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Urgências &
Saúde Pública
VI CONGRESSO DA REDE BRASILEIRA DE
COOPERAÇÃO EM EMERGÊNCIAS
Organizadores
Coordenação do I Fórum
Apoio
VI CONGRESSO DA REDE BRASILEIRA DE
COOPERAÇÃO EM EMERGENCIAS
Apresentação
Introdução
Esta démarche se baseou sobre uma revisão da literatura e sobre a obra de referência
“Emergency Department Design” do American College of Emergency Phusicians
(ACEP), além da expertise específica de alguns dos autores.
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Médecine D’Urgence - Journal de l’Association des Médecin d”urgence du Qúébec – Numéro 13 – Été 2000
Todo processo de renovação / construção deve se fundamentar no princípio da
melhoria da qualidade. O ambiente físico é uma parte importante das Estruturas
funcionais da atenção, um dos três componentes da Qualidade aplicada aos cuidados
de saúde (como definido por Donabedian), com os Processos de atenção e os
Resultados.
O ambiente físico afeta cada um destes componentes. Fortalece condutas e interfere
em comportamentos. Do mesmo modo, todo ambiente físico tem efeitos secundários
“behavioristas”, que podem influenciar os processos de cuidados, do ponto de vista da
equipe de atendimento, dos pacientes e de seus próximos.
Finalmente, mesmo o “desfecho” dos pacientes pode ser afetado pelo ambiente físico:
a luz e o barulho, entre outros, têm sido objeto de muitos estudos. O ambiente pode
agir sobre a ansiedade, a pressão arterial, a necessidade de analgésicos e a duração
da hospitalização.
2
A RBCE vem trabalhando no sentido de desenvolver e dar operacionalidade ao conceito de Urgência, por nós
utilizado: “Urgência como imperativo ético da necessidade Humana”. Neste sentido quando falamos de urgência,
não estamos falando de um único lugar, e sim de “Lugares”, Espaços possíveis de se articularem dentro de uma
lógica sistêmica, em rede de proteção a Vida, embora o texto esteja delimitando “O Serviço de Urgência”.
Assim, os espaços de trabalho refletirão os seguintes pontos:
Forma da unidade;
Separação envidraçada no quarto ou no posto de enfermagem
Sistema para pedir ajuda
Adequado e accessível
Acessibilidade (ex. estacionamento, descida da calçada accessível);
Sinalização facilitando a orientação
Abolição das barreiras à mobilidade (ex. disponibilidade de equipamentos
de assistência no hall)
Confidencialidade e tranqüilidade
Quartos privativos
Banheiros privativos
Espaços íntimos onde os usuários e seus familiares possam se encontrar
Conforto dos acompanhantes
Espaços reservados aos visitantes
Disponibilidade de serviços para os visitantes (ex. telefone, alimentação,
quartos)
Espaço nos quartos para os visitantes
Uma revisão efetuada por dois médicos franceses refere que o nível sonoro nos
centros hospitalares é tão elevado quanto em um grande magazine, seja 50 decibéis
(“Beaucoup de bruit pour rien”, L’Actualité, mars 2000,p. 56.). As urgências, mas
também a unidade de cuidados intensivos, e a unidade neonatal são os setores mais
barulhentos. Os falsos alarmes dos aparelhos de monitoramento, e o vai e vem do
pessoal, são particularmente os alvos. Todos estes barulhos irritam 2/3 dos usuários e
perturbam seu sono.
4. A orientação deve ser fácil mesmo para as pessoais com dificuldades (rampas,
corrimão, etc.)
5. Deve-se respeitar um espaço mínimo para os usuários e o pessoal assistente,
favorecendo a identidade, a segurança, e uma estimulação positiva, trazendo
sinergia entre o pessoal da assistência e os pacientes;
6. Necessário balancear, a necessidade de intimidade dos usuários, com a
necessidade de observação e de monitorização por parte dos profissionais.
7. Deve – se sentir uma harmonia entre o humano e a tecnologia.
Finalmente, acima de 40000 visitas por ano, é preferível dividir a urgência em módulos
antes de tentar reagrupar em uma mesma área: sala de urgências maiores, sala de
urgências menores, urgências pediátricas, urgências psiquiátricas, unidade de
observação, etc. Pode – se habitualmente vigiar de uma maneira eficaz um máximo de
quinze a vinte usuários em torno a um mesmo posto de trabalho.
Desde o início do projeto, deve ser formada uma equipe de concepção. Ela pode ser
constituída de representantes do pessoal da Urgência (dia, tarde e noite), de médicos,
do encarregado do projeto, de um ergonomista da ASSTSAS e profissionais com
mandato. Certas firmas se especializam no acompanhamento de tal processo (por
exemplo, a “Freeman White Emergency Design Team” http://ed.freemanwhite.com/).
A equipe de concepção deverá estabelecer em colaboração com o pessoal e os
médicos, os diagramas das relações de proximidade dos locais da Unidade de
Urgência entre eles e com os outros serviços do centro hospitalar. Estes diagramas
permitirão colocação no plano, conceitos que levarão em conta a circulação dos
usuários e do pessoal. A determinação das proximidades deverá decorrer de um
estudo visando otimizar o deslocamento do pessoal e dos médicos.
O ergonomista assegurará que os princípios da ergonomia e da saúde e
segurança no trabalho sejam levados em consideração.
Quando da definição das necessidades, vários setores serão identificados. Cada setor
tem um papel específico e complementar. Esta diferenciação permitirá aperfeiçoar as
condições de intervenção criando um ambiente adequado para o usuário. Os setores
seguintes são freqüentemente citados como sendo setores essenciais:
I. Acolhimento e triagem
II. Setor de estabilização – reanimação (ou sala de choque)
III. Setor de Urgência Maior.
(ou “grande urgência” ou “observação monitorada”; podendo conter
diferentes subsetores, por exemplo, um /setor de cuidados críticos” e “um
setor geral”);
IV. Setor psiquiátrico
V. Setor de coordenação e de suporte da urgência
VI. Setor de urgência menor
(ou pequena urgência ou urgência ambulatorial ou “fast track”).
VII. Setor administrativo;
VIII. Setor de apoio
Estes setores devem ser servidos por circulação controlada. O usuário a pé e seus
acompanhantes podem circular livremente a partir da entrada principal em direção a
sala de espera, a triagem e as salas de exame. O acesso aos outros locais deve ser
limitado por portas e uma sinalização apropriada. Corredores internos podem permitir a
circulação eficaz do pessoal e dos médicos sem contato com os espaços públicos de
livre circulação. Do mesmo modo, os usuários deverão poder circular sem entrar em
contato com estes mesmos espaços públicos.
A organização deve levar em conta a presença de postos informáticos de trabalho.
I. Acolhida e triagem3
Função principal
Triagem dos usuários trazidos por ambulância e usuários ambulatoriais
3
O Crescente fenômeno, de massificação dos serviços de urgência, decorrente dos vazios assistenciais, e de
uma atenção primária de baixa capacidade resolutiva, leva em muitas ocasiões a um desequilíbrio entre a
demanda e os recursos, e isto condiciona que os pacientes não sejam atendidos de forma imediata. Este tempo
de espera gerado pode piorar o prognóstico de alguns estados clínicos. A situação descrita, junto com a
aplicação dos conceitos e técnicas de controle da qualidade da atividade assistencial, impulsionou nos últimos
anos o desenvolvimento de sistemas de classificação dos pacientes, que buscam um ordenamento dos mesmos
de forma mais justa, quer dizer, os pacientes que mais necessitam serão vistos antes e os que podem esperar,
sem risco, devem ser reavaliados sistematicamente durante sua espera. Com base nestes conceitos, podemos
definir triagem como o processo de valoração clínica preliminar que ordena os pacientes em função do seu
grau de urgência, antes da valoração diagnóstica e terapêutica completa no serviço de urgências, e que faz que
em uma situação de desequilíbrio demanda / recursos, os pacientes mais urgentes sejam tratados primeiro.
Esta classificação deve se fazer em um tempo curto e de forma ágil e efetiva, para que não perca sua razão
primária de ser.
As enfermeiras da triagem deverão poder observar facilmente o que se passa na sala
de espera principal (e na sala de espera reservada as crianças, eventualmente).
Quanto à segurança, idealmente, o escritório do agente de segurança deve permitir
uma vigilância global da “Urgência Maior” e da sala de espera. Preferivelmente o
agente ficará na proximidade do setor psiquiátrico, eventualmente.
Para a circulação, necessário prever dois acessos opostos entre a garagem das
ambulâncias e a urgência. Pode ser interessante permitir o acesso da garagem das
ambulâncias rumo ao restante do centro hospitalar via um elevador rápido sem passar
diante da inscrição e as salas de espera. Necessário prevenir a entrada de emanações
provenientes do escapamento dos veículos em estacionamento tanto para o interior
quanto para o exterior da garagem das ambulâncias. Necessário proteger a entrada
das ambulâncias e de pedestres dos ventos violentos e da chuva. A garagem das
ambulâncias se for envidraçada, permite uma visão direta da chegada.
Necessário prever local de descontaminação. Este local deve ter uma posição
específica na organização. Isto permitirá, quando necessário, passar da garagem das
ambulâncias em direção ao setor de urgências maiores sem passar por um outro local.
Necessário prever um balcão de trabalho, uma pia profunda com torneira termostática
e abertura ótica. Necessário um dreno com reservatório de captação de 170 litros.
Necessário prever um caminho com entrada e saída diferentes. Necessário prever
espaço que possa acomodar dez pessoas e mais que duas macas. As superfícies do
assoalho, paredes e teto deverão ser resistentes à lavagem, não porosas e fáceis de
limpar. O acesso à área de descontaminação deverá se efetuar de maneira
unidirecional.
2. Setor de Reanimação e Estabilização
Função principal
Estabilizar os pacientes cujas condições são críticas.
Cada maca deveria ser provida de uma cabeceira contendo todos os apetrechos
necessários, que poderiam ser colocados em um tipo de gaveta para facilitar a
utilização. Necessário prever espaço suficiente para permitir a presença do pessoal da
intervenção, em constante atividade. Planos de trabalho situados, a cerca de, 915 mm
de altura deverão permitir a tomada de notas ou a consulta de um boletim em papel ou
informático. Necessário embutir os aparelhos tanto quanto possível.
Necessário prever uma meia parede em chumbo móvel para proteção dos
profissionais quando da tomada de radiografias, se tal aparelho estiver disponível.
Os aparelhos de monitoramento deverão estar instalados na cabeceira de cada maca,
de maneira que os fios e condutores flexíveis de gases medicinais venham do teto
afim de deixar a superfície do chão livre de toda obstrução. Braços articulados
poderão sustentar os aparelhos a fim de localizar de maneira ótima segundo as
necessidades.
3. Urgências Maiores – Sala de Observação com Monitoramento
Função principal
9 Estes pacientes são mais afetados pelo barulho, mais estressados, estão
vivendo frequentemente uma nova experiência;
9 A atmosfera deve ser convidativa, bem clara, leve;
9 A presença de televisão (ou outro) para distrair estes pacientes, do resto da
atividade da urgência, pode ser interessante;
9 Este setor deve ser seguro para as crianças.
Função principal
Este setor faz parte do que se chama familiarmente de “Urgência Maior”. Ele assegura
uma comunicação eficaz com os outros setores da zona dita de “Urgência Maior”. Os
boletins anteriores podem ser agrupados neste setor. Um funcionário comissionado
deveria estar ai permanentemente. Os médicos encontram os planos de trabalho para
consultar, os boletins e prontuários, discutir os casos, e colocar os aparelhos
telefônicos.
5. Urgência Menor
Função principal
Este setor permite atender os casos de menor gravidade que se apresentam no serviço
de urgência (aqueles que não necessitam ser colocados em macas ou leitos). O
corredor de serviço, além de permitir a circulação interna entre as salas de exame, a
recepção e a triagem, deve ser provido de mesas de trabalho onde os profissionais
podem consultar dossiers em papel ou informáticos, trocar ou localizar os chamados
telefônicos.
6. Setor administrativo
Função principal
Função principal
Permitir alocar os equipamentos e o material dedicado aos setores atendidos.
Assim pode ser mais justo utilizar uma metodologia que permita estimar os picos de
freqüência. Os serviços que possuem os dados estatísticos necessários podem fazer
uso da informação, enquanto os outros podem aplicar uma fórmula matemática que
permita aproximar destes picos. Eis a abordagem sugerida no “Emergency
Departement Design” da ACEP.
Assim, para uma urgência recebendo 40.000 visitas anualmente, com uma razão de
pacientes sobre maca/ambulatório de 35/65 (35% sobre maca e 65 % em
ambulatório) e um percentual de internação de 50% :
Referências
1. Collaboration, Infections nosocomiales liées aux travaux de construction : atténuer le risque
d’aspergillose, de légionellose et d’autres infections chez des usagers hospitalisés, Santé Canada,
sixième version, 24 mars 1999, 56pp.
2. Collaboration, Guide de gestion des déchets comportant des risques en milieu hospitalier, Direction
générale de la prévention et des services communautaires, MSSSQ, 1990, 41 pp.
3. Collaboration, Répertoire des normes et procédures du MSSSQ, Direction de la construction, MSSSQ.
4. Collaboration, Unités de soins, guide de planification et de design des établissements, service
d’urgences, Direction générale des services et de la promotion de la santé, Gouvernement du Canada,
1991.
5. Fowler E et al, The Built Environnement as a Component of Quality Care : Understanding an Including
the Patient’s Perspective, Journal of quality Improvement Juillet 1999; 25 (7) : 357-390.
6. Huddy J et al, The top 25 problems to avoid when planning your new emergency department, Journal
of Emergency Nursing, août 1996; 22(4) : 296- 301.
7. Riggs LM, Emergency Department Design, American College of Emergency Physicians, 1993 : 283 pp.