You are on page 1of 22

A carreira diplomática: questionário pessoal e consolidação de

trabalhos produzidos por Paulo Roberto de Almeida

Paulo Roberto de Almeida


Notas para servir a entrevista a alunos de curso de Relações Internacionais.
Listagem seletiva da produção em temas relativos à carreira diplomática.
Brasília, 19-20 de agosto de 2017.

APRESENTAÇÃO: Licenciado em Ciências Sociais pela Faculdade de Ciências


Sociais da Universidade de Bruxelas (1975), Mestre em Planejamento Econômico pelo
Colégio dos Países e Desenvolvimento da Universidade de Antuérpia (1977) e Doutor
em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas (1984); Curso de Altos Estudos do
Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores (1997). Diplomata de
carreira desde 1977, exerceu diversos cargos na Secretaria de Estado das Relações
Exteriores, embaixadas e delegações do Brasil no exterior, entre os quais ministro-
conselheiro na Embaixada em Washington (1999-2003) e Cônsul Geral Adjunto no
Consulado Geral em Hartford (2013-2015). Professor de Economia Política nos
programas de mestrado e doutorado em Direito do Uniceub (desde 2004). Possui mais
de 30 obras publicadas. Desde agosto de 2016 é Diretor do Instituto de Pesquisa de
Relações Internacionais (IPRI), órgão da Fundação Alexandre de Gusmão, vinculada ao
Ministério das Relações Exteriores. Editor Adjunto da Revista Brasileira de Política
Internacional e membro do conselho editorial de diversas outras revistas acadêmicas.

PRINCIPAIS LIVROS: Formação da diplomacia econômica no Brasil: as relações


econômicas internacionais no Império (3a. ed.: Brasília: Funag, 2017, 2 vols., ISBN: 978-
85-7631-675-6, 966 p.; 1ro. vol.: ISBN: 978-85-7631-668-8, 516 p.; 2do. vol.; ISBN:
978-85-7631-669-5, 464 p.); O Homem que Pensou o Brasil: trajetória intelectual de
Roberto Campos (org.; Curitiba: Editora Appris, 2017, 373 p.; ISBN: 978-85-473-0485-
0); Nunca Antes na Diplomacia...: A política externa brasileira em tempos não
convencionais (Curitiba: Appris, 2014, 289 p.; ISBN: 978-85-8192-429-8); Relações
internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da
globalização (Rio de Janeiro: LTC, 2012, 309 p.; ISBN: 978-85-216-2001-3).

Site: www.pralmeida.org ; Blog: http://diplomatizzando.blogspot.com/


CV-Lattes: http://lattes.cnpq.br/9470963765065128

PERGUNTAS

1) Como o senhor decidiu entrar para a carreira diplomática?


PRA: Ingressei na carreira diplomática, por concurso direto, quase imediatamente
após ter regressado depois de uma longa estada de mais de sete anos no exterior, uma
espécie de autoexílio durante o governo militar, do qual eu era um dos opositores

1
declarados (e que constituiu o motivo de minha saída do Brasil no final de 1970). Após
retornar, no primeiro trimestre de 1977, comecei imediatamente a dar aulas em
faculdades privadas de São Paulo, em matérias como Sociologia, Economia Brasileira e
Economia Internacional, áreas de minha graduação e do mestrado na Bélgica, e também
a colaborar com entidades universitárias em programas de formação de quadros
públicos em outros estados, administrados pela UniCamp, por exemplo, onde trabalhava
um antigo mestre e grande amigo meu, Maurício Tragtenberg.
A decisão de fazer o concurso emergiu quase que por acaso, ao simplesmente
ler a abertura de um concurso direto para o Itamaraty, em anúncio num jornal de SP,
sem estar especialmente pensando em seguir a carreira diplomática. O fato de ser um
concurso direto foi um motivo e um estímulo adicional, pois certamente eu relutaria em
retornar à condição de aluno (aos 27 anos), já tendo mestrado e estar em meio a um
doutoramento em ciências sociais na Universidade de Bruxelas. O ingresso direto me
dispensou de dois anos, provavelmente aborrecidos, que eu teria de passar no Instituto
Rio Branco, lendo e estudando coisas que eu já conhecia, com poucas exceções, mais
até do que alguns professores. Acresce a isso o fato de que para ser nomeado para a
carreira, eu precisaria estar em ordem com os serviços de informação do regime, o que
eu não tinha certeza de estar, pois durante todo o exílio fiquei colaborando com
movimento de esquerda, exilados no exterior, na informação sobre e contra o regime
militar: o SNI precisaria dizer se eu poderia ser admitido a serviço do Estado.
Foi, portanto, uma decisão intempestiva, tomada num relance, sem qualquer
planejamento e sem sequer estar devidamente preparado para o concurso, pois não tive
tempo, nem condições de estudar adequadamente, com todas as aulas e viagens que eu
fazia pelo Brasil. Mas eu me encontrava em grande medida preparado para a maior
parte das questões, pois tendo vivido sete anos no exterior, estudando intensamente, eu
dominava naturalmente praticamente todas as matérias do concurso, menos direito e
inglês (que estudei apressadamente em poucos dias). Uma questão de oportunidade e do
momento vivido pela carreira diplomática naquela conjuntura, pois esses concursos
diretos, paralelamente aos vestibulares do Curso Preparatório à Carreira Diplomática, do
IRBr, existiram apenas por poucos anos, voltando-se depois ao sistema normal de
recrutamento por meio de vestibular, e curso regular. Escapei de voltar a ser aluno.
As circunstâncias de meu ingresso na carreira diplomática e algumas outras
questões pertinentes a essa decisão eu já expliquei em muitos outros textos que elaborei

2
ao longo dos anos, justamente para responder à curiosidade de jovens candidatos, que
estão listados no Apêndice, a partir do que eu me permitiria citar estes trabalhos:
(a) “Uma carreira diplomática: Paulo Roberto de Almeida” (Brasília, 11-27 maio
2016, 16 p.; n. 2984); entrevista redigida para o site “Diplowife, Diplolife”.
(link: http://diplowife-diplolife.blogspot.com.br/2016/05/entrevista-com-
paulo-roberto-de-almeida.html). Transcrito no blog Diplomatizzando
(http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/entrevista-sobre-carreira-
atividades.html). Relação de Publicados n. 1226.
(b) “Questionário sobre a carreira diplomática” (Brasília, 25 junho 2008, 3 p.; n.
1901); respostas a questionário submetido por candidato à carreira
diplomática, disponível em meu blog Diplomatizzando (28.05.2011; link:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/05/um-questionario-sobre-
carreira.html).
(c) “Mais um questionário sobre o trabalho diplomático” (Shanghai, 9 abril 2008,
6 p.; n. 2129); respostas a questões colocadas por estudante de Relações
Internacionais; blog Diplomatizzando
(http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/04/2044-mais-um-questionario-
sobre.html).
(d) “Carreira Diplomática: um questionário acadêmico” (Florença (Itália), 28
março 2010, 3 p.; n. 2126); respostas a perguntas de alunos de curso de
Relações Internacionais da USP. Postado no blog Diplomatizzando
(3/04/2010; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/04/1016-carreira-
diplomatica-um.html).

2) Como é o seu cotidiano profissional? O que é um dia normal na sua vida?


PRA: Já escrevi bastante sobre o que é o “dia normal” na vida de um
diplomata, na Secretaria de Estado, ou nas missões e representações no exterior. Ao
final deste texto, listo alguns dos meus trabalhos a respeito, que podem servir de
referência aos desejosos de saber mais sobre o desempenho típico na carreira, o que
aliás deve poder ser obtido também nas páginas do Instituto Rio Branco e do próprio
Itamaraty. A partir de um antigo trabalho meu, descrevo rapidamente o que seria um dia
habitual de trabalho na vida de um diplomata e depois remeto ao trabalho completo.
“Na Secretaria de Estado (Brasília), processamento de papéis, que tipicamente
são telegramas de embaixadas e missões no exterior, com alguma questão de
negociação na qual o Brasil encontra-se envolvido; a partir do insumo inicial, o trabalho
constitui uma elaboração da demanda no sentido de se dispor de informações adequadas
para elaborar alguma instrução negociadora, a partir da memória existente e da consulta
a outras agências públicas envolvidas no tratamento daquela matéria (comercial,
financeira, de cooperação técnica, segurança etc.). No exterior, se assegura a interface
entre o Brasil e governos estrangeiros ou organizações internacionais, com os quais se
pode negociar diretamente (no plano bilateral) ou conjuntamente (no caso de atuação

3
multilateral); ou seja, além do processamento da informação, há típicas situações
negociais, que envolvem o recebimento de instruções precisas da Secretaria de Estado,
sem o que o diplomata teria de agir segundo seu conhecimento anterior de assuntos
similares e em função de uma percepção própria do interesse nacional.”
Remeto, portanto, ao trabalho de onde foi tirando essa resposta a uma das
muitas questões a mim formuladas anos atrás: “Questionário sobre a carreira
diplomática” (Brasília, 10 maio 2008, 5 p.; n. 1885); respostas a questões colocadas por
estudante de administração, sobre a carreira diplomática; postado no Blog DiplomataZ
(2.07.2009; link: http://diplomataz.blogspot.com/2009/07/19-mais-um-questionario-
sobre-carreira.html#links), inclusive com respostas a questionamentos adicionais.
No Apêndice a este Questionário, existem várias outras referências a outros
trabalhos meus sobre aspectos diversos da carreira diplomática, sobre a preparação e
desempenho, todos eles contendo muitas opiniões pessoais e referentes a minha própria
experiência em todas essas áreas.

3) Há alguma figura diplomática ou até mesmo política que lhe inspira?


PRA: Sou pouco propenso, por características pessoais, a manter alguma
atitude reverencial a qualquer pessoa que seja, de qualquer carreira, formação ou
atividade. Inspiração eu retiro dos livros, do estudo aplicado, da observação atenta da
realidade e, obviamente, também do exemplo de personalidades que tiveram
oportunidade, nem sempre com sucesso, de contribuir para o progresso espiritual e
material da humanidade e também do Brasil obviamente. Já escrevi sobre algumas
dessas personalidades que, sem descurar traços pessoais, filosóficos ou políticos que
possam ser vistos de maneira crítica, como sempre devemos fazer (consoante minha
atitude de ceticismo sadio), mas personalidades que certamente tentaram melhorar o
Brasil no limite das possibilidades de seu tempo e de suas capacidades individuais. Eu
os chamei, por simples provocação, de “dez grandes derrotados de nossa história”, mas
está claro que não foram derrotados no sentido estrito, uma vez que permanecem na
memória coletiva, e em nossa história, como grandes construtores da nação, sem ter tido
necessariamente a felicidade de ter podido completar projetos pessoais e coletivos nesse
sentido. O trabalho é este aqui:
2929. “Dez grandes derrotados da nossa história (ou, como o Brasil poderia ter dado
certo mas não deu)”, Brasília 7-9 fevereiro 2016, 14 p. Relatos breves sobre dez
grandes derrotados na história do Brasil: 1) Hipólito José da Costa Pereira; 2) José
Bonifácio; 3) Irineu Evangelista de Souza; 4) Joaquim Nabuco; 5) Rui Barbosa; 6)

4
Monteiro Lobato; 7) Oswaldo Aranha; 8) Eugênio Gudin; 9) Roberto Campos;
10) Gustavo Franco. Publicado em Spotniks (14/02/2016; link:
http://spotniks.com/dez-grandes-derrotados-da-nossa-historia-ou-como-o-brasil-
poderia-ter-dado-certo-mas-nao-deu/); reproduzido no blog Diplomatizzando
(link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/02/dez-grandes-derrotados-de-
nossa.html). Relação de Publicados n. 1211.

Mas, ao falarmos de figuras diplomáticas que podem servir de inspiração,


mesmo decorridos longos anos de suas carreiras respectivas, é inevitável termos
algumas personalidades em vista, algumas que podem já ter sido citadas na minha
pequena lista de “derrotados” acima (como José Bonifácio, ou Oswaldo Aranha, ou
mesmo Rui Barbosa, que foi um “diplomata acidental”), outras que merecem referência
em qualquer trabalho historiográfico nesse campo. Permito, assim, citar os dois Rio
Branco, e até mesmo o pai, Visconde de Rio Branco, José Maria da Silva Paranhos, e o
Barão, Paranhos Jr., ambos por uma dedicação exemplar (o pais mais até do que o filho,
até uma fase já madura da vida, quase que por acidente) não só ao Estado e à diplomacia
à qual ambos serviram, como ao Brasil, em seu conjunto. Outro que poderia ser citado
nesse rol, e que foi também um “derrotado”, foi San Tiago Dantas, um jurista avançado,
que serviu por diversas vezes à diplomacia brasileira antes de se tornar chanceler e
depois ministro da Fazenda.
Na área econômica, que é também política e muitas vezes diplomática (por
algumas negociações externas que exigem certas habilidades próprias da carreira), eu
me permitiria citar os “pais” do Plano Real, os homens que salvaram o Brasil de si
mesmo. Não me refiro particularmente ao chanceler, depois ministro da Fazenda e
posteriormente presidente Fernando Henrique Cardoso, ainda que ele possa ter tido um
papel crucial na aceitação, pelo vice-presidente assumido Itamar Franco, do Plano Real
que ele nunca entendeu muito bem (o Itamar), mas aos verdadeiros “pais”, o pequeno
grupo de economistas que lutou bravamente para tornar o Brasil um pouco menor
irracional, um pouco mais normal, do que ele tinha sido nos anos e décadas anteriores
de políticas econômicas erráticas e de inflacionismo construído pelo próprio Estado.
Esses “pais”, e provavelmente estou esquecendo alguns, se chamam Pedro Malan,
Edmar Bacha, Gustavo Franco, Winston Fritsch, André Lara Resende, Pérsio Arida,
Clovis Carvalho, Francisco Lopes, e alguns outros que já tinham participado de planos
anteriores (frustrados) e que tinham adquirido experiência no trato do monstro muito
pouco metafísico que enfrentamos durante décadas: os gastos públicos excessivos por
parte do Estado, os desequilíbrios fiscais e os déficits orçamentários, o emissionismo

5
irresponsável, o protecionismo, o estatismo, o dirigismo anacrônicos e prejudiciais,
enfim, muitos dos males que já tinham sido diagnosticados décadas antes por homens
como Eugênio Gudin e Roberto Campos, e que eles não tinham conseguido vencer.
Creio que cabe essa homenagens aos “pais do Real”, pois eles construíram
parte do Brasil de hoje: não conseguiram terminar a obra (depois continuada por
Armínio Fraga, por exemplo), por circunstâncias políticas, assim como creio que cabe
uma palavra de repúdio aos economistas aloprados alinhados com as teses espúrias,
anacrônicas e prejudiciais do Partido dos Trabalhadores, e sobretudo de repúdio a seus
líderes políticos, Lula e Dilma à frente, por terem colocado as bases daquilo que eu
chamo de A Grande Destruição, a obra de desmantelamento de tudo o que os “pais do
Real” tanto se esforçaram por preservar. Vale, portanto, o registro.

4) O senhor é diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, o IPRI.


Para os acadêmicos que têm dúvida, qual a diferença entre o IPRI e a Fundação
Alexandre de Gusmão, a FUNAG?
PRA: O IPRI é um dos órgãos subordinados, junto com o CHDD – o Centro de
História e Documentação Diplomática, sediado no Rio de Janeiro –, à Funag, que é por
sua vez vinculada ao Ministério das Relações Exteriores. Teoricamente o IPRI se
destina a fazer pesquisas, divulgação, informação e publicações nas grandes áreas que
são as suas, que se confundem, grosso modo, com o trabalho do Itamaraty, ou seja, a
agenda corrente da política externa brasileira, e também os grandes temas da política
internacional, dos problemas que envolvem nossa participação nos grandes foros de
negociação internacionais. Eu disse teoricamente porque o IPRI não dispõe de um
orçamento próprio, praticamente não tem pesquisadores, a não ser alguns poucos, e
depende, para o essencial de suas atividades, dos recursos, possibilidades e da boa
disposição da Funag, e do Itamaraty obviamente, para desenvolver essas atividades. Eu
procuro sugerir atividades nas áreas descritas acima, mas também tomar iniciativas nos
meios diplomáticos e acadêmicos para promover uma intensa agenda de atividades ao
menor custo possível, ou seja, convidando pessoas de passagem por Brasília para falar
em nossos auditórios e salas de reuniões sobre os mesmos temas de que se ocupam os
diplomatas e os acadêmicos, o que poderia ser resumido nos meus dois princípios de
trabalho: tudo o que me dá prazer intelectual (e tem muita coisa nesse universo) e tudo o
que o Itamaraty não faz, ou seja, aquilo que foge, habitualmente, à agenda diplomática
corrente, que é bastante bem coberta pela própria Funag.

6
Um pouco do que eu fiz, neste ano em que estou à frente do IPRI está resumido
em algumas postagens do meu blog Diplomatizzando, especificamente nesta aqui:
“Retomada do trabalho no Itamaraty, depois de 13 anos de regime companheiro:
um relatório das atividades desde a volta do exterior”, Brasília, 6 agosto 2017,
21 p.; n. 3147); junção dos dois trabalhos, 3145 e 3146, num único arquivo para
fins de informação; postado parcialmente no blog Diplomatizzando (link:
https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/retomada-do-trabalho-no-
itamaraty.html); disponível integralmente na plataforma Academia.edu (link:
(https://www.academia.edu/34143789/Retomada_do_trabalho_no_Itamaraty_de
pois_de_13_anos_de_regime_companheiro_um_relatorio_das_atividades_desde
_a_volta_do_exterior).

5) Que trabalho o IPRI desempenha e como o mesmo se relaciona e contribui para


com a academia de Relações Internacionais? E como área acadêmica contribui
para o IPRI?
PRA: A Funag, como um todo, e também seus órgãos subordinados, o IPRI e o
CHDD, foram justamente criados para estabelecer pontes, diálogo, cooperação entre a
chamada sociedade civil e o MRE, especificamente entre os meios acadêmicos e o
ambiente diplomático, em suas diferentes vertentes: pesquisa, seminários, eventos
diversos e iniciativas conjuntas que possam aproximar e explorar as interfaces e as
possibilidade de cooperação nesses meios. Creio que, num julgamento pessoal, o
espírito e a letra dos instrumentos e das instituições dedicadas a esses intercâmbios têm
sido amplamente atendidos, desde a criação da Funag, ainda no regime militar (1971) e
depois do IPRI (1987, celebrando, portanto, 30 anos em 2017) e pouco depois o CHDD.
As publicações – livremente disponíveis, quase todas, na Biblioteca Digital da Funag –
estão aí para provar o que digo, mas isso é apenas uma parte dos milhares de eventos e
empreendimentos registrados ao longo dessas décadas, pois a maior parte dos trabalhos
é justamente constituída por seminários organizados pelo IPRI ou pela Funag, abertos
geralmente ao público externo (especialistas, acadêmicos, burocratas de outros órgãos),
ou eventualmente fechados ao próprios diplomatas, quando se trata de discutir temas
sensíveis vinculados a negociações internacionais.
O IPRI é parte desse mesmo ambiente e propósitos, mas como disse, ele dispõe
de poucas ferramentas e recursos (se algum), pois conta com pessoal reduzido na parte
de pesquisas, e praticamente nenhum na parte de organização de eventos, o que fica a
cargo da Funag. Mas, pode-se dizer que nossos “pesquisadores” são todos os diplomatas
da Casa, pois normalmente publicamos os trabalhos do Instituto Rio Branco, com

7
destaque para as teses do Curso de Altos Estudos que se supõe constituam matéria
prima para a comunidade acadêmica de RI e de áreas afins. Por outro lado, essa vasta
comunidade – atualmente, pois antes era muito reduzida – também colabora com os
eventos, publicações e outras iniciativas do IPRI, como do CHDD e da Funag, de
maneira geral. Esse é o nosso trabalho, e creio que, na modéstia de meios que são os do
Itamaraty no orçamento global do Estado, e os da própria Funag, desempenhamos essas
funções de modo altamente satisfatório.
Eu, pelo menos, não posso dizer que tenho muito tempo livre no IPRI para
deleite pessoal ou para empreender minhas próprias “afinidades eletivas”, que nem
sempre coincidem com a agenda oficial do MRE, da Funag, ou mesmo do IPRI. De toda
forma, meus trabalhos pessoais eu os desenvolvo em casa, ainda que reconhecendo que
existe, atualmente, uma enorme interface de identidade entre o que eu pesquiso, em
caráter pessoal, e o que eu faço no próprio IPRI.

6) O senhor possui um blog "Diplomatizando", no qual faz posts relacionados às


Relações Internacionais, política externa, cultura, etc.; além de obter diversas
obras publicadas. O amor pela escrita se desenvolveu em que momento de sua
vida?
PRA: Sempre fui um leitor voraz e um “escritor” compulsivo. Coloco essa
palavra entre aspas, pois não me considero um “escritor profissional”, e certamente não
um do gênero literário. Sempre escrevi porque, no início, queria resumir o que eu tinha
lido e aprendido nos livros, e depois comecei a escrever o que eu mesmo pensava a
respeito do que eu tinha lido, vivido, observado. Obviamente, os primeiros trabalhos
foram resenhas de livros, depois evoluindo para “artigos” e mais adiante, já na vida
universitária, para a produção de textos com pretensão “científica”. Bem mais tarde, já
aos quarenta anos, vieram os livros, quando decidi coletar os muitos escritos resultando
de aulas, seminários, trabalhos diversos da vida profissional (diplomática) e acadêmica,
em volumes organizados oferecidos a editoras (as mais diversas).
Os blogs (eu tive vários, sendo que o Diplomatizzando é o mais recente e o
mais ativo) são o que eu chamo de “divertissement”, ou seja, não tão “sérios” quanto o
meu site pessoal (ainda em organização: www.pralmeida.org), e apenas destinados a
recolher, num mesmo ambiente, materiais os mais diversos: notícias, notas variadas
sobre temas conjunturais ou de estudo, trabalhos meus ou referências de trabalhos de
terceiros, de entidades oficiais, de outros colegas ou até desconhecidos, que eu julgo,

8
sob critérios puramente pessoais ou aleatórios, como “interessantes” o suficientes para
merecer registro e postagem. O Diplomatizzando é uma espécie do que antigamente se
chamava de “gabinete de curiosidades”, um repertório, uma biblioteca, um “museu”, um
catálogo de publicações, ou seja, um espaço livre onde eu posso depositar tudo aquilo
que eu julgo meritório intrinsecamente, o que é muita coisa (indo da história antiga à
política contemporânea, e passando por todas as áreas do conhecimento humano). Ele
pode ser descrito como uma pequena enciclopédia de meus interesses intelectuais.
Num determinado momento de nossa história recente, e aqui eu recorro à
minha “historiografia” particular – o AC e DC, ou seja, Antes e Depois do regime dos
Companheiros, durante o qual eu fui afastado de qualquer trabalho prático no exercício
legítimo de minha carreira diplomática –, o Diplomatizzando se converteu numa espécie
de “quilombo de resistência intelectual”, ou seja, onde eu tinha o meu pequeno espaço
de liberdade, no qual eu me permitia postar todas as minhas críticas, veladas ou abertas,
ao espetáculo que eu considerava lamentável de incompetência total no exercício das
funções públicas pelos companheiros amestrados em seu partido “neobolchevique” e
sobretudo suas distorções no exercício da diplomacia nacional, sem deixar de mencionar
a corrupção evidente na condução de muitas das políticas públicas (eventualmente
também na própria diplomacia). Acredito que o blog me granjeou certas inimizades na
carreira – das quais nada tenho a objetar, pois que entendo que diplomatas “normais”
são geralmente bem mais discretos e menos vocais do que eu fui durante todos esses
anos – e também alguma admiração, dentro da carreira e fora dela, por justamente ter a
coragem de romper o consenso (virtual, praticamente universal) sobre as “excelências”
dos governos companheiros e até de sua diplomacia.
Devo ter granjeado, igualmente, alguma admiração, mas muito mais objeção
nos meios acadêmicos, especialmente nos dedicados à diplomacia, pois o tom geral dos
trabalhos acadêmicos era de aprovação, senão de admiração, pela chamada “diplomacia
ativa e altiva”, quando eu simplesmente a considerava uma fraude e uma mistificação.
Nunca me importei com as críticas, e nunca me deixei levar pelos elogios: eu sempre fiz
o meu trabalho solitariamente, isoladamente, e o único meio de “comunicação” com o
público foi justamente por meio do meu blog Diplomatizzando. Confesso não ter a
menor ideia de sua eventual influência nos vários meios que o alcançam – o que ocorre,
aliás, de forma passiva, pois jamais remeto trabalhos a listas pessoais, simplesmente os
deixo à disposição dos interessados – pois não costumo seguir a linha dos acessos,
apenas o fazendo indiretamente (pelos relatórios regulares, “Analytics”, da plataforma

9
Academia.edu, por exemplo). Meu propósito não é o de disputar espaços com ninguém,
não fazer publicidade indevida de minha produção, apenas ficar em paz com a minha
própria consciência e oferecer ao público em geral, aos jovens estudantes em particular,
uma visão crítica, “contrarianista”, de alguém que muito leu na vida, muito estudou,
muito viajou, e que tem alguma experiência a transmitir, em termos das melhores
práticas ou políticas que possam servir ao desenvolvimento do Brasil e de seu povo.
Vindo de uma família muito modesta, tendo ascendido socialmente pelo estudo
e pelo trabalho, considero que o Brasil é atualmente um país muito injusto, pois não
oferecer mais aos jovens da condição que era a minha nos anos 50 ou 60 as boas escolas
que me permitiram galgar posições importantes na vida profissional e intelectual. Nem
tudo eu credito às escolas públicas, obviamente, pois muito dependeu de meu próprio
esforço, uma vez que, em lugar de ficar jogando futebol nas ruas ou me dedicar a
qualquer outro lazer, eu passava horas e horas na biblioteca pública infantil que tive a
sorte (e a iniciativa pessoal) de frequentar em minha infância e primeira adolescência,
num ambiente de livros que sempre me cercou durante toda a vida.
Tudo isso se reflete em meus escritos, inéditos, e nos trabalhos publicados, e
constituem a minha razão de viver, como estou fazendo justamente agora, “perdendo”
toda uma noite para compor um “texto-guia” (que não será lido, obviamente), em
resposta a um roteiro para entrevista de jovens estudantes de RI e possivelmente
candidatos à carreira diplomática. Faz parte de minha personalidade dedicar a obras
deste gênero, que eventualmente vão terminar sendo divulgadas unicamente no meu
blog Diplomatizzando, uma vez que não se prestam a nenhum outro meio ou veículo.

7) Há alguma diferença entre o Paulo Roberto diplomata e o Paulo Roberto escritor?


PRA: Eu não diria, pois como sempre repito, nunca deixei o cérebro em casa
quando vou para o trabalho, ou nunca o deposito na portaria quando adentro no prédio
da SERE, ou em qualquer outra instalação. Não quero com isso dizer que meus colegas
abandonem sua individualidade ao iniciar uma rotina de trabalho na diplomacia, mas a
verdade é que eu NUNCA me eximi de expressar minha opinião pessoal sobre
quaisquer temas ou problemas da diplomacia apenas porque ela pudesse contrariar
alguma postura oficial, ou os argumentos de quaisquer outros colegas, mesmo
superiores. Ou seja, eu nunca deixe de ser quem eu sou, apenas por estar investido de
funções oficiais na burocracia do Estado.

10
Mas é claro que podemos traçar uma diferença entre o Paulo Roberto de
Almeida burocrata, que tem de cumprir suas obrigações funcionais, e o mesmo
indivíduo, que conheço bem, obviamente, quando ele se encontra no recôndito do lar,
como se diz, quando se permite emitir opiniões pessoais totalmente livres de quaisquer
constrangimentos funcionais. Tenho procurado respeitar, razoavelmente, os ritos e
obrigações a que somos adstritos, ou seja, não ficar emitindo opiniões pessoais sobre
temas e agendas da diplomacia que possam contrariar a postura oficial, pois isso está
regulado em nossos estatutos do serviço exterior (nos quais se requer autorização da
Casa para manifestação pública sobre esses temas oficiais, o que acho basicamente
correto, só discordando da famigerada “lei da mordaça”, uma circular de censura
preventiva propriamente restritiva). Nem sempre cumpri esse ritual, sobretudo durante o
regime companheiro, quando registrei diversos episódios contrários, não exatamente ao
que eu pensava pessoalmente, mas contrários aos interesses nacionais do Brasil, pois
que os companheiros conduziam uma miserável diplomacia partidária, mais identificada
com os interesses cubanos (expressos nas reuniões do Foro de São Paulo, por exemplo)
do que os nacionais. Não tive nenhuma hesitação em denunciar isso publicamente, e por
isso mesmo paguei um alto preço pela minha atitude, ficando totalmente à margem do
trabalho na Secretaria de Estado DURANTE TODO o reinado lulopetista no Brasil.
Aproveitei esse período, quando fiz da Biblioteca do Itamaraty o meu escritório
de trabalho, para ler muito, escrever bastante, e publicar um pouco. Especificamente
sobre essa questão das diferenças entre o diplomata escritor e o funcionário da ativa,
tenho um pequeno texto sobre os diplomatas como memorialistas, o que não é ainda o
meu caso (mas que talvez venha a ser). Este aqui:
2187. “Memória e diplomacia: o verso e o reverso”, Shanghai, 23 Setembro 2010, 4 p.
Notas sobre memórias e memorialistas da carreira. Postado no blog
Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/09/memorias-
diplomaticas-paulo-r-de.html). Publicado em Boletim Mundorama (n. 37, setembro
2010, 23.09.2010; link: http://mundorama.net/2010/09/23/memoria-e-diplomacia-
o-verso-e-o-reverso-por-paulo-roberto-de-almeida/#more-6474). Relação de
Publicados n. 992.

8) O senhor foi citado na última prova de admissão à carreira diplomática, agora em


2017. Como foi a sensação?
PRA: De certo modo, foi uma completa surpresa, por dois motivos principais.
Em primeiro lugar porque NUNCA escrevi pensando em servir de guia aos candidatos à

11
carreira, inclusive porque os meus trabalhos, ainda que didáticos, muitos deles, não
constituem propriamente materiais de estudos, ou manuais sistemáticos para uso nos
concursos: eles são mais apropriadamente o reflexo de pesquisa bem mais
especializadas do que gerais, servindo, portanto, a um público mais de pós-graduação,
ou aos leitores cultos, do que a jovens iniciantes nos estudos ou “concurseiros”. Em
segundo lugar porque como sempre mantive uma postura totalmente independente não
só em relação à diplomacia companheira, aquilo que eu sempre chamei de “lulopetismo
diplomático”, mas também, em muitos casos, em relação à próprias posições oficiais da
diplomacia governamental (do Itamaraty, dos presidentes de plantão, etc.). Não tenho
nenhum problema em afirmar isto, porque é a mais absoluta verdade: sou uma pessoa
totalmente alheia a defender posturas oficiais de quaisquer governos, de quaisquer
tendências que sejam, eu me guio apenas por certos critérios de racionalidade, que são
os que adquiro com base no estudo, na pesquisa, na reflexão, na observação ponderada
da experiência de outros povos e nações, sempre pensando no que seria melhor para o
Brasil e seu povo, independentemente do que possam pensar os governantes do
momento. Em resumo, nunca escrevi para diplomatas ou para quaisquer outro público:
sempre escrevi o que eu mesmo penso dos problemas focados em meus trabalhos.
Tanto é assim que meus livros nunca foram publicados pelo Itamaraty, nem eu
desejei que fossem, para evitar qualquer acusação de “chapa branca”, ou defesa das
posturas oficiais. O único livro publicado pelo Itamaraty é uma pesquisa sobre os
fundamentos de nossa diplomacia econômica no século XIX, ou seja, um trabalho de
investigação histórica (ainda assim com argumentos sobre a era republicana que não
condizem com a “versão oficial”, como o nosso arraigado protecionismo, por exemplo).
O fato de um trecho de um livro meu ser citado numa prova de ingresso à
carreira (sem que eu saiba como isso se deu, nem vou procurar saber) talvez seja apenas
o reconhecimento, por algum professor, do valor e da legitimidade de meus trabalhos.
Mas registre-se que isso se deu apenas ao final, e ao término (que espero definitivo), do
miserável regime companheiro que praticamente destruiu o Brasil, economicamente e
moralmente, o que também afetou sua diplomacia, por mais que meus colegas não o
queiram reconhecer. Nada disso afeta minha produção, ou a continuidade de meu
trabalho: não vou aderir ao “mercado” (enorme e lucrativo) dos concursos, pois não
tenho interesse em produzir para os outros, apenas em dar continuidade a meu trabalho
de pesquisas e reflexões (que eventualmente poderão servir aos “concurseiros” e à
própria diplomacia oficial, mas isso independentemente de minha vontade e propósitos).

12
9) O senhor iniciou sua carreira diplomática em 1977. Desde lá, o que mudou no que
tange ao modo de se fazer a diplomacia?
PRA: Pouco mudou, a não ser o uso, cada vez mais intenso, dos meios de
comunicação social, mas eles são apenas ferramentas de trabalho. O essencial
permanece exatamente como era: estudo, pesquisa, informação, preparação de posições
que o Brasil deve defender nos foros bilaterais, plurilaterais e multilaterais; a defesa
dessas posições, ou seja, negociações nesses ambientes; e a representação do país a
serviço dos interesses nacionais, e em defesa da já imensa comunidade de brasileiros
expatriados (muitos por motivos econômicos, ou de segurança, infelizmente levados a
se deslocar ao exterior, para melhores oportunidades de emprego, de criação de riqueza,
para segurança pessoal, para um futuro melhor para os filhos, pois devemos reconhecer
que o Brasil se tornou um país muito difícil nos últimos tempos, inclusive no plano
ético ou simplesmente moral).
Nesses últimos 40 anos, o Brasil cresceu, entrou em crises, retomou sua
trajetória de desenvolvimento, enfrentou desafios externos, mas sobretudo internos, pois
devemos também reconhecer que praticamente TODOS os problemas e desafios que
hoje enfrentamos derivam de nossos próprios erros, da inépcia ou corrupção de nossas
“elites” (e todos os que governam são elites, mesmo sindicalistas mafiosos ou políticos
vindos dos “meios populares”). Nesse percurso tivemos momentos, externamente, de
grande receptividade internacional e outros de descrédito ou de desalento, como agora,
por exemplo. Nada disso deve nos fazer perder o rumo que queremos imprimir ao país:
uma nação democrática, fundada nas mais amplas liberdades, capaz de garantir um
mínimo de segurança a seu povo, boas condições de estudo, de saúde e de infraestrutura
e sobretudo podendo oferecer um ambiente aberto à livre iniciativa de seus cidadãos.
Todos os países passam por fases mais felizes ou menos felizes numa longa trajetória
histórica: o importante é que façamos o nosso trabalho sempre com esse objetivo, que é
o de deixar aos nossos filhos e netos um país melhor do que aquele que recebemos de
nossos pais e avós.
A política externa tem um papel muito pequeno a desempenhar nesse processo,
senão o de apontar as trajetórias “mais felizes”, os desempenhos mais propícios ao
atingimento dos objetivos nacionais de desenvolvimento e de liberdades, que são os
exemplos de outros povos e nações que prosperaram num ritmo mais rápido, e mais
equilibrado, do que aquele que conhecemos até aqui. O Brasil certamente não é um país

13
fracassado, mas também não é o de maior êxito no contexto internacional. Pois bem:
devemos tomar inspiração nos exemplos de maior êxito – mas nunca existe um “modelo
ideal” a ser seguido – e nos afastar nas experiências mais fracassadas, que são, deve-se
dizer, exatamente essas que conhecemos recentemente: excesso de gastos públicos,
políticas econômicas e setoriais equivocadas (talvez deliberadamente, feitas para roubar
e corromper), incapacidade de conceber e implementar reformas (todos os países devem
fazê-lo, o tempo todo), adaptação a um mundo globalizado, em lugar de se fechar num
protecionismo tão ridículo quanto anacrônico. Devemos nos proteger sobretudo dos
demagogos, dos falsos moralistas, dos mentirosos, dos ineptos e dos corruptos, que são,
infelizmente muito numerosos nos meios políticos.

10) Quais atributos um diplomata deve ter para contribuir de maneira significativa
nas relações internacionais do Brasil?
PRA: Creio que já respondi abundantemente a essas questões (inclusive pelos
muitos trabalhos que vão listados ao final), mas aqui vai um resumo do que penso. O
diplomata deve ser não um burocrata acomodado na estabilidade do serviço público – o
qual, aliás, eu julgo que não deveria existir, mesmo para diplomatas, pois essa situação
conduz naturalmente a acomodações – mas um estudioso em tempo integral e em ritmo
constante, sempre pesquisando o existe de melhor no mundo para eventualmente
recomendar ao Brasil. É pelo estudo, antes, na preparação, durante o ingresso, e depois,
no exercício da profissão, que o diplomata deve se pautar: um estudo no trabalho, mas
também fora dele, pois nem tudo está na diplomacia, e sim na observação de todos os
aspectos que fazem a vida no contexto contemporâneo, de profunda interpenetração dos
povos, culturas, economia e política. Sendo um grande estudioso, um cidadão que pensa
e que, de certa forma, foge da “normalidade”, o diplomata poderá ser um grande
servidor do Brasil e de seu povo, no Brasil e no exterior.

11) Como o senhor concilia todas as suas tarefas?


PRA: Com extremo sacrifício do lazer pessoal, por vezes do convívio familiar,
uma vez que estou o tempo todo lendo, refletindo, estudando, escrevendo, ou seja,
recolhido ao meu universo de leituras e escritas, o que nem sempre é saudável do ponto
de vista social ou familiar. São vícios que se adquirem ao longo da vida, e que adquiri
ainda na adolescência, dos quais é difícil se desfazer na vida adulta.

14
Costumo dizer que só durmo nas horas vagas, como aliás estou fazendo agora
mesmo, no momento em que escrevo estas linhas, já extensas demais. Em resumo: é
difícil conciliar, e na maior parte dos casos é preciso sacrificar uma parte da vida, do
lazer, da saúde até, para ter o que se deseja. Cada um decide quais são suas prioridades
na vida: as minhas estão concentradas no estudo, na reflexão e na escrita. O importante
é manter a sua integridade pessoal e a honestidade intelectual.

12) Quais são suas dicas para quem está querendo prestar o CACD?
PRA: Nada além do que já disse aqui: estudo, estudo, estudo, boas leituras,
menos ferramentas sociais (ainda que elas ofereçam muito para os estudos, mas elas nos
distraem também), e mais anotações, sínteses, pesquisa, concentração. Saber separar o
que é prioritário do que é acessório, também é importante, pois como não podemos ler
tudo, é preciso saber distinguir o que é relevante, importante, essencial, do que é
puramente complementar ou secundário. Mas, no meio de tudo isso é preciso conservar
a empatia pelo que se faz. Ser “concurseiro”, visando algum emprego público, qualquer
um, é provavelmente a pior recomendação que se possa fazer a alguém. A diplomacia
não é um “emprego”, ela é uma vocação, e só se tira prazer de um trabalho qualquer
quando estamos nele por empatia profunda, não para preencher a carteira, viajar pelo
mundo, ou garantir uma estabilidade para toda a vida. Fora de todo o charme e glamour
que possam ter a diplomacia – e nisso vão muitos equívocos –, a diplomacia também
pode ser difícil, pessoalmente ou no plano profissional, por implicar muitas mudanças
na vida, postos nem sempre ideais (e mesmo difíceis), situações que aliás enfrentamos
em todas as demais profissões: burocracia, chefia, insuficiência de meios, insatisfação
temporária com o trabalho, cansaço, etc. Assim é a vida...

13) O que é diplomacia pra o senhor?


PRA: Existem muitas questões sobre a natureza da diplomacia, em geral, e
diversos livros sobre o tema, de autores consagrados, estrangeiros e brasileiros. O
embaixador Sérgio Bath, por exemplo, já escreveu um pequeno livro sobre o tema,
publicado numa dessas coleções de introdução: O que é diplomacia (São Paulo:
Brasiliense, 1989). Recomendo a leitura.
Existem também questões sobre o próprio exercício da diplomacia, do ponto de
vista pessoal, no trabalho, sobre como, por exemplo, ela poderia ser mais especializada,
ou generalista, como ela de fato é (ou seja, alternando postos consulares com atividades

15
bilaterais, multilaterais, administrativas, etc.). Já escrevi sobre isso também, podendo
citar este meu trabalho: “Carreira Diplomática: Geral ou Especializada?: Respondendo a
dúvidas legítimas” (Brasília, 16 janeiro 2010, 4 p.; n. 2102); respostas a questões
colocadas por uma candidata à carreira diplomática. Postado no blog Diplomatizzando
(link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/01/1700-carreira-diplomatica.html).
Muito eu já respondi nas questões anteriores, mas para evitar de me repetir, e
para aproveitar respostas já feitas em questionamentos anteriores, remeto a estes meus
trabalhos, divulgados em meu blog, e que podem satisfazer à curiosidade de alguns:
2984. “Uma carreira diplomática: Paulo Roberto de Almeida”, Brasília, 11-27 maio
2016, 16 p. Entrevista redigida para o site “Diplowife, Diplolife” (link:
http://diplowife-diplolife.blogspot.com.br/2016/05/entrevista-com-paulo-roberto-
de-almeida.html). Transcrito no blog Diplomatizzando
(http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/entrevista-sobre-carreira-
atividades.html). Relação de Publicados n. 1226.
2222. “Respondendo a questões sobre a carreira diplomática”, Shanghai, 5 novembro
2010, 32 p. Introdução a compilação de respostas a questões colocadas por leitores
do blog sobre a carreira diplomática, estudos preparatórios e o concurso de
ingresso. Postado no blog Diplomatizzando (5/11/2010; link:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/11/carreira-diplomatica-
respondendo.html), inclusive com as questões e comentários submetidos a seguir.
2007. “Carreira Diplomática: respondendo a um questionário”, Brasília, 21 maio 2009,
8 p. Respostas a graduanda em administração na UFSC. Blog Diplomatizzando
(8/01/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/01/um-questionario-
sobre-carreira.html).

No mais, eu diria apenas que a diplomacia não é tudo para mim, ainda que ela
seja muito, ou seja, minha vida profissional em toda a minha fase adulta. Mas o
exercício da profissão de burocrata da política externa sempre foi combinada às lides
acadêmicas, que também exerci de modo quase contínuo ao longo de todos esses anos.
Mas, o mais importante mesmo é a minha produção intelectual: é ela que me dá, de
verdade, satisfação e cumpre o objetivo relevante de minha vida, que é a de me elevar
pelo conhecimento e pelo prazer espiritual de estar sempre aprendendo (e ensinando,
também, pois uma coisa faz parte da outra). O que eu recomendaria, portanto, é isto:
sejam diplomatas, mas não apenas, ou só, diplomatas. Cultivem alguma arte do espírito
e algum sentido pessoal, vocacional, além do trabalho, qualquer que seja essa outra
atividade. A minha é ler, refletir, escrever, publicar, mas cada um saberá determinar
aquilo que lhe dá mais prazer em sua vida, até não fazer mais nada além de ser um bom
diplomata, o que já é muito.

16
Apêndice: trabalhos correlatos de Paulo Roberto de Almeida
Materiais pertinentes à carreira diplomática (em ordem cronológica inversa)
Nota: alguns dos links citados internamente aos trabalhos aqui listados podem estar
defasados, pelo fato de remeterem à estrutura do site que mantive durante vários anos, o
qual teve de ser reorganizado no período recente, tarefa ainda não concluída.

2984. “Uma carreira diplomática: Paulo Roberto de Almeida”, Brasília, 11-27 maio
2016, 16 p. Entrevista redigida para o site “Diplowife, Diplolife” (link:
http://diplowife-diplolife.blogspot.com.br/2016/05/entrevista-com-paulo-roberto-
de-almeida.html). Transcrito no blog Diplomatizzando
(http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/entrevista-sobre-carreira-
atividades.html). Relação de Publicados n. 1226.
2977. “O Itamaraty e a diplomacia profissional brasileira em tempos não
convencionais”, Brasília, 15 maio 2016, 10 p. Entrevista concedida por escrito a
graduando na Faculdade de Direito da USP, e animador do blog Jornal Arcadas,
um jornal independente totalmente produzido por estudantes do Largo de São
Francisco (http://www.jornalarcadas.com.br/), sobre aspectos da carreira e do
funcionamento do Itamaraty na fase recente. Publicado, sob o título de “Entrevista:
a crise e o anarco-diplomata”, no blog Jornal Arcadas (15/05/2016; link:
http://www.jornalarcadas.com.br/acriseeoanarcodiplomata/); reproduzido no
Diplomatizando (http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/um-anarco-
diplomata-fala-sobre.html). Relação de Publicados n. 1220.
2608. “Carreira diplomática e formação”, Hartford, 19 Maio 2014, 9 p. Respostas a
questões colocadas por aluna de RI do IESB, com base em trabalhos anteriores
sobre o mesmo assunto. Postado no blog Diplomatizzando em 15/08/2015 (link:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/08/carreira-diplomatica-e-formacao-
do.html).
2382. “Questionário sobre a carreira diplomática”, Paris, 10 abril 2012, 2 p. Respostas
para trabalho universitário. Blog Diplomatizzando (19/08/2017; link:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/questionario-sobre-carreira-
diplomatica.html)
2409. “Grande estratégia e idiossincrasias corporativas: uma reflexão baseada em
George Kennan”, Brasília, 14 julho 2012, 7 p. Considerações sobre posturas na
carreira diplomática, com base em trecho da biografia do diplomata e historiador
americano por John Lewis Gaddis: George F. Kennan: An American Life (New
York: The Penguin Press, 2011), lida na edição Kindle. Blog Diplomatizzando
(4/01/2016; link: http://www.diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/01/george-
kennan-era-um-contrarianista.html).
2328. “Carreira Diplomática e Carreira Acadêmica: vidas paralelas ou linhas que não se
tocam?”, Brasília, 9 outubro 2011, 4 p. Respostas a questionário; postado, no blog
Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/10/carreira-
diplomatica-e-carreira.html).
2222. “Respondendo a questões sobre a carreira diplomática”, Shanghai, 5 novembro
2010, 32 p. Introdução a compilação de respostas a questões colocadas por leitores
do blog sobre a carreira diplomática, estudos preparatórios e o concurso de
ingresso. Postado no blog Diplomatizzando (5/11/2010; link:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/11/carreira-diplomatica-
respondendo.html), inclusive com as questões e comentários submetidos a seguir.
2187. “Memória e diplomacia: o verso e o reverso”, Shanghai, 23 Setembro 2010, 4 p.
Notas sobre memórias e memorialistas da carreira. Postado no blog

17
Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/09/memorias-
diplomaticas-paulo-r-de.html). Publicado em Boletim Mundorama (n. 37, setembro
2010, 23.09.2010; link: http://mundorama.net/2010/09/23/memoria-e-diplomacia-
o-verso-e-o-reverso-por-paulo-roberto-de-almeida/#more-6474). Relação de
Publicados n. 992.
2136. “Entrevista sobre Minha Carreira Diplomática”, Shanghai, 25 abril 2010, 5 p.
Respondendo a um aluno do curso médio. Postado no blog Diplomatizzando
(http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/04/2076-mais-uma-entrevista-sobre-
carreira.html).
2129. “Mais um questionário sobre o trabalho diplomático”, Shanghai, 9 abril 2008, 6 p.
Respostas a questões colocadas por estudante de Relações Internacionais. Postado
no blog Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/04/2044-
mais-um-questionario-sobre.html).
2126. “Carreira Diplomática: um questionário acadêmico”, Florença (Itália), 28 março
2010, 3 p. Respostas a perguntas de alunos de curso de Relações Internacionais da
USP. Postado no blog Diplomatizzando (3.04.2010; link:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/04/1016-carreira-diplomatica-um.html).
2102. “Carreira Diplomática: Geral ou Especializada?: Respondendo a dúvidas
legítimas”, Brasília, 16 janeiro 2010, 4 p. Respostas a questões colocadas por uma
candidata à carreira diplomática. Postado no blog Diplomatizzando (link:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/01/1700-carreira-diplomatica.html).
2007. “Carreira Diplomática: respondendo a um questionário”, Brasília, 21 maio 2009,
8 p. Respostas a graduanda em administração na UFSC. Blog Diplomatizzando
(8/01/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/01/um-questionario-
sobre-carreira.html).
1901. “Questionário sobre a carreira diplomática”, Brasília, 25 junho 2008, 3 p.
Respostas a questionário de candidata à carreira diplomática. Blog Diplomatizzando
(28.05.2011; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/05/um-questionario-
sobre-carreira.html).
1885. “Questionário sobre a carreira diplomática”, Brasília, 10 maio 2008, 5 p.
Respostas a questões colocadas por estudante de administração, sobre a carreira
diplomática. Blog DiplomataZ (2.07.2009; link:
http://diplomataz.blogspot.com/2009/07/19-mais-um-questionario-sobre-
carreira.html#links).
1893. “A importância do profissional de relações internacionais no setor público”,
Brasília, 1 junho 2008, 1 junho 2008, 3 p. Respostas a questionário de estudante de
RI da Unisul, Florianópolis, SC. Postado no Blog DiplomataZ (2.07.2009; link:
http://diplomataz.blogspot.com/2009/07/18-o-profissional-de-ri-no-
setor.html#links) e blog Diplomatizzando (28.05.2011; link:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/05/o-profissional-de-ri-no-setor-
publico.html).
1837. “Cartas a um Jovem Diplomata: conselhos a quem já se iniciou na carreira e dicas
para quem pretende ser um dia”, Brasília, 17 novembro 2007, 1 p. Esquema de
livro, com base no trabalho n. 800 (“Novas Regras de Diplomacia”). Blog
Diplomatizzando (19/08/2017; link:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/cartas-um-jovem-diplomata-como-
seria-se.html).
1812. “Academia e diplomacia: um questionário sobre a formação e a carreira”,
Brasília, 1 outubro 2007, 5 p. Respostas a questionário colocado por estudante da
Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Blog Diplomatizzando

18
(10.07.2010; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/07/academia-e-
diplomacia-um-questionario.html).
1780. “Aspectos da carreira diplomática: algumas considerações pessoais”, Brasília, 10
de agosto de 2007, 1 p. Palestra em curso preparatório à carreira diplomática.
Exposição desenvolvida oralmente em torno dos seguintes pontos: 1. O ingresso:
estudos preparatórios e exames de entrada; 2. Estrutura da carreira e fluxos da
mobilidade ascensional; 3. Trabalho na SERE e nos postos do exterior: nomadismo
vertical e horizontal; 4. Gostosuras e travessuras: os bônus e malus da carreira
diplomática; 5. Uma experiência pessoal: combinando diplomacia e academia.
1739. “Carreira diplomática: uma trajetória”, Brasília, 27 março 2007, 5 p. Respostas a
perguntas para caderno especial sobre concursos. Publicado, sob o título “Minha
trajetória como concursando”, na revista Carta Forense (ano 5, n. 47, abril 2007,
Caderno de Concursos, p. C2-C3). Blog Diplomatizzando (12.07.2010; link:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/07/como-no-caso-de-textos-anteriores-
que.html).
1723. “Concurso do Rio Branco: algumas dicas genéricas sobre o TPS”, Brasília, 7
fevereiro 2007, 2 p. Feito em caráter particular, tornado genérico; postado no blog
Diplomatizzando sob n. 698 (link:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2007/02/698-concurso-do-rio-branco-
algumas.html#links).
1722. “Aos formandos do curso de RI da Universidade Tuiuti do Paraná, turma 2007”,
Brasília, 6 fevereiro 2007, 5 p. Palavras aos formandos que escolheram meu nome
para designar o grupo de bacharelandos. Blog Diplomatizzando (link:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2007/02/699-recomendacoes-jovens-
formandos-em.html#links).
1706. “Retrato do diplomata, quando maduramente reflexivo”, Brasília, 31 dezembro
2006, 5 p. Reflexões pessoais em torno de uma vida dedicada aos livros, ao estudo
e ao aperfeiçoamento da sociedade. Blog Diplomatizzando (link:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2006/12/679-retrato-do-diplomata-
quando.html#links).
1704. “Um autodidata na carreira diplomática”, Brasília, 26 dezembro 2006, 4 p.
Respostas a questões colocadas por jovem candidato à carreira diplomática. Blog
Diplomatizzando; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2006/12/667-um-
autodidata-na-carreira.html#links.
1670. “Dez obras fundamentais para um diplomata”, Brasília , 29 setembro 2006, 6 p.
Lista elaborada a pedido de aluno interessado na carreira diplomática: obras de
Heródoto, Maquiavel, Tocqueville, Pierre Renouvin, Henry Kissinger, Manuel de
Oliveira Lima, Pandiá Calógeras, Delgado de Carvalho, Marcelo de Paiva Abreu e
Paulo Roberto de Almeida, para uma boa cultura clássica e instrumental. Blog
Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2006/09/625-dez-
obras-fundamentais-para-um.html). Relação de Publicados n. 709.
1591. “O Ser Diplomata: Reflexões anárquicas sobre uma indefinível condição
profissional”, Brasília, 2 maio 2006, 3 p. Reflexões sobre a profissionalização em
RI. Blog Diplomatizzando (20/08/2017; link:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/o-ser-diplomata-2006-paulo-
roberto-de.html).
1563. “As relações internacionais como oportunidade profissional”, Brasília, 23 março
2006, 9 p. Respostas a algumas das questões mais colocadas pelos jovens que se
voltam para as carreiras de relações internacionais. Blog Diplomatizzando

19
(14/09/2012; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2013/03/as-relacoes-
internacionais-como.html). Relação de Publicados n. 627.
1558. “Ser um bom internacionalista, nas condições atuais do Brasil, significa, antes de
mais nada, ser um bom intérprete dos problemas do nosso próprio País”, Brasília, 8
março 2006, 6 p. Alocução de paraninfo na turma de formandos do 2º Semestre de
2005 do curso de Relações internacionais do Uniceub, Brasília (/03/2006). Blog
Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/paraninfo-
da-turma-de-ri-do-uniceub-em.html).
1535. “Alguns aspectos da cultura diplomática: respostas a questionário no âmbito de
projeto sobre a mulher na diplomacia”, Brasília, 18 janeiro 2006, 17 p. Respostas a
questionário, no quadro do projeto “Mulheres e Relação entre os Gêneros nas
Diplomacias Brasileira e Portuguesa”. Blog Diplomatizzando (link:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/a-cultura-diplomatica-e-as-
mulheres.html).
1529. “O que faz um diplomata, exatamente?”, Brasília, 11 janeiro 2006, 4 p. Resposta
a indagações efetuadas sobre a natureza do trabalho diplomático, como remissão a
meu trabalho sobre as “dez regras modernas de diplomacia”; Blog n. 153 (link:
http://paulomre.blogspot.com/2006/01/153-o-que-faz-um-diplomata-
exatamente.html).
1492. “Postura diplomática”, Brasília, 8 e 12 novembro 2005, 2 p. Comentários a
questão colocada a propósito de situações difíceis enfrentadas no trabalho
diplomático. Blog Diplomatizzando (2/07/2012; link:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2012/07/postura-diplomatica-o-
contrarianista.html).
1481. “Recomendações bibliográficas para o concurso do Itamaraty”, Brasília, 13 out.
2005, 6 p. Indicações resumidas a partir do Guia de Estudos do Concurso de
Admissão à Carreira Diplomática, versão 2005, para atender às demandas de
candidatos à carreira diplomática. Circulada em listas de candidatos.
1403. “Conselhos de um contrarianista a jovens internacionalistas”, Brasília, 5 março
2005, 6 p. Alocução de patrono na XI turma (2º semestre de 2004) de Relações
internacionais da Universidade Católica de Brasília (10/03/2005). Mesmo texto
aproveitado para alocução de paraninfo na turma de RI da Universidade do Sul de
Santa Catarina, Unisul, Tubarão, SC, de 2004 (8/04/2005). Blog Diplomatizzando
(link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/conselhos-de-um-
contrarianista-jovens.html).
1377. “História Mundial Contemporânea”, Brasília, 23 janeiro 2005, 6 p. Nota de
revisão e comentários ao programa de preparação ao concurso à carreira
diplomática, encaminhada ao Diretor do IRBr.
1374. “Concurso de Admissão à Carreira Diplomática: Comentários ao Guia de
Estudos”, Brasília, 20 janeiro 2005, 8 p. Comentários ao programa do concurso do
IRBr, para atender solicitação do Diretor do IRBr.
1345. “A caminho de Ítaca”, Brasília, 18 outubro 2004, 7 p. Sobre minha condição de
professor. Blog DiplomataZ (link: http://diplomataz.blogspot.com/2009/11/24-por-
que-sou-professor-uma-reflexao.html); blog Diplomatizzando (link:
http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/10/a-caminho-de-itaca-como-e-por-que-
sou.html).
1181. “A formação e a carreira do diplomata: uma preparação de longo curso e uma
vida nômade”, Brasília, 14 janeiro 2004, 3 p. Reelaboração ampliada do trabalho
1156 – destinado originalmente ao Guia para a Formação de Profissionais do
Comércio Exterior, das Edições Aduaneiras – para o jornal acadêmico da

20
Faculdade de Direito da PUC-Campinas. Blog Diplomatizzando (27/05/2016; link:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/preparacao-para-carreira-
diplomatica.html).
1089. “Aprenda diplomacia por sua própria conta (e risco), em apenas um dia”,
Washington, 2 agosto 2003, 4 p. Paródia aos manuais de auto-aprendizado de
economia, imaginando matérias e métodos para um self-made diplomat. Blog
Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/seja-
diplomata-por-sua-propria-conta-e.html).
1080. “Relações Internacionais: profissionalização e atividades”, Washington, 15 julho
2003, 6 pp. Respostas a questões colocadas por estudantes de RI de MG, para
subsidiar Mostra Profissional sobre relações internacionais. Blog Diplomatizzando
(20/08/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/relacoes-
internacionais.html).
1073. “Mensagem aos formandos”, Washington, 4 julho 2003, 5 p. Texto de saudações
elaborado para atender a convite da comissão de formatura do curso de Relações
Internacionais da Universidade Tuiuti do Paraná. Blog Diplomatizzando (link:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/saudacao-formandos-de-
relacoes.html).
1052. “Primeiro Emprego: depoimento pessoal e reflexões”, Washington: 22 maio
2003, 4 pp. Respostas a perguntas sobre formação e profissionalização, para
elaboração do “Guia do Primeiro Emprego” (Editora Abril). Blog Diplomatizzando
(20/08/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/meu-primeiro-
emprego-nao-foi-diplomacia.html).
915. “Profissionalização em relações internacionais: exigências e possibilidades”,
Washington, 26 junho 2002, 6 p. Trecho das “Leituras complementares”, do
capítulo 11: “A diplomacia econômica brasileira no século XX: grandes linhas
evolutivas” do livro Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações
internacionais contemporâneas (pp. 244-248), para divulgação pelo Centro de
Serviços de Carreiras do Curso de RI da PUC-Minas. Blog Diplomatizzando (link:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/profissionalizacao-em-
relacoes.html).
866. “Diplomacia econômica brasileira: lições da história”, Washington, 14 fevereiro
2002, 10 p. Palestra no Instituto Rio Branco, em 2 de abril de 2002, enfocando as
tarefas sociais e políticas do diplomata. Inédito. Blog Diplomatizzando
(20/08/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/um-outro-
inedito-de-2002-palestra-no.html).
848. “Entrevista Internews Unisul”, Orlando, 11 janeiro 2002, 9 pp. Respostas a
questões colocadas pelo Centro Acadêmico Paulo Roberto de Almeida, do Curso de
Relações Internacionais da Unisul, para Boletim Internews. Blog Diplomatizzando
(20/08/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/uma-entrevista-
sobre-carreira-de.html).
800. “Dez Regras Modernas de Diplomacia”, Chicago, 22 jul. 2001; São Paulo-Miami-
Washington 12 ago. 2001, 6 p. Ensaio sobre novas regras da diplomacia, com
inspiração a partir do livro de Frederico Francisco de la Figanière: Quatro regras
de diplomacia (Lisboa: Livraria Ferreira, 1881, 239 p.). Espaço Acadêmico
(Maringá: UEM, a. I, n. 4, set. de 2001 - ISSN: 1519.6186). Blog Diplomatizzando
(16/08/2015, link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/08/dez-regras-
modernas-de-diplomacia-paulo.html). Relação de Publicados n. 282.

21
Existem, provavelmente, muitos outros textos similares ou funcionalmente
equivalentes, tratando de questões paralelas, mas provavelmente não classificados sob
as rubricas “carreira” ou “diplomacia”, antes, durante ou depois do período coberto
nesta listagem, que deve ser considerada como parcial. Se possível organizarei todos os
trabalhos em bases metodologicamente homogêneas, para discorrer de maneira
sistemática sobre os diferentes aspectos da carreira, desde a preparação para o ingresso
até o desempenho ulterior, mas farei isso oportunamente. O blog Diplomatizzando
oferece possibilidades de busca por palavras-chave, assim como as principais
ferramentas de busca disponíveis.

Paulo Roberto de Almeida


Brasília, 19-20 de agosto de 2017

22

You might also like