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CENTRO DE EDUCAÇÃO
RECIFE
2018
Já, na década de 1980, uma das maneiras mais utilizadas para a escolha de diretores
escolares ainda era a indicação pelos poderes públicos, configurando-se numa “política do
favoritismo e marginalização das oposições” (DOURADO, 2013*, p.102), continuando a ser
um sistema autoritário. Outras maneiras utilizadas na época também eram o diretor de
carreira, onde os critérios utilizados eram o tempo de serviço, merecimento e escolarização,
porém esta ainda excluía a comunidade escolar, no gerenciamento; o concurso público para
diretor; a indicação por meio de listas tríplices ou sêxtuples, por meio de consulta à
comunidade escolar; e, as eleições diretas para diretor, que se configura na modalidade mais
democrática.
A partir da década de 1990, após um estudo foi detectado que a eleição direta era a
forma mais utilizada pelas escolas para a escolha dos cargos de dirigentes escolares nas
secretarias de educação.
Outro fato histórico que influenciou no funcionamento da gestão democrática foi o
capitalismo, com o conceito de “qualidade total”, muito utilizado nas escolas brasileiras, que
consiste basicamente no pensamento industrial de produção, que apesar de possuir um nome
bastante atrativo, prega a fragmentação do conteúdo, e quantidade.
Partindo deste histórico, percebe-se que para uma gestão ser democrática o acesso a
ela também precisa ser. Ao entender que a democratização da escola é, de certa forma, uma
luta pela democratização da sociedade, a gestão deve proporcionar contato com exterior da
escola, assim, é necessário que ela esteja sempre pensando maneiras para aprimorar o seu
trabalho. Segundo o autor Gadotti uma gestão democrática deve relativizar o papel da escola,
enxergando as práticas educativas como um exercício social; estar sempre aberto e a procura
de novas formas de aperfeiçoamento dos mecanismos de participação escolar; fortalecer os
mecanismos de democratização; buscar a autonomia da escola; pensar em mecanismos de
supervisão na elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola.
Hoje, a gestão democrática já é lei, com a LDB 9394/96 que assegura a gestão
democrática como um princípio da educação, possuindo várias características que melhoram o
funcionamento de uma escola, pois esta parte do princípio de comprometimento com os
alunos, fazendo com que ocorra um diálogo entre diretor, outros gestores e comunidade,
possibilitando o trabalho de valores sociais como parte do conteúdo educacional a ser
trabalhado na escola, não só com alunos, mas com a comunidade, os servidores e todos os
segmentos envolvidos.
Assim, uma gestão democrática funciona para além dos conteúdos, transformando o
espaço escolar em um local para a prática da cidadania, mais participativa com as questões
sociais, e para isso, é necessário o fortalecimento da autonomia escolar, a distribuição dos
poderes entre os gestores da instituição, a mediação de recursos e o aprimoramento de práticas
que garantam um melhor processo e ensino – aprendizagem.
2) enquanto modelo educacional a gestão democrática surge para rediscutirmos a
organização do trabalho pedagógico no interior da escola, priorizando o olhar para os
processos de ensino-aprendizagem e a democratização das relações entre diversos
sujeitos da comunidade escolar. Nesse sentido disserte sobre o paradigma da qualidade
na gestão democrática, ressaltando o que significa obter eficiência, eficácia e efetividade
no âmbito da gestão democrática da educação.
Bibliografia
DOURADO, Luis Fernandes. A escolha de dirigentes escolares: políticas e gestão da
educação no Brasil. In: FERREIRA, Naura Syria Carapeto (Org.). Gestão democrática da
educação: atuais tendências, novos desafios. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2003. (Cap.3)
PARO, Vitor. Escritos sobre educação – Parem de preparar para o mundo do trabalho! São
Paulo, Xamã. 2001.
PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. A Utopia da gestão escolar
democrática. São Paulo: Cortez editora.1997.