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Princípios

básicos de
Citogenética

Griffiths et al. Introdução à Genética (cap. 2)


Pierce. Genética: um enfoque conceitual (cap. 2 e 11)
Snustad & Simmons. Fundamentos de Genética (cap. 9)
Citogenética
Estudo dos cromossomos, sua
estrutura, composição, e seu
papel no desenvolvimento de
doenças e na evolução dos
organismos
Como surgiu a Citogenética?
• Séc. XIX :
desenvolvimento da
biologia celular

Walther Flemming (1878, 1882): divisão


celular e distribuição dos cromossomos

Hugo de Vries
(1848 – 1935)

• 1900: redescoberta dos Carl Correns


trabalhos de Mendel – (1864 – 1933)

princípios da
hereditariedade
Erich von Tschermak
(1871 – 1962)
Como surgiu a Citogenética?

• Início do séc. XX:


cromossomos constituem base física da herança

Theodor Boveri (1903):


Walter Sutton (1902, 1903):
continuidade
comportamento dos cromossomos
estrutural e
durante a meiose
individualidade dos
cromossomos
durante a meiose

Brachistola magna
Ouriço-do-mar
Como surgiu a Citogenética?
1ª lei de
Mendel Teoria cromossômica da
replicação do
DNA
herança
resultados de Mendel podiam ser
meiose I explicados supondo-se que fatores
hereditários fossem parte dos
meiose II cromossomos
2ª lei
de
≠ configurações
Mendel possíveis

meiose I meiose I

meiose II meiose II
Como surgiu a Citogenética?
• 1910: Thomas Morgan
Cruzamentos com Drosophila
melanogaster

Comprovação experimental
da teoria cromossômica

Início da Citogenética
Organização dos cromossomos
• Células procariotas
– Ausência de envoltório nuclear
– Molécula de DNA circular

1 μm
Organização dos cromossomos
• Células eucariotas
– Moléculas lineares de DNA
– Diplóides (2n): 2 conjuntos cromossômicos (maior
parte dos animais e vegetais superiores)

Humanos: 23 pares CROMOSSOMOS


de cromossomos HOMÓLOGOS
PAI MÃE

alelo A alelo a
Organização dos cromossomos
• Células eucariotas
– Haplóides (n): 1 conjunto cromossômico
Ex.: fungos, algas, células
reprodutivas (gametas, esporos)

– Poliplóides: múltiplas cópias dos conjuntos cromossômicos

3n
3n

6n
Odontophrynus
4n
Organização dos cromossomos
Número de pares de cromossomos em diferentes espécies
Nome popular Nome científico No de pares de cromossomos
Mosquito Culex pipiens 3
Mosca Musca domestica 6 Número de
Cebola
Sapo
Allium cepa
Bufo americanus
8
11
cromossomos varia
Arroz Oryza sativa 12 entre espécies
Rã Rana pipiens 13
Crocodilo Alligator mississipiensis 16
Gato Felis domesticus 19
Camundongo Mus musculus 20
Macaco Macaca mulatta 21 Verme Parascaris: 2n=2
Trigo Triticum aestivum 21
Humanos Homo sapiens 23
Batata Solanum tuberosum 24
Planta pteridófita Ophioglossum
Gado Bos taurus 30
reticulatum: 2n=1.260
Asno Equus asinus 31
Cavalo Equus caballus 32
Cão Canis familiaris 39
Galinha Gallus domesticus 39
Carpa Cyprinus carpio 52
Genoma humano (2n):
46 cromossomos

 2 metros de DNA!

Como todo
esse DNA
cabe em um
núcleo com
0.006 mm de
diâmetro?
Estrutura e organização dos cromossomos eucariotos

• Vários níveis de compactação


– associação do DNA com proteínas:
cromatina

• Aparência dos cromossomos


muda ao longo do ciclo celular:
em interfase os cromossomos estão
metabolicamente ativos e num grau de
compactação distinto da compactação
observada durante o ciclo mitótico
Estrutura e organização dos cromossomos eucariotos

• Nucleossomo: unidade básica da cromatina


– octâmero de histonas (H2a, H2b, H3, H4) envolto por um
segmento de DNA (2 voltas)  ~11 nm

~11 nm

DNA ligador

Nucleossomo
(8 moléculas de histona + 146
pares de bases de DNA)
Estrutura e organização dos cromossomos eucariotos

• Nucleossomo: unidade básica da cromatina


– octâmero de histonas (H2a, H2b, H3, H4) envolto por um
segmento de DNA (2 voltas)  ~11 nm

Cromatina de
núcleos em
intérfase

Nucleossomo

~11 nm
Estrutura e organização dos cromossomos eucariotos

• Histona 1: estabilização dos nucleossomos e formação de


“espiral” (solenóide)  fibra de cromatina (~ 30nm)

Histona H1

Octâmero de histonas Octâmero


de histonas
11 nm

Histona H1
Nucleossomo
Estrutura e organização dos cromossomos eucariotos

Cromatina de
núcleos em
intérfase

Cromatina de núcleos
durante ciclos de
divisão celular
Estrutura e organização dos cromossomos eucariotos

• Proteínas não-
histônicas: arcabouço
estrutural

 Super-helicoidização:
fibras de cromatina
de 30 nm formam
alças que se prendem
ao arcabouço,
formando fibras de
300 nm
Estrutura e organização dos cromossomos eucariotos

• Fibras de 300 nm se
dobram formando
fibras de ~ 700 nm arcabouço

(grau máximo de protéico

compactação)

• Cromossomos
densamente DNA
Cromossomo
empacotados metafásico com
histonas removidas
Cromossomo
metafásico
(1400 nm)

Histona 1

Nucleossomo
Fibra de (11 nm)
30 nm

Octâmeros de
histonas

Fibra de 300 nm
DNA dupla hélice
(2 nm)

Arcabouço Alças
Qual a fase ideal para
observar a estrutura
dos cromossomos em
estudos citogenéticos?

Intérfase Prófase Prometáfase Metáfase Anáfase Telófase e


citocinese
Estrutura do cromossomo metafásico
cromossomo
metafásico

Cromátides
Telômero

Braço Satélite
curto Constrição
Secundária Centrômero ou
Constrição Primária

Braço
longo
Quantas
moléculas
Constrição de DNA?
Secundária

Telômeros
Estrutura do cromossomo metafásico

Cromossomos metafásicos:
2 moléculas de DNA empacotadas
unidas pelo centrômero
Duplicação
(síntese de
 Cromátides irmãs
DNA)

Centrômero

Cromátides
irmãs

Centrômeros Cromátides irmãs


Estrutura do cromossomo metafásico
Centrômero

• Centrômero (constrição primária) Fibras do fuso

– Formado por DNA repetitivo


– Ponto de ligação das fibras do fuso Cinetócoro

(movimentação dos cromossomos


durante a divisão celular)
– Cinetócoro: complexo de proteínas – Cromátides

formação antes da divisão celular

Fuso mitótico
Estrutura do cromossomo metafásico
Posição do centrômero define a morfologia dos cromossomos
braço
curto
(p)

braço
longo
(q)

Metacêntrico Submetacêntrico Acrocêntrico Telocêntrico

Classificação de Levan e col. (1964): 4 tipos cromossômicos com relação


à razão de braços (RB)

RB= medida do maior braço (q)


medida do braço menor(p)
Estrutura do cromossomo metafásico
Cariótipo: A
Cariótipo
no, tamanho e humano
B

morfologia dos M
normal
M SM SM
cromossomos M

C
Conjunto específico SM SM SM SM SM
SM SM
de cada organismo
D E
M SM SM
A A A

F G ou
SM SM A A A
SM
XX (mulher) XY (homem)
Autossomos
Cromossomos sexuais
Estrutura do cromossomo metafásico
Diferença entre número diplóide e número fundamental:

NF = no de braços cromossômicos autossômicos (exclui sexuais)


Estrutura do cromossomo metafásico

• Telômeros: regiões terminais dos cromossomos


– Repetições de sequências específicas conservadas
→ vertebrados: (TTAGGG)n
– Células normais de humanos: 500 a 3000 repetições
– Manutenção estrutural dos cromossomos (prevenção
do encurtamento e perda de genes ativos)
Estrutura do cromossomo metafásico

• Constrições secundárias:
geralmente relacionadas às regiões organizadoras de nucléolo
(RON), que contêm genes para RNAr Telômero
Satélite

Constrição secundária
Região organizadora
de nucléolo (RON) Fibra de
cromatina

Constrição
primária Centrômero

Cinetócoro
Na intérfase:
região da
cromatina
associada ao
nucléolo
Estrutura do cromossomo metafásico
A
Cariótipo
Humanos: 5 pares humano
B

de cromossomos M
normal
M SM SM
com RON M

 satélites SM SM SM SM SM SM SM

D E
M SM SM
A A A

F G ou
SM SM A A A
SM
XX (mulher) XY (homem)
Autossomos
Cromossomos sexuais
Como identificar os pares
de cromossomos homólogos
com precisão?
Técnicas em Citogenética
Solução
Colchicina hipotônica

Gota

Fixação e
coloração
Técnicas em Citogenética

Coloração diferencial

Cromossomos metafásicos
humanos corados com
Giemsa
Técnicas em Citogenética

Coloração diferencial
Década de 70: bandeamento
cromossômico
• Bandeamento G, Q e R: tratamento
dos cromossomos com
enzimas/soluções específicas →
bandas longitudinais claras e
escuras
• Identificação mais precisa dos
homólogos e detecção de
rearranjos cromossômicos

bandas G escuras: DNA rico em bases AT e poucos genes ativos;


bandas claras: DNA rico em bases GC e muitos genes ativos
Técnicas em Citogenética

Idiograma – cariótipo humano


(bandeamento G)
Técnicas em Citogenética

Bandeamento C e NOR: coram partes específicas dos


cromossomos

Heterocromatina constitutiva
Regiões organizadoras de nucléolo
Técnicas em Citogenética
Citogenética molecular:
Hibridização in situ
fluorescente (FISH)
• Sequências de DNA específicas
hibridizadas com sondas
Técnicas em Citogenética
Citogenética molecular: Translocações

Hibridização in situ
fluorescente (FISH)
• Sequências de DNA específicas
hibridizadas com sondas
• Localização exata de um gene ou
diagnóstico rápido de um número
anormal de cromossomos

Cromossomo 21 Braço longo do


Sequências teloméricas cromossomo 9 Genes específicos/deleções
Técnicas em Citogenética
Citogenética molecular:
Hibridização in situ
fluorescente (FISH)
Aplicações da Citogenética

• Genética clínica

• Mutagênese

• Genética evolutiva
Aplicações da Citogenética

Genética clínica
Diagnóstico pré-natal – amniocentese

Placenta
Células amnióticas

Centrifugação
Fluido: análise bioquímica
Fluido amniótico
Cavidade amniótica Células: cariótipo, determinação do sexo, análise
Parede uterina bioquímica e análises do DNA

Células: análises
cromossômicas,
bioquímicas e do DNA
Aplicações da Citogenética

Genética clínica
Detecção de alterações cromossômicas
(numéricas, estruturais)

Ex.:

Trissomia do Aberrações numéricas - Deleções


cromossomo 21 cromossomos sexuais
Aplicações da Citogenética

Genética clínica
Detecção de alterações cromossômicas
(numéricas, estruturais)
Aplicações da Citogenética

Mutagênese
Avaliação do potencial genotóxico de agentes ambientais
(poluição, radiação, etc)
Aplicações da Citogenética

Mutagênese
Avaliação do potencial genotóxico de agentes ambientais
(poluição, radiação, etc)

Indicadores de poluição
(detecção de anomalias cromossômicas)
Aplicações da Citogenética
HCGO

Genética evolutiva
Comparação de cariótipos
de diferentes espécies

Homeologias
entre humanos
e primatas
próximos
Aplicações da Citogenética

Genética evolutiva
Comparação de cariótipos Rearranjo
cromossômico:
de diferentes espécies
Aplicações da Citogenética

Phyllostomidae

Gomes et al. (2018)


Material suplementar
Texto 1: Kalvaco, 2003. A citogenética.
Texto 2: Jorde et al., 2000. Cap. 6.
Citogenética clínica: a base cromossômica de
doenças humanas.
Exercício
Considerando os cromossomos metafásicos da célula
de uma espécie de gafanhoto mostrada
abaixo, determine:

a. O número diplóide (autossomos e


cromossomos sexuais)
b. O número fundamental (NF)
c. A morfologia dos cromossomos
d. Quais os tipos de gametas formados por este
macho de gafanhoto?
e. Supondo que a célula metafásica mostrada na foto
completasse o processo de divisão mitótica,
quantos cromossomos (autossomos e sexuais)
seriam observados nas células filhas?

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