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O que é Bitcoin?

Um Guia para os Curiosos e Futuros Investidores


Escuto essa pergunta frequentemente, e cada vez acho que consigo responder a ela
um pouquinho melhor. Nesse artigo quero cobrir as formas mais legais que já usei
para explicar os aspectos relativos ao Bitcoin. Quero que todos entendam o que é o
Bitcoin, não no aspecto técnico (isso aí é so para quem é especialista em
criptografia, redes, e várias outros ramos da ciência da computação), mas como
essa tecnologia funciona na prática, e por que as pessoas estão falando tanto nisso.
Vamos nos aprofundar um pouco nos princípios por trás do Bitcoin, sem explicar
como eles funcionam matematicamente, mas explicando qual a mágica que eles
fazem, que permite que algo tão brilhante e revolucionário como o Bitcoin funcione.

O Bitcoin é um protocolo
Bitcoin é um sistema de comunicação que funciona através da Internet. Na ciência
da computação a gente chama esses sistemas de protocolo. Você consegue acessar
qualquer página da Web tanto do seu celular, como do computador de casa ou do
seu trabalho, não importa o país que o sítio web esteja hospedado. Isso é porque o
protocolo que os servidores usam para disponibilizar os websites, e que os
navegadores usam para mostrar os sites é o mesmo. Os protocolos funcionam
como línguas universais, que permitem que os vários computadores diferentes da
Internet consigam se comunicar para realizar diferentes tarefas específicas.

Outro exemplo de protocolo famoso é o email: não importa o cliente de email que
você use, se você usa o Gmail, Hotmail, ou o e-mail da sua empresa, seu email
chega em qualquer caixa postal do mundo. Isso só é possível porque os servidores
de email espalhados pela internet todos “falam” o mesmo protocolo de email.

Os protocolos para você acessar páginas da internet e para você enviar email
funcionam em modo cliente-servidor: existe um cliente (você) que se comunica
com um servidor (por exemplo, o servidor web que te entregou essa página que
você está lendo agora, ou os servidores do Gmail). Existem protocolos que não
fazem essa distinção: todo cliente é também um servidor. Esses protocolos são
chamados de peer-to-peer, ou p2p. Um exemplo é o protocolo Bittorrent, que é
usado para compartilhamento de arquivos. Para as autoridades é fácil tirar um site
específico do ar (basta mandar desligar o servidor responsável pelo site), mas é
muito difícil interferir no funcionamento de um protocolo p2p, pois não ha nenhum
servidor central que eles podem mandar desligar. É justamente por esse motivo
que o protocolo Bittorrent é usado para compartilhamento de músicas, filmes e
séries: os detentores de direitos autorais podem chorar e espernear junto às
autoridades, mas elas não tem como impedir o funcionamento de um protocolo
p2p.

O Bitcoin é um protocolo também, e um protocolo p2p, desses que não pode ser
desligado pelas autoridades. Não existe um servidor central responsável pelo
Bitcoin: todos os participantes do protocolo Bitcoin são ao mesmo tempo clientes e
servidores desse sistema. O Bitcoin é um sistema de comunicação que funciona em
cima da Internet, e nada mais que isso. Da mesma forma que não existe uma
empresa responsável pelo e-mail, não existe uma empresa responsável pelo
Bitcoin. Ele é apenas um protocolo de comunicação.

1. O que é Bitcoin?
2. Para que serve o Bitcoin?
3. Como os Bitcoins são armazenados?
4. Como os Bitcoins são transferidos?
5. Como os Bitcoins são criados?
6. Resumo
7. Dúvidas mais Frequentes

Para que serve o Bitcoin?


Cada protocolo tem uma utilidade. Veja bem, o e-mail serve para enviar cartas
digitais, a Web serve para gente navegar na internet, o Bittorrent serve para
baixarmos nossas séries de TV nossos arquivos públicos. E pra que serve o Bitcoin?

O protocolo Bitcoin define uma unidade digital, chamada de bitcoin (em minúsculo),
e o protocolo faz três coisas com esses Bitcoins:

1. Lembrar que determinadas chave digitais tem um valor em Bitcoin


associados a elas.
2. Permitir a transferência de valores em Bitcoin de uma chave digital para
outra.
3. Gerar valores em Bitcoin e distribui-los entre as chaves digitais dos seus
usuários.

Vamos entender como que essas 3 funções permitem que o Bitcoin funcione como
uma moeda digital descentralizada. Essas funções estão na verdade interligadas.
Pra facilitar, vamos entender cada função de uma vez, e no final você vai encaixar
as peças do quebra cabeça para entender como o protocolo como um todo
funciona.

Como os Bitcoins são armazenados?


Se não existe ponto central para controlar o Bitcoin, quem guarda o banco de
dados com a informação de qual chave digital tem um certo bitcoin associado à ela?
Quem é responsável por atualizar esse banco de dados à medida que as transações
são feitas? Quem é responsável por verificar se as transações não são fraudulentas,
e que dinheiro não está sumindo ou aparecendo do nada?

A resposta é simples: todo mundo. Todo usuário do bitcoin, ao utilizar algum


software com o protocolo Bitcoin, se conecta a vários outros usuários do protocolo
através da Internet. Na primeira vez que o usuário entra no serviço, ele baixa dos
outros usuários uma cópia completa do banco de dados contendo absolutamente
todos as chaves digitais que possuem propriedade sobre algum valor em Bitcoin.

Isso significa que uma pessoa que tem Bitcoins não armazena o Bitcoin em si, mas
uma chave digital, que todo mundo está em consenso que tem autoridade sobre
um determinado valor em Bitcoin.

As informações sobre as transações passam de um usuário de Bitcoin para outro,


de forma descentralizada.

Mais a frente vamos entender como isso pode funcionar na prática. O ponto
importante a capturar agora é que todos os usuários do Bitcoin devem possuir uma
cópia do banco de dados completo: qual chave digital tem quantos Bitcoins.
Lembre-se também que um usuário de Bitcoin está sempre conectado a outros
pares, enviando e recebendo novidades a cerca das transações que estão sendo
realizadas.

Como os Bitcoins são transferidos?


A chave digital que falamos anteriormente é na verdade um par de chaves: a chave
privada e a chave pública. A chave pública é criada a partir da chave privada, e
você pode informar ela para todo mundo. A chave privada é um segredo que só o
detentor da chave digital sabe.

Podemos fazer uma metáfora aqui: é como se a sua chave pública fosse seu
endereço de email: você pode informar ele para qualquer pessoa. E sua chave
privada seria a senha do seu email, que só você sabe. Você informa a sua chave
pública para quem quer falar com você, mas mantém sua chave privada em
segredo. Outra metáfora: é como se sua chave pública fosse sua conta no banco
(agência e número) e a chave privada, sua senha.

Para facilitar, vamos chamar as chaves públicas em Bitcoin de endereços, e as


chaves privadas de carteiras.

A matemática brilhante por trás dessas chaves digitais dão uma propriedade
interessante a elas: da mesma forma que só quem tem a senha de um certo email
pode enviar mensagens usando esse email, só quem sabe a chave privada (a
carteira) relativa à uma chave pública (um endereço) pode assinar mensagens
digitais criadas com esse endereço.

O protocolo Bitcoin guarda na verdade quantos Bitcoins cada endereço tem. Só o


detentor da carteira relativa à esse endereço a pode assinar transferências digitais
de Bitcoins de um endereço para outro. É assim que os Bitcoins são transferidos: é
criada uma mensagem digital originária do endereço que tem algum Bitcoin,
transferindo-a para outro endereço. A mensagem tem que ter uma assinatura
digital válida, e só quem consegue gerar essa assinatura é o detentor da chave
privada (carteira) associada à chave pública (endereço).

O criador da mensagem de transação então a transfere para outros usuários do


Bitcoin, e cada um passa a mensagem adiante pros seus pares também, em
cascata. Desse modo, em apenas alguns segundos após a transmissão da
mensagem pelo autor, todos os participantes do Bitcoin ficam sabendo que a
transação aconteceu.

Quando um participante do protocolo recebe uma mensagem digital contento uma


transação de Bitcoin de alguém, ele primeiro verifica se a transação é válida
(assinatura digital certinha e transferindo Bitcoins que, de acordo com o banco de
dados local dele, realmente são de propriedade do endereço de origem). Apenas se
a mensagem for válida, ele a transmite para seus pares, e atualiza seu banco de
dados interno, aplicando a transferência.

Se um participante tentar alterar uma transação, por exemplo, colocando o


endereço dele no lugar do que está recebendo os Bitcoins, e tentar transmitir essa
transação forjada, a assinatura digital deixa de ser válida. Se qualquer pedacinho
da transação original mudar, a assinatura digital já deixa de ser válida. Outros
participantes simplesmente descartam todas as transações que não forem válidas.
Isto é, transações que não são feitas pelo verdadeiro dono da carteira em questão
são sumariamente descartadas, não importa se quem criou elas foi a Dilma, o
Obama ou o Papa.

Essa carteira, ou chave digital privada, é simplesmente um numero muito grande,


que é um segredo que só o detentor da carteira conhece. Quem souber o número
tem acesso total à carteira. Esse número é imenso: ele pode variar de zero até um
número com mais de 70 dígitos. Se você escolher um numero aleatório qualquer
nesse espaço, não tem a menor chance de alguém “adivinhar” qual número você
escolheu, mesmo usando o poder de todos os computadores do mundo por vários
bilhões de anos.

A chave pública, ou endereço, também é um número, que é gerado a partir da


chave privada (carteira), de forma que cada endereço tem uma carteira associada a
ela. No protocolo Bitcoin, esse número é transformado para o formato textual, o
famoso endereço Bitcoin. Esse é um exemplo de endereço Bitcoin:

1G2ompg3Pg4HMVRTvKh9jW3po93XuUwMTc
A pessoa só precisa desse texto-endereço para enviar Bitcoins para o detentor do
mesmo. Se você enviar algum Bitcoin para esse endereço minha mãe vai
agradecer, pois esse endereço é de uma carteira controlada por ela. Para facilitar,
endereços são frequentemente apresentados como QR codes. Então o endereço
pode ser uma sequência horrível de caracteres aleatórios, mas não se preocupe que
não será necessário memorizar ou digitar um endereço Bitcoin. Ou ele é copiado-e-
colado ou ele é escaneado via QR code.

Então para ter um endereço Bitcoin seguro, basta escolher uma chave privada, que
será a sua carteira, o que nada mais é que um número aleatório bem grande, e
gerar a chave pública equivalente, que é o seu endereço Bitcoin. Mantendo sua
carteira segura, você já pode começar a receber Bitcoins no seu endereço Bitcoin.
Para isso, basta que alguém tenha uma carteira cujo endereço tem Bitcoins
associadas a ela assine uma transação transferindo esses Bitcoins pro seu
endereço.

Você não precisa se registrar em nenhuma empresa, fornecer todos os seus


documentos, assinar contratos imensos, nada disso. Também não é necessário
entender esses conceitos complexos explicados nesse post. Qualquer pessoa no
mundo em qualquer país com internet pode baixar um programa capaz de se
conectar a rede Bitcoin, gerar um endereço Bitcoin e começar a participar da rede,
sem pedir permissão para ninguém.

Daqui para frente, quando vc ouvir ou ler que alguém “tem” Bitcoins, lembre-se
que isso significa que a pessoa é detentora de uma chave privada, ou carteira cuja
chave pública ou endereço recebeu Bitcoins de alguém.

Até aí está tudo lindo, mas existe um problema crucial com as transferências de
Bitcoin que apresentamos aqui: e se uma pessoa cria duas transferências de Bitcoin
ao mesmo tempo, do mesmo endereço origem para pra dois endereços destino
diferentes? Ela pode transmitir uma transação para um participante do protocolo, e
outra transação para outro participante. Como a rede faz para que todos
concordem qual a transação que valeu de verdade? Esse é o problema do gasto
duplo.

Como os Bitcoins são criados?


Se quem criou o Bitcoin tivesse simplesmente gerado todos os Bitcoins quando o
protocolo foi criado, dificilmente as pessoas iam querer ter algum Bitcoin. Não teria
a menor graça criar uma moeda digital na qual uma entidade começa com todas as
moedas. É dessa forma que os governos funcionam, o governo tem o controle total
sobre a moeda de um país, cria o tanto que ele achar que deve e a distribui entre o
povo. O Bitcoin funciona de uma forma muito melhor, através de um mecanismo
para distribuir a moeda de uma forma justa e ainda de quebra resolver junto o
problema do gasto duplo.

Gerar Bitcoin exige bastante trabalho, e isso torna o Bitcoin impossível de falsificar,
portanto muito mais seguro do que as moedas dos governos que existem hoje.

Existe uma forma, e apenas uma, de gerar Bitcoins: ajudar com a segurança da
rede para evitar os gastos duplos. Para evitar os gastos duplos, as transações são
“validadas” por alguns usuários especiais do protocolo, conhecidos como
mineradores. Esses usuários ficam trabalhando com um “arquivo” que contém as
ultimas transações realizadas, que ainda não foram validadas. O papel dos
mineradores é encontrar uma chave de validação criptográfica para esse arquivo,
que só pode ser encontrada através de bilhões de tentativas e erros. É caro
encontrar essa chave, o minerador gasta energia elétrica e poder computacional
tentando. Quando algum minerador encontra essa chave de validação, ele publica
esse arquivo com a chave, que é chamado de bloco, para todos os participantes do
protocolo conectados a ele. Quando um participante do Bitcoin recebe um bloco
válido, com a assinatura certa e com transações válidas, ele é passado adiante, de
forma que em apenas alguns segundos depois de um bloco válido ser produzido por
um minerador, todos os participantes do Bitcoin já ficam sabendo desse bloco.

O bloco não pode conter nenhuma transação de gasto duplo, para isso o minerador
decide quais transações ele vai incluir no bloco dele. Se o minerador publicar um
bloco com alguma transação inválida ou de gasto duplo, o bloco não seria válido, e
portanto seria sumariamente rejeitado pelos outros participantes do Bitcoin.
Igualmente, se ao receber o bloco, um participante tentar altera-lo, removendo
uma transação por exemplo, a chave de validação do bloco deixa de ser válida, e o
bloco fraudado passa a ser rejeitado.

A dificuldade de achar a chave de validação para um bloco varia de acordo com o


número de pessoas gerando blocos, quanto mais gente tentando gerar blocos, mais
difícil fica. O objetivo é que em média algum minerador consiga produzir um bloco
válido a cada 10 minutos.

As propriedades criptográficas da maneira como esses blocos usam suas chaves de


validação para se conectarem uns com os outros torna os blocos quase impossíveis
de serem alterados. A segurança de um bloco aumenta quando um outro bloco é
publicado na frente dele, de forma que quando 6 outros blocos são publicados na
frente do bloco contento a transação, a probabilidade da cadeia de blocos se
reverter, anulando essa transação, é nula. Assim, essa transação é considerada
definitivamente confirmada e irreversível após 6 confirmações, ou após 6 blocos
confirmando a transação serem publicados por mineradores.
Para conseguir impedir a validação de transações, usuários maliciosos tem que ter
mais poder computacional que todos os mineradores. E hoje o conjunto de todos os
mineradores do protocolo Bitcoin forma de longe o computador distribuído mais
poderoso do mundo. Nenhum governo ou entidade privada conseguiria reunir poder
computacional suficiente para rivalizar o conjunto de todos mineradores. E é
justamente isso que garante a segurança do Bitcoin contra ataques.

O minerador que consegue calcular a chave da validação do bloco recebe uma


recompensa. Além das transações das que ele recebeu e incluiu no bloco, ele deve
incluir uma transação extra especial, transferindo Bitcoins quentinhos recém-
criados do nada para o endereço que ele quiser! É assim que Bitcoins são criados: a
cada novo bloco, o minerador autor do bloco recebe uma recompensa em Bitcoin.

A quantidade de Bitcoins a ser criada é fixa. No início, o autor de cada bloco recebia
50 Bitcoins pelo seu trabalho. Depois de uma certa quantidade de blocos pre-
definidos, a recompensa caiu pela metade: hoje o criador dos blocos pode incluir
para si apenas uma transação gerando 25 Bitcoins. Se algum minerador hoje
publicar um bloco criando 50 Bitcoins, ao invés de 25, o bloco será rejeitado
sumariamente pelos outros usuários. E daqui a alguns anos, a recompensa vai cair
para 12.5 Bitcoins por bloco, e assim por diante, até que em algumas décadas,
todos os 21 milhões de Bitcoins serão gerados, e nenhum novo Bitcoin será criado.

Por esse motivo, o Bitcoin é visto como uma espécie de ouro digital: ele é escasso,
apenas uma quantidade limitada de Bitcoins vai existir. O que é completamente
diferente das moedas dos governos que são emitidas a bel-prazer dos governantes.
Aqui no Brasil, no passado, e agora na Argentina, no presente, a emissão
desenfreada de moeda é uma forma do governo tirar para si o poder de compra dos
cidadãos que trabalharam duro para fazer uma poupança ou aposentadoria.

No Bitcoin não é possível uma emissão extra surpresa, pois é o algoritmo que
regula o ritmo de produção de Bitcoin, que é previsível e conhecido por todos. O
software Bitcoin de referência é de código aberto e pode ser inspecionado por
qualquer um. Qualquer um também pode alterar o código do aplicativo Bitcoin de
referência. Também é possível ou propor melhorias ao protocolo, que depois de
aprovadas pelos desenvolvedores mais ativos são ultimamente votadas pelos
mineradores através do próprio protocolo Bitcoin. O voto da maioria dos
mineradores é que decide qual mudança pode entrar no protocolo ou não.

Resumo
A pergunta que mais frequente que recebo é “o que confere valor aos Bitcoins? O
que ‘banca’ eles?” A verdade é que nada banca eles. Em sociedades primitivas,
conchas marinhas especiais, ou pedras raras, eram usadas para representar valor e
facilitar trocas entre as pessoas. Essas conchas não serviam para nada além de
intermediar as trocas. Muitos argumentam que o ouro tem o seu valor por ter
utilidade na indústria, mas a verdade é que o valor industrial do ouro hoje é muito
menor do que o valor de mercado dele. As pessoas valorizam o ouro por que ele é
escasso e as pessoas do mundo inteiro concordam que o ouro é valioso. É por isso
que jóias de ouro são mais caras que jóias de aço cirúrgico.

O que dá valor ao papel azul retangular com um peixe, tão cobiçado por nós?
Certamente não é o valor artístico do peixe desenhado. Convencionou-se que esse
papel tem valor (cada vez menos valor, diga-se de passagem). O governo brasileiro
obrigou o povo a usa-lo como meio de pagamento. O que impede de que os
brasileiros, e o resto do mundo todo entrarem em acordo que Bitcoins tem valor?
A história mostra que a única coisa necessária para que algo tenha valor para ser
utilizado como meio de troca é que seja escasso e divisível em partes menores.

E o Bitcoin atende a isso, e tem inúmeras vantagens em relação aos meios


existentes. Vou falar as mais gritantes:

1. Transferência global, instantânea, quase de graça, pela internet.


2. Não ha a necessidade de contas bancárias, os milhões de humanos que hoje
não tem acesso a banco só precisam de um Smartphone para poder usar o
Bitcoin.
3. Custo mínimo de transação. E não importa se você está transferindo Bitcoins
para comprar um cafezinho ou um iate, o impacto da transação no protocolo
é o mesmo, portanto a micro-taxa de transação também é a mesma.
4. Transferências sem risco de fraude. É matematicamente impossível fraudar
Bitcoins. Uma vez que uma transação receba 6 confirmações, o que demora
uma hora, é impossível revertê-la. Transações de cartão de crédito levam
até 90 ou 120 dias para serem irreversíveis.
5. Com Bitcoin, gastar a mais para ter um intermediador garantindo a
segurança do comprador é opcional. Isso permite que negociações pela
Internet aconteçam sem intermediações de administradoras de banco ou
cartões.
6. Ninguém pode confiscar ou congelar o seu dinheiro. Nenhum juiz pode
ordenar que a matemática pare de funcionar. Você pode memorizar suas
chaves privadas, caso seja necessário. Seu Bitcoin ninguém te tira!
7. É possível programar funções especiais nas transações de Bitcoin. Farei um
post especial sobre isso depois.

Quando a internet se tornou disponível para ser usada na casa das pessoas, na
década de 90, visionários acreditavam que aquilo mudaria o rumo do mundo, pois a
Internet era uma tecnologia descentralizada, que permitia coisas que eram
impossíveis de serem feitas de outra forma. Os que diziam que a internet
substituiria o correio, lojas, o telefone, os jornais, eram taxados de lunáticos.

Percebo que o mesmo está acontecendo agora. O Bitcoin possibilita coisas novas,
que não são possíveis com o sistema financeiro global atual. Pela dificuldade de uso
e baixa adoção, muitos acreditam que o Bitcoin é uma bolha, ou uma febre
passageira. Há até mesmo desinformados que, não entendendo como a tecnologia
funciona, afirmam que é uma pirâmide financeira. A maioria das mentes brilhantes
do mundo discorda, percebendo que a facilidade de uso e adoção são ganhos
graduais de qualquer tecnologia nova. Não se sabe se o Bitcoin é o protocolo que
chegou para ficar, mas todos concordam que cripto-moedas vão conquistar o
mundo. E a medida que o tempo passa, o Bitcoin vai se tornando cada dia mais
usado, ganhando força, credibilidade e momento. Considerando isso, eu acho difícil
que algum outro protocolo de criptomoeda consiga rivalizar com o Bitcoin.

Dúvidas mais Frequentes

O que são Bitcoins para a Receita Federal? Devo pagar impostos sobre eles?
Ano passado, a Justiça Federal publicou uma nota que dá a entender que
propriedades em Bitcoins devem ser declaradas, considerando seu valor
equivalente em moeda local, e da mesma forma, ganhos relativos a valorização de
Bitcoins devem ser declarados.

A Receita Federal tupiniquim, no entanto, está longe de conseguir os recursos


necessários para conseguir fiscalizar Bitcoins, que são quase impossíveis de
rastrear, por isso eu não conheço ninguém que tenha declarado nada relativo à
Bitcoins para a receita.

Qual o incentivo que os mineradores terão para continuar trabalhando na


segurança da rede, depois que todos os Bitcoins forem gerados?
A cada transferência realizada, pode ser anexado um valor de Bitcoin a mais, uma
pequena taxa de transação. Além dos Bitcoins de geração, o minerador coleta
também todos os Bitcoins deixados de “gorjeta” nas transações para si mesmo.
Hoje a quantidade de “gorjeta” que fica em cada bloco é bem pequena, pois cada
transação geralmente deixa apenas algumas frações de centavo para o minerador.
Mas em um futuro de algumas décadas em que o Bitcoin se torne bastante
utilizado, a soma das taxas de transação de todos os utilizadores vai ser mais que
suficiente para motivar os mineradores a continuar trabalhando e mantendo a rede
segura.

Já que existe um numero finito de Bitcoins, se a moeda começar a ser usada em


massa, Vão existir Bitcoins suficientes para todo mundo?
Vão sim. Cada Bitcoin pode ser dividido em até 8 casas decimais, ou em 100
milhões de unidades menores. Serão gerados 21 milhões de Bitcoins. Isso nos dá
um número imenso de unidades mínimas de Bitcoin, mais do que a quantidade de
grãos de areia dos mais de 200Km de praia do estado de Alagoas. E se mesmo
assim faltar, o protocolo pode ser atualizado para trabalhar com frações ainda
menores de Bitcoin.

Não é ineficiente que todo mundo tenha uma cópia completa do banco de dados?
Na verdade, não é bem assim. Podem existir clientes leves que não armazenam o
banco de dados completo, mas apenas as transações que aconteceram em relação
à carteira dela. Os aplicativos de Bitcoin para celular funcionam assim.

O que acontece se eu perder meu computador ou celular e não tiver backup da


minha carteira de Bitcoin?
Nesse caso, os seus Bitcoins estão perdidos para todo o sempre. Isso é equivalente
a pegar uma barra de ouro e jogar ela em um local aleatório no fundo no oceano
pacífico. O gasto necessário para recuperar a chave (ou a barra de ouro) excede
em muito o valor dela. Não existe poder computacional na terra que possibilite
recuperar uma chave privada a partir de uma chave pública, nem se usarmos todos
os computadores da terra por milhares de anos nessa tarefa. Do mesmo modo,
mesmo se usarmos todos os robôs-submarinos do mundo para procurar a barra por
todo o oceano durante milhares de anos, provavelmente não conseguiríamos acha-
la.

Por isso é imprescindível que o usuário de Bitcoin guarde um backup da sua


carteira protegido por senha em algum local. A maioria dos softwares Bitcoin faz
isso automaticamente.

Como eu faço para minerar Bitcoins?


No passado (2009) era possível minerar Bitcoins com um computador de mesa. O
protocolo foi se popularizando, e com mais mineradores a dificuldade aumentou.
Inventaram uma nova forma de minerar Bitcoins usando placas de vídeos
normalmente utilizadas para renderizar gráficos super realistas de jogos. Foi nessa
época que eu comecei a minerar. Isso fez com que a dificuldade subisse tanto, que
ficou impraticável minerar com computadores de mesa. Depois disso, inventaram a
mineração via hardware de teste industrial, que gastava muito menos energia e era
muito mais rápido. A dificuldade deu outro salto, tirando os mineradores que
usavam placa de video da brincadeira. Em seguida, inventaram a mineração via
ASICS, que são chips processadores especializados nos cálculos necessários para
minerar, ainda mais eficientes.

Como posso conseguir Bitcoins?


Você pode comprar em mercados de compra e venda no exterior, via Bitstamp,
através de transferência direta via conta bancária. No Brasil, temos os excelentes
mercado de compra e venda, 100% legalizados: BitInvest e BitcoinToYou.

Para os fãs de tecnologia e exploradores de coisas novas, é possível ainda


conseguir Bitcoins através do sistema brasileiro Rippex.

Você também pode conseguir Bitcoins oferecendo seus serviços profissionais ou


vendendo seus produtos via Bitcoin. É mais fácil do que você imagina!

Por que o preço do Bitcoin varia tanto?


Dois motivos: especulação e valorização da moeda. A medida que mais pessoas
usam o Bitcoin para vender bens e serviços, mais ele é valioso. E além disso,
especulares acreditam que a moeda vai ser valorizar, e compram e vender grandes
quantidades. Os mercados de compra e venda de Bitcoin também costumam ter
uma comissão muito menor do que outros mercados, o que é extremamente
convidativo para traders e daytraders especuladores.

O que garante a segurança dos blocos de transação, impedindo que eles sejam
fraudados?
Cada bloco tem uma referência para chave de validação do bloco anterior, com
excessão, obviamente do primeiro bloco, publicado pelo criador(a) do Bitcoin em
2009. Os blocos formam portanto uma sequência. Essa sequência de blocos é
chamada de blockchain, ou cadeia de blocos. Essa cadeia de blocos é toda validada
pelas chaves de validação dos blocos. Se você tentar mudar alguma coisa em um
bloco antigo, a chave de validação desse bloco muda, e o bloco que está a frente
deixa de ser válido pois ele inclui uma referencia para a chave de validação do
bloco anterior. Isso gera um efeito em cascata que requer que todos os blocos a
frente do bloco alterado tenham suas chaves de validação recalculadas.

Como existem muitos mineradores, nenhuma pessoa consegue gerar as chaves de


validação mais rápido do que os mineradores todos em conjunto. Quando o
fraudador terminar de calcular as chaves dos blocos que ele tentou fraudar, os
mineradores já vão ter produzido mais blocos, de forma que o fraudador sempre
vai estar atrás dos mineradores na produção de blocos válidos.

Já aconteceu de uma transação validada em bloco ser anulada?


Quanto mais antigo o bloco, mais improvável é que alguém consiga alterar o bloco,
anulando uma transação dele, pois para isso é necessário calcular todas as chaves
de validação mais rápido que todo mundo.

Os usuários do Bitcoin sempre aceitam a cadeia de blocos mais longa como a


“verdadeira”. Se em algum momento um usuário de Bitcoin recebe uma cadeia
maior do que a que ele tem, ele abandona a cadeia que ele tem e passa para outra
cadeia de blocos, maior. Um evento raro, mas pode acontecer.
Por exemplo, dois mineradores podem acabar produzindo blocos ao mesmo tempo,
com transações conflitantes. Nesse ponto, existem duas cadeias de blocos
diferentes, mas com o mesmo tamanho.

Nesse caso, cada minerador escolhe um dos blocos, e começa a calcular a chave do
novo bloco, usando a chave de validação do bloco anterior que ele escolheu. Um
minerador vai descobrir um bloco eventualmente, e a cadeia de blocos escolhida
por ele vai ficar maior. Nesse ponto, todos os usuários vão convergir pra essa
cadeia mais longa de blocos que emergiu. É importante notar que isso é um
acontecimento raro. Por isso, quando uma transação é incluída em um bloco, a
transação é considerada como validada, praticamente irreversível. Quando 6 blocos
são publicados na frente do bloco em qual a transação é incluída, a transação tem
uma chance quase nula de ser revertida, por isso é considerada confirmada e
irreversível.

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