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Avaliando Distâncias na Educação

Romero Tori
Universidade de São Paulo – Escola Politécnica
InterLab - Laboratório de Tecnologias Interativas
tori@acm.org

Resumo

Com a tendência de se convergir Educação a Distância e Educação


Convencional tais denominações começam a ficar ultrapassadas. O conceito de
Educação Virtual Interativa (EVI), que mescla os pontos positivos das duas
modalidades, reflete melhor o que se espera da Educação do Futuro. E para se
mensurar e comparar o grau efetivo de distância educacional embutida em
determinada atividade de aprendizagem em cursos de EVI é proposta uma
métrica, que se baseia na análise de três tipos de distância (espacial, temporal e
interativa) e três tipos de relações (aluno-Professor, aluno-Aluno e aluno-Material)
.

Palavras-chave: Educação a Distância, Educação Virtual Interativa, Tecnologia


na Educação

1. Introdução

Todo educador que trabalha com Educação a Distância sabe da


importância de se ter momentos presenciais durante um curso virtual, sendo que.
muitos cursos a distância já prevêem em seu programa algumas reuniões com
presença física dos participantes. Por outro lado, os educadores envolvidos com
cursos baseados em salas de aula reais vêm descobrindo as vantagens de se
utilizar recursos virtuais para apoiar e complementar as atividades de
aprendizagem presenciais. A evolução natural dessas tendências deve se dar no
sentido de se obter uma combinação adequada de atividades remotas e locais,
tirando-se proveito dos pontos fortes de cada uma delas e articulando-as em uma
proporção compatível com as características do público-alvo e dos objetivos de
cada curso. Será, portanto, cada vez mais difícil se encontrar bons cursos que
sejam totalmente a distância ou totalmente baseados na presença física.

Com a convergência entre Educação a Distância e Educação Convencional


[TAIT, 1999] surgem novos desafios para os teóricos da educação. Enquanto
tínhamos uma separação clara entre “cursos convencionais” e “cursos a distância”
não sentíamos a necessidade de se avaliar a “dosagem de distância” presente na
“fórmula” de cada curso. Mas para compararmos projetos pedagógicos que
mesclam essas duas modalidades precisaremos de critérios que possibilitem
caracterizá-los quanto ao grau de distância efetiva nas atividades de
aprendizagem.

A distância na educação, além de relativa, pode ser vista sob diferentes


enfoques. Um aluno interagindo online com um professor remoto pode se sentir
mais próximo de seu mestre do que se estivesse assistindo a uma aula local
2
expositiva, junto com uma centena de outros colegas, todos impossibilitados de
interagir adequadamente com o professor ou entre si. Assim, não é medindo-se a
distância espacial entre alunos e professores que se terá um parâmetro adequado
de comparação. O que realmente importa é a sensação de distância percebida
pelo aprendiz.

Este artigo apresenta uma proposta de métrica que possibilita uma


avaliação numérica das distâncias em atividades de aprendizagem, e que utiliza
como parâmetro a sensação de distância em lugar das distâncias espaciais
envolvidas. Essa métrica oferece um critério de comparação do efetivo grau de
distanciamento encontrado em processos de aprendizagem, independentemente
da proporção entre real e virtual de cada um deles.

2. Uma teoria para o conceito de Distância em Educação

A expressão “Educação a Distância” vem sendo largamente utilizada para


designar formas tão diferentes de aprendizagem quanto cursos por
correspondência e laboratórios virtuais de imersão total. Em [KEEGAN, 1996] e
[SIMONSON, 2000], para citar dois exemplos, são apresentadas diversas
definições para Educação a Distância, das mais antigas às mais atuais. A maioria
dos autores, no entanto, evita tentar definir o que vem a ser DISTÂNCIA na
educação. O que importa em um processo de ensino-aprendizagem não é a
distância física real entre aluno e professor (se separados por quilômetros ou
metros), mas sim a efetiva sensação de distância entre os participantes. Ao se
falar em Educação a Distância muitas vezes se esquece que o que se deve
almejar é a eliminação das distâncias, uma vez que essas por si só não trazem
vantagem alguma do ponto de vista pedagógico. A fim de auxiliar na compreensão
do papel da distância na educação, é proposta em [TORI, 1999], uma
classificação do conceito de “distância”, sob a perspectiva dos envolvidos em
atividades de ensino/aprendizagem. Tal classificação, revista e aprimorada, é
exposta a seguir.

2.1. Tipos de distância

Distância Espacial

A distância espacial (ou física) diz respeito à relação na ocupação do


espaço físico real entre aluno e professor, aluno e seus colegas, e aluno e
materiais de estudo. Quando, durante o processo de ensino/aprendizagem, há um
compartilhamento do mesmo espaço físico, a atividade é dita local ou contígua.
Quando há uma separação espacial, seja entre o aprendiz e o responsável pela
condução do processo (professor, tutor, orientador, mentor etc.), que pode até
mesmo não existir, seja entre aprendiz e demais aprendizes, ou seja entre
aprendiz e seus objetos de estudo, o processo é dito remoto ou a distância.
Exemplos de aprendizagem remota são os cursos por correspondência, as vídeo
e teleconferências, os telecursos, os treinamentos baseados em Web e sistemas
de auto-aprendizagem. A distância pode ser analisada separadamente com
relação a aluno-professor, aluno-aluno e aluno-material. É possível, digamos, que
se tenha uma atividade local, no que se refere às distâncias aluno-aluno e aluno-
material, e ao mesmo tempo remota, no sentido da distância aluno-professor. Um
exemplo prático que se enquadraria nessa suposição seria uma aula de
3
laboratório sem a presença física do professor, o qual passaria suas orientações
via apostila, vídeo ou teleconferência.

Evita-se aqui utilizar o temo “presencial”, em contraposição a “a distância”,


na classificação das distâncias espaciais na educação. O motivo é que é possível
a presença simultânea de alunos e professores, ainda que separados fisicamente.
Um exemplo seriam os cursos por teleconferência ou videoconferência, que
podem ser entendidos como presenciais a distância. Além disso, o termo
presencial não é adequado para a caracterização da distância aluno-material.

Distância Temporal

A distância temporal se refere à simultaneidade ou não das atividades que


relacionam aluno-professor, aluno-aluno e aluno-material, dentro de um processo
de ensino-aprendizagem. Quando ambas as partes atuam simultaneamente, de
forma local ou remota, o processo é dito síncrono. Quando há uma defasagem
significativa entre a ação de um e a resposta de outro (acima dos padrões
humanamente aceitáveis para o estabelecimento de um diálogo ao vivo) temos
um processo assíncrono. Em geral o processo local é também síncrono, enquanto
que o remoto pode ser tanto síncrono (exemplo: video-conferência , chat via
internet) quanto assíncrono (exemplo: fórum de discussão via internet, ensino por
correspondência).

Distância Interativa

A distância interativa, ou operacional, se relaciona diretamente à


participação do aluno no pocesso, e informa se este é operacionalmente ativo ou
passivo. Quanto maior a interatividade do aluno menor é a distância operacional.
Assim como nas classificações das demais distâncias, há 3 tipos de distâncias
interativas: professor-aluno ( aula expositiva X aula interativa); aluno-material
(material passivo X material interativo); aluno-aluno (trabalho individual X trabalho
cooperativo).

3. Métrica para caracterização da distância em uma atividade de


aprendizagem

Vamos considerar apenas duas possibilidades para cada tipo de distância,


ou seja, a existência ou não da mesma, e ignorar a sua quantificação (quão
distante, quão interativo etc.). Dessa forma teremos, em tese, para cada uma
das relações (aluno-professor, aluno-aluno e aluno-material) 8 possíveis
combinações das distâncias espacial, temporal e interativa, para as quais são
atribuídos valores que vão de 0 (sem nenhuma distância) a 7 (com todos os tipos
de disância) (Tabela 1).

Possíveis combinações de Distâncias


Métrica
Interativa Temporal Espacial Associada
Peso 4 Peso 2 Peso 1
1 1 1 7
1 1 0 6
4
1 0 1 5
1 0 0 4
0 1 1 3
0 1 0 2
0 0 1 1
0 0 0 0

Tabela 1 – Combinações de distâncias (1 indica a ocorrência daquele tipo de


distância)

Observando-se a Tabela 1 verifica-se que o critério adotado para se chegar


ao valor da métrica associada a cada combinação é de se considerar o valor do
número binário de 3 bits formado pelos indicativos de existência (bit = 1) ou não
existência (bit = 0) das distâncias Interativa, Temporal e Espacial, tomados nesta
ordem (veja Apêndice para maiores informações sobre o Sistema Binário de
Numeração).

A ordem adotada para atribuição dos pesos leva em consideração que o


peso da Interatividade (peso 4) deve ser maior que o da Temporalidade (peso 2)
que, por sua vez, deve ser maior que o da Espacialidade (peso 1). Alguém
poderia argumentar que o compartilhamento de um mesmo espaço físico é
bastante forte para a sensação de presença e que a distância espacial deveria
então ter o maior peso. Na verdade, quando temos uma atividade realizada
localmente é natural que ela seja simultaneamente síncrona e interativa. Assim ,
mesmo sem a utilização de recursos especiais poderemos ter as três distâncias
sendo reduzidas em uma atividade local, ou seja, a existência ou não de distância
espacial pode influenciar as demais distâncias, havendo assim uma participação
indireta nos outros pesos da métrica.

Uma atividade de aprendizagem (uma aula, uma palestra, uma


experiência, um seminário etc.) pode ser caracterizada, em função das distâncias
envolvidas, quanto a cada uma das 3 formas de relacionamento possíveis (aluno-
professor, aluno-aluno e aluno-material). Para cada uma dessas formas podemos
associar uma métrica de distância conforme apresentado na Tabela 1.

Resta agora o estabelecimento de um critério para a combinação dos


valores individuais de cada relação, compondo-se um valor de distância global
para a atividade. Como a distância associada a cada relação possui um valor que
varia de 0 a 7, podemos definir um número octal (veja Apêndice) que represente a
distância global associada a uma determinada atividade. Resta definir qual
relação terá peso maior (e ficará mais a esquerda na composição do número
octal). Para essa composição foi arbitrada a seqüência P-A-M (aluno-Professor,
aluno-Aluno, aluno-Material), considerando-se ser essa a ordem decrescente de
influência na determinação da sensação global de distância.

A fórmula geral a ser utilizada é então:


DAA = 64 * P(i, t, e) + 8 *A(i, t, e) + M(i, t, e)
onde:
DAA Distância na Atividade de Aprendizagem
5
P, A e M representam respectivamente as distâncias nas relações
aluno- Professor, aluno-Aluno e aluno-Material
i, t e e indicam as distâncias interativa, temporal e física, e
podem assumir os valores 0 (sem distância) ou 1 (a distância ou
inexistente).

O valor de cada função (P, A ou M) é obtido pelo seguinte cálculo:

r ( i, t, e) = 4i + 2t + e onde r pode ser P, A ou M

Vejamos um exemplo. Uma atividade interativa na Internet, baseada em


chat, com a presença de todos os alunos e do professor, discutindo um texto que
todos leram previamente, teria a seguinte métrica de distância:

- Distância aluno-Professor (P): P (i, t, e) = P (0, 0, 1) = 1 – só distância


espacial
- Distância aluno-Aluno (A): A (i, t, e)= A (0, 0, 1) = 1 – só
distância espacial
- Distância aluno-Material (M): M (i, t, e)= M (1, 1, 1) = 7 – todas as
distâncias

DAA = 64* P(0,0,1) + 8*A(0, 0, 1) + M(1, 1, 1) = 79

A distância obtida (79) deve ser comparada com a distância máxima


possível (511), para que se possa avaliar o grau de distância existente distante
nessa atividade.

Note-se que, excetuando-se o caso ideal (distância 0), qualquer outra


atividade educacional terá, por esse critério, um certo grau de distância. Logo
perde o sentido a classificação de um curso como sendo a distância ou não, já
que praticamente toda atividade educacional, em maior ou menor grau, é a
distância. É até possível que um determinado curso virtual venha a receber um
valor DAA menor que outro em formato convencional, na tradicional sala de aula.

Resumindo, o método proposto para se chegar à métrica de distância global foi:

- considerar que a tripla ( i, t, e ) representa um número binário de 3 bits, de


tal forma que o bit i será o mais significativo, tendo portanto peso 4, o bit t
terá peso 2 e o bit e será o menos significativo, com peso 1;

- o critério para se definir a ordem dos bits (i mais significativo, e menos


significativo) foi de que a interatividade influi mais na aprendizagem que o
sincronismo que por sua vez é mais significativo que a simples
contigüidade física; observação: a contigüidade física normalmente
significa atividade síncrona e tanto a contigüidade física quanto o
sincronismo facilitam a interatividade; mas quando isso de fato ocorrer será
contabilizado no bit t e/ou i;

- o valor de cada uma das funções (P,A e M) é o valor do respectivo número


binário tif;
6
- o cálculo do DAA considera P, A e M como dígitos octais, nessa ordem;

- O critério para se definir a ordem dos bits octais (P mais sigificativo, M


menos significativo) foi considerar que o professor, os colegas e, por
último, o material são nessa ordem os mais importantes na sensação de
distanciamento por parte do aluno durante uma atividade educacional.

- Deve ser notado que a métrica aqui proposta deve ser aplicada
individualmente a cada atividade de aprendizagem; é possível, por
exemplo, termos dentro de um mesmo curso uma atividade de distância
global zero e outra com distância 511; a distância associada a um
determinado curso poderia ser definida como a média ponderada das
distâncias das atividades de aprendizagem nele desenvolvidas;

3.1. DAA Normalizada

Em lugar de uma faixa de variação entre 0 e 511 pode ser mais


interessante uma escala de 0 a 100 para a métrica DAA. Assim podemos definir a
DAA Normalizada como sendo:
DAAN = DAA / 5,11

Repetindo o exemplo anteriormente apresentado: para uma atividade


interativa na internet, baseada em chat, com a presença de todos os alunos e do
professor, discutindo um texto que todos leram previamente, teríamos:
DAA = 64* P(0,0,1) + 8*A(0, 0, 1) + M(1, 1, 1) = 79  DAAN = 79 / 5,11
= 15,5

Assim temos para o exemplo em questão uma distância DAAN de 15,5 em


uma escala de 100.

3.2. Alguns exemplos

São apresentados a seguir (Tabelas 2, 3 e 4), algumas métricas e exemplos de


possíveis atividades de aprendizagem que corresponderiam a tais métricas.

Distância Aluno-Professor (P)


Interativa Temporal Física Valor Exemplo
1 1 1 P ( 1, 1, 1 )=7 curso por correspondência
1 1 0 P ( 1, 1, 0 )=6 -
1 0 1 P ( 1, 0, 1 )=5 telecurso (broadcasting)
1 0 0 P ( 1, 0, 0 )=4 conferência
0 1 1 P ( 0, 1, 1 )=3 correspondência com tutoria
0 1 0 P ( 0, 1, 0 )=2 -
0 0 1 P ( 0, 0, 1 )=1 videoconferência
0 0 0 P ( 0, 0, 0 )=0 aula convencional - turma pequena
Tabela 2 – exemplos de distâncias quanto à relação aluno-Professor

Distância Aluno-Aluno (A)


7
Interativa Temporal Física Valor Exemplo
1 1 1 A ( 1, 1, 1 )=7 curso individual
1 1 0 A ( 1, 1, 0 )=6 Laboratório de uso livre
1 0 1 A ( 1, 0, 1 )=5 teleconferência
1 0 0 A ( 1, 0, 0 )=4 conferência
0 1 1 A ( 0, 1, 1 )=3 Fórum na Internet
0 1 0 A ( 0, 1, 0 )=2 Lab. livre com comunicação entre alunos
0 0 1 A ( 0, 0, 1 )=1 Chat na Internet
0 0 0 A ( 0, 0, 0 )=0 Dinâmica local de grupo
Tabela 3 – exemplos de distâncias quanto à relação aluno-Aluno

Distância Aluno-Material (M)


Interativa Temporal Física Valor Exemplo
1 1 1 M ( 1, 1, 1 )=7 monitoração remota assíncrona de dados
1 1 0 M ( 1, 1, 0 )=6 Apostila, livro, vídeo
1 0 1 M ( 1, 0, 1 )=5 monitoração remota de dados em tempo real
1 0 0 M ( 1, 0, 0 )=4 Experiência de laboratório expositiva e ao vivo
monitoração remota assíncrona de dados
0 1 1 M ( 0, 1, 1 )=3 com controle assíncrono do experimento
Simuladores, Lab. Virtual, material
0 1 0 M ( 0, 1, 0 )=2 hipermidiático
0 0 1 M ( 0, 0, 1 )=1 monitoração e controle remotos em tempo real
0 0 0 M ( 0, 0, 0 )=0 Experiência de laboratório desenvolvida ao vivo
Tabela 4 – exemplos de distâncias quanto à relação aluno-Material

4. A convergência entre Educação Virtual e Convenciona l

Uma das vantagens de se utilizar o conceito de Educação Virtual Interativa


(EVI) em lugar de Educação a Distância (EAD) é não ser necessário rotular um
determinado curso como sendo a distância, presencial, não presencial, semi-
presencial, local, convencional, tradicional ou outra denominação que vincula
métodos e técnicas educacionais ao nome do curso. Um bom curso deve lançar
mão de toda e qualquer metodologia ou tecnologia que for necessária para que os
objetivos de aprendizagem sejam atingidos com qualidade, sempre procurando
minimizar a distância global percebida pelos aprendizes.

Dificilmente os extremos são as melhores soluções. Um curso totalmente a


distância tem muitos problemas, como a falta de relacionamento interpessoal,
isolamento, desmotivação, altos índices de abandono. Mas um curso totalmente
local também possui seus pontos fracos, como tempo perdido em locomoções
dos envolvidos, dificuldade de se ter atendimento personalizado, transformação
do ensino em linha de produção, não atendimento às diferenças cognitivas e de
estilo de aprendizagem dos alunos, ou, quando todos os problemas anteriores
são resolvidos, altos custos.

Alguns autores defendem a importância do ensino tradicional em sala de


aula por propiciar convívio social, interação entre os colegas, e deste com os
8
professores, entre outro aspectos relacionados à inteligência emocional. Mas
nem sempre essas interações ocorrem nas salas de aula. Muitas vezes os alunos
não podem nem mesmo conversar entre si durante toda a aula e mal interagem
com o professor. Em algumas instituições de ensino tradicionais, é comum que
nos trabalhos em grupo os colegas dividam de forma apressada os tópicos da
pesquisa e só voltem a conversar sobre o assunto no dia da entrega, quando
juntam os pedaços que foram desenvolvidos individualmente sem que um tome
conhecimento do trabalho do outro.

Como melhorar tanto os cursos a distância quanto os convencionais ?


Pegando o que há de bom em cada um e convergindo para o que deve ser a
educação no futuro: um misto de atividades locais com atividades virtuais. Em
lugar de se ter um professor escrevendo matéria na lousa, ou apresentando
transparências, podemos disponibilizar ao aluno todo o conteúdo do curso online.
Em lugar de se ter alunos passivos que mal podem conversar durante a aula,
devemos desenvolver trabalhos e discussões em grupo, seminários e outras
atividades de integração. Em lugar de ficar repetindo a mesma aula várias vezes
o professor deve se dedicar a elaborar materiais virtuais e interativos, a participar
com seus alunos de fóruns de discussão e a prestar esclarecimentos de dúvidas
e orientações.

Com a convergência entre educação virtual e convencional, teremos


composições diferentes entre atividades virtuais e locais, com alguns cursos
sendo predominantemente a distância (espacial) e outros com mais ênfase nas
atividades locais. Mas poucos deverão ser os cursos que se situarão nos
extremos. Também não haverá muita diferenciação entre laboratório, sala de aula
e residência do aluno, que poderá desenvolver muitas atividades acessando a
rede a partir de um equipamento portátil.

O segredo de um bom curso será utilizar os momentos em que os alunos


se encontram fisicamente presentes para desenvolver atividades que privilegiem
a interação aluno-aluno e aluno-professor, e os momentos virtuais para atividades
que exigem concentração. Se os momentos presenciais forem bem aproveitados,
os alunos se conhecerão melhor e interagirão mais e melhor no espaço virtual, o
mesmo ocorrendo na relação aluno-professor. Assim se reduz bastante a
necessidade dos momentos de presença física e se aproveita muito mais os
momentos de presença virtual.

5. Conclusão

Este artigo apresentou uma proposta de métrica que possibilita avaliar o


grau de distância efetiva de uma atividade de aprendizagem. Essa distância é
calculada levando-se em consideração as relações aluno-Professor, aluno-Aluno
e aluno-Material. Com esse instrumento de quantificação torna-se viável avaliar e
comparar, em termos de distância na educação, cursos de Educação Virtual
Interativa (EVI). Os cursos de EVI são caracterizados por mesclarem atividades
locais e remotas, aproveitando o que há de melhor em cada uma delas em função
das necessidades e objetivos de cada atividade pedagógica.
9

Referência Bibliográfica

TAIT, A.; MILLS, R. The Convergence of Distance and Conventional


Education. Routledge. 1st ed. New York. 1999

TORI, R.; FERREIRA, M. A. G. V. Educação sem Distância em Cursos de


Informática. VII Workshop sobre Educação em Informática – WEI 99. Rio de
Janeiro, RJ, 25 a 27 de agosto de 1999. Anais, pp. 581-590. (PROD-042)

KEEGAN, D. Foundations of Distance Education. Routledge. 3.ed. New York.


1996.

SIMONSON, M. et. Al. Teaching and Learning at a Distance. Merril (Prentice


Hall). New Jersey. 2000.
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Apêndice – Os Sistema Binário e Octal de Numeração

O sistema binário de numeração utiliza apenas dois dígitos (0 e 1) para


representar qualquer número, em lugar dos 10 dígitos (0 a 9) empregados pela
base 10 convencional. Este sistema é utilizado pelos sistemas computacionais por
simplificar bastante o processo de cálculo e os circuitos necessários para sua
realização. Na área de computação cada dígito binário é denominado bit
(contração das palavras inglesas binary digit).

O princípio de representação de um número em binário é o mesmo da


base 10, com a diferença que nesta base o valor relativo de cada dígito é
multiplicado por 10 a cada deslocamento para a esquerda, enquanto que na base
2 o dígito deve ser multiplicado por 2 a cada deslocamento a esquerda. Vale a
mesma regra para a base 8 (Octal), que utiliza dígitos de 0 a 7, alterando-se o
fator de multiplicação para 8.

Exemplos:

Número 379 na Base 10 Número  3 7 9


| | |
Pesos  100 10 1
Valores relativos 300 70 9

Número 110 na Base 2 (6 na base Número  1 1 0


10)
| | |
Pesos  4 2 1
Valores relativos 4 2 0

Número 275 na Base 8 (189 na Número  2 7 5


base 10)
| | |
Pesos  64 8 1
Valores relativos 128 56 5

A tabela abaixo apresenta os números de 0 a 15 em suas respectivas


representações em binário e octal.

Binário Octal Valor Binário Octal Valor


Pesos  8 4 2 8 1 8 4 2 8 1
1 1

0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 8
0 0
0 0 0 0 1 1 1 0 0 1 1 9
1 1
11
0 0 1 0 2 2 1 0 1 1 2 10
0 0
0 0 1 0 3 3 1 0 1 1 3 11
1 1
0 1 0 0 4 4 1 1 0 1 4 12
0 0
0 1 0 0 5 5 1 1 0 1 5 13
1 1
0 1 1 0 6 6 1 1 1 1 6 14
0 0
0 1 1 0 7 7 1 1 1 1 7 15
1 1

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