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Aula 12 - Sólidos

Luı́s Henrique de Lima

UFABC-2018.2

August 10, 2018

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Sumário da aula de hoje

1 Estrutura Cristalina

2 Identificação dos planos de uma rede

3 Cristalografia de Raios X

4 Lei de Bragg

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Estrutura Cristalina

Grande parte do progresso tecnológico ocorrido nos últimos 100 anos


resultou da aplicação da mecânica quântica ao estudo dos
sólidos.
Os materiais podem se solidificar em um sólido amorfo ou cristalino:

sólido amorfo: os átomos se agrupam em um arranjo não periódico


sólido cristalino: arranjo periódico.

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Estrutura Cristalina

Muitas vezes um material não é um monocristal, mas sim um


policristal, ou seja, pequenas peças macroscópicas, com cada uma
dessas peças possuindo a nı́vel microscópico um arranjo periódico de
átomos.
Conhecer a estrutura atômica, ou seja, a organização dos átomos é
fundamental para entender as propriedades fı́sicas de um material.

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Estrutura Cristalina

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Redes Cristalinas Periódicas

Um cristal periódico, ou simplesmente cristal, é formado a partir de uma


rede de pontos chamado de rede de Bravais, em que cada ponto desta
rede é associado uma base, que pode ser um átomo, uma molécula, um
grupo de átomos, etc.

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Célula Unitária

A célula unitária é um paralelepı́pedo imaginário que contém uma unidade


da figura que se repete periodicamente por translação.

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Célula Unitária

Célula unitária primitiva: Formada pela união por retas entre os


pontos vizinhos da rede. É a menor unidade possı́vel que “copiada”
(transladada) forma toda a estrutura cristalina.
Muitas vezes é útil utilizar células unitárias não primitivas: células
convencionais, ou seja, que incluem mais de um ponto da rede de
Bravais.

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Célula Unitária

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Célula Unitária

Os vetores ~a1 , ~a2 e ~a3 (ou ~a, ~b e ~c ) que constroem a célula unitária
são chamados de vetores de translação da rede (ou só vetores da
rede). Eles podem ser primitivos ou não.
Os módulos a, b e c são chamados de parâmetros de rede.

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Célula Unitária

As células unitárias em 3D são classificadas em 7 sistemas


cristalinos, observando os elementos de simetria de rotação que
elas possuem.

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Célula Unitária

Exemplo: Uma operação de simetria de ordem 3 significa que


rotacionando através de um certo eixo de 360◦ /3 = 120◦ , o sistema é
inalterado.

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Célula Unitária

As células unitárias em 3D são classificadas em 7 sistemas


cristalinos, observando os elementos de simetria de rotação que
elas possuem.
Qualquer estrutura 3D periódica pode ser construı́da a partir de 14
redes de Bravais.

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Célula Unitária

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Células cúbicas

sc ⇒ cúbica simples (simple cubic)


bcc ⇒ cúbica de corpo centrado (body-centered cubic)
fcc ⇒ cúbica de face centrada (face-centered cubic)

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Células cúbicas

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Identificação dos planos de uma rede

Para identificar os planos atômicos (ou planos cristalinos) utilizamos


os chamados ı́ndices de Miller (hkl)
Receita:
1 Encontre onde o plano intercepta os eixos da célula primitiva ou
convencional. Escreva os valores em termos dos parâmetros de rede
a, b e c. Não utilize o plano que passa pela origem.
2 Tomes o valor recı́proco desses números e reduza a 3 números inteiros
(caso dê fracionário), mantendo a mesma razão de proporcionalidade,
em geral, os 3 números inteiros menores.
3 Os ı́ndices negativos são simbolizados por uma barra sobre o
algarismo, como em (1̄10)

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Identificação dos planos de uma rede

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Identificação dos planos de uma rede

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Separação dos planos

Utilizamos os ı́ndices de Miller para calcular a distância entre planos


atômicos. Exemplo: Rede Quadrada 2D

d d
sinφ = , cosφ =
(a/h) (a/k)

sin2 φ + cos2 φ = 1
 2  2
dh dk
+ =1
a a

1 h2 k 2
2
= + 2
dhkl a2 a

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Separação dos planos

Utilizamos os ı́ndices de Miller para calcular a distância entre planos


atômicos. Exemplo: Rede Quadrada 2D

Se (hkl) = (110)

1 h2 k 2
2
= + 2
dhkl a2 a

1 2
2
=
d110 a2

a 2a
d110 =√ =
2 2

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Separação dos planos

Cada sistema cristalino terá a sua própria expressão para a distância entre
planos. Em 3D, por exemplo:

Rede cúbica
1 h2 k 2 l2
2
= + +
dhkl a2 a2 a2

Rede ortorrômbica
1 h2 k 2 l2
2
= + +
dhkl a2 b2 c 2

E como determinar a separação entre os planos, a estrutura cristalina e os


parâmetros de rede?

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Cristalografia de Raios X

Difração
O Fenômeno da difração é a interferência provocada por um corpo
colocado na trajetória das ondas e a distribuição espacial da intensidade
resultante desta interferência é chamada de figura de difração (padrão de
difração).

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Difração de Raios X

Raios X ⇒ radiação eletromagnética com comprimento de onda da


ordem de 10−10 m = 1 Å.

A difração por planos cristalinos ocorre devido a mesma ordem de


grandeza dos comprimentos de onda dos raios X e das distâncias
interplanares/interatômicas.

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Difração de Raios X

Raios X podem ser gerados por tubos de raios X e por fontes


Sı́ncroton, como a que temos em Campinas-SP.

bremsstrahlung = radiação de frenagem

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Luz Sı́ncrotron

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Lei de Bragg

Cada plano cristalino funciona como um espelho que irá refletir a


onda incidente.
Suponha que a onda incidente faz um ângulo θ com os planos
atômicos e que raios paralelos são refletidos por planos adjacentes.

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Lei de Bragg

O “segundo” raio caminhou um trecho AB + BC a mais que o


“primeiro” raio.

AB BC
sinθ = =
d d

AB = BC = dsinθ ⇒ AB + BC = 2dsinθ

Quando a diferença de percurso é um número inteiro de


comprimentos de onda, as ondas refletidas estão em fase e ocorre
interferência construtiva.

Lei de Bragg
nλ = 2dsinθ

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Lei de Bragg

Condição da Difração:

Lei de Bragg
nλ = 2dsinθ
Onde n é um número inteiro e λ o comprimento de onda da radiação
incidente.

2dsinθ
λ=
n
O maior comprimento de onda possı́vel que satisfaça a Lei de Bragg é 2d
(λ ≤ 2d).

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Experimentos de Difração de Raios X

Veja que a condição de Bragg tem que satisfazer vários critérios.


Apenas uma pequena fração (10−5 a 10−3 ) da intensidade incidente é
refletida pelos planos atômicos.
Experimento de von Laue: fonte contı́nua de comprimentos de onda.

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Experimentos de Difração de Raios X

Experimento de Debye-Scherrer:
Amostra em pó (pequenos cristais).
Fonte monocromática.

Compara-se os resultados com um banco de dados para se determinar


a estrutura e o composto.
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Experimentos de Difração de Raios X

Outra possibilidade é rotacionar um monocristal em frente a um feixe


monocromático até detectar reflexões.

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Experimentos de Difração de Raios X

Exemplo: Observa-se uma reflexão de primeira ordem dos raios X que


incidem sob o ângulo de 11.2◦ com os planos (111) de um cristal cúbico,
quando foram utilizados raios X com comprimento de onda de 154 pm.
Determine o parâmetro de rede a da estrutura cúbica.
λ
Lei de Bragg: nλ = 2dsinθ ⇒ n = 1 ⇒ d = 2sinθ
Distância entre planos atômicos para uma estrutura cúbica:

1 h2 k 2 l2 a
2
= + + ⇒ d111 = √
dhkl a2 a2 a2 3

λ 3
a=
2 sinθ

(154pm) 3
a= = 687 pm
2 sin11.2◦

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