You are on page 1of 26

Direito Material

Meio Ambiente e
Princípios Ambientais
1
Direito Ambiental
• Conceito: O direito ambiental pode ser entendido
como um conjunto de normas que regulam as atividades
humanas que direta, ou, indiretamente, passam a afetar
a sanidade do meio ambiente, visando a sua
preservação dos recursos ambientais*.
*Recursos Ambientais – são aqueles destinados ao sustento do
meio ambiente, capazes de manter a existência das águas, ar
atmosférico, propriedades do solo e a sobrevivência das espécies
da fauna e da flora.
“Desenvolvimento sustentável é desenvolvimento que satisfaz as
necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as
futuras gerações satisfazerem as suas próprias necessidades.”
2
Meio Ambiente
• A palavra ambiente tem origem latina: ambiens, entis:
que rodeia – pleonasmo – meio = ambiente;
• Lei 6.938/81 - Política Nacional do Meio Ambiental
(PNMA), artigo 3º, inciso I, conceitua meio ambiente
como “o conjunto de condições, leis, influências e
intergerações de ordem física, química e biológica, que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
• José Afonso da Silva conceitua meio ambiente como
sendo “a interação do conjunto de elementos naturais,
artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento
equilibrado da vida em todas as suas formas”.
3
Art. 225 da CF/88 - Macrobem -
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Todos – Art. 1º, III, da CF/88 (toda e qualquer pessoa humana teria a
possibilidade de estar adaptada à tutela desses valores ambientais);
Bem de uso comum – Propriedade é usar, gozar e dispor do bem. A
CF destaca dos bens ambientais alguns destes direitos e protegendo
bens que não suscetíveis de apropriação.
Propriedade particular – continua particular, mas há benefícios para a
coletividade;
Art. 20 da CF – bem público – domínio público – cabe ao poder público
a gestão.
4
• Art. 225 CF/88 – “Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder
público e a coletividade e o dever de fendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações”.

• Sadia qualidade de vida - Estrutura finalística do direito


ambiental (a quem se destina a norma ambiental)
• O art. 1. combinado com o 6. da CF, fixam o piso vital
mínimo: A dignidade da pessoa humana.
• O bem ambiental merece tutela tanto do Poder Público bem
como de toda a coletividade. Tutela esta que consiste em
um dever e não somente uma norma moral de conduta.
• preservá-lo para as presentes e futuras gerações - tal
preocupação veio contemplada na tutela da preservação do
patrimônio genético.

5
Norma Matriz
• Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao poder público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes
e futuras gerações.
– · Lei nº 7347, de 24.7.1985, que disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO) e dá outras providências.
· Lei nº 7802, de 11.7.1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o
armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e
embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras
providências.
· Decreto nº 98.816, de 11.1.1990, que Regulamenta a Lei n° 7802, de 1989.
· Lei nº 9605, de 12.2.1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente, e dá outras providências.
· Lei nº 9.985, de 18 de junho de 2000, que Regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III, e VII da Constituição Federal, institui o
Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências.

6
Normas de Efetividade
• § 1º - Para assegurar a efetividade desse
direito, incumbe ao poder público:
• I - preservar e restaurar os processos ecológicos
essenciais e prover o manejo ecológico das
espécies e ecossistemas;
• II - preservar a diversidade e a integridade do
patrimônio genético do País e fiscalizar as
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação
de material genético;
– Lei nº 8974, de 5.1995, que regulamenta os incisos II e V do § 1º do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas para o uso das técnicas de
engenharia genética e liberação no meio ambiente de organismos geneticamente modificados, autoriza o Poder Executivo a criar, no âmbito da
Presidência da República, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, e dá outras providências.

7
• III - definir, em todas as unidades da Federação,
espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a
supressão permitidas somente através de lei,
vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua
proteção;
– Lei 9.985/2000.
• IV - exigir, na forma da lei, para instalação de
obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se
dará publicidade; 8
• V - controlar a produção, a comercialização e
o emprego de técnicas, métodos e substâncias
que comportem risco para a vida, a qualidade
de vida e o meio ambiente;
• · Lei nº 8974, de 5.1995, que regulamenta os incisos II e V do § 1º do art.
225 da Constituição Federal, estabelece normas para o uso das técnicas de
engenharia genética e liberação no meio ambiente de organismos
geneticamente modificados, autoriza o Poder Executivo a criar, no âmbito
da Presidência da República, a Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança, e dá outras providências.

9
• VI - promover a educação ambiental em todos
os níveis de ensino e a conscientização pública
para a preservação do meio ambiente;
• VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na
forma da lei, as práticas que coloquem em
risco sua função ecológica, provoquem a
extinção de espécies ou submetam os animais
a crueldade.

10
Normas Específicas
• § 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica
obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de
acordo com solução técnica exigida pelo órgão
público competente, na forma da lei.
– Decreto-Lei nº 1985/40 – Código de Mineração,
com redação dada pelo Decreto-Lei nº 227, de
28.2.1967.
• § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas
ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os
danos causados. 11
• § 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica,
a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona
Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização
far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que
assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive
quanto ao uso dos recursos naturais.
• § 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou
arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias,
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
– Terras devolutas: ver Decreto-Lei nº 9760, de 5.9.1946, arts. 1º, 5º, 164 e
seguintes, 175 e seguintes, Leis nºs. 6383, de 6.12.1976, 6925, de
29.6.1981, Decreto-Lei nº 1414, de 18.8.1975 e Decreto 87620, de
21.9.1982.

12
• § 6º - As usinas que operem com reator
nuclear deverão ter sua localização definida
em lei federal, sem o que não poderão ser
instaladas.

13
Princípios fundamentais do
direito ambiental

DOCE DE CASCAS DE MAMÃO

Ingredientes:

cascas de mamões maduros 6,00 mamões bem lavados


açúcar 3,50 xícaras

MODO DE PREPARO:

Deixe de molho na água as cascas dos mamões de um dia para outro.


Pique-as, coloque-as numa panela e deixe ferver, acrescentando as cascas sempre
que levantar fervura. troque a água a cada fervura. Na quarta vez, deixe cozinhar por
dez minutos. Deixe esfriar, bata no liquidificador adicionando uma xícara ( chá ) de
água e passe por peneira. Leve ao fogo com açúcar até dar o ponto ( quando14
desprender do fundo da panela).

Princípio da Prevenção
É melhor evitar o dano a ter que repará-lo
• ...o dever do Poder Público e da coletividade de
proteger e preservar o meio ambiente para as presentes
e futuras gerações. Art. 225, caput da CF/88
• A preservação e a prevenção devem ser concretizadas
por meio de uma consciência ecológica, a qual deve ser
desenvolvida através de uma política de educação
ambiental.
• Na falta de consciência temos:
1- Incentivos fiscais às
• Estudo prévio de impacto ambiental (EIA/RIMA); atividades que atuem em
• O manejo ecológico; parceria com o meio
• O tombamento; ambiente e benefícios a
• As liminares; quem atue com tecnologia
• As sanções administrativas etc. limpa. (Biocombustíveis).
Fundo de recuperação do meio ambiente – mal necessário. 2- Multas e sanções –
levando-se em conta o poder
• A prevenção trata de riscos ou impactos já conhecidos
econômico do poluidor.
pela ciência.
3- Licenças administrativas,
• Sua atuação esta voltada para o momento anterior do
fiscalização, autorização.
dano - o de mero risco. 15
Princípio da Avaliação Prévia de
Impacto Ambiental
• Lei 6.938/81 (PNMA) art. 9, incs. III e IV.
• Prevê:
➢ a avaliação prévia de impactos ambientais;
➢ licenciamento ambiental e
➢ revisão de atividades potencialmente poluidoras.
• Objetivo é preventivo.
• Não se pretende impedir as atividades econômicas, mas que
elas se desenvolvam com os cuidados ambientais necessários.
• Se não houver esta avaliação prévia e a atividade for
desenvolvida, pode ser que não se consiga, depois, reparar os
impactos ambientais e é isso o que se quer evitar.
16
Princípio da Precaução
• Trata da imposição na tomada de providências acautelatórias
relativas as atividades sobre as quais não haja uma certeza
científica quanto aos possíveis efeitos negativos.
• “De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução
deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com
suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou
irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve
ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e
economicamente viáveis para prevenir a degradação
ambiental.” Declaração do Rio de 1992 - Princípio 15
• É com base neste princípio que a doutrina sustenta a
possibilidade de inversão do ônus da prova nas demandas
ambientais. IN DUBIO PRO NATURA

• Objetiva retirar e evitar a construção de estações de


Precaução Prevenção rádio-base de telefonia móvel em diversos locais do
Ação antecipada diante do país, por não haver certeza científica dos efeitos
risco. nocivos das radiações.
Risco incerto Risco certo. • Previsto na Lei de Crimes Ambientais (9.605/98, Art.
Perigo abstrato ou potencial Perigo concreto
54, § 3º).
17
Casos de Aplicação
• ANTUNES • MACHADO
• TRF 1 – Atuação conjunta entre • Suprema Corte Americana – impediu
IBAMA e órgão estadual no a construção de uma hidrelétrica
Licenciamento (LO). , 2010. Incerteza porque poderia haver a destruição do
quanto incompetência. habitat do molusco snail darter.
• TRF – Exame deu desfavorável a • França – liminar favorável ao
empresa de medicamentos. A Greenpeace impedindo o cultivo de
empresa queria q a licença fosse milho transgênico ou manipulado
liberada, antes da contra prova. geneticamente, até apresentação da
(Aplicação correta). avaliação de impacto sobre a saúde;
• DDT – proibição – causou o • Brasil – decisão no sentido de exigir
reaparecimento da malária nos que os produtores da soja trangênica
países da América do Sul, com tb façam a mesma avaliação, não
exceção da Venezuela e Equador. autorizando a comercialização até
Danos pela aplicação do PP. nova avaliação;
• “Vaca Louca” – França.
18
Princípio da Supremacia do Interesse Público
Atividade potencialmente Art. 170 da CF/88
poluidora “A ordem econômica fundada na
valorização do trabalho humano
e da livre iniciativa, tem por fim
Deve submeter ao Prévio assegurar a todos existência
Licenciamento Ambiental digna, conforme os ditames da
justiça social, observando os
seguintes princípios:
Se a atividade pode causar • VI defesa do meio, inclusive
DANO é a justificativa para o mediante tratamento
exercício do Poder de Polícia diferenciado conforme impacto
Ambiental ambiental dos produtos e
(limita, restringe o exercício da liberdade) serviços e de seus processos de
elaboração e prestação.”

19
Princípio do Direito ao
Desenvolvimento Sustentável
➢ Art. 225 CF/88
➢ Sem alterar os padrões de consumo torna-se difícil a
preservação dos recursos naturais.

➢ Deve-se considerar a variável ambiente na tomada de decisões.


➢ Busca-se a harmonia entre economia e meio ambiente. Permite-se o
desenvolvimento, mas de forma sustentável, planejada, para que os recursos
hoje existentes não se esgotem ou tornem-se inócuos.
➢ Desenvolvimento sustentável – “aquele que atende às necessidades do
presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras
atenderem às suas próprias necessidades”. Comissão Mundial do Meio
Ambiente e Desenvolvimento.
➢ Pode também ser empregado com o significado de melhorar a qualidade de
vida humana dentro dos limites da capacidade de suporte dos ecossistemas.
UICN - União Internacional de Conservação da Natureza
20
Princípio da natureza pública da proteção ambiental ou
Princípio da intervenção estatal obrigatória para a
defesa do meio ambiente Parque Ecológico de Jenipabu é aberto a visitação
Natal

In dubio pro natureza


• Decorre da previsão legal que considera o meio ambiente como uma
valor a ser necessariamente assegurado e protegido para uso de todos.
• Não é possível, em nome desse direito, apropriar-se individualmente de
parcelas do meio ambiente para o consumo privado.
• Esse princípio explica a não indenização pelo Estado, de certos limites
impostos na exploração da propriedade privada.
21
Princípio do Poluidor-Pagador
polluter pays principle

• Busca evitar a ocorrência de danos ambientais (caráter preventivo);


• Ocorrido o dano, visa sua reparação (caráter repressivo).
• Os custos sociais externos que acompanham o processo produtivo devem ser
internalizados. (deve ser levado em conta na elaboração do custo de produção)
• CF art. 225, § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independente da obrigação de reparar os danos causados.”
• Responsabilidade civil objetiva
• Prioridade da reparação específica do dano ambiental
ressarcimento do dano ambiental reparação natural
indenização em dinheiro
Poluidor
Dano Ambiental
O Dano e suas classificações
Solidariedade para suportar
os danos causados ao meio ambiente

22
Princípio do Usuário-pagador
• Os preços devem
refletir todos os custos
sociais do uso e
esgotamento do
recurso.
• Quem utiliza água para
irrigação deve pagar
pelo uso deste bem
ambiental limitado.

23
Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado
como fundamento da pessoa humana

• O legislador constituinte, no caput do Art. 225, CF, garantiu um novo direito


fundamental à pessoa humana, que é o desfrute de adequadas condições de
vida, em um ambiente saudável.
• Neste enfoque tem o Estado a obrigação de evitar riscos ambientais sérios à
vida.
• Esse novo direito fundamental, reconhecido pela Conferência da Nações
Unidas sobre o Ambiente Humano de 1972, referendado pela Declaração do
Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992 (Rio 92) e pela Carta
da Terra de 1997, vem conquistando espaço nas constituições mais
modernas como a de Portugal de 1976.
• Rio 92 Princípio 1- os seres humanos constituem o centro das preocupações relacionadas com o
desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com o
meio ambiente. 24
Princípio da participação
• Tomar parte em alguma coisa, agir em conjunto.
• A CF diz que deve haver atuação do Estado e da
sociedade civil na proteção e preservação de meio
ambiente.
• O principio da participação é um elemento do
Estado Social de Direito, pois os direitos sociais são
a estrutura essencial a uma sustentável qualidade
de vida.
• Para efetivação da ação em conjunto é necessária a
informação (art. 220, § 1º CF/88) e a educação
ambiental (art. 225, § 1º, VI, CF/88) em uma • Educar ambientalmente é: reduzir os
relação de complementariedade. custos ambientais, à medida que a
população atuará como guardiã do meio
• A educação ambiental busca trazer uma consciência ambiente; efetivar o princípio da
ecológica ao povo, titular do direito ao meio prevenção; fixar idéias de consciência
ambiente. ecológica, que buscará a utilização de
tecnologias limpas; incentivar a
• Lei 9.795/99 - Política Nacional de Educação realização do princípio da solidariedade
Ambiental (art. 6º) – a educação ambiental deverá uma vez que o meio ambiente é único,
ser implantada no ensino formal. indivisível e de titulares
indetermináveis; efetivar o princípio da
participação, entre outras finalidades.
25
✓ Princípio Social da Propriedade

✓ Indisponibilidade do Poder Público na defesa do


meio ambiente

✓ Participação Popular na Defesa do Meio


Ambiente

✓ Princípio da Publicidade

✓ Princípio da Responsabilização das Condutas


26
Lesivas ao Meio Ambiente

You might also like