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IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS
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SUMÁRIO
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS
1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
As imunidades podem ser vistas como regras negativas de competência tributária, pois afastam a tributação de
determinadas pessoas ou bases econômicas. Estabelecem uma regra de incompetência das pessoas políticas de
direito constitucional interno.
São vedações à tributação que decorrem do próprio texto constitucional. O ente sequer
Imunidades tem competência para, por meio de lei, instituir e cobrar o tributo. Não-incidência
constitucionalmente qualificada (expressão doutrinária).
É um tema que está atrelado à lei. É uma não-incidência qualificada por lei. Na isenção, o
Isenções ente político tem competência para tributar, para instituir e cobrar o tributo, mas, por
política tributária ou legislativa, opta por não tributar.
É uma alternativa à cobrança de tributo que vai decorrer de uma operação matemática.
Em impostos como o II, IE, IPI, IOF e CIDE combustível, é muito comum a alíquota zero. É
Alíquota Zero uma forma de não cobrar que não se confunde nem com isenção e nem com imunidade.
Como a alíquota é zero, independentemente da base de cálculo, não há o que ser
cobrado.
Possui sentido amplo. Significa que o tributo não incidirá em determinado caso, o que
Não Incidência
poderá se dar por diversos motivos, por exemplo, as imunidades.
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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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IMUNIDADE ISENÇÃO
Prevista na CF; Prevista nas leis de cada ente da
É vedado ao poder de legislar sobre Federação;
o tributo em determinados casos e É a dispensa legal do pagamento do
em relação a determinadas pessoas; tributo;
É ausência de COMPETÊNCIA. É causa de exclusão do crédito
tributário – EXERCÍCIO DA
COMPETÊNCIA
#OLHAOGANCHO: O STF possui posicionamento controvertido acerca da submissão (ou não) da revogação de
isenção não se submete à anterioridade tributária.
#OLHAOGANCHO - ISENÇÃO HETERÔNOMA: Na questão das isenções heterônomas há que ser diferenciada a
posição da União, ora como integrante da federação, ora como representante dessa mesma federação nas
relações internacionais: O disposto no artigo 151, inciso III, da Carta Magna, revela que é vedado à União
instituir isenções de tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, ou seja, é
defeso à União instituir isenções heterônomas. Contudo, tem a União plena liberdade de, por meio de acordos
internacionais, conceder isenções de tributos pertencentes aos demais entes federados, pois, aqui, atua como
representante destes perante os demais Estados soberanos (posição do STF). O STF diz que esse não é caso de
isenção heterônoma.
- As imunidades estão na CF e se ligam aos mais diferentes tributos (tributo é gênero, do qual são espécies os
impostos, as taxas, as contribuições e os empréstimos compulsórios). Há algumas imunidades mais importantes
que outras, e elas se referem a determinados tipos de tributos, como o imposto. A imunidade é, entretanto,
para os mais diversos tributos, a depender do dispositivo constitucional. Há imunidade para imposto, para taxa,
para contribuições.
- Existem dois tributos, dentre os 5, para os quais não há norma de imunidade: contribuição de melhoria e
empréstimo compulsório.
*#OUSESABER: A decisão que reconhece imunidade tributária possui natureza declaratória ou constitutiva?
2. CONCEITO DE IMUNIDADE
A norma de imunidade é uma norma de competência invertida (a norma de competência está na CF e ela é o
mecanismo político por meio do qual a entidade tributante institui o tributo – é um mecanismo de outorga, de
atribuição de poder, por meio do qual o Estado institui o tributo – competência tributária é a atribuição
constitucional para criar o tributo). Se a norma de competência tributária está na CF e a de imunidade também,
uma vai ser a face negativa da outra.
- Ex.: a CF diz que compete ao município instituir o IPTU – norma de competência tributária. E também diz que
não pode haver incidência de imposto sobre a Igreja – Igreja não paga IPTU.
Direito Público de não incomodação: significa dizer que se há uma pessoa ou situação protegidas pela norma
de imunidade, nada nem ninguém poderão subverter essa proteção.
- Do ponto de vista formal, normativo, como a norma de imunidade está na CF não há nenhuma norma que
possa desafiar esse patamar da lei de imunidade. Nada pode ir de encontro à previsão constitucional, nem LO,
nem LC.
A EC também não pode, porque as matérias versadas nesse tipo de norma representam garantias
inalienáveis, os núcleos intangíveis, são cláusulas pétreas.
*#DIZERODIREITO:
TRIBUTOS INDIRETOS
Tributos indiretos são aqueles que permitem a transferência do seu encargo econômico para uma pessoa
diferente daquela definida em lei como sujeito passivo. Exemplos mais conhecidos: IPI, ICMS, ISS e IOF.
Assim, quando você recebe a conta de energia elétrica, por exemplo, vai ter um campo chamado
detalhamento da conta. Nele você irá encontrar a discriminação dos itens que você está pagando enquanto
consumidor:
Consumo: R$ xxx
ICMS: yyy
Total: xxx + yyy
Dessa forma, o "contribuinte de direito" ("pela lei" do ICMS é a empresa concessionária de energia elétrica. No
entanto, ela oficialmente está autorizada a repassar este tributo para o consumidor. Logo, o consumidor final é
quem acaba sendo o "contribuinte de fato".
"O ICMS é tributo indireto. Todo o seu ônus econômico-financeiro é transferido para o consumidor que, ao
pagar o preço damercadoria, paga também o valor do imposto que naquele preço se acha embutido". (ob.
cit., p. 225).
Tributos diretos são aqueles que, oficialmente não permitem tal transferência.
b) Contribuinte de fato: é a pessoa que paga efetivamente o imposto considerando que o contribuinte de direito
transferiu para ele este encargo.
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QUANDO A ENTIDADE IMUNE É CONTRIBUINTE DE DIREITO, HAVERÁ IMUNIDADE? SIM (STF)
A CF/88 prevê que as entidades de assistência social, sem fins lucrativos na forma da lei,
gozam de imunidade tributária (art. 150, VI, "c"). Imagine que determinada entidade de assistência social
comercialize camisas A venda de camisas está sujeita, em tese, ao pagamento de ICMS. Ocorre que esta
entidade argumentou que não deveria incidir ICMS neste caso porque ela goza de imunidade tributária. O Fisco
estadual, por sua vez, refutou o argumento afirmando que o ICMS é um tributo indireto e que esta entidade iria
repassar o encargo econômico do imposto para o consumidor finalV(contribuinte de fato). Logo para a Fazenda
Pública, deveria sim incidir o imposto já que quem iria pagar não era a entidade imune.
Determinada entidade de assistência social adquire na loja um forno para preparar comida para pessoas
carentes. No momento de pagar o valor, ao conferir a nota fiscal, o diretor da entidade percebe que
está sendo cobrado dele o ICMS sobre a mercadoria vendida. Ele não se conforma e alega que não deverá pagar
o imposto porque a entidade é imune.
NÃO. Segundo entende o STF, mesmo que o comprador da mercadoria seja uma entidade que
goza de imunidade tributária, ainda assim deverá haver a normal incidência do imposto.
As imunidades deverão ser interpretadas sob o aspecto formal (e não econômico). Dessa forma, tem-se que:
O STF apreciou o tema sob a sistemática da repercussão geral e fixou a seguinte tese:
A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de contribuinte de direito, mas não
na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante, para a verificação da existência do beneplácito
constitucional, a repercussão econômica do tributo envolvido. STF. Plenário. RE 608872/MG, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 22 e 23/2/2017 (repercussão geral) (Info 855).
Assim a imunidade tributária subjetiva aplica-se ao ente beneficiário se ele for o contribuinte de direito, não
importando discutir se o tributo em questão pode ou não ter repercussão econômica para terceiros.
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Não se pode estender ao particular vendedor (contribuinte de direito a imunidade tributária subjetiva que
detém o adquirente de mercadoria (contribuinte de fato). O STF possui um enunciado antigo que transmite essa
mesma ideia:
Súmula 591-STF: A imunidade ou a isenção tributária do comprador não se estende ao produtor contribuinte do
imposto sobre produtos industrializados.
É o principal artigo das imunidades, que afasta apenas um tipo de tributo, o imposto, e atinge todas as
pessoas políticas (União, Estados, Municípios e DF). Então, por exemplo, a igreja paga taxa; o sindicato de
empregado paga contribuição de melhoria. Somente impostos estão abrangidos na imunidade do art. 150, VI.
Em outros artigos, é possível vislumbrar imunidades relativas a outros tributos.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos
da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de
autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou
arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
a) Imunidade subjetiva: Conferida em razão da natureza jurídica da pessoa/ente. Exemplo: art. 150, inciso VI,
alínea “c”, CF (entidade de assistência/educação sem fins lucrativos, sindicatos dos trabalhadores, partidos
políticos).
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Por Bruna Daronch
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*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da Constituição
Federal, não abarca o maquinário utilizado no processo de produção de livros, jornais e periódicos. A
imunidade tributária visa à garantia e efetivação da livre manifestação do pensamento, da cultura e da
produção cultural, científica e artística. Assim, é extensível a qualquer material assimilável a papel utilizado no
processo de impressão e à própria tinta especial para jornal, mas não é aplicável aos equipamentos do parque
gráfico, que não são assimiláveis ao papel de impressão, por não guardarem relação direta com a finalidade
constitucional do art. 150, VI, “d”, da CF/88. STF. 1ª Turma. ARE 1100204/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red.
p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 29/5/2018 (Info 904).
c) Imunidade mista: Envolve a pessoa e um fato/bem/situação. Exemplo: art. 153, §4º, inciso II, CF (imunidade
de ITR às pequenas glebas e, desde que, possuidores não possuam outro bem imóvel).
d) Imunidade ontológicas: A imunidade deve ser concedida, mesmo sem a previsão constitucional, pois ela se
depreende dos princípios tributários, como o princípio do pacto federativo, da isonomia, da capacidade
contributiva, etc. Exemplo: art. 150, inciso VI, alínea “a”, CF (imunidade dos entes federativos).
e) Imunidade política: Há necessidade de expressa previsão política, pois a concessão faz parte de uma escolha
política. Exemplo: art. 150, inciso VI, alínea "c”, CF (partidos políticos e fundações).
f) Imunidade explícita: Deve estar prevista na CF de forma expressa. Coincide-se com a imunidade política.
g) Imunidade implícita: Não precisariam estar na CF. Coincide-se com a imunidade ontológica (decorre de
princípios tributários).
h) Imunidade incondicionada: Ela basta por si só, possuindo eficácia plena e aplicabilidade direta/imediata.
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos
pelas entidades nele referidas:
I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de
assegurar sua exatidão. Manutenção de obrigações acessórias.
k) Imunidade genérica/geral: Imunidade relacionada apenas aos impostos. Logo, o ente/pessoa deverá pagar as
demais espécies tributárias (contribuições, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios).
Exemplo: art. 150, inciso VI, CF.
Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir IMPOSTOS sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
Os entes federados não podem cobrar impostos sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros
(IPVA, IPTU, IR, ISS, etc.). O objetivo é proteger as pessoas de direito público umas contra as outras. Nesse
sentido, é visto como garantia da Federação, motivo pelo qual é entendida pelo STF como cláusula pétrea.
• Essa tributação mútua é vedada porque há o respeito ao pacto federativo – esse é o vetor axiológico
que justifica essa norma imunizante – as entendidas políticas não são hierarquizadas.
• A cobrança de impostos indica um poder de sujeição entre aquele que os cobra e o ente do qual se
cobram. Não existe hierarquia entre os entes. Cláusula pétrea (federalismo).
• Pode-se também falar da ausência da capacidade contributiva das pessoas políticas, no sentido de que
o patrimônio das pessoas políticas não pertence a elas próprias, mas sim à coletividade, não podendo
ser atingido por impostos (podendo ser atingido por taxa, contribuições por outros motivos).
Impossibilidade de atingimento da tributação por imposto do patrimônio público.
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• Dois vetores axiológicos que justificam essa imunidade: federação e ausência da capacidade
contributiva das pessoas políticas.
• Ex.: IPVA – pode o Estado de Mato Grosso exigir o IPVA dos veículos que pertencem à Cuiabá? NÃO,
porque o Município é imune.
• Ex.2: IPTU – é municipal – pode o Município X exigir IPTU do prédio que pertence à União? NÃO –
porque a União é imune ao tributo.
ROL DE IMPOSTOS: impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços – impostos que seriam afastados.
- O dispositivo fala em patrimônio, renda e serviço como rol classificatório, que é uma forma que foi retirada do
CTN e trazida para a CF (art. 19 a 73). Esse rol não aparece só na alínea “a”, mas também na “c”, nos parágrafos
2º, 3º e 4º. Tudo que se falar aqui aplicar nos dispositivos citados. O STF afirmou que, em homenagem ao vetor
axiológico da norma, estende-se a imunidade para qualquer imposto, embora o dispositivo fale apenas dessas
três espécies.
• Segundo o STF, esse rol deve ter uma interpretação ampla, extensiva, porque imposto sobre patrimônio
é o IPTU, IPVA (não há grandes problemas), imposto sobre renda é o IR, sobre serviços é o ISS, ICMS.
Mas a questão é o imposto que não estaria nesse rol, e o STF já disse que a interpretação desse rol deve
ser ampla, em homenagem ao vetor axiológico.
• Nessa linha, não incide IOF (imposto federal) no Município, mesmo que esse imposto não faça parte do
rol, segundo entendimento do STF.
• Mesmo que o imposto não faça parte do rol, a interpretação que o STF dá é ampla.
E quanto às outras pessoas jurídicas de direito público (autarquias e fundações públicas)? A resposta está
no §2º
Art. 150, parágrafo 2o: A vedação do inciso VI, “a”, é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas
finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
Esse comando proíbe que governo cobre imposto de governo, porque está se falando de uma
intributabilidade da personalidade de direito público dessas entidades, porque todas têm personalidade de
direito público.
• Entretanto, há outras entidades que possuem personalidade de direito público, devendo essas também
receber o mesmo tratamento.
• A alínea “a” se estende às Autarquias e Fundações públicas, que possuem personalidade jurídica de
direito público, que enseja a imunidade das personalidades políticas.
• Ex.: não pode um Município cobrar imposto de uma Autarquia Federal, por exemplo.
• O patrimônio da Autarquia, entretanto, só vai ser imune se houve vinculação com o patrimônio
autárquico.
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Segundo a jurisprudência do STF, o patrimônio da Autarquia que não estiver vinculado, ele vai ser tributado.
Ex.: terreno baldio de uma Autarquia – na visão do STF, recebeu tributação normal.
- Tem que ter vinculação com a atividade essencial.
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista: embora não haja previsão expressa no texto
constitucional, o STF estende também as imunidades para as empresas públicas e sociedades de economia
mista, desde que observados os requisitos elencados.
As empresas públicas devem ser prestadoras de serviços públicos ou atuarem em atividades econômicas
em regime de privilégio (monopólio).
o Eros Grau: Monopólio é de atividade econômica em sentido estrito, empreendida por agentes
econômicos privados. A exclusividade da prestação dos serviços públicos é expressão de uma
situação de privilégio.
Ex.: ECT (Info. 696) – atua no regime de privilégio. O STF estendeu a imunidade da ECT inclusive nos
serviços que não tipicamente postais, fora do privilégio da União3.
Sociedade economia mista: caso essa sociedade tenha roupagem de economia mista, mas exerça
serviço público, haverá imunidade. Cite-se um caso ocorrido com um hospital particular que fora
desapropriado e passou a ser do ente político - foi desapropriado 99,9 % do hospital - passando a ter
roupagem de sociedade de economia mista, mas prestando serviço público.
Infraero: “O Tribunal reafirmou o entendimento jurisprudencial e concluiu pela possibilidade de
extensão da imunidade tributária recíproca à Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária –
Infraero, na qualidade de empresa pública prestadora de serviço público”.
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* #SELIGANAJURISPRUDÊNCIA: Os Correios gozam de imunidade tributária recíproca, razão pela qual os Municípios não
podem cobrar ISS sobre a prestação dos serviços postais. Ocorre que, durante muitos anos, alguns Municípios cobravam o
imposto porque ainda não se tinha uma certeza, na jurisprudência, acerca da imunidade dos Correios. A ECT pode pleitear à
repetição do indébito relativo ao ISS cobrado sobre os serviços postais. Para isso, os Correios não precisam provar que
assumiram o encargo pelo tributo nem precisam estar expressamente autorizados pelos tomadores dos serviços. Presume-
se que os Correios não repassaram o custo do ISS nas tarifas postais cobradas dos tomadores dos serviços. Isso porque a
empresa pública sempre entendeu e defendeu que não estava sujeita ao pagamento desse imposto. Não havendo repasse
do custo do ISS ao consumidor final, os Correios podem pleitear a restituição sem necessidade de autorização do tomador
dos serviços. STJ. 2ª Turma. REsp 1.642.250-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 16/3/2017 (Info 602).
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“Em resumo, o Supremo Tribunal Federal afirmou que, sem prejuízo da necessidade de cumprimento de outros
requisitos constitucionais e legais, a aplicabilidade da imunidade deve observar os seguintes requisitos
(denominados “estágios” pela Corte):
a) restringir-se à propriedade, bens e serviços utilizados na satisfação dos objetivos institucionais imanentes do
ente federado;
b) não beneficiar atividades de exploração econômica, destinadas primordialmente a aumentar o patrimônio do
Estado ou de particulares;
c) não deve ter como efeito colateral a quebra dos princípios da livre concorrência e do exercício de atividade
profissional ou econômica lícita.”4
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*#CAIUEMPROVA #2ªFASEAGU/2016 (CESPE): Uma sociedade de economia mista, prestadora de serviços de
tratamento de esgoto e abastecimento de água de um Estado da federação, ajuizou uma ação contra a União, visando a
obtenção do reconhecimento da imunidade tributária sobre serviços públicos por ela prestados. A partir dessa situação,
responda: Conforme entendimento do STF, seria possível a extensão da imunidade tributária recíproca prevista na
CF/1988 à referida sociedade de economia mista? Quais foram os parâmetros utilizados pela Corte?
A imunidade tributária recíproca é prevista no art. 150, VI, a, da CF, segundo o qual, é vedado à União, aos estados,
ao Distrito Federal e aos municípios instituir impostos sobre o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros. Como o
texto constitucional se refere apenas aos entes da Federação, algumas empresas públicas e sociedades de economia mista
integrantes da administração pública indireta e prestadoras de serviços públicos postularam também o direito à referida
imunidade.
O STF, ao pacificar o tema, considerou que as sociedades de economia mista prestadoras de serviços públicos
podem ser alcançadas pela imunidade tributária recíproca, prevista no mencionado art. 150, VI, a, da CF. Porém, o
entendimento não se aplica a toda e qualquer entidade dessa natureza que presta serviço público. Alguns parâmetros
devem ser observados para que seja legítima a extensão da imunidade:
1) O primeiro deles diz respeito ao fato de que a referida imunidade “se aplica apenas à propriedade, bens e
serviços utilizados na satisfação dos objetivos institucionais inerentes ao ente federado, cuja tributação poderia colocar em
risco a respectiva autonomia política”.
2) O segundo se refere ao fato de que não podem ser objeto de imunidade tributária recíproca “as atividades de
exploração econômica, destinadas primordialmente a aumentar o patrimônio do Estado ou de particulares”, por se
apresentarem como “manifestações de riqueza e deixarem a salvo a autonomia política”.
3) O terceiro parâmetro refere-se ao fato de que a “desoneração não deve ter como efeito colateral relevante a
quebra dos princípios da livre-concorrência e do exercício de atividade profissional ou econômica lícita”. Isso porque,
segundo o STF, “o sucesso ou a desventura empresarial devem pautar-se por virtudes e vícios próprios do mercado e da
administração, sem que a intervenção do Estado seja fator preponderante”.
Portanto, o STF reconhece ser possível a extensão da imunidade tributária recíproca, desde que presentes tais
premissas.
A título de exemplo, destaca-se a decisão proferida pelo STF no julgamento da ação cível ordinária 1460 (Rel. Min.
Dias Toffoli, julgamento 7/10/2015): “(...) Imunidade tributária recíproca. Art. 150, inciso VI, a, da Constituição Federal.
Sociedade de economia mista. Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN). Não preenchimento dos
parâmetros traçados por esta Corte para a extensão da imunidade tributária recíproca. Precedente. Agravo não provido. 1.
Não há error in procedendo ou violação da ampla defesa por alegada afronta ao Regimento Interno do STF, em seus arts.
250 (que prevê julgamento colegiado para as ações cíveis originárias) e 251 (que dispõe sobre a concessão de palavra às
partes e ao PGR na sessão de julgamento), uma vez que esta Corte admite a possibilidade de o relator decidir,
monocraticamente, pretensão sobre a qual a jurisprudência da Corte já tenha se posicionado, nos termos do art. 21, § 1.º,
do RISTF. Precedentes. 2. A Corte já firmou o entendimento de que é possível a extensão da imunidade tributária recíproca
às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público, observados os seguintes parâmetros: a) a imunidade
tributária recíproca se aplica apenas à propriedade, bens e serviços utilizados na satisfação dos objetivos institucionais
imanentes do ente federado; b) atividades de exploração econômica, destinadas primordialmente a aumentar o patrimônio
do Estado ou de particulares, devem ser submetidas à tributação, por apresentarem-se como manifestações de riqueza e
deixarem a salvo a autonomia política; e c) a desoneração não deve ter como efeito colateral relevante a quebra dos
princípios da livre-concorrência e do livre exercício de atividade profissional ou econômica lícita”. Precedentes: RE n.º
253.472/SP, Tribunal Pleno. Relator para o acórdão: Min. Joaquim Barbosa, DJe de 1.º/2/11 e ACO 2243/DF, decisão
monocrática, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 25/10/13.
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#JURISPRUDÊNCIA - IMUNIDADE DOS SERVIÇOS POSTAIS: Em 28 de fevereiro de 2013, o Pleno do o Pleno do
STF finalizou o julgamento do RE 601.392, analisado com repercussão geral, no qual se discutiu a incidência ou
não de ISS sobre serviços não tipicamente postais e se estendeu a imunidade própria dos Correios para, até
mesmo, os serviços não tipicamente postais, prestados em regime de concorrência pela entidade.
*#ATENÇÃO: O STF manteve a imunidade até mesmo para os serviços não tipicamente postais. Vamos
entender o motivo?
#DIZERODIREITO: Como vimos acima, os Correios gozam de imunidade tributária porque são uma empresa
pública que desempenha serviços públicos. Até aqui tudo bem.
Ocorre que os Correios, além das atividades que desenvolvem de forma exclusiva, como é o caso da entrega de
cartas, também realizam alguns serviços em concorrência com a iniciativa privada (ex: entrega de encomendas).
Atividades que são privilégio (“monopólio”) da ECT Atividades que são exercidas pela ECT, sendo
(previstas no art. 9º da Lei 6.538/78) também permitidas à iniciativa privada
Entrega de: Entrega de:
1) Cartas pessoais 1) Impressos diversos como jornais, revistas,
2) Cartas comerciais, aí incluídas: catálogos de mala direta.
• cobranças comerciais como faturas de cartões de 2) Encomendas em geral (livros, celulares,
crédito, carnês, talões de cheques computadores etc).
• cobranças de tributos
• todas as correspondências para um destinatário
específico.
3) Cartões postais
A pergunta que surge é a seguinte: quando os Correios realizam o serviço de transporte de bens e mercadorias,
concorrendo, portanto, com a iniciativa privada, mesmo assim eles gozam de imunidade? Ficam livres de
pagar ICMS?
SIM. O STF decidiu que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT goza de imunidade tributária
recíproca mesmo quando realiza o transporte de bens e mercadorias. Assim, não incide o ICMS sobre o serviço
de transporte de bens e mercadorias realizado pelos Correios.
O transporte de bens e mercadorias, apesar de ser também desempenhado por empresas privadas, é previsto
na Lei n.° 6.538/78 como sendo uma espécie de serviço postal. Veja:
Art. 7º Constitui serviço postal o recebimento, expedição, transporte e entrega de objetos de correspondência,
valores e encomendas, conforme definido em regulamento. (...) § 3º - Constitui serviço postal relativo a
encomendas a remessa e entrega de objetos, com ou sem valor mercantil, por via postal.
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Sendo serviço postal, a ECT é obrigada a realizar mesmo para os lugares mais distantes do Brasil por se tratar
de uma empresa pública. Assim, por exemplo, existentes localidades onde as empresas privadas não fazem
entregas por não ser economicamente viável, os Correios, no entanto, têm o dever de entregar. A imunidade é
uma forma de compensar tais peculiaridades.
Além disso, esses serviços de transporte de bens e mercadorias constituem-se na maior fonte de arrecadação de
recursos para os Correios e tais verbas são posteriormente destinadas a financiar os serviços postais menos
rentáveis, como a entrega de cartas, que tem ainda hoje uma grande importância social. Desse modo, a
imunidade tributária para a entrega de encomendas dos Correios é uma forma de conferir subsídio cruzado
para os demais serviços postais.
Em suma, as atividades exercidas pelos Correios sob regime concorrencial (ex: Sedex) acabam custeando as
outras atividades desempenhadas sob o regime constitucional de monopólio (privilégio), como é o caso da carta
social (que custa apenas alguns centavos). Percebe-se, portanto, que esse modelo cruzado de financiamento
dos Correios é a forma encontrada para tornar possível a integração nacional e dar exequibilidade ao direito
básico do indivíduo de se comunicar com outras pessoas ou instituições pela via postal.
Vale ressaltar que o STF, ao examinar a incidência ou não de IPTU nos imóveis da ECT, já tinha deixado claro
que, para fins de imunidade tributária, é irrelevante que os Correios exerçam naquele imóvel,
simultaneamente, atividades em regime de exclusividade e em concorrência com a iniciativa privada. Isso
porque, conforme já explicado, o serviço postal possui peculiaridades que justificam esse tratamento
diferenciado (STF. Plenário. RE 601392, Rel. p/ Acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/02/2013).
Resumindo:
Os Correios gozam de imunidade tributária porque são uma empresa pública que desempenha serviços
públicos.
Ocorre que os Correios, além das atividades que desenvolvem de forma exclusiva, como é o caso da entrega
de cartas, também realizam alguns serviços em concorrência com a iniciativa privada (ex: entrega de
encomendas).
Quando os Correios realizam o serviço de transporte de bens e mercadorias, concorrendo, portanto, com a
iniciativa privada, mesmo assim eles gozam de imunidade? Ficam livres de pagar ICMS?
SIM. O STF decidiu que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT goza de imunidade tributária
recíproca mesmo quando realiza o transporte de bens e mercadorias. Assim, não incide o ICMS sobre o
serviço de transporte de bens e mercadorias realizado pelos Correios.
STF. Plenário. RE 627051/PE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 12/11/2014 (Info 767).
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #IMPORTANTE
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*IMUNIDADE E SUCESSÃO: Imunidade tributária recíproca e dívidas tributárias decorrentes de sucessão. A
antiga RFFSA era uma sociedade de economia mista federal, que foi extinta, e a União tornou-se sua sucessora
legal nos direitos e obrigações. A União goza de imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da CF/88). A
RFFSA não desfrutava do benefício pois se tratava de entidade exploradora de atividade econômica. Os débitos
tributários que a RFFSA possuía foram transferidos para a União e devem ser pagos, não podendo este ente
invocar a imunidade tributária recíproca. O STF concluiu que a imunidade tributária recíproca não afasta a
responsabilidade tributária por sucessão, na hipótese em que o sujeito passivo era contribuinte regular do
tributo devido. STF. 1ª Turma. RE 599.176/PR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 5/6/2014 (Info 749)
*A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal, não se estende a empresa privada
arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade econômica com fins lucrativos. Nessa
hipótese é constitucional a cobrança do IPTU pelo Município. Ex: a União, proprietária de um grande terreno
localizado no Porto de Santos, arrendou este imóvel para a Petrobrás (sociedade de economia mista), que utiliza
o local para armazenar combustíveis. Antes do arrendamento, a União não pagava IPTU com relação a este
imóvel em virtude da imunidade tributária recíproca. Depois que houve o arrendamento, a Petrobrás passa a ter
que pagar o imposto. STF. Plenário. RE 594015/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 6/4/2017 (repercussão
geral) (Info 860).
*Incide o IPTU, considerado imóvel de pessoa jurídica de direito público cedido a pessoa jurídica de direito
privado, devedora do tributo. Ex: a União celebrou contrato de concessão de uso de imóvel com uma empresa
privada por meio da qual esta última poderia explorar comercialmente determinado imóvel pertencente ao
patrimônio público federal. A empresa privada queria deixar de pagar IPTU alegando que o imóvel gozaria de
imunidade tributária. O STF não aceitou a tese e afirmou que não incide a imunidade neste caso. STF. Plenário.
RE 601720/RJ, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 6/4/2017 (repercussão
geral) (Infos 860 e 861).
*Os bens e direitos que integram o patrimônio do fundo vinculado ao Programa de Arrendamento Residencial
(PAR), criado pela Lei nº 10.188/2001, beneficiam-se da imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “a”, da
Constituição Federal. STF. Plenário. RE 928902/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 17/10/2018
(repercussão geral) (Info 920).
#OLHAOGANCHO: Princípio da uniformidade tributária. Trata-se de vedação específica à União, inserta no art.
151, I da CF que visa à proteção do pacto federativo. É regra protegida por cláusula pétrea. O mesmo
dispositivo traz uma exceção que se refere à possibilidade de concessão de incentivos fiscais destinados a
promover o equilíbrio socioeconômico entre as diferentes regiões do País. Essa possibilidade está em
harmonia com o art. 3º da Constituição que inclui entre os objetivos da República a redução das desigualdades
sociais e regionais.
19
Em relação às fundações, o artigo 150, §2º CF dispõe que a imunidade tributária relativa aos impostos sobre
a renda, o patrimônio e os serviços federais, estaduais e municipais é extensiva às fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público, não diferenciando qual tipo de fundação pública. Ou seja, ambas as modalidades
de fundações públicas fazem jus à referida imunidade, desde que a atividade esteja relacionada às suas
atividades essenciais.
• Abrange patrimônio, renda ou serviços (jurisprudência: também aplicações financeiras).
• Não há imunidade: se o ente, direta ou indiretamente, explora atividades econômicas regidas pelas
normas aplicáveis aos empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de
preços ou tarifas pelo usuário.
#RESUMO
- Concessionárias de serviços públicos: se forem remuneradas apenas pelo Estado (ex: Parceria Público Privada,
na modalidade concessão administrativa), há imunidade. Se forem remuneradas também pelo usuário, não há
imunidade.
- Proibição de cobrança do IOF nas operações financeiras realizadas pelos Municípios ou Estados (RE 196.415
– STF)
- O STF já afastou a incidência de IPTU sobre prédio ocupado por autarquia estadual, evidentemente, portanto,
vinculado a suas finalidades essenciais (RE 203.839).
20
- Serviço notarial e de registro: incide tributação.
*A INFRAERO (empresa pública federal) celebrou contrato de concessão de uso de imóvel com uma empresa
privada por meio da qual esta última poderia explorar comercialmente um imóvel pertencente à INFRAERO.
Vale ressaltar que esta empresa é uma concessionária de automóveis. A empresa privada queria deixar de pagar
IPTU alegando que o imóvel gozaria de imunidade tributária. O STF não aceitou a tese e afirmou que não incide
a imunidade neste caso. A atividade desenvolvida pela empresa tem por finalidade gerar lucro. Se fosse
reconhecida a imunidade neste caso, isso geraria, como efeito colateral, uma vantagem competitiva artificial em
favor da empresa, que teria um ganho em relação aos seus concorrentes. Afinal, a retirada de um custo permite
o aumento do lucro ou a formação de preços menores, o que provoca desequilíbrio das relações de mercado.
Não se pode aplicar a imunidade tributária recíproca se o bem está desvinculado de finalidade estatal. STF.
Plenário. RE 434251/RJ, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/4/2017
(Info 861).
CRFB. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
b) templos de qualquer culto;
O valor que justifica essa imunidade é a liberdade de culto. A liberdade religiosa (art. 5o, VI ao VIII, CF)
ou liberdade de culto significa que todos os brasileiros podem manifestar sua fé sobre as mais diferentes
liturgias, não necessariamente apenas nas majoritárias – deve haver uma neutralidade do Estado quanto às
liturgias – o Brasil é um estado laico, não há uma religião oficial. Art. 5º. VI - é inviolável a liberdade de
consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo
de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
As mais diferentes liturgias são imunes. O Estado tem que ter uma postura de neutralidade.
Sectarismo: não tem a ver com a preferencia religiosa.
Ex.: não pode haver a incidência de IPTU sobre o prédio dedicado ao evento religioso; não pode haver a
incidência de IPVA em carro de propriedade da Igreja (que é uma pessoa jurídica); não vai haver a
incidência de IR sobre a renda adquirida pelos templos, como o dízimo religioso. ITBI na aquisição do
prédio que vai ser destinado ao evento religioso, etc.
Qual a interpretação sobre o conceito de templo? O templo já foi conceituado a partir de várias teorias. No
passado, o templo era apenas o local do culto, tributando-se tudo o mais. Com a evolução da doutrina e da
casuística (realidade), houve a necessidade de reformular o conceito de templo. Aos poucos, “templo” passou a
abranger aquilo que correspondia a ele próprio e, até mesmo, situações ligadas indiretamente ao sentido
religioso. STF: o templo é “entidade”, ou seja, uma organização religiosa, a qual merece proteção sem
mesquinharia e sem sectarismo.
22
Obs.: Se a entidade religiosa estiver estruturada como uma instituição de assistência social (STF, RE 237.718)
haverá imunidade relativa à alínea “c” e não “b”
Obs.2: Sobre a casa do pastor, entretanto, há tributação – se não fizer parte do patrimônio da igreja.
Art. 150. Parágrafo 4o. As vedações expressas no inciso IV, alíneas “b” e “c”, compreendem somente o
patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.
O patrimônio, a renda e o serviço da Igreja vão ser protegidos. A questão é o patrimônio, a renda e o
serviço relacionados – deve haver a correspondência fática –
Ex.1: apartamento de propriedade da Igreja e é alugado para terceiros – se a renda do aluguel é
revertida para atividades eclesiásticas, é considerado templo e há imunidade – a renda conexa, do
aluguel, reverteu para o propósito eclesiástico. O apartamento é templo. Segundo a Doutrina mais
abalizada sobre o tema e o STF.
Ex.2: Estacionamento – o terreno do estacionamento é templo? SIM, segundo o STF – é usado para os
fieis, e se usado por terceiros e o dinheiro for revertido para fins da igreja, é imune.
Ex.3: cemitérios – também são imunes, se forem extensão do templo religioso.
A imunidade religiosa prevista pelo art. 150, III, “b”, CF tem por finalidade tutelar a liberdade de religião. Assim,
conforme jurisprudência do STF, a expressão “templos” deve ser interpretada de forma a abranger não apenas
os edifícios destinados à celebração pública dos ritos religiosos, mas também os respectivos anexos utilizados
para cumprimento da finalidade essencial da entidade.
Destarte, caso o cemitério constitua uma “extensão” do templo religioso, estará imune ao IPTU. Todavia, não
são imunes ao imposto os cemitérios privados cuja atividade seja tipicamente lucrativa, sem vínculo
institucional religioso. Nesse sentido, o RE 578562, noticiado no Informativo 507 do STF: (...) distinguindo a
situação dos cemitérios que consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso da daqueles que são
objeto de exploração comercial por empresas que alugam ou vendem jazigos, asseverou-se que apenas a
primeira hipótese estaria abrangida pela aludida imunidade tributária. Considerou-se que o cemitério analisado
seria uma extensão da capela destinada ao culto da religião anglicana, situada no mesmo imóvel, e que a
recorrente seria uma entidade filantrópica sem fins lucrativos, titular do domínio útil desse imóvel, dedicada à
preservação da capela, do cemitério e dos jazigos, bem assim do culto da religião anglicana professada nas suas
instalações. (...). Aduziu-se, ao final, que a imunidade dos tributos, de que gozam os templos de qualquer
culto, é projetada a partir da proteção aos locais de culto e a suas liturgias e da salvaguarda contra qualquer
embaraço ao seu funcionamento. Daí, da interpretação da totalidade que o texto da Constituição é,
23
sobretudo dos referidos artigos, concluiu-se que, no caso, o IPTU não incidiria. RE 578562/BA, rel. Min. Eros
Grau, 21.5.2008. (RE-578562).
Na imunidade religiosa, é comum a questão do ICMS – porque muitas igrejas vendem produtos sacros. O ICMS
não é uma imunidade sobre patrimônio, renda ou serviço. À primeira vista, vai incidir o ICMS. Entretanto, o STF
deu interpretação lata para esse rol em homenagem ao vetor axiológico. Se é para estimular a liberdade
religiosa no Brasil, não deve incidir o ICMS. Além disso, há de se verificar a correspondência fática. Se a Igreja
mostrar que essa renda conexa é revertida para o propósito religioso, há imunidade.
Maçonaria – STF, setembro/2012 – RE 562.351. As lojas maçônicas são coloquialmente chamadas de templos
maçônicos. E isso levou ao requerimento de imunidades para as lojas maçônicas. E o STF foi levado a tratar
desse tema. O Ministro Ricardo Levandoswisk entendeu que as lojas maçônicas não são templos para fins de
imunidade. Há a tributação normal. Não é religião, é ideologia de vida.
A imunidade tributária só se cogita na situação de propriedade daquele bem imóvel. Vale dizer que as Igrejas (e
as entidades políticas), colocando-se como inquilinas, não merecerão a proteção das entidades. O sujeito
passivo do IPTU é o proprietário, de forma que não sendo a Igreja vai ter que contribuir normalmente. Art. 123
CTN. Se fizer acordo, ele valerá apenas para o direto civil. Pode até receber regressivamente.
Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo
pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito
passivo das obrigações tributárias correspondentes.
→ Como dito, o patrimônio, renda e serviços da igreja serão imunes. Não há discussão quanto a isso. Portanto,
se um apartamento da Igreja é alugado, será tributado, mas se o aluguel é revertido para a igreja, haverá
imunidade também. Posicionamento do STF.
→ Outro exemplo é o terreno do estacionamento. Poderá ser templo para fins de imunidade, se os valores
forem revertidos para o funcionamento da igreja.
→ Algumas religiões adotam uma ritualística para fazer o sepultamento dos seus fieis. O terreno utilizado como
sepultamento, de propriedade da igreja, será plenamente beneficiado pela imunidade.
CRFB. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei.
*Súmula 612-STJ: O certificado de entidade beneficente de assistência social (CEBAS), no prazo de sua validade,
POSSUI NATUREZA DECLARATÓRIA PARA FINS TRIBUTÁRIOS, RETROAGINDO seus efeitos à DATA EM QUE
DEMONSTRADO O CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS estabelecidos por lei complementar PARA A FRUIÇÃO DA
IMUNIDADE. Primeira Seção, aprovada em 09/05/2018, DJe 14/05/2018.
Instituições de Ensino: Ex.: biblioteca pública, museus, centros de pesquisa. Ex.: escolas e colégios
particulares que não tenham finalidade lucrativa. O objetivo das entidades assistenciais deve ser o de atender as
pessoas carentes (ÁVILA, p. 149).
Há alguns partidos políticos que têm fundações a eles atrelados, sendo também imunes.
- A entidade da assistência social é a única entidade no Brasil que é ao mesmo tempo imune a impostos (art.
150, VI, “c”) e imune a contribuições da seguridade social (art. 195, parágrafo 7o).
25
- Para essas entidades serem imunes, devem atender requisitos de lei e não podem ter lucro.
# A alínea “c” é a única que não e autoaplicável – norma não bastante em si, segundo Pontes de Miranda. Ou
seja, vai demandar o incremento normativo, e esse incremento normativo é uma lei a que se deve obedecer –
uma lei complementar, porque o art. 146, II, CF, mostra que as limitações ao poder de tributar (e a imunidade é
uma limitação ao poder de tributar), avocarão uma lei complementar (Doutrina, Jurisprudência) – essa Lei
Complementar é o “CTN” – Lei 5172 – é uma Lei Ordinária, mas que desde o seu nascimento ganhou status de
Lei Complementar, e assim também entende o STF, STJ e a Doutrina Majoritária.
- Existe algum artigo no CTN que regula o desfrute dessa imunidade da alínea “c”? SIM – o art. 14, CTN.
Essas entidades são imunes? DEPENDE – do art. 14, CTN – se a entidade cumprir o art. 14 do CTN,
deverá ser considerado imune, senão, incide tributação.
O art. 14 do CTN regula a fruição da imunidade da alínea “c”.
São condições do art. 14, CTN: SINDICATO, PP, ESCOLAS, ASSISTÊNCIA SOCIAL!
Art. 14, CTN: I – se houver lucro (superávit), este não poderá ser distribuído com os mantenedores;
O que se proíbe não é o lucro, interpretando sistematicamente – o que se proíbe é a distribuição do
lucro. Não se proíbe o animus lucrandi. O que se proíbe é o animus distribuendi. O superávit não pode
ser repartido com os mantenedores. Não se pode, contudo, confundir repartição de lucros com
pagamento de salários razoáveis. Os mantenedores podem receber salários, mas não podem receber a
distribuição de lucros.
Isso não tem relação com o pagamento de salário. Os mantenedores da instituição recebem salários.
Lei 9532/97 – art. 12, parágrafo 2o – suspenso por inconstitucionalidade do STF – Mero pagamento de
salários não se confunde com distribuição de lucro.
Art. 14. II – se houver lucro, ele não poderá ser remetido ao exterior.
Não pode remeter dolosamente o superávit para contas do exterior.
É possível que a entidade tente burlar o inciso I não se apropriando aqui, mas se apropriando do valor
no exterior.
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Faculdade, entidade filantrópica são imunes? Depende, somente serão imunes quando cumprirem o art. 14
do CTN.
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos
pelas entidades nele referidas:
I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de
assegurar sua exatidão. § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a
autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício.
#SELIGANASÚMULA: Súmula Vinculante 52, STF: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU
o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da CF, desde que o valor dos
aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas.
* #ATENÇÃO: SV 52-STF pode ser aplicada para a imunidade do art. 150, VI, “b”, da CF/88: Apesar da súmula
referir-se à imunidade do art. 150, VI, “c”, seu enunciado também se aplica à imunidade religiosa prevista no
art. 150, VI, “b” (imunidade religiosa: “templos de qualquer culto”). Nesse sentido: STF. 2ª Turma. ARE
694453/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 09/08/2013.
- Essa súmula é aplicada por analogia para os templos (art. 150, VI, b, CF).
#SELIGANASÚMULA: Súmula 730, STF: A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem
fins lucrativos pelo art. 150, VI, “c”, da CF, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada
se não houver contribuição dos beneficiários.
É possível que essa entidade seja considerada de assistência social, com a condição de não ter
contribuição dos beneficiários.
São os fundos de pensão, que não tenham contribuição paga pelos beneficiários.
- É o caso de um empregador que banca a previdência privada dos empregados.
Entidade fechada de previdência social privada (Ex.: BB cria uma entidade dessas só para os seus
funcionários, por isso é fechada. Vira como se fosse uma poupança) será imune? Essas entidades são
chamadas de fundo de pensão. A depender de uma situação, serão consideradas instituições de
assistência social, sendo imunes aos impostos. A condição é não haver contribuição dos beneficiários.
Significa que as parcelas pagas pelo fundo de pensão serão arcadas pelo patrão e não pelo trabalhador.
O pagamento tem que ser integral. Isso porque ela passa a ter um caráter assistencial e não mais
previdenciário.
A Administração direta ou indireta pode ser a patrocinadora (patrão), mas, na forma do art. 202 §3º,
jamais poderá contribuir mais que os beneficiários, ou seja, sempre terá beneficiários, de forma a nunca
ser beneficiada pela imunidade.
- O Sistema S são os serviços sociais autônomos. Exemplo: o SENAC quando compra um prédio paga o ITBI?
Essas entidades promovem a integração do mercado de trabalho e essa é uma das características da assistência
social (art. 203, III, CF). Sendo entidades de assistência social, não pagam impostos. O STF entende que a
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promoção da integração do mercado de trabalho é um objetivo da assistência social e, por isso, o Sistema S
estaria inserido na alínea “c”, desde que atendidos os requisitos do art. 14 do CTN.
- O STF entendeu aplicável a imunidade à livraria de entidade beneficente (RE 345.830) e nos casos de venda de
ingressos de cinema ao público em geral, realizada por serviço social autônomo (ex. SENAC, SESC; AI 155.822-
AgR), ao hospital que explora serviços de estacionamento no seu pátio interno (ISS; RE 144.900), sobre os
imóveis destinados ao escritório e residência dos membros da entidade (RE 221.395), quanto ao IOF, mesmo
que a entidade aplique seus recursos no mercado financeiro (RE 241.090) e às atividade de recreação e lazer (RE
236.174). Abrange o ICMS sobre a comercialização de bens por ela produzidos (RE 210.251).
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF:
1) RE 599.176 – junho/2014. Situação: União adquiriu, por sucessão imobiliária, imóvel da antiga Rede
Ferroviária Federal S.A. Nesse caso, deve haver a exigência do IPTU, levando-se em conta que o adquirente é o
responsável tributário por força do art. 130, caput, do CTN? Veredito: o STF, em repercussão geral, entendeu
que deve haver a incidência do IPTU, uma vez prevalecente a norma de responsabilidade.
2) RE 600.867 – junho/2014. Imunidade Recíproca e SABESP: Embora o julgamento esteja suspenso, é mais um
caso de repercussão geral, em torno das sociedades de economia mista. A questão aqui se torna problemática
porque a participação acionária do Estado de SP é de apenas 50%, revelando, na outra parte, investidores
públicos e privados.
3) RE 594.015. Patrimônio Imobiliário da União utilizado para a exploração de atividade econômica com fins
lucrativos: Repercussão geral acolhida. A Petrobras, como arrendatária de terreno pertencente à União, foi
instada a pagar o IPTU. Decisão: A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, a, da Constituição não se
estende a empresa privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade econômica
com fins lucrativos. Nessa hipótese é constitucional a cobrança do IPTU pelo Município”.
7. IMUNIDADE OBJETIVA – LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E O PAPAEL UTILIZADO – ART. 150, VI, “d”5
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
Uns dos valores tutelados, que justificam a imunidade, é a liberdade de expressão, a difusão do pensamento. Há
três veículos de pensamento: livros, jornais e periódicos. E há um insumo protegido: o papel destinado à
impressão dos veículos supramencionados.
Vetor Axiológico: a norma imunizante veio proteger a difusão do conhecimento, a liberdade de
expressão e, até mesmo, a utilidade social do bem (STF, no caso da imunidade para as listas telefônicas).
Por que a imunidade estudada é OBJETIVA? Porque aqui se protegem bons/coisas, e não pessoas.
Portanto, a editora vai pagar IPTU, IPVA, IR, etc. Por outro lado, não incidirão sobre o livro o ICMS, o IPI,
o II etc.
#AJUDAMARCINHO: E como fica a situação dos E-readers, Smartphones, tablets, audiobooks? São abrangidos
pela imunidade?
SIM. “O avanço na cultura escrita fez com que fossem criadas novas tecnologias para o
E-readers (ex.:
suporte dos livros, como o papel eletrônico (‘e-paper’) e o aparelho eletrônico para
kindle).
leitura de obras digitais (‘e-reader’). Tais aparelhos tem a função de imitar a leitura em
5
A prova do TRF4/2016 considerou correta a seguinte alternativa: “É vedado instituir imposto sobre livros, jornais,
periódicos e o papel destinado à sua impressão, mesmo quando a comercialização destes seja realizada por pessoa jurídica
com o objetivo de auferir lucros com a atividade.
30
papel físico. Por essa razão, eles estão igualmente abrangidos pela imunidade cultural,
por equipararem-se aos livros tradicionais. Assim, a partir de uma interpretação
teleológica conclui-se que a regra de imunidade alcança também os aparelhos leitores
de livros eletrônicos (‘e-readers’) confeccionados exclusivamente para esse fim. Vale
ressaltar que a maioria dos ‘e-readers’ possuem algumas funcionalidades acessórias ou
rudimentares, como a possibilidade de acesso à internet para fazer o ‘download’ dos
livros digitais, dicionários, possibilidade de alteração de tipo e tamanho da fonte,
marcadores, espaçamento, iluminação do texto etc. Essas funcionalidades são
acessórias e têm por objetivo permitir a função principal: a leitura. Por essa razão,
mesmo com essas funcionalidades, os ‘e-readers’ são considerados como um suporte
utilizado exclusivamente para fixar o livro eletrônico e, portanto, gozam de imunidade.
NÃO. “O STF afirmou que a imunidade tributária se aplica ao livro eletrônico e aos
‘suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo’. Um ‘smartphone’, um ‘tablet’ ou um
‘laptop’ não podem ser considerados suportes utilizados exclusivamente para fixar um
Smartphones,
livro eletrônico. Ao contrário, tais aparelhos possuem centenas de funcionalidades e a
tablets e laptops
leitura de livros digitais neles é apenas uma das possibilidades, podendo até mesmo ser
considerada secundária. Dessa forma, os tablets não gozam da imunidade tributária
prevista no art. 150, VI, “d”, da CF/88”.
SIM. “Neste caso, o CD-Rom é apenas um corpo mecânico ou suporte. Aquilo que está
nele fixado (seu conteúdo textual) é o livro. Por essa razão, tanto o suporte (o CD-Rom)
CD-ROM
quanto o livro (conteúdo) estão abarcados pela imunidade do art. 150, VI, “d”, da
CF/88”.
SIM. “Para que seja considerado livro e possa gozar da imunidade não é necessário que
o destinatário (consumidor) tenha necessariamente que passar sua visão pelo texto e
decifrar os signos da escrita. Dessa forma, a imunidade alcança o denominado ‘audio
book’ (audiolivro), ou seja, os livros gravados em áudio e que estejam salvos em CD,
Audiolivros DVD ou qualquer outro meio. Essa é a conclusão a que se chega a partir de uma
interpretação teleológica da norma, que tem por objetivo garantir a liberdade de
informação, a democratização e a difusão da cultura, bem como a livre formação da
opinião pública. Vale relembrar que os audiolivros cumprem importante função social
por permitirem levar cultura e informação aos cegos e também aos analfabetos.
“A imunidade da alínea “d” do inciso VI do art. 150 da CF/88 alcança componentes
Componentes que eletrônicos destinados, exclusivamente, a integrar unidade didática com fascículos”.
fazem parte de STF. Plenário. RE 595676/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/3/2017
material didático (repercussão geral) (Info 856). “O Min. Marco Aurélio afirmou que o dispositivo
constitucional que garante imunidade tributária a livros, jornais, periódicos e ao papel
31
destinado a sua impressão deve ser interpretado de forma ampliada para abranger
peças e componentes a serem utilizados como material didático que acompanhe
publicações. O art. 150, inciso VI, “d”, da CF/88 deve ser lido de acordo com os avanços
tecnológicos ocorridos desde sua promulgação, em 1988. Desde então, ocorreram
diversos avanços no campo da informática. O Direito, a Constituição e o STF não
podem ficar avessos às transformações, sob pena de se tornarem obsoletos. Afirmou
ainda que, na medida do possível, o Supremo deve ser intérprete contemporâneo das
normas. Para o Ministro, o ‘constituinte originário não poderia antever tamanho
avanço tecnológico’”.
#DICAFINAL: no âmbito dos insumos, memorizar que o texto constitucional somente mencionou o papel. Os
advogados sempre pleitearam a extensão para outros insumos, e a matéria oscilou nos Tribunais (Súmula 657,
STF). Em julgado, o STF posicionou-se de forma incrível: a extensão da imunidade para chapas de impressão de
jornais, as quais haviam sido importadas. Entendeu-se que a interpretação do signo “papel” deveria ser
extensiva, em homenagem ao vetor axiológico (ver RE 202.149).
*#ATENÇÃO #MODIFICAÇÃO: Reformada decisão que garantia imunidade tributária a chapas de impressão: A
imunidade tributária prevista no art 150, VI, "d," da CF/88 deve ser interpretada finalisticamente à promoção da
cultura e restritivamente no tocante ao objeto, na medida em que alcança somente os insumos assimiláveis ao
papel. STF. 1ª Turma. ARE 930133 AgR-ED, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/09/2016.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da Constituição
Federal, não abarca o maquinário utilizado no processo de produção de livros, jornais e periódicos. A
imunidade tributária visa à garantia e efetivação da livre manifestação do pensamento, da cultura e da
produção cultural, científica e artística. Assim, é extensível a qualquer material assimilável a papel utilizado no
processo de impressão e à própria tinta especial para jornal, mas não é aplicável aos equipamentos do parque
gráfico, que não são assimiláveis ao papel de impressão, por não guardarem relação direta com a finalidade
constitucional do art. 150, VI, “d”, da CF/88. STF. 1ª Turma. ARE 1100204/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red.
p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 29/5/2018 (Info 904).
- No caso dessa interpretação mais ampla, o signo “papel” abrangeria outros insumos (tinta, por exemplo). O
STF editou a Súmula 657, na qual prioriza uma exegese literal. A IMUNIDADE PREVISTA NO ART. 150, VI, "D", DA
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CONSTITUIÇÃO FEDERAL ABRANGE OS FILMES E PAPÉIS FOTOGRÁFICOS NECESSÁRIOS À PUBLICAÇÃO DE
JORNAIS E PERIÓDICOS.
- A mais recente questão apreciada pelo STF (RE 202149) refere-se à importação de chapas de impressão offset
de jornais. A referência a papel é exemplificativa e não exaustiva. O STF ampliou o conceito de papel nesse caso.
Foi decisão de turma, não podendo-se ainda falar em evolução jurisprudencial. JULGADO ISOLADO!
*#ATENÇÃO #MODIFICAÇÃO: Reformada decisão que garantia imunidade tributária a chapas de impressão: A
imunidade tributária prevista no art 150, VI, "d," da CF/88 deve ser interpretada finalisticamente à promoção da
cultura e restritivamente no tocante ao objeto, na medida em que alcança somente os insumos assimiláveis ao
papel. STF. 1ª Turma. ARE 930133 AgR-ED, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/09/2016.
QUESTÃO – a imunidade conferida ao livro, prevista na CF, abrange todo material necessário a sua confecção
– CORRETA.
Só impostos diretos, incidentes sobre o produto. Ou seja: a livraria paga imposto de renda, porque este
incide sobre o lucro, não sobre algo diretamente relacionado ao livro.
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Por ser imunidade aplicável aos impostos, não se aplica ao antigo FINSOCIAL e a COFINS (STF, RE 217.252,
211.782 e 141.715).
- O STF declarou, em liminar, inconstitucional a ampliação da imunidade aos veículos de radiofusão pelo Estado
do RJ (ADI 773-4).
- O STF decidiu em repercussão geral: A imunidade tributária constante do art. 150, VI, “d”, da Constituição
Federal (CF), aplica-se ao livro eletrônico (“e-book”), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-
lo. STF. Plenário. RE 330817/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/3/2017 (Info 856).
É a imunidade para a obra artística musical – Imunidade Musical. Trata-se de matéria recente, veiculada
pela EC 75/2013.
Vetor Axiológico: difusão do conhecimento artístico, uma vez que ele é cultura (competência comum
dos entes federados o estímulo à cultura, à educação – art. 23, V, CF).
Veda impostos sobre fonograma e videofonograma musical produzido no Brasil, contendo obra artística
de autor brasileiro, bem como suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa
de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.
A obra artística que emite sons chama-se fonograma, e a obra artística que se mostra por vídeo e som
chama-se videofonograma. Essa obra vai ser protegida de impostos. A proteção inclui também o
suporte físico que contém a obra (CD e DVD). Existe uma ressalva que diz respeito ao suporte físico sem
o videofonograma e sem o fonograma. Nesse caso, o suporte recebe a tributação normal.
A imunidade musical elidiu o ICMS, ISS, IOF (divulgação de sons e imagens na telefonia e internet –
operações virtuais). Na prática, vai ocorrer um barateamento no produto e, assim, espera-se que essa
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economia seja repassada para o consumidor que poderá adquirir os produtos por preços mais
acessíveis. Desse modo, há um combate a pirataria.
A novidade é que a bancada dos parlamentares amazonenses não apoiou a PEC desde o início, pois há
interesse nas indústrias fonográficas estabelecidas na zona franca de Manaus. Por isso, em 18 de
outubro de 2013, foi ajuizada uma ADI pelo Governador do Amazonas (ADI 5058).
EXCEÇÃO À IMUNIDADE – parte final do dispositivo: salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas
de leitura a laser.
São isentas (imunes) de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência
social que atendam às exigências estabelecidas em lei (art. 195, §7º, CF).
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* #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O art. 11 do Decreto-Lei nº 401/1968 prevê que “está sujeito ao desconto do
imposto de renda na fonte o valor dos juros remetidos para o exterior devidos em razão da compra de bens a
prazo.” Vale ressaltar que o contribuinte do imposto de renda previsto neste art. 11 é o vendedor (beneficiário
dos valores residente no exterior). O remetente dos juros (e que deve pagar o imposto de renda retido na fonte
- IRRF) é o sujeito passivo responsável por substituição, enquadrando-se nos conceitos previstos nos arts. 121,
parágrafo único, II, e 128 do CTN. Importante esclarecer que, se o adquirente do bem (e que está remetendo o
dinheiro para o exterior) for uma entidade imune, mesmo assim terá que fazer o recolhimento do IRRF. Ex:
entidade beneficente de assistência social adquire, a prazo, uma máquina de uma empresa do exterior; ao
remeter os valores para essa empresa, deverá reter, na fonte, o imposto de renda sobre os juros; mesmo esta
entidade sendo imune, ela deverá pagar o imposto de renda retido na fonte na condição de responsável por
substituição. A imunidade tributária não afeta a relação de responsabilidade tributária ou de substituição e não
exonera o responsável tributário ou o substituto. Assim, em suma: a imunidade tributária de entidade
beneficente de assistência social não a exonera do dever de, na condição de responsável por substituição, reter
o imposto de renda sobre juros remetidos ao exterior na compra de bens a prazo, na forma do art. 11 do
DecretoLei nº 401/1968. STJ. 2ª Turma. REsp 1.480.918-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Rel. Acd. Min.
Herman Benjamin, julgado em 19/09/2017 (Info 618).
* A apresentação anual de relatório circunstanciado das atividades exercidas por entidades beneficentes de
assistência social ao INSS, prevista na segunda parte do art. 55 da Lei nº 8.212/91, não configurava requisito
legal válido para a fruição da imunidade tributária prevista no art. 195, § 7º, da CF/88. A segunda parte do inciso
V do art. 55 da Lei nº 8.212/1991 não era requisito legal para a fruição da imunidade, mas sim uma mera
obrigação acessória com o fim de permitir a fiscalização do cumprimento da obrigação principal de aplicação
integral dos recursos da entidade beneficente nos objetivos institucionais (art. 14, II, do CTN). STJ. 1ª Turma.
REsp 1.345.462-RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 07/12/2017 (Info 619)
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
Em face do Princípio Federativo, não pode haver ingerência da União Federal na competência tributária dos
Estados e Municípios, no sentido de conceder parcelamento de tributos da competência desses entes
federativos.
"A norma legal que delega aos conselhos de fiscalização profissional, destituídos de poder político, a
atribuição de instituir e majorar as contribuições devidas pelos profissionais vinculados à instituição, ou seja,
que repassa competência tributária, viola os artigos 149 e 151, I, da CF/88". Reconhecimento da
inconstitucionalidade.
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A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, "a", da CF/1988, refere-se, tão-somente, ao pagamento de
impostos (obrigação tributária principal), não eximindo o contribuinte do cumprimento dos deveres
instrumentais (obrigações acessórias). Precedentes do STJ e deste TRF - 5ª Região.
O CRECI não pode ser considerado sujeito passivo de ISS, pois não é pessoa jurídica de direito privado, mas
uma autarquia federal vinculado a sua finalidade essencial.
O INCRA, sendo autarquia federal, mesmo na modalidade de substituição tributária, não está obrigado ao
pagamento de ISS que não foi recolhido pelo prestador de serviços por ela contratado, em virtude de gozar de
imunidade tributária recíproca, prevista no art. 150, VI, "a", da Constituição Federal.
Nos termos da Súmula 106 do STJ: "Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na
citação, por motivos inerentes ao mecanismo da justiça, não se justifica o acolhimento da arguição da prescrição
ou decadência." ao Município cabe o ônus de apresentar prova impeditiva, modificativa e extintiva ao gozo do
benefício constitucional de imunidade tributária assegurado à autarquia, previsto no art. 150, VI, "a", da CF,
cabendo àquele demonstrar que o imóvel pertencente à entidade está desvinculado da destinação institucional.
A legislação tributária interpreta-se literalmente, não havendo como alargar o sentido de imposto, para
admitir isenção relativamente à TLP de sujeito passivo que tem imunidade tributária referente ao IPTU.
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de que a INFRAERO está abrangida pela
imunidade tributária recíproca. A imunidade recíproca definida no art. 150, VI, "a", CF afasta a exigência de
impostos pelos demais entes federativos sobre receitas auferidas pelas empresas públicas federais que não
exerçam atividade eminentemente econômica e prestam serviços públicos de interesse da União,
principalmente quando em regime de monopólio. A INFRAERO foi criada pela Lei 5.862/72, sob a forma de
empresa pública federal.
No tocante às taxas de limpeza pública e de coleta de lixo, o colendo Supremo Tribunal Federal, por meio de
repercussão geral, assentou que "as taxas cobradas em razão exclusivamente dos serviços públicos de coleta,
remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis são constitucionais, ao passo
que é inconstitucional a cobrança de valores tidos como taxa em razão de serviços de conservação e limpeza de
logradouros e bens públicos."
SESI -o recorrido entidade de direito privado, sem fins lucrativos, encaixar-se-ia na hipótese do art. 150, VI, c,
da CF e, por isso, estaria imune. Apontou-se que a constatação de que imóvel vago ou sem edificação não seria
suficiente, por si só, para destituir a garantia constitucional da imunidade tributária. Não ser possível considerar
que determinado imóvel destinar-se-ia a finalidade diversa da exigida pelo interesse público apenas pelo fato
de, momentaneamente, estar sem edificação ou ocupação.
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BIBLIOGRAFIA UTILIZADA