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COMO DEVEMOS CULTUAR A DEUS?

COMO DEVEMOS CULTUAR A DEUS?


John MacArthur

F lip Wilson, um famoso come- ciosamente prometiam “dança se-


diante norte-americano, tinha em seu melhante à quadrilha logo depois do
repertório um personagem chamado culto”. De acordo com o artigo da
Reverendo Leroy, que pastoreava a revista, “o pastor também dançou,
“Igreja do Que Está Acontecendo calçado de botas de couro e vestido
Agora”. No início da década de 1970, com jeans”. O pastor justifica esse
o Reverendo Leroy e sua igreja era movimento com a revitalização de sua
uma paródia ultrajante. Mas, na ver- igreja. O artigo da revista descreve a
dade, a comunidade evangélica de manhã de domingo na igreja:
nossos dias está enxameada com Re- “Os membros ouvem os ser-
verendos Leroys, e muitas igrejas mões, cujos temas incluem ‘A Pick-
poderiam convenientemente receber up Ford do Pastor e Sexo Cristão’
o nome de “Igreja do Que Está Acon- (classificado com R, que significa ‘re-
tecendo Agora”. levância, respeito e relacionamento’,
Não há limites no que se refere a disse o pastor, ‘e mais engraçado do
quão longe algumas igrejas avança- que parece’). Após o culto, os mem-
rão no propósito de se tornarem “rele- bros dançam com músicas de uma
vantes” e “modernas” em seus cultos. banda chamada Os Anjos do Cabaré
E parece que não existe mais nada (e o que mais poderia ser?). A fre-
excessivamente profano ou abusivo qüência à igreja está aumentando ra-
para ser introduzido no “culto”. pidamente…”1
A revista Los Angeles Times re- Você pode imaginar que isto é
centemente falou sobre uma Igreja no apenas uma aberração de uma igreja
sul da Califórnia que distribuiu pan- desconhecida e excêntrica. Infeliz-
fletos anunciando seus cultos como mente, este não é o caso. A teoria
“Horas Agradáveis da Música Coun- contemporânea do crescimento de
try de Deus”. Os panfletos auda- igreja tem aberto uma porta ampla

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para tais absurdos. Às vezes, parece 4.23). Percebi, tão claramente como
que P. T. Barnum (1810-1891)2 é o nunca havia percebido antes, as im-
principal modelo para muitos que plicações da afirmativa — “ado-
nesses dias participam do movimen- rarão… em espírito e em verdade”.
to de crescimento de igreja. Na ver- Essa frase sugere, primeiramente, que
dade, o convite abaixo para um culto a adoração verdadeira envolve tanto
dominical vespertino apareceu no o intelecto quanto as emoções. Sali-
boletim de uma das maiores e mais enta a verdade de que a adoração tem
conhecidas igrejas que integram o de ser focalizada em Deus, não no
“Cinturão da Bíblia” nos Estados adorador. O contexto também de-
Unidos: monstra que Jesus estava dizendo
“Circo — Vejam Barnum e que a adoração verdadeira é mais
Bailey, quando o mágico do grande e uma questão de essência do que de
famoso circo vier à Comunhão do Di- forma. Ele estava ensinando que a
vertimento! Palhaços! Acrobatas! adoração envolve o que fazemos em
Animais! Pipoca! Que grande noite!” nossa vida, não apenas o que fazemos
Essa mesma igreja, em certa épo- no lugar formal de adoração.
ca, teve seu conselho de pastores in- Interrompi naquele ponto as men-
troduzido num ringue de luta corpo- sagem sobre João 4 e continuei o as-
ral, durante o culto dominical, indo sunto com um estudo tópico sobre
mesmo ao ponto de ter um lutador adoração. A editora Moody Press
profissional treinando os pastores a pediu que colocasse essas mensagens
jogarem um ao outro no ringue, pu- em um livro, que foi publicado sob o
xarem os cabelos e derrubarem uns nome de The Ultimate Priority4 (A
aos outros3, sem realmente machu- Prioridade Crucial). Esse estudo so-
carem-se. Estes não são incidentes bre adoração afetou-me mais pro-
extraordinários. Muitas igrejas estão fundamente do que qualquer outra
seguindo métodos semelhantes, utili- série de sermões que já havia prepa-
zando todos os meios disponíveis pa- rado. Mudou para sempre minha
ra apimentar seus cultos. opinião sobre o que significa adorar
É evidente que o culto dominical a Deus.
está passando por uma revolução sem Aquela série de estudos também
paralelo em toda a história da Igreja. marcou o início de uma nova etapa
para nossa igreja. Nossa adoração
coletiva adquiriu nova profundidade
O VERDADEIRO CULTO
e significado. As pessoas começaram
Anos atrás, enquanto eu pregava a ficar conscientes de que cada as-
sobre o Evangelho de João, fui toca- pecto do culto da igreja — música,
do pelo profundo significado da ver- oração, pregação e, mesmo, as ofer-
dadeira adoração — “Vem a hora e já tas — é adoração oferecida a Deus.
chegou, em que os verdadeiros ado- Começaram a ver as superficialida-
radores adorarão o Pai em espírito e des como uma ofensa a um Deus
em verdade; porque são estes que o santo e a considerar o culto como
Pai procura para seus adoradores” (Jo uma atividade em que deveriam ser

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participantes e não espectadores iso- humana. Sugere que toda a verdade


lados. Se o culto é algo que ofe- espiritual e essencial está contida na
recemos a Deus — e não um show Palavra de Deus. Pense nisso: a ver-
elaborado para beneficiar a congre- dade das Escrituras pode restaurar a
gação —, então cada aspecto do culto alma danificada pelo pecado, outor-
tem de ser agradável a Deus e estar gar sabedoria espiritual, confortar o
em harmonia com sua Palavra. Por- coração abatido e trazer iluminação
tanto, o resultado de nossa nova espiritual. Em outras palavras, a Bí-
ênfase sobre o culto foi o apro- blia resume tudo que precisamos sa-
fundamento de nosso compromisso ber a respeito da verdade e da justiça;
com a centralidade das Escrituras. ou, como o apóstolo Paulo escreveu,
a Bíblia é capaz de nos habilitar para
toda boa obra (2 Tm 3.17).
SOLA SCRIPTURA
Esta série de estudos sobre o Sal-
Alguns anos depois daquela série mo 19 marcou outro movimento na
de estudos sobre adoração, preguei vida de nossa igreja, colocando-nos
sobre o Salmo 19. Minha reação foi a face a face com um dos princípios
de alguém que estava contemplando dos reformadores — Sola Scriptura.
pela primeira vez o poder daquilo que Em uma época quando muitos evan-
o salmista estava afirmando sobre a gélicos parecem estar se voltando em
suficiência das Escrituras. massa para a esperteza mundana nas
A lei do SENHOR é perfeita e res- áreas de psicologia, negócios, políti-
taura a alma. ca, relacionamentos e entretenimento,
O testemunho do SENHOR é fiel as Escrituras nos são indicadas como
e dá sabedoria aos símplices. a única fonte que podemos recorrer
Os preceitos do SENHOR são re- para encontrar a infalível verdade
tos e alegram o coração. espiritual. A série de estudos teve um
O mandamento do SENHOR é impacto sobre cada aspecto da vida
puro e ilumina os olhos. de nossa igreja.
O temor do SENHOR é límpido e
permanece para sempre.
A SUFICIÊNCIA DAS ESCRITURAS:
Os juízos do SENHOR são ver-
UM PRINCÍPIO PARA REGULAR
dadeiros e todos igualmente,
O CULTO
justos.
São mais desejáveis do que ou- Como podemos aplicar a sufici-
ro, mais do que muito ouro de- ência das Escrituras ao culto da
purado; igreja? Os reformadores responderam
são mais doces do que o mel e essa pergunta aplicando Sola Scrip-
o destilar dos favos. tura à adoração, estabelecendo o que
eles chamaram de Princípio Regu-
O argumento central da mensa- lador. João Calvino foi o primeiro a
gem deste salmo é: a Escritura é articular de maneira sucinta esse prin-
completamente suficiente para satis- cípio:
fazer todas as necessidades da alma “Não podemos adotar qualquer

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artifício [em nosso culto] que pareça plicavam o princípio regulador con-
satisfazer a nós mesmos, e sim levar tra os ritos formais, as vestes sa-
em conta as exortações dAquele que cerdotais, a hierarquia eclesiástica e
tem o direito de prescrevê-las. Por- outros resquícios do culto da Igre-
tanto, se desejamos que Ele aprove ja Católica. O princípio regulador
nosso culto, esta era freqüente-
regra, que Ele mente citado pe-
mesmo enfatiza los reformadores
com muita rigi- ... a adoração ingleses que se
dez, tem de ser verdadeira é mais opunham aos
observada com elementos da
zelo… Deus re- uma questão de Igreja Alta no an-
prova todos os ti- essência do que de glicanismo, os
pos de cultos não forma. quais haviam si-
sancionados ex- do emprestados
pressamente por da tradição ca-
sua palavra”.5 tólica-romana.
Calvino sustentava este princípio Foi o comprometimento de muitos
utilizando diversas passagens bíbli- puritanos com o princípio regulador
cas, incluindo 1 Samuel 15.22 — que levou centenas de pastores puri-
“Obedecer é melhor do que o sa- tanos a serem excluídos, por decreto,
crificar; e o atender, melhor do que a dos púlpitos da Igreja da Inglaterra
gordura de carneiros” — e Mateus em 1662.8
15.9: “Em vão me adoram, ensinando Além disso, a simplicidade da
doutrinas que são preceitos de ho- forma de culto das igrejas presbi-
mens”. terianas, batistas, congregacionais e
John Hooper, um pastor inglês, de outras tradições evangélicas é o
contemporâneo de Calvino, afirmou resultado da aplicação do princípio
assim este mesmo princípio: “Na regulador.
igreja não deve ser utilizado nada Os evangélicos de nossos dias
que não tenha a expressa aprovação fariam bem se recuperassem a mes-
das Escrituras, para apoiá-lo, ou que ma confiança que seus antecessores
seja algo indiferente em si mesmo, ou espirituais tinham em relação às Es-
seja, que não traga qualquer proveito crituras. Um boa quantidade de ten-
quando utilizado e nenhum prejuízo dências prejudiciais que estão ga-
quando omitido”.6 nhando importância nesses dias re-
William Cunningham, um histo- velam a decrescente confiança dos
riador da Igreja, que viveu no século evangélicos na suficiência das Escri-
XIX, definiu nesses termos o princí- turas. Por um lado, existe, como já
pio regulador: “É insustentável e ilícito observamos, uma atmosfera de circo
introduzir no governo e no culto da em algumas igrejas que empregam
igreja qualquer coisa que não tem a métodos pragmáticos que trivializam
sanção positiva das Escrituras”.7 aquilo que é santo, para impulsionar
Os reformadores e puritanos a- a freqüência de pessoas na igreja. Por

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outro lado, um crescente número de


APLICANDO SOLA SCRIPTURA
evangélicos está abandonando as for-
AO CULTO
mas simples de adoração, em favor
do formalismo da Igreja Alta. Alguns A questão que surge a seguir é
estão deixando completamente o sobre como o princípio Sola Scrip-
evangelicalismo e unido-se à Igreja tura pode ser usado para regular o
Ortodoxa e ao catolicismo romano. culto. Alguém pode indicar o fato de
Enquanto isso, algumas igrejas que Charles Spurgeon utilizava o
simplesmente abandonaram toda a princípio regulador para excluir o uso
objetividade, optando por um estilo de qualquer instrumento musical no
de culto turbulento, emocional e des- culto. Spurgeon recusou permitir a
tituído de qualquer sentido racional. utilização de um órgão no Taber-
Talvez um dos mais comentados náculo Metropolitano, porque acre-
movimentos que está varrendo o cris- ditava que não havia base bíblica para
tianismo no presente é o fenômeno música instrumental no culto cristão.
conhecido como “Bênção de Toron- Na verdade, ainda existem crentes
to”, onde toda a congregação ri que, pelo mesmo motivo, se opõem
incontrolavelmente, sem qualquer a música instrumental.
motivo racional, late como cachor- É óbvio que nem todos os que
ros, ruge como leões, cacareja como afirmam a ortodoxia do princípio re-
galinhas, pula, corre e convulsiona. gulador necessariamente concordam
Eles vêem isso como uma evidência em todos os detalhes sobre como ele
de que o poder de Deus lhes foi trans- deveria ser aplicado. Alguns poderi-
mitido. am salientar tais diferenças nas
Nenhuma dessas tendências está questões práticas e sugerir que todo
avançando por motivos bíblicos con- o princípio regulador é, por isso mes-
sistentes. Pelo contrário, seus de- mo, insustentável. William Cunnin-
fensores citam argumentos pragmá- gham observou que críticas contra o
ticos ou procuram o apoio de in- princípio regulador freqüentemente
terpretações erradas de textos das procuram desacreditá-lo recorrendo
Escrituras, do revisionismo da his- à tática do reduzi-lo ao absurdo.
tória ou tradições antigas. Esta é exa- Aqueles que não apreciam o prin-
tamente a mentalidade contra a qual cípio regulador, por qualquer motivo,
os reformadores lutavam. geralmente procuram nos colocar em
Um novo entendimento de Sola dificuldades, pondo sobre ele uma
Scriptura — a suficiência das Escri- rigorosa conotação, dando-lhe, deste
turas — tem de nos estimular a con- modo, uma aparência de algo absur-
tinuar reformando nossas igrejas, a do. Mas o princípio regulador tem de
regular nossos cultos de acordo com ser interpretado e explicado com o
as normas bíblicas e a desejar in- exercício do bom senso. Dificulda-
tensamente ser pessoas que adoram des e diferenças de opiniões podem
a Deus em espírito e em verdade. surgir a respeito dos detalhes, mesmo
quando o discernimento correto e o
bom senso influenciam a interpreta-

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ção e aplicação do princípio. Mas isto existem aqueles que utilizam o prin-
não oferece qualquer fundamento cípio regulador como um trampolim
para negar ou duvidar das verdades para tais debates, excluam-me de en-
ou da ortodoxia do próprio princípio tre eles. As questões que inflamam
regulador.9 minha preocupação relacionada ao
Cunningham reconheceu que o culto contemporâneo são mais pro-
princípio regulador com freqüência fundas do que tais assuntos. Refe-
é empregado para argumentar contra rem-se ao próprio âmago do que
coisas que podem ser reputadas como significa adorar a Deus em espírito e
relativamente sem importância, tais em verdade.
como ritos, cerimônias, vestimentas, Minha preocupação é esta: o fato
órgãos, ajoelhar-se, prostrar-se e ou- de a igreja moderna ter abandonado
tros recursos exteriores da religião o Sola Scriptura abriu as portas para
formal. Por causa disso, Cunningham diversos abusos grotescos e ima-
afirmou: “Algumas pessoas parecem gináveis, incluindo cultos com banda
imaginar que o princípio regulador se de cabaré, a atmosfera de espetácu-
preocupa com a insignificância in- los carnavalescos e exibições de luta
trínseca das coisas”.10 Portanto, mui- livre. Mesmo a mais liberal e ampla
tos concluem: os que advogam o prin- aplicação do princípio regulador do
cípio regulador fazem-no porque culto teria um efeito corretivo em tais
realmente gostam de contender por abusos.
coisas insignificantes. Pense, por um momento, no que
Com certeza, ninguém se delei- aconteceria à adoração coletiva, se a
taria em disputas por questões ir- igreja contemporânea levasse a sério
relevantes. É verdade que o princí- o Sola Scriptura. Quatro diretrizes
pio regulador ocasionalmente tem si- bíblicas para o culto imediatamente
do utilizado daquela maneira. Uma viriam à nossa mente. Essas diretri-
obsessão por aplicar qualquer prin- zes caíram em um trágico estado de
cípio aos menores detalhes pode fa- negligência. Recuperá-las com cer-
cilmente se tornar uma forma des- teza produziria uma nova reforma no
trutiva de legalismo.11 culto da igreja moderna.
Mas o princípio Sola Scriptura,
aplicado ao culto, é sempre digno de PREGAR A PALAVRA. Na adoração
ser defendido com ferocidade. O prin- coletiva, a pregação da Palavra deve
cípio em si mesmo não é trivial. Além ter a primazia. Todas as instruções
disso, a falha de apegar-se à pres- do Novo Testamento aos pastores
crição bíblica no que se refere ao centraliza-se nessas palavras de Pau-
culto é exatamente aquilo que mer- lo a Timóteo: “Prega a palavra, insta,
gulhou a igreja nas trevas e na idolatria quer seja oportuno, quer não, corri-
da Idade Média. ge, repreende, exorta com toda a
Não tenho interesse em suscitar longanimidade e doutrina” (2 Tm 4.2).
um debate sobre instrumentos musi- Em outra carta, o apóstolo resumiu
cais, vestimentas pastorais, decoração seu conselho ao jovem pastor: “Até à
do templo ou outros assuntos. Se minha chegada, aplica-te à leitura, à

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exortação, ao ensino” (1 Tm 4.13). tério da Palavra é a plataforma sobre


Evidentemente, o ministério de pregar a qual a verdadeira adoração é edi-
a Palavra era o âmago das respon- ficada. Em seu livro Between Two
sabilidades pastorais de Timóteo. Worlds (Entre Dois Mundos), John
Na igreja do Novo Testamento, Stott afirmou muito bem: “A Palavra
as atividades da comunidade de cren- e a Adoração pertencem indissolu-
tes eram completamente centraliza- velmente uma à outra. Toda a ado-
das “na doutrina dos apóstolos e na ração é uma resposta inteligente e
comunhão, no partir do pão e nas amável à revelação de Deus, porque
orações” (At 2.42). A pregação da é a adoração de seu nome. Portanto,
Palavra era o centro de todo o culto. a adoração aceitável é impossível sem
Em certa ocasião, Paulo pregou a um a pregação. Pregar é tornar conheci-
grupo de crentes até depois da meia- do o nome de Deus, e adorar é louvar
noite (At 20.7-8). O ministério da o nome do Senhor sobre o qual fomos
Palavra tinha uma parte tão crucial informados. Ao invés de ser uma in-
na vida da igreja, que, antes de um trusão alienígena à adoração, o ler e
membro ser qualificado para servir o pregar a Palavra são realmente in-
como presbítero, teria de ser pro- dispensáveis à adoração. As duas
vado como al- não podem ser di-
guém habilidoso C
vorciadas”.12
em ensinar a Pa- Pregar é um
lavra (cf. 1 Tm O ministério da aspecto insubs-
3.2; 2 Tm 2.24; Palavra é a tituível de toda a
Tt 1.9). plataforma sobre adoração cole-
O apóstolo tiva. Na verdade,
Paulo caracteri- a qual a verdadeira todo o culto da
zou assim a sua adoração é edificada. igreja gira em
própria chama- torno do minis-
C
da: “Me tornei tério da Palavra.
ministro de acor- Todas as outras
do com a dispensação da parte de coisas são preparatórias ou uma rea-
Deus, que me foi confiada a vosso ção à mensagem das Escrituras.
favor, para dar pleno cumprimento à Quando o teatro, a música, a co-
palavra de Deus” (Cl 1.25 – ênfase média e outras atividades têm a per-
acrescentada). Você pode estar certo missão de usurpar o lugar da prega-
de que a pregação era um elemento ção da Palavra, a verdadeira adoração
predominante em todo culto do qual inevitavelmente é prejudicada. E,
Paulo participava. quando a pregação é subjugada à
Muitas pessoas vêem a pregação pompa e à circunstância, ela também
e a adoração como dois aspectos dis- obstrui a adoração genuína. Um cul-
tintos do culto da igreja, como se a to de adoração sem o ministério da
pregação não tivesse qualquer ligação Palavra tem um valor questionável.
com a adoração e vice-versa. Mas Além disso, a “igreja” onde a Palavra
este é um conceito errôneo. O minis- de Deus não é regularmente e fiel-

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mente pregada não é uma verdadeira te o culto não constituem necessaria-


igreja. mente uma evidência de que houve
verdadeira adoração.
EDIFICAR O REBANHO. As Escri- A adoração genuína é uma res-
turas nos dizem que o propósito dos posta à verdade divina. É emotiva
dons espirituais é a edificação de toda porque surge de nosso amor a Deus.
a igreja (Ef 4.12; cf. 1 Co 14.12). No entanto, a adoração verdadeira
Por esse motivo, todo o ministério da também deve ser fruto de um correto
igreja tem de produzir edificação, entendimento de sua lei, sua justiça,
fazendo o rebanho crescer espiritu- sua misericórdia e seu ser. A genuína
almente e não apenas estimulando adoração reconhece Deus conforme
emoções. Ele se revela nas Escrituras. Por
Acima de tudo, o ministério da exemplo, através das Escrituras,
igreja deve ter como alvo o promo- sabemos que Ele é a única, per-
ver a adoração verdadeira. Para al- feitamente santa, onipotente, onis-
cançar esse objetivo, ele tem de ser ciente e onipresente fonte da qual flui
edificante. Isso está implícito na ex- toda bondade, misericórdia, verdade,
pressão “que... o adorem em espírito sabedoria, poder e salvação. Adorar
e em verdade”. Como já observamos, significa atribuir glória a Deus por
a adoração deve envolver o intelecto causa dessas verdades; significa lou-
e as emoções. A adoração deve ser vá-Lo por aquilo que Ele é, aquilo
emocionante, profundamente senti- que tem feito e aquilo que tem pro-
da e tocante. Mas o importante não é metido. Por conseguinte, adoração
estimular as emoções, enquanto des- tem de ser uma resposta à verdade
ligamos nosso intelecto. A adoração que Ele revelou a respeito de si
verdadeira mescla a mente e o cora- mesmo. Tal adoração não pode re-
ção em uma resposta de adoração sultar de um vazio. É motivada e
pura, fundamentada na verdade re- vitalizada pela verdade objetiva da
velada da Palavra de Deus. Palavra de Deus.
A música pode, às vezes, nos co- Cerimônias mortas e entreteni-
mover pela agradável beleza da me- mento também são incapazes de pro-
lodia, mas este sentimento não é ado- vocar essa adoração, não importa
ração. Por si mesma, a música, sem quão emocionantes tais coisas sejam.
a verdade contida nos versos, não é Elas não edificam. No máximo, elas
um recurso legítimo para a adoração podem despertar emoções. Mas isso
autêntica. De maneira semelhante, não é adoração.
uma história comovente pode ser to-
cante ou inspirativa, mas, se a men- HONRAR O SENHOR. Hebreus 12.
sagem que ela transmite não estiver 28 afirma: “Retenhamos a graça, pela
no contexto da verdade bíblica, qual sirvamos a Deus de modo agra-
quaisquer sentimentos que ela des- dável, com reverência e santo temor”.
perte não têm qualquer utilidade em Esse versículo nos fala sobre a atitude
fomentar a verdadeira adoração. com que devemos adorar. A palavra
Emoções fortes despertadas duran- grega traduzida por “sirvamos” é

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latreuo, que literalmente significa nirem a fim de adorarem a Deus e


“cultuar”. O argumento principal é serem edificados.
que a adoração tem de ser realizada Muitas dessas igrejas não atribu-
com reverência, de uma maneira que em qualquer ênfase às ordenanças do
honra a Deus. Novo Testamento. A Ceia do Senhor,
Na adoração coletiva, não existe quando observada nessas igrejas, é
lugar para a atmosfera frívola, super- transformada em um culto insignifi-
ficial e leviana cante, no meio da
que freqüente- semana. O batis-
mente prevalece C mo se torna real-
nas igrejas mo- mente opcional e
dernas que pro-
Emoções fortes normalmente são
curam ser “rele- despertadas realizados em
vantes”. Subs- durante o culto não qualquer outra
tituir o culto de ocasião, exceto
adoração por um
constituem necessaria- nos cultos domi-
espetáculo dis- mente uma evidência nicais.
tancia-se tanto de que houve O que está
quanto possível errado nisso?
da atitude de a-
verdadeira adoração. Existe problema
doração bíblica C em utilizar os
“com reverência cultos do Dia do
e temor”. Senhor como
“Reverência e temor” referem-se reuniões evangelísticas? Há uma ra-
ao solene sentimento de honra que zão bíblica que justifica o domingo
resulta de percebermos a majestade como dia em que os crentes se
de Deus. Exige uma percepção da reúnem para adoração?
santidade de Deus e de nossa pró- As Escrituras e a história nos for-
pria pecaminosidade. Tudo na ado- necem inúmeras razões para sepa-
ração coletiva da igreja deve ter co- rarmos o primeiro dia da semana para
mo alvo o fomentar esse tipo de adoração e comunhão entre os
atmosfera. crentes. Infelizmente, uma conside-
Por que igrejas substituem a ado- ração mais detalhada desses argu-
ração por entretenimento e comédia mentos está fora do escopo desse
nos cultos no Dia do Senhor? Muitas breve artigo. Mas uma simples apli-
que o têm feito declaram que têm o cação do princípio regulador oferece
objetivo de alcançar os não-crentes; bastante orientação.
querem criar um ambiente “amigá- Por exemplo, aprendemos das
vel”, que será mais atraente aos in- Escrituras que o primeiro dia da se-
crédulos. O objetivo concreto deles mana era o dia em que a igreja apos-
é “relevância”, ao invés de “reverên- tólica se reunia para celebrar a Ceia
cia”. Seus cultos são idealizados para do Senhor: “No primeiro dia da se-
alcançar os incrédulos com o evan- mana, estando nós reunidos com o
gelho, e não para os crentes se reu- fim de partir o pão, Paulo, que devia

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seguir viagem no dia imediato, exor- nidade de crescer, de serem edifi-


tava-os” (At 20.7). O apóstolo ins- cados e de adorar.
truiu os crentes de Corinto a fazerem Também não existe qualquer fun-
suas ofertas, sistematicamente, no damento bíblico para adaptarmos os
primeiro dia da semana, deixando cultos semanais de acordo com a pre-
claramente implícito que este era o ferência dos incrédulos. Na realidade,
dia em que eles deveriam se reunir essa prática parece contrária ao es-
para adoração. A história nos revela pírito de tudo que as Escrituras dizem
que a igreja dos primeiros séculos se a respeito da comunidade de crentes.
referia ao primeiro dia da semana Quando a igreja se reúne, no Dia
como o Dia do Senhor, uma expres- do Senhor, essa não é uma ocasião
são que encontramos em Apocalipse para entreter o incrédulo, divertir os
1.10. irmãos ou satisfazer as “necessidades
Além disso, a Bíblia sugere que sentidas” de nossos ouvintes. Pelo
as reuniões regulares da igreja primi- contrário, é uma ocasião para, como
tiva não visavam a propósitos evan- igreja, nos humilharmos diante de
gelísticos, e sim, primariamente, ao nosso Deus e honrá-Lo com nossa
encorajamento mútuo e à adoração na adoração.
comunidade de crentes. Esta é a razão
por que o escritor de Hebreus fez o NÃO CONFIAR NA CARNE. Em Fi-
seguinte apelo: “Consideremo-nos lipenses 3.3, o apóstolo Paulo des-
também uns aos outros, para nos es- creve nesses termos a adoração cris-
timularmos ao amor e às boas obras. tã: “Porque nós é que somos a cir-
Não deixemos de congregar-nos, cuncisão, nós que adoramos a Deus
como é costume de alguns; antes, no Espírito, e nos gloriamos em Cristo
façamos admoestações e tanto mais Jesus, e não confiamos na carne”
quanto vedes que o Dia se aproxima” (ênfase acrescentada).
(Hb 10.24-25, ênfase acrescentada). Mais adiante nessa carta, Paulo
Com certeza, havia ocasiões em testemunhou como ele chegou a per-
que os incrédulos vinham às reu- ceber que seu legalismo farisaico, no
niões dos crentes (cf. 1 Co 14.23). qual ele vivia antes de tornar-se crente,
As reuniões da igreja do primeiro não tinha qualquer valor. Ele mostrou
século eram essencialmente públicas, como anteriormente tinha obsessão
assim como muitas o são hoje. Mas por questões exteriores e carnais, tais
o próprio culto tinha como objetivo a como circuncisão, descendência e
adoração a Deus e a comunhão entre obediência à lei, ao invés de se inte-
os crentes. O evangelismo acontecia ressar pelas questões mais impor-
no contexto da vida diária, à medida tantes a respeito do estado de sua
que os crentes propagavam o evan- alma. A conversão de Paulo na es-
gelho. Eles se reuniam para adora- trada de Damasco mudou tudo isso.
ção e comunhão e se separavam para Seus olhos foram abertos à gloriosa
evangelizar. Quando uma igreja tor- verdade da justificação pela fé. Ele
na todas as suas reuniões evange- compreendeu que a única maneira de
lísticas, os crentes perdem a oportu- estar e ser aceito na presença de Deus

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era ser vestido com a justiça de Cristo em nada mais do que rituais da car-
(v. 9). Paulo aprendeu que a simples ne. O fato de que tais cerimônias
obediência a ritos religiosos, tais co- freqüentemente são belas e emocio-
mo a circuncisão e as cerimônias nantes não as transforma em ado-
prescritas na lei, não tinha qualquer ração verdadeira. As Escrituras são
valor espiritual. De fato, ele rotulou claras em afirmar que Deus condena
essas coisas como “refugo”, literal- todos os acréscimos humanos àquilo
mente, “esterco”. que Ele ordenou de maneira explícita
Até hoje, a maioria das pessoas — “Em vão me adoram, ensinando
que falam sobre adoração geralmen- doutrinas que são preceitos de ho-
te têm em mente as coisas externas mens” (Mt 15.9).
— a liturgia, as cerimônias, a música, Nós, que amamos a Palavra de
o ajoelhar-se e outros aspectos for- Deus e cremos no princípio Sola
mais. Recentemente li o testemunho Scriptura temos de nos acautelar di-
de um homem que abandonou o cris- ligentemente contra essa tendência.
tianismo evangélico e se uniu ao ca-
tolicismo romano. Uma das principais
A ADORAÇÃO
razões que ele apresentou para deixar
É PRIORIDADE CRUCIAL
o evangelicalismo foi que ele en-
controu no catolicismo romano uma Nosso Senhor disse a Marta, que
liturgia que “se parecia mais com estava aflita devido aos afazeres do-
adoração”. Quando ele explicou isso, mésticos por receber muitos con-
tornou-se evidente que ele realmente vidados: “Marta! Marta! Andas in-
estava dizendo que a Igreja Católica quieta e te preocupas com muitas
oferece mais instrumentos de rituais coisas. Entretanto, pouco é ne-
formalistas — acender velas, ima- cessário ou mesmo uma só coisa” (Lc
gens, ajoelhar-se, rezar, benzer e 10.41-42).
outras coisas assim. Ele equiparou A verdade principal é evidente.
essas coisas à adoração. Maria, que se assentara aos pés de
Mas estas coisas nada significam Jesus, em adoração, escolhera “a boa
em relação à adoração verdadeira, em parte”, e esta não lhe seria tirada. A
espírito e em verdade. Na realidade, adoração de Maria tinha um signifi-
como invenções humanas — não cado eterno, enquanto toda a intensa
prescrições bíblicas —, correspon- atividade de Marta não significou
dem exatamente ao tipo de artifíci- absolutamente nada, além daquela
os carnais que Paulo chamou de tarde especial.
“esterco”. Nosso Senhor estava ensinando
A história e a experiência nos que a adoração é a atividade essenci-
mostram que é incrivelmente grande al que deve preceder todas as outras
a tendência humana para acrescentar atividades da vida. Se isto é verdade
aparatos carnais à adoração prescrita em nossas vidas particulares, não de-
por Deus. Israel fez isso no Antigo veríamos nós tributar maior im-
Testamento, culminando na religião portância à adoração no contexto da
dos fariseus. As religiões consistiam congregação dos crentes?

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18 Fé para Hoje

O mundo está cheio de religião sancionado por Charles II logo depois


falsa e superficial. Nós, que amamos da restauração da monarquia inglesa.
a Cristo e cremos que sua Palavra é Exigia que todo ministro da Igreja
verdadeira, não ousemos moldar nos- Anglicana declarasse apoio sincero a
sa adoração aos estilos e preferências todas as coisas prescritas na recente
de um mundo incrédulo. Pelo con- edição do Livro de Oração Comum.
trário, temos de reputar como nosso Muitos ministros, que se tornaram
principal objetivo ser adoradores em dissidentes, rejeitaram o uso de ves-
espírito e em verdade. Devemos ser timentas e outras prescrições extra-
pessoas que adoram a Deus no Espí- bíblicas em referência à maneira de como
rito, se gloriam em Cristo Jesus e não o culto de adoração deveria ser con-
confiam na carne. Para fazer isso, duzido. Esses homens foram suma-
temos de permitir que somente a Es- riamente expulsos de seus púlpitos e
critura — Sola Scriptura — regule perderam sua manutenção por causa de
nossa adoração. sua postura em favor do princípio Sola
Scriptura.
___________________ 9. Cunningham, p. 32.
1. Judy Raphael, “God and Co- 10. Ibid., p. 35.
untry”, Los Angeles Times Magazine 11. Ao mesmo tempo, é proveitoso
(6 de novembro de 1994), p. 14. lembrar que algumas das disputas sobre
2. O fundador de Barnum & Bailey as quais lemos na história da Igreja não
Circus, o maior circo do mundo, e con- eram tão triviais quanto pareciam à
siderado o pai do circo moderno. [Nota primeira vista. Por exemplo, houve um
do Tradutor] debate ferrenho entre os protestantes a
3. R. Gustav Niebuhr, “Mighty respeito da postura apropriada para
Fortresses: Megachurches Strive To Be alguém receber os elementos da Ceia
All Things to All Parishioners”, The do Senhor. Alguns pensavam que os
Wall Street Journal (13 de maio de 1991), elementos deveriam ser recebidos em
A:6. postura de joelhos, mas os seguidores
4. Chigaco, Moody Press, 1983. de Calvino insistiram no fato de que a
5. John Calvin, The Necessity of Ceia do Senhor devia ser dada também
Reforming the Church (Dallas, Pro- às pessoas que estavam assentadas. O
testant Heritage Press, reimpressão de verdadeiro debate estava relacionado a
1995), pp. 17-18. um assunto muito mais importante do
6. John Hooper, “The Regulative que apenas a postura. O catolicismo
Principle and Things Indifferent”, romano ensinava que os elementos eram
citado em Iain Murray, The Reformation realmente o corpo e o sangue de Cristo
of the Church (Edimburgo, Banner of e, portanto, eram dignos de receber
Truth, 1965), p. 55. adoração. Durante a missa católica,
7. Wiiliam Cunningham, The Re- quando os elementos eram elevados,
formers and the Theology of the Re- esperava-se que as pessoas se ajoe-
formation (Edimburgo, Banner of Truth, lhassem em adoração. Os calvinistas
reimpressão de 1989), p. 27. perceberam corretamente que isso era
8. O Ato de Uniformidade (1661) foi uma forma de idolatria; e, para deixar

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COMO DEVEMOS CULTUAR A DEUS? 19

claro sua opinião, ensinaram que os vezes erroneamente caracterizam os


elementos eram símbolos — e não algo reformadores como pessoas que con-
que devia ser adorado —, e, portanto, tendiam sobre trivialidades.
deveriam ser dados às pessoas que es- 12. John R. Stott, Between Two
tavam sentadas. O contexto desse de- Worlds (Grand Rapids, Eerdmans, 1982),
bate é freqüentemente esquecido pelos p. 82.
evangélicos contemporâneos, que às

A LIBERDADE DO OLEIRO
Charles H. Spurgeon

N ão existe atributo de Deus que ofereça mais conforto aos seus


filhos do que a doutrina da soberania divina. Nas circunstâncias mais
adversas, nos mais graves problemas, eles crêem que a soberania
divina ordenou as suas aflições, acreditam que ela os governa e os
santificará completamente. Não existe outra coisa pela qual os crentes
devam contender com mais seriedade do que pelo assunto referente
ao domínio de seu Senhor sobre toda a criação — o reino de Deus
sobre todas as obras de suas mãos — e pelo assunto referente ao
trono de Deus e ao seu direito de assentar-se sobre esse trono.
Por outro lado, não há outra doutrina mais odiada pelos incrédulos,
nem uma verdade com a qual eles mais brincam do que a grande e
estupenda, porém correta, doutrina da soberania do infinito Jeová.
Os homens permitem que Deus esteja em qualquer lugar, exceto em
seu trono; que Ele esteja em sua oficina, moldando o mundo e criando
estrelas, ou em sua entidade filantrópica para distribuir suas esmolas
e dispensar sua generosidade. Os homens admitirão que Deus sustenta
a Terra e as estrelas no céu e governa as ondas do oceano que se
movem incessantemente. Mas, quando Ele ascende ao seu trono,
suas criaturas rangem os dentes. E, quando proclamamos um Deus
entronizado e seu direito de realizar o que deseja com suas próprias
coisas, seu direito de dispor de suas criaturas como Ele acha melhor,
sem consultá-las a respeito do assunto, então, nesse momento somos
execrados e vaiados, e os homens fecham seus ouvidos para nós,
pois o Deus que está no trono não é o Deus que eles amam. Eles não
O amam quando Ele se assenta no trono, com o cetro em suas mãos
e a coroa sobre a cabeça. No entanto, apreciamos falar sobre o Deus
que está assentado no trono. Este é o Deus em quem nós cremos.

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