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EXMO(A). SR(A). DR(A). JUIZ(A.) FEDERAL DA .....

VARA
FEDERAL - SEÇÃO JUDICIÁRIA DE DIVINÓPOLIS/MINAS GERAIS

XXXXXXXXXXXXXXXXX, brasileira, casada,


aposentada, data de nascimento XXXXXXXXXXXX, portadora do RG
sob o n° M XXXXXXXXXXXXXX expedida pela SSP/MG, inscrito no CPF
sob o n° XXXXXXXXXXXXXXXX, domiciliada em Itaúna/MG e residente
na Rua XXXXXXXXXXXXXX, n. , Bairro XXXXXXXXXXXXX, CEP
XXXXXXXXXXXXX, vem, respeitosamente, neste ato, representada por
suas advogadas e bastante procuradoras infra-assinadas, procuração
em anexo, propor a presente:

AÇÃO DE REVISÃO DE BENEFICIO PREVIDENCIARIO,


C/C PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA
(EXCLUSÃO DO FATOR PREVIDENCIARIO, DA
APOSENTADORIA ESPECIAL DO PROFESSOR B 57)

em face do (GERENTE EXECUTIVO) DO INSTITUTO NACIONAL DO


SEGURO SOCIAL - INSS DE DIVINÓPOLIS, com endereço na Av.
Getúlio Vargas 342, Centro – Divinópolis, MG, CEP 35.500-024, pelos
motivos de fato e de direito a seguir expostos e fundamentados:

I – DOS FATOS

O INSS concedeu a Autora o beneficio Aposentadoria


Especial do Professor, espécie B57, (NB – xxxxxxxxxxxxxx), com
data de inicio de beneficio(DIB) fixada em xxxxxxxxxxxxxxxxx.
Na concessão de sua aposentadoria, a Autarquia apurou
31 anos e 7 meses e equivocadamente aplicou o fator
previdenciário de 0,5429 no cálculo de RMI.

No calculo final da sua Aposentadoria Especial do


Professor, em 31/08/2012, chegou-se ao valor de RMI de R$
2.329,21, e com a aplicação do Fator previdenciário, a Autora que
laborou em condições especiais por 30 anos e 7 meses, viu sua
aposentadoria no calculo final da RMI ser de R$ 1.264,52.

Desta forma, em 09/06/2014, a Autora, requereu junto


ao INSS, o Pedido de Revisão do Beneficio da Aposentadoria Especial
do Professor, buscando o afastamento do Fator previdenciário do
calculo da sua RMI.

O INSS indeferiu o pedido, solicitado pela Autora, em


09/06/2014, argumentando que a INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 45
INSS/PRES, DE 6 DE AGOSTO DE 2.010, prevê em seu ART. 174, I, a
aplicação do Fator Previdenciário na aposentadoria do Professor.

Notadamente, o Instituto-Réu utilizou a aplicação do


fator previdenciário sem ao menos observar a natureza jurídica deste
instituto previdenciário e as razões epistemológicas para a criação
da modalidade da aposentadoria do professor.

Conforme se pode perceber pela análise da


memória de cálculo do benefício, a metodologia de cálculo
empregada pela Autarquia-Ré acabou por apurar a Renda Mensal
Inicial do professor com a aplicação do fator previdenciário
determinada pela Lei 9876/99.
II-DA TUTELA ANTECIPADA

O art. 273 do Código de Processo Civil,


estabelece a possibilidade do juiz, a requerimento da parte, antecipar
os efeitos da tutela :

"O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou


parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que,
existindo prova inequívoca , se convença da verossimilhança mas sim da
'probabilidade' da procedência da causa. Convencido desse provável
resultado, ele pode antecipar, parcial ou totalmente, os efeitos da tutela
pretendida. Isso é uma forma de prestação a superar o desprestígio do
processo em virtude do tempo, anos até, para o julgamento definitivo da
causa. A verossimilhança da alegação, nesse raciocínio, fica comprovada
pelos documentos, nesta acostados, que a Autora sofre dano irreparável,
pois se vê privada de um direito, de natureza alimentar, com a conduta do
Réu, ao aplicar o fator previdenciário na RMI da Autora, obrigando a mesma
a não usufruir do verdadeiro caráter da aposentadoria que é a
tranquilidade, de na maturidade, poder usufruir do que foi pago, por 30
anos e 7 meses por sua aposentadoria especial (B57).

Noutro ponto, tem-se por inarredável a


necessidade de urgência em realizar a implantação imediata do
benefício pleiteado, haja vista que a cada dia, o dano sofrido pela
Autora é cada vez maior, por tratar-se de benefício que a Autora usa
para a sua subsistência e de sua família. Portanto, a demora no
aguardo do final deslinde desta lide implicará em um prejuízo de
difícil ou até de impossível reparação à Autora.

Evidencia-se, pois, o real e extraordinário prejuízo


que atinge a Autora, ao deixar de auferir o valor mensal.
E que não se trata um bem jurídico qualquer de natureza
alimentar, é um direito social de relevância fundamental, do qual
tem direito, considerando que a diferença, bastante significativa, da
nova aposentadoria para a atual é de R$ 1.065,00 ( Hum mil,
sessenta e cinco reais).

IV - DO DIREITO

1- A natureza jurídica da aposentadoria do


professor

Historicamente a aposentadoria do professor


tem a natureza jurídica de aposentadoria especial, em decorrência
da atividade (penosidade da atividade laborativa). Este fundamento
esteve estampado no Decreto 53.831/64, item 2.1.4. de seu quadro
abaixo.

Jornada normal ou especial fixada em


Lei Estadual, GB, 286; RJ, 1.870, de
2.1.4 MAGISTÉRIO Professores. Penoso 25 anos
25-4. Art. 318, da Consolidação das
Leis do Trabalho.

A natureza de atividade especial durou até a


Emenda 18/81, que trouxe o direito da Aposentadoria especial do
professor para o artigo 165, XX do Texto Constitucional de 1969. O
mencionado dispositivo revogou o Decreto de 1964, pois inseriu a
matéria no corpo constitucional. Hoje a mencionada aposentadoria
esta inserida na atual Constituição no art.201, parágrafo 8, com
redação dada pela EC 20/98.

A discussão encontra-se na tese da


especificidade da aposentadoria do professor. Apesar de não mais
ser considerada “aposentadoria especial-B46” esta possui redução
no tempo de contribuição ao prever que a professora se aposenta
aos 25 anos e o professor aos 30. Sendo assim, não podemos
considerar a aposentadoria do professor como uma aposentadoria
integral ou proporcional (b42). O próprio INSS dá a aposentadoria do
professor a sua especificidade, pois trata este benefício com Código
diverso, isto é, B57.

Desta forma esta em discussão a


Constitucionalidade da aplicação do fator previdenciário no cálculo
da aposentadoria por tempo de contribuição concedida ao professor
que cumpre tempo de efetivo exercício das funções de magistério
na educação infantil e no ensino fundamental e médio (CF/88,
art. 201, § 8º, com a redação da EC 20/98), vez que esta
aposentadoria não se encontra inserida nas regras específicas para
uma aposentadoria integral ou proporcional. Segundo sentença
proferida em São José dos Campos, SP, na 3 Vara Federal, Juiz
Federal Carlos Alberto Antônio Junior:

A situação manteve-se na ordem constitucional atual, no


art. 201, paragrafo 8. Mantém-se a aposentadoria do
professor com sua natureza de aposentadoria especial,
diferenciada em seus requisitos intertemporais.

A aposentadoria do professor não pode ser


considerada especial, mas o porquê da norma constitucional reduzir
o tempo de contribuição explica a natureza “especial” desta
atividade e a penosidade que esta envolve.

2- Da especialidade e penosidade da
atividade do professor

O ex-ministro da Previdência e Assistência


Social, Reinhold Stephanes, ao analisar as modificações legislativas
da aposentadoria especial apontou :

A aposentadoria especial é historicamente justificada pelo


legislador como um direito de quem trabalha em condições
que prejudiquem a saúde ou a integridade física. O
trabalhador que exerce atividades perigosas, penosas ou
insalubres, ficando exposto aos agentes nocivos físicos,
químicos e biológicos, faz jus a uma aposentadoria especial e
uma contagem de tempo de serviço especial”. “STEPHANES,
Reinhold. Aposentadoria Especial: um novo conceito. Revista
Síntese Trabalhista, Porto Alegre, 116 – fev/99, p. 25)

Para elucidar nosso raciocínio Sergio Pardal fundamenta:

“Vale bem destacar a denominação técnica das condições


laborais que definem o direito à aposentadoria especial:
insalubres, periculosas e penosas; porque a definição
constante na Carta Magna conquistada em 1988, ‘especiais,
que prejudiquem a saúde ou a integridade física’
( FREUDENTHAL, Sergio Henrique Pardal
Bacellar. Aposentadoria Especial. São Paulo: LTr, 2000. p. 13.)

Vale elucidar que apesar do texto


Constitucional trazer somente o vocábulo especial, e o texto
infraconstitucional ter retirado a pensosidade como modalidade do
B46, a Constituição engobla no mencionado conceito aquelas
atividades que prejudicam a saúde e a integridade física do
trabalhador. Vejamos que ela não se refere a insalubridade,
periculosidade ou penosidade, mas sim as hipóteses de prejuízo a
saúde e a integridade física do trabalhador.

O Magistério é uma classe diferenciada de


trabalhadores, que vê seu meio ambiente de trabalho mais penoso a
cada dia, pois além da sala de aula acumula tarefas fora da aula
sem a devida contraprestação.

Além disso o professor de ensino médio e


fundamental vem assumindo obrigações da família, e do próprio
Estado. Assim, o trabalho dos professores é considerado penoso,
repleto de riscos acidentais, ambientais e
ergonômicos. Essas características depreciam esse meio ambiente
de trabalho, causando doenças como stress, problemas de afonia,
exposição ao giz, síndromes e depressões. Estes critérios são
devidamente comprovados por vários estudos realizados ao longo
dos anos.

Afastar o critério de especialidade da


aposentadoria do professor é dizer que esta atividade não prejudica
a saúde e a integridade física do trabalhador. Sendo assim, qual
seria a razão do legislador em conceder ao professor de ensino
médio e fundamental e aos equiparados em 2006 a redução de
cinco anos no tempo de contribuição?

A resposta é para evitar danos à sua saúde


e a sua integridade física e aliviar os efeitos causados pelo meio
ambiente do trabalho das escolas e sala de aula. Nesta linha de
raciocínio, não seria o mesmo motivo pelo qual é concedida a
aposentadoria especial, afastar o trabalhador do meio ambiente do
trabalho inadequado.

Fazendo uma alusão a citação do Autor


Psiquiatra Augusto Cury, no livro O código da inteligência e a
excelência emocional, não se privilegia no Brasil a classe mais
importante da sociedade no momento da aposentadoria e nem no
curso da carreira.

3 - Motivos para a exclusão do fator previdenciário na


aposentadoria do professor
Para adentramos neste tópico, cumpre citar
as sábias palavras do juiz e Professor José Antônio Savaris que
entendeu pela exclusão do fator previdenciário em sua relatoria do
processo RECURSO CÍVEL Nº 5001352-98.2011.404.7007/PR:

É preciso compreender a criação do fator previdenciário em


seu contexto histórico. Foi sobre os fundamentos de uma
previdência social que primaria pelo equilíbrio financeiro e
atuarial que, menos de um ano após a promulgação da
Emenda 20/98, foi publicada a Lei 9.876, de 26/11/99, que
dentre outras providências alterou radicalmente os critérios
de cálculo dos benefícios previdenciários em dois golpes.
De um lado, alterou o período básico de cálculo para a
definição do salário-benefício das prestações
previdenciárias, isto é, o período cujas contribuições são
consideradas no cálculo do benefício. De outro lado, criou o
fator previdenciário, uma espécie de tablita
obrigatoriamente aplicável no cálculo da renda mensal da
aposentadoria por tempo de contribuição e
facultativamente na aposentadoria por idade, mecanismo
que influencia o valor desses benefícios a depender de
critérios como tempo de contribuição, idade e expectativa
de sobrevida do segurado ao se aposentar.

Em linha de princípio, é devida a aplicação


do fator previdenciário no cálculo da renda mensal inicial de
aposentadoria por tempo de contribuição, uma vez que o Supremo
Tribunal Federal, quando do julgamento da ADI-MC 2111-DF, Rel.
Min. Sydney Sanches, j. 16.03.2000, decidiu pela
constitucionalidade da nova metodologia de cálculo do referido
benefício, com base no princípio do equilíbrio financeiro e atuarial
(CF/88, art. 201, caput, com a redação da EC 20/98).

Nada obstante, uma vez compreendido o


fator previdenciário em seu desiderato de desestimular
aposentadorias precoces, percebe-se que sua incidência indistinta
no cálculo da aposentadoria assegurada constitucionalmente aos
professores tem o condão de esvaziar a norma de dignidade
constitucional que, em consonância com a política de educação,
busca valorizar o exercício das funções de magistério, mediante a
garantia de aposentadoria a partir de critérios diferenciados.

A aplicação do fator previdenciário no


cálculo da aposentadoria destinada aos professores consubstancia,
a um só tempo: a) esvaziamento de norma constitucional que
consagra direito fundamental por uma outra, de hierarquia inferior;
b) a desconsideração da razão de ser da garantia constitucional da
aposentadoria antecipada do professor, qual seja, a especial
valorização das atividades docentes além de anular a vantagem que
os professores têm de antecipar a aposentadoria.

Para melhor ilustrar a magnitude da


injustiça e do agravo ao propósito constitucional operada pela
aplicação de um redutor no cálculo da renda mensal das
aposentadorias dos professores, agravo este mais acentuado quanto
mais exatamente se valha o professor da garantia constitucional
que lhe foi atribuída, colhem-se excertos das justificativas
legislativas apresentadas para a aprovação da PEC que culminou
com a constitucionalização da aposentadoria antecipada dos
professores (EC 18, de 30/06/1981).

Observe-se, neste sentido:

Nosso objetivo é, retomando a matéria, dispor sobre a


aposentadoria dos Professores; estatutários ou celetistas,
aos vinte e cinco anos de serviço ou trabalho, com
proventos ou salário integrais.

[...]

Acreditamos que desta forma, fica o universo do


professorado brasileiro abrangido pelo remédio legal, o que
consideramos medida de justiça social, pelo verdadeiro
sacerdócio exercido por estes profissionais.

[...]
Ao lado da família, o professor realiza a tarefa mais
importante da sociedade. Por isso costumamos dizer que
nele repousam as esperanças de todos os povos,
principalmente daqueles que ainda não ultrapassaram a
barreira do subdesenvolvimento. A medida que crescem as
comunidades e aumenta a complexidade dos serviços,
mais e mais encargos são cometidos ao professor, cidadão
idealista e abnegado que dedica sua vida à nobre tarefa de
servir.

[...]

Entretanto, ressentem-se os professores brasileiros -


notadamente os que militam no início da escolarização, que
deveria ser obrigatória e universal - dos baixos salários que
lhes são proporcionados, tanto no setor público quanto no
setor privado, levando-os ao desgaste precoce e ao
abandono da profissão. A evasão de professores, no Brasil,
é considerada uma das mais altas do mundo - uma prova
inconteste do descaso a que está relegada a educação
brasileira. A nível de 1.0 e 2.º graus, a situação é ainda
mais grave.

Se ainda não foi encontrada uma fórmula capaz de minorar


a aflitiva situação financeira dos professores; se o principio
federativo constitui obstáculo a que a União assuma a
iniciativa dos Estados;. se a situação financeira do País não
permite aumento de despesa, que ao menos seja
concedido aos mestres o benefício de uma aposentadoria
especial, pois na realidade vinte e cinco anos de exercício
do magistério correspondem a mais de 35 em outras
atividades menos desgastantes"(Revista de Informação
Legislativa. Brasília. a. 18 n.. 71, jul./set. 1981, grifos
nossos).

Neste contexto, a interpretação de que o fator


previdenciário se aplica à aposentadoria dos professores
indistintamente, isto é, em qualquer caso, pode esvaziar a garantia
constitucional que lhes é assegurada.

Com efeito, enquanto a norma constitucional


assegura a antecipação da inativação do professor, a legislação
infra-constitucional conspiraria contra a norma constitucional, pois
guarda a potencialidade de penalizar eventual jubilação antecipada,
por meio de redução do conteúdo econômico da prestação
constitucionalmente assegurada.
A aplicação do fator previdenciário
no cálculo da aposentadoria antecipada dos professores, se
prejudicial, atenta contra a disposição constitucional que busca
privilegiar o regime previdenciário desses trabalhadores, dada sua
fundamental importância para o desenvolvimento socioeconômico e
cultural de nosso País.

Assim interpretada, a legislação


ordinária não guardaria racionalidade em relação à norma
constitucional que assegura a aposentadoria diferenciada dos
professores, na medida em que apresenta aptidão para produzir
efeitos contrários daqueles desejados com a edição da norma
constitucional.

Como bem demonstra a doutrina especializada:

A partir da Lei 9.876/99, se tornou impossível fazer uma


previsão do valor da aposentadoria, pois anualmente havia
alteração da expectativa de vida que dependia do
resultado apurado pelo IBGE, o que gerava insegurança na
permanência ao trabalho, na continuidade das
contribuições e, via de consequência, ensejava as
aposentadorias antecipadas e prematuras.

Neste quadro se encontram os professores que foram


contemplados com o direito à aposentadoria com menor
tempo de contribuição, mas em razão da idade tem a renda
mensal reduzida e que em decorrência da alteração anual
da tábua de mortalidade e expectativa de vida, muitas
vezes, a cada ano em que trabalha a mais, a renda fica
menor.

[...]

Portanto, a aplicação do fator previdenciário na


aposentadoria do professor retira a benesse constitucional
de poder aposentar-se aos 25 ou 30 anos de efetivo labor
no magistério. É dar essa benesse, incentivo, com uma
mão e tirar com a outra"(DARTORA, Cleci. Aposentadoria
do professor: aspectos controvertidos, Curitiba: Juruá
Editora, 2008. p. 135).

Pois bem, na medida em que as decisões


jurídicas tratam do mundo real, fazendo-o no contexto de todo o
corpo do sistema de direito normativo, elas devem fazer sentido no
mundo e devem também fazer sentido no contexto do sistema
jurídico"(MACCORMICK, Neil. Argumentação jurídica e teoria do
direito. Tradução de Waldéa Barcellos. São Paulo: Martins Fontes,
2006. p. 137).

A deliberação judicial deve fazer sentido no


sistema jurídico enquanto corpo coeso e coerente de normas cuja
observância garante certos objetivos valorizados que podem todos
ser buscados em conjunto de modo integral"(ob. cit. p. 135).

“ Pela exigência de coesão, por mais


desejável que seja uma deliberação a partir de fundamentos
consequencialistas ela não pode ser adotada se estiver em
contradição com alguma norma válida e de caráter obrigatório do
sistema”. A rejeição da deliberação seria imposta, em tais
condições, em razão de "seu conflito insolúvel com (a contradição
de) normas válidas e estabelecidas"(ob. cit. p. 135).

Já a coerência requer a consonância da


deliberação com um princípio racional que possa explicar ou
justificar o tratamento sugerido. A escolha entre os modelos ou
padrões possíveis deve oferecer solução coerente com o sistema
jurídico, traduzindo" valores inteligíveis e mutuamente compatíveis
". A nova deliberação deve, pois, encontrar-se coerente com o
sistema jurídico, chamando suas diversas normas, em face dos
casos concretos, como manifestação dos princípios mais gerais: "a
exigência de coerência é atendida apenas até onde deliberações
novas oferecidas possam ser inseridas no âmbito do corpo existente
do princípio jurídico geral"(ob. cit. p. 136).

Nessas condições, em trabalho hermenêutico


de compatibilização da norma infra-constitucional com aquela de
estatura constitucional (interpretação conforme), deve-se
compreender que, nos casos de aposentadoria do professor que
cumpre tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
educação infantil e no ensino fundamental e médio, nos termos do
art. 201, § 8º, da Constituição da República, a aplicação do fator
previdenciário somente é possível quando for benéfica ao segurado”.

Ante o exposto, podemos ressaltar que a


inclusão do fator previdenciário para o cálculo da RMI do professor é
o mesmo que retirar a benesse dos 25 anos ou 30 anos, homem e
mulher respectivamente. Isto ocorre porque na fórmula do fator
previdenciário há a imposição da idade. A idade não é um fator de
requerimento, mas quanto mais jovem este trabalhador for maior
será o impacto em seu cálculo.

Pelo histórico da vida laborativa de um professor


este começa cedo a trabalhar no magistério e com a redução no
tempo de contribuição para 25 e 30 anos acaba se aposentando
com idades não elevadas.

A relativização do tempo de contribuição


que é dada ao professor abarcado por esta norma acaba sendo
retirada pela imposição da idade no fator previdenciário. O cálculo
com a fórmula do fator previdenciário acaba por si só prejudicando a
aposentadoria do docente.

Assim, para minimizar os efeitos da Lei


9.876/99 sobre a aposentadoria do professor, deve-se afastar o fator
previdenciário pela especialidade do tema, ou caso assim não
entender o julgador aplicar de forma facultativa, assim como é feito
nas aposentadorias por idade.

Por estas razões decidiu o Ministro Relator


OG FERNANDES, na Turma do STJ, AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº
1.104.334 - PR (2008/0250172-2):
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO.
MAGISTÉRIO. APOSENTADORIA. TEMPO DE SERVIÇO. CONVERSAO.
POSSIBILIDADE. PRECEITOS CONSTITUCIONAIS. VIA ESPECIAL.
APRECIAÇAO.IMPOSSIBILIDADE.

1. Afigura-se inviável a apreciação de ofensa


a dispositivo constitucional, ainda que a título de
prequestionamento, uma vez que não cabe a esta Corte, em sede
de recurso especial, o exame da referida questão, cuja competência
é reservada ao Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 102,
inc. III, da Constituição Federal.

2. Segundo entendimento consolidado no


âmbito das Turmas que compõem a eg. Terceira Seção, possível a
conversão, como especial, do tempo de serviço exercido em
atividade de professor, uma vez que tal atividade era tida como
penosa pelo Decreto nº 53.831/64, cuja observância foi determinada
pelo Decreto nº 611/92. Precedentes.

3. “Agravo regimental a que se nega


provimento”.

Nos trechos da sentença do mencionado


Magistrado de São José dos Campos podemos extrair o porquê da
decisão do STJ:

“ Maior prejuízo não existiria, não fosse a


implementação do fator previdenciário pela Lei 9.876/99. Este
instituto aplicado no cálculo do benefício, leva em conta, entre
outros, o tempo de contribuição do segurado jubilado, para a
definição de um coeficiente que se aplica sobre seu salário de
benefício

Ora, levar em conta o tempo de


contribuição para a aposentadoria do professor, implica na
elaboração de um coeficiente que sempre diminui em seu valor
numérico. O professor para aniquilar este efeito, somente no
tocante ao tempo de contribuição, teria que trabalhar mais cinco
anos além do que prevê o texto constitucional

“ Vê-se que a aplicação do fator, fere de


molde o próprio direito, de obtenção de aposentadoria diferenciada,
fere de morte à obtenção da aposentadoria constitucional do
professor, 201, parágrafo 8”.

V- Do valor do benefício:

Importante mencionar que o Enunciado nº 5 do


Conselho de Recursos da Previdência Social dispõe:

“A Previdência Social deve conceder o


melhor benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao
servidor orientá-lo nesse sentido”.

Neste sentido, a Autora, busca a retirada


do Fator previdenciário do calculo da sua( RMI ) de aposentadoria
especial de professora, B57, majorando a mesma para a importância
de R$ 2.329, sendo que recebe hoje o valor de R$ 1.264,52,
conforme extrato de pagamento e cálculos acostados à inicial.

A diferença a que a Autora tem direito é


bastante significativa e por se tratar o benefício de caráter
alimentar vem sofrendo privações por uma arbitrariedade do INSS,
em não ofertar a Autora, o melhor benefício.

VI- DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer:


1) A citação do INSS na pessoa de seu representante legal para,
querendo, oferecer a defesa que lhe couber;

2) Que seja concedida a Tutela Antecipada condenado o INSS a


retirar imediatamente o Fator Previdenciário do cálculo da RMI
da Aposentadoria Especial – B57 – da Autora, alterando assim
a sua Renda Mensal atual para o valor integral, sem qualquer
desconto.

3) Que a presente ação seja julgada procedente, condenando o


INSS a fazer as alterações na aposentadoria da Autora, para
que a mesma receba o valor integral da sua aposentadoria
Especial, sem aplicação do fator previdenciário;

4) Os benefícios assegurados pela Lei 1.060/50;

5) Provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidas;

6) Após o transito em julgado da decisão, seja compelido o INSS a


pagar as diferenças entre o valor que a Autora vem recebendo
referentes à aposentadoria atual com a aplicação do Fator
previdenciário e a nova aposentadoria especial, sem aplicação
do fator Previdenciário desde a data de 31/08/2012,
corrigidos monetariamente somados aos juros legais ;

7) Que as intimações, publicações, citações, referentes à autora,


sejam realizadas em nome das procuradoras; Maria Cecília
Melo Trópia, OAB/MG 133.753 e Marcella Souza França
OAB/MG 96.050, sob pena de nulidade.

Dá à causa o valor de R$ 44.507,19, conforme planilha em


anexo.
Termos em que,
Pede deferimento.

Itaúna, xxxxxxxxxxx/2014.

xxxxxxxxxxxx
OAB/MG xxxxxxxxxxxxx

conclusões
Soma dos vincendos: R$ 13.965,42
Última Renda Mensal Judicialmente: R$ 2.546,00
Soma devida Judicialmente: R$ 30.541,78
Soma total: R$ 44.507,19
Resultados
INDICE INDICE
DE DE
VAL DIFERE
REAJU REAJUS BENEFÍ DIFERE CORREÇ DIFERE
BENEFÍ OR NÇA
COMPETÊ STE DE TE DE CIO NÇA ÃO NÇA JUR
CIO DOS CORRIG
NCIA VALOR VALORE RECEBI MENSA MONETÁ CORRIG OS
DEVIDO JUR IDA +
ES S DO L RIA IDA
OS JUROS
DEVID RECEBI
OS DOS

R$ R$
1.00000 R$ R$ 0.00 R$ R$
7/2012 2.329,2 1.000000 1.264,5 1.1345
0 1.064,69 241,58 % 0,00 241,58 p
1 2

R$ R$
1.00000 R$ R$ 0.00 R$ R$
8/2012 2.329,2 1.000000 1.264,5 1.1297
0 1.064,69 1.202,73 % 0,00 1.202,73
1 2

R$ R$
1.00000 R$ R$ 0.00 R$ R$
9/2012 2.329,2 1.000000 1.264,5 1.1246
0 1.064,69 1.197,34 % 0,00 1.197,34
1 2

R$ R$
1.00000 R$ R$ 0.00 R$ R$
10/2012 2.329,2 1.000000 1.264,5 1.1176
0 1.064,69 1.189,85 % 0,00 1.189,85
1 2

R$ R$
1.00000 R$ R$ 0.00 R$ R$
11/2012 2.329,2 1.000000 1.264,5 1.1097
0 1.064,69 1.181,46 % 0,00 1.181,46
1 2

abono - 1.00000 R$ R$ R$ R$ 0.00 R$ R$


1.000000 1.1097
11/2012 0 970,50 526,88 443,62 492,28 % 0,00 492,28 a

R$ R$
1.00000 R$ R$ 0.00 R$ R$
12/2012 2.329,2 1.000000 1.264,5 1.1037
0 1.064,69 1.175,11 % 0,00 1.175,11
1 2

1/2013 1.03550 R$ 1.035500 R$ R$ 1.0956 R$ 0.00 R$ R$


0 2.411,90 1.309,4 1.102,49 1.207,89 % 0,00 1.207,89
INDICE INDICE
DE DE
VAL DIFERE
REAJU REAJUS BENEFÍ DIFERE CORREÇ DIFERE
BENEFÍ OR NÇA
COMPETÊ STE DE TE DE CIO NÇA ÃO NÇA JUR
CIO DOS CORRIG
NCIA VALOR VALORE RECEBI MENSA MONETÁ CORRIG OS
DEVIDO JUR IDA +
ES S DO L RIA IDA
OS JUROS
DEVID RECEBI
OS DOS

R$
1.00000 R$ R$ R$ 0.00 R$ R$
2/2013 1.000000 1.309,4 1.0856
0 2.411,90 1.102,49 1.196,88 % 0,00 1.196,88
1

R$
1.00000 R$ R$ R$ 0.00 R$ R$
3/2013 1.000000 1.309,4 1.0800
0 2.411,90 1.102,49 1.190,69 % 0,00 1.190,69
1

R$
1.00000 R$ R$ R$ 0.00 R$ R$
4/2013 1.000000 1.309,4 1.0736
0 2.411,90 1.102,49 1.183,59 % 0,00 1.183,59
1

R$
1.00000 R$ R$ R$ 0.00 R$ R$
5/2013 1.000000 1.309,4 1.0673
0 2.411,90 1.102,49 1.176,65 % 0,00 1.176,65
1

R$
1.00000 R$ R$ R$ 0.00 R$ R$
6/2013 1.000000 1.309,4 1.0635
0 2.411,90 1.102,49 1.172,54 % 0,00 1.172,54
1

R$
1.00000 R$ R$ R$ 0.00 R$ R$
7/2013 1.000000 1.309,4 1.0606
0 2.411,90 1.102,49 1.169,27 % 0,00 1.169,27
1

R$
1.00000 R$ R$ R$ 0.00 R$ R$
8/2013 1.000000 1.309,4 1.0620
0 2.411,90 1.102,49 1.170,79 % 0,00 1.170,79
1

R$
1.00000 R$ R$ R$ 0.00 R$ R$
9/2013 1.000000 1.309,4 1.0603
0 2.411,90 1.102,49 1.168,92 % 0,00 1.168,92
1

R$
1.00000 R$ R$ R$ 0.00 R$ R$
10/2013 1.000000 1.309,4 1.0574
0 2.411,90 1.102,49 1.165,77 % 0,00 1.165,77
1

R$
1.00000 R$ R$ R$ 0.00 R$ R$
11/2013 1.000000 1.309,4 1.0510
0 2.411,90 1.102,49 1.158,70 % 0,00 1.158,70
1

R$
abono - 1.00000 R$ R$ R$ 0.00 R$ R$
1.000000 1.309,4 1.0510
11/2013 0 2.411,90 1.102,49 1.158,70 % 0,00 1.158,70
1

12/2013 1.00000 R$ 1.000000 R$ R$ 1.0453 R$ 0.00 R$ R$


0 2.411,90 1.309,4 1.102,49 1.152,48 % 0,00 1.152,48
INDICE INDICE
DE DE
VAL DIFERE
REAJU REAJUS BENEFÍ DIFERE CORREÇ DIFERE
BENEFÍ OR NÇA
COMPETÊ STE DE TE DE CIO NÇA ÃO NÇA JUR
CIO DOS CORRIG
NCIA VALOR VALORE RECEBI MENSA MONETÁ CORRIG OS
DEVIDO JUR IDA +
ES S DO L RIA IDA
OS JUROS
DEVID RECEBI
OS DOS

R$ R$
1.05560 R$ R$ 0.00 R$ R$
1/2014 2.546,0 1.055600 1.382,2 1.0379
0 1.163,78 1.207,86 % 0,00 1.207,86
0 1

R$ R$
1.00000 R$ R$ 0.00 R$ R$
2/2014 2.546,0 1.000000 1.382,2 1.0314
0 1.163,78 1.200,30 % 0,00 1.200,30
0 1

R$ R$
1.00000 R$ R$ 0.00 R$ R$
3/2014 2.546,0 1.000000 1.382,2 1.0248
0 1.163,78 1.192,67 % 0,00 1.192,67
0 1

R$ R$
1.00000 R$ R$ 0.00 R$ R$
4/2014 2.546,0 1.000000 1.382,2 1.0165
0 1.163,78 1.182,97 % 0,00 1.182,97
0 1

R$ R$
1.00000 R$ R$ 0.00 R$ R$
5/2014 2.546,0 1.000000 1.382,2 1.0086
0 1.163,78 1.173,81 % 0,00 1.173,81
0 1

R$ R$
1.00000 R$ R$ 0.00 R$ R$
6/2014 2.546,0 1.000000 1.382,2 1.0026
0 1.163,78 1.166,81 % 0,00 1.166,81
0 1

R$ R$
1.00000 R$ R$ 0.00 R$ R$
7/2014 2.546,0 1.000000 1.382,2 1.0000
0 1.163,78 1.163,78 % 0,00 1.163,78
0 1

R$ R$
1.00000 R$ R$ 0.00 R$ R$
8/2014 2.546,0 1.000000 1.382,2 1.0000
0 1.163,78 300,33 % 0,00 300,33 p
0 1

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