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to" iegs Povesan Medeiros Semiotica Teoria e classificagao dos signos Por que estudar Semi6tica? Qual sua importancia para o design, para a comunicagao? Como utilizé-la como ferramenta de anélise? Muitas perguntas nos rodeiam ao deparar com essa palavra um pouco diferente do vocabulario tradicional, mas de tamanha importancia para nossa profissdo. O grande objetivo de entender e aplicar a Semidtica é ter um olhar mais apurado, mais critico, mais sensivel. E saber a razdo das coisas estarem ali, naquela ‘embalagem, naquele anincio. E saber utilizar elementos e signos apropriados para cada linguagem, para cada construgao de sentido. Nos préximos paragrafos vocé ira encontrar uma pequena introdugao para se familiarizar com esse mundo cheio de significados em ‘que vive, e descobrir que Semidtica vai muito além do olhar, ultrapassa os limites da interpretacdo. Vamos comegar do inicio! A ctimologia da palavra Semidtica deriva da raiz grega semeian, que significa signo. Ela ¢ a Ciéncia Geral de todas as linguagens. O que é? Semidtica é a ciéncia dos signos e dos processos 0 signo produz um significativos na natureza e na cultura. E a ciéncia que tem por _ feito interpretativo. investigagao todas as linguagens e processos comunicativos netsae conpostoes? possiveis. Santaella enfatiza que “considerando-se que todo fenémeno de cultura s6 funciona culturalmente porque é também um fendmeno de comunicagao, e considerando-se que esses fenémenos sé comunicam porque se estruturam como linguagem, pade-se cconecluir que todo e qualquer fato cultural, oda € qualquer atividade ou pratica social constituem-se como pratica significante, isto é, praticas de produgdo de linguagem € sentido”. A Semistica busca descrever e analisar nos fendmenos a sua constituigéo como Linguagem, a sua agao de Signo, Segundo Winfried Nort “a Semidtica é a ciéncia dos signos e dos processos signiticativos (semiose) na natureza e na cultura” (1995:19). A investigacao Semistica abrange Virlualmente todas as dreas do conhecimento envolvidas com as linguagens ou sistemas de significagdo, tais como a linguistica (inguagem verbal), a matematica (inquagem dos ridmeros), a biologia(linguagem da vida), o dieito (inguagem das leis), as artes, (linguagem estética, a comunicacao social (linguagem das midias), a publicidade (linguagem da sedugao e da persuasao) etc. Para Lucia Santaella, “é a ciéncia que tem como objetivo investigar todas as linguagens possiveis" (1983: 15), isto é, todas as que jéexistem e as que ainda estao por ser criadas. Essa definicao enfatiza a potencial importancia da Semistica para a Arte e as novas tecnologias quanto ao desenvolvimento de novas linguagens. Semiotica de Charles Peirce “O simples ato de olhar esta carregado de interpretacgao” Charles Sanders Peirce A Semidtica é uma das disciplinas que fazem parte da ampla arquitetura filosofica de Peirce. Essa arquitetura esta alicergada na fenomenologia. Fenomenolog Uma quase-ciéncia que investiga os modos como aprendemos qualquer coisa que aparece a nossa mente. Qualquer coisa de qualquer tipo, algo simples como cheiro, um formacao de nuvens no céu, o ruido da chuva, uma imagem em uma revista, etc., ou algo mais complexo como um conceito abstrato, a lembranga de um tempo vivido etc., enfim, ‘tudo que se apresenta a mente. Essa quase-ciéncia fornece as fundacdes para as trés ciéncias normativas: estética, ética e légica. Todas sao disciplinas muito abstratas e gerais que nao se confundem com ciéncias praticas. A estética, ética e ldgica sdo chamadas normativas porque elas tem fungao de estudar idéias, valores e normas. Que ideais guiam nossos sentimentos? Responder essa questao é tarefa da estética. Que ideais orientam nossa conduta? Essa é tarefa da ética. A ldgica, por fim, estuda os ideais e normas que conduzem o pensamento. Aestética visa determinar o que deve ser ideal titimo, o bem supremo para o qual nossa sensibilidade nos dirige. De acordo com Peirce, esse ideal é admiravel em si, aquilo que é pura ¢ simplesmente admiravel e por isso mesmo, nos chama para si. Peirce concluiu que 6 aquilo que atraia sensiblidade humana. Nao pode haver nada mais admirdvel do que encorajar, permitre agir para que idéias, ccondutas e sentimentos razodveis tenham a possibilidade de se realizar. E para esse admiravel que nosso empenho ético e a forga de nossa vontade devem ser conduzidos. Por esse estudo do raciocinio concreto, a ldgica nos fornece os meios para agit razoavelmente, especialmente através da critica que o pensamento légico nos ajuda a desenvalver. A ldgica 6 a ciéncia das leis necessérias do pensamento ¢ das condigées para se atingir a verdade. A légica, também chamada de semistica, trata nao apenas das leis do pensamento e das condigdes da verdade, mas, para tratar das leis do pensamento e da evolugdo, deve debrucar-se, antes, sobre as condicdes gerais dos signos. Deve estudar, inclusive, como pode se dar & transmissao de signficados de uma mente para outra e de tum estado mental para outro, Para Peirce, as realizages humanas configuram-se no interior da mediagéo da linguagem ‘em seu sentido mais amplo, Para ele, ndo é possivel qualquer ato de cogni¢ao a nao ser ue seja determinado por uma outra cognigéo prévia, na medida em que todo pensamento implica a interpretagao ou representagao de alguma coisa por outra coisa. Desta manera, ‘todo pensamento esta inextricavelmente ligado as fungbes de representacao por nao ser ‘capaz de interpretar a si proprio. Esta interpretagao deve se realizar somente por meio do signo. Charles Sanders Peirce (1839 - 1914) Peirce era, sobretudo, um cientista e um légico (Logica das Ciéncias). Ele também foi matematico, fisico, astrénomo, ¢ deu contribuigées importantes em outras areas como a linguistica, flosofia, historia e psicologia. Conceito de Signo Signo, segundo Peirce, é uma coisa que representa uma outra coisa: seu objeto e que produz um efeito interpretative “Ele so pode funcionar como signo se carregar esse poder de representar, substituir uma cutra coisa diferente dele, Ora, o signo nao é 0 objeto. Ele apenas esta no lugar do objeto... ele sé pode representar esse objeto de um certo modo e numa certa capacidade.” (Santall, 9.58). Corresponde algo que, de certo aspecto, representa alguma coisa para alguém. Dirigindo-se a essa pessoa um signo equivalente a si mesmo ou, eventualmente, um signo mais desenvolvido. Este segundo signo criado na mente do receptor recebe a designacdo de interpretante a “coisa” representada é conhecida pela designagao de objeto. Estas trés entidades formam a relacdo TRIADICA de sign. 0s signos esto presentes em nosso cotidiano, seja numa cena de novela ou filme, teatro, numa fotografi, numa pagina de jornal, num anincio publctario,enfim, em tudo que nos cerca, 0 que nos resta 6 saber interpreté-os, Categorias dos signo Primeiridade, Secundidade e Terceiridade. Como essas categorias funcionam na consciéncia? Primeiridade é o nome da primeira das trés categorias da experiéncia;€ relativa as propriedades de um fendmeno que podem ser descrtas por predicados monédicos (X é verde) observados numa entidade considerada em si mesma. Nessa categoria entrariam aspectos fenomenais puramente qualitativos, seria a primeira concep¢ao, segundo Peirce.; ou ainda, uma abstracao pura, que é pré-relexiva, mais ou menos como um sentimento, sensagdo, ainda nao consciente, nao elaborado (indizivel,intangivel). Secundidade é a segunda das categorias da experiéncia; é a categoria da ocorréncia, da existéncia, em contraposigéo a primeiridade, que corresponde a categoria do Ser. Qualquer coisa é um segundo na medida em que existe, do que decorre a relagao com um outro: algo 6 um segundo como participante de uma relacao diddica. $6 acontece a consciéncia dda qualidade de algo em contraste com outra qualidade. A primeira é atemporal; s6 ccomeca a haver nogdo de tempo a partir da secundidade, Esta tem cardter acidental e singular. 0 registro do sentimento é um fato de secundidade Terceiridade, por sua vez, completa a trade; corresponde a capacidade que algo tem de interpretar, na medida em que esse algo existe (secundidade) e é (primeiridade). Essa capacidade aponta para o futuro e para um caréter geral. Em sua generalidade, um terceito ‘tem a ver com o mundo potencial da qualidade e com o mundo factual dos existentes: funciona como a conexao entre a qualidade (primeiro) e 0 fato (segundo); ela tem o poder de conectar aquilo que ¢ @ aquilo que esté ai, permitindo 0 acesso do sujeito ao conhecimento A forma mais simples da terceiridade, segundo Peirce, manifesta-se no signo, visto que 0 signo é um primeiro (algo que se apresenta na mente), ligando um segundo (aquilo que o signo indica, se refere ou representa) a um terceiro (o efeito que o signa iré provoca em um possivelintérprete Para concluir, Primeiridade é sempre a percepgao (algo abstrato, rapido), secundidade (a representagao/fungao) e terceiridade (o pensamento completo, dando todo 0 contexto do signo). Semistica aplicada ao Design tot Biegs Povesan Medeiros © azul simples e positivo azul é um primeiro, 0 céu como lugar e tempo onde se encarna 0 azul é um segundo. A interpretagao/ representacdo — sintese intelectual sobre o azul no céu 6 um terceiro

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