You are on page 1of 6

1.

Pré – modernismo

O pré-modernismo deve ser situado nas duas décadas iniciais deste século, até 1922,
quando foi realizada a Semana da Arte Moderna. Serviu de ponte para unir os conceitos
prevalecentes do Parnasianismo, Simbolismo, Realismo e Naturalismo.

O pré-modernismo não foi uma ação organizada nem um movimento e por isso deve ser
encarado como fase. Não possui um grande número de representantes mas conta com
nomes de imenso valor para a literatura brasileira que formaram a base dessa fase.

O pré-modernismo também é conhecido como período sincrético. Os autores embora


tivessem cultivado formalismos e estilismos, não deixaram de mostrar inconformismo
perante suas próprias consciências dos aspectos políticos e sociais, incorporando seus
próprios conceitos que abriram o caminho para o Modernismo.

Essa foi uma fase de uma grande transição que nos deixou grandes joias como Canaã de
Graça Aranha; Os Sertões de Euclides da Cunha; e Urupês de Monteiro Lobato.

O que se convencionou em chamar de Pré-Modernismo, no Brasil, não constitui uma


escola literária, ou seja, não temos um grupo de autores afinados em torno de um
mesmo ideário, seguindo determinadas características.

Na realidade, Pré-Modernismo é um termo genérico que designa toda uma vasta


produção literária que caracterizaria os primeiros vinte anos do século XX. Aí vamos
encontrar as mais variadas tendências e estilos literários, desde os poetas parnasianos e
simbolistas, que continuavam a produzir, até os escritores que começavam a
desenvolver um novo regionalismo, outros preocupados com uma literatura política e
outros, ainda, com propostas realmente inovadoras.

1.1.Na História

Enquanto a Europa se prepara para a Primeira Guerra Mundial, o Brasil começa a viver,
a partir de 1894, um novo período de sua história republicana: com a posse do paulista
Prudente de Morais, primeiro presidente civil, inicia-se a “República do café-com-
leite“, dos grandes proprietários rurais, em substituição a “República da Espada”
(governos do marechal Deodoro e do marechal Floriano).

É a áurea da economia cafeeira no Sudeste; é o movimento de entrada de grandes levas


de imigrantes, notadamente os italianos; é o esplendor da Amazônia com o ciclo da
borracha; é o surto de urbanização de São Paulo.

Mas toda esta prosperidade vem deixar cada vez mais claros os fortes contrastes da
realidade brasileira. É, também, o tempo de agitações sociais. Do abandono do Nordeste
partem os primeiros gritos da revolta. Em fins do século XIX, na Bahia, ocorre
a Revolta de Canudos, tema de Os sertões, de Euclides da Cunha; nos primeiros anos do
século XX, o Ceará é o palco de conflitos, tendo como figura central o padre Cícero, o
famoso “Padim Ciço”; em todo o sertão vive-se o tempo do cangaço, com a figura
lendária de Lampião.
O Rio de Janeiro assiste, em 1904, a uma rápida mais intensa revolta popular, sob o
pretexto aparente de lutar contra a vacinação obrigatória idealizada por Oswaldo Cruz;
na realidade, tratava-se de uma revolta contra o alto custo de vida, o desemprego e os
rumos da República. Em 1910, há outra importante rebelião, desta vez dos marinheiros
liderados por João Cândido, o “almirante negro”, contra o castigo corporal, conhecida
como a “Revolta de Chibata“. Ao mesmo tempo, em São Paulo, as classes trabalhadoras
sob a orientação anarquista, iniciam os movimentos grevistas por melhores condições
de trabalho.

Essas agitações são sintomas de crise na “República do café-com-leite”, que se tornaria


mais evidente na década de 1920, servindo de cenário ideal para os questionamentos da
Semana da Arte Moderna.

1.2. Características

Apesar de o Pré-Modernismo não constituir uma escola literária, apresentando


individualidades muito fortes, com estilos às vezes antagônicas – como é o caso, por
exemplo, de Euclides da Cunha e Lima Barreto -, podemos perceber alguns pontos em
comum entre as principais obras pré-modernistas.

Apesar de alguns conservadorismos, são obras inovadoras, apresentando uma ruptura


com o passado, com o academismo; a linguagem de Augusto dos Anjos, ponteadas de
palavras “não poéticas” como cuspe, vômito, escarro, vermes, era uma afronta à poesia
parnasiana ainda em vigor; a denúncia da realidade brasileira, negando o Brasil literário
herdado de Romantismo e Parnasianismo; o Brasil não oficial do sertão nordestino, dos
caboclos interioranos, dos subúrbios, é o grande tema do Pré-Modernismo;

O regionalismo, montando-se um vasto painel brasileiro: o Norte e Nordeste com


Euclides da Cunha; o Vale do Paraíba e o interior paulista com Monteiro Lobato; o
Espírito do Santo com Graça Aranha; o subúrbio carioca com Lima Barreto; os tipos
humanos marginalizados: o sertanejo nordestino, o caipira, os funcionários públicos, os
mulatos; uma ligação com fatos políticos, econômicos e sociais contemporâneos,
diminuindo a distância entre a realidade e a ficção.

2. Pré- modernismo no Brasil

Nas últimas décadas do século XIX e nas primeiras do século XX, o Brasil também
viveu sua bélle époque. Nesse período nossa literatura caracterizou-se pela ausência de
uma única diretriz. Houve, isso sim, um sincretismo estético, um entrecruzar de várias
correntes artístico-literárias. O país vivia na época uma constante tensão.

Nesse contexto, alguns autores refletiam o inconformismo diante de uma realidade


sociocultural injusta e já apontavam para a irrupção iminente do movimento modernista.
Por outro lado, muitas obras ainda mostravam a influência das escolas passadas:
realista/naturalista/parnasiana e simbolista. Essa dicotomia de tendências, uma
renovadora e outra conservadora, gerou não só tensão, mas sobretudo um clima rico e
fecundo, que Alceu Amoroso Lima chamou de Pré-Modernismo.

2.1.Características
Ruptura com o passado por meio de linguagem chocante, com vocabulário que
exprime a frialdade inorgânica da terra, inconformismo diante da realidade
brasileira mediante um temário diferente daquele usado pelo romantismo e pelo
parnasianismo : caboclo, subúrbio, miséria, interesse pelos usos e costumes do
interior regionalismo, com registro da fala rural. destaque à psicologia do
brasileiro retratando sua preguiça, por exemplo nas mais diferentes regiões do
Brasil. acentuado nacionalismo exemplo Policarpo Quaresma. preferência por
assuntos históricos, descrição e caracterização de personagens típicos com o intuito
de retratar a realidade política, e econômica e social de nossa terra. preferência pelo
contraste físico, social e moral, sincretismo estético Neo-Realismo,
Neoparnasianismo, Neo-Simbolismo, emprego de uma linguagem mais simples e
coloquial com o objetivo de combater o rebuscamento e o pedantismo de alguns
literatos.

3. Autores Brasileiros Pré-Modernistas

Nesse momento, os escritores assumem uma posição mais crítica em relação à


sociedade e aos modelos literários anteriores.
Por isso, muitos escritores pré modernos rompem com a linguagem formal do
arcadismo e, além disso, exploram temas históricos, políticos e econômicos. Isso porque
o Brasil passava por momentos como a República do café com leite e inúmeras revoltas
(Revolta da Vacina, Revolta da Chibata, Revolta da Armada, Revolta de Canudos).
Os Pré Modernistas que se destacaram na prosa foram: Euclides da Cunha, Graça
Aranha, Monteiro Lobato e Lima Barreto.

Euclides da Cunha (1866-1909)


Euclides Rodrigues da Cunha foi um escritor, poeta, ensaísta, jornalista, historiador,
sociólogo, geógrafo, poeta e engenheiro brasileiro. Ocupou a cadeira 7 na Academia
Brasileira de Letras de 1903 a 1906.
Publicou "Os Sertões: Campanha de Canudos" em 1902, a qual é dividida em três
partes: A Terra, o Homem, A Luta. A obra regionalista retrata a vida do sertanejo.
Publicou também a Guerra de Canudos (1896-1897) no interior da Bahia.
Veja o artigo: Os Sertões de Euclides da Cunha.

Graça Aranha (1868-1931)


José Pereira da Graça Aranha foi um escritor e diplomata maranhense. Um dos
fundadores da Academia Brasileira de Letras e um dos organizadores da Semana de
Arte Moderna de 1922.
Sua obra que merece destaque é "Canaã" publicada em 1902. A obra aborda a migração
alemã no estado do Espírito Santo. Outras obras que merecem destaque: Malazarte
(1914), A Estética da Vida (1921) e Espírito Moderno (1925).

Monteiro Lobato (1882-1948)


José Bento Renato Monteiro Lobato foi um escritor, editor, ensaísta e tradutor
brasileiro. Um dos mais influentes escritores do século XX, Monteiro Lobato ficou
muito conhecido por suas obras infantis de caráter educativo, como por exemplo, a série
de livros do Sítio do Picapau Amarelo. Em 1918 publica "Urupês" uma coletânea
regionalista de contos e crônicas. Já em 1919 publica "Cidades Mortas" livro de contos
que retrata a queda do Ciclo do Café.
Lima Barreto (1881-1922)
Afonso Henriques de Lima Barreto, conhecido como Lima Barreto, foi um escritor e
jornalista brasileiro. Autor de uma obra critica veiculada aos temas sociais, o escritor
rompe com o nacionalista ufanista e faz criticas ao positivismo.Sua obra que merece
destaque é o "Triste Fim de Policarpo Quaresma" escrito numa linguagem coloquial.
Nela o autor faz crítica à sociedade urbana da época.

4. Euclides da Cunha

Euclides da Cunha foi um importante escritor modernista brasileiro, uma figura


multifacetada que atuou também como professor, filósofo, historiador, sociólogo,
jornalista, engenheiro, geógrafo, dentre outros. Foi Patrono da cadeira nº 7 da Academia
Brasileira de Letras (ABL), eleito em 1903.

Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo (RJ), no dia 20 de janeiro


de 1866, na Fazenda Saudade. Sua mãe, Eudósia Alves Moreira da Cunha, falece
quando ele tinha apenas 3 anos. Para tanto, foi criado por tios e avós e chegou a morar
em Teresópolis, São Fidélis e Rio de Janeiro.
Aos 19 anos, ingressou na Escola Politécnica donde cursou um ano de Engenharia
Civil; mais tarde ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha sendo expulso.
Forma-se em Engenharia Militar, bacharelando-se também em Matemática e Ciências
Físicas e Naturais (1890 a 1892). Ao afastar-se do exército, muda-se para São Paulo, e
passa a colaborar com o jornal O Estado de São Paulo. Nesse momento, é convidado
como jornalista a cobrir o conflito de Canudos, no interior da Bahia, em 1897.
Após cinco anos, publica sua obra mais conhecida “Os Sertões” (1902), um relato
histórico-ficcional sobre o Arraial de Canudos e a destruição de seu povo.
No ano seguinte foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).
Trabalhou durante alguns anos como engenheiro civil até o momento que decide voltar
para o Rio de Janeiro; nesse ínterim, presta concurso para a cadeira de Lógica do
Colégio Pedro II, em 1909.
Falece no Rio de Janeiro,15 de agosto de 1909, com 43 anos, assassinado.

4.1. Obras

Euclides da cunha escreveu romances, ensaios, artigos. Algumas de suas obras mais
relevantes:
 A guerra no sertão (1899)
 As secas do Norte (1900)
 O Brasil no século XIX (1901)
 Os Sertões (1902)
 Civilização (1904)
 Contrastes e Confrontos (1906)
 Peru Versus Bolívia (1907)
 Castro Alves e o Seu Tempo (1908)
 A Margem da História (1909)
Os sertões sua obra mais importante, publicada em 1902, “Os Sertões”, narra os
acontecimentos da guerra de canudos (1896-1897), no interior da Bahia, liderada por
Antônio Conselheiro (1830-1897).

Euclides da Cunha foi convidado como jornalista, pelo Jornal Estado de São Paulo, a
cobrir a guerra (Canudos: diário de uma expedição. O Estado de São Paulo, 1897) e,
assim, surge sua obra mais emblemática, num misto de literatura, relato histórico e
jornalístico, dividida em três partes:
A Terra: descrição do ambiente do sertão, da seca.
O Homem: descrição do homem, da vida e dos costumes do sertão, o sertanejo.
A Luta: a guerra de canudos.

5. Graça Aranha

Graça Aranha foi um escritor e diplomata brasileiro pertencente ao movimento pré-


modernista no Brasil.Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL)
em 1897, sendo titular da cadeira número 38, cujo patrono foi Tobias Barreto. Além
disso, exerceu um papel preponderante na Semana de Arte Moderna (1922).

José Pereira da Graça Aranha nasceu em 21 de junho de 1868 na cidade de São Luís,
capital do Maranhão. Era filho de Temístocles da Silva Maciel Aranha e de Maria da
Glória da Graça. Sua família era abastada e, portanto, Graça Aranha desde cedo teve
uma boa educação. Ingressou na Faculdade do Recife para estudar Direito, formando-se
em 1886. Com o bacharel em Direito, ele mudou-se para o Rio de Janeiro, onde exerceu
o cargo de Juiz. Mais tarde, também foi juiz no Estado do Espírito Santo. Foi ali que ele
escreveu sua obra mais importante “Canaã”. Temas como o racismo, preconceito e a
imigração foram explorados por ele no romance.Viajou para vários países da Europa
(Inglaterra, Itália, Suíça, Noruega, Dinamarca, França e Holanda) exercendo o cargo de
diplomata. Essas viagens foram essenciais para que ele aderisse ao movimento
modernista que despontava no Brasil. Isso porque teve contato com as vanguardas
europeias e a arte moderna. Foi organizador da Semana de Arte Moderna que ocorreu
no Teatro Municipal de São Paulo em 1922. Além de organizador, ele ficou
encarregado de proferir o discurso inicial intitulado: “A emoção estética na arte
moderna”.

Embora tenho sido um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL),


rompeu com a ABL em 1924. Foi na Conferência intitulada “O Espírito Moderno”, que
ele declara:“A fundação da Academia foi um equívoco e foi um erro”. Isso porque suas
ideias vanguardistas aliadas ao modernismo vigente não estavam de acordo com o
academicismo difundido pela Academia. Nas palavras do escritor:“Se a Academia se
desvia desse movimento regenerador, se a Academia não se renova, morra a
Academia!”“A Academia Brasileira morreu para mim, como também não existe para o
pensamento e para a vida atual do Brasil. Se fui incoerente aí entrando e
permanecendo, separo-me da Academia pela coerência.”
Graça Aranha faleceu no Rio de Janeiro em 26 de janeiro de 1931 com 62 anos.

5.1. Obras
 Canaã (1902)
 Malazarte (1914)
 A Estética da Vida (1921)
 Correspondência de Machado de Assis e Joaquim Nabuco (1923)
 Espírito Moderno (1925)
 A Viagem Maravilhosa (1929)
 O Meu Próprio Romance (1931)
 O Manifesto dos Mundos Sociais (1935)

You might also like