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Artículo Científico Original

TRABALHO FORÇADO
NA FAZENDA DA VOLKS: CRÔNICA DE UM
ESCÂNDALO AMAZÔNICO NA ALEMANHA
Antoine Acker
TRABALHO FORÇADO FORCED LABOUR IN THE
NA FAZENDA DA VOLKS: VOLKSWAGEN RANCH:
CRÔNICA DE UM CHRONIQUE OF AN
ESCÂNDALO AMAZÔNICO AMAZONIAN SCANDAL IN
NA ALEMANHA GERMANY
Antoine Acker

RESUMO ABSTRACT
Este artigo é dedicado ao escândalo de The object of this article is the scandal
trabalho forçado relacionado com a fa- of forced labor linked to the Vale do Rio
zenda amazônica Vale do Rio Cristalino, Cristalino Amazonian ranch, which be-
gerida pela firma alemã Volkswagen longed to the German firm Volkswagen
(VW) entre 1973 e 1986. As represen- (VW) between 1973 and 1986. Focusing
tações, a percepção e a recepção do on the representations, the perception and
escândalo na Alemanha constituem o the reception of the scandal in Germany,
ponto de enfoque do texto. O objetivo this article has the following three aims:
deste artigo é triplo: explicar como uma - explaining how a multinational company
multinacional de reputação moderna e of modern and humanist reputation could
humanista chegou a permitir uma ges- tolerate the existence of archaic forms of
tão arcaica da mão de obra na própria labor in its own ranch
fazenda, analisar o movimento de soli-
dariedade trans-nacional que se desen- -analyzing the movement of trans-national
volveu na Alemanha em reação às notí- solidarity, which developed in Germany
cias de trabalho forçado na “Cristalino”, in reaction to the news of forced labor at
e avaliar o impacto dessa polêmica “Cristalino”
na conscientização ao nível internacio- -evaluating the impact of this polemic in
nal do problema de trabalho forçado the sensibilization, at the international lev-
amazônico. el, as regards the problem of Amazonian
Palavras-chave: Trabalho forçado, Ama- forced labor.
zônia, Volkswagen, Alemanha, solidarie- Keywords : forced labour, Amazon, Volk-
dade internacional swagen, Germany, international solidarity

Este artigo é dedicado ao escândalo do Alemanha constituem o ponto de enfoque


trabalho forçado relacionado com a fa- do texto.
zenda amazônica Vale do Rio Cristalino, A fazenda foi criada no sul do Pará e
gerida pela firma alemã Volkswagen en- abrangia uma dimensão comparável à
tre 1973 e 1986. As representações, a de alguns pequenos estados da República
percepção e a recepção do escândalo na Federal da Alemanha (RFA). Era uma fa-
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zenda de gado onde havia também pro- Estas foram as reflexões que orientaram
dução de madeira. Em 1976, quando o este texto, que foi desenvolvido a partir
satélite americano Skylab identificou na de três questões com elas relacionadas e
Amazônia um incêndio de tamanho con- que se focaram, sobretudo, no lado ale-
siderável, pelo qual a Cristalino era em mão dos debates em torno da fazenda
parte responsável, a fazenda foi acusada Cristalino:
de praticar um desmatamento abusivo e, 1) Como se tornou possível uma empresa
a partir daí, se tornou um potencial obje-
como a VW, modelo da “economia social
to de críticas. Alguns anos depois, acusa-
de mercado” alemã, ver-se envolvida num
ções de recurso à mão-de-obra forçada
grave processo de exploração humana?
para as operações de desmatamento em
Cristalino foram lançadas pela Comissão 2) Poderá considerar-se a coligação que
Pastoral da Terra (CPT). A informação agiu contra a Volks e que agiu não só no
foi difundida na Alemanha, em 1983 país dos acontecimentos mas também no
(Brasilien-Nachrichten (BN), 81/1983). país de origem da empresa um modelo de
Dentro da fazenda, existia um sistema resistência aos abusos das multinacionais?
segundo o qual os trabalhadores sazo- 3) Terá a mediatização do assunto
nais (os “peões”) contratados por subem- “Cristalino” na Alemanha ajudado a sen-
preiteiros da Volks ficavam endividados sibilizar o país em torno do fenômeno
de diversas formas (engano nos salários, do trabalho forçado contemporâneo no
pagamento de preços desonestos por di- campo, um fenômeno então ainda pouco
versos serviços fornecidos pelos emprei- conhecido na Europa?
teiros, entre outros), eram mantidos den-
tro da fazenda durante vários meses sem
poder fugir e eram ainda submetidos à I. Longe da “Fazenda Modelo” de
violência de guardas (“os gatos”), que co- Wolfsburg, a “fazenda invisível” dos
metiam contra eles sevícias físicas e mo- trabalhadores sazonais
rais (Le Breton, 2003, p.147-60).
Desde o início, a operação de Volkswagen
Embora tenham sido poucos os autores a na Amazônia foi, sobretudo, um meio
interessar-se pelo assunto, as suas carac- para evitar que uma parte dos benefí-
terísticas essenciais já foram apontadas cios da empresa acabesse gasta com
(Ibid.; Rezende, 2000; Buclet, 2005): taxas públicas. O governo brasileiro,
- O paradoxo de um tratamento de mão no âmbito da sua nova política de de-
de obra arcaico que era utilizado por senvolvimento da Amazônia, distribuía
uma empresa de grande dimensão que incentivos fiscais generosos a investido-
representava o capitalismo moderno; res que tinham projetos pela região.
Os representantes da empresa nunca
- a dimensão internacional dos aconteci- esconderam essa motivação lucrativa às
mentos quer devido às origens multina- autoridades alemãs. No entanto, é impos-
cionais dos investimentos quer devido aos sível resumir o projeto Cristalino por este
protestos que tal projecto suscitou; só objetivo de lucro. Os textos difundidos
- o fato de a divulgação da história es- pela Volkswagen mostram que a compa-
pecífica da fazenda Cristalino ter sido nhia se sentia investida de uma missão
uma etapa importante na divulgação do ideológica consistindo em importar uma
problema mais geral do trabalho força- cultura de “modernidade” nos “países
do contemporâneo no Brasil. em desenvolvimento” (Volkswagen A.G.,
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1980). Autoproclamando-se líder indus- exemplares (Richter, 1980, p.12-4): aloja-
trial do desenvolvimento, a Volks justifica- mento gratuito, piscina, terreno de esporte,
va os seus investimentos em países como o bar, escola, supermercado moderno, entre
Brasil, o Mexico ou a África do Sul atra- outras “vantagens”. Esta ideia de uma re-
vés de uma retórica filantrópica que fa- lação privilegiada entre a empresa e os
zia da empresa o “parceiro do mundo”, seus empregados, baseada num tratamen-
o agente da “ajuda ao desenvolvimento to humanista dos trabalhadores, constituia
no sentido mais nobre do termo” (Ibid.). um elemento central da comunicação da
É nesse âmbito que se pode entender a Volkswagen, a partir do qual a companhia
apresentação do projeto de fazenda ao já tinha construído a sua reputação na
público alemão. Já que a empresa que- Alemanha (Doleschal e Dombois, 1982). A
ria fazer de Cristalino um exemplo do seu atribuição de salários generosos, a oferta
desempenho em favor do “terceiro-mun- aos operários de serviços disponíveis fora
do”, distibuiu à imprensa alemã nume- do tempo de trabalho e a segurança do
rosos folhetos promocionais pelo lança- emprego já faziam parte da imagem posi-
mento da operação e também ao longo tiva de VW na Alemanha Federal. A com-
do seu processo de consolidação (Ibid.; panhia apresentava-se como um modelo
Autogramm, 19/12/1973-01/10/1985 da “soziale Marktwirtschaft” (economia
(dez edições); Frankfurter Allgemeine social de mercado) ou, por outras pala-
Zeitung, 25/09/1979; Volkswagen do vras, de um capitalismo beneficiando tam-
Brasil S.A., 1983; Volkswagen, arquivos bém os operários. Uma imagem semelhan-
de empresa). Em 1980, VW até produziu te era difundida a propósito das fábricas
um filme documentário dedicado à fazen- brasileiras da Volks em São Bernardo do
da, distribuido nas escolas da Alemanha Campo, no Brasil (Volkswagen A.G., 1973).
Ocidental e acompanhado de um ca- No entanto, vários pesquisadores já mos-
derno didático dirigido aos professores traram que essa generosidade frente aos
(Richter, 1980). Todos esses documentos assalariados, apesar de ser fundamen-
apresentavam a fazenda como um pro- tal na reputacão da Volkswagen, tanto
jeto de excepcional modernidade, elabo- na Alemanha como no Brasil, abrangia
rado com a ajuda de técnicos europeus só uma elite minoritária de operários.
e americanos de alto nível. A ambição A partir do meio dos anos 1970, a pro-
era fornecer uma contribuição decisiva dução de automóvel ficou cada vez mais
para nada menos que a modernização transferida para uma mão de obra peri-
de uma região – a Amazônia – “às mar- férica – baseada em empregos precários
gens da civilização”, o desenvolvimento e disponível pelas tarefas menos espe-
econômico do Brasil e a erradicação da cializadas – ou externa – contratada por
fome no país graças à melhoria das téc- sub-empresários, geralmente com baixa
nicas de criação de boi (Brügger, 1985; remuneração e fraca proteção social
Volkswagen A.G., 1980). (Gorz, 1988, 110-5; Kern e Schumann,
Volkswagen elogiava também a situa- 1984). Em resumo, já na época da fazen-
ção exemplar dos seus empregados em da Cristalino, a comunicação humanista
Cristalino. Teriam sido liberados do seu da VW se apoiava na representação de
“modo de vida vagabundo” para ser alo- um círculo limitado de operários, bene-
jados em confortáveis casas de alvenaria, ficiado por direitos superiores à média.
receber uma remuneração “bem mais ele- Ao mesmo tempo, a maior parte da pro-
vada” do que o mínimo legal brasileiro, ducão era efetuada por uma mão-de-
e aproveitar de serviços e infrastruturas -obra “invisível”, ausente da propaganda
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da empresa e sem representacão sindical Há também as baracas lamentáveis


direta, pelo fato de os contratos serem dos trabalhadores que se ocupam da
precários e de os contratados terem um derrubada [..]. A pobreza dessa gente
fraco nível de instrução e informação. não faz parte do programa da visi-
Würtele e Lobgesang explicam como, ta. Os 800 trabalhadores florestais de
nos anos 1970, Volkswagen aplicava a Cristalino vivem fora da infrastrutura
mesma estratégia comunicativa tanto no social, criada para os empregados
Brasil como na Alemanha: a promoção que moram nas belas casinhas de te-
publicitária de uma política empresa- lha, com eletricidade e água corrente.
rial favorável a uma minoria privilegia- É comum que as classes desfavoreci-
da de operários, apesar da existência das da Amazônia […] se vendam a uns
“Gatos”, e esses “Gatos” [...] vendem
não ou pouco mencionada de uma mão
um serviço de desbravamento. Assim,
de obra sub-contratada, efetuando os
VW não se preocupa desses trabalha-
trabalhos menos qualificados, no âmbito
dores em aluguel. São os Gatos que
de um regime social mínimo (Würtele e são responsáveis deles. […] Enquanto
Lobgesang, 1979). representante de uma empresa es-
Uma representação semelhante pode ser trangeira, o Brügger (o manager sui-
observada na imagem da fazenda que ço da fazenda Cristalino) preserva-se
a Volkswagen propunha ao público ale- de qualquer contato direto com esse
mão: a empresa elogiava as vantagens proletariado que, sem traço escrito na
atribuídas aos 380 empregados regula- burocracia, não tem existência cívica
res da fazenda – vaqueiros, mecânicos, (Der Spiegel, 17/10/1983 – nossa
operários da produção de madeira, ad- tradução).
ministração – e às suas famílias. Mas, a
grande maioria dos indivíduos inscritos Havia então, por um lado, a fazenda
no domínio de Cristalino nem era sequer modelo elogiada na comunicação da
mencionada nos documentos públicos. Volkswagen na Alemanha, com assala-
Essa maioria era composta pelos traba- riados beneficiados por condições sociais
lhadores sazonais, responsáveis pelas de alto nível. E havia, por outro lado, a
“baixas tarefas” de desmatamento. Por fazenda invisível dos trabalhadores sa-
definição, o número de sazonais evoluia zonais e anónimos. Essa fazenda invisível
irregularmente em função dos períodos. não era incluída nem evocada na retórica
Em 1983, por exemplo, teria havido mais de ajuda ao desenvolvimento que a Volks
de um milhar de trabalhadores sazonais espalhava no âmbito dos seus investimen-
na estação mais favorável pelas ativida- tos em países do Sul tal como o Brasil.
des de desbravamento (BN, 93/1986).
Eram contratados por sub-empreteiros. A
realidade dos seus tratamento e salário II. Uma “responsabilidade alemã”?
não era conhecida em Wolfsburg. O sen- Escândalos e críticas contra o projeto
timento de responsabilidade da multina- Cristalino
cional no que diz respeito às condições de A fazenda invisível dos “peões” e dos
trabalho desses operários era inexistente. “gatos”, que funcionava graças a um
Essa dualidade de tratamento entre dife- sistema de trabalho forçado por dívida
rentes classes de operários rurais foi obser- mantida através da violência e da inti-
vada por uma visitante da fazenda, a jor- midação, devia, porém, sair do anonima-
nalista do Spiegel, Ariane Barth, em 1983: to. Isso foi feito nomeadamente graças à
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ação da Comissão Pastoral da Terra (CPT) 1. Os grupos de solidariedade com a
e do seu representante local na região América Latina
da fazenda, o Padre Ricardo Rezende São esses grupos que mais se interes-
Figueira, que tornou públicas as acusa- saram pelo caso Cristalino. Trata-se de
ções contra a Companhia Rio Cristalino, associações, de círculos de reflexão ou
depois de ter recolhido depoimentos de simples redes de intercâmbio cujos
das vítimas. No dia 7 de maio de 1983, membros conheciam bem o Brasil ou ou-
Rezende fez uma primeira conferência tros países da América Latina. Essas pe-
de imprensa em Brasília (BN, 81/1983). quenas unidades, compreendendo latino-
Logo na semana seguinte, um artigo da -americanos, inteletuais especialistas da
Agence France Presse (AFP), relatando os região, ativistas de esquerda, às vezes
fatos, foi transcrito nos jornais europeus marxistas, interessados pela teologia da
(Frankfurter Rundschau, 11/5/1983). libertação ou pela emergência dos movi-
Dado o escândalo ambiental ocorrido em mentos dos sem-terra, conheceram a sua
1976 na Cristalino, a atencão mediática idade de ouro nos anos 1970 e 1980.
para as atividades de Volkswagen na Tinham-se desenvolvido no início dos anos
Amazônia ainda estava bastante viva, o 1970, na onda dos “Novos Movimentos
que permitiu às acusações da CPT não se- Sociais”, que tinham trazido à politica e
rem ignoradas e chegarem na Alemanha nas lutas associativas a ideia da respon-
num prazo rápido. sabilidade alemã nos países do sul, do
Podem-se identificar três grupos de combate contra o neocolonialismo e de
agentes na Alemanha, cuja ação possibi- uma solidariedade com os diferentes po-
litou fazer conhecer o comprometimento vos do mundo. Esses grupos difundiam as
do grupo Volkswagen com práticas aná- suas ideias através de jornais com tira-
logas às da escravidão contemporânea. gem moderada (em geral alguns milha-
Possibilitou também influenciar a polí- res de exemplares) mas gozando de uma
tica da empresa e, sem dúvida, contri- boa audiência nos meios académicos, es-
buir para provocar a venda da fazenda pecializados ou ativistas. Entre essas pu-
Cristalino no final do ano de 1986. O pri- blicações se podem mencionar: Brasilien-
meiro grupo era um agrupamento amor- Dialog, uma publicação cristão de es-
fo de militantes interessados no problema querda; o centro de Informação América
da justiça social na América Latina e co- Latina (Informationsstelle Lateinamerika
nhecedores das problemáticas desta re- ILA), cujos representantes escreveram à
gião do mundo. O segundo grupo juntava Volkswagen para pedir explicações sobre
atores próximos à igreja católica, anima- o trabalho forçado (BN, 81/1983); a fo-
dos com um forte desempenho social e lha Brasilien-Infos; e, sobretudo, Brasilien-
considerando como o seu dever de serem Nachrichten (Notícias-Brasil, BN), a revis-
os porta-vozes dos pobres frente à todo ta da associação Brasilieninitiative, se-
poderosa VW (Recklinghäuserzeitung, diada em Friburgo, que liderou a campa-
01/12/1982). Enfim, o último grupo, nha para por fim às práticas de trabalho
heterogéneo, compreendia atores de pri- forçado na fazenda Cristalino.
meiro plano, geralmente menos especiali- Fundada em 1978, Brasilieninitiative era
zados no problema em questão (explora- uma associação regrupando alemães e
ção e desigualdades no norte Brasileiro), brasileiros militando na solidariedade
mas dispondo de uma influência direta na transcontinental e mantendo contatos com
opinião pública e nos meios de poder. os movimentos sociais brasileiros (CPT,
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sindicatos de trabalhadores rurais, mo- 2. Os círculos cristãos


vimentos ameríndios). Um dos seus mem- Os atores cristãos católicos interessaram-
bros, Peter Klein, redator da B-N, dispu- -se rapidamente pelos problemas postos
nha, como o atesta a sua correspondência pelos investimentos de VW na Amazônia.
epistolar com Ricardo Rezende e as suas Apesar de a sua ação contra a Volks não
publicações no jornal, de múltiplos con- ser de natureza diretamente religiosa, o
tatos, não só nos meios ativistas brasilei- fato desses atores ostentarem a sua fi-
ros mas também em setores importantes
liação religiosa era um elemento impor-
das elites alemãs. Klein era também um
tante por duas razões: em primeiro lugar
dos coordenadores da secção “Brasil” de
porque essa filiação explica o interêsse
Amnesty International na Alemanha. Essa
por e as conexões com atores da teolo-
posição servia-lhe de alavanca para in-
gia da libertação no Brasil. Em segundo
fluir nos meios políticos. Ajudada pelas
lugar, porque a sensibilidade “cristã”
redes de Klein, a B-N forneceu um traba-
conferia um contrapeso aos numerosos
lho notável para fazer avançar o caso.
apoios “cristãos” que agiam em favor
De 1978 a 1987, o jornal não parou de
da companhia. Por exemplo, o partido
investigar sobre Cristalino e de informar
Cristão-Democrático no poder, a CDU,
o público mais amplo possível sobre as
era muito favorável ao projeto Cristalino,
atividades da VW no Brasil. Dois jor-
e os seus representantes tinham um peso
nalistas foram mandados ao local para
decisivo nos orgãos dirigentes de VW
visitarem a fazenda. Numerosos atores
(Der Spiegel, 19/11/1973). A própria
políticos e associativos de primeiro plano
empresa de automóvel dizia que seguia
foram entrevistados no Brasil, documen-
a ética cristã nas suas ações (Hornig e
tos foram distribuídos a atores suscetíveis
Wetzel, 1983). Era, então, importante
de ajudar na resolucão do problema na
demonstrar que também dentro da Igreja
Alemanha, como o partido dos Verdes
havia vozes que criticavam os abusos da
(Die Grünen) (BN, 1983 a 1986). Além
VW na Amazônia. Além disso, a empre-
disso, Brasilieninitiative manteve a pres-
sa, já que proclamava a sua ligação com
são sobre a multinacional automóvel,
os valores cristãos, não podia ignorar as
pedindo-lhe regularmente para tomar
interrogações vindas de padres ou de
posição no que dizia respeito ao de-
ativistas ligados a paróquias.
senvolvimento das investigações da B-N.
Por fim, a associação sempre trabalhou Na paróquia de St. Peter em
em colaboração com Ricardo Rezende, Recklinghausen (Renania do Norte –
transmitindo-lhe regulares traduções, Westafalia), uma associação católica de
para que a CPT pudesse ficar informada solidariedade com o Sul começou já no
das evoluções do debate na Alemanha. início dos anos 80 uma longa série de
Precisamente, em 1985 Brasilieninitiative ações com o objetivo de esclarecer as
organizou em Friburgo uma reunião pú- “zonas de sombra” do percurso de suces-
blica intitulada: “Corresponsabilidade so da VW no Brasil (Hax-Schoppenhorst
das empresas estrangeiras – Escravidão e Möller, 1999). A associação chamava-
na fazenda de VW?”. O convidado es- -se Arbeitskreis Dritte Welt (Círculo de
pecial da reunião era Ricardo Rezende, Trabalho Terceiro-Mundo). Os investimen-
que aproveitou a oportunidade para tos da empresa na Amazônia atraíram a
se exprimir sobre o assunto de ma- curiosidade dos ativistas de St. Peter, que
neira detalhada (Freiburger Zeitung, não acreditavam na viabilidade do pro-
21/10/1985). jeto e puseram em questão a sua preten-
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dida motivação filantrópica. Para eles, a Alemanha e entregado à conferência
custosa produção de boi em Cristalino não episcopal alemã, em Colónia, um dossiê
respondia às necessidades do mercado de documentos comprovando as acusa-
brasileiro, gerava poucos empregos e era ções contra a “Volks” (BN, 81/1983).
secretamente destinada à exportação: Ao longo dos anos 1980, a credibili-
em consequência, não se podia tratar de dade do movimento de protesto contra
um projeto humanista dedicado à luta con- a fazenda VW foi sempre consolidada
tra a fome. Em 1982, o Arbeitskreis con- pelas intervenções de atores provindos
vidou os representantes de Volkswagen a da igreja. Por isso, não é surpreendente
uma discussão pública com o padre da que a oposição associativa (por exemplo
paróquia em Recklinghausen, para lhes Brasilieninitiative) e política (os Verdes)
expor as dúvidas que a associação tinha à VW se tenha regularmente referido
sobre o projeto (Recklinghäuserzeitung, às posições de padres para legitimar as
01/12/1982). A reunião se concluiu de acusações de trabalho forçado proferi-
maneira conflituosa e Wolfsburg até das contra a companhia multinacional
ameaçou acabar o diálogo com a paró- (Die Grünen Informieren, 12/12/1985;
quia. No entanto, o pedagogo e ensaísta Niedersäschsischer Landtag, 1985).
Thomas Hax que era uma das figuras da
paróquia St. Peter, continuou a comunicar
com a Volkswagen até o verão de 1983, 3. Os atores de primeiro plano
reclamando que a empresa esclarecesse Graças ao trabalho dos ativistas de soli-
as suspeitas que pesavam sobre a fa- dariedade com a América Latina (grupo
zenda (Arbeitsgruppe Brasilien, 1984, 1) e dos militantes “cristãos” (grupo 2),
32-35). Ele pediu também publicamente conhecedores das realidades brasileiras
aos alemães que boicotassem os produtos e intensivamente mobilizados, as informa-
VW. Mas, depois do escândalo de traba- ções e os esclarecimentos sobre o “caso
lho forçado, a tensão ficou muito elevada Cristalino” atingiram também, num segun-
entre Hax e a Volkswagen, que decidiu do tempo, círculos mais amplos, através
romper definitivamente a comunicação de atores beneficiados por contatos com
com a paróquia St. Peter (Ibid.). o público. Os artigos de B-N ou as publi-
A ruptura entre St. Peter e VW não foi su- cações do Arbeitskreis Dritte Welt de St.
ficiente para impedir que atores cristãos Peter atraíram os jornalistas. Vários jor-
se interessassem pelo problema. Assim, nalistas até tiveram a curiosidade de vi-
a revista cristã Publik-Forum, tiragem de sitar a fazenda. Grandes revistas de re-
20.000 exemplares, consagrou dois gran- putação internacional como o Los Angeles
des artigos às práticas “escravagistas” Times, o Times ou Der Spiegel publicaram
(pelo menos assim chamadas por numero- reportagens sobre o assunto, nos quais a
sos ativistas) da VW. Em 1985, a vinda de temática dos “peões” e dos “gatos” era
Ricardo Rezende na Alemanha, durante a evocada, mesmo se não explicada sufi-
qual o padre deu várias conferências e cientemente (Der Spiegel, 17/10/1983;
reuniões públicas sobre o conflito da ter- Times, 10/05/1983). Enfim, em 1985, as
ra na região de Cristalino, inclusive abor- acusações foram trazidas até os meios
dando o caso da Volkswagen, marcou uma políticos através de uma iniciativa dos
nova etapa na legitimidade das críticas Verdes alemães (Die Grünen Informieren,
(Freiburger Zeitung, 21/10/1985). Já al- 12/12/1985; Niedersäschsischer Lan-
guns meses antes, o bispo do Araguaia, dtag, 1985). O partido endereçou uma
Dom Patrício Hanrahan, tinha viajado à “grande questão” (“grosse Anfrage”)
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pública ao ministério das finanças do es- Globalmente, houve poucas tomadas de


tado de Baixa Saxônia, maior accionista posição para tematizar ambos os proble-
de VW, corresponsável pelo funciona- mas ambientais e sociais ligados ao pro-
mento da fazenda. Seguiu um debate jeto da “Volks” e estabelecer um vínculo
parlamentar durante o qual os Verdes se entre a exploração dos trabalhadores
opuseram à CDU e ao FDP, o partido li- rurais e a destruição da mata.
beral. Esse debate simbolizou uma nova
etapa na sensibilização das elites políti-
cas sobre o problema da responsabilida- III. A reação às críticas contra Cristalino
de alemã em fenómenos de exploração Frente às acusações de escravidão, uma
na Amazônia. Mas, o desenvolvimento da coligação se organizou na Alemanha
discussão foi muito genérico e o fenôme- para defender os interesses do “mode-
no do trabalho forçado contemporâneo lo Volkswagen”. É útil precisar que com
foi pouco abordado nos detalhes pelos a Volkswagen, não se tratava de qual-
deputados. Pode-se constatar, então, que quer empresa, mas sim de uma entida-
se “atores de primeiro plano” conhecidos de profundamente enraízada na histó-
do público, como os Verdes ou a mídia ria, economia e cultura do país, víncula-
de larga tiragem, permitiram difundir as da financeiramente com a RFA através
críticas contra Cristalino, ao mesmo tempo dos capitais do Estado federal (20%)
a sua falta de especialização no tema do e do Estado de Baixa-Saxônia (20%)
trabalho forçado e nas realidades brasi- (Doleschal e Dombois, 1982). A firma era
leiras constituiu um obstáculo à compreen- administrada conforme um sistema espe-
são do assunto na Alemanha. cífico de blocagem que a colocava sob
Além disso, os partidos políticos e os a influência direta dos poderes públicos,
grandes jornais, contrariamente aos pe- apesar de esses últimos não disporem da
quenos círculos de militantes identificados maioria absoluta do capital empresarial.
nos grupos 1 e 2, têm que cumprir obri- As atividades da Volkswagen e de outras
gações de rentabilidade, seja em termos grandes empresas alemãs no estrangeiro
econômicos (para a imprensa) seja em constituíam uma parte importante, senão
termos eleitorais (para os Verdes). Esses central, da política de ajuda ao desen-
atores tendem a adaptar o seu discurso volvimento da RFA, gigante econômico,
às expectativas do público mais do que mas anão político e militar no plano in-
levar o público a áreas de reflexão di- ternacional. A imagem de VW no mundo
fíceis e pouco conhecidas. Por isso, esses era, então, ligada à imagem da própria
atores evocaram raramente em detalhe o Alemanha. Existia um consenso nacional
problema do trabalho forçado por dívi- sobre a política de “ajuda ao desenvol-
da. Em geral, o enfoque foi posto na te- vimento” da Volkswagen, e a fazenda
mática da deflorestação e da destruição Cristalino constituía um verdadeiro sím-
ambiental, mais familiar ao público ale- bolo disso, já que tinha sido comprada
mão e europeu. Assim, numerosos atores com o apoio dos três maiores partidos
importantes (a revista Natur, o grupo de do país, depois de uma viagem no Brasil
imprensa Horst Stern, a revista científica efetuada por um representante da CDU
vernácula GEO, ou ainda o conhecido e um outro do partido social-democrático
jornal inglês The Ecologist) denunciaram SPD, que eram também membros do con-
as atividades de exploração ambiental selho de administração da companhia de
em Cristalino sem sequer evocar a exis- automóveis (Der Spiegel, 19/11/1973;
tência de trabalho forçado na fazenda. Die Zeit, 14/12/1973).
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Nesse contexto, não é particularmente sur- economia alemã. Para a CDU, o ataque
preendente que muitos atores de poder contra Cristalino era uma demonstração
se tenham mobilizados a partir de 1983 da “maneira insuportável” como as em-
para salvar a imagem da Volkswagen pe- presas alemães eram “discriminadas no
rante as acusações de escravidão contem- segundo e no terceiro mundo” (Die Welt,
porânea na fazenda Cristalino, como se 13/05/1983).
quisessem, através disso, salvar também A estratégia de defesa da Volkswagen e
a imagem da Alemanha. Entre eles, ha- dos seus aliados consistiu em negar todas
via o governo de Baixa-Saxônia, a CDU as acusações de exploração de trabalha-
e o FDP, o jornal conservador Die Welt dores sazonais, insistindo na reputação e
(várias centenas de milhares de exem- na credibilidade da empresa e reduzindo
plares), os meios de negócios alemães os adversários ao estatuto de simples po-
próximos ao Brasil (nomeadamente pelo lemistas, politizados à esquerda e, então,
jornal Cadernos Germano-Brasileiros / desfavoráveis “a priori” ao mundo empre-
Deutsch-brasilianische Hefte), a embai- sarial e incapazes de ver a realidade com
xada alemã no Brasil, que afirmou o seu objetividade. A legitimidade dos opo-
apoio total à empresa e também uma nentes também era regularmente contes-
parte da igreja católica alemã: Jürgen tada. “Die Welt”, por exemplo, afirmava
Aretz, representante dos bispos alemães que Rezende era um “desconhecido”, en-
na Conferência Episcopal da RFA foi visi- quanto Volkswagen o apresentava como
tar a fazenda, que julgou positivamente um indivíduo desonesto abusando da sua
(Die Welt, 13/05/1983). Ao mesmo tem- função de padre (Ibid.). Os representantes
po, culpou os elementos “progressistas” da empresa foram ainda mais hostis con-
da Igreja Brasileira por serem demasia- tra Thomas Hax, comparando-o aos “des-
do interessados no “engajamento social”, truidores históricos do pensamento cristão”
até esquecerem o seu “dever pastoral”. (Hornig e Wetzel, 1983). Para a VW, as
Os defensores da Volkswagen rejeita- acusações emitidas contra Cristalino não
vam a responsabilidade da companhia eram comprovadas, mas sim difundidas na
nos escândalos acontecidos em Cristalino base de falsos testemunhos e de rumores
e explicavam que as acusações eram so- (Arbeitsgruppe Brasilien, 1984, p.31-5).
mente o resultado do ressentimento da A empresa ignorou todos os documentos
esquerda brasileira contra as empresas produzidos pelas autoridades oficiais,
estrangeiras. Para Die Welt, o “affarão como os relatórios de polícia. Quando
Cristalino” era infundado e representa- uma comissão composta por parlamenta-
va só uma nova oportunidade para fa- res de São Paulo foi investigar na fazenda
zer das multinacionais o bode expiatório e confirmou a existência de tratamentos
dos problemas do Brasil (Ibid.). Frente violentos assim como a responsabilidade
à “vã polémica” e aos “agitadores”, os da Volkswagen nesses fatos, a companhia
membros da CDU e do FDP insistiam no fingiu entender exactamente o contrário.
papel positivo das empresas alemãs no Malgrado um desmentido público (feito na
Brasil, dizendo que eram o “motor do B-N) do redator do relatório, o deputado
progresso social” (Niedersächsischer estadual Expedito Soares (PT), a “Volks”
Landtag, 1985). “Difamar Volkswagen”, continuou a estimar-se inocentada pela
para a bancada do FDP no parlamen- comissão de investigação (BN, 84/1984;
to de Baixa-Saxônia, significava atacar 93/1986). Frente ao estatuto prestigioso
uma empresa dedicada ao interesse dos da Volkswagen na Alemanha, as pala-
trabalhadores alemães e humilhar toda a vras dos ativistas, dos padres ou mesmo
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de um deputado de esquerda tinham Elementos de conclusão:


pouco peso, assim como o mostra essa É certo que considerar somente o con-
declaração do ministro das financias da texto alemão não basta para entender
Baixa-Saxônia: “Para mim as afirmações a complexidade do “assunto Cristalino”
de um empresário bem-sucedido e que que, apesar de ter tido uma dimensão
dirige a Volkswagen do Brasil [Wolfgang transnacional, contém particularidades
Sauer], têm muito mais peso do que todas enraizadas na sociedade e na história
as polémicas que podem ser lançadas, brasileiras. No entanto, uma análise da
em qualquer lugar do mundo que seja” repercussão do escândalo na Alemanha
(Niedersächsicher Landtag, 1985). permanece uma etapa indispensável
Apesar destes prestigiosos apoios, a em- para esboçar uma história da fazenda,
presa começou a mostrar sinais de fra- e nos possibilita sugerir hipóteses prelimi-
queza, em particular no tom cada vez nares de resposta às interrogações evo-
mais agressivo do seu discurso. Nas car- cadas na introdução deste texto:
tas do serviço de relações públicas de 1) A oposição entre o capitalismo moder-
Wolfsburg, pode-se constatar, a partir do no e de reputação humanista da VW e
final de 1983, a expressão de um cres- o facto de uma mão de obra não livre
cente nervosismo. Tornaram-se cada vez ter existido numa fazenda da mesma fir-
mais frequentes por parte da empresa ma não deixam de surpreender. Mas é
as rupturas de diálogo, as acusações de em parte explicável se tivermos em con-
mentiras, as ameaças – nunca aplicadas ta a estratégia empresarial da Volks na
– de ações judiciárias contra os oponen- organização da sua produção, tanto na
tes associativos e a utilização de quali- Alemanha como no Brasil. Essa estratégia
ficações extremamente duras. Esse clima é caraterizada por uma desresponsabi-
de tensão manteve-se até que a fazen- lização da Volks relativamente à mão
da foi vendida pela empresa no final do de obra não especializada, cuja gestão
ano de 1986 (Arbeitsgruppe Brasilien, costumava ficar a cargo de subemprei-
1984, p.31-5; Strömel e Hertel, 1985). teiros, que eram deixados praticamente
Oficialmente, foi a criação de uma hol- sem controle por parte da multinacional
ding com a Ford do Brasil que obrigou de automóvel com a finalidade de man-
a Volkswagen a acabar com Cristalino a ter baixos os custos de produção.
fim de liberar créditos (Doleschal, 1987, 2) Perante a desresponsabilização da
p.133; Autogramm, jan. 1987). Mas será Volks vis-a-vis uma parte da mão de obra
realmente possível acreditar que, depois em Cristalino, constituiu-se uma coligação
de treze anos de publicidade intensiva, de protestos na Alemanha, articulada por
o “Pilotprojekt” da multinacional alemã contatos com atores político-associativos
tenha sido de repente liquidado a favor brasileiros. O trabalho desses ativistas
de novas atividades? O contexto dessa permitiu uma larga difusão das infor-
venda, três anos depois da revelação mações e uma pressão contínua e inten-
internacional da existência de uma mão sa contra a sede da VW em Wolfsburg.
de obra não livre em Cristalino, pode le- Essa pressão contribuiu para convencer
var a outra conclusão. É possível conside- a empresa a vender a fazenda. A mul-
rar, como o sugere o jornalista suiço Luc tinacional, porém, continuou a negar os
Banderet num comentário comunicado à fatos censurados e não reformou a estru-
CPT, que o fim do “ranch Volkswagen” foi, tura de produção na fazenda antes de
sobretudo, um fim político. abandoná-la.
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3) A chegada do escândalo “Cristalino” GORZ, A. 1988. Métamorphoses du travail.
à Alemanha atraiu um certo interesse Critique de la raison économique. 2ª ed., Paris,
Gallimard.
para as temáticas amazônicas e incen-
tivou a publicação na mídia de vários HAX-SCHOPPENHORST, T.; MÖLLER, P. 1999.
artigos sobre temas –as vezes somente Nestverweis für Schräge Vögel. Der Ak 3. Welt
vagamente – relacionados (direitos dos St.Peter verläβt nach 27 Jahren die Gemeinde. In:
N. METTE; L. WECKEL; A. WINTELS (org.), Brücken
Índios, desmatamento, etc.). Infelizmente,
und Gräben. Sozialpastorale Impulse und Initiati-
houve um fraco esclarecimento acerca ven im Spannungsfeld von Gemeinde und Politik.
do próprio tema do trabalho forçado Münster, LIT, p.68-76.
por dívida, apesar dos esforços de gru-
pos pequenos como a Brasilieninitiative. KERN, H.; SCHUMANN, M. 1984. Ende der Ar-
beitsverteilung? Munich, C.H. Beck.
O discurso generalista da grande mídia,
a existência de um apoio importante LE BRETON, B. 2003. Trapped: Modern-Day Sla-
em favor da Volks nas elites alemãs e very in the Brazilian Amazon. Londres, Kumarian
a atitude de negação da empresa não Press.
ajudaram a uma clara identificação e
REZENDE FIGUEIRA, R. 2000. Por que o trabalho
compreensão por parte do público dos escravo? Estudos Avançados, 14(38): Disponível
crimes atribuídos à VW. em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=s0103-40142000000100003>
acessado em 15/05/2010.
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gen in Brasilien – Entwicklungshilfe im Besten Sin-
ne? Bonn; Tübingen, Projektbereich “Dritte Welt”
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Studentengemeinden.
ARBEITSGRUPPE BRASILIEN. 1984. Die Farm Am
Amazonas: Von Volkswagen Lernen. Bielefeld,
Dritte Welt Haus E.v.

DEUTSCHER BUNDESTAG. 1974. Ausschuss für


Imprensa
Wirtschaftliche Zusammenarbeit des Deutschen Autogramm, Wolfsburg, 19/12/1973-01/10/1985,
Bundestages. 31. und 32. Sitzung. Öffentliche jan. 1987.
Anhörung von Sachverständigen über das The-
ma “Tätigkeit und entwicklungspolitischer Einfluss BN (Brasilien Nachrichten), Osnabrück, 1. trimestre
deutscher multinationaler Unternehmen in Entwi- 1984, 81/1983; 4. trimestre 1984, 84/1984; 2.
cklungsländern”. Bonn, Deutscher Bundestag. trimestre 1987, 93/1986.
N.B.: A edição dessa revista sendo irregular, as
BUCLET, B. Entre Tecnologia E Escravidão: A Aven- referências no texto são indicadas por número
tura Da Volkswagen Na Amazônia. Revista do de edição e não por data (81/1983, 84/1984,
Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da 93/1986).
PUC-Rio, 13(1): Disponível em:<http://www.gp-
tec.cfch.ufrj.br/pdf/tecnologia_escravidao.pdf>. Der Spiegel, Hamburgo, 19/11/1973, 17/10/1983,
Acessado em 01/02/2010. 10/11/1986.

DOLESCHAL, R.; DOMBOIS, R. (Org.). 1982. Wo- Die Grünen Informieren, Hanôver, 12/12/1985.
hin läuft VW? die Automobilproduktion in der
Wirtschaftskrise. Reinbek, Rowohlt. Die Welt, Berlim, 13/5/1983.

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Freiburger Zeitung, Friburgo, 21/10/1985. • Arquivos não referênciados, Dossiê Santana do
Araguaia, cópias.
Recklinghäuserzeitung, Recklinghausen, 01/12/1982.
• Ibid., Dossiê Fazenda Vale do Rio Cristalino,
Times, Londres, 10/05/1983. cópias.

• BRÜGGER, F. G. (Companhia Vale do


Rio Cristalino). [Carta] 5 jul. 1985, São Paulo [a:]
Arquivos: KLEIN, P. (Brasilieninitative), Osnabrück. A propó-
sito de Cristalino.
Vokswagen, arquivos de empresa, Wolfsburg:
• DELEGACIA SESP (Conceição do Ara-
• 65. Sitzung des Aufsichtsrates der Volkswagen guaia), Relatório, 22 jul. 1983.
AG, 14 nov. 1973, Wolfsburg, in: Unternehmen-
sarchiv 174/533/2.

• RICHTER, Dieter, Die Fazenda am Cristalino: Eine Outros arquivos:


Rinderfarm im Gebiet des feuchten Passatwal-
des Brasiliens; Ein Film der Volkswagenwerk AG; • HORNIG, nc, WETZEL, nc, (Volkswagen AG,
Lehrerbegleitheft. Wolfsburg : Volkswagenwerk Wolfsburg). [Carta] 17 jul. 1983 [a:] HAX, T. (Ar-
A.G., 1980. beitskreis Dritte Welt), Recklinghausen. A propósi-
to das acusações de Thomas Hax contra a fazen-
• VOLKSWAGEN A.G., Öffentlichkeitsarbeit, da Cristalino.
Volkswagen in Brasilien: Ein Report. Wolfsburg,
1973. • NIEDERSÄCHSISCHER LANDTAG, Politik des Lan-
des gegenüber der Volkswagentochter VW do
• VOLKSWAGEN A.G., Öffentlichkeitsarbeit, Brasil – Grosse Anfrage der Fraktion der Grünen
Volkswagen – Ein transnationales Unternehmen, vom 19.11.1985, 1985.
Partner der Welt. Wolfsburg, 1980.
• STRÖMEL, H.; HERTERL, H. (Volkswagen, Öffen-
• VOLKSWAGEN DO BRASIL S.A., CRISTALINO. tlichkeitsarbeit). [Carta] 19 dez. 1985, Wolfsburg
Eine Rinderfarm im neuen Viehzuchtgebiet. Wol- [a:] BABER, R., Ibbenbüren. Resposta aos comentá-
fsburg, 1983. rios sobre Cristalino.

• Brochuras não referênciadas.

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