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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO DISTRITO FEDERAL

RCand nº: 0601402-33 - Demonstrativo de Regularidade dos Atos Partidários (DRAP) -


IMPUGNAÇÃO

IMPUGNANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

IMPUGNADO: PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA - PCO/DF

RELATOR: Desembargador WALDIR LEÔNCIO JÚNIOR

DECISÃO
Cuida-se de Ação de Impugnação de Registro de Candidatura com pedido liminar de tutela provisória,
ajuizada pelo Ministério Público Eleitoral em desfavor do Partido da Causa Operária - PCO/DF, em razão
das seguintes constatações:

a) a comissão provisória do partido político não foi constituída segundo as previsões


constitucionais e estatutárias e não possuía anotação válida por ocasião de sua convenção para
escolha dos candidatos (anotação suspensa);

b) a assembleia foi presidida por seu tesoureiro e o DRAP foi subscrito por delegado não
cadastrado em sistema próprio; e,

c) o partido político não observou o percentual mínimo de cotas de candidaturas à eleição


proporcional para cada sexo.

Alega o MPE, ainda, que a agremiação não possui número mínimo de componentes em sua comissão
provisória e deixou de providenciar sua inscrição no CNPJ. Aduz que a autonomia partidária consagrada
no § 1º do art. 17 da CF deve ser compatibilizada com a exigência de respeito ao regime democrático e à
legislação de regência, não devendo ser entendida essa autonomia como direito absoluto. Argumenta que
a agremiação reiteradamente descumpre a obrigação constitucional de prestar contas à Justiça Eleitoral.

Corroborando os fundamentos do MPE, importa ressaltar que as irregularidades apontadas pelo parquet
foram consignadas na Informação da Secretaria Judiciária no doc. 42.076.

É o breve relato.

DECIDO.

Assinado eletronicamente por: WALDIR LEONCIO CORDEIRO LOPES JUNIOR - 24/08/2018 18:49:22 Num. 44367 - Pág. 1
https://pje.tre-df.jus.br:8443/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=18082418413321400000000043917
Número do documento: 18082418413321400000000043917
Para o atendimento do que requer o MPE de forma liminar, deve-se analisar se há a presença ou não dos
requisitos necessários à concessão da tutela de urgência, nos termos do art. 300 do novo CPC. Conforme
abalizada doutrina, ambos os pressupostos para a concessão da tutela provisória de urgência devem estar
presentes. Não o ocorrendo, a concessão há de ser indeferida.

Em relação ao perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, o procedimento de Registro de


Candidaturas demanda extrema agilidade por parte da Justiça Eleitoral, seja em razão da exiguidade dos
prazos (encurtados pelo legislador), seja em função da possibilidade de início de arrecadação de recursos
e realização de despesas com a mera protocolização do pedido de registro. E neste último caso, observa-se
que o erário poderá sofrer prejuízos com a destinação de recursos públicos com o lançamento de
candidaturas que, ao menos em sede de cognição sumária, aparentam estar irregulares. Isto se dá porque o
Fundo Partidário e o Fundo Especial de Financiamento de Campanha (Fundão Eleitoral) serão destinados
a todas as agremiações partidárias.

Assim, vislumbro a presença do primeiro requisito necessário à concessão da tutela requerida. Não há que
se falar, neste ponto, na irreversibilidade dos efeitos da decisão (art. 300, § 3º, CPC), haja vista que os
processos de registro de candidatura deverão, em curto espaço de tempo, estar julgados, não advindo
prejuízos aos candidatos da agremiação Requerida.

Por outro lado, vislumbro, também, a probabilidade do direito. Ora, a agremiação Requerente
aparentemente incorreu em diversas irregularidades que ensejam a suspensão de seu direito de realizar a
campanha eleitoral, seja arrecadando recursos ou realizando despesas, bem como a divulgação por meio
da propaganda eleitoral. Neste sentido, a constituição irregular da comissão provisória, a ausência de
anotação válida do partido no momento da convenção partidária, as irregularidades formais do DRAP e
da convenção, e a não observância do percentual mínimo de candidaturas por sexo são fundamentos
suficientes a ensejar o deferimento da liminar requerida.

Ante o exposto, com base nos fundamentos esposados acima, DEFIRO o pedido liminar de tutela
provisória para determinar:

a) a suspensão de utilização do horário gratuito eleitoral no rádio e na TV por parte dos


candidatos da agremiação impugnada;

b) suspensão de realização de despesas com recursos do Fundo Partidário e do Fundo Especial


de Financiamento de Campanha por parte desses candidatos;

c) que sejam depositados conta bancária judicial o montante a que se refere o item anterior,
caso já disponibilizados aos candidatos e à agremiação regional;

d) a cominação de multa diária no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) em caso de


descumprimento da presente decisão.

Intime-se a Impugnada para apresentar a contestação, nos termos do art. 39 da Resolução TSE nº
23.548/2017.

Cumpra-se.

DESEMBARGADOR WALDIR LEÔNCIO JÚNIOR


Relator

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* - "O atual Código, a afirmar a operatividade e a identidade funcional, estabelece pressupostos comuns
para concessão da tutela provisória de urgência, seja ela cautelar ou satisfativa (antecipada). De tal sorte
que, atendidos os pressupostos do fumus boni iuris e do periculum in mora, a tutela acautelatória ou a
tutela satisfativa podem concedidas [sic]" (in Processo Civil, Volume Único. MOUZALAS, Rinaldo;
TERCEIRO NETO, João Otávio; MADRUGA, Eduardo. 8ª Edição, Editora Juspodivm, p. 377)

WALDIR LEÔNCIO JÚNIOR

Relator

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