You are on page 1of 2

Para Person (1999), entretanto, não há exatamente uma significativa mudança

entre as literaturas cyberpunks e pós-cyberpunks, à exceção da abordagem otimista ou


pessimista do mundo tecnológico, e que afinal não as difere tanto assim. O autor
também defende que o cyberpunk foi um subgênero pioneiro porque levou a sério a
mudança radical de temática em relação aos outros subgêneros da ficção científica, em
uma total imersão artística do mundo recriado1. O pós-cyberpunk, afirma o autor,
também se utiliza da imersão que o seu antecessor construiu, ao passo em que esses
mundos não são necessariamente distópicos ou “apocalípticos”, ou seja, a “paisagem”
social é diferenciada. Assim, ele irá afirmar que o pós-cyberpunk não é um movimento,
embora seja importante no contexto da ficção científica. As obras que são assim
definidas podem diferir da definição oficial e se tornarem híbridos, transitando entre os
diversos gêneros da ficção científica.

Dessa forma, o que presumimos e esperamos confirmar, é que o pós-cyberpunk


é na verdade um retorno a um tema anterior da ficção científica, abordado na Era
Dourada, baseado na ideia de que o futuro será melhor que o passado, e arquitetado em
torno do uso da tecnologia baseada em dispositivos realmente científicos. Prova disso é
o filme Gattaca (1997), que foi considerado pela NASA um dos filmes mais plausíveis
de ficção científica de todos os tempos, ao passo que utiliza estudos consistentes sobre
genética2. Assim, talvez a definição de pós-cyberpunk não se encaixe ao definir tais
obras, pois elas seriam melhor identificadas como “proto-cyberpunk”. No entanto, essa
discussão se atém majoritariamente no âmbito literário, que obviamente produz enorme
influência na produção fílmica, mas nosso objetivo é, todavia, discutir o campo
cinematográfico. Para isso, consideraremos analisar obras norte-americanas, e obras
japonesas, em comparação, para melhor compreender como a discussão em torno desses
dois subgêneros da ficção científica se dá.

1
“Cyberpunk realized that the old SF stricture of "alter only one thing and see what happens" was
hopelessly outdated, a doctrine rendered irrelevant by the furious pace of late 20th century technological
change”. PERSON, Lawrence. Notes towards a postcyberpunk manifesto. Slashdot, October, 1999.
Disponível em: < https://slashdot.org/story/99/10/08/2123255/notes-toward-a-postcyberpunk-manifesto>.
2
Os filmes foram ranqueados pela NASA em parceria com a Science and Entertainment Exchange.
Both Kroker’s and Postman’s visions are based on an observation on
our contemporary culture and appoint that technologies relations with power
have increasingly become dominant in our society. What Kroker suggested
through ‘cyberauthoritarianism’ or Postman suggested through ‘technopoly’-
totalitarian technocracy as he puts its-, lays emphasis on a repressive system of
governess where individual is possessed and becomes the both the ‘subject’ and
the object of ‘power’ that is derived from technology.

Bem, esse paragrafo me ajuda a pensar que tanto o pos-cyberpunk quanto o cyberpunk
sao generos que clamam pela individualidade, e criticam o sistema tecnológico pela sua
constante homogeneização, mas de formas diferentes, e é por isso que tendemos a vê-
los como gêneros distintos. No caso do cyberpunk, a crítica à falta de individualidade
proporcionada pela sociedade tecnológica é evidente pelo clima de “decadência” e pelos
conflitos filosóficos enfrentados pelos personagens. No caso do pós-cyberpunk, essa
crítica é mais sutil, já que o clima otimista nos informa que a sociedade transformou-se
na própria tecnologia, que passa a se tornar uma tecnocracia em meio à teia da
microfísica do poder, criando um ambiente de “utopia tecnológica”. No entanto, o
imaginário a respeito do “medo das máquinas” e dos seus perigos se mantém, embora
não no mesmo grau alarmante que do seu antecessor.

You might also like