uma das
épocas mais marcantes da história de Portugal, a era dos Descobrimentos.

Directamente associada à vitória dos portugueses nesta batalha, celebrizou-se


a figura lendária da heroína Brites de Almeida, mais conhecida
como "a Padeira de Aljubarrota", que com a sua pá terá morto sete castelhanos
que encontrara escondidos no seu forno.
Índice

• 1 Antecedentes

• 2 Disposição da hoste portuguesa

• 3 A chegada dos castelhanos

• 4 A batalha

• 5 O dia seguinte

• 6 Ver também

• 7 Bibliografia

• 8 Referências

• 9 Ligações externas

Antecedentes[editar | editar código-fonte]


No fim do século XIV, a Europa encontrava-se a braços com uma época de crise
e revolução. A Guerra dos Cem Anosdevastava a França, epidemias de peste
negra levavam vidas em todo o continente, a instabilidade política dominava
e Portugalnão era exceção.

Em 1383, El-rei D. Fernando morreu sem um filho varão que herdasse a coroa.
A sua única filha legítima era a infanta D. Beatriz, casada com o rei D. João I de
Castela. A burguesia mostrava-se insatisfeita com a regência da Rainha
D. Leonor Telese do seu favorito, o conde Andeiro e com a ordem da sucessão,
uma vez que isso significaria anexação de Portugal por Castela. As pessoas
alvoroçaram-se em Lisboa, o conde Andeiro foi morto e o povo pediu ao mestre
de Avis, D. João, filho natural de D. Pedro I de Portugal, que ficasse por regedor
e defensor do Reino.

O período de interregno que se seguiu ficou conhecido como crise de 1383-


1385. Finalmente a 6 de Abril de 1385, D. João, mestre da Ordem de Avis, é
aclamado rei pelas cortesreunidas em Coimbra, mas o rei de Castela não
desistiu do direito à coroa de Portugal, que entendia advir-lhe do casamento.

Perante a revolta da população portuguesa em vários pontos e cidades do


Reino de Portugal, o Rei de Castela, decide em 1384 entrar em Portugal. Entre
Fevereiro e Outubro deste ano monta um cerco a Lisboa, por terra e por mar.

Uma frota portuguesa vinda do Porto enfrenta, a 18 de Julho de 1384, à


entrada de Lisboa, a frota castelhana, na batalha do Tejo. Os portugueses
perdem três naus e sofrem vários prisioneiros e mortos; no entanto, a frota
portuguesa consegue romper a frota castelhana, que era muito superior, e
descarregar no porto de Lisboa os alimentos que trazia. Esta ajuda alimentar
veio-se a revelar muito importante para a população que defendia Lisboa.

O cerco de Lisboa pelas tropas castelhanas acaba por não resultar, devido à
determinação das forças portuguesas em resistir ao cerco, ao facto de Lisboa
estar bem murada e defendida, à ajuda dos alimentos trazidos do Porto e
devido à epidemia de peste negra que assolou as forças castelhanas
acampadas no exterior das muralhas.

Em Junho de 1385, D. João I de Castela decide invadir novamente Portugal,


desta vez à frente da totalidade do seu exército e auxiliado por um forte
contingente de cavalaria francesa.

Disposição da hoste portuguesa[editar | editar código-fonte]

Nuno Alvares Pereira a rezar antes da batalha, em azulejos de Jorge Colaço no Centro Cultural
Rodrigues de Faria.

Quando as notícias da invasão chegaram, é reunido o conselho militar


em Abrantes para decidir o que fazer. O rei decide invadir Castela pela zona de
Sevilha para atrair o exército invasor. O condestável opõe-se e defende dar
batalha para travar o passo ao inimigo; não se entendem e D. Nuno parte com
a sua hoste para Tomar. O rei pensando melhor manda informar D. Nuno que
estava de acordo com ele e encontram-se os dois em Tomar. Com os aliados
ingleses, o exército português intercetou os invasores perto de Leiria. Dada a
lentidão com que os castelhanos avançavam, D. Nuno Álvares Pereira teve
tempo para escolher o terreno favorável para a batalha. A opção recaiu sobre
uma pequena colina de topo plano rodeada por ribeiros, perto de Aljubarrota.
Contudo o exército Português não se apresentou ao Castelhano nesse sítio,
inicialmente formou as suas linhas noutra vertente da colina, tendo depois, já
em presença das hostes castelhanas mudado para o sítio predefinido, isto
provocou bastante confusão nas tropas de Castela.

Assim pelas dez horas da manhã do dia 14 de agosto, o exército tomou a sua
posição na vertente norte desta colina, de frente para a estrada por onde os
castelhanos eram esperados. A disposição portuguesa era a seguinte:
infantaria no centro da linha, uma vanguarda de besteiros com os 200
archeiros ingleses, 2 alas nos flancos, com mais besteiros, cavalaria e
infantaria. Na retaguarda, aguardavam os reforços e a cavalaria comandados
por D. João I de Portugal em pessoa. Desta posição altamente defensiva, os
portugueses observaram a chegada do exército castelhano protegidos pela
vertente da colina.

Esquema ilustrando a Batalha de Aljubarrota.


A chegada dos castelhanos[editar | editar código-fonte]
A vanguarda do exército de Castela chegou ao teatro da batalha pela hora do
almoço, sob o sol escaldante de agosto. Ao ver a posição defensiva ocupada
por aquilo que considerava os rebeldes, o rei de Castela tomou a esperada
decisão de evitar o combate nestes termos. Lentamente, devido aos 30 000
soldados que constituíam o seu efetivo, o exército castelhano começou a
contornar a colina pela estrada a nascente. A vertente sul da colina tinha um
desnível mais suave e era por aí que, como D. Nuno Álvares previra,
pretendiam atacar.[1]
O exército português inverteu então a sua disposição e dirigiu-se à vertente sul
da colina, onde o terreno tinha sido preparado previamente. Uma vez que era
muito menos numeroso e tinha um percurso mais pequeno pela frente, o
contingente português atingiu a sua posição final muito antes do exército
castelhano se ter posicionado. D. Nuno Álvares Pereira havia ordenado a
construção de um conjunto de paliçadas e outras defesas em frente à linha de
infantaria, protegendo esta e os arqueiros. Este tipo de tática defensiva, muito
típica das legiões romanas, ressurgia na Europa nessa altura.

Pelas seis da tarde, os castelhanos ainda não completamente instalados


decidem, precipitadamente, ou temendo ter de combater de noite, começar o
ataque.

É discutível se de facto houve a tão famosa tática do "quadrado" ou se


simplesmente esta é uma visão imaginativa de Fernão Lopes de umas alas
reforçadas. No entanto tradicionalmente foi assim que a Batalha acabou por
seguir para a história.
A batalha[editar | editar código-fonte]

Painel de azulejos pintado por Jorge Colaço(1922) representando um episódio da batalha de


Aljubarrota. No Pavilhão Carlos Lopes, Lisboa, Portugal.

O ataque começou com uma carga da cavalaria francesa: a toda a brida e em


força, de forma a romper a linha de infantaria adversária.[1] Contudo as linhas
defensivas portuguesas repeliram o ataque. A pequena largura do campo de
batalha, que dificultava a manobra da cavalaria, as paliçadas (feitas com
troncos erguidos na vertical separados entre si apenas pela distância
necessária à passagem de um homem, o que não permitia a passagem de
cavalos) e a chuva de virotes lançada pelos besteiros (auxiliados por 2
centenas de arqueiros ingleses comandados por Sir Leon Baade)[2] fizeram
com que, muito antes de entrar em contacto com a infantaria portuguesa, a
cavalaria ficasse desorganizada e confusa. Ao final, as baixas da cavalaria
foram pesadas e o efeito do ataque nulo.
Ainda não perfilada no terreno, a retaguarda castelhana demorou a prestar
auxílio e, em consequência, os cavaleiros que não morreram foram feitos
prisioneiros pelos portugueses.

Depois deste revés, a restante e mais substancial parte do exército castelhano


atacou. A sua linha era bastante extensa pelo elevado número de soldados. Ao
avançar em direção aos portugueses, os castelhanos foram forçados a apertar-
se (o que desorganizou as suas fileiras) de modo a caber no espaço situado
entre os ribeiros. Enquanto os castelhanos se desorganizavam, os portugueses
redispuseram as suas forças, dividindo a vanguarda de D. Nuno Álvares em
dois setores, de modo a enfrentar a nova ameaça. Vendo que o pior ainda
estava para chegar, D. João I de Portugal ordenou a retirada dos besteiros e
archeiros ingleses e o avanço da retaguarda através do espaço aberto na linha
da frente. Antes de avançar, D. João I ordena a execução dos cavaleiros
franceses aprisionados, como forma de evitar um possível contra-ataque pela
retaguarda.

Desorganizados, sem espaço de manobra e finalmente esmagados entre os


flancos portugueses e a retaguarda avançada, os castelhanos pouco puderam
fazer senão morrer. Ao pôr-do-sol, a batalha estava já perdida para Castela.
Precipitadamente, D. João de Castela ordenou a retirada geral sem organizar a
cobertura. Os castelhanos debandaram então desordenadamente do campo de
batalha. A cavalaria Portuguesa lançou-se em perseguição dos fugitivos,
dizimando-os sem piedade.

O próprio D. João de Castela, debilitado e tendo estado presente na batalha


numa liteira, foi transportado apressadamente a cavalo até Santarém, como
forma de fuga aos portugueses que estavam em perseguição dos castelhanos.
Nesse momento, e na tentativa de captura do rei de castela, um dos cavaleiros
de D. Nuno Álvares Pereira é morto, tendo sido posteriormente sepultado em
Alcobaça.

Alguns fugitivos procuraram esconder-se nas redondezas, apenas para


acabarem mortos às mãos do povo.

Surge aqui uma tradição portuguesa em torno da batalha: uma mulher, de seu
nome Brites de Almeida, recordada como a Padeira de Aljubarrota, iludiu,
emboscou e matou pelas próprias mãos alguns castelhanos em fuga. A história
é por certo uma lenda da época. De qualquer forma, pouco depois D. Nuno
Álvares Pereira ordenou a suspensão da perseguição e deu trégua às tropas
fugitivas.
O dia seguinte[editar | editar código-fonte]

Voto de D. João I a Nossa Senhora da Oliveira na Batalha de Aljubarrota.

Na manhã de 15 de agosto, a catástrofe sofrida pelos castelhanos ficou bem à


vista: os cadáveres eram tantos que chegaram para barrar o curso dos ribeiros
que flanqueavam a colina. Para além de soldados de infantaria, morreram
também muitos nobres fidalgoscastelhanos, o que causou luto em Castela
até 1387. A cavalaria francesa sofreu em Aljubarrota outra pesada derrota
contra as táticas de infantaria, depois de Crécy e Poitiers. A batalha de
Azincourt, já no século XV, mostra que Aljubarrota não foi a última vez em que
isso aconteceu. Importa referir que, como era costume na época, as forças
portuguesas permaneceram 3 dias no local, a aguardar uma eventual investida
dos castelhanos, melhorando sucessivamente as posições defensivas.

Com esta vitória, D. João I tornou-se no rei incontestado de Portugal, o primeiro


da Dinastia de Avis.

Para celebrar a vitória e agradecer o auxílio divino que acreditava ter recebido,
D. João I mandou erigir o Mosteiro de Santa Maria da Vitória e fundar a vila
da Batalha.

Assim como, passados sete anos da batalha, o condestável D. Nuno Álvares


Pereira mandou construir a Ermida de São Jorge, em Calvaria de Cima, onde
precisamente está o campo de militar de São Jorge e ele havia depositado o
seu estandarte nesse dia.
Hoje nesse mesmo último local, há também um moderno centro de
interpretação que explica o desenrolar dos acontecimentos, seus antecedentes
e suas consequências.

Ver também[editar | editar código-fonte]


 Capela de São Jorge (Aljubarrota)
 Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota (CIBA)
 Fundação Batalha de Aljubarrota
 Padeira de Aljubarrota

Bibliografia[editar | editar código-fonte]


 A. H. de Oliveira Marques, História de Portugal, vol. 1, Lisboa, Presença, 1997.
 Fernão Lopes, Crónica de D. João I, vol. 1, s.l., Civilização, imp. 1994.
 João Gouveia Monteiro, Nuno Álvares Pereira - Guerreiro, Senhor Feudal,
Santo - Os três rostos do Condestável, 1ª edição, imp. 2017
 João Gouveia Monteiro, Aljubarrota, 1385: A batalha real, Lisboa, Tribuna da
História, imp. 2003

Referências
S
a
S
1. ↑ Ir para:a b c
al
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ta
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r
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n
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