O Espaço Geográfico desde os tempos mais remotos (gregos) sempre
foi encarado de forma integrada, visão esta que desapareceu através dos anos até ressurgir com ênfase no século XVII com Alexander Von Humboldt. Foi no período da Geografia Moderna que se deu a pulverização da Ciência Geográfica em diferentes disciplinas, disciplinas estas que evoluíram para se tornarem “ciências”, praticamente independentes, analisando outras vertentes e não somente a “Geografia”, apesar de serem chamadas de “disciplinas geográficas”. Nos dias atuais, com novas técnicas da informática e principalmente com uma nova filosofia e perspectiva de visão integrada, a “Geografia” recupera sua visão holística e se torna uma das ciências mais importantes e que mais pode contribuir para manter o equilíbrio e a qualidade ambiental do planeta, agregando a visão, antes exclusivamente, político-econômica uma visão e proceder também ecológicas. Como toda ciência, a Geografia garante condições em que ensinar e aprender criticamente é possível, visto que ultrapassa barreiras, decifra símbolos, compreende e interpreta com profundidade as produções do espaço, além de visualizar os elementos, os arranjos e objetos/sujeitos entrelaçados nos arcabouços das estruturas, formas, funções e processo espacial. Deste modo, contempla as práticas de construção e reconstrução do conhecimento, ampliando a capacidade do aluno na compreensão do mundo em que vive e atua (CAVALCANTI, 2005). Por tudo isso e muito mais, a Geografia na instância escolar vai mais a frente do que um simples componente curricular. Vale ressaltar que para isso acontecer é necessário que o educador tenha e/ou continue tendo experiências na produção de certos saberes, permitindo ao mesmo autonomia , colocando-se como verdadeiro sujeito no processo da construção e reconstrução dos saberes (FREIRE, 1996). Desta forma, o ensino de Geografia contribui para a formação de cidadãos ativos, pois são mais do que titulares de direitos, são criadores de novos direitos e novos espaços, consolidando novos sujeitos políticos, cientes de direitos e deveres na sociedade (BENEVIDES apud CAVALCANTI, 2005). Neste sentido, é crucial no âmbito desta concepção geográfica e, sobretudo, no processo de aprendizado do individuo, defender a ideia de que para compreender complexos processos dinâmicos terrestres e alcançar os objetivos anteriormente citados, discussões a respeito dos conceitos- chave da geografia são exigidos, sendo os principais: Paisagem, Lugar, Região, Território e Espaço (CASTRO,1995). Lembrando que cada conceito-chave possui categorias de vastos e intensos debates, passando por várias correntes geográficas, onde cada uma tem sua peculiaridade. Além disso, serve de objeto de estudo de outras ciências. Daí a importância da ordem de grandeza da escala de espaço. Tomando como referência o tamanho do recorte da paisagem é possível identificar e discutir dentro das categorias geografias. Portanto, com intuito de facilitar o ensino e aprendizado dessas questões, sobretudo dentro da geografia física, a paisagem em meados da década até mesmo ambientais, sobretudo dentro da geografia física, a paisagem em meados da década de 70 ganhou impulso nos estudos integrados, alinhado a perspectiva de um sistema homogêneo e heterogênico dialeticamente indissociável a partir da influência direta da teoria/metodológica de Geossistema, que segundo Rodrigues (2001) surge principalmente em função da necessidade de lidar com os princípios de interdisciplinaridade, síntese, abordagem multiescalar e com a dinâmica paisagística, ou seja, uma discussão abrangente e profunda entre o processo dinâmico dos elementos bióticos, abióticos e antrópicos. Um Geossistema, ou um Sistema Geográfico ou até mesmo um Sistema Natural é sempre uma unidade natural com os elementos abióticos que interligados e interdependentes formam uma estrutura que se reflete de forma clara através da fisiologia e da dinâmica de uma paisagem. Em todo Geossistema há exploração biológica desde formas mais simples como pequenos ecossistemas até complexas organizações espaciais naturais ou elaboradas e implantadas pelo homem. Nesta perspectiva o geógrafo Bertrand rediscute o conceito de geossistema de Sotchava (1977) e propõe uma análise integrada do complexo físico-geográfico e sua correção com a sociedade, ou seja, analisar a conexão do resultado da combinação dinâmica, entre o potencial ecológico (geomorfologia + Clima + Hidrografia) entre exploração biológica (vegetação + solo+ fauna) e ação antrópica que reagem dialeticamente entre si, bem como fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em perpétua evolução. (BERTRAND,1972) Sendo assim, instituem as taxonomias dos meios geográficos sugeridos por Bertrand (1972) em sete ordens de grandeza de unidades. Do recorte menor ao maior, são elas: geótopo tem dimensão de alguns metros; geofacies tem uma dimensão de hectômetros a alguns quilômetros; geossistema, tem uma dimensão mais vasta, dezenas a centenas de quilômetros; região natural, o domínio e a zona são menos definidas (MOREIRA, 2010) Diante disso, a teoria geossistêmica permite afirmar que a sua aplicabilidade juntamente com as diretrizes metodológicas, torna-se possível nos diferentes níveis de Ensino, e principalmente nas aulas de Geografia. Aliás, Rodrigues (2001) menciona que seria possível trabalhar com a perspectiva genética e dinâmica em Geografia Física, uma tarefa a ser desenvolvida em todos os seus níveis de ensino. Enfatiza como uma das tentativas das mais necessárias para compreensão da história da sociedade em sua relação dialética com a natureza. Assim, consente interagir com os conteúdos não somente da Geografia, mas também de outras Ciências principalmente Biologia, destacando-se por exemplo: biomas e/ou vegetação, bacia hidrográfica, ecologia, clima, relevo, solo, principalmente as discussões sobre meio ambiente dentre as “catástrofes naturais” os impactos socioambientais etc. Ou seja, todos esses conteúdos e outros estão instituídos em ordem de grandeza em vários sistemas únicos, porém não isolados e sim conectados, representando assim um complexo mosaico interdisciplinar de fenômenos naturais e sociais que estão em constante mutação. Com isso torna evidente que aplicar a Teoria Geossistêmica instiga várias discussões a cerca do potencial ecológico, entre a exploração biológica e ação antrópica. Auxiliando no processo de aprendizado do alunado por facilitar no entendimento e compreensão da geografia, principalmente da Geografia física. Todo Geossistema é um espaço único em sua estrutura, dinâmica e interrelações, o que permite aos geógrafos falarem em Geodiversidade da mesma forma como os biólogos falam em Biodiversidade. No momento em que na maior parte dá superfície terrestre se verifica o caos na Organização do Espaço com degradação acentuada do meio ambiente, desertificação, redução e poluição dos recursos hídricos, desmatamentos, urbanização caótica, desequilíbrios sociais e econômicos, redução da qualidade de vida; o estudo dos Geossistemas, através da integração de seus elementos, oferecendo visão e ação holística, adquire importância fundamental para um planejamento correto da utilização e organização do espaço, ou seja, para a Ciência Geográfica. Esse conhecimento também contempla os objetivos do Parâmetro Curricular Nacional (PCN) (MEC, 2000) em instigar a percepção do aparelho cognitivo para apreensão de conhecer e atuar de forma consciente e crítica no espaço geográfico, além de contribuir para a formação da identidade do alunado. Enfim, ao reafirmar o conceito da Teoria do Geossistema, sobretudo cogitando informações e/ou conhecimentos, propõe-se a possibilidade de servir como instrumento metodológico de análises referentes as Geociências, através do reconhecimento espacial e cartográfico na condução de uma perspectiva como um sistema único e aberto composto de objetos/sujeitos. Mais precisamente, compreender os processos dinâmicos dialéticos das partes entre si favorecendo assim ao entendimento da totalidade geográfica e ecossistêmica do planeta.
BUNZEN, C.; ROJO, R. Livro didático de língua portuguesa como gênero do discurso: autoria e estilo. In.: COSTA VAL, M. G.; MARCUSCHI, B. (Orgs.) Livros didáticos de língua portuguesa: letramento e cidadania. Belo Horizonte: CEALE, Autêntica, 2005, p. 73-117.