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Avaliação do primeiro semestre de 2011

Disciplina: Psicologia da Educação

Docente: Patrícia Hetti

Discente: Camila Ribeiro Vieira – Prontuário: 1066676 - G3-noturno

ORIENTAÇÃO GERAL:

LEIA ATENTAMENTE

1. O tema geral da prova é Processo Cognitivo e Educação.


2. O único gênero permitido é o dissertativo.

À luz das teorias de Piaget e Vygotsky analise a frase abaixo:

“A história é sempre um recurso precioso para o estudo do movimento das ideias, isto é, o
surgimento de uma determinada proposição, seu impacto imediato ou tardio, seu declínio, seu
retorno em outro tempo sob condições diferentes, ou a rejeição definitiva pela falta de
evidências. A comparação é especialmente interessante quando o tema é a relação entre mente e
cérebro, ou ainda, como diziam os antigos, entre alma e corpo. A questão que durante séculos
caracterizou o debate foi: alma e corpo são constituídos da mesma substância? Tinha-se então
uma discussão ontológica sobre a natureza da mente e do cérebro que orientou as mais diferentes
assunções ontoaxiológicas, isto é, assumia-se um determinado tipo de relação mente-cérebro
justificado por um valor de princípio que, por sua vez, prescrevia uma determinada atitude frente
à cultura, à psicologia e à educação.”

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Avaliação:

esperava

O processo pelo qual passa o cérebro humano para que este consiga adquirir
conhecimento foi, historicamente, um assunto que despertou o interesse de importantes
pensadores, dentre eles, Jean Piaget e Lev S. Vygotsky podem ser destacados. Para desenvolver
tais estudos, discussões polêmicas foram expostas e debatidas, uma delas é se a estrutura
biológica do homem determina o seu desenvolvimento cognitivo ou se este último só acontecerá
a partir do estabelecimento das relações sociais. Essas teorias foram e ainda são de grande
importância para a prática docente, já que contribuem para que se possa entender o
desenvolvimento de nossa capacidade cognitiva.

Em sua teoria, Piaget assegura que o ser humano possui uma estrutura endógena que, no
processo de adquirir conhecimento, se sobrepõe à influência dos fatores sociais, mesmo não
ignorando a importância desses últimos. Para ele, as ações são de grande importância, já que elas
servem como instrumentos de mediação para a interação entre o sujeito e objeto, e é através da
relação entre eles que se alcançará o conhecimento, mas isso só acontecerá se houver maturidade
suficiente da estrutura interna da criança, ou seja, a criança não conseguirá aprender algo se não
tiver com uma idade onde isso se torne possível.

Como podemos notar em seu livro: “A epistemologia genética”, ele estabelece níveis do
que podemos chamar de capacidade cognitiva, sendo eles, necessariamente nessa ordem:
sensório-motor, o primeiro nível do pensamento pré-operatório, o segundo deste último, o
primeiro e segundo nível do estágio das operações concretas e as operações formais. Aqui
tratarei, sinteticamente, dos cinco primeiros estágios.

No primeiro nível, o sujeito não se entende como tal, pois ele não compreende que há
limites entre ele e os objetos, ele não consegue se diferenciar do restante do mundo, ao mesmo
tempo em que se entende como centro de tudo, porém, não tem consciência disso. Essa fase vai
do início da vida aos 24 meses e é nela que se inicia um processo de descentralização entre a
criança e o objeto; para o autor, também é nessa idade que as suas ações começam a se organizar

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através do que ele chama de “assimilações recíprocas”, ou seja, esse nível é caracterizado pela
ação. Outro aspecto considerado dessa fase é o desenvolvimento da semiótica e a inteligência
representativa.

O segundo nível, que é pré-operatório, é dividido em duas fases, sendo elas: o primeiro e
o segundo estágios. No primeiro, que se dá dos 2 aos 4 anos, as interações que ocorrem entre o
sujeito e o objeto, as ações são interiorizadas e tornam-se conceituais, iniciando assim as
coordenações internas. Piaget afirma ser os pré-conceitos e as pré-relações os mediadores entre
sujeito e objeto e ele atribui o aparecimento da causalidade que acontece nessa fase a não
diferenciação consolidada.

Já no segundo nível pré-operatório, que acontece entre os 5 e 6 anos, percebe-se que as


pré-relações tornam-se relações e isso acontece devido ao fato de as coordenações progressivas
transformarem-se em funções, nesta já é notável a questão qualitativa, enquanto a capacidade de
classificar os objetos ainda ocorre de forma incompleta.

Devido à formação das estruturas que relacionam-se com modificações diretas e inversas,
no primeiro nível das operações concretas, que refere-se às crianças de 7 e 8 anos, nota-se a
capacidade de entender o que Piaget chama de “reversibilidade operatória”, que é quando a
criança consegue compreender, ao mesmo tempo, o que é “menor que” e “maior que”; e é nessa
fase, também, que a criança consegue entender a relação de ordem e classificação, as relações
espaciais e a causalidade também avançam.

O último nível que comentarei é o segundo das operações concretas, neste, que
corresponde ao intervalo dos 9 aos 10 anos, nele as crianças passam a dominar as operações
espaciais, há a capacidade de somar e multiplicar, além de conseguirem compreender as
variedades simultâneas.

Já para Vygotsky, o desenvolvimento intelectual humano se dá a partir das relações entre


o homem e o mundo, tais relações não ocorrem de forma direta, elas acontecem através dos
símbolos que servem de intermediários para que elas se estabeleçam. A partir daí pode-se
entender o motivo pelo qual a linguagem tem grande importância na teoria desse autor, já que ela
é o sistema de símbolos mais comum entre os humanos, assim, sua relação com o pensamento é

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tida como tema central de seus estudos, como podemos perceber em seu livro “Pensamento e
linguagem”.

Esses dois conceitos também são importantes para seus estudos, pois baseado em teorias
marxistas, segundo as quais o trabalho é que torna o homem humano, a partir do momento em
que ele transforma a natureza, Vygotsky acreditava que a ligação entre linguagem e pensamento
cumpre um papel fundamental para que aconteçam as relações entre as pessoas durante o
trabalho.

O autor considera a estrutura biológica do ser humano em seu desenvolvimento


cognitivo, porém assegura que o sujeito ao relacionar-se com o mundo, dentro de seu processo
histórico e a cultura cumpre um papel fundamental, ele passa a ser um ser sócio-histórico, ou
seja, formando-se por influência do meio social e de acordo com o processo histórico que passa;
dessa forma, entende-se que os aspectos sociais prevalecem sobre os biológicos.

Um aspecto bastante reforçado em seu livro é que o pensamento e a linguagem não são
entendidos pelo autor como iguais, eles têm origem e seguem caminhos diferentes e
independentes um do outro, mas há uma ocasião em que eles se encontram, relacionam-se, e é
nesse momento que o pensamento se torna verbal e a linguagem assume características racionais.

Ao comparar as teorias aqui relatadas de forma resumida, percebe-se que existem


diferenças entre elas, isso ocorre, principalmente, porque enquanto Piaget acredita, mesmo
considerando que há influência dos aspectos sociais, que a estrutura endógena, ou seja, a
amadurecimento biológico prevalece sobre os impactos sociais, Vygotsky afirma, pelo fato do
homem já nascer num meio onde já estão estabelecidas características culturais, ser a cultura, a
convivência com esse meio social o fator de maior importância para o desenvolvimento
cognitivo do ser humano. Essa diferença é fundamental para entender as divergências existentes
entre as duas teorias, pois é a partir dessa primeira que se pode entender algumas outras.

As diferentes formas de abordar pensamento e linguagem é um exemplo, pois enquanto


para Vygotsky esses dois conceitos têm origens e trajetórias diferentes, não dependem um do
outro, mas no momento em que eles se relacionam, um contribui para o desenvolvimento do
outro; para Piaget, o pensamento forma-se antes da linguagem, ele não depende dela para se
constituir e, devido ao fato de ele considerar que a linguagem só pode acontecer quando a
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criança tem capacidade para desenvolvê-la, ela está subordinada ao pensamento. Dessa forma,
nota-se que a linguagem é um fator de extrema importância na teoria de Vygostky, algo que não
acontece na teoria do outro autor.

Com essa breve exposição da teoria desses autores, entende-se a importância que elas
tiveram e ainda têm para a educação, pois permite que a partir da compreensão do processo
cognitivo do ser humano, consigamos construir melhores projetos educacionais, contribuindo até
mesmo para a melhoria das práticas pedagógicas.

Boas análise. Sobre Vygostsky , em sua exposição pode-se verificar a falta da análise
ontogenética, e filogenética, pois você enfatizou a questão histórica.

Nota : 9,0

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