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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR E PLANEJAMENTO EDUCACIONAL


GESTÃO ESCOLAR E EDUCACIONAL

Eixo: Gestão escolar e educacional

Trabalho apresentado à disciplina Gestão escolar e


educacional ofertada no Centro de Educação – CE da
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE como
requisito parcial para aprovação na disciplina.

Sabrina dos Santos

RECIFE
2018

1) Organizar o trabalho pedagógico (numa instancia escolar ou não) exige pensar


os diversos processos educacionais, bem como as dinâmicas sociais que atravessam o
mundo e o contexto da comunidade onde se insere aquele trabalho educativo. Nesse
sentido, tal organização está para além de se pensar os recursos somente no âmbito
administrativo, é preciso considerar as dimensões humana, social e pedagógica. Sabendo
que é importante perceber o universo educacional como um todo, pensar sobre as
concepções e finalidades da educação que guiam a construção de um projeto pedagógico
é que se institui a gestão na educação e a gestão escolar. Nesse sentido, disserte sobre o
caminho histórico para a implantação da gestão democrática na educação brasileira,
bem como explicite quais suas principais características e concepções norteadoras.

Pensar em organização do trabalho pedagógico implica não só em imaginar o


funcionamento da escola em si, mas sim, no funcionamento de uma sociedade. Considerando
a escola como um ambiente social, seu funcionamento, provavelmente, será um reflexo do
funcionamento da sociedade como um todo, principalmente se os governantes enxergarem o
ambiente escolar, como um segmento subordinado a ele.

Sendo assim, analisando o período da década de 1960, durante a ditadura militar,


período de autoritarismo, a gestão escolar, o trabalho pedagógico, os conteúdos, o
funcionamento da escola e a escolha de diretores eram feitas pelo governo, que encarava a
educação como um serviço do Estado para a sociedade. Nessa época, os diretores ocupavam
um cargo de confiança, então o funcionamento da escola era da maneira que o Estado queria.

Já, na década de 1980, uma das maneiras mais utilizadas para a escolha de diretores
escolares ainda era a indicação pelos poderes públicos, configurando-se numa “política do
favoritismo e marginalização das oposições” (DOURADO, 2013*, p.102), continuando a ser
um sistema autoritário. Outras maneiras utilizadas na época também eram o diretor de
carreira, onde os critérios utilizados eram o tempo de serviço, merecimento e escolarização,
porém esta ainda excluía a comunidade escolar, no gerenciamento; o concurso público para
diretor; a indicação por meio de listas tríplices ou sêxtuples, por meio de consulta à
comunidade escolar; e, as eleições diretas para diretor, que se configura na modalidade mais
democrática.

A partir da década de 1990, após um estudo foi detectado que a eleição direta era a
forma mais utilizada pelas escolas para a escolha dos cargos de dirigentes escolares nas
secretarias de educação.
Outro fato histórico que influenciou no funcionamento da gestão democrática foi o
capitalismo, com o conceito de “qualidade total”, muito utilizado nas escolas brasileiras, que
consiste basicamente no pensamento industrial de produção, que apesar de possuir um nome
bastante atrativo, prega a fragmentação do conteúdo, e quantidade.

Partindo deste histórico, percebe-se que para uma gestão ser democrática o acesso a
ela também precisa ser. Ao entender que a democratização da escola é, de certa forma, uma
luta pela democratização da sociedade, a gestão deve proporcionar contato com exterior da
escola, assim, é necessário que ela esteja sempre pensando maneiras para aprimorar o seu
trabalho. Segundo o autor Gadotti uma gestão democrática deve relativizar o papel da escola,
enxergando as práticas educativas como um exercício social; estar sempre aberto e a procura
de novas formas de aperfeiçoamento dos mecanismos de participação escolar; fortalecer os
mecanismos de democratização; buscar a autonomia da escola; pensar em mecanismos de
supervisão na elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola.

Hoje, a gestão democrática já é lei, com a LDB 9394/96 que assegura a gestão
democrática como um princípio da educação, possuindo várias características que melhoram o
funcionamento de uma escola, pois esta parte do princípio de comprometimento com os
alunos, fazendo com que ocorra um diálogo entre diretor, outros gestores e comunidade,
possibilitando o trabalho de valores sociais como parte do conteúdo educacional a ser
trabalhado na escola, não só com alunos, mas com a comunidade, os servidores e todos os
segmentos envolvidos.

Assim, uma gestão democrática funciona para além dos conteúdos, transformando o
espaço escolar em um local para a prática da cidadania, mais participativa com as questões
sociais, e para isso, é necessário o fortalecimento da autonomia escolar, a distribuição dos
poderes entre os gestores da instituição, a mediação de recursos e o aprimoramento de práticas
que garantam um melhor processo e ensino – aprendizagem.
2) enquanto modelo educacional a gestão democrática surge para rediscutirmos a
organização do trabalho pedagógico no interior da escola, priorizando o olhar para os
processos de ensino-aprendizagem e a democratização das relações entre diversos
sujeitos da comunidade escolar. Nesse sentido disserte sobre o paradigma da qualidade
na gestão democrática, ressaltando o que significa obter eficiência, eficácia e efetividade
no âmbito da gestão democrática da educação.

A partir da globalização, a sociedade mundial passou a ter uma organização


estratificada e campos como o da educação, ciência e tecnologia, passaram a ser mais
dependentes de capital econômico, e, consequentemente, se concentrando em polos. Com
isso, a escola, no intuito de suprir uma carência do mercado, que necessitava de mão de obra
qualificada, passou a seguir uma tendência neoliberalista, possuindo uma visão de preparar
seus alunos, exclusivamente para o mercado de trabalho. A partir dessa época, iniciou-se um
pensamento de “qualidade total”, que apesar de ser um nome atrativo, na verdade visava uma
forma de ensino massificada e fragmentada.

Assim, conceitos como eficiência e eficácia surgem como critérios do pensamento


produtivista e competitivo, se tornando um retrato da realidade social. Uma gestão, baseada
nesse modelo, incorpora esses conceitos para a realidade escolar.

A eficiência, sob o ponto de vista da produtividade, é vista como uma maneira de


maximização dos resultados; a eficácia, pensada para o campo administrativo e institucional,
busca a conquista dos resultados propostos, e a efetividade, que dá respostas às demandas
sociais e de participação.

Bibliografia
DOURADO, Luis Fernandes. A escolha de dirigentes escolares: políticas e gestão da
educação no Brasil. In: FERREIRA, Naura Syria Carapeto (Org.). Gestão democrática da
educação: atuais tendências, novos desafios. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2003. (Cap.3)

LUCK, Heloísa. Dimensões da gestão escolar e suas competências - Fundamentação e


princípios da educação e da gestão escolar (cap.1). Curitiba: Editora Positivo, 2009. Pp.15-29.

PARO, Vitor. Escritos sobre educação – Parem de preparar para o mundo do trabalho! São
Paulo, Xamã. 2001.

PARO, Vitor Henrique. A natureza do trabalho pedagógico. Revista da faculdade de educação


da USP. V.19, n.1.1993.

PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. A Utopia da gestão escolar
democrática. São Paulo: Cortez editora.1997.

A história da gestão democrática no ambiente escolar. Produção de Kátia Pires. 2011.


3min54seg. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=S_JYVlrbEAc .
Acesso em: 10 out de 2018.

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