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Aula 05

Administração Pública p/ TCE-SC - Auditor Fiscal de Controle Externo - Cargo 1 -


Administração

Professor: Herbert Almeida


Administração Pública
Auditor Fiscal de Controle Externo do TCE-SC
Teoria e exercícios comentados
Prof. Herbert Almeida – Aula 5
AULA 5: Comunicação, governabilidade,
governança e intermediação de interesses

SUMÁRIO

COMUNICAÇÃO ................................................................................................................................ 3
Barreiras a uma comunicação eficaz ........................................................................................................5
Comunicação organizacional ....................................................................................................................6
GOVERNANÇA E GOVERNABILIDADE ................................................................................................. 8
Novas tendências para os conceitos de governança e governabilidade ............................................... 14
Intermediação de interesses.................................................................................................................. 19
Clientelismo ....................................................................................................................................... 20
Corporativismo................................................................................................................................... 21
Neocorporativismo ............................................................................................................................ 23
Princípios básicos da governança corporativa ....................................................................................... 25
QUESTÕES COMENTADAS NA AULA ................................................................................................. 41
GABARITO ...................................................................................................................................... 47
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 47

Olá pessoal! Tudo tranquilo?

Continuando o nosso curso, vamos estudar os seguintes itens do edital:


“5 Comunicação na gestão pública e gestão de redes organizacionais.
6 Governabilidade e governança. 6.1 Intermediação de interesses
(clientelismo, corporativismo e neocorporativismo)”

A parte de governabilidade e governança está “na moda”. Nos últimos


concursos realizados, o Cespe sempre está cobrando uma questãozinha sobre
esses tópicos. São temas que podem ser exigidos juntamente com
accountability. Assim, recomendo bastante atenção nessa aula.

Por outro lado, apesar de ser um assunto exigido nas últimas provas, não
encontrei um número muito grande de questões. Com isso, teremos um
número reduzido de exercícios nessa aula. Vamos, inclusive, utilizar algumas
questões da FCC para dar uma complementada.

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Quanto ao tópico de comunicação e gestão de redes, é um item bem
simples. Vamos abordar a parte teórica da comunicação e, depois,
estudaremos a gestão de redes nas aulas de políticas públicas, pois são temas
relacionados.

Aproveitem a aula e bons estudos!

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COMUNICAÇÃO

Para Maximiano1, o processo de comunicação compreende a transmissão


de informação e de significados. Segundo o autor, este processo é composto
pelos seguintes elementos: emissor, receptor, mensagem, canal de
comunicação, ruídos e feedback.

 emissor (fonte): é aquele que elabora a mensagem com o


objetivo de alcançar o receptor;

 mensagem: é aquilo que se pretende transmitir;

 receptor (destino): é o destino da mensagem, é aquele que


decodifica a mensagem. Este é o elo mais importante do processo
de comunicação, pois será quem interpretará os dados transmitidos
e o transformará em informação e, a partir daí, tomará as medidas
cabíveis. Veja que, se o receptor não for atingido, ou for atingido
de forma comprometida, de nada adiantou o processo de
comunicação;

 ruídos: representam as barreiras à comunicação que podem


distorcer o conteúdo do que se quer transmitir;

 feedback: corresponde ao retorno realizado pelo receptor sobre


as condições da mensagem recebida. Assim, o emissor poderá
avaliar se a mensagem foi transmitida nas condições desejadas; e

 canal de comunicação: é o condutor da mensagem, ou seja, o


meio que permite a circulação da informação enviada pelo emissor.
Conforme a quantidade de informações que podem ser
transmitidas ao mesmo tempo, podemos descrever canais com
maior ou menor riqueza. A conversa é o canal mais rico, pois a
pessoa pode transmitir a fala, os gestos, a entonação e muito mais,
tudo isso pode facilitar a comunicação. Por outro lado, os relatórios
e boletins representam os canais com baixa riqueza. Os canais

1
Maximiano, 2011, p. 239.

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pobres são utilizados para informações mais simples e corriqueiras,
já os canais ricos são utilizados para informações importantes e
não rotineiras. Com base nessa classificação, Daft propôs uma
pirâmide que demonstra a hierarquia da riqueza dos canais de
comunicação:

Hierarquia da riqueza dos canais de comunicação2

Conversa

Telefone

E-mail, intranet

Memorandos, cartas

Relatório formal, boletins

Além desses elementos, podemos falar ainda em código e


redundância, vejamos:

 código: representam a forma de transformar os pensamentos em


mensagens (codificação), como a escrita, para, posteriormente, ser
decodificada pelo receptor, a exemplo da leitura;

 redundância: trata-se de um reforço, que não traz nenhuma


informação nova, utilizada para amenizar os efeitos do ruído. A
redundância é um elemento que auxilia na compreensão da
mensagem.

Em síntese, o processo de comunicação envolve o emissor, que codifica


a mensagem e a transmite por meio de um canal para um receptor, que fará

2
Adaptado de Daft, 2005.

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a decodificação. Após isso, é importante que o receptor dê um retorno sobre
o estado da mensagem (feedback), permitindo que o emissor refaça o
procedimento se necessário. Por fim, todo o processo de comunicação está
sujeito a algumas interferências chamadas de ruídos.

Barreiras a uma comunicação eficaz

Nem sempre a comunicação ocorre da maneira ideal. A informação pode


sofrer algumas distorções, decorrentes do ruído, que podem impactar na
interpretação e no tratamento de seu conteúdo. Basicamente, podemos
descrever as seguintes barreiras para uma comunicação efetiva:

 filtragem: corresponde a manipulação da informação realizada


pelo emissor para obter uma interpretação favorável do
recebedor da mensagem. É o caso de um funcionário que dá um
enfoque direcionado no conteúdo de uma informação para obter
benefícios de seu chefe;

 percepção seletiva: nesse caso, é o receptor que faz a


interpretação baseada em suas necessidades, experiências,
motivações e demais características pessoais. Uma pessoa que
prefere a marca X de celular ao invés da marca Y vai procurar
interpretar as especificações de forma que a marca X seja sempre
a melhor;

 sobrecarga de informações: ocorre quando a pessoa recebe


mais informações do que sua capacidade de processá-las. Na era
da informação, estamos nos deparando diariamente com situações
como essa, pois somos “bombardeados” por informações de todos
os lados. A consequência é que podemos perder conteúdo e ter um
processo de comunicação comprometido;

 emoções: o estado emocional da pessoa pode influenciar na


maneira como ela interpreta a mensagem. Uma pessoa feliz pode
dar um enfoque, enquanto que uma pessoa irritada dará outro;

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 linguagem: uma mesma palavra pode ter significados distintos de
acordo com o público que se está lidando. Trata-se do linguajar,
que pode variar conforme a idade, escolaridade, local onde mora,
profissão etc. Assim, se o emissor e o receptor tiverem linguajares
diferentes, o processo de comunicação pode ser prejudicado;

 defensividade: ocorre quando as pessoas sentem-se ameaçadas,


como numa inquirição. Assim, o indivíduo terá muito cuidado com
o tipo de informação que irá transmitir, influenciando a qualidade
da comunicação; e

 medo de comunicação: a ansiedade e a timidez podem dificultar


a comunicação. Existem pessoas que têm dificuldade de falar em
público (para várias pessoas) ou até mesmo para se comunicar com
amigos. Assim, preferem utilizar meios escritos no lugar dos
falados.

Comunicação organizacional

A comunicação pode circular em três direções:

 comunicação para baixo: vai dos níveis superiores para os


inferiores da hierarquia, ou seja, é a comunicação utilizada pelos
chefes para informar os seus subordinados. Ex. ordens;

 comunicação para cima: é o inverso da anterior, ou seja, é o


fluxo de informações dos subordinados para as chefias. Ex.
relatórios; e

 comunicação lateral: trata-se da comunicação entre


departamentos de mesmo nível (horizontal) ou entre
departamentos de níveis diferentes, mas que se relacionam
hierarquicamente (diagonal). Outra forma de se verificar a
comunicação lateral envolve os contatos entre colegas de trabalho,
muitas vezes de forma informal, como no caso das conversas nos
cafezinhos ou nos pedidos de ajuda.

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Os fluxos de comunicação formal, como os para cima e para baixo, são
muito importantes para as organizações. Contudo, hodiernamente, a
comunicação horizontal vem ganhando espaço, sobretudo pelo aspecto
informal que faz expandir a capacidade de transmissão de informações.

A comunicação horizontal ou lateral, no seu aspecto informal, deve


receber um enfoque especial da organização. Ao mesmo tempo em que ela
facilita a troca de informações, pode ser fonte para transmissão de boatos e
fofocas. Trata-se da famosa “rádio corredor”. Assim, as organizações devem
saber explorar essa forma de comunicação e descobrir o momento adequado
para tratar oficialmente as informações para evitar a difusão de mensagens
equivocadas.

1. (Cespe – TNS/MC/2013) Mecanismos mais ricos de comunicação nas


organizações são aqueles em que as informações são transmitidas por telefone ou
conversas face-a-face, pois permitem feedback rápido.

Comentário: existem canais ricos e canais pobres de comunicação. A conversa


face-a-face e por telefone permitem um feedback (retorno) rápido e transmissão
de mais informações, tornando o mecanismo mais rico. Por outro lado,
memorandos e boletins são mecanismos pobres, pois transmitem menos
informação e apresentam um feedback lento.

Gabarito: correto.

2. (FCC – AJ/TRT-3/2009) Um recurso frequentemente utilizado para compensar os


problemas resultantes de ruídos nos processos de comunicação dentro de uma
organização é

a) a retroinformação.
b) o feedback.
c) a redundância.
d) o reforço dos fluxos descendentes.
e) a criação de redes informais de comunicação.

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Comentário: a retroinformação e o feedback correspondem ao retorno que o


destinatário dá, ao emissor, sobre a mensagem. Os fluxos descendentes são as
comunicações das chefias para os subordinados e as redes informais de
comunicação correspondem ao fluxo horizontal (conversas de colegas no
cafezinho, pedidos de ajuda, etc.). A redundância trata-se de um reforço, que
não traz nenhuma informação nova, utilizada para amenizar os efeitos do ruído.
Assim, embora a alternativa D não esteja “tão” errada, a opção C é que
corresponde ao gabarito.

Gabarito: alternativa C.

3. (FCC – AJ/TRF-2/2012) No processo de comunicação interpessoal, é a reação do


receptor ao ato de comunicação, permitindo que o emissor saiba se sua mensagem
foi ou não compreendida pelo receptor:

a) ruído horizontal.
b) racionalização.
c) negação.
d) feedback.
e) ruído vertical.

Comentário: a reação do receptor ao ato de comunicação que permite que o


emissor saiba se a mensagem foi compreendida é o feedback. Os ruídos são as
interferências no processo de comunicação (opções A e E). A racionalização e a
negação são espécies de atuações defensivas do comunicador.

Gabarito: alternativa D.

GOVERNANÇA E GOVERNABILIDADE

A partir das últimas décadas do século passado, os temas governança


e governabilidade estiveram em várias pautas de discussão. São dois temas
distintos, mas intimamente relacionados.

A governabilidade se refere à capacidade política de governar, que


deriva da relação de legitimidade do Estado e do seu governo com a

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sociedade3. Nessa linha, a governabilidade ocorre quando o exercício do poder
do Estado recebe legitimidade pela população. De acordo com o Plano Diretor,
o governo brasileiro não carece ‘de “governabilidade”, ou seja, de poder para
governar, dada sua legitimidade democrática e o apoio com que conta
na sociedade civil’.

A legitimidade, nesse contexto, deve ser entendida como a aceitação do


poder do Estado ou do governo pela sociedade. Dessa forma, em plena crise
no início dos anos 90, a população brasileira reconhecia o poder legítimo dos
governantes, uma vez que eles foram eleitos por um processo eleitoral
democrático, nos termos da Constituição.

Percebam, contudo, que a legitimidade vai além da legalidade. Enquanto


esta se refere ao cumprimento do ordenamento jurídico, ou seja, do exercício
do poder e das ações conforme estabelecem as normas legais; a legitimidade
considera, também, a valoração da norma legal. Dessa forma, um governo só
é legítimo se suas ações estão de acordo com o ordenamento jurídico e a
população considera que essas normas estão alinhadas aos princípios e
valores vigentes na época.

Vamos dar um exemplo. Imaginem que o Congresso Nacional resolva


fazer uma licitação para adquirir sofás de luxo que fazem massagem no
parlamentar enquanto ele estiver sentado. O custo de cada sofá desses é de
R$ 20 mil. O processo pode seguir todas as normas da lei de licitações, mas
não será uma compra legítima, pois não estará de acordo com os valores
aceitos pela população.

Voltando ao conceito de governabilidade, vamos dar uma olhada no que


ensina Eli Diniz:

Governabilidade refere-se às condições sistêmicas mais gerais sob as


quais se dá o exercício do poder numa dada sociedade. Nesse sentido,
as variações dos graus de governabilidade sofrem o impacto das
características gerais do sistema político, como a forma de governo (se
parlamentarista ou presidencialista), as relações entre os poderes (maior

3
Bresser-Pereira, 1998.

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ou menor assimetria entre Executivo e Legislativo), os sistemas partidários
(pluripartidarismo ou bipartidarismo), o sistema de intermediação de
interesses (corporativista ou pluralista), entre outras características.

Para Vinicius de Carvalho Araújo4, a governabilidade “refere-se às


próprias condições substantivas/materiais de exercício do poder e de
legitimidade do Estado e do seu governo derivadas da sua postura diante da
sociedade civil e do mercado”. Continuando, o autor destaca que a
governabilidade pode ser concebida como a “autoridade política do Estado em
si”, sendo entendida como a capacidade que o Estado tem para “agregar os
múltiplos interesses dispersos pela sociedade e apresentar-lhes um
objetivo comum para os curto, médio e longo prazos”.

Por fim, Araújo ensina que a fonte ou origem principal da


governabilidade são os cidadãos e a cidadania organizada, ou seja, “é
a partir deles (e da sua capacidade de articulação em partidos, associações e
demais instituições representativas) que surgem e se desenvolvem as
condições citadas acima como imperativas para a governabilidade plena”.

Para Bresser-Pereira5,

Do ponto de vista da reforma política do Estado, entretanto, não há dúvida de


que é necessário concentrar a atenção nas instituições que garantam, ou
melhor, que aumentem – já que o problema é de grau –, a responsabilização
dos governantes. Reformar o Estado para lhe dar maior governabilidade
é torná-lo mais democrático, é dotá-lo de instituições políticas que
permitam uma melhor intermediação dos interesses sempre
conflitantes dos diversos grupos sociais, das diversas etnias quando não
nações, das diversas regiões do país.

Dessa forma, podemos perceber a grande relação entre


governabilidade e intermediação de interesses. Um governo legítimo
precisa intermediar diversos interesses existentes na sociedade, que, em
muitas ocasiões, são distintos. Vamos estudar com mais detalhes a
intermediação de interesses logo mais.

4
Araújo, 2002.
5
Bresser-Pereira, 1997.

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Bresser-Pereira destaca ainda que,

Governabilidade e governança são conceitos mal definidos, freqüentemente


confundidos. A capacidade política de governar ou governabilidade deriva da
relação de legitimidade do Estado e do seu governo com a sociedade,
enquanto que governança é a capacidade financeira e administrativa
em sentido amplo de uma organização de implementar suas políticas.
Sem governabilidade é impossível governança, mas esta pode ser muito
deficiente em situações satisfatórias de governabilidade.

Começamos aqui a conceituar a governança. De acordo com o Plano


Diretor,

Considerando esta tendência, pretende-se reforçar a governança - a


capacidade de governo do Estado - através da transição programada de
um tipo de administração pública burocrática, rígida e ineficiente, voltada para
si própria e para o controle interno, para uma administração pública gerencial,
flexível e eficiente, voltada para o atendimento do cidadão. O governo
brasileiro não carece de “governabilidade”, ou seja, de poder para
governar, dada sua legitimidade democrática e o apoio com que conta
na sociedade civil. Enfrenta, entretanto, um problema de governança,
na medida em que sua capacidade de implementar as políticas
públicas é limitada pela rigidez e ineficiência da máquina
administrativa.

Assim, o governo brasileiro, no início dos anos 90, sofria uma crise de
governança, pois sua capacidade administrativa era fraca, necessitando
urgentemente reformar o aparelho do Estado para aumentar sua eficiência e,
por conseguinte, a governança.

Nessa linha, Vinicius de Araújo argumenta que a governança pode ser


entendida como a outra face de um mesmo processo, ou seja, como os
aspectos adjetivos/instrumentais da governabilidade. Para ele,
entende-se a governança como a capacidade que um determinado governo
tem para formular e implementar as suas políticas. Esta capacidade pode ser
decomposta analiticamente em financeira, gerencial e técnica, todas
importantes para a consecução das metas coletivas definidas que compõem
o programa de um determinado governo, legitimado pelas urnas.

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Vinicius de Araújo complementa, ainda, que, diferentemente da
governabilidade, a fonte da governança não são os cidadãos ou a cidadania
organizada em si mesma, mas sim um prolongamento desta, ou seja, são os
próprios agentes públicos ou servidores do Estado que possibilitam a
formulação/implementação correta das políticas públicas e
representam a face do Estado diante da sociedade civil e do mercado, no setor
de prestação de serviços diretos ao público.

Nesse contexto, a governança pública se relaciona às capacidades


administrativa e financeira do Estado. Refere-se a questões técnico-
administrativas, ao nível dos servidores públicos, a eficiência da máquina
estatal, enfim, a todas as condições sistêmicas da Administração Pública
utilizadas para conduzir as políticas do governo e resolver os problemas da
população.

Assim, ela é instrumental em relação à governabilidade, pois representa


os meios pelo qual os governos colocam em prática o seu poder, permitindo
que as necessidades da população sejam feitas. Um governo com pouca
governança pode acabar perdendo a sua governabilidade.

Por seu turno, Bresser-Pereira, no Caderno MARE nº 1, apresenta os


seguintes ensinamentos:

Em síntese, a governança será alcançada e a reforma do Estado será bem


sucedida quando o Estado se tornar mais forte embora menor: (a) mais
forte financeiramente, superando a crise fiscal que o abalou nos anos 80; (b)
mais forte estruturalmente, com uma clara delimitação de sua área de atuação
e uma precisa distinção entre seu núcleo estratégico onde as decisões são
tomadas e suas unidades descentralizadas; (c) mais forte estrategicamente,
dotado de elites políticas capazes de tomar as decisões políticas e econômicas
necessárias; e (d) administrativamente forte, contando com uma alta
burocracia tecnicamente capaz e motivada. (grifos nossos)

Percebam que o autor vincula a governança ao fortalecimento e


diminuição do tamanho do Estado. Dessa forma, o governo teria a
capacidade de implementar as políticas públicas e, ao mesmo tempo, superar
a crise fiscal existente na década de 80. Com isso, algumas medidas

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mencionadas por Bresser-Pereira são a delimitação da área de atuação do
Estado, separando as competências inerentes ao núcleo estratégico e as
unidades descentralizadas; fortalecimento das elites políticas para tomar as
decisões adequadas; e o fortalecimento da burocracia, com pessoal mais
capacitado e motivado. Percebe-se que são medidas relacionadas com a
capacidade administrativa.

Para concluir esta primeira parte de nossa aula, vamos voltar aos
ensinamentos de Vinicius de Araújo:

A governança relaciona-se de forma mais direta com a reforma do aparelho,


dado que o seu caráter é na essência instrumental (financeiro, administrativo
e técnico) como salientado acima e que o grande objetivo da chamada
reforma gerencial é aprimorá-la como capacidade de melhor
formulação/implementação das políticas públicas.

Já a governabilidade relaciona-se de forma mais direta com a reforma do


Estado, vista também como a redefinição das relações Estado-sociedade,
Estado-mercado e entre os poderes ou funções do Estado (Executivo,
Legislativo, Judiciário). O sistema político-partidário, a forma de governo
e o mecanismo de intermediação de interesses dominante em uma
determinada sociedade (pluralista, corporativo, classista), dentre
outros, constituem os principais fatores da reforma com os quais a
governabilidade mantém uma relação mais estreita.

Assim, como a governança se relaciona com os aspectos da gestão, ela


se alinha à reforma do aparelho do Estado no contexto da reforma
gerencial. De acordo com o PDRAE, o aparelho do Estado é constituído pelo
governo, ou seja, pela cúpula dirigente nos três poderes, por um corpo
de funcionários, e pela força militar. Em síntese, o aparelho representa o
braço do Estado para colocar em prática as suas decisões.

Por sua vez, a governabilidade se relaciona com a reforma do Estado,


que, segundo o PDRAE, é mais abrangente que o aparelho, porque
compreende adicionalmente o sistema constitucional-legal, que regula a
população nos limites de um território. Assim, o Estado “é a organização
burocrática que tem o monopólio da violência legal, é o aparelho que tem o
poder de legislar e tributar a população de um determinado território”.

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Legitimidade

Características do sistema político

Sistemas de governo6
Governabilidade
Relações entre os Poderes

Sistema de intermediação de interesses


Reforma do Estado

Capacidade administrativa

Relacionada com a gestão


Capacidade do governo para formular e
implementar as suas políticas
Governança
Aspectos financeiro, gerencial e técnico

Fonte: próprios agentes públicos ou servidores


do Estado

Reforma do aparelho do Estado

Novas tendências para os conceitos de governança e governabilidade

Para Rosenau7, governança é um fenômeno mais amplo que


governo, pois, além de abranger as instituições governamentais, implica
também em mecanismos informais, de caráter não governamental, que fazem
com que as pessoas e as organizações dentro da sua área de atuação tenham
uma conduta determinada, satisfaçam suas necessidades e respondam às
suas demandas.

Dessa forma, podemos perceber que a governança vai além do governo,


envolvendo vários aspectos relacionados à atividade das pessoas e das
organizações públicas no que se refere ao atendimento das demandas dos
cidadãos.

6
Eli Diniz fala em forma de governo, contudo o parlamentarismo e o presidencialismo são, na verdade, sistemas de
governo.
7
Rosenau, 2000.

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A alocação de recursos públicos envolve diversos conflitos. Uma política
pública pode atender aos anseios de determinada parcela da população e
prejudicar outra. Assim, fica difícil saber o que seria uma “boa administração”.
Muitas vezes, os governos tomam certas decisões com a finalidade de
melhorar a qualidade de vida da sociedade. Contudo, é difícil prever todas as
consequências de determinada ação.

Dessa forma, em uma perspectiva mais moderna, a governança envolve


as relações do governo com a sociedade, permitindo que a população
participe ativamente do processo decisório. Nesse contexto, vejamos
como leciona Eli Diniz8:

Governança, na acepção aqui utilizada, diz respeito à capacidade de ação


estatal na implementação das políticas e na consecução das metas
coletivas. Implica expandir e aperfeiçoar os meios de interlocução e de
administração dos conflitos de interesses, fortalecendo os mecanismos
que garantam a responsabilização pública dos governantes. Governança
refere-se, enfim, à capacidade de inserção do Estado na sociedade,
rompendo com a tradição de governo fechado e enclausurado na alta
burocracia governamental.

Para complementar, vamos apresentar um importante texto de Maria


Helena de Castro Santos em que a autora faz uma importante observação
sobre os conceitos de governabilidade e governança:

Com a ampliação do conceito de governance fica cada vez mais


imprecisa sua distinção daquele de governabilidade. Melo e Diniz,
contudo, preferem reter este último conceito para se referirem às
condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do
poder, tais como as características do sistema político, a forma de
governo, as relações entre os Poderes, o sistema de intermediação de
interesses. Martins (1995) expressa-se de forma semelhante em relação ao
termo governabilidade - ao qual se refere como arquitetura institucional - e o
distingue de governança, basicamente ligada à performance dos atores e sua
capacidade no exercício da autoridade política. Parece-me ter pouco sentido
analítico tentar reter um conceito, por assim dizer, tão esvaziado como o de

8
Diniz, 2001.

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governabilidade - a não ser como uma homenagem histórica, e, neste caso, o
termo estará intrinsecamente ligado à ingovernabilidade por sobrecarga de
demandas e excesso participativo. Outros autores, contudo, continuam a
utilizar o termo governabilidade de forma mais ampla e já referido ao moderno
contexto das políticas de ajuste e reforma do Estado, pressupondo a
ambiência democrática. Na verdade, é pouco relevante, a meu ver, no
contexto atual, tentar distinguir os conceitos de governance e
governabilidade. Sugiro, então, para se fugir a essa discussão aparentemente
interminável, que se adote simplesmente, para fins analíticos, o termo
capacidade governativa. (grifos nossos)

Devemos ficar atentos aos ensinamentos da autora, pois há um nebuloso


campo entre as distinções de governança e governabilidade. Inclusive, tais
confusões vêm sendo exploradas pelas bancas de concurso.

Inicialmente, devemos analisar o aspecto da legitimidade. Como vimos


acima, a governabilidade está relacionada com a legitimidade do Estado e do
governo com a sociedade. Porém, Bresser-Pereira9 também relaciona a
legitimidade com a governança, vejamos:

No conceito de governança pode-se incluir, como o faz Reis (1994), a


capacidade de agregar os diversos interesses, estabelecendo-se, assim,
mais uma ponte entre governança e governabilidade. Uma boa governança,
conforme observou Fritschtak (1994) aumenta a legitimidade do
governo e, portanto, a governabilidade do país.

Percebam que a legitimidade pode estar presente nos dois conceitos,


tanto no de governança quanto no de governabilidade. Contudo, há uma
diferenciação, ainda que sútil, entre a legitimidade no âmbito da governança
e da governabilidade. Vamos ampliar o nosso debate para compreendermos
este ponto.

Maria Helena de Castro Santos10 destaca que o conceito de governance


passou a incluir os princípios democráticos. Ensina ainda que,

A literatura recente incorpora o novo conceito, partindo da definição geral do


Banco Mundial, que, como indicado, refere-se ao modo como a autoridade é

9
Bresser-Pereira, 1997.
10
Santos, 1997.

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exercida no gerenciamento dos recursos do país em direção ao
desenvolvimento. Governance, conforme Melo, refere-se ao modus operandi
das políticas governamentais que inclui, dentre outras, questões ligadas ao
formato político-institucional dos processos decisórios, à definição do mix
apropriado do público/privado nas políticas, à participação e descentralização,
aos mecanismos de financiamento das políticas e ao alcance global dos
programas (cf. Melo, 1995:30-31). O conceito não se restringe, contudo,
aos aspectos gerenciais e administrativos do Estado, tampouco ao
funcionamento eficaz do aparelho de Estado.

Dessa forma, a discussão mais contemporânea do conceito de


governança ultrapassa o marco operacional para “incorporar questões
relativas a padrões de articulação e cooperação entre atores sociais e
políticos e arranjos institucionais que coordenam e regulam
transações dentro e através das fronteiras do sistema econômico”11.

Na mesma linha de argumentação, Klaus Frey12 destaca que,

Reconhecendo as novas potencialidades relacionadas à ampliação dos atores


sociais envolvidos na gestão da coisa pública, a literatura sobre gestão pública
vem crescentemente enfatizando o tema de “governança” (governance),
salientando novas tendências de administração pública e de gestão de
políticas públicas, particularmente a necessidade de mobilizar todo
conhecimento disponível na sociedade em benefício da melhoria da
performance administrativa e da democratização dos processos
decisórios locais (Bourdin, 2001; Hambleton et al., 2002; Pierre, 2001; Sisk
et al., 2001; Kooiman, 2002).

Dessa forma, o novo contexto da governança frisa as novas tendências


de gestão compartilhada e interinstitucional que envolve o setor público,
o setor produtivo e o terceiro setor. A sociedade civil organizada e o mercado
são chamados para participar da gestão das políticas públicas, pois nenhuma
pessoa detém sozinha todo o conhecimento e a capacidade de recursos para
resolver problemas unilateralmente13.

11
Santos, 1997.
12
Frey, 2004.
13
Stoker, 2000, apud Frey, 2004.

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Com isso, Frey menciona a existência de duas perspectivas para a
governança:

a) a chamada “boa governança” (good governance) – conceito


defendido pelo Banco Mundial e pelo FMI, tem como como objetivos
principais o aumento da eficiência e da efetividade, a ênfase está na
criação de condições de governabilidade e na garantia do
funcionamento do livre jogo das forças de mercado; e

b) a “governança participativa”, também chamada de “governança


social negociada” – aqui ela é entendida “como uma fonte de novos
experimentos na prática democrática”, implica a necessidade de
criar condições favoráveis para que as interações entre os
diversos atores sociais, imprescindíveis para lidar com a
diversidade e a complexidade das sociedades contemporâneas,
possam acontecer, e pontes de entendimento possam ser
construídas.

Nas duas concepções da governança, há a participação da sociedade civil.


Contudo, a primeira situação pode estar ligada mais às questões
administrativas e governamentais, em que ocorre a descentralização para
a sociedade e o mercado da produção de determinados bens e
serviços relacionados com as políticas públicas. No segundo caso,
porém, ocorre a emancipação social e da redistribuição de poder. Assim, os
diversos atores da sociedade são chamados para interagir. Com isso, a
proliferação “destas novas formas de governança representa uma
adaptação dos sistemas político-administrativos à diversidade, à
complexidade e à dinâmica da sociedade contemporânea”.

Assim, a legitimidade, no contexto da governança, é aplicada no sentido


de que as decisões do governo são sustentadas por um amplo campo de
debate, recebendo um apoio maior da sociedade civil organizada.

O orçamento participativo é um exemplo. Ao invés de o governo decidir


sozinho onde vai alocar seus recursos, ele abre espaço para a sociedade

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participar da escolha de prioridades. Com isso, ainda que seja uma parcela
pequena dos recursos, o orçamento torna-se mais legítimo perante as
comunidades locais.

Em síntese, podemos falar em legitimidade tanto em questões de


governabilidade quanto nas de governança. Porém, a legitimidade no sentido
de aceitação do Estado e do governo perante a sociedade é relacionada com
a governabilidade; enquanto a legitimidade referente às decisões sobre as
políticas públicas é um aspecto ligado mais a governança.

Apesar das ressalvas apresentadas, em geral, as questões de concurso


costumam relacionar a legitimidade com a governabilidade.

 IMPORTANTE – as questões de concurso costumam


relacionar a legitimidade com a governabilidade.

Outro ponto que merece ser mencionado é que uma baixa governança
pode prejudicar a governabilidade, assim como uma baixa governabilidade
pode prejudicar a governança.

O próprio Bresser-Pereira14 salienta que, sem governabilidade plena, é


impossível obter a governança, mas esta pode ser muito deficiente em
situações satisfatórias de governabilidade. Era o caso do Brasil no início dos
anos 90. Existia governabilidade plena, porém o nível de governança era
baixo.

Da mesma forma, como a governança é a parte instrumental da


governabilidade, uma baixa governança pode levar a uma crise de
governabilidade. Se o aparelho do Estado é deficiente e as demandas da
população não são satisfeitas, o governo pode perder a sua legitimidade
perante a sociedade.

Intermediação de interesses

Vamos retornar ao conceito de governabilidade apresentado por Eli Diniz:

14
Bresser-Pereira, 1998.

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Governabilidade refere-se às condições sistêmicas mais gerais sob as quais se
dá o exercício do poder numa dada sociedade. Nesse sentido, as variações
dos graus de governabilidade sofrem o impacto das características gerais do
sistema político, como a forma de governo (se parlamentarista ou
presidencialista), as relações entre os poderes (maior ou menor assimetria
entre Executivo e Legislativo), os sistemas partidários (pluripartidarismo ou
bipartidarismo), o sistema de intermediação de interesses (corporativista
ou pluralista), entre outras características.

Da mesma forma, Vinicius de Araújo ensina que a governabilidade pode


ser concebida como a autoridade política do Estado em si, “entendida como a
capacidade que este tem para agregar os múltiplos interesses dispersos
pela sociedade e apresentar-lhes um objetivo comum para os curto, médio
e longo prazos”. Ademais, estas condições podem ser sumarizadas como o
“apoio obtido pelo Estado às suas políticas e à sua capacidade de articular
alianças e coalizões/pactos entre os diferentes grupos sócio-políticos
para viabilizar o projeto de Estado e sociedade a ser implementado”.

Assim, fica evidente que o Estado precisa realizar diversas alianças e


pactos sociais para viabilizar o alcance de seus objetivos. A essas formas de
tentativa de articulação, cujo objetivo é o aumento da governabilidade, dá-se
o nome de intermediação de interesses. Vamos, então, estudar as três
formas de intermediação de interesses previstas no edital: clientelismo,
corporativismo e neocorporativismo.

Clientelismo

De acordo com José Murilo de Carvalho, o clientelismo “indica um tipo


de relação entre atores políticos que envolve concessão de benefícios
públicos, na forma de empregos, benefícios fiscais, isenções, em troca de
apoio político, sobretudo na forma de voto”.

Paulo D'Avila Filho, por sua vez, destaca que,

O clientelismo será caracterizado como um tipo de troca política


assimétrica, marcado por uma série de especificidades que precisam ser
observadas, se quisermos encontrar uma definição satisfatória de
clientelismo, ainda que necessariamente elástica. [...]

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O que se troca é apoio político e lealdade por benefícios patrimoniais, máquina
política por compromisso.

Nesse contexto, podemos definir o clientelismo como uma relação entre


desiguais (assimétrica) em que uma pessoa, o patrão, concede benefícios a
outra em troca de apoio político, principalmente na forma de voto. Para
Surama Conde Sá Pinto: “Neste tipo de relação políticos e/ou o governo
trocam com setores pobres da população votos por empregos e serviços sem
a mediação de terceiros”.

Percebam que o clientelismo tem como característica a desigualdade


(verticalidade, assimetria), pois um dos lados encontra-se na posição de
“patrão” e a outra na de “cliente”. O “patrão” fornece ao “cliente” algum tipo
de recurso público (isenções, empregos, facilidades, benefícios públicos etc.)
com o objetivo de formar uma rede de lealdade para obter legitimação e
apoio.

Devemos destacar, porém, que não necessariamente o clientelismo é


uma prática entre ricos e pobres. Ele é uma forma de intermediação de
interesses que pode envolver políticos e burocratas, políticos e cidadãos, e
por aí vai. Os principais aspectos são a relação de desigualdade e a troca
de benefícios por apoio em uma forma de lealdade pessoal.

Corporativismo

Segundo Edson de Oliveira Nunes, apresentando os ensinamentos de


Philippe Schmitter15,

Em seu fecundo artigo, Schmitter afirma que o corporativismo é um sistema


de representação de interesses (ou intermediação de interesses, como
preferiu chamar em trabalho posterior), baseado em número limitado de
categorias compulsórias, não-competitivas, hierárquicas e funcionalmente
separadas, que são reconhecidas, permitidas e subsidiadas pelo Estado.

Nessa linha, o corporativismo se realiza por meio de entidades


representantes de classe, que recebem do Estado o monopólio da

15
Schimitter, 1979, apud Nunes, 2003.

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representação no interior de suas respectivas categorias, em troca de
controle, seleção de lideranças e subsídios. Em algumas situações, o próprio
Estado se encarrega de criar essas entidades representativas, que podem, até
mesmo, integrar a estrutura estatal.

Para Ângela de Castro Gomes16,

Como decorrência, o modelo exigia o sindicato único e sujeito ao controle


estatal, uma vez reconhecido como o representante de toda uma categoria
profissional, o que excedia seu corpo de associados. A pluralidade e a
liberdade sindicais tornavam-se inviáveis nessa proposta, que se
sustentava no monopólio da representação, tão essencial quanto a
tutela estatal. Era exatamente a articulação dessas duas características – a
unicidade e a tutela – que institucionalizava o novo tipo de arranjo associativo,
tornando o corporativismo democrático, isto é, tornando-o um instrumento
crucial da nova democracia social e da organização do povo brasileiro.

Explicando de maneira mais simples, o corporativismo é uma prática em


que o Estado concede o monopólio a uma entidade representante, desde que
ela se submeta aos controles estatais. Assim, ele é um mecanismo de
remoção e neutralização de conflitos, no qual o Estado escolhe com
quem quer dialogar. Isso porque a entidade só detém a capacidade de
representação se receber algum tipo de reconhecimento oficial. Por essas
características, o corporativismo também ficou conhecido como
corporativismo estatal.

O corporativismo é uma prática comum dos governos autoritários, sendo


fortemente utilizado durante o Governo Vargas.

Por fim, é importante destacarmos os ensinamentos de Alfred Stepan 17.


Segundo o autor há dois tipos de políticas corporativistas: inclusivas e
exclusivas.

Nas políticas inclusivas, a elite estatal procura desenvolver um tipo de


relação do Estado com a sociedade através da incorporação política e
econômica de setores significativos da classe trabalhadora, utilizando algumas

16
Gomes, 2005.
17
Stepan, 1980, apud Meira, 2005.

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políticas distributivas e de bem-estar. Esse é o corporativismo inclusivo,
estando associado principalmente aos regimes populistas, como o de Vargas,
por exemplo.

Por outro lado, nas políticas exclusivas, a elite estatal busca estabelecer
um equilíbrio entre o Estado e a sociedade através de uma política repressiva,
percebendo as reivindicações da classe subalterna como ameaças à ordem
política que devem ser contidas. Esse é o denominado corporativismo
exclusivo, estando associado aos regimes burocrático-autoritários, como a
ditadura militar pós-64 no Brasil.

Neocorporativismo

O neocorporativismo, também chamado de corporativismo societal (ou


social), representa um arranjo institucional realizado por associações e
entidades representativas que participam junto com o Estado das decisões
em políticas públicas. Enquanto no corporativismo é o Estado que concede o
direito de representação, no neocorporativismo são as próprias entidades que
conquistam essa prerrogativa.

Para Wilma Keller18:

Define-se o conceito de “corporativismo societal” – em contraposição ao de


“corporativismo estatal” – para caracterizar processos de articulação e
intermediação de interesses que emergem autonomamente da
sociedade em direção ao Estado, com a preservação da autonomia
relativa dos atores envolvidos. Na definição de “corporativismo estatal”,
ao contrário, ressalta-se o papel central do Estado enquanto agente
controlador das organizações de interesse, em particular daquelas vinculadas
ao capital e ao trabalho.

Assim, no neocorporativismo as entidades possuem autonomia em


relação ao Estado. Complementa a autora ensinando que “O conceito de
‘neocorporativismo’ expressa um modo particular de articulação entre o
Estado e grupos de interesse, combinando dois aspectos centrais: a

18
Keller, 1995.

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intermediação de interesses e uma modalidade específica de
formulação/gestão de políticas públicas”.

Segundo Philippe Schimitter19, “o neocorporativismo representa um


arranjo institucional ligando interesses organizados associativamente com as
estruturas decisionais do Estado”.

O neocorporativismo “refere-se a uma articulação específica entre


Estado, organizações empresariais e sindicatos de trabalhadores,
configurando sistemas tripartites de formulação de políticas
públicas”20. Essa forma de intermediação de interesses surge no momento
em que o Estado percebe que existe a necessidade de obter apoio das grandes
organizações de interesse para realizar as estratégias de coordenação
macroeconômica.

Como principais características do neocorporativismo, podemos


mencionar21:

a) as associações/entidades possuem autonomia e penetram no Estado;

b) é um modelo que surgiu durante o Estado de Bem-Estar Social e da


socialdemocracia europeia, a partir das políticas de Estado e de corte
keynesiano;

c) resultaram da dinâmica da organização dos interesses, sendo


respaldadas pelas políticas governamentais.

Por fim, devemos entender que, no corporativismo estatal, as entidades


eram criadas ou controladas pelo Estado para intermediar os interesses de
classes, principalmente as trabalhistas. Por outro lado, o corporativismo
societal (neocorporativismo) decorre da evolução das democracias e da
participação da sociedade na arena decisória. O primeiro caso representa uma
forma de controle do Estado, enquanto no segundo há uma colaboração entre

19
Schimitter, 1989, apud Paludo, 2013.
20
Keller, 1995.
21
Carnoy, 1994, apud, Magalhães, 2005.

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o Estado e a sociedade para a formulação e implementação de políticas
públicas.

Princípios básicos da governança corporativa

Em geral, a parte de governança corporativa não costuma ser cobrada


em questões de Administração Pública. Entretanto, para dar maior segurança
ao nosso curso, vamos apresentar, rapidamente, os princípios básicos da
governança corporativa segundo o Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa:

 transparência (disclosure) – o desejo de disponibilizar para as partes


interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas
aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos. A
adequada transparência resulta em um clima de confiança, tanto
internamente quanto nas relações da empresa com terceiros. Não
deve restringir-se ao desempenho econômico-financeiro,
contemplando também os demais fatores (inclusive intangíveis) que
norteiam a ação gerencial e que conduzem à criação de valor;

 equidade (fairness) – caracteriza-se pelo tratamento justo de todos


os sócios e demais partes interessadas (colaboradores, stakeholders).
Atitudes ou políticas discriminatórias, sob qualquer pretexto, são
totalmente inaceitáveis;

 prestação de contas (accountability) - os agentes de governança


devem prestar contas de sua atuação, assumindo integralmente as
consequências de seus atos e omissões; e

 responsabilidade corporativa (compliance) – os agentes de


governança devem zelar pela sustentabilidade das organizações,
visando à sua longevidade, incorporando considerações de ordem
social e ambiental na definição dos negócios e operações.

Adicionalmente, podemos falar nas oito características clássicas da boa


governança: (a) participação; (b) Estado de direito; (c) transparência; (d)

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responsabilidade; (e) orientação por consenso; (f) igualdade e inclusão; (g)
efetividade e eficiência; (h) prestação de contas (accountability).

Vamos resolver algumas questões?

No que se refere aos fundamentos da administração pública no Brasil nos últimos 30


anos, julgue o seguinte item.

4. (Cespe - Analista Judiciário/TRE-ES/2011) No modelo gerencial, a governança


constitui importante ação governamental, visto que propõe a ampliação do papel da
sociedade civil organizada e a diminuição do tamanho do Estado.

Comentário: de acordo com o Caderno MARE nº 1, a governança será alcançada


e a reforma do Estado será bem sucedida quando o Estado se tornar mais forte
embora menor.

Além disso, Eli Diniz ensina que a governança refere-se à capacidade de


inserção do Estado na sociedade, rompendo com a tradição de governo fechado
e enclausurado na alta burocracia governamental. Por fim, vimos que a
governança envolve, também, a ampliação do papel da sociedade civil
organização tanto na produção de bens e serviços quanto na participação do
processo decisório.

Gabarito: correto.

5. (Cespe - AUFC/TCU/2008) A governabilidade diz respeito às condições


sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como as
características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os poderes
e o sistema de intermediação de interesses.

Comentário: segundo Melo e Diniz22, a governabilidade se refere às condições


sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como
as características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os

22
Melo e Diniz, apud Santos, 2001.

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Poderes, o sistema de intermediação de interesses. Percebam que a questão
nada mais é do que cópia da definição dos autores.

Gabarito: correto.

É possível notar, entre muitos gestores públicos, preocupação crescente com a


sustentabilidade de suas ações e com a estrutura necessária para dar continuidade e
consolidar suas gestões. Elevar o nível de maturidade na gestão é garantir terreno
fértil para o desenvolvimento e a perenidade de práticas positivas.
Quanto ao conceito, aos modelos e aos componentes da maturidade, julgue o item.

6. (Cespe – Consultor/Sefaz-ES/2008) Os princípios básicos que inspiram este


código das melhores práticas de governança corporativa são: transparência
(disclosure), equidade (fairness), prestação de contas (accountability) e
responsabilidade corporativa (compliance).

Comentário: a governança corporativa é orientada por alguns princípios


básicos, são eles:
 transparência – desejo de informar;
 equidade – tratamento justo e sem discriminação;
 prestação de contas – os agentes devem prestar contas e assumir a
responsabilidade por seus atos;
 responsabilidade corporativa – a organização deve tomar medidas de
ordem social e ambiental sustentáveis.
Gabarito: correto.

7. (Cespe - AUFC/AGO/2011) Governança trata do aperfeiçoamento dos conflitos


de interesses presentes em determinada sociedade quando se trata de defender
interesses.

Comentário: essa questão gerou muita polêmica quando foi aplicada. Em geral,
a governabilidade é que está ligada à intermediação de interesses. Por isso, a
banca considerou a questão errada.

Devemos lembrar, contudo, que a governança também pode estar relacionada à


intermediação de interesses. Segundo Eli Diniz:

Governança, na acepção aqui utilizada, diz respeito à capacidade de ação


estatal na implementação das políticas e na consecução das metas

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coletivas. Implica expandir e aperfeiçoar os meios de interlocução e
de administração dos conflitos de interesses, fortalecendo os
mecanismos que garantam a responsabilização pública dos governantes.

Na mesma linha seguem os ensinamentos de Bresser-Pereira:

No conceito de governança pode-se incluir, como o faz Reis (1994), a


capacidade de agregar os diversos interesses, estabelecendo-se,
assim, mais uma ponte entre governança e governabilidade. Uma boa
governança, conforme observou Fritschtak (1994) aumenta a legitimidade
do governo e, portanto, a governabilidade do país.

Nessa linha, creio que o item deveria ter sido anulado. De qualquer forma, como
o gabarito foi mantido, devemos memorizar que, para o Cespe:

“A governabilidade trata do aperfeiçoamento dos conflitos de interesses


presentes em determinada sociedade quando se trata de defender interesses”.

Gabarito: errado.

8. (Cespe - AUFC/AGO/2011) Entre outros aspectos, a governança trata das


condições sistêmicas sob as quais se dá o exercício de poder em determinada
sociedade.

Comentário: sem problemas agora. Quem trata das condições sistêmicas sob as
quais se dá o exercício de poder é a governabilidade.

Gabarito: errado.

9. (Cespe – ACE/TC-DF/2012) O fato de o governador de uma unidade federativa,


incluso o DF, perder sua legitimidade democrática lhe acarreta a perda da governança.

Comentário: inicialmente, a banca considerou a questão correta, mas acabou


anulando a questão no gabarito definitivo. Segundo o Cespe: “Há divergência
na literatura em relação ao assunto tratado no item. Desse modo, opta-se por
sua anulação”.

A banca agiu corretamente. Em geral, a legitimidade é um aspecto da


governabilidade. Contudo, quando os governos aumentam a participação da
sociedade no processo decisório sobre as políticas públicas, eles aumentam a

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legitimidade de suas decisões. Vejam, assim, que a governança também pode
se relacionar com a legitimidade.

Gabarito: anulado.

10. (Cespe – Técnico em Regulação/ANCINE/2012) Governança representa a


capacidade de um governo para formular e implementar suas decisões.

Comentário: este é o conceito clássico de governança. Segundo Vinicius de


Araújo, entende-se a governança como a capacidade que um determinado
governo tem para formular e implementar as suas políticas. O autor divide essa
capacidade em financeira, gerencial e técnica.

Gabarito: correto.

11. (Cespe - AUFC/AGO/2013) Resultante da relação de legitimidade do Estado e do


seu governo com a sociedade, a governança implica a capacidade governamental de
realizar políticas e a promoção da accountability.

Comentário: vejam que o conceito apresentado é o de governabilidade: a


capacidade política de governar, que deriva da relação de legitimidade do Estado
e do seu governo com a sociedade23. Ou seja, o primeiro trecho trata da
governabilidade.

A segunda parte, entretanto, realmente fala da governança – “implica a


capacidade governamental de realizar políticas e a promoção da accountability”.

Gabarito: errado.

12. (Cespe – Analista/BACEN/2013) O governo que se orienta pelo consenso e que


busca a efetividade dos resultados com ações que contemplam a igualdade e a
inclusão adota um modelo de governança adequado, segundo os critérios clássicos
de uma boa governança.

Comentário: as características/critérios clássicos da boa governança são: (a)


participação; (b) Estado de direito; (c) transparência; (d) responsabilidade; (e)
orientação por consenso; (f) igualdade e inclusão; (g) efetividade e eficiência;
(h) prestação de contas (accountability).

23
Bresser-Pereira, 1998.

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Gabarito: correto.

13. (Cespe – Analista/BACEN/2013) Durante a definição de um modelo de


governança, decidem-se os processos, costumes, políticas, leis, regulamentos e
instituições que regulamentarão a atuação de um governo. Esse processo de decisão
pressupõe a análise de determinados aspectos, como nível de transparência a ser
adotado na gestão, nível de responsabilização dos envolvidos e prestação de contas.

Comentário: a governança envolve a transparência, responsabilização,


prestação de contas e equidade. A primeira parte é a definição do Instituto
Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC): “A Governança Corporativa é o
conjunto de políticas, leis, regulamentos, processos, costumes e instituições
que regem a maneira como uma empresa deve ser administrada ou controlada.”

Este é um conceito relacionado com a governança corporativa, mas, por


segurança, é importante saber para evitar surpresas na prova.

Gabarito: correto.

14. (Cespe – Auditor do Estado/Secont-ES/2009) Ao analisar o Estado brasileiro,


no que tange à sua administração pública, caso se verifique que não há condições
para governar em virtude da falta de legitimidade democrática, é correto afirmar que
há uma crise de governança.

Comentário: se não houver condições para governar em virtude da falta de


legitimidade democrática, significa que há uma crise de governabilidade. Nesse
sentido, dispõe o PDRAE:

O governo brasileiro não carece de “governabilidade”, ou seja, de poder


para governar, dada sua legitimidade democrática e o apoio com que
conta na sociedade civil. Enfrenta, entretanto, um problema de
governança, na medida em que sua capacidade de implementar as políticas
públicas é limitada pela rigidez e ineficiência da máquina administrativa.

Gabarito: errado.

15. (Cespe – Auditor do Estado/Secont-ES/2009) Caso o Estado brasileiro, com


relação à sua administração pública, possua rigidez e ineficiência da máquina
administrativa, então é correto afirmar que existem problemas com a governabilidade.

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Comentário: a rigidez e a ineficiência da máquina administrativa decorrem da
falta de governança. Vamos dar outra olhada no Plano Diretor:

Considerando esta tendência, pretende-se reforçar a governança - a


capacidade de governo do Estado - através da transição programada de
um tipo de administração pública burocrática, rígida e ineficiente, voltada
para si própria e para o controle interno, para uma administração pública
gerencial, flexível e eficiente, voltada para o atendimento do cidadão.

Vejam que um dos objetivos da reforma gerencial era diminuir a ineficiência da


máquina administrativa, reforçando a governança por meio da transição da
administração pública burocrática, rígida e ineficiente, para um modelo flexível
e eficiente, voltado para o atendimento do cidadão.

Gabarito: errado.

16. (Cespe – Auditor do Estado/Secont-ES/2009) Corporativismo é uma forma de


intermediação de interesses em que existe uma representação dos interesses
econômicos e profissionais em representações políticas que integram até mesmo a
própria estrutura estatal.

Comentário: o corporativismo é uma forma de intermediação de interesses em


que o Estado concede o monopólio de representação a uma entidade em troca
da submissão a algumas formas de controle. Dessa forma, o arranjo fica mais
facilitado, pois o governo elege quem será o interlocutor. Em alguns casos, o
próprio Estado criou a entidade, que poderá, ainda, integrar a estrutura estatal.

Gabarito: correto.

17. (Cespe – Auditor do Estado/Secont-ES/2009) O clientelismo configura-se pela


existência de relações comprometidas entre políticos de profissão e burocratas, que
possuem entre si lealdades pessoais e troca de vantagens na estrutura pública que
controlam, obtendo, desse modo, não só legitimação do voto, mas também apoio.

Comentário: o clientelismo é uma troca de vantagens, concedida a partir de


recursos públicos (em sentido amplo). Assim, uma parte concede os benefícios,
enquanto a outra dá o apoio, que se manifesta, principalmente, mas não
exclusivamente, na forma do voto.

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Gabarito: correto.

18. (Cespe – Técnico/IPEA/2008) O padrão corporativista brasileiro caracterizou-se


pela exclusão dos trabalhadores das arenas decisórias governamentais, ao mesmo
tempo em que os interesses empresariais garantiram sua representação no aparelho
estatal.

Comentário: existem dois tipos de corporativismo: inclusivo e exclusivo. Um


deles é repressivo, sendo marcado pela exclusão da maioria dos trabalhadores
do ambiente de discussão. Nesse caso, as classes representativas são utilizadas
para excluir grupos.

Já no corporativismo inclusivo há a incorporação política e econômica de


setores significativos da classe trabalhadora, utilizando algumas políticas
distributivas e de bem-estar.

O corporativismo exclusivo é típico dos governos autoritários, enquanto o


inclusivo é utilizado nos regimes populistas.

Há uma divergência doutrinária nesse ponto. Enquanto Ana Cláudia Hebling


Meira ensina que o Governo Vargas utilizou o corporativismo inclusivo;
Augustinho Paludo informa que, durante o Governo Vargas, ocorreu a exclusão
da grande maioria dos trabalhadores.

De qualquer forma, podemos dizer que, dependendo do momento histórico,


predominou o corporativismo inclusivo ou exclusivo. Por esse motivo, o Cespe
optou pela anulação da questão. Vajam a justificativa da banca:

“Não há, no item, definição de período histórico, o que prejudica seu julgamento
objetivo. Dessa forma, o Cespe/UnB decide pela sua anulação”.

Gabarito: anulado.

19. (Cespe – Técnico/IPEA/2008) O arranjo corporativista brasileiro configurou-se


como um conjunto articulado de estruturas institucionais, com duas características
centrais: a proibição da unicidade sindical e o pluralismo de representação imposto
pelo Estado.

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Comentário: é justamente o contrário. No corporativismo brasileiro, ocorreu a
unicidade sindical (monopólio de representação) imposto pelo Estado.

Gabarito: errado.

20. (Cespe – Técnico/IPEA/2008) Características essenciais desse modelo são: o


monopólio da representação dentro de cada categoria ocupacional, assegurado pelo
Estado por meio do reconhecimento de um sindicato por base territorial; o poder de
intervenção do Ministério do Trabalho e Emprego; uma relação institucionalizada entre
empregados e empregadores, destinada a prevenir conflitos, pela intermediação do
Estado e julgamento pela justiça trabalhista, o que colocou obstáculos à negociação
coletiva.

Comentário: agora sim. No corporativismo, ocorreu o monopólio da


representação dentro de cada categoria ocupacional, assegurado pelo Estado
por meio do reconhecimento de um sindicato por base territorial. Devemos
perceber que o corporativismo ocorreu, principalmente, no âmbito das
entidades representativas das classes trabalhistas, os sindicatos.

Gabarito: correto.

Segundo Nunes, existem quatro padrões institucionalizados de relações que


estruturam os laços entre sociedade e Estado no Brasil, desempenhando funções de
controle político, intermediação de interesses e alocação do fluxo de recursos
materiais disponíveis. Acerca dos temas governabilidade e governança e
intermediação de interesse, julgue os itens a seguir.

21. (Cespe – ACE/TCE-AC/2009) O clientelismo se manifesta pelos processos de


troca de favores, que determinam também uma forma de relação das lideranças
partidárias com suas bases. No entanto, o clientelismo não pode ser categorizado
como um instrumento de legitimação política.

Comentário: o clientelismo é uma forma de legitimação política, por isso o item


está errado. Vejam que, na primeira parte, a banca apresentou mais uma
situação em que o clientelismo pode se manifestar: “relação das lideranças
partidárias com suas bases”. Lembrem-se, o clientelismo é marcado pela troca
de favores entre desiguais. Um concede benefícios, enquanto o outro dá o apoio.

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Gabarito: errado.

22. (Cespe – ACE/TCE-AC/2009) O corporativismo estatal é um instrumento de


legitimação política embasado na representação de grupos funcionais produtivos e
pela adoção de uma estrutura de associações, diretamente vinculada ao Estado, no
entanto não depende dele para autorização e reconhecimento.

Comentário: no corporativismo estatal, ou simplesmente corporativismo, há a


dependência do Estado para autorização e reconhecimento.

Gabarito: errado.

23. (Cespe – ACE/TCE-AC/2009) O neocorporativismo significa a integração da


classe trabalhadora organizada ao Estado capitalista, buscando incrementar o
crescimento econômico e, ainda, assegurar a harmonia em face do conflito de classe,
combinado a um sistema de bem-estar social. Diferentemente do corporativismo
estatal, associações não possuem autonomia, não são capazes de penetrar no
Estado.

Comentário: no neocorporativismo, ou corporativismo societal, as associações


possuem autonomia e são capazes de penetrar no Estado para discutir a
formulação e implementação de políticas.

Gabarito: errado.

24. (Cespe – ACE/TCE-AC/2009) Os altos níveis de desigualdades sociais, a


economia informal e o grau de heterogeneidade do sistema econômico, entre outros
aspectos, minimizam a acumulação de poder pela via dos pactos sociais, de modo a
garantir a governabilidade.

Comentário: essa é uma questão bem “pesada”. Vimos que a governabilidade


envolve a legitimidade do governo perante a sociedade. Dessa forma, a
intermediação de interesses é um de seus componentes. Contudo, a formação
de um pacto social dependeria de certa homogeneidade entre os atores sociais.

Vou dar um exemplo, o Programa Bolsa Família é um tipo de política pública de


descentralização de renda que, por sua característica redistributiva (tira de um

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para dar a outro) acaba sendo muito polêmico. Dessa forma, percebam como a
desigualdade social dificulta a formação de um pacto social.

Assim, a desigualdade social, a economia informal e o grau de heterogeneidade


do sistema econômico minimizam a acumulação de poder através dos pactos
sociais utilizados para garantir a governabilidade. Vejam, por mais que se
negocie, sempre teremos uma classe insatisfeita. Com isso, o poder do pacto
social fica prejudicado. Dessa forma, o item está correto.

Gabarito: correto.

25. (Cespe – Analista/SERPRO/2013) A governança corporativa acentua a


necessidade de eficácia e accountability na gestão dos bens públicos.

Comentário: simples não? Diversas passagens de nossa aula respondem esse


item. Vamos relembrar as oito características clássicas da boa governança: (a)
participação; (b) Estado de direito; (c) transparência; (d) responsabilidade; (e)
orientação por consenso; (f) igualdade e inclusão; (g) efetividade e eficiência;
(h) prestação de contas (accountability).

A eficácia diz respeito ao alcance dos objetivos/metas estabelecidos. Apesar de


não constar expressamente, devemos entender que a boa governança
pressupõe o alcance dos objetivos organizacionais. Assim, o item está correto.

Gabarito: correto.

26. (FCC – AJ/TRT-6/2012) O desenvolvimento da capacidade de governança


aplicada às organizações públicas foca, principalmente,

a) o desenvolvimento de estratégias de fortalecimento da burocracia profissional, por


meio da universalização dos concursos públicos, redução dos cargos comissionados
e eliminação da terceirização na administração pública.
b) as questões ligadas ao formato político-institucional dos processos decisórios, a
definição do mix apropriado do público/ privado nas políticas, a participação e a
descentralização, assim como o escopo global dos programas.
c) a reforma do regime político, reduzindo a necessidade de coalizões amplas de
sustentação do governo e aperfeiçoamento de técnicas de planejamento estratégico
na gestão dos programas ministeriais.

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d) a redução da máquina burocrática, especialmente nos níveis gerenciais,
introduzindo métodos de contratação de gestores semelhantes aos da iniciativa
privada.
e) a introdução da gestão por resultados, a redução dos níveis hierárquicos e maior
autonomia gerencial para os níveis operacionais, responsáveis pela implementação
dos programas governamentais.

Comentário:

a) errada: vimos que a reforma gerencial teve a finalidade de reforçar a


governança através da transição programada de um tipo de administração
pública burocrática, rígida e ineficiente, voltada para si própria e para o controle
interno, para uma administração pública gerencial, flexível e eficiente, voltada
para o atendimento do cidadão. Nesse contexto, o desenvolvimento da
governança envolve a ampliação dos mecanismos de terceirização e não o
contrário;

b) correta: vejamos um pequeno trecho de um artigo de Maria Helena de Castro


Santos:

A literatura recente incorpora o novo conceito, partindo da definição geral


do Banco Mundial que, como indicado, refere-se ao modo como a autoridade
é exercida no gerenciamento dos recursos do país em direção ao
desenvolvimento. Governance, conforme Melo, refere-se ao modus
operandi das políticas governamentais — quando se preocupa,
dentre outras, com questões ligadas ao formato político-
institucional dos processos decisórios, à definição do mix
apropriado do público/privado nas políticas, à questão da
participação e descentralização, aos mecanismos de financiamento
das políticas e ao escopo global dos programas.

Percebam que, por essa nova abordagem, a governança está intimamente


relacionada com o envolvimento entre o público e o privado no processo
decisório e no gerenciamento de programas governamentais.

c) errada: o regime político e a formação de coalizações se referem à


governabilidade;

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d) errada: não podemos admitir métodos de contratação semelhantes à iniciativa
privada, pois o setor público é regido pelo princípio da impessoalidade. Além
disso, a redução da máquina burocrática (máquina pública) deve ocorre mais
nos níveis de execução, preservando-se o núcleo estratégico;

e) errada: o item apresenta alguns princípios da reforma gerencial, não tratando


especificamente da governança pública. Ficou um pouco confuso e duvidoso,
mas, em concursos, devemos marcar a opção “mais correta”, no caso, a opção
B.

Gabarito: alternativa B.

27. (FCC – AT/MPE-AM/2013) Governança, na Administração pública, é um

a) conjunto de condições necessárias ao exercício do poder, compreendendo a forma


de governo, as relações entre os poderes e o sistema partidário.
b) modelo horizontal de relação entre atores públicos e privados no processo de
elaboração de políticas públicas.
c) pressuposto cujo detentor do poder público tem o dever de prestar contas, para sua
consequente responsabilização.
d) processo administrativo tipificado em planejamento, programação, orçamentação,
execução, controle e avaliação das políticas públicas, por uma entidade pública ou
privada.
e) conjunto de ações do governo que irão produzir efeitos específicos.

Comentário:

a) errada: a governabilidade envolve as condições necessárias ao exercício do


poder, a forma de governo, as relações entre os poderes e o sistema partidário;

b) correta: para Leonardo Secchi a interpretação de governança, derivada das


ciências políticas e administração pública, trata de um modelo horizontal de
relação entre atores público e privados no processo de elaboração de políticas
públicas. Assim, a governança denota um pluralismo, envolvendo os diversos
atores que têm, ou deveriam ter, o direito de influenciar a construção das
políticas públicas.

c) errada: o conceito apresentado é o de accountability.

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d) errada: a gestão pública envolve o processo administrativo tipificado em
planejamento, programação, orçamentação, execução, controle e avaliação das
políticas públicas, visando à execução dessas políticas, podendo ser realizado,
direta ou indiretamente, por entidades públicas ou privadas.

e) errada: podemos conceituar as políticas públicas como o conjunto de ações


do governo que irão produzir efeitos específicos

Gabarito: alternativa B.

28. (FCC – EPP/SEPLA-DR-SP/2009) Governança e governabilidade são conceitos


imbricados, porém não coincidentes, a respeito dos quais é correto afirmar que

a) correspondem, ambos, à forma de atuação do Estado e da administração para a


consecução dos objetivos públicos, sendo governança, contudo, um conceito mais
restrito, na medida em não diz respeito ao denominado aparelho administrativo.
b) a crise de governabilidade está relacionada com a ideia de reforma do aparelho do
Estado, enquanto a crise de governança com a ideia de reforma do próprio Estado.
c) correspondem, ambos, às condições políticas para a atuação administrativa, porém
governança é um conceito mais amplo, que engloba também o papel do Estado de
regulação da atividade econômica.
d) governança diz respeito aos pré-requisitos institucionais para a otimização do
desempenho administrativo, enquanto governabilidade diz respeito às condições
políticas em que se efetivam as ações administrativas, tais como legitimidade e
credibilidade.
e) governabilidade é a forma como o aparelho estatal implementa as políticas públicas
definidas pelo Governo e governança, por seu turno, corresponde ao alinhamento
dessa atuação com as condições políticas vigentes.

Comentário:

a) errada: para as bancas de concurso a governança é um conceito mais amplo


que a governabilidade, envolvendo, é lógico, o aparelho administrativo do
Estado. Além disso, a forma de atuação do Estado e da administração se limita
ao conceito de governança;

b) errada: como a governança trata da capacidade administrativa e financeira


para implementar as políticas públicas, ela envolve a reforma do aparelho do

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Estado (órgãos, recursos humanos etc.). Enquanto isso, a governabilidade trata
da legitimidade do governo, das relações de poder e, portanto, a sua crise
envolve a reforma do próprio Estado (normalmente através de uma nova
constituição);

c) errada: as condições políticas são da governabilidade;

d) correta: esse item mostra de onde a questão foi retirada. De acordo com
Leonardo Valles Bento24:

“Embora se trate de duas dimensões mutuamente implicadas que se


interpenetram constantemente, costuma-se distingui-las a fim de
compreender a problemática própria de cada uma, vale dizer, a
institucional e a sistêmica, a técnico-organizacional e a política,
denominando-as respectivamente de “governança” e “governabilidade”.
Governança diz respeito aos pré-requisitos institucionais para a
otimização do desempenho administrativo, isto é, o conjunto dos
instrumentos técnicos de gestão que assegure a eficiência e a
democratização das políticas públicas. [...] Já a governabilidade
refere-se às condições do ambiente político em que se efetivam ou
devem efetivar-se as ações da administração, à base de legitimidade dos
governos, credibilidade e imagem públicas da burocracia.” (grifos
nossos)

Assim, a governança trata dos pré-requisitos institucionais para otimização do


desempenho, enquanto que a governabilidade se refere às condições políticas,
à base da legitimidade, credibilidade e imagem. Item perfeito!

e) errada: o item fez a inversão:

 governança é a forma como o aparelho estatal implementa as políticas


públicas definidas pelo Governo; e

 governabilidade corresponde ao alinhamento dessa atuação com as


condições políticas vigentes.

Gabarito: alternativa D.

29. (FCC – AJ/TRE-MS/2007) Considere as afirmativas abaixo.

24
Bento, 2003, p. 85.

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I. É o conjunto de condições necessárias ao exercício do poder.
II. É a capacidade do governo de implementar as decisões tomadas.
III. Compreende a forma de governo, relações entre os poderes, sistema partidário e
equilíbrio entre as forças políticas de oposição e situação.
IV. Diz respeito à capacidade de decidir.
V. Envolve arranjos institucionais pelos quais a autoridade é exercida de modo a
viabilizar as condições financeiras e administrativas indispensáveis à execução das
decisões que o governo toma.

Correspondem ao conceito de governança APENAS:


a) I e II.
b) III e IV.
c) II e III.
d) II e V.
e) IV e V.

Comentário: os itens I e III tratam da governabilidade (condições para o exercício


do poder, forma de governo, relação entre os poderes, sistema partidário etc.).
O item IV limitou muito, pois a governança vai além, envolvendo as condições
financeiras e administrativas indispensáveis à execução das decisões do
governo. Ou seja, não se trata da capacidade de decidir e sim das condições
indispensáveis para a execução da decisão. Assim, o item IV está errado e os
itens II e V estão corretos.

Gabarito: alternativa D.

Por hoje é só pessoal! Espero por vocês em nosso próximo encontro.

Bons estudos.

Prof. HERBERT ALMEIDA.

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QUESTÕES COMENTADAS NA AULA

1. (Cespe – TNS/MC/2013) Mecanismos mais ricos de comunicação nas organizações


são aqueles em que as informações são transmitidas por telefone ou conversas face-a-
face, pois permitem feedback rápido.
2. (FCC – AJ/TRT-3/2009) Um recurso frequentemente utilizado para compensar os
problemas resultantes de ruídos nos processos de comunicação dentro de uma
organização é

a) a retroinformação.
b) o feedback.
c) a redundância.
d) o reforço dos fluxos descendentes.
e) a criação de redes informais de comunicação.

3. (FCC – AJ/TRF-2/2012) No processo de comunicação interpessoal, é a reação do


receptor ao ato de comunicação, permitindo que o emissor saiba se sua mensagem foi
ou não compreendida pelo receptor:

a) ruído horizontal.
b) racionalização.
c) negação.
d) feedback.
e) ruído vertical.

No que se refere aos fundamentos da administração pública no Brasil nos últimos 30


anos, julgue o seguinte item.

4. (Cespe - Analista Judiciário/TRE-ES/2011) No modelo gerencial, a governança


constitui importante ação governamental, visto que propõe a ampliação do papel da
sociedade civil organizada e a diminuição do tamanho do Estado.
5. (Cespe - AUFC/TCU/2008) A governabilidade diz respeito às condições sistêmicas
e institucionais sob as quais se dá o exercício do poder, tais como as características do
sistema político, a forma de governo, as relações entre os poderes e o sistema de
intermediação de interesses.

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É possível notar, entre muitos gestores públicos, preocupação crescente com a
sustentabilidade de suas ações e com a estrutura necessária para dar continuidade e
consolidar suas gestões. Elevar o nível de maturidade na gestão é garantir terreno fértil
para o desenvolvimento e a perenidade de práticas positivas.
Quanto ao conceito, aos modelos e aos componentes da maturidade, julgue o item.

6. (Cespe – Consultor/Sefaz-ES/2008) Os princípios básicos que inspiram este


código das melhores práticas de governança corporativa são: transparência (disclosure),
equidade (fairness), prestação de contas (accountability) e responsabilidade corporativa
(compliance).
7. (Cespe - AUFC/AGO/2011) Governança trata do aperfeiçoamento dos conflitos de
interesses presentes em determinada sociedade quando se trata de defender interesses.
8. (Cespe - AUFC/AGO/2011) Entre outros aspectos, a governança trata das
condições sistêmicas sob as quais se dá o exercício de poder em determinada
sociedade.
9. (Cespe – ACE/TC-DF/2012) O fato de o governador de uma unidade federativa,
incluso o DF, perder sua legitimidade democrática lhe acarreta a perda da governança.
10. (Cespe – Técnico em Regulação/ANCINE/2012) Governança representa a
capacidade de um governo para formular e implementar suas decisões.
11. (Cespe - AUFC/AGO/2013) Resultante da relação de legitimidade do Estado e do
seu governo com a sociedade, a governança implica a capacidade governamental de
realizar políticas e a promoção da accountability.
12. (Cespe – Analista/BACEN/2013) O governo que se orienta pelo consenso e que
busca a efetividade dos resultados com ações que contemplam a igualdade e a inclusão
adota um modelo de governança adequado, segundo os critérios clássicos de uma boa
governança.
13. (Cespe – Analista/BACEN/2013) Durante a definição de um modelo de governança,
decidem-se os processos, costumes, políticas, leis, regulamentos e instituições que
regulamentarão a atuação de um governo. Esse processo de decisão pressupõe a
análise de determinados aspectos, como nível de transparência a ser adotado na gestão,
nível de responsabilização dos envolvidos e prestação de contas.
14. (Cespe – Auditor do Estado/Secont-ES/2009) Ao analisar o Estado brasileiro, no
que tange à sua administração pública, caso se verifique que não há condições para

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governar em virtude da falta de legitimidade democrática, é correto afirmar que há uma
crise de governança.
15. (Cespe – Auditor do Estado/Secont-ES/2009) Caso o Estado brasileiro, com
relação à sua administração pública, possua rigidez e ineficiência da máquina
administrativa, então é correto afirmar que existem problemas com a governabilidade.
16. (Cespe – Auditor do Estado/Secont-ES/2009) Corporativismo é uma forma de
intermediação de interesses em que existe uma representação dos interesses
econômicos e profissionais em representações políticas que integram até mesmo a
própria estrutura estatal.
17. (Cespe – Auditor do Estado/Secont-ES/2009) O clientelismo configura-se pela
existência de relações comprometidas entre políticos de profissão e burocratas, que
possuem entre si lealdades pessoais e troca de vantagens na estrutura pública que
controlam, obtendo, desse modo, não só legitimação do voto, mas também apoio.
18. (Cespe – Técnico/IPEA/2008) O padrão corporativista brasileiro caracterizou-se
pela exclusão dos trabalhadores das arenas decisórias governamentais, ao mesmo
tempo em que os interesses empresariais garantiram sua representação no aparelho
estatal.
19. (Cespe – Técnico/IPEA/2008) O arranjo corporativista brasileiro configurou-se
como um conjunto articulado de estruturas institucionais, com duas características
centrais: a proibição da unicidade sindical e o pluralismo de representação imposto pelo
Estado.
20. (Cespe – Técnico/IPEA/2008) Características essenciais desse modelo são: o
monopólio da representação dentro de cada categoria ocupacional, assegurado pelo
Estado por meio do reconhecimento de um sindicato por base territorial; o poder de
intervenção do Ministério do Trabalho e Emprego; uma relação institucionalizada entre
empregados e empregadores, destinada a prevenir conflitos, pela intermediação do
Estado e julgamento pela justiça trabalhista, o que colocou obstáculos à negociação
coletiva.

Segundo Nunes, existem quatro padrões institucionalizados de relações que estruturam


os laços entre sociedade e Estado no Brasil, desempenhando funções de controle
político, intermediação de interesses e alocação do fluxo de recursos materiais

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disponíveis. Acerca dos temas governabilidade e governança e intermediação de
interesse, julgue os itens a seguir.

21. (Cespe – ACE/TCE-AC/2009) O clientelismo se manifesta pelos processos de troca


de favores, que determinam também uma forma de relação das lideranças partidárias
com suas bases. No entanto, o clientelismo não pode ser categorizado como um
instrumento de legitimação política.
22. (Cespe – ACE/TCE-AC/2009) O corporativismo estatal é um instrumento de
legitimação política embasado na representação de grupos funcionais produtivos e pela
adoção de uma estrutura de associações, diretamente vinculada ao Estado, no entanto
não depende dele para autorização e reconhecimento.
23. (Cespe – ACE/TCE-AC/2009) O neocorporativismo significa a integração da classe
trabalhadora organizada ao Estado capitalista, buscando incrementar o crescimento
econômico e, ainda, assegurar a harmonia em face do conflito de classe, combinado a
um sistema de bem-estar social. Diferentemente do corporativismo estatal, associações
não possuem autonomia, não são capazes de penetrar no Estado.
24. (Cespe – ACE/TCE-AC/2009) Os altos níveis de desigualdades sociais, a economia
informal e o grau de heterogeneidade do sistema econômico, entre outros aspectos,
minimizam a acumulação de poder pela via dos pactos sociais, de modo a garantir a
governabilidade.
25. (Cespe – Analista/SERPRO/2013) A governança corporativa acentua a
necessidade de eficácia e accountability na gestão dos bens públicos.
26. (FCC – AJ/TRT-6/2012) O desenvolvimento da capacidade de governança aplicada
às organizações públicas foca, principalmente,

a) o desenvolvimento de estratégias de fortalecimento da burocracia profissional, por


meio da universalização dos concursos públicos, redução dos cargos comissionados e
eliminação da terceirização na administração pública.
b) as questões ligadas ao formato político-institucional dos processos decisórios, a
definição do mix apropriado do público/ privado nas políticas, a participação e a
descentralização, assim como o escopo global dos programas.
c) a reforma do regime político, reduzindo a necessidade de coalizões amplas de
sustentação do governo e aperfeiçoamento de técnicas de planejamento estratégico na
gestão dos programas ministeriais.

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d) a redução da máquina burocrática, especialmente nos níveis gerenciais, introduzindo
métodos de contratação de gestores semelhantes aos da iniciativa privada.
e) a introdução da gestão por resultados, a redução dos níveis hierárquicos e maior
autonomia gerencial para os níveis operacionais, responsáveis pela implementação dos
programas governamentais.

27. (FCC – AT/MPE-AM/2013) Governança, na Administração pública, é um

a) conjunto de condições necessárias ao exercício do poder, compreendendo a forma


de governo, as relações entre os poderes e o sistema partidário.
b) modelo horizontal de relação entre atores públicos e privados no processo de
elaboração de políticas públicas.
c) pressuposto cujo detentor do poder público tem o dever de prestar contas, para sua
consequente responsabilização.
d) processo administrativo tipificado em planejamento, programação, orçamentação,
execução, controle e avaliação das políticas públicas, por uma entidade pública ou
privada.
e) conjunto de ações do governo que irão produzir efeitos específicos.

28. (FCC – EPP/SEPLA-DR-SP/2009) Governança e governabilidade são conceitos


imbricados, porém não coincidentes, a respeito dos quais é correto afirmar que

a) correspondem, ambos, à forma de atuação do Estado e da administração para a


consecução dos objetivos públicos, sendo governança, contudo, um conceito mais
restrito, na medida em não diz respeito ao denominado aparelho administrativo.
b) a crise de governabilidade está relacionada com a ideia de reforma do aparelho do
Estado, enquanto a crise de governança com a ideia de reforma do próprio Estado.
c) correspondem, ambos, às condições políticas para a atuação administrativa, porém
governança é um conceito mais amplo, que engloba também o papel do Estado de
regulação da atividade econômica.
d) governança diz respeito aos pré-requisitos institucionais para a otimização do
desempenho administrativo, enquanto governabilidade diz respeito às condições
políticas em que se efetivam as ações administrativas, tais como legitimidade e
credibilidade.

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e) governabilidade é a forma como o aparelho estatal implementa as políticas públicas
definidas pelo Governo e governança, por seu turno, corresponde ao alinhamento dessa
atuação com as condições políticas vigentes.

29. (FCC – AJ/TRE-MS/2007) Considere as afirmativas abaixo.

I. É o conjunto de condições necessárias ao exercício do poder.


II. É a capacidade do governo de implementar as decisões tomadas.
III. Compreende a forma de governo, relações entre os poderes, sistema partidário e
equilíbrio entre as forças políticas de oposição e situação.
IV. Diz respeito à capacidade de decidir.
V. Envolve arranjos institucionais pelos quais a autoridade é exercida de modo a
viabilizar as condições financeiras e administrativas indispensáveis à execução das
decisões que o governo toma.

Correspondem ao conceito de governança APENAS:


a) I e II.
b) III e IV.
c) II e III.
d) II e V.
e) IV e V.

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GABARITO

1. C 11. E 21. E
2. C 12. C 22. E
3. D 13. C 23. E
4. C 14. E 24. C
5. C 15. E 25. C
6. C 16. C 26. B
7. E 17. C 27. B
8. E 18. X 28. D
9. X 19. E 29. D
10. C 20. C

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Vinícius de Carvalho. A conceituação de governabilidade e governança, da sua relação


entre si e com o conjunto da reforma do Estado e do seu aparelho. Brasília: ENAP, 2002.

BENTO, Leonardo Valles. Governança e governabilidade na reforma do estado. Barueri-SP: Editora


Manole Ltda, 2003.

BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. A reforma do estado dos anos 90: lógica e mecanismos de
controle. (Caderno MARE nº 1). Brasília: Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado, 1997.

BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos; SPINK, Peter. Reforma do Estado e Administração Pública


Gerencial. São Paulo: Editora FGV, 1998.

FREY, Klaus. Governança interativa: uma concepção para compreender a gestão pública
participativa? Florianópolis: UFSC/Revista Política e Sociedade, nº 15, p. 117-136, out. 2004.

D'AVILA FILHO, Paulo M. O clientelismo como gramática política universal. Rio de Janeiro: Physis,
vol. 13, IMS/UERJ, 2004.

DINIZ, Eli. Globalização, Reforma do Estado e Teoria Democrática Contemporânea. São Paulo: São
Paulo em Perspectiva (online), 2001 (vol.15, nº 4, p. 13-22).

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Administração Pública
Auditor Fiscal de Controle Externo do TCE-SC
Teoria e exercícios comentados
Prof. Herbert Almeida – Aula 5
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