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RELATÓRIO DO EXPERIMENTO DE ISOTERMA DE ADSORÇÃO

Katiússia Andrade Sacramento¹*, Kayo Santiago Farias Novais**.


1
Universidade Estadual de Santa Cruz, Campus Soane Nazaré de Andrade. Rodovia Jorge
Amado, Km 16, Bairro Salobrinho CEP 45662-900. Ilhéus-Bahia

*
katiandrade2356@gmail.com, *kayo-novais@hotmail.com

Resumo – Este relatório abrange a discussão à cerca da adsorção de soluto com carvão
ativado, tendo como adsorvato o ácido acético. O experimento foi realizado com diferentes
volumes de soluto, e com auxílio de uma bureta obteve-se os dados necessários para
construção do gráfico relativo à equação de Herbert Freundlich. Para além disso, foi possível
determinar as constantes empíricas K e n através da isoterma de adsorção.

Palavras-chave: Adsorção, isoterma de adsorção, constantes empíricas.

1. INTRODUÇÃO

O carvão ativado é um adsorvente microporoso que pode ser obtido de uma


variedade de materiais carbonáceos, incluindo madeira, hulha, lignina, casca de coco,
açúcares, entre outros. Seu poder adsorvente é proveniente da alta área superficial e da
presença de uma variedade de grupos funcionais em sua superfície. A estrutura do carvão
ativado é basicamente constituída por uma base grafítica em que os vértices e as bordas
podem acomodar uma série de elementos, como oxigênio, nitrogênio e hidrogênio. [1]

Nesse contexto, as isotermas de adsorção são equações matemáticas usadas para


descrever, em termos quantitativos, a adsorção de solutos por sólidos, a temperaturas
constantes. Uma isoterma de adsorção mostra a quantidade de um determinado soluto
adsorvida por uma superfície adsorvente, em função da concentração de equilíbrio do
soluto. A técnica usada para gerar os dados de adsorção é, a princípio, bastante simples,
pois uma quantidade conhecida do soluto é adicionada ao sistema contendo uma
quantidade conhecida de adsorvente. Admite-se que a diferença entre a quantidade
adicionada e a remanescente na solução encontra-se adsorvida na superfície adsorvente. [2]

1
A isoterma de Freundlich considera a adsorção em multicamadas e é útil para
descrever a adsorção em superfícies altamente heterogêneas e, em muitos casos, fornece
uma representação do equilíbrio de adsorção de um único soluto melhor do que a isoterma
de Langmuir, sendo que o calor de adsorção depende da concentração na fase sólida. [3]

A desvantagem desta isoterma empírica é que ela não se reduz à Lei de Henry a
concentrações próximas de zero e sua aplicabilidade é restrita a um intervalo de
concentração limitado. O expoente n dá uma indicação se a isoterma é favorável ou
desfavorável. Valores de n no intervalo de 0,1 a 1 representam condições de adsorção
favorável. [4]

2. OBJETIVOS

Estudar o mecanismo responsável pela adsorção do ácido acético sobre o carvão


ativado, identificar os fatores que influenciam o fenômeno analisado e calcular as
constantes de adsorção em função da concentração do ácido utilizando o modelo de
Herbert Freundlich.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Materiais:
 Balão volumétrico;
 Béquer;
 Pipeta graduada;
 Balança analítica;
 Barra magnética lisa em teflon;
 Agitador magnético;
 Funil de vidro;
 Papel filtro;
 Erlenmeyer;
 Bureta.

2
3.2 Reagentes:
 Solução de CH3COOH 1M;
 Solução de NaOH 0,1M;
 Água destilada;
 Carvão ativado;
 Fenolftaleína.

3.3 Procedimento Experimental:


Inicialmente, foram preparadas cinco soluções com diferentes concentrações a
partir de uma solução padrão 1M de ácido acético. Foram inseridas alíquotas de 4, 8, 10,
16 e 20 mL do ácido em diferentes balões volumétricos de 100 mL e os volumes foram
completados com água destilada até a marca especificada. Para promover a adsorção,
pesaram-se cinco amostras de, aproximadamente, 1 g de carvão ativado na balança
analítica.
Em seguida, misturadas as amostras de carvão ativado às soluções de CH 3COOH,
as mesmas foram submetidas à agitação por meia hora em um agitador magnético sendo
necessária a inserção de pequenas barras lisas magnéticas nas misturas. Passado o tempo
necessário, as cinco misturas foram filtradas separadamente com o auxílio de papel de
filtro e funil de vidro, obtendo-se soluções translúcidas.
Para determinar a massa de ácido acético resultante após a adsorção, foi necessário
realizar a titulação de cada solução obtida no fim da filtração. No entanto, para que o gasto
de titulante (NaOH) não fosse demasiado, utilizou-se alíquotas de 10 mL para os analitos,
aos quais se inseriram quatro gotas de fenolftaleína.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O fenômeno da adsorção estudado no experimento consistiu na utilização de carvão


ativado para adsorver o ácido acético presente nas soluções. Os valores da massa de carvão
ativado utilizado na adsorção e das concentrações e massas iniciais de ácido acético são
exibidos na Tabela 1.
O valor da massa inicial de ácido acético foi calculado de acordo com a Eq. (1).

mincial.ácido = [CH3COOH].VácidoMMácido (1)

3
Onde [CH3COOH] representa a concentração inicial do ácido acético, Vácido
representa o volume inicial do ácido acético e MMácido representa a massa molar do
mesmo.

Tabela 1 - Dados obtidos experimentalmente.


Amostra de Massa do Concentração inicial Massa molar de Massa inicial
CH3COOH Adsorvente de CH3COOH CH3COOH de CH3COOH
(mL) (g) (mol.L-1) (g.mol-1) (g)
4 0,9982 1,00 60,05 0,2402
8 1,0080 1,00 60,05 0,4804
10 1,0820 1,00 60,05 0,6005
16 1,0457 1,00 60,05 0,9608
20 1,0543 1,00 60,05 1,2010

Feita a titulação, tornou-se possível determinar a massa de ácido acético presente


em solução e comparar esses resultados com aqueles que antecedem o fenômeno da
adsorção. Tais valores são exibidos a seguir na Tabela 2, onde a massa final de ácido
acético foi calculada de acordo com a Eq. (2)

mfinal.ácido = [NaOH].VNaOH.MMácido (2)

Onde [NaOH] representa a concentração de Hidróxido de Sódio, VNaOH representa


o volume de hidróxido de sódio utilizado na titulação e MMácido representa a massa molar
do ácido acético.

Tabela 2 - Valores calculados após o fim da titulação.

Amostra de [NaOH] VNaOH Massa molar de Massa final de


CH3COOH (mL) (mol.L-1) (mL) CH3COOH CH3COOH
(g.mol-1) (g)
4 0,1 3,60 60,05 0,0216
8 0,1 7,20 60,05 0,0432
10 0,1 9,70 60,05 0,0582
16 0,1 15,70 60,05 0,0943
20 0,1 19,10 60,05 0,1147

É possível perceber que ocorreu o processo da adsorção uma vez que as massas de
ácido acético diminuíram quando comparadas as massas inicias.

4
Para além disso, é possível determinar a quantidade de soluto adsorvido (x) por
meio de uma subtração da massa de ácido acético presente em solução antes da adsorção
pela massa do mesmo ácido após ocorrido o fenômeno. Tais valores estão representados na
Tabela 3.

Tabela 3: Valores da massa do ácido acético.

Amostra de Massa Massa x (g)


CH3COOH (mL) Inicial (g) Final (g)
4 mL 0,2402 0,0216 0,2186

8 mL 0,4804 0,0432 0,4372

10 mL 0,6005 0,0582 0,5423

16 mL 0,9608 0,0943 0,8665

20 mL 1,2010 0,1147 1,0863

Sendo assim, em posse dos dados obtidos até então, é possível construir uma
isoterma de adsorção que tem por base a equação de Herbert Freundlich, representada pela
Eq. (3), que é mostrada a seguir.
𝑥 1
log (𝑚) = log 𝑘 + (𝑛) log 𝑐 (3)

Onde m representa a massa de adsorvente utilizada em cada ensaio (seus valores


encontram-se na Tabela 1), x representa a massa de ácido adsorvida (presente na Tabela 3),
k e n são constantes empíricas e c é a concentração de equilíbrio. Os valores de log (x/m), c
e log (c) estão presentes na Tabela 4.

Tabela 4 – Dados necessários para construir o gráfico log(x/m) vs log(c).


Amostra de log (x/m) c (mol/L) log(c)
CH3COOH (mL)
4 mL -0,6596 0,0359 -1,4449

8 mL -0,3628 0,0719 -1,1437

10 mL -0,2999 0,0969 -1,0137

16 mL -0,0816 0,1570 -0,8041

20 mL -0,0129 0,1910 -0,7189

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Construindo o gráfico e obtendo a equação da reta, obtém-se os valores das
constantes empíricas de Freundlich (K e n). A representação da isoterma de adsorção
encontrada está na Figura 1.

Figura 1 - Isoterma de Adsorção. Log (x/m) versus Log (c).

Isoterma de adsorção log(x/m) vs log(c)


0
-0.7 -0.6 -0.5 -0.4 -0.3 -0.2 -0.1 0
-0.2

-0.4

-0.6

-0.8

-1

-1.2

-1.4

-1.6

Com a linearização obtida, encontramos a equação da reta abaixo representada pela


Eq. (4), com R2 igual a 0,9946.

y = 1,1244x − 0,7065 (4)

Sendo assim, em posse dos valores do coeficiente angular (a) e linear (b) foi
possível determinar os valores empíricos de n e K através das Eq. (5) e Eq. (6).

1
n= (5)
𝑎

K = 10𝑏 (6)

Desse modo, n corresponde a 0,8893 e K corresponde a 0,1965.


Sendo assim, em posse dos dados obtidos, é possível também construir uma
isoterma de adsorção que tem por base a equação de Langmuir, representada pela Eq. (7),
que é mostrada a seguir.

𝑐𝑀 1 𝑐
= + (7)
𝑥 𝑄𝑚 𝐾𝐿 𝐾𝐿

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Onde c é a concentração do ácido no equilíbrio, M é a massa do adsorvente, x é
quantidade adsorvida e Qm e KL são constantes. Para obter os valores dessas constantes
plotou-se o gráfico de cM/x versus c, apresentado na Figura 2.

Figura 2 - Isoterma de Adsorção. (cM/x) versus c.

(cM/x) versus c
0.25

0.2
y = 3.2264x - 0.4688
R² = 0.4956
0.15

0.1

0.05

0
0.16 0.165 0.17 0.175 0.18 0.185 0.19 0.195

Através da linearização apresentada na Figura 2, encontrou-se a equação da reta


abaixo representada pela Eq. (8), com R2 igual a 0,4956.

y = 3,2264x − 0,4688 (8)

Sendo assim, em posse dos valores do coeficiente angular (a) e linear (b) foi
possível determinar os valores empíricos de Qm e KL através das Eq. (9) e Eq. (10).

1
KL = (9)
𝑎
1
Qm = (10)
𝑏𝐾𝐿

Desse modo, KL corresponde a 0,3099 e Qm corresponde a -6,8823. Nota-se,


portanto, que o valor do R2 encontrado afasta-se muito do valor ideial de 1. Sendo assim,
conclui-se que a equação de Langmuir não é uma Equação adequada para apresentar a
isoterma de adsorção do ácido acético em carvão ativado.

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5. QUESTIONÁRIO

5.1 Discuta os valores de K e n calculados


K é a constante de Freundlich e n é um valor empírico. Enquanto K está
relacionado com a capacidade de adsorção, n está relacionado com a intensidade da
mesma. De acordo com a literatura, valores de n entre 0,1 e 1 indicam uma adsorção
favorável, ou seja, uma vez que o valor encontrado para n foi de 0,8893, conclui-se que a
adsorção em questão é favorável.
Por outro lado, de acordo com a literatura, valores de K entre 0 e 24 correspondem
a adsorção baixa, entre 25 e 49 como adsorção média e entre 50 e 149 como elevada. Uma
vez que o valor de K calculado foi de 0,1965, teremos então uma adsorção classificada
como baixa.

5.2 Faça um gráfico de x/m versus c e discuta a sua forma em relação a


concentração do ácido

Figura 3 – Gráfico que representa x/m versus c.

x/m versus c
0.25
y = 0.1902x1.0938
R² = 0.9937
0.2

0.15

0.1

0.05

0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2

Através da análise do gráfico presente na Figura 2 nota-se que, quanto maior a


concentração do ácido em equilíbrio, maior também será a razão entre o ácido adsorvido e
adsorvente.
A Isoterma de Freundlich se trata de uma formulação empírica que descreve uma
curva característica. A equação que descreve essa curva é dada pela Eq. (11)

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(x/m) = K.C 1/n (11)

Os valores encontrados para as constantes empíricas K e n no gráfico x/m versus C


são, respectivamente, 0,1902 e 0,9142. Com esses valores, a adsorção é então classificada
como favorável, porém baixa.

5.3 Explique o mecanismo responsável pela adsorção


A adsorção nada mais é que um fenômeno de superfície onde átomos de uma
determinada fase aderem a uma determinada superfície. O processo de adsorção pode ser
classificado como físico (também conhecido como fisissorção), onde as moléculas ou
átomos fixam-se nas superfícies dos adsorventes através da força de Van der Waals, ou
como químico (também conhecido como quimissorção), onde as moléculas ou átomos
unem-se à superfície do adsorvente por meio de ligações químicas.

5.4 Quais os fatores que podem influenciar a adsorção


Os fatores que mais influenciam na adsorção são: área superficial do adsorvente,
concentração do adsorvato, temperatura, pH, pressão e presença de impurezas.

5.5 Discuta algumas aplicações gerais da adsorção


A adsorção é amplamente utilizada no tratamento de efluente, empregando
principalmente o carvão ativado como adsorvente a fim de remover as impurezas do meio.
A indústria alimentícia também utiliza o processo de adsorção para remoção de odores,
sabores e cores indesejadas.
Uma aplicação cotidiana e recorrente da adsorção é o tingimento dos cabelos onde
os fios servem como adsorventes, adsorvendo assim a tintura aplicada. Além disso,
existem muitas outras aplicações tais como tratamento de resíduos industriais, purificação
do ar removendo compostos nocivos à saúde, remoção de corantes para recuperação de
solventes etc.

5.6 A adsorção do ácido acético em carvão vegetal é uma adsorção química


ou física? Por quê? Segundo sua resposta, foi válido usar a isoterma de Freundlich
neste experimento?

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A adsorção do ácido acético em carvão vegetal é uma adsorção física uma vez que não
houve interação química entre o carvão vegetal e o ácido acético, sendo estabelecidas
somente forças intermoleculares entre a superfície do adsorvente e a espécie adsorvida.
Desse modo, pela titulação, determinou-se a quantidade de adsorvato que não foi
adsorvida e confeccionar a isoterma de Freundlich, que teve utilização válida para o
experimento uma vez que foi possível relacionar as concentrações máximas de carvão
ativado e ácido acético para determinar a concentração máxima do ácido que pode ser
adsorvido.

6. CONCLUSÃO
Através do presente trabalho tornou-se possível o estudo acerca da adsorção do
ácido acético sobre o carvão ativado de tal modo que foi plausível definir as principais
variáveis que influenciam no fenômeno, bem como calcular as constantes de Herbert
Freundlich, designadas de n e K que, por sua vez, caracterizaram a adsorção aqui estudada
como uma adsorção favorável.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] GUILARDUCI,V.V.S.; MESQUITA, J.P; MARTELLI, P.B; GORGULHO, H.F.
Adsorção de fenol sobre carvão ativado em meio alcalino. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/%0D/qn/v29n6/14.pdf >. Acesso em: 18/11/2018.

[2] BOHN, H.L.; McNEAL, B.L.; O’CONNOR, G.A. Soil chemistry. New York: John
Wiley, 1979. 329p.

[3] FRITZ, W. and SCHLÜNDER, E.U.; Competitive adsorption of two dissolved organics
onto activated carbon - 1 Adsorption Equilibria, Chemical Engineering Science, v. 36.
(1981), p. 721-730.

[4] SOARES, J.L. REMOÇÃO DE CORANTES TÊXTEIS POR ADSORÇÃO EM


CARVÃO MINERAL ATIVADO COM ALTO TEOR DE CINZAS. Disponível em: <
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/77807/PENQ0035-
D.pdf?sequence=1 >. Acesso em 18/11/2018.

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