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Aleitamento Materno
Psicofisiologia da amamentação:
o É necessária uma interação neuropsicoendócrina.
o Durante a gravidez (lactogênese fase I), estrogênio e progesterona atuam para que as
glândulas mamarias fiquem prontas para lactar. O progestogênio estimula o crescimento
dos alvéolos e lóbulos, ao passo que o estrogênio estimula a proliferação dos ductos
lactíferos. Além disso, o estrogênio estimula os lactotrofos da adenoipófise a se
hipertrofiarem e produzirem a prolactina, que tem seu pico máximo no terceiro semestre
gestacional.
o Há também uma deposição de gordura em torno do tecido glandular e acumulo de
liquido dentro das células.
o Apesar dos níveis de prolactina estarem elevados durante a gravidez, a mulher não
secreta leite graças a inibição do hormônio lactogênio placentário.
o Entre o 3° e 4° dia pós-parto, ocorre a “descida do leite” ou “apojadura”, etapa que não
depende da sucção do mamilo pelo bebê. Esta fase está sob controle hormonal
(liberação de prolactina e ocitocina pela hipófise – lactogênese fase II).
o Em seguida ocorre a galactopoiese ou lactogênese fase III, que é a manutenção da
produção e ejeção do leite sob total dependência da sucção do mamilo pelo bebê e
esvaziamento das mamas. Terminações nervosas periareolares levam estímulos para a
adenoipófise, que produz prolactina (fenômeno psicossomático). Este reflexo é
bloqueado pelo estresse, pela baixa autoestima, pelo medo, dor e falta de apoio. Esta
inibição é mediada pela adrenalina na célula mioepitelial e pela noradrenalina no eixo-
hipotálamo-hipofisário.
Tipos de aleitamento:
Exclusivo Recebe apenas e unicamente o leite materno como alimento.
Predominante Recebe além do leite materno, agua, chás e sucos de fruta.
Complementado Recebe além do leite materno, outros alimentos sólidos ou
semissólidos na alimentação.
Misto ou Parcial Recebe além do leite materno, outros tipos de leite.
Leite de Transição:
o Seu período de produção está entre 6 – 10 dias até a segunda semana após o
parto.
o Ocorre diminuição progressiva das proteínas e aumento de gordura e lactose.
Leite Maduro:
o Produzido a partir da segunda quinzena após parto.
o Maior teor lipídico e de lactose. Menor quantidade de proteínas.
o O leite anterior é ralo e doce (agua de coco), ocorrendo predomínio de proteína
do soro e lactose.
o No meio da mamada é a maior concentração de caseína.
o O leite posterior, de aparência branca e viscosa, tem grande concentração de
gordura, necessária para saciar o lactente.
Vantagens do leite materno:
IgA secretória Especificidade contra múltiplos antígenos presente na
superfícies dos principais micro-organismos patogênicos.
Lisozima Age degradando a parede bacteriana
Lactoferrina Proteina quelante do ferro, prejudicando a nutrição bacteriana.
Fator Bífido Substrato para o lactobacilos bifidus – impede a proliferação
bacteriana patogênica e reduz o pH fecal.
Fatores de crescimento do epitélio intestinal
Melhor perfil proteico (melhor digestão, não alergênico)
Melhor perfil lipídico (mais ácidos graxos essenciais e colesterol – importantes
para o desenvolvimento neuromotor e mielinização do SNC).
Melhor perfil glicídico (maior quantidade de lactose).
Melhor perfil hidroeletrolítico (dispensa a necessidade extra de agua).
Lipase Facilita a digestão das gorduras
Maior biodisponibilidade do ferro e do cálcio.
Técnicas de amamentação:
o O inicio da amamentação deve ocorrer ainda na sala de parto, nas primeiras 1-4h
horas de vida. O recém-nascido permanece acordado e alerta por cerca de seis
horas após o nascimento. Após esse período de seis horas, o lactente entre em
sono profundo, “reparador”, por cerca de 12 horas, o que o impede de sugar a
mama.
o Freqüência: o esvaziamento gástrico do RN varia de 1-4 horas ao longo do dia.
Portanto as necessidades de mamadas também variam nesta mesma proporção e
por isso o leite materno deve ser oferecido em livre demanda. O recém-nascido
deve sugar a mama até esvazia-la. O leite materno posterior, fruto da ejeção
láctea, é duas a três vezes mais rico em lipídeos que o primeiro (ou anterior), isto
permite que o lactente fique mais nutrido, ganhe peso e aumente o intervalo das
mamadas, chorando menos e tranqüilizando a nutriz. Nos primeiros dias de vida
o colostro não sacia o RN como o leite maduro, logo, mamadas freqüentes e de
curta duração são ideais, o que evita a sucção ineficaz.
o Mamas: as duas mamas devem ser oferecidas em todas as mamadas,
alternando-se entre elas. A próxima mamada deve começar pela ultima mama
oferecida.
Técnicas de posicionamento e Pega:
o Há varias posições para amamentar, mas o mais importante é o conforto materno
e a execução da técnica adequada.
o Ao oferecer o seio, o RN deve abocanhar toda a aréola, com a boca bem
aberta e o lábio inferior evertido, com o queixo tocando na mama. Isso evita
o aparecimento de fissuras e permite o esvaziamento dos seios lactíferos
situados sob a aréola. O bebê deve ter seu corpo voltado para a mãe.
o Posicionamento Rosto do bebê de frente para a mama, com o nariz
encostado no mamilo. Cabeça e tronco do beba alinhados no mesmo eixo axial.
Corpo do bebê próximo ao da mãe, encostando barriga com barriga.
o Pega Boca do bebê bem aberta, englobando a maior parte da aréola (mais
aréola visível acima da boca que abaixo). Lábio inferior evertido. Queixo
tocando a mama. Deglutição visível e audível.
o O bebê em aleitamento materno exclusivo costuma evacuar toda vez que
mama, podendo ter fezes liquidas, explosivas, amareladas ou mesmo
esverdeadas, devido ao reflexo gastrocólico exacerbado. Em outro momento,
alguns no entanto, podem ficar de cinco a sete dias sem evacuar. Ambas as
situações são normais.
Diarreia é o termo que define a perda excessiva de agua e eletrólitos pelas fezes,
resultando em um aumento do volume e frequência das evacuações e diminuição das
consistência das fezes, de forma diferente do padrão habitual.
É considerada aguda quando tem duração inferior a 14 dias. É dita persistente quando
se perpetua por 14 dias ou mais. E torna-se crônica quando se estende por um período
superior a 30 dias.
Viral – Rotavírus:
o Representa a causa mais comum de diarreia em menores de 2 anos de idade.
o Manifesta-se após um período de incubação com febre e vômitos seguidos de
evacuações frequentes e fezes aquosas, que persistem por cinco a sete dias. Os
vômitos e a febre geralmente cessam no 2º dia. As fezes não possuem sangue
nem muco. A desidratação se instala rapidamente.
o Diarreia tipo osmótica, por destruição dos enterócitos apicais das
microvilosidades do intestino delgado, com prejuízo da absorção de lactose, sal
e agua.
o O tratamento consiste na prevenção da desidratação. A reidratação é
administrada por VO por 4-6 horas e logo em seguida, tão logo a criança esteja
reidratada, inicia-se a alimentação.
o O aleitamento materno não deve ser descontinuado.
Bactérias:
o E. coli enterotoxigênica É a principal causa de diarreia bacteriana no Brasil.
Acomete indivíduos de todas as idades. Causa a diarreia do viajante. Não há
febre. Enterotoxinas.
o E. coli enteropatogênica É um patógeno importante em lactentes (< 2
anos). Ocorre vômitos, mal-estar geral e febre. Citotoxidade.
o E. coli enteroagregativa Pode causar diarreia persistente com perda hídrica
significativa. O Sorotipo O104H4 pode causar a Síndrome Hemolítico-
Urêmica.
o E. coli enteroinvasiva Acomete todas as faixas etárias. É incomum antes de
1 ano de vida. Sintomas semelhantes à disenteria por Shigella, porem não há
produção de toxinas, logo não está envolvida na SHU. Invasão da mucosa.
o E. coli êntero-hemorrágica Acomete todas as faixas etárias. Produz duas
potentes toxinas. Está associada à síndrome hemolítico-urêmica (sorotipo
O157-H7). Pode simular um quadro de abdome agudo. Ausência de febre ou
febre baixa. Duração de 1 a 24 dias.
o Salmonela Ingestão de produtos animais contaminados. Inicio abrupto de
febre, cólicas, diarreia liquida, sangue e muco. Pode ter febre alta, convulsões,
meningismo e ainda, bacteremia, meningite, osteomielite e sepse.
o Shigela Transmissão fecal-oral e interpessoal. Alta infectividade. Faixa
etária e 1 a 4 anos. É a principal causa de disenteria. Hemograma mostra
leucocitose com desvio a esquerda. Produz uma toxina potente, a shigatoxina,
envolvida na SHU. Alterações neurológicas ocorrem em 40%. SIADH também
pode ocorrer. Tratamento com ácido Nalidíxico VO, 6-6h por 5 dias.
o Yersínia Pode causar ulcerações difusas intestinais, intussuscepção e
megacolón tóxico.
o C. dificille Infecção nosocomial. A clinica varia de diarreia leve à colite
pseudomembranosa.
o V. cholerae O soro grupo 1 é o único patogênico. A clinica vai desde
pacientes assintomáticos até casos graves com choque e óbito. Não há dor
abdominal ou febre.
Avaliação da Hidratação em crianças – OMS/MS:
Condutas terapêuticas:
Plano A:
o Recomendar o aumento da ingestão de líquidos preparados no domicilio:
soro caseiro, chás, cozimento de cereais, sopas e sucos. A alimentação
habitual deve ser mantida.
o SRO (mais indicado): menor osmolaridade, menor concentração de
sódio e glicose.
o Soro caseiro (alternativa):
É capaz de manter uma criança hidratada, mas não é capaz de
reidratar uma criança.
Preparação = 1 medida rasa de sal (pitada) + 2 medidas rasas
de açúcar (punhado) em um copo de 200 ml de agua limpa
(filtrada). Dar em colheradas.
o Oferecer depois de cada evacuação um volume de soro correspondente a:
Até 01 ano ¼ - ½ copo
Acima de 01 ano ½ copo a 1 copo
Adolescentes (> 10 anos) quantidade que desejar.
o Suplementação de zinco por 10 a 14 dias.
Plano B:
o A reidratação oral com o SRO é o tratamento de escolha.
É aquela que dura mais que 14-30 dias, com aumento do volume e/ou frequência de
evacuações com perda de agua, eletrólitos e nutrientes.
2 – Intolerância à lactose:
Se instala por deficiência da enzima lactase. Geralmente condições que lesam as
microvilosidades como doença celíaca e gastroenterites, cursam com intolerância à
lactose. Desenvolve-se diarreia osmótica pela presença de lactose não digerida na
luz intestinal. O tratamento é feito com a exclusão da lactose da dieta. Geralmente
as crianças são saudáveis e bem nutridas, com peso e estatura adequados para a
idade.