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Estatı́stica Aplicada - Gestão de Polı́ticas Públicas

Profa Mariana Araújo

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Maio de 2016

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PLANEJAMENTO DA PESQUISA

1 Definição do objeto de estudo


1.1 Estabelecer objetivos do estudo
1.2 Determinar o tipo de pesquisa (Qualitativa ou Quanti-
tativa)
2 Tipos de variáveis (Qualitativas e Quantitativas)
3 Elaboração de questionários
4 Etapas para a elaboração de uma base de dados
5 Noções de Amostragem

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1 Definição do objeto de estudo

Determinar o problema da pesquisa, o que nós queremos estudar.

1.1 Estabelecer objetivos do estudo

Em qualquer tipo de pesquisa, o primeiro passo a ser feito é definir,


com cuidado, seus objetivos, os quais deverão estar diretamente
relacionados ao problema da pesquisa. Em outras palavras, deve-
se estabelecer a(s) meta(s) que pretende-se atingir com a elaboração
da pesquisa.

Há dois tipos de objetivos: gerais e especı́ficos.

OBS: Uma pesquisa pode conter apenas objetivo geral, o qual deve
incluir o propósito que motivou a pesquisa, bem como sua justifica-
tiva e relevância.
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Objetivos gerais: são objetivos mais amplos, as contribuições


que se desejam oferecer com a execução da pesquisa.

Objetivos especı́ficos: são metas mais especı́ficas dentro do


trabalho que irão nos dar embasamento para cumprir os
objetivos gerais. Quando somados, os objetivos especı́ficos
conduzirão ao desfecho do objetivo geral.

Definidos os objetivos gerais e especı́ficos da pesquisa, determinamos


o tipo de pesquisa a ser realizada: qualitativa ou quantitativa.

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1.2 Determinar o tipo de pesquisa

A diferença entre os tipos de pesquisa está na abordagem de cada


um dos métodos, nos objetivos, na amostra e em alguns outros
aspectos.
Pesquisa qualitativa: está mais relacionada no levantamento
de dados para compreender e interpretar determinados
comportamentos (de um grupo de pessoas), a opinião e as
expectativas dos indivı́duos de uma população. É uma
pesquisa exploratória, não visa obter números como
resultados, mas sim indicativos do melhor caminho para
tomada de decisão correta sobre uma questão-problema.
A pesquisa qualitativa é indicada quando há a necessidade,
por exemplo, de entender a percepção do cliente quanto a um
novo produto, compreender a escolha de voto dos eleitores,
analisar o modo de trabalho da concorrência, indicar as
melhores ações para uma campanha de marketing, etc.
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Exemplo: Uma empresa de produtos de limpeza deseja saber


como está sua imagem no mercado em comparação com a
concorrência. Supondo que nenhuma pesquisa sobre a imagem
da empresa na opinião dos usuários tenha sido feita antes, um
público alvo é escolhido e uma série de questões abertas são
realizadas.

Pesquisa quantitativa: prioriza apontar numericamente a


frequência e a intensidade dos comportamentos dos indivı́duos
de um determinado grupo, ou população. Neste caso, as
ferramentas estatı́sticas devem ser aplicadas com rigor para
que haja a confiabilidade necessária para, através da amostra,
inferirmos resultados sobre a população de interesse.

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Exemplo: Suponhamos que a intenção do pesquisador seja


medir, quantificar, o grau de satisfação dos habitantes de uma
determinada cidade no que se refere à administração do
prefeito atual. Ao optar pela pesquisa quantitativa, ele iria
traduzir em números as opiniões e informações para então
obter a análise dos dados e, posteriormente, chegar a uma
conclusão.

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Conhecendo os objetivos da pesquisa precisamos definir como ela


será conduzida. Há basicamente dois modos de fazê-lo: levanta-
mento e experimento. A maioria das pesquisas sócio-econômicas
é conduzida como levantamento, em que o pesquisador usualmente
apenas registra os dados, através de um questionário ou qualquer ou-
tro instrumento de pesquisa. Procura-se responder às perguntas da
pesquisa, através da identificação de associações entre as variáveis
ou entre grupos de elementos da população, mas o pesquisador não
têm controle sobre as variáveis. Por este motivo, para que os re-
sultados sejam confiáveis, costuma ser necessário obter um grande
conjunto de dados.

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2 Tipos de variáveis (Qualitativas e Quantitativas)

Quantitativas: se os resultados das observações serão


expressos sempre através de números, que representam
contagens ou medidas. Ex: Idade, Altura, Peso, Número de
nascidos vivos, População.
Qualitativas: se os resultados das observações serão
expressos através de categorias, que se distinguem por alguma
caracterı́stica não-numérica. Ex: Sexo, Nı́vel de escolaridade,
Cor da pele, Estado civil, Tipo sanguı́neo.

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As variáveis qualitativas podem ser classicadas, por sua vez, em:


1 Nominal: caracteriza-se por dados que consistem apenas em
nomes, rótulos ou categorias. Os dados não podem ser
dispostos segundo um esquema ordenado. Ex: Estado civil
2 Ordinal: envolve dados que podem ser dispostos em alguma
ordem, mas as diferenças entre os valores dos dados não
podem ser determinadas ou não tem sentido. Ex: Nı́vel de
escolaridade.

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Em relação às variáveis quantitativas, estas podem ser classificadas


em:
1 Discreta: só pode assumir valores pertencentes a um
conjunto finito ou enumerável. Ex: Número de alunos
presentes às aulas de determinado professor; número de
mortos em um surto de determinada doença. Geralmente,
seus valores são resultados de um processo de contagem,
razão pela qual seus valores são expressos através de números
inteiros não-negativos.
2 Contı́nua: pode assumir qualquer valor pertencente a um
determinado intervalo do conjunto dos Reais. Ex: Estatura e
peso de atletas de um time de voley; temperatura máxima
diária. Pode-se dizer que a variável contı́nua resulta
normalmente de mensurações.

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Figura 1: A abordagem estatı́stica na pesquisa quantitativa

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RECAPITULANDO...

Definir o problema de interesse: O estudo do problema só


terá sentido quando estiverem definidos:
1 Propostas e objetivos claros com formulação das hipóteses
iniciais;
2 Definição da população objeto de estudo;
3 Se o estudo será feito através de censo ou por amostragem;
4 Que variáveis farão parte do estudo;
5 Qual a forma de obtenção dos dados (entrevistas: pessoais,
telefone, carta; ou através de questionários);
6 Questionário com realização de pré-teste para validação
(custo, tempo, Compreensão do texto, inclusão ou exclusão de
variáveis, etc);

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3 Elaboração de questionários

Um questionário deve obedecer algumas regras básicas onde o prin-


cipal é que possua uma lógica interna na representação exata
dos objetivos e na estrutura de aplicação, tabulação e inter-
pretação.

A primeira parte do questionário exige a identificação de quem


faz a pesquisa: nome da empresa, entrevistador, crı́tico, supervisor,
para compor o controle de dados, bem como o seu número (em geral
questionários são numerados).

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Em seguida se exige a identificação do entrevistado com nome,


Endereço (opcionais), sexo, faixa etária, profissão, etc. (de-
pendendo dos objetivos do estudo).
Quase sempre são colocados “filtros” eliminatórios nos questionários.
São chamados “filtros” aquelas questões que selecionam o uni-
verso a ser pesquisado e organizam os entrevistados segundo
caracterı́sticas impostas pelo estudo:
Adolescentes entre 15 e 18 anos (2 filtros);
Donas de casa que pertençam a classe“A”, entre 35 e 45 anos
e que não trabalhem fora (4 filtros);
Homens entre 30 e 40 anos, pais de meninos entre 13 e 15
anos (4 filtros);
Estudante universitário, entre 18 e 25 anos cursando o
segundo ou terceiro perı́odo (3 filtros);

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Identificado o pesquisador, o pesquisado e colocados os filtros, são


colocadas as questões propriamente ditas do questionário. As per-
guntas do questionário devem ser claras e objetivas, evitando
interpretações equivocadas, uma vez que o questionário deve ser
respondido pelo pesquisado sem auxı́lio do pesquisador.

Por outro lado, os questionários:


Devem ter algumas questões para confirmação ou checagem
de respostas de forma indireta (repetir a pergunta de interesse
de maneira diferente para checar se as respostas são
equivalentes);
Devem ter poucas questões abertas;
Não podem ser indutivos, respeitando sempre o ponto de vista
do respondente.

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Questionário piloto: funciona como uma espécie de teste do ques-
tionário. Um pequeno grupo de pessoas é selecionada para respon-
der o questionário e depois tais pessoas são entrevistadas e ques-
tionadas sobre possı́veis dificuldades encontradas para responder o
questionário. A finalidade do questionário piloto é verificar se há
ambiguidades ou qualquer outro tipo de problema nas questões, e
caso sim, reestruturá-las.
Tipos de questões:
Abertas: não restringem a resposta do entrevistado;
Fechadas: fornecem certo número de opções codificadas
(incluindo “outras”).
Exemplos:
1-“Você é a favor das faixas exclusivas para ônibus?”
1 - Sim 2 - Não (questão fechada)

2- ‘Se “Não”, por quê? (questão aberta)


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4 Etapas para a elaboração de uma base de dados

A elaboração da base de dados compreende: seleção, catego-


rização e tabulação.
Seleção: visa exatidão das informações obtidas. Nesta etapa
é observado se existem falhas ou discrepâncias nas
informações obtidas. Ainda, também é verificado se alguma
pergunta ficou sem resposta. Observado um desses três casos,
deve-se voltar a campo e reaplicar a pesquisa.
Categorização ou codificação: técnica utilizada para
categorizar os dados que se relacionam. Com ela os dados são
transformados em sı́mbolos, podendo ser tabulados. Em
resumo, a codificação consiste em classificar os dados,
agrupando-os em categorias; em seguida, atribui-se um
código, número ou letra a cada categoria.

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Exemplo: Categoria - SEXO Masculino (1) ou (M)


Feminino (2) ou (F)
Tabulação: dispor os dados em tabelas para maior facilidade
de representação e verificação das relações entre eles. A
tabulação pode ser eletrônica ou manual.

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Tabulação
Tabulação de questões fechadas com respostas simples:
entrevistado pode dar apenas uma resposta,
consequentemente, o número de respostas é igual ao número
de entrevistados.
Exemplo:

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Interpretação/ Análise: A manipulação não é um sentimento de-


corrente do esforço de venda das empresas. Somente 27% declaram
sentir-se manipulados ou muito manipulados. A maioria (66%) diz
sentir-se livre ou muito livre para escolher os produtos que com-
pra e 61% consideram-se consumidores informados. Do total, 39%
sentem-se maravilhados com a propaganda das empresas. Os jovens
pesquisados parecem não se incomodar com a publicidade que as
empresas fazem de seus produtos, considerando-a importante para
obter informação e garantir-lhe a liberdade para escolher os produtos
que mais lhe convierem, segundo critérios que priorizam qualidade
e preço.

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Tabulação de questões fechadas com respostas
múltiplas: o entrevistado pode indicar mais de uma opção
por resposta, consequentemente, o número de respostas não é
necessariamente igual ao número de entrevistados.
Exemplo:

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Interpretação/ Análise: O item considerado de maior importância


na escolha de um supermercado para a realização de compras men-
sais pelos pesquisados é preços baixos (45%), seguido da variedade
de produtos (25%).
O atendimento correspondeu a apenas 9% das respostas. Os pes-
quisados apontaram como outros motivos (8%): existência de es-
tacionamento e de manobristas, aceitar cheque pré-datado, aceitar
cartão de crédito e qualidade dos produtos hortifrutigranjeiros.

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Tabulação de perguntas abertas: Padronizam-se as
respostas por categoria e procede-se à tabulação de maneira
idêntica à de respostas simples ou múltiplas.
Exemplo: Por que você compra roupas da marca “Y”?

Interpretação/ Análise: A análise dos dados demonstra que


a maioria dos pesquisados (45%) compra roupa da marca “Y”
em função de sua qualidade. Dos respondentes, apenas 20%
compram roupas da marca “Y” em função da grife.
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5 Noções de Amostragem

Quando são coletadas informações de apenas parte da população,


diz-se que foi feita uma amostragem. Para a realização de um
estudo, devemos selecionar uma amostra significativa, isto é, uma
amostra que representa a população. Para isto, as técnicas de amos-
tragem, que são procedimentos a serem adoratos para escolher os
elementos que irão compor a amostra. Conforme a técnica utilizada,
tem-se um tipo de amostra.

Tipos de Amostragem
Amostragem não-probabilı́stica: é totalmente subjetiva, já
que se baseia nas decisões pessoais do pesquisador
Amostragem probabilı́stica: quando há um mecanismo
probabilı́stico de seleção da amostra.

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Amostragem não-probabilı́stica:

Amostragem por julgamento: quando o pesquisador


eleciona os elementos mais representativos da amostra de
acordo com seu julgamento pessoal. Essa amostragem é ideal
quando o tamanho da população é pequeno e suas
caracterı́sticas, bem conhecidas.
Amostragem por conveniência: Aqui o pesquisador
simplesmente se utiliza dos elementos mais disponı́veis da
população. Um exemplo cássico são as famosas enquetes em
sites especializados na Internet: geralmente o autor envia
convites via e-mail, Twitter ou outra rede social e os
interessados se disponibilizam a respondê-la.

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Amostragem por cotas: consiste em uma amostragem por


julgamento que ocorre em suas etapas. Em um primenro
momento, são criadas categorias de controle dos elementos da
população e, a seguir, selecionam-se os elementos da amostra
com base em um julgamento.
Amostragem probabilı́stica

A amostragem probabilı́stica é objetiva, pois não é influenciada pela


pessoa que está conduzindo a pesquisa. Nesse tipo de amostra-
gem, os elementos da amostra são selecionados aleatoriamente e
todos eles possuem probabilidade conhecida de serem escolhidos.
Tal seleção ocorre através de uma forma de sorteio não viciado,
como o sorteio em uma urna ou por números gerados por computa-
dor.

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Amostragem aleatória simples: Todos os elementos da


população tem a mesma probabilidade de pertencerem à
amostra. Essa amostragem pode ser sem repetição, que é
quando o elemento que já foi sorteado não continua no sorteio
ou com repetição, quando o elemento sorteado continua no
sorteio, podendo ser escolhido novamente.
Amostragem por conglomerados: Quando a população
apresenta uma subdivisão em pequenos grupos
(conglomerados) e sorteamos um número suficiente de
conglomerados, cujos elementos constituirão a amostra.

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Amostragem estratificada: Consiste em dividir a população


em subgrupos mais homogêneos (estratos), e sortear dentro
de cada estrato subamostras que irão compor, quando
reunidas, a amostra. Devemos utilizar esta técnica quando a
população for constituı́da por diferentes estratos (Ex.: bairros,
classe social, nı́vel de escolaridade. etc).
Amostragem sistemática: Os elementos são escolhidos por
um sistema (uma regra). Aqui selecionamos as amostras de
uma população em intervalos pré-fixados. Para funcionar, a
técnica requer uma listagem précia da população.

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