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CONCURSO – POLICIA CIVIL – MG – ESCRIVÃO I

1 – A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988

Os direito e garantias fundamentais tomam por base os direitos humanos reconhecidos no âmbito
internacional. Com efeito após o processo de internacionalização dos direitos humanos vieram o de
regionalização de tais direitos e o de incorporação, transpondo-as para o ordenamento interno.

Com efeito, quando se fala em institucionalização dos direitos e garantias fundamentais, refere-se
ao modo pelo qual a Constituição brasileira disciplina os direitos e garantias fundamentais.

 Flavia Piovesan utiliza a expressão institucionalização de direitos e garantias fundamentais para


compreender a forma como os direitos humanos se compõem ao texto constitucional, tanto no
aspecto estrutural quanto no aspecto histórico.

- Histórico: o processo de redemocratização do Brasil

O principal fator que influenciou o tratamento da temática é o fato de que a Constituição de 1988
demarcou o processo de democratização do Brasil, consolidando a ruptura com o regime autoritário
militar instalado em 1964. Após um período de 21 anos, o regime militar ditatorial no Brasil caiu,
deflagrando-se num processo democrático. As forças de oposição foram beneficiadas neste processo de
abertura, conseguindo relevantes conquistas sociais e políticas. Este processo culminou a Constituição de
1988.

A grosso modo, o período considerado como de redemocratização vai desde o governo Ernesto
Geisel até a eleição indireta de Tancredo Neves, que morreria pouco antes de assumir o poder, resultando
na posse de José Sarney, cujo período na presidência inicia o que se costuma dominar Nova República.

O regime militar estava na verdade implodindo com uma inflação galopante que estes não
conseguia controlar, denúncias de corrupção por todos os lados que surgiam com o levantamento da
censura, perda de confiança da população no governo, e as sucessivas perdas nas eleições legislativas do
partido governista, a ARENA. Tais fatores contribuíram para que a abertura politica fosse mais que um
gesto de boa vontade do governo. Era um gesto de um regime acossado pela crise e que se ressentia da
força das manifestações populares, cada vez mais constantes.

O ponto máximo do período de redemocratização foi sem duvida o movimento pelas Direta-Já,
campanha que mobilizou milhões no final do mandado do presidente João Figueiredo, buscando
pressionar o Legislativo a aprovar a chamada Emenda Dante de Oliveira, de autor do parlamentar mato-
grossense, e que restituía o voto direto para presidente. A campanha pelas Diretas-Já marcou a década de
80 no Brasil, e uniu personalidades de todos os campos em torno do desejo do voto, que acabaria
frustado, pois a Emenda não foi aprovada. O candidato apoiado pelo povo, porem, venceria as eleições
indiretas, mas causando mais uma nova frustação no povo, morreria antes de assumir. Seu nome:
Tancredo Neves; em seu lugar, assumiria seu vice, José Sarney, um verdadeiro democrático de ultima
hora, politico originário da ARENA, o partido de apoio do Regime Militar, e de seu sucessor, o PDS.

- Lei da Anistia: uma mancha no processo de redemocratização?


A lei da anistia ( perdão), Lei n° 6.683/1979, anistiou os crimes políticos praticados no período da
ditadura.

Art.1° “ É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 02 de setembro de 1961 e 15
de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexo com estes, crimes eleitorais aos que tiveram
seus direitos políticos suspensos e aos servidores da Administração Direta e Indireta, de fundações
vinculadas ao poder público, aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciário, aos Militares e aos
dirigentes e representantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares.
Consideram-se conexos, para qualquer efeito deste artigo, os crimes de qualquer natureza
relacionados com crimes políticos ou praticados por motivação política. “

O questionamento parte do fato de que a legislação não apenas anistiou os crimes praticados por
aqueles perseguidos pelo regime ditatorial, como também aqueles crimes praticados pelo regime
ditatorial e por seus funcionários, inclusive tortura.

A comissão Americana dos Direitos Humanos entendeu que a lei de anistia é óbice (empecilho) ao
acesso a justiça, impedindo o esgotamento dos recursos internos, o que permitiria o acesso direto á
jurisdição internacional ( Caso Vladimir Herzog)

- A posição dos direitos fundamentais no novo texto constitucional

A partir da Constituição de 1988, os direitos humanos ganharam relevo extraordinário, sendo este
documento mais abrangente e pormenorizado de direitos humanos já adotado no Brasil.

Piovesan lembra que o texto de 1988 inova ao disciplinar primeiro os direitos e depois as
questões relativas ao Estado, diferentemente das demais, o que demonstra a prioridade conferida a estes
direitos. Logo, o Estado não existe para o governo, mas sim para o povo.

- Axiologia da Constituição de 1988: hegemonia dos princípios

O texto constitucional é formado por expressões de cunho valorativo importantíssimo em termos


de proteção de direitos humanos consagrados, a exemplo: cidadania ( art.1°,II); dignidade da pessoa
humana ( art.1°, III), sociedade livre, justa e solidaria (art.3°,I); bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação ( art. 3°, IV); prevalência dos
direitos humanos ( art. 4°, II); inviolabilidade do direito a vida, á liberdade, á igualdade, á segurança e á
propriedade ( art. 5°, caput); direitos sociais (art.6°, caput); soberania popular( art.14, caput),etc.

Talvez a expressão mais relevante, se é que é possível delimitar somente uma , seja a dignidade
da pessoa humana, que acaba por englobar todas as demais. Assim, reconhece-se a pessoa humana
enquanto ser digno, aos quais são garantidos direitos e deveres fundamentais, e isto abre espaço para
compreender o Direito apenas tendo em vista ditames éticos.

A abertura da Constituição brasileira a valores e princípios sustentadas no principio da dignidade


da pessoa humana confere novo sentido á ordem jurídica, rompendo com as barreiras do positivismo.
Questões

1 – A Declaração Universal dos Direitos Humanos, retomando os ideais da Revolução Francesa,


representou a manifestação histórica de que se formara, enfim, no âmbito universal, o reconhecimento
dos valores supremos da igualdade, da liberdade e da fraternidade. Em decorrência disso, os direitos
fundamentais expressos na Constituição Federal de 1988:

- como na Declaração Universal dos Direitos Humanos, esses direitos fundamentais possuem força
vinculante e, inclusive, estão no topo do ordenamento brasileiro.
- A constituição trata a igualdade de forma a aceitar a desigualdade entre as pessoas como algo bom para
a sociedade, pluralista. Mesmo nas deficiências estão fonte de conhecimento e saber.
- Obrigam que o princípio de solidariedade seja interpretado como base dos direitos econômicos e sociais,
que são exigências elementares de proteção ás classes ou aos grupos sociais mais fracos ou necessitados.
O principio da solidariedade ou da fraternidade está erigido no direito internacional dos direitos humanos
como uma obrigação de todos que vivem em sociedade para com os demais. Assim, é preciso
solidariedade, destinando aos mais necessitados e fracos proteção especial. Isso envolve, inclusive, a
destinação específica de recursos econômicos e serviços sociais a estas pessoas que mais necessitam.
- Tratam a liberdade como um princípio politico quando um principio individual.

2 – A Constituição Federal de 1988 pode ser considerada, na historia do Brasil, o documento mais
abrangente e pormenorizado sobre os direitos humanos até então adotado. Sobre a constituição de 1988,
e correto que:

- Alargou o campo dos direitos e das garantias fundamentais, com a CF/1988


- É a primeira vez que uma Constituição assinala, especificamente, objetivos do Estado brasileiro.
- Inclui os direitos sociais, a nacionalidade e os direitos políticos no rol dos direitos e garantias
fundamentais.
- A CF/88 é uma das mais avançadas do mundo no que diz respeito á afirmação de direitos e garantias
fundamentais,

2 – NOÇÕES GERAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS


Teoria geral dos direitos humanos é o estudo dos direitos humanos, desde os seus elementos
básicos como conceito, características, fundamentação e finalidade , passando pela análise histórica e
chegando a compreensão de sua estrutura normativa.
Na atualidade, a primeira noção que vem á mente quando se fala em direitos humanos é a dos
documentos internacionais que os consagram, aliada ao processo de transposição para as Constituições
Federais dos países democráticos ( teoria positivista).
Logo, um conceito preliminar de direitos humanos pode ser estabelecido: direitos humanos são
aqueles inerentes ao homem enquanto condição para sua dignidade que usualmente são descritos em
documentos internacionais para que sejam mais seguramente garantidos. A conquista de direitos da
pessoa humana é, na verdade, uma busca da dignidade da pessoa humana, em todos os seus bens
jurídicos essenciais.
O direito natural se contrapõe ao direito positivo, localizado no tempo e no espaço: tem como
pressuposto a ideia de imutabilidade de certos princípios, que escapam à história, e
a universalidade destes princípios transcende a geografia. A estes princípios, que são dados e não postos
por convenção, os homens têm acesso através da razão comum a todos (todo homem é racional), e são
estes princípios que permitem qualificar as condutas humanas como boas ou más, qualificação esta que
promove uma contínua vinculação entre norma e valor e, portanto, entre o Direito e Moral.
As premissas dos direitos humanos se encontram no conceito de lei natural. Lei natural é aquela
inerente á humanidade, independentemente da norma imposta, e que deve ser respeitada acima de
tudo. O conceito de lei natural foi fundamental para a estruturação dos direitos dos homens, ficando
reconhecido que a pessoa humana possui direitos inalienáveis e imprescritíveis, válidos em qualquer
tempo e lugar, que devem ser respeitados por todos os Estados e membros da sociedade. O direito
natural é, então , comum a todos e , ligado á própria origem da humanidade, representa um padrão geral,
funcionando como instrumento de validação das ordens positivas.
O direito natural , na sua formulação clássica, não é um conjunto de normas paralelas e
semelhantes ás do direito positivo, e sim o fundamento desde direito positivo, sendo formados por
normas que servem de justificativa a este, por exemplo: “ deve se fazer o bem”, “ dar a cada um o que lhe
é devido”, “ a vida social deve ser conservada”, “ os contratos devem ser observados”, etc.
O desrespeito ás normas de direito natural – e porque não dizer de direitos humanos – leva á
invalidade da norma que assim o preveja ( Ex: autorizar a tortura para fins de investigação penal e
processual penal não é simplesmente inconstitucional, é mais que isso, pode ser invalida perante a ordem
institucional de garantia de direitos naturais/humanos uma norma que contrarie a dignidade inerente ao
homem sob o aspecto da preservação de sua vida e integridade física e moral).
Entre outros documentos a partir dos quais tal concepção começou a ganhar forma, destacam-se:
Magna Carta de 1215, Bill of Rights ao final do século XVII e Constituições da Revolução Francesa de 1789
e Americana de 1787. No entanto, o documento que constitui o marco mais significativo para a formação
de uma concepção contemporânea de direitos humanos é a Declaração Universal de Direitos Humanos de
1948. Após ela, muitos outros documentos relevantes surgiram, como o Pacto Internacional de Direitos
Civis e Políticos e Pacto Internacional de Direitos Humanos, Sociais e Culturais, ambos de 1966, entre
outros.
Os Direitos Humanos possuem as seguintes características principais:
 Historicidade: Os direitos humanos possuem antecedentes históricos relevantes e, através dos
tempos, adquirem novas perspectivas. Nesta característica se enquadra a noção de dimensões de
direitos.
 Universalidade: os direitos humanos pertencem a todos e por isso se encontram ligados a um
sistema global (ONU), o que impede o retrocesso.
 Inalienabilidade: Os direitos humanos não possuem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são
intrasferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do comercio, o que evidencia uma
limitação do principio da autonomia privada.
 Irrenunciabilidade: Direitos humanos não podem ser renunciados pelo seu titular devido á
fundamentalidade material destes direitos para a dignidade da pessoa humana.
 Inviolabilidade: Os direitos humanos compõem um único conjunto de direitos porque não podem
ser analisados de maneira isolada, separada.
 Imprescritibilidade: Os direitos humanos não se perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez
que são sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela falta de uso ( prescrição)
 Complementaridade: Os sistemas regionais descentralizam a ONU para respeitar a
complementaridade , ou seja, os diferentes elementos de base cultural, religiosa e social das
diversas regiões.
 Interdependência: as dimensões de direitos humanos apresentam uma relação orgânica entre si,
logo, a dignidade da pessoa humana deve ser buscada por meio da implementação mais eficaz e
uniforme das liberdades clássicas, dos direitos sociais, econômicos e de solidariedade como um
todo único e indissolúvel.
 Efetividade: Para dar efetividade aos direitos humanos a ONU se subdivide, isto é, o tratamento é
global mas certas áreas irão cuidar de determinados direitos de suas regiões. Além disso, há uma
descentralização para os sistemas regionais para preservar a complementaridade, sem a qual não
há efetividade. Reflete tal característica a aplicabilidade imediata dos direitos humanos previstas
no art. 5°, paragrafo 1 da CF
 Relatividade: O principio da relatividade dos direitos humanos possui dois sentidos: por um, o
multiculturalismo existente no globo impede que a universalidade se consolide plenamente, de
forma que é preciso levar em consideração as culturas locais para compreender adequadamente
os direitos humanos; por outro, os direitos humanos não podem ser utilizados como um escudo
para praticas ilícitas ou como argumento para afastamento ou diminuição da responsabilidade
por atos ilícitos, assim os direitos humanos não são ilimitados e encontram seus limites nos
demais direitos igualmente consagrados como humanos.
A finalidade primordial dos direitos humanos é garantir que a dignidade do homem não seja violada,
estabelecendo um rol de bens jurídicos fundamentais que merecem proteção inerentes, basicamente, aos
direitos civis ( vida, segurança, propriedade e liberdade), políticos ( participação direta e indireta das
decisões politicas), econômicos (trabalho), sociais ( igualdade material, educação , saúde e bem-estar),
culturais ( participação na vida cultural), e ambientais ( meio ambiente saudável, sustentabilidade para
futuras gerações). Percebe-se uma proximidade entre os direitos humanos e os direitos fundamentais do
homem, o que ocorre porque o valor da pessoa humana na qualidade de valor-fonte da ordem de vida em
sociedade fica expresso juridicamente nestes direitos fundamentais do homem.
Ainda no âmbito da teoria geral, estuda-se a estrutura normativa dos direitos humanos. Na verdade,
ela se assemelha com a estrutura normativa do próprio direito internacional, já que os direitos humanos
designam notadamente os direitos afirmados universalmente em documentos internacionais, registrados
perante organizações internacionais diversas.
Globalmente, coexistem sistemas geral e especial de proteção de direitos humanos, que
funcionam complementarmente. Nesta linha, o sistema especial realça o processo de especificação do
sujeito de Direito, passando ele a ser visto em sua especificidade e concreticidade ( ex: criança, grupos
vulneráveis, mulher). Já o sistema geral é endereçado a toda e qualquer pessoa, concebida em sua
abstração e generalidade. Não obstante, junto ao sistema normativo global existem os sistemas
normativos regionais de proteção, internacionalizando direitos humanos no plano regional, notadamente
Europa, America e Africa, cada qual com aparato jurídico junto com o próprio sistema nacional de
proteção( caráter interno).
 Sistema Global de Proteção: Estabelece-se notadamente no âmbito da Organização das Nações
Unidas, primeira e mais importante organização internacional no processo de internacionalização
dos direitos humanos. Ela foi criada em 1945 para manter a paz e segurança internacionais, bem
como promover relações de amizade entre as nações, cooperação internacional e respeito aos
direitos humanos. Ao lado da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, a Carta das
Nações Unidas de 1945 é considerada um dos principais marcos á concepção contemporânea de
direitos humanos.
 Sistema Regional de Proteção: Os sistemas de proteção regionais mais consistentes são o
interamericano e o europeu. O africano também, aos poucos, toma novos rumos, enquanto que o
islamo-arábico permanece na total inefetividade. O Brasil faz parte do sistema interamericano de
proteções de direitos humanos.

Após a criação da OEA ( Organização dos Estados Americanos), foi elaborado o mais importante
documento de proteção de direitos humanos no âmbito interamericano, o Pacto de San José da Costa
Rica, também chamado de Convenção Americana sobre Direitos Humanos, de 1969.
O processo preparatório do chamado Pacto de San José teve presente a questão da coexistência e
coordenação da nova Convenção regional com os instrumentos internacionais de direitos humanos das
Nações Unidas. Com a entrada em vigor da Convenção, prevendo o estabelecimento de uma Comissão e
uma Corte Interamericanas de Direitos Humanos, surgiram questões como a “transição” entre o regime
pré-existente e o da Convenção no tocante ao labor da Comissão.
Destacam-se, ainda, documentos regionais interamericanos voltados á proteção de determinados
direitos humanos: Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher
de 1994, Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as
Pessoas Portadoras de Deficiência de 1999, Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura de
1985, etc.
 Sistema Nacional de Proteção: O sistema interno de proteção dos direitos humanos se
forma com a institucionalização destes direitos no texto das Constituições democráticas,
bem como com a incorporação no âmbito interno dos tratados internacionais dos quais o
país seja signatário, devido o processo legal.

 Os direitos humanos são universais, históricos, inalienáveis, irrenunciáveis, invioláveis,


indivisíveis imprescritíveis, complementares, interdependentes , efetivos, relativos. A finalidade
primordial dos direitos humanos é a proteção da dignidade da pessoa humana.

- Os barões feudais ingleses, em uma reação ás pesadas taxas impostas pelo Rei João Sem-Terra,
impuseram-lhe a Magna Carta – Magna Charta Libertatum de 1215. O referido documento, em sua
abertura, expõe a noção de concessão do rei aos súditos, estabelece a hierarquia social sem conceder
poder absoluto ao soberano, prevê limites á imposição de tributos e ao confisco, constitui privilégios á
burguesia e traz procedimentos de julgamento ao prover conceitos como o de devido processo legal,
habeas corpus e júri. Não que a carta se assemelhe a uma declaração de direitos humanos,
principalmente ao se considerar que poucos homens naquele período eram de fato livres, mas ela foi
fundamental naquele contexto histórico de falta de limites ao soberano.
- O Iluminismo lançou base para os principais eventos que ocorreram no início da Idade
Contemporânea, quais sejam as Revoluções Francesa, Americana e Industrial. Tiveram origem nestes
movimentos todos os principais fatos do século XIX e do início do século XX, por exemplo, a disseminação
do liberalismo burguês, o declínio das aristocracias fundiárias e o desenvolvimento da consciência de
classe entre os trabalhadores.
 A perspectiva contemporânea de direitos humanos emerge no contexto do Pós-
Segunda Guerra Mundial, tendo como marcos:
- Carta da ONU, de 1945, que institui a Organização das Nações Unidas.
- Tribunal de Nuremberg, em 1946, que julgou os líderes nazistas por crimes contra a
humanidade.
- Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, que é o primeiro documento a
reconhecer materialmente os direitos humanos.

Questões

1 – Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Adotada e proclamada pela resolução 217A(III) da
Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10 de Dezembro de 1948, como um ideal comum a ser atingido
por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada individuo e cada órgão da sociedade,
tendo sempre em mente esta Declaração, se esforcem, através do ensino e da educação, por promover
respeito a estes direitos e liberdades ,e , pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e
internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre
os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

– Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão: Foi omitido no fim da Revolução Francesa

- Constituição da Republica Federativa do Brasil ( Preâmbulo): é um documento nacional, não tem a


perspectiva internacional e é datada de 1988.

- Convenção Interamericana dos Direitos Humanos de São José da Costa Rica: É um tratado internacional
emitido pela OEA no ano de 1969.

2 - A verdadeira consolidação do Direito Internacional dos Direitos Humanos surge em meados do século
XX, em decorrência da Segunda Guerra Mundial, por isso o moderno Direito Internacional dos Direitos
Humanos é um fenômeno do pós-guerra. As que corroboram (confirmam) com este enunciado são:
- As violações dos direitos humanos no governo de Hitler permitiram a reflexão que gerou a
internacionalização dos direitos humanos. Em nenhum momento, se entendeu que a guerra seria
necessária para fazer valer tais direitos. Pelo contrário, a paz é um dos principais fundamentos do sistema
internacional de proteção dos direitos humanos.
- A internacionalização dos direitos humanos constitui um movimento extremamente recente da
história, surgido a partir do pós-guerra, como proposta ás atrocidades e aos horrores cometidos durante
o nazismo. Se a Segunda Guerra significou a ruptura com os direitos humanos, o pós-guerra deveria
significar sua reconstrução.
- No momento em que os seres humanos se tornam supérfluos e descartáveis, no momento em
que vige a lógica de destruição, em que cruelmente se abole o valor da pessoa humana, torna-se
necessária a reconstrução dos direitos humanos como paradigma ético capaz de restaurar a logica do
razoável. Os absurdos evidentes cometidos durante a Segunda Guerra Mundial fizeram com que fossem
abertos os olhos da humanidade sobre a necessidade de se preservar um mínimo ético na aplicação do
Direito, estruturando Direitos Humanos essenciais e inatos á pessoa humana como base numa logica do
razoável – os limites da razoabilidade para a defesa do Estado em detrimento da pessoa humana.
- A barbárie do totalitarismo significou a ruptura do paradigma dos direitos humanos, por meio da
negação do valor da pessoa humana, como valor fonte do direito. Essa ruptura fez emergir a necessidade
da reconstrução dos direitos humanos como referencial e paradigma ético que aproxime do direito da
moral. Percebe-se nos regimes totalitaristas a completa negação da pessoa humana a partir do momento
em que se colocam apenas algumas pessoas como sujeitos de Direito, deixando as demais marginalizadas.
Finda a Segunda Guerra mostra-se necessário estruturar um sistema no qual todo ser humano seja
necessariamente colocado como titular de direitos inatos.

3 – GERAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS

É pacifico que as três primeiras dimensões de direitos humanos envolvem: 1) direitos civis e
públicos (LIBERDADE), 2) direitos sociais , econômicos e culturais, ( IGUALDADE MATERIAL).; 3) Direitos
ambientais e de solidariedade ( FRATERNIDADE). Destaca-se que as três primeiras dimensões dos direitos
remetem ao lema da Revolução Francesa: “Liberdade, igualdade, fraternidade”
Em relação a primeira dimensão de direitos, inicialmente, denota-se a afirmação dos direitos a
liberdade , referente aos direitos que tendem a limitar o poder estatal e reservar parcela dela para o
indivíduo ( liberdade em relação ao Estado), sendo que posteriormente despontam os direitos políticos,
relativos ás liberdades positivas no sentido de garantir uma participação cada vez mais ampla dos
indivíduos no poder político ( liberdade no Estado). Os dois movimentos que levaram á afirmação dos
direitos de primeira dimensão, que são os direitos de liberdade e os direitos políticos, foram a Revolução
Americana, que culminou na Declaração da Virginia (1776), e a Revolução Francesa, cujo documento
essencial foi a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789).
Quanto á segunda dimensão, foram proclamados os direitos sociais, expressando o
amadurecimento das novas exigências como as de bem-estar e igualdade material (liberdade por meio do
Estado). Durante a Revolução Industrial tomaram proporção os direitos de segunda dimensão, que são os
direitos sociais, refletindo a busca do trabalhador por condições dignas de trabalho, remuneração
adequada, educação e assistência social em caso de invalidez ou velhice, garantindo o amparo estatal á
parte mais fraca da sociedade.
Ao lado dos direitos sociais, chamados de segunda geração, emergiram os chamados direitos de
terceira geração, que constituem uma categoria ainda heterogênea e vaga, mas que concentra na
reivindicação do direito de viver num ambiente sem poluição.

Em Resumo:

1ª Geração – LIBERDADE – Direitos civis e políticos – Marco histórico: Revoluções Francesas,


Americana e Gloriosa
2ª Geração – IGUALDADE – Direitos econômicos, sociais e culturais – Marco histórico:
Revolução Industrial
3ª Geração – FRATERNIDADE – Direitos difusos e coletivos – Marco histórico: Fim da Segunda
Guerra Mundial e surgimento da ONU.

Questões

1 – São exemplos de direitos econômicos: - Transporte ligado a produção, Pleno emprego, Previdência
Social, Direitos do trabalhador. O direito de ser transportado ao local de trabalho e o direito ao pleno
emprego são ambos repercussão do direito ao trabalho, clássico direito social/econômico, de segunda
dimensão.

- A segurança individual é direito civil, o direito do consumidor é direito civil ou direito coletivo, o direito
ao meio ambiente sadio é direito difuso.

A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 E OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS


HUMANOS
Os direitos e garantias expressos nesta constituição não excluem outros decorrentes do regime e
os princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil
seja parte.

Para um tratado internacional ingressar no ordenamento jurídico brasileiro deve ser observado
um procedimento complexo, que exige o comprimento de quatro fases: a negociação ( bilateral ou
multilateral, com posterior assinatura do Presidente da Republica), submissão do tratado assinado ao
Congresso Nacional ( que dará referendo por meio do decreto legislativo), ratificação do tratado (
confirmação da obrigação perante a comunidade internacional) e a promulgação e publicação do tratado
pelo pelo Poder Executivo.

Regra geral, os tratados internacionais comuns ingressam com força de lei ordinária no
ordenamento jurídico brasileiro porque somente existe previsão constitucional quanto á possibilidade da
equiparação ás emendas constitucionais se o tratado abranger a matéria de direitos humanos.

Antes da Emenda Constitucional nº 45/04 que alterou o quadro quanto aos tratados de direitos
humanos, era o que acontecia, ou seja, tratados de direitos humanos possuem caráter de lei ordinária,
mas isso não significa que tais direitos eram menos importantes. Na verdade, após a Constituição de 1988
passou-se a afirmar que os tratados de direitos humanos
são mais do que leis ordinárias, mas fontes de direitos implícitos, o que mostra a primazia dos direitos
humanos.
Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/04, que introduziu o §3º ao artigo 5º da
Constituição Federal, os tratados internacionais de direitos humanos foram equiparados
às emendas constitucionais, desde que houvesse a aprovação do tratado em cada Casa do Congresso
Nacional e obtivesse a votação em dois turnos e com três quintos dos votos dos respectivos membros.
É possível que um tratado de direitos humanos anterior à Emenda Constitucional nº 45/04
adquira caráter constitucional? Sim, basta que este tratado seja submetido a uma nova votação no
Congresso Nacional, desta vez nos moldes da Emenda (2 turnos, quórum de 3/5). Feito isto, se encerraria
qualquer controvérsia e o caráter do tratado passaria a ser de norma constitucional.

Em Resumo:

- Artigo 5o, § 3o, CF: 2 turnos em cada casa do Congresso Nacional + 3/5 de quórum
- Tratados de direitos humanos incorporados após 1988, sem o procedimento do artigo 5o, §3o, CF: status
supralegal.
- Tratados de direitos humanos incorporados nos moldes do procedimento do artigo 5o, §3o, CF: status de
emenda constitucional.

QUESTÕES

1 - Nos termos do inciso LXVII do art. 5° da Constituição Federal de 1988, “ não haverá prisão civil por
divida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntario e inescusável de obrigação alimentícia e a
do depositário infiel”. Á luz de decisão do Supremo Tribunal Federal, considerando os termos do Pacto
Internacional dos Direitos Civis e Políticos, assim como a Convenção Americana dos Direitos Humanos, é
correto afirmar sobre a previsão constitucional da prisão civil do depositário infiel que não foi revogada,
porém deixou de ter aplicabilidade diante do efeito paralisante destes tratados.

2 – No que diz respeito ao Direito Internacional dos Direitos Humanos, são corretos:
- Pode-se afirmar que se trata de um ramo do Direito que surgiu após a Segunda Guerra Mundial. O
Direito Internacional dos Direitos Humanos, na forma como é concebido hoje, surge a partir da criação da
Organização das Nações Unidas no contexto pós- Segunda Guerra.
- São direitos inscritos ( positivados) em tratados ou em costumes internacionais.
- Os tratados internacionais sobre Direitos Humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes ás
emendas constitucionais.
- A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em
Nova York, em 30 de março de 2007, foram recepcionados no ordenamento nacional e equivalem a
emenda constitucional, em que traz o único documento aprovado com o status de emenda constitucional
no Brasil.

O SISTEMA INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

Organização das Nações Unidas


A Organização das Nações Unidas funda-se em ideário muito diferente daquele da Liga das
Nações, pois se percebeu que o estabelecimento de uma organização internacional restrita a países
vitoriosos, prejudicando de maneira notável os perdedores, poderia servir de motivação para outros
incidentes contrários á paz mundial, a exemplo do que foi a Segunda Grande Guerra.
“ O novo organismo so seria eficaz caso contasse com a aprovação das grandes potencias. No
entanto, ela não poderia restringir-se tão somente aos grandes Estados, pois seria o oposto ao espirito
universalista apresentando como base da nova organização internacional. Afinal, a uma verdadeira
cooperação internacional”.
“ Até a fundação das Nações Unidas, dia 24 de outubro de 1945, não era seguro afirmar que
houvesse, Direito Internacional Público, preocupação consistente e organizada sobre os temas dos
direitos humanos. O mesmo entrou em vigor quando efetuado o deposito dos instrumentos de ratificação
dos membros permanentes do Conselho de Segurança e da maioria dos outros signatários. Após, muitos
pais ingressaram na ONU. Por isso, os membros podem ser divididos entre originários e admitidos, não
havendo diferenças entre direitos e deveres e relação a eles.
Assim a Organização das Nações Unidas foi criada em 1945 para manter a paz e a segurança
internacionais, bem como promover relações de amizade entre as nações, cooperação internacional e
respeito aos direitos humanos. A Carta da ONU também é chamada de Carta de São Francisco, uma vez
que foi elaborada na Conferencia de São Francisco.
O artigo 2 da Carta consolida o principio da igualdade entre todos os membros, de modo que cada
membro das Nações Unidas tem a obrigação de respeitar todas as diretivas da carta de 1945 com boa fé e
solucionar suas controvérsias internacional prioritariamente de modo pacífico.
O descumprimento dos preceitos da Carta pode gerar suspensão ou, nos casos mais graves,
expulsão, mediante recomendação do Conselho de Segurança á Assembleia Geral, conforme artigos 5° e
6°, embora nunca tenham ocorrido na pratica nenhuma das hipóteses.

Assembleia geral

Trata-se do órgão supremo da OEA, que, segundo o artigo 54 da Carta da OEA, tem entre suas
atribuições gerais decidir a ação e a política gerais da OEA, estruturar e delimitar funções e atividades dos
órgãos, fortalecer a cooperação com as Nações Unidas e outras organizações internacionais com objetivos
análogos, aprovar orçamento, adotar normas de funcionamento da Secretaria, aprovar seu próprio
regulamento (quórum: 2/3). “Todos os Estados membros têm direito a fazer-se representar na
Assembleia Geral. Cada Estado tem
direito a um voto”
A reunião ordinária ocorrerá anualmente em locais diferentes consoante ao princípio do rodízio
(artigo 57, Carta OEA), mas é possível realizar convocações extraordinárias mediante aprovação de 2/3
dos Estados-Membros dirigida ao Conselho Permanente (artigo 58, Carta OEA).
A Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores deverá ser convocada a fim de
considerar problemas de natureza urgente e de interesse comum para os Estados
americanos, e para servir de Órgão de Consulta
O Conselho é formado por representantes de todos os Estados, indicados especialmente com o
título de embaixador. Ele apresenta, segundo a Carta, uma ambígua situação. Não há reconhecimento
expresso de seu caráter, e nenhum artigo define claramente suas funções e tarefas. Esta flexibilidade
institucional permite ao Conselho participar, de maneira ampla e nebulosa, em diferentes atividades da
OEA”. Entre as comissões ligadas ao Conselho Permanente destacam-se: Corte Interamericana de Direitos
Humanos CIDH, Comissão Interamericana de Direitos Humanos (disciplinadas no Pacto de São José da
Costa Rica) e Comissão Jurídica Interamericana (órgão consultivo em assuntos jurídicos).
A Comissão Jurídica Interamericana tem por finalidade servir de corpo consultivo da Organização
em assuntos jurídicos; promover o desenvolvimento progressivo e a codificação do direito internacional;
e estudar os problemas jurídicos referentes à integração dos países em desenvolvimento do Continente,
bem como a possibilidade de uniformizar suas legislações no que parecer conveniente”, conforme o
artigo 99 e especificações dos artigos 100 a 105 da Carta da ONU.
A Secretaria-Geral é órgão permanente e administrativo da Organização, exercendo atribuições
designadas pela Assembleia e especificadas na Carta (artigos 107, 111 e 112, Carta OEA). Será eleito pela
Assembleia um Secretário-Geral com mandato de 5 anos, permitida uma reeleição, não se aceitando
sucessão por outro da mesma nacionalidade (artigo 108, Carta OEA). “A Assembleia Geral, com o voto de
dois terços dos Estados membros, pode destituir o Secretário-Geral ou o Secretário-Geral Adjunto, ou
ambos, quando o exigir o bom funcionamento da Organização” (artigo 116, Carta OEA).
As Conferências Especializadas são reuniões intergovernamentais destinadas a tratar de assuntos
técnicos especiais ou a desenvolver aspectos específicos da cooperação interamericana e são realizadas
quando o determine a Assembleia Geral ou a Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores,
por iniciativa própria ou a pedido de algum dos Conselhos ou Organismos Especializados”
Todos os membros das Nações Unidas fazem parte da Assembleia Geral e cada qual pode
designar até 5 representantes. Isso não significa que cada membro possa votar cinco vezes, pois a Carta é
expressa no sentido de que cada qual possui um voto.
O quórum de votação é de 2/3 dos membros presentes e votantes para as questões importantes,
ao passo que as demais questões são decididas pela maioria dos presentes e votantes. Em resumo, as
questões importantes se referem ás recomendações relativas á faz e segurança, a quaisquer questões que
envolvam a eleição de membros ( para compor conselhos, admissão, suspensão e expulsão), ao
funcionamento do sistema de tutela e ao orçamento.
São atribuições exclusivas deste órgão:
- eleger os membros não permanentes do Conselho de Segurança e os
membros dos Conselhos de Tutela e Econômico e Social;
- Votar o orçamento da ONU;
- Aprovar os acordos de tutela
- Autorizar os organismos especializados a solicitarem pareceres á CIJ;
- Coordenar as atividades destes organismos.

Além disso, a Assembleia Geral também tem competência para o recebimento e o exame de
relatórios do Conselho de Segurança e dos demais órgãos das Nações Unidas.
Este órgão se reúne ordinariamente uma vez por ano, mas é possível realizar convocações
extraordinárias, logo, não é um órgão permanente, mas sim, temporário.

Conselho de Segurança
O Conselho de Segurança é composto por quinze Membros das Nações Unidas, sendo 5
permanentes (China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos) e dez não permanentes,
eleitos pela Assembleia Geral para um mandato de 2 anos, cada qual contando com um representante
(art. 23, Carta ONU) que terá direito a um voto.
O quorum para votação é diverso daquele da Assembleia Geral. Enquanto questões processuais,
menos importantes, são tomadas pelo voto afirmativo de 9 membros, ao passo
que nas demais questões é preciso que destes 9 votos 5 sejam dos membros permanentes. Logo, se um
membro permanente votar contra impede que a decisão seja tomada pelo Conselho de Segurança
(instituto do veto). Principalmente por isso que se algum membro for parte da controvérsia deverá se
abster de votar (art. 27, Carta ONU).
O Conselho age em nome dos demais membros da ONU em prol da manutenção da paz e da
segurança mundiais, submetendo relatórios anuais à Assembleia Geral (art. 24, Carta ONU). Neste
sentido, são suas atribuições exclusivas:
a) ação nos casos de ameaça à paz;
b) aprova e controla a tutela estratégica;
c) execução forçada das decisões da CIJ”.

Conselho Econômico e Social

É composto por 54 membros, cada qual com um representante, eleitos pela Assembleia Geral, os
quais anualmente são substituídos em parte, pois anualmente é
feita eleição para parcela das vagas com mandato de 3 anos (art. 61, Carta ONU). Cada representante terá
direito a um voto e as decisões são tomadas pela maioria dos membros
presentes e votantes (art. 67, Carta ONU).
Entre suas funções está a elaboração de estudos e relatórios sobre assuntos internacionais de
caráter econômico, social, cultural, educacional, sanitário e conexos, notadamente no que tange ao
“respeito e a observância dos direitos humanos e das liberdades fundamentais”, fazendo recomendações
e efetuando consultas à Assembleia Geral e entidades especializadas, preparando projetos de convenções
e convocando conferências (artigos 62 e 63, Carta ONU). Cabe, ainda, fornecer informações ao Conselho
de Segurança quando requisitadas (art. 65, Carta ONU) e cumprir determinações da Assembleia Geral (art.
66, Carta ONU).
Destaca-se o art. 68 da Carta ONU, pelo qual cabe ao Conselho Econômico e Social criar comissões
para proteção dos direitos humanos e demais assuntos econômicos e sociais.
Devido ao disposto neste artigo foi criada a Comissão de Direitos Humanos, que no ano de 2006 deu lugar
ao Conselho de Direitos Humanos.

Conselho de Tutela

Vincula-se ao Sistema Internacional de Tutela, pelo qual territórios podem ser colocados sob
tutela quando: estiverem sob mandato, puderem ser separados de Estados inimigos em virtude da
Segunda Guerra Mundial ou forem voluntariamente colocados em tal posição por seus administradores
(art. 77, Carta ONU).
Pelo que se extrai do art. 76 da Carta ONU, a finalidade da tutela é fazer com que o território
passe a respeitar e adotar os ditames das Nações Unidas. A exemplo, praticamente todos os Estados
africanos no início das Nações Unidas se submeteram a este regime até conquistarem a independência,
isto é, serem descolonizados.
O Conselho de Tutela é composto pelos membros administradores dos territórios tutelados, além
dos membros permanentes do Conselho de Segurança quando eles não forem
administradores, e membros eleitos de modo que a cada administrador corresponda um membro eleito
não administrador (art. 86, Carta ONU), cada qual com um voto (art. 89,
Carta ONU).
Como as situações em que a tutela se faria necessária foram extintas, em 1º de Novembro de
1994 suas atividades foram suspensas e suas reuniões, antes anuais, somente devem ocorrer quando
novas situações assim exigirem.
Logo, atualmente, o Conselho de Tutela só é composto pelos cinco membros do Conselho de
Segurança, não estando em funcionamento.

Secretariado

Desempenha as funções administrativas da ONU, sendo composto por um Secretário-geral


recomendado pelo Conselho de Segurança e aprovado pela Assembleia Geral e por um grupo de pessoas
que o assiste por ele nomeado (art. 97 c.c. art. 101, Carta ONU). Além de comparecer a todas as reuniões
dos principais órgãos, o Secretário-geral deve elaborar
relatório anual à Assembleia (art. 98, Carta ONU), havendo preocupação especial da Carta da ONU com
sua imparcialidade (art. 100, Carta ONU).
“Além de suas funções administrativas, o Secretário-Geral pode exercer grande influência dentro
da organização, junto aos Estados-Membros e perante o mundo exterior.
Suas iniciativas, declarações e tomadas de posição transformam- no num dos mais importantes
personagens da política internacional”

Corte Internacional de Justiça

Trata-se do principal órgão judiciário das Nações Unidas e um dos principais instrumentos no
sistema global de proteção dos direitos humanos.
“Malgrado o nome que ostenta, não se deve imaginar que à Corte de Justiça corresponda o papel
exercido, no modelo clássico do Estado Contemporâneo, pelo Poder Judiciário. Embora a Corte seja o
principal órgão judiciário das Nações Unidas, ela dispõe de uma jurisdição eminentemente facultativa
absolutamente distinta dos órgãos judiciais internos
dos Estados”.
Embora este seja o principal órgão jurisdicional das Nações Unidas (art. 92, Carta ONU), nada
impede que membros da organização confiem a solução de seus conflitos a outros
tribunais internacionais (art. 95, Carta ONU).
O desempenho dos juízes da Corte é questionável: decidem a média de 2 casos por ano, o que
não condiz com a quantidade de conflitos que são de sua competência; costumam
adotar uma postura arbitral e fazem de tudo para satisfazerem mesmo a parte perdedora; e usualmente
se filiam às posturas políticas de seu Estado de origem, beneficiando-o nas decisões. Por isso, o principal
órgão judiciário da ONU não é tão efetivo quanto poderia ser, o que gera um mal-estar generalizado
diante da impunidade dos infratores do direito internacional.
Suas línguas oficiais são o francês e o inglês.
Corte é composta por um corpo de 15 juízes independentes, dentre pessoas com alta
consideração moral e condições para, no país de que é nacional, exercer as mais elevadas
funções judiciárias (artigos 2º e 3º, Estatuto CIJ). Seus membros são eleitos pela Assembleia Geral e pelo
Conselho de Segurança a partir de uma lista apresentada pelos grupos nacionais da Corte Permanente de
Arbitragem ou grupos indicados para este fim por Estados-membros não representado (art. 4º, Estatuto
CIJ). Nenhum grupo poderá indicar mais de quatro pessoas e nunca mais que o dobro do número de vagas
a serem preenchidas, e destas, no máximo,
duas poderão ser de sua nacionalidade (art. 5º, Estatuto CIJ). Se dois nacionais do mesmo Estado
obtiverem o mesmo número de votos, será considerado eleito o mais velho (art. 10, Estatuto CIJ).
A competência da Corte abrange todas as questões que as partes lhe submetam, bem como todos
os assuntos especialmente previstos na Carta das Nações Unidas ou em tratados e convenções em vigor
... todas as controvérsias de ordem jurídica que tenham por objeto:
a) a interpretação de um tratado;
b) qualquer ponto de direito internacional;
c) a existência de qualquer fato que, se verificado, constituiria violação de
um compromisso internacional;
d) a natureza ou extensão da reparação devida pela ruptura de um
compromisso internacional”.
Nota-se que a competência da Corte, por ser tão abrangente, pode ou não envolver questões de
direitos humanos. Assim, não se trata de tribunal internacional que julgue exclusivamente questões de
direitos humanos, mas que também as julga.
Além da função jurisdicional, a Corte desempenha função consultiva, pois tanto a Assembleia
Geral quanto o Conselho de Segurança podem solicitar parecer consultivo sobre
questão jurídica, assim como órgãos das Nações Unidas e entidades especializadas mediante autorização
da Assembleia Geral (art. 96, Carta).

Organizações Regionais

a) Sistema Africano: O sistema regional africano de proteção de direitos humanos ainda é insípido e
pouco efetivo. Basta ter em vista que embora a formação da primeira organização internacional nesta
região, a Organização da Unidade Africana - OUA, date de 25 de maio de 1963, o regime do apartheid foi
adotado de 1948 até o ano de 1994, além do que seus países somente adquiriram independência após
árduo processo de descolonização. A dificuldade da OUA em lidar com estes problemas africanos é a
principal razão de sua substituição pela União Africana - UA em 9 de julho de 2002. Esta nova organização
é baseada no modelo da União Europeia, visando promover a democracia, os direitos humanos e o
desenvolvimento econômico na Africa.

b) Sistema Islamo-árabe: Muitas são as questões que devem ser vislumbradas para compreender o
porquê do sistema islamo-árabe, apesar de existente na prática em alguns documentos regionais, tendo
sido inclusive criado um órgão específico, e na participação dos seus países perante as Nações Unidas, é
insípido e ineficaz.
De fato, a disciplina regional de direitos humanos demonstra que no sistema islamo-árabe as
perspectivas religiosas merecem destaque. Assim, na interpretação das normas
de direitos humanos, é preciso tomar como base a lei islâmica, notadamente o Corão e a Sunnah. A
secularização já torna mais complicada a luta pela universalidade e efetividade
dos direitos humanos. No entanto, não seria um problema intransponível se outro fator não estivesse
presente: o uso das premissas religiosas por parte dos governantes para fins de manutenção do poder.
Os três principais documentos regionais no sistema em estudo são: Declaração Islâmica Universal
dos Direitos Humanos, de 19 de setembro de 1981; a Declaração do Cairo de Direitos Humanos no Islã, de
5 agosto 1990; e a Carta Árabe de Direitos Humanos, de 15 Setembro de 1994.

c) Sistema Europeu: O principal documento europeu voltado à proteção dos direitos humanos é a
Convenção Europeia dos Direitos do Homem, no âmbito da qual se institui o Tribunal Europeu dos
Direitos do Homem. Referida Convenção foi aprovada e instituída pelo Conselho da Europa, organização
internacional fundada em 5 de maio de 1949, sendo a mais antiga organização europeia em
funcionamento, documentada no chamado Tratado de Londres de 1949 (Estatuto do Conselho da
Europa).

Sistema Interamericano

A Carta da Organização dos Estados Americanos, que criou a Organização dos Estados
Americanos, foi celebrada na IX Conferência Internacional Americana de 30 de abril de
1948, em Bogotá e entrou em vigência no dia 13 de dezembro de 1951, sendo reformada pelos
protocolos de Buenos Aires (27 de fevereiro de 1967), de Cartagena das Índias (5 de dezembro
de 1985), de Washington (14 de dezembro de 1992) e de Manágua (10 de junho de 1993).
Por ser uma organização continental, naturalmente, está aberta apenas a Estados independentes
americanos, além de entidades políticas que deles surjam (artigos 4º, 5º e 8º, Carta OEA). “A Assembleia
Geral, após recomendação do Conselho Permanente da Organização, determinará se é procedente
autorizar o Secretário-Geral a permitir que o Estado solicitante assine a Carta e a aceitar o depósito do
respectivo instrumento de ratificação. Tanto a recomendação do Conselho Permanente como a decisão
da Assembleia Geral requererão
o voto afirmativo de dois terços dos Estados membros” (artigo 7º, Carta OEA). Os Estados-membros
possuem iguais direitos e deveres, devendo respeitar os deveres de acordo com o direito internacional e
não podendo ter seus direitos fundamentais restringidos.
A Organização dos Estados Americanos realiza os seus fins por intermédio:
a) Da Assembleia Geral;
b) Da Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores;
c) Dos Conselhos;
d) Da Comissão Jurídica Interamericana;
e) Da Comissão Interamericana de Direitos Humanos;
f) Da Secretaria-Geral;
g) Das Conferências Especializadas; e
h) Dos Organismos Especializados.
Poderão ser criados, além dos previstos na Carta e de acordo com suas disposições, os órgãos
subsidiários, organismos e outras entidades que forem julgados necessários”.

Questões

1 - Para a proteção dos direitos humanos, o instrumento de maior importância no sistema interamericano
é a Convenção de Direitos Humanos, também denominada Pacto de San José da Costa Rica.
- Apenas Estados-membros da Organização dos Estados Americanos têm o direito de aderir á
Convenção Americana, que até em março de 2010 contava com 25 Estados-partes.
- O Decreto n°678, de 6 de novembro de 1992, promulgou a Convenção Americana sobre Direitos
Humanos ( Pacto de San José da Costa Rica) de 22 de novembro de 1969, quando ela passou a vigorar no
Brasil.
- Os Estados-partes comprometem-se a adotar as providencias, tanto no âmbito interno quanto no
externo, para efetivar cada um dos direitos reconhecidos na Convenção.

2 – Ao lado do sistema global de proteção dos direitos humanos, existem os sistemas regionais. Os
principais sistemas regionais de proteção dos direitos humanos, não incipientes, são:
Africano – O sistema africano existe e o órgão no qual se concentram
suas atividades, atualmente, é a União Africana - UA, criada
em 9 de julho de 2002.
Europeu – O principal documento europeu voltado à proteção dos direitos humanos é a Convenção
Europeia dos Direitos do Homem, no âmbito da qual se institui o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.
Referida Convenção foi aprovada e instituída pelo Conselho da Europa, organização internacional fundada
em 5 de maio de 1949, sendo a mais antiga organização europeia em funcionamento, documentada no
chamado Tratado de Londres de 1949 (Estatuto do Conselho da Europa).
Interamericano – A Carta da Organização dos Estados Americanos, que criou a Organização dos Estados
Americanos, foi celebrada na IX Conferência Internacional Americana de 30 de abril de 1948, em Bogotá, e
entrou em vigência no dia 13 de dezembro de 1951, sendo reformada pelos protocolos de Buenos Aires (27
de fevereiro de 1967), de Cartagena das Índias (5 de dezembro de 1985), de Washington (14 de dezembro
de 1992) e de Manágua (10 de junho de 1993).
Não existe um sistema asiático de proteção aos direitos humanos. Muitos países da Ásia utilizam parte
das regras do sistema europeu.

3 – Sobre a Corte Interamericana de Direitos Humanos, é correto o que se afirma em:

- A Corte Interamericana, até março de 2010, no exercício de sua jurisdição contenciosa, havia proferido
211 sentenças. O Brasil em 2006, foi condenado, pela primeira vez, pela referida Corte no caso Damião
Ximenes Lopes.
- Alguns casos que tiveram o Brasil como réu da Corte já foram julgados antes de 2011, sendo a primeira
condenação em 2006 no caso Damião Ximenes Lopes.
- Foi a delegação do Brasil que propôs a criação de uma Corte Internacional de Direitos Humanos, por
ocasião da IX Conferência Internacional Americana, realizada em Bogotá, em 1948. Esta só se
estabeleceu, no entanto, em 1979, depois da entrada em vigor da Convenção Americana sobre Direitos
Humanos.
- O Brasil reconheceu em 10 de dezembro de 1988 a competência jurisdicional da Corte Interamericana
de Direitos Humanos.

SISTEMA INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS E A REDEFINIÇÃO DA CIDADANIA NO


BRASIL.

O Direito Internacional dos Direitos Humanos, como se sabe, constitui um movimento


extremamente recente na história, surgindo, a partir do Pós-Guerra, como resposta às atrocidades
cometidas durante o nazismo. É neste cenário que se desenha o esforço de reconstrução dos direitos
humanos, como paradigma e referencial ético a orientar a ordem internacional contemporânea.
No caso brasileiro, o processo de incorporação do Direito Internacional dos Direitos Humanos e
de seus importantes instrumentos é consequência do processo de democratização. O marco inicial do
processo de incorporação de tratados internacionais de direitos humanos pelo Direito brasileiro foi a
ratificação, em 1º de fevereiro de 1984, da Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de
Discriminação contra a Mulher.
Quanto ao impacto jurídico do Direito Internacional dos Direitos Humanos no Direito brasileiro e
por força do princípio da norma mais favorável à vítima — que assegura a prevalência da norma que
melhor e mais eficazmente projeta os direitos humanos — os direitos internacionais apenas vêm a
aprimorar e fortalecer, jamais a restringir ou debilitar, o grau de proteção dos direitos consagrados no
plano normativo constitucional. A sistemática internacional de proteção vem ainda a permitir a tutela, a
supervisão e o monitoramento de direitos por organismos internacionais.
Embora incipiente (que está no começo) no Brasil, verifica-se que a advocacia do Direito
Internacional dos Direitos Humanos tem sido capaz de propor relevantes ações internacionais, invocando
a atenção da comunidade internacional para a fiscalização e controle de sérios casos de violação de
direitos humanos. No momento em que tais violações são submetidas à arena internacional, elas se
tornam mais visíveis, salientes e públicas. Diante da publicidade de casos de violações de direitos
humanos e de pressões internacionais, o Estado se vê “compelido” a prover justificações, o que tende a
implicar em alterações na própria prática do Estado relativamente aos direitos humanos, permitindo, por
vezes, um sensível avanço na forma pela qual esses direitos são nacionalmente respeitados e
implementados. A ação internacional constitui, portanto, um importante fator para o fortalecimento da
sistemática de implementação dos direitos humanos.

 Flávia Piovesan, em seu texto, efetua uma abordagem sobre a legitimação do direito internacional
dos direitos humanos e sobre o movimento de inserção da pessoa humana como sujeito de direito
internacional para que isso acontecesse, embora tal inserção seja, de fato, bastante limitada.

Questões

1 O Brasil tem revelado, nos últimos anos, crescente alinhamento á arquitetura de proteção
internacional dos direitos humanos. Diante deste posicionamento que anuncia uma esperança
emancipatória do sujeito de direitos, sob o prisma jurídico-político, em face da proteção dos
direitos humanos, é correto afirmar que:

- O Brasil, depois de condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos no Caso Escher de
novembro de 2009 e outros versus Brasil, que envolveu a interceptação e o monitoramento ilegal das
linhas telefônicas, autorizou o cumprimento da sentença e o mesmo está sendo cumprida e devidamente
supervisionada.

- O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, editando no âmbito do sistema global de
proteção dos direitos humanos, tem a ela o Segundo Protocolo ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e
Políticos, adotado em 15 de dezembro de 1989,que estabelece que cada Estado-parte deverá adotar
todas as medidas necessárias para abolir a pena de morte em sua jurisdição. O citado protocolo foi
ratificado( validado). Neste sentido, o Decreto Legislativo nº 311, de 2009, que aprova o texto do
Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, adotado em Nova Iorque, em
16 de dezembro de 1966, e do Segundo Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e
Políticos com vistas à Abolição da Pena de Morte, adotado e proclamado pela Resolução nº 44/128, de 15
de dezembro de 1989, com a reserva expressa no art. 2º.
- O Protocolo á Convenção Americana referente aos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
(Protocolo de San Salvador) foi ratificado pelo Brasil. Decreto nº 3.321, de 30 de dezembro de 1999,
promulga o Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos em Matéria de Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais “Protocolo de São Salvador”, concluído em 17 de novembro de 1988, em
São Salvador, El Salvador.

2 Podem ser considerados avanços na politica brasileira na arena internacional de proteção dos
direitos humanos:

- A assinatura do Protocolo Facultativo á Convenção contra a Tortura


- A ratificação do Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional
- A ratificação do Protocolo Facultativo á Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de
Discriminação contra a mulher
- O Brasil ainda não ratificou o Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional dos Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais, o que é considerado um retrocesso na política brasileira de proteção aos direitos
humanos.

A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 – DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Fundamentos da República

A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático e de Direito e tem como fundamentos:

 a soberania;
 a cidadania;
 a dignidade da pessoa humana;
 os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
 o pluralismo politico.

- Parágrafo único. Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta constituição.

Vamos estudar o significado e a abrangência de cada qual destes fundamentos relacionando-os com a
proteção dos direitos humanos.
Soberania

Soberania significa o poder supremo que cada nação possui de se autogovernar e se


autodeterminar. Este conceito surgiu no Estado Moderno, com a ascensão do absolutismo, colocando o
reina posição de soberano. Sendo assim, poderia governar como bem entendesse, pois seu poder era
exclusivo, ilimitado, atemporal e divino, ou seja, absoluto.

- O parágrafo único do artigo 1°, CF, prevê que “ todo o poder emana do povo, que o exerce por
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” O povo é soberano em
suas decisões e as autoridades eleitas que decidem em nome dele, representando- o, devem estar
devidamente legitimadas para tanto, o que acontece pelo exercício do sufrágio universal.
O Direito Internacional dos direitos humanos é, por sua própria natureza, um limitador de
soberania dos Estados, sendo constante o embate entre eles. Tanto é assim que a doutrina divide
posicionamentos sobre o tema:
a) Corrente 1 : Soberania é absoluta e não comporta gradações.
b) Corrente 2 : Não existe possibilidade de convivência harmoniosa entre a Soberania e o Direito
Internacional.
c) Corrente 3: Dominante: Harmonização entre os princípios de direito Internacional e o conceito de
Soberania. “ mesmo entre os juristas mais tradicionais, a soberania de hoje não é mais
tradicionais, a soberania de hoje não é mais concebida como um poder absoluto e
incondicionado: é um conjunto de competências exercidas pelo interesse geral da população
nacional, mas também, ainda que em menor medida, de acordo com os interesses gerais da
comunidade internacional como um todo. O conjunto de limitações consolida-se sobre as duas
faces da soberania interna e externa”.

Cidadania

Quando se afirma no caput ( enunciado) do artigo 1° que a Republica Federativa do Brasil é um


Estado Democrático de direito, remete-se á ideia de que o Brasil adota a democracia como regime
político.
Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime político em que o poder de tomar decisões
políticas está com os cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se reúne com os demais e, juntos,
eles tomam a decisão política) ou indireta (quando ao cidadão é dado o poder de eleger um
representante).
Portanto, o conceito de democracia está diretamente ligado ao de cidadania, notadamente
porque apenas quem possui cidadania está apto a participar das decisões políticas a serem tomadas pelo
Estado.
Tanto a nacionalidade quanto a cidadania são reconhecidas como direitos humanos na própria
Declaração Universal:

Artigo 15, DUDH


I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade.
II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de
nacionalidade.

Artigo 21, DUDH

I) Todo o homem tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de
representantes livremente escolhidos.
II) Todo o homem tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
III) A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições
periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a
liberdade de voto.

Dignidade da pessoa humana

A dignidade da pessoa humana é o valor-base de interpretação de qualquer sistema jurídico,


internacional ou nacional, que possa se considerar compatível com os valores éticos, notadamente da
moral, da justiça e da democracia. Pensar em dignidade da pessoa humana significa, acima de tudo,
colocar a pessoa humana como centro e norte para qualquer processo de interpretação jurídico, seja na
elaboração da norma, seja na sua aplicação.
Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou plena, é possível conceituar dignidade da
pessoa humana como o principal valor do ordenamento ético e, por consequência, jurídico que pretende
colocar a pessoa humana como um sujeito pleno de direitos e obrigações na ordem internacional e
nacional, cujo desrespeito acarreta a própria exclusão de sua personalidade.

Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa

Quando o constituinte coloca os valores sociais do trabalho em paridade com a livre iniciativa fica
clara a percepção de necessário equilíbrio entre estas duas concepções. De um lado, é necessário garantir
direitos aos trabalhadores, notadamente consolidados nos direitos sociais enumerados no artigo 7º da
Constituição; por outro lado, estes direitos não devem ser óbice ao exercício da livre iniciativa, mas sim
vetores que reforcem o exercício desta liberdade dentro dos limites da justiça social, evitando o
predomínio do mais forte sobre o mais fraco.
Por livre iniciativa entenda-se a liberdade de iniciar a exploração de atividades econômicas no
território brasileiro, coibindo-se práticas de truste (ex.: monopólio). O constituinte não tem a intenção de
impedir a livre iniciativa, até mesmo porque o Estado nacional necessita dela para crescer
economicamente e adequar sua estrutura ao atendimento crescente das necessidades de todos os que
nele vivem. Sem crescimento econômico, nem ao menos é possível garantir os direitos econômicos,
sociais e culturais afirmados na Constituição Federal como direitos fundamentais.
A questão resta melhor delimitada no título VI do texto constitucional, que aborda a ordem
econômica e financeira: “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na
livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes princípios [...]”. Nota-se no caput a repetição do fundamento republicano dos
valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.

Pluralismo Político

A expressão pluralismo remete ao reconhecimento da multiplicidade de ideologias culturais,


religiosas, econômicas e sociais no âmbito de uma nação. Quando se fala em pluralismo político, afirma-
se que mais do que incorporar esta multiplicidade de ideologias cabe ao Estado nacional fornecer espaço
para a manifestação política delas.
Sendo assim, pluralismo político significa não só respeitar a multiplicidade de opiniões e ideias,
mas acima de tudo garantir a existência dela, permitindo que os vários grupos que compõem os mais
diversos setores sociais possam se fazer ouvir mediante a liberdade de expressão, manifestação e opinião,
bem como possam exigir do Estado substrato para se fazerem subsistir na sociedade.

Separação dos Poderes

A separação de Poderes é inerente ao modelo do Estado Democrático de Direito, impedindo a


monopolização do poder e, por conseguinte, a tirania e a opressão. Resta garantida no artigo 2º da
Constituição Federal com o seguinte teor:
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.

Fundamentos Filosóficos

A noção de separação de Poderes começou a tomar forma com o ideário iluminista. Neste viés, o
Iluminismo lançou base para os dois principais eventos que ocorreram no início da Idade Contemporânea,
quais sejam as Revoluções Francesa e Industrial. Entre os pensadores que lançaram as ideias que vieram a
ser utilizadas no ideário das Revoluções Francesa e Americana se destacam Locke, Montesquieu e
Rousseau, sendo que Montesquieu foi o que mais trabalhou com a concepção de separação dos Poderes.

Funções típicas e atípicas

Por função típica entenda-se aquela para a qual o Poder foi criado.

a) Função típica do Poder Executivo: administrar – gerir a coisa pública e aplicar a lei;
b) Funções típicas do Poder Legislativo: legislar – alterando e criando a ordem jurídica vigente – e
fiscalizar o Executivo – fiscalizando a contabilidade, o orçamento, as finanças e o patrimônio do Executivo;
c) Função típica do Poder Judiciário: julgar – solucionar litígios e fazer valer a lei no caso concreto e,
eventualmente, em casos abstratos, como no controle de constitucionalidade.

Funções atípicas são aquelas que tradicionalmente pertenceriam a outro Poder, mas por ser tal função
inerente à sua natureza será por ele mesmo desempenhada

a) Funções atípicas do Poder Executivo: legislar – notadamente quando o Presidente da República adota
uma medida provisória (art. 62, CF) – e julgar –no que tange a defesas e recursos administrativos;
b) Funções atípicas do Poder Legislativo: auto-organizar-se (função executiva) – dispondo sobre
organização, provimento de cargos, concessão de férias e licenças a seus servidores, etc. – e julgar – a
exemplo do julgamento do Presidente da República por crime de responsabilidade pelo Senado Federal
(art. 52, I, CF);
c) Funções atípicas do Poder Judiciário: auto-organizar-se (função executiva) – dispondo sobre
organização, estrutura, concessão de férias e licenças a seus servidores, etc. – e legislar – elaborando o
regimento

Objetivos fundamentais

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:


I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação.

I – Construir uma sociedade livre, justa e solidária.

O inciso I do artigo 3º merece destaque ao trazer a expressão “livre, justa e solidária”, que corresponde à
tríade liberdade, igualdade e fraternidade. Esta tríade consolida as três dimensões de direitos humanos:
a primeira dimensão, voltada à pessoa como indivíduo, refere-se aos direitos civis e políticos; a segunda
dimensão, focada na promoção da igualdade material, remete aos direitos econômicos, sociais e
culturais; e a terceira dimensão se concentra numa perspectiva difusa e coletiva dos direitos
fundamentais.
II - Garantir o desenvolvimento nacional;

Para que o governo possa prover todas as condições necessárias à implementação de todos os direitos
fundamentais da pessoa humana mostra-se essencial que o país se desenvolva, cresça economicamente,
de modo que cada indivíduo passe a ter condições de perseguir suas metas. Conforme um país cresça,
mais viável investir nos direitos humanos que necessitam da intervenção do Estado para serem
fomentados, notadamente, direitos econômicos, sociais e culturais.

III - Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais

Garantir o desenvolvimento econômico não basta para a construção de uma sociedade justa e solidária. É
necessário ir além e nunca perder de vista a perspectiva da igualdade material. Logo, a injeção econômica
deve permitir o investimento nos setores menos favorecidos, diminuindo as desigualdades sociais e
regionais e paulatinamente erradicando a pobreza.
O impacto econômico deste objetivo fundamental é tão relevante que o artigo 170 da
Constituição prevê em seu inciso VII a “redução das desigualdades regionais e sociais” como um princípio
que deve reger a atividade econômica. A menção deste princípio implica em afirmar que as políticas
públicas econômico-financeiras deverão se guiar pela busca da redução das desigualdades, fornecendo
incentivos específicos para a exploração da atividade econômica em zonas economicamente
marginalizadas.

IV - Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação

O direito à igualdade é garantido de forma generalizada pelo direito internacional dos direitos humanos,
destacando- se o artigo 2º, I, DUDH: “Todo o homem tem capacidade para gozar os direitos e as
liberdades estabelecidos nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor,
sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza,
nascimento, ou qualquer outra condição”.

Princípios de relações internacionais (artigo 4º)

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e
cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de
nações.
De maneira geral, percebe-se na Constituição Federal a compreensão de que a soberania do
Estado nacional brasileiro não permite a sobreposição em relação à soberania dos demais Estados, bem
como de que é necessário respeitar determinadas práticas inerentes ao direito internacional dos direitos
humanos.
Prevalência dos direitos humanos

O Estado existe para o homem e não o inverso. Portanto, toda normativa existe para a sua proteção como
pessoa humana e o Estado tem o dever de servir a este fim de preservação. A única forma de fazer isso é
adotando a pessoa humana como valor-fonte de todo o ordenamento, o que somente é possível com a
compreensão de que os direitos humanos possuem uma posição prioritária no ordenamento jurídico-
-constitucional.

 ATENÇÃO: O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção conferida pelo dispositivo algumas
pessoas, notadamente, “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”.
No entanto, tal restrição é apenas aparente e tem sido interpretada no sentido de que os direitos estarão
protegidos com relação a todas as pessoas nos limites da soberania do país, justamente devido à
prevalência dos direitos humanos. Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode ingressar com
habeas corpus ou mandado de segurança, ou então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel seu
localizado no Brasil (ainda que não resida no país). Somente alguns direitos não são estendidos a todas as
pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular exige a condição de cidadão, que só é possuída por
nacionais titulares de direitos políticos

Autodeterminação dos povos

A premissa dos direitos políticos é a autodeterminação dos povos. Neste sentido, embora cada
Estado tenha obrigações de direito internacional que deve respeitar para a adequada consecução dos fins
da comunidade internacional, também tem o direito de se autodeterminar, sendo que tal
autodeterminação é feita pelo seu povo.
Se autodeterminar significa garantir a liberdade do povo na tomada das decisões políticas, logo, o
direito à autodeterminação pressupõe a exclusão do colonialismo. Não se aceita a ideia de que um Estado
domine o outro, tirando a sua autodeterminação.

Não-intervenção

Por não-intervenção entenda-se que o Estado brasileiro irá respeitar a soberania dos demais Estados
nacionais. Sendo assim, adotará práticas diplomáticas e respeitará as decisões políticas tomadas no
âmbito de cada Estado, eis que são paritários na ordem internacional.

Igualdade entre os Estados

Por este princípio se reconhece uma posição de paridade, ou seja, de igualdade hierárquica, na ordem
internacional entre todos os Estados. Em razão disso, cada Estado possuirá direito de voz e voto na
tomada de decisões políticas na ordem internacional em cada organização da qual faça parte e deverá ter
sua opinião respeitada.

Defesa da paz

O direito à paz vai muito além do direito de viver num mundo sem guerras, atingindo o direito de ter paz
social, de ver seus direitos respeitados em sociedade. Os direitos e liberdades garantidos
internacionalmente não podem ser destruídos com fundamento nas normas que surgiram para
protegê-los, o que seria controverso. Em termos de relações internacionais, depreende-se que deve ser
sempre priorizada a solução amistosa de conflitos.
Solução pacífica dos conflitos

Decorrendo da defesa da paz, este princípio remete à necessidade de diplomacia nas relações
internacionais. Caso surjam conflitos entre Estados nacionais, estes deverão ser dirimidos de forma
amistosa.

São os meios diplomáticos de solução de controvérsias internacionais, não havendo hierarquia entre eles:

- “Negociação diplomática é a forma de autocomposição em que os Estados oponentes buscam resolver


suas divergências de forma direta, por via diplomática”;
- “Serviços amistosos é um meio de solução pacífica de conflito, sem aspecto oficial, em que o governo
designa um diplomada para sua conclusão”;
- “Bons ofícios constituem o meio diplomático de solução pacífica de controvérsia internacional, em que
um Estado, uma organização internacional ou até mesmo um chefe de Estado apresenta-se como
moderador entre os litigantes”;
- “Mediação define-se como instituto por meio do qual uma terceira pessoa estranha à contenda, mas
aceita pelos litigantes, de forma voluntária ou em razão de estipulação anterior, toma conhecimento da
divergência e dos argumentos sustentados pelas partes, e propõe uma solução pacífica sujeita à aceitação
destas”;
- “Sistema de Consultas constitui-se em meio diplomático de solução de litígios em que os Estados ou
organizações internacionais sujeitam-se, sem qualquer interferência pessoal externa, a encontros
periódicos com o objetivo de compor suas divergências”.

Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade

A cooperação internacional deve ser especialmente econômica e técnica, a fim de conseguir


progressivamente a plena efetividade dos direitos humanos fundamentais internacionalmente
reconhecidos.
Os países devem colaborar uns com os outros, o que é possível mediante a integração no âmbito de
organizações internacionais específicas, regionais ou globais. Em relação a este princípio, o artigo 4º se
aprofunda em seu parágrafo único, destacando a importância da cooperação brasileira no âmbito
regional: “A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos
povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações”. Neste
sentido, o papel desempenhado no MERCOSUL.

Concessão de asilo político


Direito de asilo é o direito de buscar abrigo em outro país quando naquele do qual for nacional estiver
sofrendo alguma perseguição. Tal perseguição não pode ter motivos legítimos, como a prática de crimes
comuns ou de atos atentatórios aos princípios das Nações Unidas, o que subverteria a própria finalidade
desta proteção. Em suma, o que se pretende com o direito de asilo é evitar a consolidação de ameaças a
direitos humanos de uma pessoa por parte daqueles que deveriam protegê-los – isto é, os governantes e
os entes sociais como um todo –, e não proteger pessoas que justamente cometeram tais violações.

A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988: DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

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