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1. INTRODUÇÃO
O interesse crescente por fontes alternativas de energia, menos poluentes que os
combustíveis de origem fóssil, têm levado à pesquisa no Brasil e no mundo com foco na
substituição gradual destes combustíveis. Dentre as diversas rotas tecnológicas investigadas
para a produção de biocombustíveis, destaca-se o craqueamento termocatalítico, um método
simples e eficiente para a produção de biocombustíveis que consiste na quebra das moléculas
orgânicas complexas, tornando-as mais simples sob a ação de calor e/ou catalisadores (Lima
et al., 2004). Contudo, uma das principais desvantagens do bio-óleo obtido através do
craqueamento é a sua acidez, provocada especialmente pela presença de compostos
oxigenados no produto final. O alto teor de ácidos graxos livres (AGL) presentes é um fator
vital no que se refere à produção de biocombustíveis, pois o alto grau de acidez pode
comprometer motores e sistemas de combustível (Knothe et al., 2006). Na tentativa de
resolver a problemática referente à concentração de AGL no bio-óleo, pesquisadores vêm
estudando métodos para reduzir essa acidez, dentre eles o emprego de catalisadores de caráter
básico ainda no processo de craqueamento, como a lama vermelha (LV) ativada.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1. Materiais
O bio-óleo analisado foi obtido do craqueamento termocatalítico de resíduo da caixa de
gordura do RU, localizado na Universidade Federal do Pará (UFPA). O catalisador utilizado
no processo foi a LV gentilmente cedida pela HYDRO ALUNORTE S.A (Barcarena-Pará-
Brasil). O material residual das caixas de gordura após coletado foi submetido a uma série de
operações de separação físicas (peneiramento, decantação e desidratação) em uma unidade
piloto de desodorização, de acordo com a metodologia descrita por Almeida et al. (2016). O
catalisador foi ativado quimicamente com HCl 1M na proporção de 5:6 e termicamente, sendo
calcinado à 1000 ºC. Para obtenção de bio-óleo, 20 kg da gordura residual foram inseridos no
reator piloto, juntamente com 2 kg de LV ativada (10% em relação à massa da matéria prima).
Após um tempo reacional de craqueamento termocatalítico correspondente a 120 minutos, o
bio-óleo foi coletado e submetido a análises físico-químicas.
2.2. Metodologias
A LV foi caracterizada por microscopia eletrônica de varredura (MEV) em equipamento
da marca Hitachi (modelo TM 3000). O bio-óleo foi submetido às análises físico-químicas de
Índice de acidez (ASTM D 974); Índice de saponificação (AOCS Cd 3-25); Índice de refração
(AOCS Cc 7-25); Densidade, pelo método de picnometria (ASTM D854 a 25 ºC) e
Viscosidade cinemática (ASTM D 446).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com relação ao processo de craqueamento termocatalítico, o surgimento de materiais
orgânicos em fases distintas no reator após 20 minutos de reação indicou o início do
craqueamento, ao atingir 180°C no fundo deste. O processo perdurou 120 minutos até a
obtenção de 491°C na base do reator, obtendo-se um rendimento de 60,8% para o bio-óleo.
A Tabela 1 apresenta a caracterização físico-química do bio-óleo produzido,
comparando-a com as especificações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP) e os resultados de Almeida et al. (2016) e Costa et al. (2016), que
também estudaram o craqueamento termocatalítico de resíduo lipídico proveniente de caixas
de gordura tendo como catalisador, respectivamente, LV ativada termicamente a 1000°C e
Na2CO3, na proporção de 10% (m/m).
5. REFERÊNCIAS
ALMEIDA HS, CÔRREA AO, EID JG, RIBEIRO HJ, CASTRO DAR, PEREIRA MS,
PEREIRA LM, MÂNCIO AA, SANTOS MC, SOUZA JAS, BORGES LEP,
MENDONÇA NM, MACHADO NT. Production of biofuels by thermal catalytic
cracking of scum from grease traps in pilot scale. J. Anal. Appl. Pyrolysis, v. 118, p. 20-
33, 2016.
GUERREIRO LHH, COSTA KMB, CORDEIRO MEC, MANCIO AA, BORGES LEP,
MACHADO NT. Influência da ativação química da lama vermelha no processo de
adsorção de ácidos graxos livres presentes em biogasolina. Anais do XXI Congresso
Brasileiro de Engenharia Química, Fortaleza, 2016.
KNOTHE G, GERPEN JV, KRAHL J, RAMOS LP, Manual do Biodiesel. São Paulo: Editora
Edgard Blucher, 2006.
LIMA DG, SOARES VCD, RIBEIRO EB, CARVALHO DA, CARDOSO ECV, RASSI FC,
MUNDIM KC, RUBIM JC, SUAREZ PAZ, Diesel-like fuel obtained by pyrolysis of
vegetable oils. J. Anal. Appl. Pyrolysis. 71, 987-996, 2004.