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TÉCNICA VOCAL PARA INICIANTES

TEORIA MUSICAL BÁSICA:

O que é música?
A pergunta “o que é música” tem sido alvo de discussão há décadas.

Alguns autores defendem que música é a combinação de sons e silêncios de uma maneira organizada.
Vamos explicar com um exemplo: Um ruído de rádio emite sons, mas não de uma forma organizada, por
isso não é classificado como música. Essa definição parece simples e completa, mas definir música não
é algo tão óbvio assim. Podemos classificar um alarme de carro como música? Ele emite sons e silêncios
de uma maneira organizada, mas garanto que a maioria das pessoas não chamaria esse som de música.

Então, o que é música afinal?


De uma maneira mais didática e abrangente, a música é composta por melodia, harmonia e ritmo.

Melodia
Melodia é a voz principal do som, é aquilo que pode ser cantado.

Harmonia
Harmonia é uma sobreposição de notas que servem de base para a melodia. Por exemplo, uma pessoa
tocando violão e cantando está fazendo harmonia com os acordes no violão e melodia com a voz. Cada
acorde é uma sobreposição de várias notas, como veremos adiante em outros tópicos. Por isso que os
acordes fazem parte da harmonia.

Obs: Vale a pena destacar que a melodia não necessariamente é composta por uma única voz; é possível
também que ela tenha duas ou mais vozes, apesar de ser menos frequente essa situação. Para diferenciar
melodia de harmonia nesse caso, podemos fazer uma comparação com um navio no oceano. O navio
representa a harmonia e as pessoas dentro do navio representam a melodia. Tanto o navio quanto as
pessoas estão se mexendo, e as pessoas se mexem dentro do navio enquanto ele trafega pelo oceano.
Repare que o navio serve de base, suporte, para as pessoas. Elas têm liberdade para se movimentar apenas
dentro do navio. Se uma pessoa pular para fora do navio, será desastroso. Com melodia e harmonia, é a
mesma coisa.
Ritmo
Ritmo é a marcação do tempo de uma música. Assim como o relógio marca as horas, o ritmo nos diz
como acompanhar a música.

Cada um desses três assuntos precisa ser tratado à parte. Um conhecimento aprofundado permite uma
manipulação ilimitada de todos os recursos que a música fornece, e é isso o que faz os “sons e silêncios”
ficarem tão interessantes para nosso ouvido.

Notas musicais
Notas musicais são os elementos mínimos de um som. Quando uma corda vibra, ela
movimenta as moléculas de ar ao seu redor. Essa agitação das moléculas ocorre na mesma
frequência de vibração da corda. O ouvido humano capta essa vibração do ar e a processa
atribuindo um som ao cérebro. Para cada frequência de vibração, o cérebro atribui um som
diferente (uma nota diferente).

Como representar as notas musicais?


As notas musicais podem ser identificadas por letras para facilitar a escrita e aumentar a
velocidade de leitura. A notação utilizada é universal, o que facilita a comunicação com
músicos de outros países. Existem 7 letras para representar as notas musicais. A definição das
letras e suas notas correspondentes é a seguinte:
C –> dó
D –> ré
E –> mi
F –> fá
G –> sol
A –> lá
B –> si (H no alemão)
Existe também outra representação para as notas musicais, que não depende de letras. É a
famosa partitura. Você já deve ter visto por aí algo parecido com isto:

Pois bem, isso é uma representação por partitura. Caso esse seja seu primeiro contato
com representações musicais, não se preocupe tanto com a partitura, procure antes decorar a
representação por letras, que é bem mais simples. Como a partitura é bem mais detalhada e completa
(envolve ritmos e tudo o mais), é um tópico a ser estudado mais adiante. Futuramente, a escrita de notas
musicais por partitura irá te ajudar muito, apenas seja criterioso consigo mesmo e avance com calma.
Timbre
Timbre é a característica peculiar de cada som. Apesar de aprendermos no colégio que o som é uma
onda, essa onda não é bonitinha (senoidal) como aparece nos livros:

Cada onda sonora apresenta um formato característico, que depende do material que produziu o som.
Isso é o que define o timbre do som. Timbre é o que diferencia dois sons de mesma frequência (mesma
nota). Por exemplo, a nota Dó tocada no violão tem um som muito diferente da nota Dó tocada
no teclado ou na flauta. Isso significa que esses instrumentos possuem timbres diferentes.

Timbre dos instrumentos

Quanto mais prática e experiência um músico desenvolver, mais apurado ficará o seu ouvido para
conseguir distinguir o timbre peculiar de cada instrumento. Por exemplo, dois violões de mesmo modelo e
mesmo fabricante podem possuir timbres diferentes. Isso ocorre pelo fato da fabricação não ser
exatamente igual para todos os instrumentos em uma linha de montagem. Qualquer milímetro de
diferença no posicionamento ou encaixe de uma peça já altera o timbre de um instrumento acústico e,
muitas vezes, esses detalhes passam despercebidos pela maioria dos músicos.

Obs: nos instrumentos eletrônicos, as diferenças de timbre se devem à fabricação dos autofalantes, cabos,
portas lógicas e demais itens que compõe os circuitos desses instrumentos.
Quanto mais apurado seu ouvido estiver, melhor será sua escolha no momento de comprar um
instrumento, pois conseguirá perceber a diferença e característica peculiar de cada modelo, tipo,
fabricante, etc.

Ao conhecer a definição de timbre você já deu o primeiro passo. Agora é hora de treinar seu ouvido para
ficar sensível a diferentes timbres. Experimente tocar em instrumentos parecidos, fazer algumas
alterações como trocar o encordoamento (nos instrumentos de corda), entre outras ideias para analisar os
diferentes sons.

Sustenido e bemol
O que significa sustenido e bemol?
Na música ocidental, há 12 notas: dó, dó#, ré, ré#, mi, fá, fá#, sol, sol#, lá, lá# e si. O símbolo “#”
significa sustenido. Dessas 12 notas, 7 delas recebem um nome específico (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si) e as
demais são identificadas por um sustenido (#) ou bemol (b) dessas notas, também chamados de
alterações. Um sustenido, por definição, é a menor distância entre duas notas na música ocidental, assim
como um bemol. A diferença de nomenclatura (bemol ou sustenido) serve apenas para indicar se estamos
nos referindo a uma nota acima ou abaixo. Por exemplo: Ré bemol é o mesmo que Dó sustenido. Leia a
próxima seção “o que são tons e semitons” para complementar esse conceito. Abaixo seguem algumas
representações e suas equivalências, para facilitar o entendimento:

Ré # # = Mi

Mi b b = Ré

Mi # = Fá

Fá b = Mi

Tom e semitom
O que é um tom?
Um tom é uma distância de dois sustenidos (ou de dois bemóis).

O que é um semitom?
Um semitom é uma distância de um sustenido (ou de um bemol). Por exemplo, a distância entre dó e ré
é de um tom, pois entre dó e ré há uma distância de dois sustenidos (de dó para dó# e de dó# para ré).
Simples, não?! Para ficar ainda mais claro, nada melhor do que uns exercícios:

Qual a distância entre as notas sol e si? Vamos conferir quantos sustenidos (semitons) há entre sol e si:

Logo, há 4 sustenidos de distância, totalizando 2 tons. Agora que você já sabe dizer a distância entre as
notas, tente encontrar a distância entre ré e fá. Depois confira abaixo.

Logo, a distância é de um tom e meio.

Obs: um tom e meio = um tom + um semitom.

Nos instrumentos: violão, guitarra, baixo, cavaquinho, ukulelê, entre outros, cada casa do braço do
instrumento corresponde a um semitom.
Escala Cromática Completa:

VOZ CANTADA:
Veremos a seguir 10 passos para cantar bem. O primeiro passo é:

1) Aprenda a encontrar sua extensão vocal


Antes de tudo, é importante saber em qual altura que você se sente mais confortável para
cantar. Uma altura difícil e inadequada pode fazer sua voz perder força e potência, além de
prejudicar seu timbre e estressar suas cordas vocais.
Mas o que define a sua classificação vocal? O principal fator é tamanho e o formato da sua
laringe. Calma, você não precisa pegar uma régua para descobrir sua extensão vocal. Basta
fazer um teste simples, pois existe uma classificação básica para a voz masculina e para a voz
feminina. Na voz masculina temos o tenor, o barítono e o baixo. Na voz feminina, temos
contralto, mezzo soprano e soprano. Para entender o que significam esses nomes, é
importante você conhecer o conceito de oitava. Quando dissermos aqui, por exemplo, Dó 3,
Dó 4, Dó 5, entre outros, o número à direita da nota indica qual oitava estamos falando. O Dó
4 está uma oitava acima do Dó 3 e uma oitava abaixo do Dó 5. Para você se localizar, saiba que
o Dó 2 é aquele localizado na 5ª corda, 3ª casa do violão.
Para ver a localização certa dessas oitavas no piano, veja as figuras desse artigo: como ler
partitura. Obs: não é preciso saber tudo sobre partitura para aprender a cantar, fique
tranquilo(a)
Então vamos lá, o tenor é aquele que se sente mais confortável ao cantar as oitavas
compreendidas entre o Dó 2 e o Dó 4.
O barítono se localiza entre o Lá 1 e o Lá 3 (obs: a 5ª corda solta do violão é o Lá 1).
O baixo se localiza entre o Fá 1 e o Fá 3 (o Fá 1 corresponde à 6ª corda, 1ª casa do violão).
Se você é homem, faça esse teste junto com seu instrumento para ver quais dessas oitavas
você alcança e em quais delas você se sente mais confortável para cantar. Assim você vai
descobrir se é tenor, barítono ou baixo.
Se você é mulher, faça o mesmo teste considerando as seguintes oitavas:
Soprano: Dó 3 – Dó 5.
Mezzo soprano: Lá 2 – Lá 4.
Contralto: Fá 2 – Fá 4.
Existem ainda outras categorias, mas essas que mostramos são as mais comuns. Vamos
continuar então o passo-a-passo para aprender a cantar bem:

2) Veja como cantar bem no seu estilo de música


preferido
Agora que você já sabe em qual altura você consegue cantar, escolha um estilo que você gosta
para praticar. Existem muitos detalhes e “firulas” típicos de cada estilo musical, por isso é
interessante você observar como os cantores exploram as técnicas vocais no seu estilo, com o
objetivo de treinar e aprimorar essas técnicas depois. O terceiro passo é fundamental antes de
começar os exercícios:

3) Aprenda a aquecer sua voz


É importante fazer um aquecimento vocal antes de iniciar sua performance. Cante primeiro as
notas que estão no meio da sua extensão vocal, depois vá para as notas mais baixas da sua
extensão e depois volte para o meio. Faça o mesmo com as notas mais agudas, tudo com o
auxílio de um instrumento musical. Pratique por pelo menos uns 10 minutos em cada região
de notas e não force sua voz caso não consiga alcançar uma determinada nota. Apenas relaxe
e tente novamente. Não se preocupe, mesmo que esses exercícios pareçam “perda de tempo”,
você está já aprendendo a cantar fazendo eles, pois eles fazem parte do processo de evolução
da sua voz. Depois disso, você estará pronto(a) para praticar os exercícios:

4) Pratique vocalizes
Fazer vocalizes é cantar diversas notas em sequência (dó, ré, mi – por exemplo) utilizando
algum fonema específico, como: má, mú, pá, pó, lá, ou simplesmente alguma vogal aberta: a,
e, i, etc. Você escolhe o fonema e fica cantando as notas junto com algum instrumento.
Vocalizes são fundamentais para praticar a afinação (cantar afinado é o mais importante de
tudo, então dê uma atenção especial nesse ponto). Isso é ótimo para treinar e aprender a
ter precisão vocal. Faça isso utilizando escalas musicais, como escala maior, escala
pentatônica, etc. Isso também vai ajudar você futuramente na improvisação. Mas não se
preocupe tanto com a teoria nesse momento, foque mais na prática do canto por enquanto.

5) Treine a velocidade
Faça exercícios de vocalize praticando também a agilidade com que você consegue ir de uma
nota para outra com precisão. Comece lentamente, indo e voltando e aumente
gradativamente a velocidade. Isso vai dar mais flexibilidade para sua voz. Para os iniciantes
isso pode ser um pouco difícil no início, mas aos poucos você vai conseguir executar.
6) Aprenda a trabalhar a dinâmica vocal
A dinâmica pode dar vida às suas interpretações. Escolha um tom confortável e comece
crescendo a voz para um volume mais alto. Depois decresça para uma voz mais suave, menos
intensa.

7) Pronuncie corretamente as vogais no canto


Uma boa dicção é fundamental para um canto bonito. Pratique bastante as vogais
sustentando também alguns trechos de músicas conhecidas com vogais abertas, por exemplo:
“Am[aaaaai]zing Gr[aaaaaai]ce”.

8) Acompanhe as dicas de postura para cantar bem


Uma aula de canto também é uma aula de postura! Procure ficar ereto, de pé, com um pé um
pouco mais a frente do outro, mas alinhado com seus ombros. Isso vai permitir
uma respiração mais fácil. Se estiver sentado, a mesma regra se aplica a esse cenário.
Mantenha os dois pés no chão, sem cruzar as pernas. O corpo alinhado permite maior
controle e sustentação do canto sem tensão. Esse detalhe é simples, mas o aprendizado de
postura já faz um iniciante no canto se portar como um profissional.

9) Tenha uma boa alimentação


As frutas, principalmente as cítricas, podem ajudar bastante na melhoria da voz, pois
possuem ação adstringente, limpando e afinando a saliva da laringe. A maçã, mais
especificamente, ajuda a evitar também o pigarro (irritação na garganta) que machuca as
cordas vocais.
Não esqueça, é claro, de beber bastante água em temperatura ambiente, pois isso é
fundamental para a lubrificação das cordas vocais, o que também facilita a chegada ao seu
tom de voz mais agradável.

10) Grave uma música cantando


Para analisar melhor sua voz como um todo, grave você cantando e ouça depois com muita
atenção. Procure encontrar erros de afinação, dinâmica, etc. Analise bem sua voz e tente
corrigir os defeitos fazendo os exercícios que sugerimos aqui. Depois grave novamente e veja
se melhorou. Tente aumentar o nível de dificuldade das músicas gradativamente, aprendendo
a cantar cada parte da música separadamente.

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