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Acadêmica: Ana Carolina Lopes de Souza

Prof Dr Marcos Valerio Zschornack


Capítulo 17 – Robbins & Cotran

O trato gastrintestinal

Esôfago - Normal

O esôfago se desenvolve a partir da porção cranial do intestino anterior e se torna


reconhecível durante a terceira semana gestacional; tem a forma de um tubo muscular
oco com grande capacidade de distensão. O esôfago se estende desde a epiglote, no alto
da faringe e ao nível da vértebra C6, até a junção gastro-esofágica, ao nível da vértebra
T11 ou T12. No recém-nascido, mede entre 10 e 11cm de comprimento, e no adulto
pode medir até cerca de 25cm. Para o endoscopista, o esôfago é considerado a estrutura
anatômica localizada entre 15 e 40cm a partir do dentes incisivos, estando a junção
gastro-esofágica localizada no limite dos 40cm distais. Três pontos de estreitamento da
luz podem ser identificados ao longo do seu curso – superiormente, ao nível da cartilagem
cricoide; no meio do s eu trajeto, onde fica adjacente a o arco aórtico e posterior ao
átrio esquerdo e ao brônquio principal esquerdo, e inferiormente, onde atravessa o
diafragma. Embora a pressão da luz esofágica seja negativa quando comparada com a
pressão atmosférica, registros manométricos das pressões intra-luminais no esôfago
identificaram duas áreas de alta pressão que permanecem relativamente contraíd as
durante a fase de relaxamento. Uma delas é um segmento de 3 cm no esôfago prox imal,
adjacente ao músculo crico-f aríngeo, denominado esfíncter esofágico superior (EES ). A
outra á rea de alta pressão localiza -se no segmento de 2 a 4cm imediatamente proxim al
á junção gastro -esofágica anatômica, ao nível do diafragma, e se chama esfíncter esofágico
inf erior (EEI). Ambos os s egmentos são es fíncteres fisiológicos, já que nã o existem
estruturas anatômi cas que delimitem estas regiões de alta pressão e a musculatur a esofágica
adjacente. A parede do es ôfago é formada por camadas mucosa, sub -mucosa, muscular e
adventícia, refletindo a estrutu ra de organização geral do trato gastrintestinal. A mu cosa
tem superfície lisa, brilhante , pardo-rosada e é formada po r três c omponentes: a
camada epitelial pavimentosa estratificada não-queratinizada, a lâmina própria e a muscular
da mucosa. A camada epitelial tem células pavimentosas ma duras superpostas á camada
basal. As células basais, que constituem 10% a 15% da espessura da mucosa são células-
tronco com grande potencial proliferativo. Um pequeno número de ti pos celulares
especializados, como melanócitos, células endócrinas, células dendríticas e linfócitos está
presente na região mais pro funda da camada epitelial. A lâmina própria é a re gião não-
epitelial da mucos a que fica acima da muscular da mucosa. É constituída por tecido
conjuntivo frouxo que encerra estruturas vasculares e leucócitos esparsos. Prolongamentos
digitiformes da lâmina própria, chamada papilas, se estendem em direção á camada epitelial.
A muscular da mucos a é uma delicada camada de feixes musculares lisos orientados longit
udinalmente.

A sub-mucosa consiste em tecido conjuntivo fro uxo contendo vasos san guíneos, uma rica
rede de vasos linfáticos, esparsos linfócitos formando alguns folículos linfoides, fibras
nervosas (incluindo os gân glios do plexo de Meissner) e glândulas sub -mucosas. Estas
comunicam-se com a luz do esôfago através de ductos revestidos por epitélio pavimentoso
e localizam -se ao longo de todo o órgão, embora fiq uem mais concentradas nas regiões
superior es e inferiores. Suas secreções, contendo muco, ajudam a lubrificar o esôfago.

Ao longo de todo o trato alimentar, a c amada muscular consiste em mús culo liso
disposto em uma camada circular interna e uma camada longitudinal externa; entre as
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duas, encontra -se o bem desenvolvido plexo mioentérico (plexo de Auerbach). A camada
muscular dos 6 a 8cm proximais do esôfago também contém fibras mu sculares estriadas
proven ientes do músculo crico -faríngeo. Essa constituiç ão muscular do esôf ago, li sa e
estriada, é ímpar no aparelho digestivo e explica por que distúrbios musculares esqueléticos
podem causar disfunção esofágica.

Contrastando com o resto do tubo gastrintestinal, a maior parte do esôfago não tem
envoltório seroso; somen te o pequeno segmento do esôfago intra -abdominal é coberto por
serosa. O esôfago torácico fica envolto por uma fáscia que se condensa ao seu redor, de
maneira a constituir uma estrutura em form a de membrana. No m ediastino s uperior,
essa fáscia, além de sustentar o esôfago, forma uma me mbrana semelhante ao r edor
das estruturas adjacentes: grandes vasos e árvore tráqueo-brônquica.

Essa proximidade anatômica com importantes vísceras torácicas é relevante, porque


permite uma rápida disseminação de infecções e tumores do esôfago em direção ao
mediastino posterio r. Essa disseminação pode ser facilitada pela rica rede de vasos linf
áticos mucosos e sub-mucosos que se localizam longitudinalmente na parede do esôfago.

As principais funções do esôfago consistem em c onduzir alimentos e líquidos da farin ge


ao estômago, evitar a difusão passiva de substâncias alimentares para o sangue e evitar
o refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago. Essas funções exigem uma atividade m
otora coorden ada com a deglutição: relaxamento do EEI, uma onda de contração
peristáltica e fechamento do EE I após o reflexo da deglutição. Os mecanismos que
controlam essa função motora são complexos, envolvendo inervação extrínseca, intrínseca,
regulação humoral e propriedades da parede muscular.

O controle do EE I é fundamental para a fun ção esofágica. A manutenção do seu tônus


é necessária para evitar o refluxo do conteúdo gástrico, que está sob pressã o positi va
em relação ao esôfago. Dur ante a deg lutição, tanto a inibição ativa das fibras musculares
pelos neurônios inibitórios não-adrenérgicos e não-coliné rgicos quanto a parada da ex
citação tôni ca pelos neurônios colinérgicos p ermitem o relaxamento do EEI.

Muitas substâncias químicas (e..g, gastrina, acetilcolina, serotonina, prostaglandina F-2alfa,


motilina, substância P, histamina e peptídeo pancreático) aumentam o tônus do EE I,
enquant o outras (e.g., óx ido nít rico e p eptídeo intestinal vaso-ativo) o reduzem; no
entanto, seus papéis exatos sobre a função esofágica normal ainda permanecem obscuros.

Estômago - Norma l

O estômago se d esenvolve a partir da região dist al do intestino anterior. É um órgão


sa cular com um volume de 1200 a 1500ml, mas com capacidade para mais que 3000ml.
Ele se estende de uma área lo go á esquerda da linha média, onde se une ao duodeno.
A concavidade direita, a curvatura int erna, é chamada curvatura menor e a conv exidade
esquerda é chamada curvatura maior. Um ângulo ao longo da curvatura menor, a incisura
angular, marca o local aproxim ado onde o estômago se estr eita antes da sua junção com o
duodeno. Todo o estômago é coberto por peritônio uma grande pre ga peritoneal, o omento
maior, estender-se a partir da curvatura maior em direção ao cólon transverso.

O estômago é dividido e m cinco regiões anatômicas. A cárdia é a estreita região em


forma de cone, imediatamente distal á junção gastro-esofágica. O fundo é a re gião em
forma de cúpula no estômago proximal, que se estende súpero -lateralmente á junção
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gastro-esofágica. O corpo engloba o restante do estômago proximal até a incisura angular.
O estômago distal a este ângulo é o antro, que fica separado do duodeno pelo esfíncter
pilórico muscular.

A parede gástrica, assim como o restante do trato gastrintestinal, consiste em mucosa,


sub -mucosa, camada muscular e serosa. A superfície interna do estômago exibe rugas
irregulares (chamadas “pregas”). Este pregueamento da mucosa e da sub -mucosa se estende
longitudinalmente, é mais pro eminente no estômago prox imal e se achata quando o
estômago so fre distensão. Um padrão em mosaico mais delicado é delineado por pequenos
sulcos na mucosa. A delicada textura da mucosa é pontilhada por milhões de fovéolas (fossetas)
gástrica, que levam ás glândulas mucosas.

A mucosa gástrica t em dois compartimentos: o foveolar (em forma d e folha) superficial


e o glandular profundo. O compartimento foveolar é relativamente uniforme em todo o
estômago. Já o glandular exibe importantes diferenças na espessura e na composição
glandular entr e as diferentes regiões do estômago. O compartimento foveolar consiste
em células epiteliais superficiais que ntêm células secretoras de muco e células endócrinas.
Os principais tipos celulares destas glândulas são os seguintes: Células mucosas – revestem as
gl ândulas da cárdia e do antro e secretam muco e pepsinogênio II. As células mucosas
do colo, n as glândulas do fundo e d o corpo, s ecretam muco e pepsinogênios I e II. Células
parietais – localizam-se predominantemente na metade superior das glândulas oxínticas do
fundo e do corpo. São reconhecíveis pela sua int ensa eosinofilia nos cortes corados com
Hematoxilina e Eosina, o que se deve ás suas abundantes mitocôndrias. A membrana
apical da célula parietal é invaginada, formando um extenso sistema canalicular intra-
celular, acrescido de micro-vilosidades. No estado de repouso, e xistem vesículas próximas
ao sistema canalicular. Essas vesículas contêm a bomba de prótons (“bomba gástrica”),
uma única hidrogênio-pot ássio-ATPase (H+/K+ATPase), que bombeia o hidrogênio através
das membranas, troc ando-o po r íons de potássio. Poucos minutos após o início da
estimulação das células pa rietais, as vesículas se fund em com o sistema canalicular,
criando uma membrana apical de grande área superficial, secretora de ácido. As células
parietais também secretam o f ator intrínseco, o qual se liga á vitamina B12 no duodeno,
permitindo a absorção desta no íleo. Células principais – concentra-se n a base das glândulas
gástricas e são responsáveis pela secreção das pró -enzimas proteolíticas pepsinogênio I e
II. São reco nhecíveis por seu citoplasma basofílico; ultra-estruturalmente, são típicas células
sintetizadoras de proteínas, possuindo um proeminente aparelho de Golgi supra-nuclear e
num erosos grânulos secretores apicais. As serem estimuladas, as células principais liberam,
por exocitose, os grânulos contendo pepsinogênios. Esses são ativados em pepsina pelo
baixo pH da luz gástrica e são inativados pelo pH maior que 6,0 na entrada do duodeno.
Células endócrinas ou êntero-endócrinas – ficam dispersas entre as células epiteliais das
glândulas gástricas ou antrais. O citoplasma dessas células triangulares contém grânulos
pequenos, brilhantes e eosinofílicos concentrados na região basal.

Essas células podem agir de forma endócrina, liber ando seus produtos na circulação ou de
fo rma parácrina, através de secreção no tecido local.

Na mucosa ant ral, a m aioria das célu las endócrinas constitui as chamadas células G
produtoras de gastrina. Na mucosa do corpo gástrico, as células endócrinas produzem hist
amina, a qual se li ga ao receptor de histamina 2 (H -2) nas células parietais, aumentando
a produção de ácidos. Essas célu las também s ão c hamadas células entero-cromafim like
(células EC L). Outras células ECL da mu cosa gástrica são as células D (produtoras de
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somatostatina) e as células X (produtoras de endotelina). Essas células são importantes
moduladoras da produção de ácido.

Fisiologia da mucosa gástrica

Secreção ácida

A principal característica da fisiologia gástrica é a secreçaõ de ácido clorídrico, divida em


três fases: A fase cefálica, iniciada pela visão, paladar, olfato, mastigação e de glutição
dos alimen tos agradáveis, é mediada por atividade vagal.

A fase gástrica envolve a estimulação mec ânica dos receptores pela distensão gástrica e
é mediada por impulsos vagais; também se relaciona com a liberação de gast rina pelas
células endócrinas, as células G das glândulas antrais . A liberação de gastrina é induzida
por aminoácidos e peptídeos luminais e, provavelmente, por estímulo vagal também; A fase
intestinal, iniciada quando os alimentos contendo proteínas digeridas chegam ao intestino
delgado proximal; envolve vários poli-peptídeos além da gastrina.

Todos os estímulos convergem para as células gástricas parietais, com o objetivo de ativar
a bomba gástrica: A acetil -colina liberada pelos aferentes cefálicos -vagais ou gástrico-
vagais estimula a célula parietal via receptores colinérgicos de muscarina -3, causando
aumento do Ca2+ citosól ico e posterior ativação da bomba gástrica de próton. A gastrina
ativa o receptor de gastrina, causando aumento do Ca2+ cito sólico dentro d as células
parietais. A célula glandular oxíntica ECL tem papel essencial: a gastrina e os aferentes
vagais induzem a liberação de histamina das células EC L, estimulando o receptor H -2 n
as células parietais. Essa via é considerada a mais importante para a ativação da b omba
gástrica de prótons.

A ativação de alguns receptores na super fície das células parietais inibe a produção de
ácidos. Eles incluem os receptores de somatostatina, prostaglandinas d a série E e do
fator de crescimento epidérmico.

Proteção mucosa

Quando a secreção gástrica atinge o máximo, a concentração intra-luminal de íon hidrogênio é


3 milhões de vezes maior do que a do san gue e dos tecidos. A “barreira mucosa” protege a
mucosa gástrica contra a auto-digestão e é constituída por: Secreção de muco: a fina camada
de muco no estômago e no duod eno exibe um coeficiente de difusão para o H+ quatro
vezes menos que o da água. Os fluidos contendo ácidos e pepsina saem das glândulas
gástricas em jatos, passando através da camada superficial de muco e entrando diretamente
na luz sem fazer contato com as células epiteliais superficiais. Secreção de bicarbonato: As
células epiteliais superficiais tanto do estômago quanto do duodeno secretam bicarbonato
para a zona limítrofe cheia de muco, o que cria um micro -ambiente com pH essencialmente
neutro, imediatamente acima da superfície da célula. A barreira epitelial: as junções íntimas
inter-celulares fornecem uma barreira á difusão retrógrada dos íons hidrogênio. Uma
ruptura do epitélio é seguida por uma regeneração te, provavelmente através de ação
sobre o eixo hipotálamo -hipofisário-gastrintestinal.

Intestinos delgado e grosso - Normal

Anatomia
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O intestino delgado de um adulto mede cerca de 6 metros de comprimento e o cólon
(intestino grosso) mede aproximadamente 1,5 metros. Os primeiros 2 5cm do intestino
delgado formam o duodeno e são retro-peritoneais; o início do intestino delgado na
cavidade peritoneal corresponde ao início do jejuno, e o seu té rmino se localiza onde o
íleo encontra o cólon, ao nível da válvula íleo-cecal. O limite entre o jejuno e o íleo não
é claramente definido; arbitrariamente, considera-se que o jejuno constitui o terço prox
imal do intestino delgado intra-peritoneal e que o íleo constitui o restante. O cólon é sub
-dividido em ceco, cólon ascendente, cólon transverso e cólon descendente.

O cólon sigmoide começa na margem late ral esquerda da pelve, ainda na cavidade
peritoneal, e se dobre em direção á linha me diana da pelve, onde se transforma no reto,
ao nível da terceira vértebra sacral. O reto tem c erca de 15cm de comprimento, e na
sua região médio atravessa os músculos perineais pa ra tornar-se ex tra-peritoneal.

O peritônio faz uma reflexão a partir do reto sobre o assoalho da pelve, criando um
fundo d e saco chamado fundo -de-saco de Douglas.

Vascularização

O suprimento arterial do intestino, do jejuno proximal á flexura h epática do cólon, deriva


da artéria mesentérica superior. A art éria mesentérica infe rior irriga o restante do cólon até o
reto. Cada artéria se divide pro gressivamente até atingir o intestino e exibe extensas inter-
conexões arteriais através das arcadas mesentéricas. Na região proximal, numerosos vasos
colaterais unem a circulação mesentérica ao eixo arterial celíaco, e na região dist al, outros
colaterais unem a rede vascular mesentérica á circulação pudenda. A drenagem linfática
em geral é paralela á rede sanguínea, e entre ambas não se formam arcadas inter-
conectantes.

A região superior do reto é irrigada pelo ramo hemorroidário superior da artéria


mesentérica inferior. A região inferio r recebe seu suprimento sanguíneo dos ramos
hemorroidários da artéria pudenda interna ou da artéria ilíaca interna. A drenagem venosa
acompanha a dist rib uição arterial e é conectada por um leito capilar anastomótico entre
as veias hemorroidárias superiores e inferiores, fornecendo assim uma conexão entre os
sistemas venosos portal e sistêmico. Uma vez que os cólons ascendente e descendente
são retro-peritoneais, r ecebem considerável suprimento san guíneo acessório de uma ampla
área da parede abdominal posterior, para onde também mandam sua drenagem linfática.

Mucosa do intestino delgado

A característica mais típica do intestino delgado é seu revestimento mucoso, que exibe
inúmeras vilosidades. Essas se estendem em direção á luz sob forma de revestimento. A
lâmina própria contêm vasos sanguíneos, vasos linfáticos, uma pequena população de
linfócitos, eosinófilos e mastócitos, além de esparsos fibroblas tos e células musculares
lisas posicionadas verticalmente. Entre as bases das vilosidad es encontramos as depressões
das glândulas (criptas) d e Lieberkühn, com células-tronco que permitem a regeneração do
epitélio. As criptas se estendem profundamente em direção á muscular da mucosa. Essa
é uma camada lisa e contínua que dá sustentação ao formato das vilosidades e das
criptas. Em indivíduos normais, a proporção entre o comprimento das vil osidades e das
criptas é de 4 a 5:1. No duodeno exitem abundantes glând ulas sub-mucosas produtor as
de muco, as glândulas de Brüner. Essas secretam íons bicarbonato, glicoproteínas e
pepsinogênio II e são praticamente iguais ás glândulas mucosas do piloro. O epitélio superficial
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da s vilosidades contém três tipos de células. As células absortivas colunares são
reconhecíveis pelo seu denso conjunto de mi cro-vilosidades (borda estriada ou borda em
escova) na superfície luminal e pela rede subjacente de micro -filamentos (a membrana
terminal). Regularmente localizadas entre as cél ulas absortivas estão as células caliciformes
secretoras de mucina e algumas células endócrinas. Dentro das criptas existem células -
tronco, células caliciformes, um número maior de células endócrinas e esparsas células de
P aneth. Essas têm grânulos eosinofílic os claros, orientados de forma apical e contendo
várias proteínas anti -microbianas (como as defensinas), que têm im portante papel na
imunidade inata da mucosa contra infecções bacterianas. As vilosidades da mucosa do
intestino delgado são o sítio da digestão final e da absorção das substâncias alimentares,
através da ação das células absortivas colunares. As criptas secretam íons e água, liberam
imunoglobulina A (IgA) e peptíd ios anti -microbianos em direção á luz, além de
funcionarem como local de divisão e renovação celular.

As células mucosas das criptas e da s vilosidades formam uma cobertura de muco aderente
que prote ge o epitélio superficial e fornece um meio adequado para a absorção dos
nutrientes. Receptores esp ecíficos p ara a absorção de macro -moléculas também existem
na superfície das células epiteliais, tais como as do íleo, para os complexos vitamina B12-
fator intrínseco.

Mucosa colônica

O intestino delgado realiza sua função abso rtiva com a uma corrente altamente líquida
na luz. A função do cólon e recuperar da luz a água e os eletrólitos. Ao contrário da
mucosa do intestino delgado, a muc osa colônica não tem vilosidades e é aplanada. Essa
mucosa é pontilhada por numeros as criptas tu bulares retas que se este ndem
profundamente e m direçã o á muscular d a mucosa. O epitélio superficial é composto de
células absortivas colunares, as quais têm micro -vilosidades mais curtas e em menor
número do que as do intestino delgado, e por células caliciformes mucosas. As criptas
contêm abun dantes células caliciformes, células endócrinas e células-tronco. Células de
Paneth ocasionalmente são encontradas na base das c riptas do ceco e do cólon acendente.
A mucosa intestinal, particul armente a do íl eo, é colonizada por bactérias endógenas,
especialmente cepas não-pato gênicas de E. coli e por organismos como Proteus,
Enterobacter, Serratia e Klebsiella . Os componentes da flora endógena p odem ser
deslocados por bactérias exógenas, como as cepas patogênicas da E. coli que causam lesão á
mucosa.

A capacidade regenerativa do epitélio intestinal é notável. A proliferação celular limita -se


ás criptas; a diferenciação e a migração em direção á luz repõem as c élulas epiteliais
perdidas por envelhecimento ou por desgaste na superfície. No intestino delgado, as células
migram para fora das criptas, em direção ás pontas das vilosidades, onde se solt am e
caem na luz. Essa mi gração normalmente leva 96 a 1 44 horas, o qu e causa renovação do
epitélio normal de revestimento a cada 4 a 6 dias. O turno voer do epitélio superficial
colônico leva 3 a 8 dias. A renovação rápida do epitélio intestinal fornece importante
capacidade de reparo, mas também deix a o intestino vulnerável especialmente aos agentes
que interferem na replicação celular, como a radioterapia ou a quimioterapia contra o câncer.

Células endócrinas

Uma população diferente de células endócrinas fica dispersa entre as células epiteliais
de revestimento das glândulas gástricas, nas vilosidades dos intestinos delgado e nas
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criptas dos intestinos delgado e grosso. Células semelhantes estão presentes no epitélio
de revestimento do pâncreas, n as vias bil iares, pulmões, tireoid e e uretra. As células
endócrinas do intestino exibem características morfológicas típicas. Na maioria das células,
o citoplasma contém abundante s grânulos eosinofílicos delicados que contêm materiais
secretáveis. A re gião principal da célula está na base do epitélio e o núcleo se localiza no lado
luminal dos grânulos citoplasmáticos.

Essas células exibem uma grande variedade e sub -tipos e de grânulos secretores. Esses
s ão liberados na superfície basal das células endócrinas ao longo da parte basal da sua
superfície lateral; não tem sido observada secreção apical (em direção á luz). Os vários
produtos secretores, alguns dos quais também estão pres entes no plex o nervoso
autônomo mural, agem como mensa geiros químicos e modul am as funções digestivas
normais, através de uma combi nação de mecanismo s endócrinos, parácrinos e neurócrinos.
Cada tipo celular endócrino, portanto, tem uma distribuição adequada para atender ás
necessidades fisiológicas de cada segmento intestinal.

Sistema imune intestinal

Os seres humanos estão expostos a uma enorme variedade de antígenos ambientais


através do trato gastrintestinal. A área d e superfície do trato gastrintestinal, através da qual
antígenos podem entrar, ex cede a da superfície cutânea e a do trat o respiratório. O sis
tema im une deve manter um equilíbrio entre as substâncias peri gosas ingeridas e as reações
de defesa c ontra potenciais invasores microbianos. Uma disfunção nesse complexo de defesa
pode causar uma doença crônica e, ocasionalmente, condições agudas que põem a vida
em risco. Ao lon go do intestino del gado e do cólon existem nódulos de tecido linfoide,
localizados apenas na mucos a ou ocupando a mucosa e a sub-mucosa. Os nódulos linfoides
deformam a s uperfície epitelial das vil osidades formando áreas arredondadas; no íleo, o
tecido linfoide confluent e torna-se m acroscopicamente visível sob a form a de placas de
Pe yer. O epitélio superficial sobre os nódul os contém células absortivas colunares e
células M (membranosas), sendo essas últimas encontradas apenas nos sítios linfoides dos
intestinos delgado e grosso. As cél ulas M realizam transcitose de macro-moléculas de
antígenos localizadas sob o epitélio superficial. As células apresentadoras de antígenos
incluem os macrófagos e as células dendríticas. Ao longo das alças intestin ais, os linfócitos
T ficam espalhados dentro da co prolonga o contato do con teúdo luminal com a mu
cosa. Embora as células musculares lisas sej am capazes de iniciar as contrações, a pe
ristalse tanto do intestino delgado quanto do intestino grosso é mediada por controle neu
ral intrínseco (via plex o mioentérico) e extrínseco (via inervação autônoma). O plexo
mioentérico consiste em duas redes n eurais: o plex o de Meissner, localizado na base
da sub-mucosa, e o plexo de Auerbach, localizado entre a camada muscular circular interna
e a lon gitudinal externa; ramificações neurais menores se est endem entr e as células
musculares lisas e se ramificam na sub- mucosa.

Apêndice cecal - Normal

O apêndice é um resíduo sub -desenvolvido do volumoso ceco. O apêndice no adulto


mede cerca d e 6 a 7cm d e co mprimento, está seguro por uma extensão mesentérica
do íleo adjacente e não tem função. O apêndice tem as mesmas quat ro camadas do
restante d o intestino e tem mu cosa do tipo colônica. Uma característica diferente d esse
órgão é que ele é extremamente ri co em tecido linfoide na mucos a e na sub -mucosa,
a qual em indivíduos jovens forma uma camada inteira de folículos germinativos e polpa
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linfoide. Esse tecido linfoide sofre atrofia progressiva durante a vida até chegar a desaparecer
na idade avançada. No apêndice dos mais idosos, particularmente na porção distal, ás vezes
ocorre obliteração fibrosa.

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