You are on page 1of 10

Povos Ameríndios Page 1 of 10

Povos Ameríndios

Denominação genérica dos diferentes povos que viviam na América antes da chegada
dos europeus no século XVI.
Agrícolas, implementos ; Agricultura ; Atlântida ; Rivet, Paul

v. tb. América espanhola, conquista da; América, pré-história da; Ameríndias, línguas;
Chibcha, cultura; Índio brasileiro; pré-colombiana, arte; Pré-colombianas, literaturas
América Central

v. tb. Asteca, império; Chavín, cultura; Maia, cultura; Meso-americanas, civilizações


América do Norte; Canadá; Criação; Estados Unidos da América; Primitiva, arte ;
Tatuagem
América do Sul
Alcoólicas, bebidas ; Calendário ; Equador

v. tb. Andinas, civilizações; Araucana, cultura; Guaranis; Inca, império; Sete Povos das
Missões

Quando chegaram ao continente americano, os conquistadores europeus encontraram


povos que, embora possuíssem certa unidade étnica, apresentavam enormes diferenças
sociais e culturais. A dispersão geográfica e os contextos históricos diversos faziam com
que civilizações complexas em todos os aspectos (como os astecas e os incas)
coexistissem com tribos nômades de organização e modo de vida muito simples (como os
peles-vermelhas), e até com comunidades primitivas de características ainda do
mesolítico (como a maior parte dos índios brasileiros).

Panorama geral

São chamados de ameríndios quase todos os representantes daqueles povos que já


existiam nas Américas antes dos descobrimentos do século XVI e da colonização
européia. A exceção indiscutível são os esquimós, de traços étnicos estritamente
mongólicos e que têm seu habitat tanto nas costas árticas da América quanto na Ásia.
Traços físicos. A antiga divisão da espécie humana em quatro raças -- brancos, negros,
amarelos e vermelhos --, que teve longa tradição de uso na Europa, tornou-se obsoleta
depois de importantes contribuições da antropologia contemporânea. Os povos
ameríndios, que eram classificados como de raça vermelha, na verdade têm parentesco
étnico com os habitantes do leste e do sudeste asiáticos. Fica claro, atualmente, que a
denominação "peles-vermelhas", usada pelos exploradores europeus, deve-se à tinta
vermelha com que os primeiros nativos da América por eles encontrados pintavam o
rosto.
Embora todos os povos ameríndios sejam essencialmente mongolóides, há grandes
diferenças de traços físicos entre uns e outros, às vezes no mesmo subcontinente. A
estatura varia entre baixa-mediana e alta, sendo geralmente alta entre os índios das
pradarias da América do Norte e os patagões do extremo meridional da América do Sul,
e baixa ou mediana na maioria dos outros casos (1,55 a 1,60m em média entre os maias e
outros povos centro-americanos, 1,70 a 1,74m entre os yumas e certos índios das
pradarias da América do Norte, 1,68 a 1,80m entre os patagões).
Outras características notórias dos ameríndios é a tendência a terem as mãos e os pés

http://choli.sites.uol.com.br/povos.htm 23/09/2010
Povos Ameríndios Page 2 of 10

pequenos, a cintura pouco marcada, a coloração da pele geralmente pardo-amarelada


(embora em alguns casos chegue ao amarelo quase branco), o cabelo preto e escorrido,
pouca pilosidade facial e corporal. Não é comum a calvície ou cabelos brancos. O rosto,
de modo geral, é largo: as populações ameríndias são braquicéfalas, exceto alguns grupos
do leste da América do Norte e das selvas amazônicas, predominantemente mesocéfalos,
ou os fueguinos e uru-chipayas, quase dolicocéfalos. O nariz é carnudo e as maçãs do
rosto, acentuadas. Os olhos, de um castanho ora mais claro, ora escuro, nem sempre
apresentam nos adultos o característico formato mongólico.
O fator sangüíneo MN é mais comum entre os ameríndios que em qualquer outro grupo
racial. Apesar de haver na Ásia os maiores índices do mundo de grupo sangüíneo B, este
se mostra raro nas populações ameríndias, assim como o A, que só apresenta alguma
incidência na América do Norte.
Primeiros povoadores. De acordo com os indícios ora disponíveis e pesquisados, o
povoamento da América teve início entre 40000 e 20000 a.C., quando viajantes
procedentes da Ásia atravessaram o atual estreito de Bering no fim da glaciação de
Würm, ocasião em que o nível do oceano era mais baixo e o Alasca se ligava à Sibéria
por uma nesga de terra firme. Há sinais de que a ocupação humana se deu de norte a sul
do continente, ao longo de 200 séculos. Entre 10000 e 5000 a.C., navegadores vindos do
atual Japão, do Sudeste Asiático e da Polinésia teriam chegado casualmente às costas
americanas do Pacífico, o que explicaria a excelente cerâmica do sítio arqueológico de
Valdívia, no Equador. Essa cerâmica, que surgiu ao redor de 3000 a.C., assemelha-se à
jômon, do neolítico, nas ilhas nipônicas. Por volta do ano 1000 da era cristã, viajantes
escandinavos parecem ter chegado, por sua vez, às costas da Terra Nova e do Labrador.
Há controvérsias, entre antropólogos americanos e europeus, estes acompanhados por
latino-americanos, sobre se as culturas ameríndias se desenvolveram autonomamente
(opinião dos primeiros) ou sob influência desses contatos com povos de origens tão
distantes. Os argumentos utilizados são igualmente discutíveis. As diferenças de traços
entre diversos grupos de povoadores ameríndios constituem outro motivo de muitas
hipóteses ainda não esclarecidas. O certo é que asiáticos pré-mongolóides e mongolóides
chegaram em várias levas, até mais ou menos 10000 a.C. A diversidade de habitats do
continente e o isolamento de muitos grupos entre si são também fatores que podem
explicar as discrepâncias existentes, conforme as adaptações que se fizeram necessárias:
os índios do planalto boliviano, por exemplo, têm a caixa torácica muito maior que a dos
litorâneos, resultado indiscutível de sua adaptação à atmosfera rarefeita em que têm de
viver.
Povos da América do Norte
Os ameríndios da América do Norte se distribuíam pelo território onde ficam hoje os
Estados Unidos, o Canadá e o norte do México. Embora fosse muito variado o nível
atingido pelas muitas culturas da região, nenhuma chegou ao estágio das civilizações da
América Central, que antropologicamente devem ser tratadas à parte.
Costa noroeste. A costa norte do Pacífico, do sul do Alasca ao norte da Califórnia,
apresenta um traçado muito irregular, repleto de ilhas e reentrâncias, com clima úmido e
relativamente temperado, o que favorece a existência de grandes bosques perto do litoral.
Era o habitat de povos voltados para a pesca, especialmente do salmão. A profusão desse
peixe na região gerou um fenômeno semelhante ao produzido pelo desenvolvimento da
agricultura intensiva em outros povos: o excedente alimentar permitiu que alguns
integrantes da comunidade se dedicassem a tarefas que não eram diretamente produtivas.
Conseqüentemente, os pescadores da costa noroeste criaram uma organização social e

http://choli.sites.uol.com.br/povos.htm 23/09/2010
Povos Ameríndios Page 3 of 10

religiosa bastante complexa, constituindo as sociedades artisticamente mais refinadas


entre todas as localizadas ao norte das civilizações centro-americanas. A principal
unidade social era o povoado.
As técnicas que melhor dominaram foram as relacionadas com a pesca e o trabalho da
madeira: construíam canoas capazes de acomodar várias dúzias de remadores, assim
como variados utensílios de pesca; faziam barragens para a captura do salmão;
conheciam as técnicas de conservação do pescado; e viviam em grandes habitações
multifamiliares, feitas de troncos, com forma retangular. Quase não utilizavam peles no
vestuário, se bem que ocasionalmente praticassem a caça de ruminantes. Fabricavam
mantas de fibra da cortiça do cedro, que coloriam com diversas tinturas e decoravam com
desenhos estilizados e complexos. Talvez a mais conhecida de suas manifestações
artísticas tenha sido o entalhe de grandes postes totêmicos.
O traço cultural mais característico desses povos era o potlatch, celebração em que se
realizava uma profusa exibição de riquezas, em muitos casos destruídas no momento
culminante da festa. A abastança e o prestígio social mediam-se pelo aparato com que se
celebrava o potlatch.
Yukon e Mackenzie. A área cultural do Yukon e do Mackenzie compreende as bacias
desses dois grandes rios, no Alasca e no noroeste do Canadá. São territórios interiores e
localizados em latitudes elevadas, de clima subártico e difíceis condições de subsistência.
Viviam nessas terras frias povos atapascos, caçadores e pescadores, culturalmente menos
desenvolvidos que os litorâneos. Seu principal meio de sobrevivência era a caça do
caribu. Dispunham de canoas de cortiça e trenós puxados por cães, bem como raquetas
de andar na neve. Moravam em tendas cônicas de pele ou de cortiça, chamadas tipis, e
usavam roupas de pele.
Fato intrigante é que a língua dos povos atapascos pertence ao grupo nadene, aparentada,
portanto, com a dos apaches e navajos, povos que vivem muito mais ao sul, em
condições naturais inteiramente distintas. É provável que todos eles proviessem de uma
invasão asiática tardia, que atravessou o estreito de Bering bem depois das outras.
Área ocidental. Os povos que ocupavam as três zonas geográficas abarcadas pela área
cultural ocidental apresentavam como característica geral um desenvolvimento inferior
ao de seus vizinhos e, na verdade, um padrão de vida bastante primitivo.
Por ocasião da chegada dos colonizadores europeus, a Califórnia era habitada por povos
que formavam um mosaico étnico e lingüístico. Não conheciam a agricultura, moravam
em simples abrigos temporários e quase não usavam roupa. No entanto, tinham especial
habilidade em trabalhos de cestaria.
Os habitantes do planalto ocidental da América do Norte, que viviam nas verdes bacias
dos rios Frazer e Columbia, eram, como os da Califórnia, bastante variados quanto à
língua, mas cultural e socialmente pouco desenvolvidos. Sobreviviam da pesca do
salmão, da caça e da coleta de frutos silvestres. Foram notáveis pelo pacifismo e caráter
igualitário de sua sociedade.
As condições de vida particularmente duras da árida bacia do lago Salgado (Salt Lake)
tornaram os shoshones um dos povos mais primitivos entre os ameríndios. As famílias
viviam isoladas, e só ocasionalmente várias delas se uniam para a caça. Coletores, e
apenas circunstancialmente caçadores, a introdução do cavalo, trazido para a América
pelos europeus, transformou radicalmente o modo de vida de alguns grupos, permitindo-
lhes se transformarem em caçadores de bisão.
Culturas do sudoeste. As terras áridas que hoje constituem o sudoeste dos Estados
Unidos e o norte do México viram florescer, em passado remoto, complexas culturas

http://choli.sites.uol.com.br/povos.htm 23/09/2010
Povos Ameríndios Page 4 of 10

associadas ao cultivo do milho, primeiro o silvestre (fase cochise), e pouco depois o


híbrido. Chegou-se a pensar que tivesse sido nessa região americana que se produziu a
primeira revolução agrícola, que daria origem às principais culturas do continente. Parece
mais provável, no entanto, que o cultivo do milho, assim como, bem posteriormente, o de
outras espécies, tenha começado na América Central.
Ao redor de 300 a.C. apareceram várias culturas baseadas no cultivo, com irrigação, do
milho híbrido: em torno do século I da era cristã, no Arizona e no Novo México,
desenvolveu-se a cultura mogollon e, no sul do Arizona, a cultura hohokan, da qual
restam vestígios de um complexo sistema de represas e canais de irrigação, construídos
nos vales dos rios Gila e Salgado. A cultura anasazi (em navajo, "os antigos") estendeu-
se pelo Colorado a partir do século IV da era cristã, tornando-se a mais estudada,
particularmente devido aos sítios arqueológicos de Mesa Verde, Pueblo Bonito e outras.
Distinguem-se fases muito diferenciadas: a dos cesteiros, do ano 300 a 700, quando as
técnicas da cestaria atingiram o auge, e a dos índios pueblos, em que a cerâmica e,
sobretudo, a arquitetura atingiram grande desenvolvimento. Esses povos chegaram a
construir complicados edifícios de alvenaria, com vários pavimentos, que por si só
constituíam um povoado e se situavam, em geral, em desfiladeiros quase inacessíveis.
Ligada aos povos centro-americanos (pirâmides escalonadas, jogos de péla), a cultura
hohokam desapareceu por volta de 1100, absorvida pelas outras duas assinaladas e que
por alguns séculos mais continuaram vivas. Tudo indica que uma fase de grandes secas
levou as culturas do sudoeste ao declínio: seus descendentes (índios zuñi, procedentes da
cultura mogollon, e pima e papago, da hohokam) achavam-se em nível de
desenvolvimento inferior quando os europeus ocuparam suas terras.
Entre os povos que posteriormente ocuparam o sudoeste sobressaem os apaches e
navajos, que, vindos do Yukon-Mackenzie, noroeste do Canadá, chegaram depois do
século X a essa região. Pertencentes ao grupo lingüístico nadene, como os atapascos,
dedicavam-se à coleta e à caça, realizando incursões predatórias contra os povos
agricultores da vizinhança. Os navajos aprenderam as técnicas agrícolas dos índios
pueblos, tornando-se sedentários. Outros povos que habitaram a região foram os yumas,
do grupo lingüístico hoka, que, como o uto-asteca, estendia-se pelo norte do México.
Povos das pradarias. A região das pradarias é uma enorme extensão, quase toda plana,
que se estende do Mississippi, a leste, até as montanhas Rochosas, a oeste, e desde
aproximadamente a atual fronteira do Canadá, ao norte, até o Texas, ao sul. Seus
habitantes eram de grande heterogeneidade lingüística -- a língua comanche pertencia à
família centro-americana uto-asteca --, apesar dos freqüentes contatos que mantinham.
Alguns eram sedentários, como os mandans, e outros nômades, como os dakota (ou
sioux) e os kiowas. Os povos sedentários praticavam uma agricultura baseada no milho,
na abóbora, na ervilha e no tabaco, trabalho que os homens alternavam com a caça.
A introdução do cavalo, nos séculos XVII e XVIII, possibilitou a caça do bisão,
ocorrendo um fenômeno de readaptação de alguns povos a um intenso nomadismo. Desse
modo, durante um século e meio desenvolveu-se nas pradarias uma cultura adaptada em
todos os aspectos -- cerimônias, crenças, utensílios, instrumentos de caça, moradia -- ao
cavalo e à caça do bisão. A guerra também adquirira grande importância para essas
tribos, cujos chefes costumavam ser veteranos guerreiros, de coragem comprovada.
Povos do nordeste. Dois importantes povos partilhavam o território dos bosques em torno
dos grandes lagos e no litoral atlântico do Canadá e da Nova Inglaterra: os iroqueses e os
algonquinos, estes últimos nômades ou seminômades. Sua economia baseava-se quase
exclusivamente na caça e na pesca. Viviam bastante dispersos e só se reuniam em

http://choli.sites.uol.com.br/povos.htm 23/09/2010
Povos Ameríndios Page 5 of 10

celebrações específicas nas quais invocavam as duas forças opostas que, segundo sua
mitologia, governavam o mundo: Gluskap e Malsum. Gluskap era a forma criadora,
comunicando-se com os homens mediante xamãs -- feiticeiros -- ou durante o sono.
Já a vida dos iroqueses, pelo menos em suas áreas meridionais, estava voltada para o
cultivo do milho e da ervilha, em alguns pontos acrescendo-se a coleta do arroz silvestre.
Sua dieta se completava com a coleta de bagas, a caça e a pesca. A organização social
dos iroqueses tem sido objeto de estudo antropológico minucioso, por possuir
interessantes peculiaridades. Todas as unidades familiares reuniam-se em uma
confederação, cabendo a cinqüenta sachems hereditários todas as decisões referentes à
política externa. A unidade social básica era a família ampla, que residia numa grande
casa comum, retangular, com teto de cortiça de bétula e governada pelas mulheres mais
idosas. Propriedade, relações familiares e herança eram regidas pela via matrilinear. Os
povoados, de caráter permanente, localizavam-se junto aos cursos de água, protegidos
por uma paliçada de estacas.
Vindos do sul, os iroqueses deslocaram-se mais tarde para os assentamentos em que os
europeus os conheceram. Isso explica sua superioridade cultural em relação aos
algonquinos, na época do desembarque dos colonizadores nas costas do Atlântico.
Embora os algonquinos continuassem predominantes no oeste, nas zonas limítrofes às
dos atapascos, aos poucos os iroqueses os vinham alijando de suas terras.
Povos do sudeste. Os territórios ocupados pelos povos do sudeste situavam-se ao sul dos
anteriores e a leste das pradarias, entre o Mississipi, o golfo do México e o litoral sul-
atlântico dos Estados Unidos. Era acentuada a influência das culturas centro-americanas
e do Caribe. Assim, o povo natchez constituía uma teocracia guerreira, com numerosos
escravos. Sua economia baseava-se no cultivo do milho, mas também na caça e na coleta.
Erguiam templos sobre colinas (mounds) que lembram as grandes construções religiosas
centro-americanas.
Os creeks também eram povos guerreiros e possuíam escravos. Ao lado dos cherokees,
dos seminolas, choctaws e chickasaws, chegaram a formar uma confederação que, em
muitas ocasiões, celebrou pactos com franceses e ingleses, demonstrando ampla
capacidade de adaptação.
Em toda a área cultural do sudeste os povoados apresentavam estrutura complexa, tendo
ao centro uma praça onde se situavam os edifícios públicos e religiosos.
Os índios da América do Norte hoje. No início da colonização européia no litoral
atlântico dos Estados Unidos e Canadá, existiam em ambos os territórios mais de 200
povos indígenas, que totalizavam uma população de aproximadamente 1.150.000
habitantes. À medida que os invasores brancos se expandiram, muitos povos foram
extintos e outros estiveram bem perto disso.
Na década de 1980 eram reconhecidos como índios, nos Estados Unidos e Canadá
conjuntamente, mais ou menos um milhão de cidadãos. Comparada com o mínimo a que
chegou nos começos do século XX -- nos Estados Unidos, menos de 300.000 --, a
população indígena da América do Norte retomou um rápido crescimento, que tende
mesmo a acentuar-se com o tempo. Há reservas espalhadas por todo o território dos dois
países, embora as mais importantes se situem nos estados do Novo México e Arizona.
Um duplo sistema de autoridade se exerce sobre os índios das reservas: de um lado, os
remanescentes de sua organização tribal, como o conselho da tribo e seu chefe, de outro
lado o governo federal. Muitos índios vivem fora das reservas, mesclados com o resto da
população americana; os que nelas permanecem dedicam-se ao artesanato, atividades
agrícolas e pecuária. O turismo é boa fonte de renda para os índios do sudoeste dos

http://choli.sites.uol.com.br/povos.htm 23/09/2010
Povos Ameríndios Page 6 of 10

Estados Unidos, enquanto no norte do Canadá é comum que trabalhem como guias nas
regiões árticas.
A grande maioria dos índios se diz hoje cristã, embora numerosos grupos pratiquem
religiões sincréticas, muito peculiares, como é o caso da Igreja Indígena Americana, em
que a ingestão do peiote, poderoso alucinógeno, é um dos sacramentos.
América Central
A região antropológica da América Central estende-se pelo centro e sul do México de
hoje e pelos países centro-americanos até a Costa Rica. Essa área compreende grande
variedade de zonas climáticas e ecológicas, podendo-se afirmar que fosse povoada desde
tempos pré-históricos, embora a principal concentração humana ocorresse nos vales do
México, Oaxaca, Jalisco e Guatemala.
Eram muito variadas as características dos povos da América Central, que falavam
centenas de línguas. Todos, no entanto, possuíam uma série de componentes culturais
comuns: constantes arquitetônicas -- pirâmides escalonadas, quadras para jogos rituais de
péla --, calendário, registros históricos, complexa religião em que quase sempre havia um
deus da chuva e um herói civilizador, notável desenvolvimento urbano, rígida
estratificação social e uma agricultura baseada no complexo milho-feijão-pimenta-
abóbora.
Na América Central a revolução neolítica teve início entre 5000 e 4000 a.C., mas foi por
volta de 3500 que, paralelamente a certo resfriamento do clima e aumento das chuvas,
passaram a ser cultivadas as espécies que ainda constituem a base da alimentação do
homem centro-americano. Nos começos do segundo milênio havia povoados de grupos
sedentários, cuja subsistência dependia fundamentalmente da agricultura.
Período pré-clássico. Deu-se o nome de período de formação, ou pré-clássico, àquele que
transcorreu aproximadamente de 1500 a.C. até o início da era cristã. Foi nesse período
que o homem centro-americano se tornou sedentário, desenvolvendo técnicas agrícolas
de grande complexidade, aprendendo a cerâmica e a tecelagem, criando as primeiras
cidades.
Os olmecas. A civilização olmeca surgiu em meados do século XII a.C., na planície junto
ao litoral do golfo do México. Embora esse povo ainda seja mal conhecido, sabe-se que
tinha sacerdotes e classes sociais bem definidas, centros cerimoniais e de culto. Os
olmecas já conheciam o calendário e a numeração e praticavam o jogo da péla, elementos
culturais que se tornariam característicos de todas as civilizações centro-americanas.
Possuíam ainda grande domínio da expressão artística, como se pode apreciar nas
enormes cabeças esculpidas na pedra e em estatuetas de jade. Encontraram-se
importantes depósitos arqueológicos: La Venta, grande centro religioso, e Tres Zapotes,
importante núcleo populacional, ambos na parte sul do golfo do México.
Período clássico. Do começo da era cristã até o século X, as civilizações centro-
americanas tiveram seu período clássico, alcançando excelente desenvolvimento artístico
e urbano.
Teotihuacan. A partir do final do século IV da era cristã, desenvolveu-se no vale do
México a primeira das grandes civilizações centro-americanas do período clássico. O
povo que construiu Teotihuacan dominou a totalidade do vale, e sua influência cultural --
e talvez seu controle político -- chegou até a atual Guatemala. Suas edificações arrolam-
se entre os mais empolgantes vestígios de civilizações antigas ainda existentes no mundo.
A destruição de Teotihuacan parece ter-se dado no ano 650, mas só em torno de 900 a
cidade veio a ser tomada pelos toltecas.
Aparentadas em muitos traços com a civilização teotihuacana e, por conseguinte, com a

http://choli.sites.uol.com.br/povos.htm 23/09/2010
Povos Ameríndios Page 7 of 10

olmeca, foram as de El Tajín, na costa do golfo do México, e de Monte Albán, em


Oaxaca, que também não chegaram ao princípio do século X.
Maias. Durante o período clássico desenvolveu-se a civilização dos maias, a mais
original e avançada da América Central -- e também uma das que encerram maiores
mistérios. De início, sua área geográfica limitava-se ao pequeno planalto da Guatemala,
mas depois estendeu-se ao de Chiapas e à península de Yucatán.
Em sua origem, os maias não constituíam uma civilização urbana. Dependiam da
agricultura de subsistência em glebas isoladas, que após algumas colheitas se
empobreciam, impondo constante procura de novas terras. Tais circunstâncias
econômicas não propiciavam a criação de centros urbanos. Estes, no entanto, surgiram
em torno dos templos cerimoniais, construídos no alto de pequenas colinas. É provável
que o sistema de cultura agrícola, que esgotava as terras, tenha sido a causa do súbito
desaparecimento das cidades, que depois de abandonadas sem razão aparente, eram
cuidadosamente recobertas de terra e reedificadas em outro lugar.
O tipo físico dos maias é ainda hoje facilmente reconhecível. Comparando-o ao dos
povos vizinhos, nota-se que têm cabeça em geral mais arredondada, o nariz mais
proeminente e o rosto mais chato.
Período pós-clássico. O período clássico acabou abruptamente por volta do século X,
devido, ao que se crê, a invasões de povos provenientes do norte. Teve início em seguida
o chamado período pós-clássico, em que prosseguiu a tendência ao desenvolvimento de
grandes cidades e se acentuou um significativo traço guerreiro, tanto nos costumes como
na religião. Os antigos deuses da chuva passaram a concorrer com os deuses da guerra e
tornaram-se comuns sacrifícios humanos para saciar a sede divina. Os povos tolteca e
asteca, que se sucederam, ocuparam grandes territórios a partir do vale do México. Por
ocasião da chegada dos espanhóis, a confederação asteca estava no apogeu de seu poder,
e a conquista truncou subitamente uma civilização em pleno florescimento.
Índios centro-americanos hoje. A mestiçagem generalizou-se nos diversos países da
América Central. Entretanto, há ainda núcleos indígenas mais ou menos puros na região,
caracterizados pelo uso de seus idiomas e pelas comunidades que formam. Entre as
numerosas línguas que existiram na área, as extintas seriam em maior número que as
ainda faladas, mas só no México se utiliza uma meia centena delas, com destaque para as
dos grupos uto-asteca e maia, seguidas pelo otomi, o zapoteca e o mixteco. Como no
México, em todos os atuais países centro-americanos há uma parte da população, maior
ou menor, que se exprime em idiomas autóctones, sendo representativa a parcela dos que
desconhecem o espanhol.
Só muito recentemente as comunidades indígenas da região passaram a introduzir em sua
agricultura algumas técnicas modernas. De modo geral, continuam a ocupar e usar a terra
extensivamente, acrescentando ao milho e feijão a cana-de-açúcar, o café e o arroz.
O habitat é bastante variável, porém são mais comuns as aldeias com um núcleo central,
praça onde ficam a igreja e a administração, e se realizam feiras semanais. A casa,
dependendo do lugar, ora é apenas choupana de palha, ora, como em Yucatán, tem
paredes de tijolos e teto de palha, um cômodo apenas e a cozinha, quase nenhum
mobiliário; para dormir, as pessoas usam redes e esteiras.
A cerâmica e a cestaria representam o artesanato mais constante, embora em muitos
casos este tenha sido descaracterizado pela semi-industrialização. Acontece o mesmo
com a tecelagem, conquanto ainda se empregue o tear artesanal. Nas planícies os homens
vestem camisas e calças brancas, de algodão, e sandálias; as mulheres, blusa, saia, com
freqüência um xale que recorda a presença espanhola. Nas montanhas, o poncho de lã

http://choli.sites.uol.com.br/povos.htm 23/09/2010
Povos Ameríndios Page 8 of 10

completa o vestuário.
O autogoverno das comunidades indígenas regula suas questões internas, inclusive de
divisão do trabalho, e nem sempre é reconhecido pelos estados nacionais. As
comunidades, não obstante o padrão de vida muito modesto, valorizam as despesas de
celebração, as vestimentas e as refeições festivas, depois das colheitas. Para estas
últimas, como para os produtos artesanais indígenas, os pequenos mercados são
essenciais. Finalmente, a religião é quase sempre sincrética, mesclando ritos e costumes
autóctones às crenças e cerimônias cristãs.
América do Sul
Sabe-se hoje que o povoamento da América do Sul se deu muito depois do das Américas
do Norte e Central. Bandos de caçadores teriam descido do norte pelo istmo de Panamá,
espalhando-se aos poucos em direção ao sul e ao leste. Por volta de 10000 a.C. o
subcontinente já estaria todo povoado. A julgar pelos sambaquis -- restos das conchas de
mariscos -- encontrados tanto na costa do Atlântico como na do Pacífico, cinco milênios
antes da era cristã esses lugares achavam-se habitados por povos que se alimentavam de
tais frutos do mar. Um milênio depois, o feijão e a abóbora já eram cultivados no litoral
do Pacífico, acrescentando-se em seguida o algodão. A sedentarização pela agricultura
completou-se, para os primeiros povos, com a adição do milho, por volta do segundo
milênio. Aproximadamente em 1800 a.C., nas terras andinas e no litoral próximo,
apareceu a cerâmica, iniciando-se assim o período que os arqueólogos denominaram
formativo.
Região centro-andina. As culturas mais complexas da América do Sul, comparáveis
nesse sentido às centro-americanas, foram as que apareceram nos Andes centrais. As
condições climáticas da costa peruana, quase sem chuva, permitiram a conservação de
inúmeros vestígios dos diversos povos que ali viveram, possibilitando a reconstrução
aproximada de sua história cultural ao longo de milênios. Até certo ponto em paralelismo
com a evolução das civilizações centro-americanas, as culturas centro-andinas tiveram
um período formativo, um período clássico e o pós-clássico, de que Tiahuanaco poderia
ser o princípio. Esse último período seria bruscamente interrompido pela conquista
espanhola do império inca.
Período formativo. Entre 1800 e 300 a.C., aproximadamente, transcorreu o período
formativo. A população, com o cultivo do milho, sedentarizara-se, e surgiu a cerâmica. O
maior esplendor verificou-se nove séculos antes da era cristã, com a cultura chavín, na
costa norte do atual Peru. Em alguns de seus aspectos, ela parece ter sido influenciada
pela distante cultura olmeca. No litoral peruano apareceram outros focos culturais que,
por sua vez, mostraram forte influência da civilização chavín.
Período de desenvolvimento regional. Um verdadeiro período clássico observou-se entre
os séculos V a.C. e VII da era cristã, desenvolvendo-se autonomamente várias culturas: a
mochica, na costa norte do Peru atual, a de Nazca, em sua costa sul, e muitas outras nos
diversos vales litorâneos. Encontrou-se enorme quantidade de objetos de barro (huacos)
enterrados nas tumbas, com ilustrações de cenas do dia-a-dia que serviram de base aos
pesquisadores para reconstruir a vida dessas sociedades.
Tiahuanaco. Uma cultura toda originária do planalto expandiu-se a partir do século VII,
configurando um império que teve por capital a cidade de Tiahuanaco, na orla sul do lago
Titicaca. Notou-se sua influência do norte do Peru até o norte do Chile. Diversos estilos
artísticos tenderam à unificação. Os centros urbanos aumentaram suas áreas, e as
sociedades tornaram-se mais hierarquizadas.
Novos reinos. No século IX caiu o império de Tiahuanaco e o mapa político dos Andes

http://choli.sites.uol.com.br/povos.htm 23/09/2010
Povos Ameríndios Page 9 of 10

centrais fragmentou-se novamente. O território dividiu-se em várias entidades


autônomas. A cidade de Chanchán, capital do reino chimú, na costa norte peruana, teve
enorme desenvolvimento: as ruínas de suas construções de adobe estendem-se por uma
superfície de mais de trinta quilômetros quadrados. Houve ainda a confederação de
Chancay, no litoral central, e o reino Chincha, ao sul.
Nessa fase a cerâmica perdeu o melhor de sua criatividade artística. Em compensação,
aperfeiçoaram-se os trabalhos com metal -- ouro, prata, cobre, bronze -- e as técnicas de
tecelagem. No planalto em torno do lago Titicaca, apareceu uma cultura de que restam
numerosas chullpas, enigmáticas torres funerárias feitas de pedra.
Império inca. Em apenas cem anos de sua história o povo inca passou de alguns exíguos
territórios nos arredores de Cuzco, no começo do século XV, à posse de toda a região dos
Andes centrais, do sul da Colômbia ao noroeste da Argentina. Em 1533, ao cair sob a
conquista espanhola, essa sociedade desapareceu como a última cultura autóctone das
Américas.
Povos dos Andes meridionais. Por ocasião da chegada dos espanhóis, o sul dos Andes era
habitado pelos araucanos, formados principalmente por três grupos: picunche, mapuche e
huiliche, assemelhados na língua e na cultura. Agricultores e pastores, receberam
influência das civilizações andinas, mas se mantiveram independentes. Os povos
diaguita-calchaquies, que ocupavam o noroeste da atual Argentina, integrados com o
meio andino, criavam lhamas, cultivavam milho e batata e fortificavam com pedra suas
aldeias. Salientam-se, em sua cerâmica, as urnas funerárias. Os diaguitas, que viviam no
norte do Chile atual, tinham cultura semelhante.
Povos da área circuncaribe. A denominação circuncaribe foi dada pelos antropólogos à
área cultural de pequenos estados que se estabeleceram na costa norte da atual
Venezuela, nas Guianas de hoje, em parte da Colômbia e do Equador atuais, da América
Central e das grandes e pequenas Antilhas.
De traços culturais muito menos complexos que os das culturas andinas e centro-
americanas, os estados dessa área tinham organização política de caráter teocrático e
classes sociais bem delimitadas, com diversos graus de chefia, homens livres e escravos.
Todos esses povos praticavam a agricultura, embora só os aruaques utilizassem a
irrigação. O artesanato e o comércio dos metais estimulou os transportes, especialmente a
navegação junto às costas do Pacífico. Na parte sul da região, a cerâmica e a ourivesaria
se desenvolveram, sob influência das civilizações andinas.
Povos das selvas tropicais. De modo geral, os povos das selvas tropicais constituíram -- e
muitos constituem ainda -- pequenas sociedades coletoras ou de escassa agricultura de
subsistência. Representavam exceção, nesse quadro, os dos contrafortes orientais dos
Andes, do Equador à Bolívia, que tiveram contato com as civilizações andinas e teciam
algodão, tinham animais domésticos e cerâmica. Guerreiros ferozes, para eles era
símbolo de prestígio a posse de cabeças cortadas aos inimigos, que os jívaros aprenderam
a reduzir a um terço ou menos que o tamanho natural. Entre os numerosos grupos de
tupis-guaranis das selvas brasileiras, a belicosidade também era constante, incluindo o
canibalismo.
Um artesanato elaborado encontra-se particularmente entre os indígenas do alto Xingu,
mas um centro de excelente cerâmica, com motivos geométricos e antropomórficos, é a
ilha de Marajó, onde se considera ter existido uma civilização relacionada com as
andinas e chamada Anatutuba. Além da cerâmica, deixou como vestígios estranhas
tumbas e terraços abandonados muito antes de chegarem os portugueses.
Índios do Chaco e do cone sul. No Chaco, entre o rio Paraguai e os Andes, sempre

http://choli.sites.uol.com.br/povos.htm 23/09/2010
Povos Ameríndios Page 10 of 10

alagado no verão chuvoso, guaranis e outros povos viviam da pesca coletiva e de uma
leve agricultura que não preparavam queimando a vegetação natural, mas limpando-a a
espaços, antes das chuvas. No extremo sul do continente, as difíceis condições
geográficas impuseram o nomadismo a índios chonos, alacalufes e yahgans, de tipo físico
bem diferente dos demais povos das Américas, com o rosto mais prognata.
Alimentavam-se dos frutos do mar. Também nômades eram os grupos encontrados nos
pampas -- charruas, querandis, tehuelches, puelches, onas -- caçadores que usavam arco e
flecha e boleadeiras. Como em outros aspectos que lembravam os ameríndios norte-
americanos, logo adotaram o cavalo, o que aumentou sua mobilidade.
Índios sul-americanos hoje. Exterminados na Argentina e no Chile, dispersos e isolados
nas selvas amazônicas, os ameríndios da América do Sul só se apresentam em
populações regulares nos Andes Centrais -- Equador, Peru e Bolívia -- , onde compõem a
maior parte do campesinato. São quíchuas, aimarás e uru-chipayas, estes em poucas
centenas, nas proximidades do lago Titicaca. As características físicas desses povos são
homogêneas e boa parte de seus traços culturais remontam aos tempos dos incas. Plantam
milho e batata, criam lhamas e vicunhas, pescam, mascam coca, têm no lago Titicaca
uma embarcação muito peculiar, feita com um junco da região. Sua religião sacraliza a
natureza, de modo que vêem montanhas e rios como providos de espírito. No Paraguai
restou alguma influência dos guaranis do Chaco, especialmente no idioma, falado por
ampla parcela da população do país. Há ali até publicações e textos literários em guarani.
América, pré-história da; Ameríndias, línguas; Andinas, civilizações; Araucana, cultura;
Asteca, império; Chavín, cultura; Chibcha, cultura; Chichimeca, cultura; Chimú, império;
Esquimó; Guarani; Huari, cultura de; Inca, império; Índio brasileiro; Maia, cultura;
Mixteca, cultura; Mochica, cultura; Nazca, cultura de; Olmeca, cultura; Teotihuacan;
Tolteca, cultura; Zapoteca, cultura
VOLTAR = PRÓXIMO

http://choli.sites.uol.com.br/povos.htm 23/09/2010

You might also like