You are on page 1of 14

www.ebeji.com.

br - Informativo de Jurisprudência Nº 65 – Outubro/2014

Dr. George Felício, advogado


Supremo Tribunal Federal do Banco do Nordeste do Brasil S/A.

Selecionado a partir dos informativos 755 a 760 do STF Especial. Sintetizou que o constituinte preconizara a
formação dos Tribunais de Contas em dois passos: a
ADMINISTRATIVO partilha interpoderes, fundada no princípio da separação de
Poderes; e a intrapoder, no âmbito das indicações do
01. Tribunal de Contas estadual: preenchimento de vagas e Executivo, motivada pela necessidade de conferir
separação de Poderes: Para definir-se a ocupação de tecnicidade e independência ao órgão. O Plenário apontou
cadeiras vagas nos Tribunais de Contas estaduais, nos haver regras sucessivas: primeiro, observar-se-ia a
casos de regime de transição, prevalece a regra proporção de escolhas entre os Poderes para, então,
constitucional de divisão proporcional das indicações cumprirem-se os critérios impostos ao Executivo. Não
entre o Legislativo e o Executivo em face da obrigatória haveria exceção, nem mesmo em face de ausência de
indicação de clientelas específicas pelos Governadores. membro do Ministério Público Especial. Assim, o
Esse o entendimento do Plenário que, em conclusão e por atendimento da norma quanto à distribuição de cadeiras em
maioria, proveu recurso extraordinário em que discutida a favor de auditores e do Ministério Público somente poderia
constitucionalidade de eventual preenchimento, por membro ocorrer quando surgida vaga pertencente ao Executivo, e
do Ministério Público de Contas estadual, de cargo vago de não seria legítimo o sacrifício ao momento e ao espaço de
conselheiro da Corte de Contas local, a ser escolhido pelo escolha do Legislativo. Explicitou não haver autêntico
Governador, cujo ocupante anterior teria sido nomeado conflito entre normas constitucionais contidas no art. 73, §
mediante indicação da Assembleia Legislativa — v. 2º, da CF, mas dualidade de critérios a reclamar aplicação
Informativo 754. O Colegiado assentou a competência da sucessiva: dever-se-ia cumprir, primeiro, o critério a levar em
Assembleia Legislativa para a indicação do nome do conta o órgão competente para a escolha e, depois,
futuro ocupante da vaga aberta ante a o ligado à clientela imposta ao Executivo. De
aposentadoria de conselheiro anteriormente acordo com a Constituição, mais importaria a
escolhido pelo aludido órgão legislativo. Prepare-se para os concursos autoridade que indica do que a clientela à
Afirmou que os Tribunais de Contas da Advocacia-Geral da União qual pertencente o indicado. Assim, a
possuiriam a atribuição, escolha desta última, em qualquer
com circunstância, incluída a de ausência de
constitucionalmente estabelecida, de
auxiliar o Legislativo no controle da membro do Ministério Público Especial
execução do orçamento público e de
emitir parecer final sobre as contas da
Administração. Asseverou que o
GEAGU do Tribunal de Contas, apenas poderia
ocorrer se estivesse disponível cadeira
pertencente à cota do Governador.
constituinte, no sentido de concretizar Resolução de questões Ressaltou ser inequívoca a
o sistema de freios e contrapesos e objetivas, peças, pareceres e circunstância de a vaga em exame
viabilizar a natureza eminentemente dissertações decorrer de aposentadoria de conselheiro
técnica desempenhada por esses órgãos, escolhido pelo Legislativo local, a significar
www.ebeji.com.br a impossibilidade de destiná-la a membro do
disciplinara modelo heterogêneo de
composição, e o fizera em dois níveis: Ministério Público Especial junto ao Tribunal de
partilhara a formação, consoante a autoridade Contas, mediante indicação do Chefe do
responsável pela indicação, entre o Legislativo e o Executivo. Assinalou que o fato de a Corte de Contas
Executivo (CF, art. 73, § 2º, I e II); e, tendo em vista o estadual possuir membro nomeado sob a égide da
âmbito de escolha deste, determinara fosse uma vaga Constituição pretérita não seria capaz de alterar essa
reservada a auditor, e outra, a membro do Ministério premissa. Assentou que, mesmo que as Cortes de Contas
Público Especial (CF, art. 73, § 2º, I). Frisou que, para o não estivessem inteiramente organizadas segundo a
TCU, composto por nove Ministros, o aludido § 2º dispõe disciplina constitucional vigente, a liberdade dos Estados-
que 1/3 seja indicado pelo Presidente da República, membros quanto à ocupação de vagas por clientelas
observadas as vagas específicas acima descritas, e 2/3 pelo específicas seria limitada pela preponderância temporal da
Congresso Nacional. No tocante aos tribunais estaduais, partilha das cadeiras entre Assembleia e Governador.
integrados por sete Conselheiros, essas regras devem ser Vencidos os Ministros Teori Zavascki, Rosa Weber, Luiz Fux
aplicadas no que couberem (CF, art. 75), e o STF, no e Celso de Mello, que desproviam o recurso, ao fundamento
Enunciado 653 de sua Súmula, definira que a escolha de de que a solução impugnada seria a mais adequada, por
quatro membros competiria à Assembleia Legislativa, e a de privilegiar a participação do Ministério Público (RE
três, ao Governador. Nesse último caso, um deles seria de 717424/AL / i-755).
livre escolha, um auditor e um membro do Ministério Público

1
www.ebeji.com.br - Informativo de Jurisprudência Nº 65 – Outubro/2014

AGU Objetiva
02. Vantagem de caráter geral e extensão a inativos: As efetivo da SMA, estaria em exercício em secretaria diversa.
vantagens remuneratórias de caráter geral conferidas a Dessa forma, não cumpriria os requisitos legais para o
servidores públicos, por serem genéricas, são recebimento e a incorporação da referida gratificação.
extensíveis a inativos e pensionistas. Com base nessa Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Rosa Weber, quanto
orientação, o Plenário negou provimento a recurso ao conhecimento do recurso. Pontuavam que o conflito de
extraordinário em que se discutia a possibilidade de interesse teria solução final no âmbito do Poder Judiciário
extensão a servidores aposentados de Verba de Incentivo estadual, já que a controvérsia envolveria interpretação
de Aprimoramento à Docência, instituída pela LC 159/2004, conferida à lei municipal e ao decreto que a regulamentara.
do Estado do Mato Grosso. O Tribunal ressaltou que a Além disso, seria necessário revolver os elementos
aludida verba constituiria vantagem remuneratória concedida probatórios para assentar premissas diversas das
indistintamente aos professores ativos. Portanto, extensível constantes do acórdão recorrido. Vencido também no mérito
aos professores inativos e pensionistas, nos termos do art. o Ministro Marco Aurélio, que negava provimento ao recurso
40, § 8º, da CF, em sua redação original. Observou que a extraordinário (RE 592317/RJ / i -756).
recorrida, na condição de professora aposentada antes da
EC 41/2003, preenchera os requisitos constitucionais para 04. Inativos do DNER e Plano Especial de Cargos do DNIT:
que fosse reconhecido o seu direito ao percebimento desse Estendem-se aos servidores aposentados e pensionistas
benefício. Em seguida, a Corte, por maioria, fixou diretrizes os efeitos financeiros decorrentes do enquadramento de
com efeito “erga omnes”, para que os objetivos da tutela servidores ativos do extinto Departamento Nacional de
jurisdicional especial alcançassem de forma eficiente os Estradas de Rodagem - DNER, os quais passaram a gozar
seus resultados jurídicos: a) as vantagens de benefícios e vantagens resultantes do Plano Especial
remuneratórias legítimas e de caráter geral conferidas a de Cargos do Departamento Nacional de Infraestrutura de
determinada categoria, carreira ou, indistintamente, a Transportes - DNIT, instituído pela Lei 11.171/2005. Essa a
servidores públicos, por serem vantagens genéricas, conclusão do Plenário, que negou provimento a recurso
seriam extensíveis aos servidores inativos e extraordinário em que se discutia o direito de servidores
pensionistas; b) nesses casos, a extensão alcançaria os aposentados e pensionistas do DNER — órgão extinto pela
servidores que tivessem ingressado no serviço público Lei 10.233/2001 — à paridade remuneratória em relação aos
antes da publicação da EC 20/1998 e da EC 41/2003, e servidores ativos, que foram absorvidos pelo DNIT. De início,
tivessem se aposentado ou adquirido o direito à o Tribunal afastou a incidência do Enunciado 339 de sua
aposentadoria antes da EC 41/2003; c) em relação aos Súmula. Consignou jurisprudência consolidada no
servidores que tivessem ingressado e se aposentado no sentido de que o art. 40, § 8º, da CF, com a redação dada
serviço público após a EC 41/2003, deveriam ser pela EC 20/1998, ao estatuir a regra de paridade de
observados os requisitos estabelecidos na regra de vencimentos entre servidores ativos e inativos que
transição contida em seu art. 7º, em virtude da extinção tivessem exercido cargos correspondentes, dispensaria a
da paridade integral entre ativos e inativos contida no edição de lei que promovesse a extensão das vantagens.
art. 40, § 8º, da CF, redação original, para os servidores Assim, o próprio texto constitucional, à luz do princípio
que tivesse ingressado no serviço público após a da isonomia, estabeleceria essa extensão. Em seguida, no
publicação da EC 41/2003; e d) com relação aos que se refere à reestruturação da carreira dos servidores
servidores que tivessem ingressado no serviço público ativos do DNER no Plano Especial de Cargos do DNIT, o
antes da EC 41/2003 e tivessem se aposentado ou Colegiado mencionou que, para se assegurar a inativos e
adquirido o direito à aposentadoria após a sua edição, pensionistas do DNER o direito à paridade, tendo em conta a
afirmou que seria necessário observar a incidência das autoaplicabilidade do preceito constitucional em comento,
regras de transição fixadas pela EC 47/2005, a qual seria necessário apenas cogitar-se da: a) existência de lei que
estabelecera efeitos retroativos à data de vigência da EC conferisse aos servidores ativos determinada vantagem ou
41/2003. Vencido, quanto a esses parâmetros, o Ministro benefício remuneratório; e b) natureza jurídica dos privilégios
Marco Aurélio, que não os fixava para casos diversos. deferidos aos servidores da ativa. Logo, seria suficiente
Pontuava que não seria possível julgar matéria, pela verificar-se se os servidores aposentados e os pensionistas
primeira vez, em sede extraordinária, muito menos para fugir gozariam dos benefícios caso estivessem em atividade. A
às balizas intransponíveis da própria causa (RE 596962/MT / Corte reconheceu a incidência da cláusula constitucional da
i-755). paridade remuneratória, nos moldes previstos pela EC
20/1998, em favor dos inativos e pensionistas do DNER, haja
03. Aumento de vencimento e isonomia: Não cabe ao vista a possibilidade inaugurada pela lei de que os servidores
Poder Judiciário, que não tem a função legislativa, ativos do mencionado órgão pudessem ser alocados, por
aumentar vencimentos de servidores públicos sob o conta de suas atribuições, para o DNIT (RE 677730/RS / i-
fundamento de isonomia. Com base nesse entendimento, 756).
o Plenário, por maioria, reafirmou o Enunciado 339 da
Súmula do STF e deu provimento a recurso extraordinário 05. Inexigibilidade de licitação e critérios para contratação
para reformar acórdão que estendera gratificação com base direta de escritório de advocacia: Por ausência de justa
no princípio da isonomia. O Tribunal afirmou que a causa para a propositura da ação penal, a 1ª Turma, por
jurisprudência do STF seria pacífica no sentido de que o maioria, rejeitou denúncia ajuizada contra deputado federal
aumento de vencimentos de servidores dependeria de — então prefeito à época dos fatos — pela suposta prática
lei e não poderia ser efetuado apenas com base no do crime previsto no art. 89 da Lei 8.666/1993 (“Dispensar
princípio da isonomia. Salientou que tampouco seria ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou
possível a equiparação salarial, a pretexto de resguardar a deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa
isonomia entre servidores de mesmo cargo, quando o ou à inexigibilidade”). A acusação sustentava que o
paradigma emanasse de decisão judicial transitada em parlamentar teria contratado indevidamente, mediante
julgado. Observou que, nos termos da Lei 2.377/1995 do inexigibilidade de licitação, escritório de advocacia para
Município do Rio de Janeiro, a gratificação de gestão de consultoria jurídica e patrocínio judicial na retomada dos
sistemas administrativos seria específica para os servidores serviços de abastecimento de água e esgoto do município.
em exercício na Secretaria Municipal de Administração - Constava da denúncia que inexistiria singularidade do objeto
SMA. Frisou que o recorrido, apesar de ocupante de cargo do contrato, pois o trabalho jurídico teria natureza ordinária e

2
www.ebeji.com.br - Informativo de Jurisprudência Nº 65 – Outubro/2014

AGU Objetiva
não seria dotado de complexidade que justificasse a jurídica dessas entidades relacionadas aos serviços sociais
contratação de profissional com notória especialização a teriam sido expressamente recepcionadas pelo art. 240 da
justificar a inexigibilidade de licitação. O Ministro Roberto CF e pelo art. 62 do ADCT. Recordou ainda que os serviços
Barroso (relator) consignou que a contratação direta de sociais do Sistema “S” (SEST - Serviço Social do
escritório de advocacia deveria observar os seguintes Transporte; SESCOOP - Serviço Nacional de Aprendizagem
parâmetros: a) necessidade de procedimento no Cooperativismo; SESC - Serviço Social do Comércio;
administrativo formal; b) notória especialização do SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem; SESI - Serviço
profissional a ser contratado; c) natureza singular do Social da Indústria; SENAI - Serviço de Aprendizado
serviço; d) demonstração da inadequação da prestação Industrial; e SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem
do serviço pelos integrantes do Poder Público; e e) Rural), vinculados às entidades patronais de grau superior e
cobrança de preço compatível com o mercado para o patrocinados, basicamente, por recursos recolhidos do
serviço. O relator destacou que o procedimento formal teria próprio setor produtivo beneficiado, teriam inegável
sido regularmente observado, inclusive com a oitiva do autonomia administrativa. Asseverou que essa autonomia
Procurador-Geral do Município, e que teria havido teria limites no controle finalístico exercido pelo TCU quanto
publicação no Diário Oficial com um resumo do ato à aplicação dos recursos recebidos, sujeição que decorreria
justificativo de inexigibilidade. Asseverou que as provas dos do art. 183 do Decreto-lei 200/1967 e do art. 70 da
autos demonstrariam que a notória especialização estaria Constituição. Ademais, mencionou que, no caso concreto,
presente, pois comprovado que o escritório contratado teria a entidade estaria sujeita às auditorias a cargo do
atuado em serviços de advocacia afetos a concessão de Ministério dos Transportes e à aprovação de seus
saneamento básico de diversos municípios e estados- orçamentos pelo Poder Executivo. Assinalou que a não
membros. Explicitou que, na situação dos autos, pela obrigatoriedade de submissão das entidades do
primeira vez, em 30 anos, seria feita a retomada de um denominado Sistema “S” aos ditames constitucionais
serviço de saneamento básico que atenderia a quase 300 do art. 37, notadamente ao seu inciso II, não as eximiria
mil pessoas. Asseverou que essas circunstâncias, aliadas de manter um padrão de objetividade e eficiência na
ao fato de haver resistência declarada da concessionária contratação e nos gastos com seu pessoal. Enfatizou
anterior e a magnitude financeira da operação, não que essa exigência traduziria um requisito de
indicariam se tratar de matéria trivial que não exigiria legitimidade da aplicação dos recursos
algum grau de sofisticação, razão pela qual a arrecadados na manutenção de sua finalidade
hipótese seria de singularidade do objeto. social, porquanto entidades de cooperação
Acrescentou que a contratação de escritório Estudando para a AGU? Não a desenvolver atividades de interesse
de advocacia envolveria um teor mínimo de coletivo. A Corte enunciou as
deixe de conhecer o
confiança tanto na “expertise”, como de características básicas desses entes
confiança pessoal no advogado. Por fim, autônomos: a) dedicam-se a atividades
concluiu que o preço cobrado pelo Curso Preparatório para as privadas de interesse coletivo cuja
escritório teria sido módico, uma vez que carreiras da Advocacia- execução não é atribuída de maneira
o serviço envolveria a retomada de uma privativa ao Estado; b) atuam em regime
concessão de valor vultoso, para uma Geral da União (AGU) de mera colaboração com o Poder
ação judicial que, notadamente, se Público; c) possuem patrimônio e receita
prolongaria por muito tempo. Vencido o Totalmente online e com próprios, constituídos, majoritariamente,
Ministro Marco Aurélio, que recebia a todos os pontos do edital! pelo produto das contribuições
denúncia. Aduzia se tratar de grande www.ebeji.com.br compulsórias que a própria lei de criação
município que contaria com corpo jurídico institui em seu favor; e d) possuem a
estruturado, remunerado pela população e que prerrogativa de autogerir seus recursos,
estaria à altura de conduzir a defesa da entidade inclusive no que se refere à elaboração de seus
federada. Ressaltava que a Procuradoria já teria preparado orçamentos, ao estabelecimento de prioridades e à definição
inicial para a propositura da ação e, mesmo assim, se optara de seus quadros de cargos e salários, segundo orientação
por contratar o escritório de advocacia (Inq 3074/SC / i-756). política própria. Alertou para a necessidade de não se
confundir essas entidades e tampouco equipará-las a outras
06. Serviços sociais autônomos e exigência de concurso criadas após a CF/1988, como a Associação dos Pioneiros
público: Os serviços sociais autônomos, por possuírem Sociais - APS; a Agência de Promoção de Exportações do
natureza jurídica de direito privado e não integrarem a Brasil - APEX; e também a Agência Brasileira de
Administração Pública, mesmo que desempenhem Desenvolvimento Industrial - ABDI, cuja configuração
atividade de interesse público em cooperação com o jurídica teria peculiaridades próprias: a) criadas por
ente estatal, não estão sujeitos à observância da regra autorização de lei e implementadas pelo Poder Executivo,
de concurso público (CF, art. 37, II) para contratação de não por entidades sindicais; b) não destinadas a prover
seu pessoal. Essa a conclusão do Plenário, que negou prestações sociais ou de formação profissional a
provimento a recurso extraordinário no qual se discutia a determinadas categorias de trabalhadores, mas a atuar na
necessidade de realização de concurso público para a prestação de assistência médica qualificada e na promoção
contratação de empregados por pessoa jurídica integrante de políticas públicas de desenvolvimento setoriais; c)
do chamado “Sistema S”. De início, a Corte afastou financiadas, majoritariamente, por dotações consignadas no
preliminar de ilegitimidade do Ministério Público do Trabalho orçamento da União; d) obrigadas a gerir seus recursos de
para interpor o presente recurso extraordinário. Destacou acordo com os critérios, metas e objetivos estabelecidos em
que, nos termos dos artigos 83, VI, e 107, “caput”, ambos da contrato de gestão cujos termos seriam definidos pelo
LC 75/1993, incumbiria àquele órgão oficiar perante o TST, próprio Poder Executivo; e e) supervisionadas pelo Poder
o que abrangeria a atribuição de interpor recurso perante o Executivo, quanto à gestão de seus recursos. Feitas essas
STF. Esclareceu que os precedentes citados pelo recorrido considerações, o Colegiado pontuou que, embora o
(SEST - Serviço Social do Transporte) não se aplicariam à recorrido tenha sido criado após a CF/1988, a natureza das
espécie, porque neles o Ministério Público do Trabalho teria atividades por ele desenvolvidas, a forma de financiamento
atuado de forma originária perante o STF, o que seria e o regime de controle a que estaria sujeito o enquadrariam
vedado. No mérito, o Tribunal lembrou que a configuração no conceito original de serviço social autônomo, vinculado e

3
www.ebeji.com.br - Informativo de Jurisprudência Nº 65 – Outubro/2014

AGU Objetiva
financiado por determinado segmento produtivo. Concluiu, o outro polo da demanda, que teria, dessa forma, mais
assim que, em razão de sua natureza jurídica de direito facilidade para obter a pretendida prestação jurisdicional.
privado e não integrante da Administração Pública, direta ou Frisou que, com o advento da CF/1988, não teria sido
indireta, a ele não se aplicaria o inciso II do art. 37 da estruturada a defesa judicial e extrajudicial das autarquias
Constituição. Registrou que a ausência de imposição federais, que possuiriam, à época, representação própria,
normativa de observância obrigatória dos princípios gerais nos termos do art. 29 do ADCT. Entretanto, com a edição da
da Administração Pública na contratação de pessoal, não se Lei 10.480/2002, a Procuradoria-Geral Federal passara a ser
aplicaria a certos serviços sociais (como APS, APEX e responsável pela representação judicial e extrajudicial das
ABDI) e outras espécies de entidades colaboradoras com o autarquias e fundações públicas federais. Ponderou que
Poder Público, cuja disciplina geral imporia a adoção desses fixar entendimento no sentido de o art. 109, § 2º não ser
princípios. Precedentes citados: ADI 1.864/PR (DJe de aplicável a essas hipóteses significaria minar a intenção do
2.5.2008); ARE 683.979/DF (DJe de 23.8.2012); RE constituinte de simplificar o acesso à Justiça. Ressaltou que
366.168/SC (DJU de 14.5.2004) e AI 349.477 AgR/PR (DJU não se trataria de eventual conflito da legislação processual
de 28.2.2003) (RE 789874/DF / i-759). civil com a Constituição, uma vez que aquela não incidiria no
caso. Acresceu que as autarquias federais possuiriam, de
07. Art. 84, § 2º, da Lei 8.112/1990: licença para maneira geral, os mesmos privilégios e vantagens
acompanhar cônjuge e provimento originário: A licença processuais concedidos à União, dentre os quais o
para o acompanhamento de cônjuge ou companheiro de pagamento das custas judiciais somente ao final da
que trata o § 2º do art. 84 da Lei 8.112/1990 não se aplica demanda, quando vencidas (CPC, art. 27); prazos em
aos casos de provimento originário de cargo público quádruplo para contestar e em dobro para recorrer (CPC,
(“Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para art. 188); duplo grau de jurisdição, salvo as exceções legais
acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado (CPC, art. 475); execução fiscal de seus créditos (CPC, art.
para outro ponto do território nacional, para o exterior ou 578); satisfação de julgados pelo regime de precatórios (CF,
para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo art. 100 e CPC, art. 730); e foro privilegiado perante a
o
e Legislativo. ... § 2 No deslocamento de servidor cujo Justiça Federal (CF, art. 109, I). Assinalou que a fixação do
cônjuge ou companheiro também seja servidor público, civil foro competente com base no art. 100, IV, a, do CPC, nas
ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, ações propostas contra autarquias federais resultaria na
do Distrito Federal e dos Municípios, poderá haver exercício concessão de vantagem processual não estabelecida para a
provisório em órgão ou entidade da Administração Federal União, a qual possuiria foro privilegiado limitado pelo art.
direta, autárquica ou fundacional, desde que para o 109, § 2º, da CF. O Ministro Dias Toffoli destacou a
exercício de atividade compatível com o seu cargo”). Com existência de quatro carreiras da advocacia pública federal:
base nessa orientação, a 1ª Turma indeferiu mandado de a Procuradoria da Fazenda Nacional, a Procuradoria
segurança impetrado por servidor de tribunal regional Federal, a Advocacia da União e a Procuradoria do Banco
eleitoral que pretendia obter licença para acompanhar Central. Esta última seria a única autarquia que mantivera
cônjuge, aprovado em concurso público, mas nomeado em carreira separada, tendo em vista a característica
lotação diversa daquela do impetrante. A Turma ressalvou, particularíssima da instituição e a necessidade de
entretanto, que o acórdão impugnado não teria efeito sobre especialização de seu corpo jurídico. Assim, em face da
as nomeações dos impetrantes para exercício de cargos em atual estruturação da advocacia pública federal, perante o
comissão ou funções de confiança, de livre nomeação e litigante particular, bem como do advento do processo
exoneração pela autoridade competente, observada a eletrônico, não se poderia fixar entendimento diverso, no
vedação à prática de nepotismo (MS 28620/DF / i-760). sentido da inaplicabilidade do art. 109, § 2º, da CF às
autarquias federais. Vencidos os Ministros Teori Zavascki,
Rosa Weber e Luiz Fux, que proviam o recurso. O Ministro
CIVIL E PROCESSO CIVIL Teori Zavascki salientava que o dispositivo constitucional em
análise levaria em conta a existência, à época, de foro da
01. Art. 109, § 2º, da CF e autarquias federais: A regra justiça federal apenas nas capitais, o que não mais
prevista no § 2º do art. 109 da CF (“§ 2º - As causas subsistiria. Além disso, haveria grande variedade de
intentadas contra a União poderão ser aforadas na autarquias no País, distintas não apenas pela finalidade,
seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela mas também pelo âmbito geográfico de atuação. Assim, a
onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à norma constitucional deveria ser interpretada de maneira
demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no mais literal. Concluía pela aplicação às autarquias do regime
Distrito Federal”) também se aplica às ações movidas geral de competência previsto no CPC, por considerar que
em face de autarquias federais. Essa a conclusão do ele atenderia a essa diversidade de situações (RE
Plenário que, por maioria, negou provimento a recurso 627709/DF / i-755).
extraordinário em que se discutia o critério de definição do
foro competente para processar e julgar ação ajuizada em 02. MS: admissão de “amicus curiae” e teto remuneratório
face do Conselho Administrativo de Defesa Econômica - em serventias extrajudiciais: Não é cabível a intervenção de
CADE. A Corte registrou que o aludido dispositivo “amicus curiae” em mandado de segurança. Com base
constitucional teria por escopo facilitar a propositura de ação nessa orientação, a 1ª Turma resolveu questão de ordem
pelo jurisdicionado em contraposição ao ente público. suscitada pelo Ministro Dias Toffoli (relator) no sentido de se
Lembrou que o STF já teria enfrentado a questão da indeferir pedido formulado pela Associação dos Notários e
aplicabilidade do art. 109, § 2º, da CF, à autarquia em Registradores do Brasil - Anoreg/Br para que fosse admitida
debate, e que ficara consignada, na ocasião, a finalidade do no presente feito na condição de “amicus curiae”. A Turma
preceito constitucional, que seria a defesa do réu. Ademais, consignou que, tendo em conta o quanto disposto no art.
assentara que o critério de competência constitucionalmente 24 da Lei 12.016/2009 — dispositivo que afirma serem
fixado para as ações nas quais a União fosse autora deveria aplicáveis ao rito do mandado de segurança as normas
estender-se às autarquias federais, entes menores, que não do CPC que disciplinam exclusivamente o litisconsórcio
poderiam ter privilégio maior que a União. O Colegiado —, a intervenção de terceiros nessa classe processual
asseverou que o preceito constitucional em exame não teria seria limitada e excepcional. Asseverou que entendimento
sido concebido para favorecer a União, mas para beneficiar contrário poderia, inclusive, comprometer a celeridade do

4
www.ebeji.com.br - Informativo de Jurisprudência Nº 65 – Outubro/2014

AGU Objetiva
“writ” constitucional. No mérito, a Turma denegou a segurança seria observado o seguinte: a) caso o processo corresse no
e, em consequência, cassou liminar anteriormente deferida. âmbito de Juizado Itinerante, a ausência de anterior pedido
Reafirmou a jurisprudência do STF no sentido da necessidade administrativo não deveria implicar a extinção do feito; b)
de concurso público para o preenchimento de vaga em caso o INSS já tivesse apresentado contestação de mérito,
serventias extrajudiciais. Assentou, por outro lado, a estaria caracterizado o interesse em agir pela resistência à
legitimidade da incidência do teto remuneratório, aplicável aos pretensão; c) caso não se enquadrassem nos itens “a” e “b”
servidores públicos em geral, àqueles interinamente as demais ações ficariam sobrestadas. Nas ações
responsáveis pelos trabalhos nas serventias vagas (MS sobrestadas, o autor seria intimado a dar entrada no pedido
29192/DF / i-755). administrativo em 30 dias, sob pena de extinção do
processo. Comprovada a postulação administrativa, o INSS
03. Ações contra atos do CNJ e competência do STF: A seria intimado a se manifestar acerca do pedido em até 90
competência originária do STF para as ações ajuizadas dias, prazo dentro do qual a Autarquia deveria colher todas
contra o CNJ se restringe ao mandado de segurança, as provas eventualmente necessárias e proferir decisão.
mandado de injunção, “habeas data” e “habeas corpus”. Acolhido administrativamente o pedido, ou se não pudesse
As demais ações em que questionado ato do CNJ ou do ter o seu mérito analisado por motivos imputáveis ao próprio
CNMP submetem-se consequentemente ao regime de requerente, extinguir-se-ia a ação. Do contrário, estaria
competência estabelecido pelas normas comuns de direito caracterizado o interesse em agir e o feito deveria
processual. Com base nesse entendimento, a 2ª Turma, prosseguir. Em todas as situações descritas nos itens “a”,
negou provimento a agravos regimentais em ações cíveis “b” e “c”, tanto a análise administrativa quanto a judicial
originárias e manteve a decisão monocrática atacada que deveriam levar em conta a data do início do processo como
assentara a incompetência do STF e remetera os autos à data de entrada do requerimento, para todos os efeitos
justiça federal (ACO 2373 AgR/DF / i-755). legais. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Cármen Lúcia,
que desproviam o recurso. Assinalavam que o art. 5º, XXXV,
04. Ação perante o INSS e prévio requerimento da CF, não poderia se submeter a condicionantes. Vencida,
administrativo: A exigibilidade de prévio requerimento em menor extensão, a Ministra Rosa Weber, que não
administrativo como condição para o regular exercício do subscrevia a fórmula de transição proposta (RE 631240/MG
direito de ação, para que se postule judicialmente a / i-757).
concessão de benefício previdenciário, não ofende
o art. 5º, XXXV, da CF (“XXXV - a lei não excluirá 05. Inconstitucionalidade de lei e decisão
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou monocrática: É possível o julgamento de
ameaça a direito”). Esse o entendimento do Estudando para a DPU? Não recurso extraordinário por decisão
Plenário, que, em conclusão de julgamento monocrática do relator nas hipóteses
e por maioria, proveu parcialmente recurso
deixe de conhecer o oriundas de ação de controle
extraordinário em que discutida a concentrado de constitucionalidade
possibilidade de propositura de ação Curso Preparatório para o em âmbito estadual de dispositivo de
judicial para pleitear aposentadoria rural concurso de Defensor reprodução obrigatória, quando a
por idade, por parte de segurada que não decisão impugnada refletir pacífica
formulara prévio requerimento
Público Federal jurisprudência do STF sobre o tema.
administrativo — v. Informativo 756. Com base nessa orientação, por
Preliminarmente, por maioria, o Colegiado Totalmente online e baseado maioria, o Plenário recebeu os embargos
conheceu do recurso. Vencida, no ponto, a no último edital! de declaração como agravo regimental e
Ministra Rosa Weber, que entendia cuidar-se www.ebeji.com.br a este negou provimento. Na espécie,
de ofensa meramente reflexa à Constituição. tratava-se de declaratórios opostos de
No mérito, o Colegiado asseverou que, na decisão monocrática proferida pelo Ministro
situação dos autos, para se caracterizar a presença Dias Toffoli (CPC, art. 557, § 1º, a), na qual
de interesse em agir, seria preciso haver necessidade de ir assentada — com fundamento na jurisprudência
a juízo. Reputou que a concessão de benefício consolidada da Corte — a inconstitucionalidade de lei que
previdenciário dependeria de requerimento do dispõe sobre a criação de cargos em comissão para funções
interessado, e não se caracterizaria ameaça ou lesão a que não exigissem o requisito da confiança para o seu
direito antes de sua apreciação e eventual indeferimento preenchimento. Na mencionada decisão, o relator destacara
pelo INSS, ou se o órgão não oferecesse resposta após que os cargos, consoante a norma impugnada, deveriam ser
45 dias. Ressalvou que a exigência de prévio ocupados por pessoas determinadas conforme a descrição
requerimento não se confundiria, entretanto, com o nela constante — v. Informativo 707. Em acréscimo, o
exaurimento das vias administrativas. Consignou, ainda, Ministro Teori Zavascki, tendo em conta a natureza objetiva
que a exigência de prévio requerimento administrativo do recurso extraordinário nesses casos, destacou que o
não deveria prevalecer quando o entendimento da procedimento se justificaria pelas mesmas razões que
Administração fosse notório e reiteradamente contrário à autorizariam a dispensa da cláusula da reserva de plenário
postulação do segurado. Acresceu que, nas hipóteses de (CPC, art. 481, parágrafo único), invocáveis por analogia.
pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de Observou, também, que a análise pelo órgão colegiado não
benefício anteriormente concedido — uma vez que o INSS estaria excluída, pois poderia ser provocada por recurso
teria o dever legal de conceder a prestação mais vantajosa interno. Vencido o Ministro Marco Aurélio quanto à
possível — o pedido poderia ser formulado diretamente em conversão e ao mérito. Destacava impossibilidade de o
juízo, porque nesses casos a conduta do INSS já configuraria relator, monocraticamente, julgar o tema de fundo de
o não acolhimento da pretensão. Em seguida, o Plenário processo objetivo a envolver controvérsia constitucional (RE
ponderou que, tendo em vista a prolongada oscilação 376440 ED/DF / i-759).
jurisprudencial na matéria, inclusive no STF, dever-se-ia
estabelecer uma fórmula de transição, para lidar com as 06. Litisconsórcio facultativo e fracionamento de precatório:
ações em curso. Quanto aos processos iniciados até a data O fracionamento do valor da execução, em caso de
da sessão de julgamento, sem que tivesse havido prévio litisconsórcio facultativo, para expedição de requisição
requerimento administrativo nas hipóteses em que exigível, de pequeno valor em favor de cada credor, não implica

5
www.ebeji.com.br - Informativo de Jurisprudência Nº 65 – Outubro/2014

AGU Objetiva
violação ao art. 100, § 8º, da CF, com a redação dada inconstitucionalidade para suspender a vigência do art. 31
pela EC 62/2009 (“É vedada a expedição de precatórios do ADCT da Constituição do Estado do Rio Grande do
complementares ou suplementares de valor pago, bem Norte, com a redação dada pelo art. 2º da EC 11/2013 (“Art.
como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da 31. Não serão computados, para efeito dos limites
execução para fins de enquadramento de parcela do total ao remuneratórios de que trata o art. 26, inciso XI, da
que dispõe o § 3º deste artigo”). Com base nessa Constituição Estadual, valores recebidos a título de
orientação, o Plenário negou provimento a recurso indenização prevista em lei, nos termos do art. 37, § 11, da
extraordinário em que se discutia a possibilidade de Constituição Federal, o abono de permanência de que trata
fracionamento de valores devidos pela Fazenda Pública em o art. 40, § 19, da Constituição Federal, bem como o
caso de litisconsórcio facultativo para fins de expedição de adicional por tempo de serviço e outras vantagens pessoais
requisição de pequeno valor em benefício dos credores percebidos até 31 de dezembro de 2003, data da publicação
individualmente considerados. O Tribunal afirmou que, após da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de
precedentes da 1ª Turma terem reconhecido a possiblidade 2003, que compunham a remuneração ou integravam o
de fracionamento para a expedição imediata de precatório cálculo de aposentadoria ou pensão do ocupante de cargo,
relativamente à parte incontroversa de título judicial, a função e emprego público da Administração Direta e
jurisprudência do STF se consolidara no sentido contrário à Indireta, observado, neste último caso, o disposto no § 9º do
tese defendida pelo recorrente, que se apegara à literalidade art. 37 da Constituição Federal, do membro de qualquer dos
do texto constitucional. A Corte ressaltou não ser possível Poderes do Estado, do Ministério Público, do Tribunal de
prender-se à expressão “valor da execução” para impedir o Contas, da Defensoria Pública, do Procurador Público, dos
fracionamento. Sublinhou que as execuções promovidas por demais agentes políticos e dos beneficiários de proventos,
litisconsortes facultativos nasceriam fracionadas. Registrou pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos
que o próprio executado poderia opor a um ou alguns dos cumulativamente ou não”). No caso, a norma contestada
litisconsortes obstáculos à execução da sentença, como resultara de processo legislativo desencadeado pela
prescrição, realização de pagamento, dentre outros, nos governadora do estado-membro que, com base no art. 37, §
termos do art. 741, VI, do CPC (“Art. 741. Na execução 12, da CF, encaminhara à assembleia legislativa proposta
contra a Fazenda Pública, os embargos só poderão versar de alteração de um único artigo da Constituição Estadual
sobre: ... VI - qualquer causa impeditiva, modificativa ou (art. 26, XI), que passaria a prever o subsídio mensal, em
extintiva da obrigação, como pagamento, novação, espécie, dos desembargadores do tribunal de justiça, como
compensação, transação ou prescrição, desde que teto para a remuneração de todos os servidores estaduais, à
superveniente à sentença”). Salientou que o raciocínio exceção dos deputados estaduais, conforme determinado
desenvolvido pelo recorrente levaria a inviabilizar o pela Constituição Federal após a EC 41/2003. No curso de
tratamento singularizado de cada litisconsorte facultativo, o sua tramitação na casa legislativa, o projeto fora alterado
que poderia trazer prejuízos à própria Fazenda Pública. pelos parlamentares para excluir, do referido teto, as verbas
Frisou que o caso analisado seria de litisconsórcio contidas no art. 31 do ADCT. O Tribunal afirmou que os
facultativo simples e, portanto, a execução promovida traços básicos do processo legislativo estadual deveriam
deveria considerar cada litigante autonomamente, de modo prestar reverência obrigatória ao modelo contemplado no
que seria dado a cada um o que lhe fosse devido segundo a texto da Constituição Federal, inclusive no tocante à reserva
sentença proferida. Enfatizou que não faria sentido de iniciativa do processo legislativo. Sublinhou que, por força
interpretar um dispositivo constitucional para desestimular a da prerrogativa instituída pelo art. 61, § 1º, II, a, da CF,
salutar formação de litisconsórcios facultativos simples e somente o Chefe do Poder Executivo estadual teria
fomentar a discussão judicial de pedidos idênticos, autoridade para instaurar processo legislativo sobre o
especialmente após a inserção da garantia da razoável regime jurídico dos servidores estaduais, no que se incluiria
duração do processo na Constituição (RE 568645/SP / i- a temática do teto remuneratório. Salientou que esta
760). prerrogativa deveria ser observada mesmo quanto a
iniciativas de propostas de emenda à Constituição Estadual.
07. MS N. 26.366-PI / RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO / A Corte frisou que o dispositivo ora impugnado configuraria
PROCESSO ADMINISTRATIVO – ATUAÇÃO DO imoderação no exercício do poder parlamentar de emenda.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – LIMITES Concluiu que, ao criar hipóteses de exceção à incidência do
OBJETIVOS. O Conselho Nacional de Justiça não está teto remuneratório do serviço público estadual e,
sujeito aos limites objetivos do processo civil, podendo, consequentemente, exceder o prognóstico de despesas
em prol dos princípios básicos referentes à contemplado no texto original do projeto encaminhado pelo
Administração Pública, atuar de ofício. MAGISTRATURA Chefe do Poder Executivo estadual, a assembleia legislativa
– CONCURSO DE REMOÇÃO – OPORTUNIDADE. O atuara em domínio temático sobre o qual não lhe seria
concurso de remoção pressupõe encontrar-se vago o cargo permitido interferir, de modo a configurar abuso de poder
envolvido. MAGISTRATURA – MODIFICAÇÃO DA legislativo. Vencido, em parte, o Ministro Marco Aurélio, que
ENTRÂNCIA – JUÍZO – TITULAR – PRESERVAÇÃO DO deferia a medida cautelar em menor extensão para
EXERCÍCIO. Ocorrendo a modificação da natureza do suspender, por vício material e formal, os dispositivos que
Juízo, passando este a ser de entrância de maior excluem do teto o adicional por tempo de serviço e, de uma
envergadura, cumpre preservar a situação do magistrado forma genérica, outras vantagens pessoais percebidas até
que o exerce (i-760). 31.12.2003. Pontuava que a Constituição Federal excluiria
do teto as verbas recebidas a título de indenização, nelas
incluída o abono de permanência (CF, art. 40, § 19) (ADI
CONSTITUCIONAL 5087 MC/DF / i-756).

01. ADI: aumento de despesas e vício de iniciativa: É 02. RMS: demarcação de terra indígena e análise de
possível emenda parlamentar a projeto de lei de requisitos: Em conclusão de julgamento, a 2ª Turma, por
iniciativa reservada ao Chefe do Poder Executivo, desde maioria, deu provimento a recurso ordinário em mandado de
que haja pertinência temática e não acarrete aumento de segurança para declarar a nulidade da portaria e do
despesas. Com base nesse entendimento, o Plenário, por processo administrativo que visavam a demarcação de terra
maioria, concedeu medida cautelar em ação direta de indígena no Estado do Mato Grosso do Sul — v.

6
www.ebeji.com.br - Informativo de Jurisprudência Nº 65 – Outubro/2014

AGU Objetiva
Informativos 752 e 758. A Turma consignou que a questão ALIMENTÍCIAS QUANDO IDOSOS OU PORTADORES DE
da terra representaria o aspecto fundamental dos direitos e DOENÇA GRAVE. RESPEITO À DIGNIDADE DA PESSOA
das prerrogativas constitucionais assegurados ao índio. HUMANA E À PROPORCIONALIDADE. INVALIDADE
Asseverou que sem a garantia de permanência nas terras JURÍDICO-CONSTITUCIONAL DA LIMITAÇÃO DA
por ele já tradicionalmente ocupadas, expor-se-ia o índio ao PREFERÊNCIA A IDOSOS QUE COMPLETEM 60
risco da desintegração cultural, da perda de sua identidade (SESSENTA) ANOS ATÉ A EXPEDIÇÃO DO
étnica, da dissolução de seus vínculos históricos, sociais e PRECATÓRIO. DISCRIMINAÇÃO ARBITRÁRIA E
antropológicos e da erosão de sua própria consciência. VIOLAÇÃO À ISONOMIA (CF, ART. 5º).
Entretanto, destacou que somente se reconheceriam aos INCONSTITUCIONALIDADE DA SISTEMÁTICA DE
índios os direitos sobre as terras que tradicionalmente COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS INSCRITOS EM
ocupassem se a área estivesse habitada por eles na PRECATÓRIOS EM PROVEITO EXCLUSIVO DA
data da promulgação da Constituição Federal (marco FAZENDA PÚBLICA. EMBARAÇO À EFETIVIDADE DA
temporal) e, complementarmente, se houvesse a efetiva JURISDIÇÃO (CF, ART. 5º, XXXV), DESRESPEITO À
relação dos índios com a terra (marco da COISA JULGADA MATERIAL (CF, ART. 5º XXXVI),
tradicionalidade da ocupação). Salientou que o relatório OFENSA À SEPARAÇÃO DOS PODERES (CF, ART. 2º) E
de identificação e delimitação da terra indígena, elaborado ULTRAJE À ISONOMIA ENTRE O ESTADO E O
pela Funai, indicaria ser incontroverso que há mais de 70 PARTICULAR (CF, ART. 1º, CAPUT, C/C ART. 5º, CAPUT).
anos não existiria comunidade indígena ou posse indígena IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DA UTILIZAÇÃO DO ÍNDICE
no local em disputa. Logo, o marco objetivo temporal DE REMUNERAÇÃO DA CADERNETA DE POUPANÇA
insubstituível não estaria preenchido, e se mostraria COMO CRITÉRIO DE CORREÇÃO MONETÁRIA.
desnecessário averiguar a tradicionalidade da posse dos VIOLAÇÃO AO DIREITO FUNDAMENTAL DE
índios, bem como impossível reconhecer a posse indígena PROPRIEDADE (CF, ART. 5º, XXII). INADEQUAÇÃO
daquelas terras. Pontou ser viável analisar, em recurso MANIFESTA ENTRE MEIOS E FINS.
ordinário em mandado de segurança, se os requisitos do INCONSTITUCIONALIDADE DA UTILIZAÇÃO DO
procedimento demarcatório teriam sido corretamente RENDIMENTO DA CADERNETA DE POUPANÇA COMO
seguidos, bem como sobre a eventual prova da efetiva e ÍNDICE DEFINIDOR DOS JUROS MORATÓRIOS DOS
formal presença indígena, no local, em 5.10.1988. Destacou CRÉDITOS INSCRITOS EM PRECATÓRIOS, QUANDO
que, no julgamento da Petição 3.388/RR (DJe 25.9.2009) — ORIUNDOS DE RELAÇÕES JURÍDICO-TRIBUTÁRIAS.
caso Raposa Serra do Sol —, o STF, ao examinar o DISCRIMINAÇÃO ARBITRÁRIA E VIOLAÇÃO À
regime jurídico constitucional de demarcação ISONOMIA ENTRE DEVEDOR PÚBLICO E
de terras indígenas no Brasil, teria erigido DEVEDOR PRIVADO (CF, ART. 5º,
salvaguardas institucionais intrinsecamente Estudando para a DPU? Não CAPUT). INCONSTITUCIONALIDADE
relacionadas e complementares que teriam deixe de conhecer o DO REGIME ESPECIAL DE
assegurado a validade da demarcação PAGAMENTO. OFENSA À CLÁUSULA
analisada naqueles autos, mas que Curso Preparatório para o CONSTITUCIONAL DO ESTADO DE
serviriam de norte para futuras contendas DIREITO (CF, ART. 1º, CAPUT), AO
a serem resolvidas judicialmente. concurso de Defensor PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE
Asseverou que a análise da observância, Público Federal PODERES (CF, ART. 2º), AO
ou não, das mencionadas salvaguardas, POSTULADO DA ISONOMIA (CF, ART.
no caso dos autos, não dependeria de Totalmente online e baseado 5º, CAPUT), À GARANTIA DO ACESSO
dilação probatória, inviável em mandado À JUSTIÇA E A EFETIVIDADE DA
no último edital!
de segurança. Aduziu que, se houver a TUTELA JURISDICIONAL (CF, ART. 5º,
necessidade de terras para que se possam www.ebeji.com.br XXXV) E AO DIREITO ADQUIRIDO E À
acolher as populações indígenas — mas COISA JULGADA (CF, ART. 5º, XXXVI).
ausentes os requisitos qualificadores da posse PEDIDO JULGADO PROCEDENTE EM PARTE.
previstos no art. 231 da CF — impor-se-ia que a União, 1. A aprovação de emendas à Constituição não
valendo-se da sua competência funcional, formulasse uma recebeu da Carta de 1988 tratamento específico quanto ao
declaração expropriatória que conduzisse a um intervalo temporal mínimo entre os dois turnos de votação
procedimento em que houvesse o pagamento de uma justa (CF, art. 62, §2º), de sorte que inexiste parâmetro objetivo
e prévia indenização em dinheiro. Vencido o Ministro que oriente o exame judicial do grau de solidez da vontade
Ricardo Lewandowski (relator), que negava provimento ao política de reformar a Lei Maior. A interferência judicial no
recurso. Entendia que para apurar se a área demarcada âmago do processo político, verdadeiro locus da atuação
guardaria ligação anímica com a comunidade indígena e típica dos agentes do Poder Legislativo, tem de gozar de
ilidir as conclusões obtidas pela Funai seria necessária a lastro forte e categórico no que prevê o texto da
produção de prova, o que não poderia ser feito na via eleita Constituição Federal. Inexistência de ofensa formal à
ante seus estreitos limites. Explicava que o caso Raposa Constituição brasileira. 2. Os precatórios devidos a titulares
Serra do Sol teria sido atípico, razão pela qual não poderia idosos ou que sejam portadores de doença grave devem
ser estendido para além daquele caso e, ademais, não teria submeter-se ao pagamento prioritário, até certo limite, posto
nenhum efeito vinculante (RMS 29087/DF / i-759). metodologia que promove, com razoabilidade, a dignidade
da pessoa humana (CF, art. 1º, III) e a proporcionalidade
03. ADI N. 4.357-DF / RED. P/ O ACÓRDÃO: MIN. LUIZ (CF, art. 5º, LIV), situando-se dentro da margem de
FUX / EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL. REGIME DE conformação do legislador constituinte para
EXECUÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA MEDIANTE operacionalização da novel preferência subjetiva criada pela
PRECATÓRIO. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 62/2009. Emenda Constitucional nº 62/2009. 3. A expressão “na
INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL NÃO data de expedição do precatório”, contida no art. 100,
CONFIGURADA. INEXISTÊNCIA DE INTERSTÍCIO §2º, da CF, com redação dada pela EC nº 62/09,
CONSTITUCIONAL MÍNIMO ENTRE OS DOIS TURNOS enquanto baliza temporal para a aplicação da
DE VOTAÇÃO DE EMENDAS À LEI MAIOR (CF, ART. 60, preferência no pagamento de idosos, ultraja a isonomia
§2º). CONSTITUCIONALIDADE DA SISTEMÁTICA DE (CF, art. 5º, caput) entre os cidadãos credores da
“SUPERPREFERÊNCIA” A CREDORES DE VERBAS Fazenda Pública, na medida em que discrimina, sem

7
www.ebeji.com.br - Informativo de Jurisprudência Nº 65 – Outubro/2014

AGU Objetiva
qualquer fundamento, aqueles que venham a alcançar a autorização legal ou em desacordo com as obrigações
idade de sessenta anos não na data da expedição do impostas pelo título autorizativo”). A defesa alegava que não
precatório, mas sim posteriormente, enquanto pendente seria possível responsabilizar o ora denunciado pela prática
este e ainda não ocorrido o pagamento. 4. A dos fatos que lhe foram imputados, pois seriam de
compensação dos débitos da Fazenda Pública inscritos responsabilidade da pessoa jurídica da qual proprietário.
em precatórios, previsto nos §§ 9º e 10 do art. 100 da Aduzia que esse argumento seria corroborado por decisão
Constituição Federal, incluídos pela EC nº 62/09, proferida pelo juízo que o havia excluído do polo passivo de
embaraça a efetividade da jurisdição (CF, art. 5º, XXXV), ação civil pública. A Turma, de início, ao resolver questão de
desrespeita a coisa julgada material (CF, art. 5º, XXXVI), ordem suscitada pela Ministra Cármen Lúcia (relatora), não
vulnera a Separação dos Poderes (CF, art. 2º) e ofende a acolheu pedido formulado pela defesa no sentido de que
isonomia entre o Poder Público e o particular (CF, art. 5º, fosse adiado o julgamento. Ponderou que o processo estaria
caput), cânone essencial do Estado Democrático de pautado há 15 dias, devidamente aparelhado para
Direito (CF, art. 1º, caput). 5. O direito fundamental de julgamento. Mencionou que o anterior defensor do
propriedade (CF, art. 5º, XXII) resta violado nas hipóteses denunciado, cinco dias após o feito entrar em pauta,
em que a atualização monetária dos débitos fazendários renunciara aos poderes a ele outorgados. Porém, somente
inscritos em precatórios perfaz-se segundo o índice oficial na véspera do julgamento fora juntado novo mandato, com o
de remuneração da caderneta de poupança, na medida em referido pedido de adiamento. Na sequência, em questão
que este referencial é manifestamente incapaz de preservar preliminar, a Turma rejeitou a denúncia, nos termos do art.
o valor real do crédito de que é titular o cidadão. É que a 395, II, do CPP (“Art. 395. A denúncia ou queixa será
inflação, fenômeno tipicamente econômico-monetário, rejeitada quando: ... II - faltar pressuposto processual ou
mostra-se insuscetível de captação apriorística (ex ante), de condição para o exercício da ação penal”), no tocante ao
modo que o meio escolhido pelo legislador constituinte delito previsto no art. 55 da Lei 9.605/1998, em razão da
(remuneração da caderneta de poupança) é inidôneo a prescrição da pretensão punitiva estatal. Com relação ao
promover o fim a que se destina (traduzir a inflação do crime previsto no art. 2º da Lei 8.176/1991, o Colegiado
período). 6. A quantificação dos juros moratórios relativos a recebeu a denúncia. Consignou, primeiramente, que a
débitos fazendários inscritos em precatórios segundo o jurisprudência do STF seria no sentido de que, mesmo
índice de remuneração da caderneta de poupança vulnera o em relação aos delitos societários, a denúncia deveria
princípio constitucional da isonomia (CF, art. 5º, caput) ao conter, ainda que minimamente, a descrição
incidir sobre débitos estatais de natureza tributária, pela individualizada da conduta supostamente praticada pela
discriminação em detrimento da parte processual privada pessoa física dela integrante. Acrescentou que seria
que, salvo expressa determinação em contrário, responde suficiente, para a aptidão da denúncia por crimes
pelos juros da mora tributária à taxa de 1% ao mês em favor societários, a indicação, na peça acusatória, de que a
do Estado (ex vi do art. 161, §1º, CTN). Declaração de pessoa física denunciada tivesse participação na gestão
inconstitucionalidade parcial sem redução da expressão da pessoa jurídica, e que não fosse infirmada, de plano,
“independentemente de sua natureza”, contida no art. 100, pelo ato constitutivo desta última, a responsabilidade
§12, da CF, incluído pela EC nº 62/09, para determinar que, daquela na condução da sociedade. Asseverou que, no
quanto aos precatórios de natureza tributária, sejam caso, o poder de gestão e a titularidade da empresa seriam
aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e ambos do denunciado. Apontou, ademais, que a exclusão
qualquer crédito tributário. 7. O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, do acusado do polo passivo de ação civil pública não seria
com redação dada pela Lei nº 11.960/09, ao reproduzir as motivo para obstar a “persecutio criminis in iudicio”.
regras da EC nº 62/09 quanto à atualização monetária e à Destacou que haveria uma independência relativa entre os
fixação de juros moratórios de créditos inscritos em juízos cível, criminal e administrativo. Dessa forma, o quanto
precatórios incorre nos mesmos vícios de juridicidade que decidido no juízo cível não seria suficiente para obstar, nesta
inquinam o art. 100, §12, da CF, razão pela qual se revela fase, o recebimento da denúncia (Inq 3644/AC / i-758).
inconstitucional por arrastamento, na mesma extensão dos
itens 5 e 6 supra. 8. O regime “especial” de pagamento de 02. Inq N. 3.133-AC / RELATOR: MIN. LUIZ FUX / EMENTA:
precatórios para Estados e Municípios criado pela EC nº INQUÉRITO. DENÚNCIA CONTRA DEPUTADA FEDERAL.
62/09, ao veicular nova moratória na quitação dos débitos COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA (ART. 102, I, ‘b’, CRFB).
judiciais da Fazenda Pública e ao impor o DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA (ART. 339 DO CP). DOLO
contingenciamento de recursos para esse fim, viola a DIRETO NÃO CONFIGURADO. EXERCÍCIO REGULAR DO
cláusula constitucional do Estado de Direito (CF, art. 1º, DIREITO DE PETIÇÃO (ART. 5º, XXXIV, ‘a’, CRFB). CAUSA
caput), o princípio da Separação de Poderes (CF, art. 2º), o EXCLUDENTE DE ILICITUDE (ART. 23, III, CP).
postulado da isonomia (CF, art. 5º), a garantia do acesso à PRECEDENTES. DOUTRINA. PRETENSÃO PUNITIVA
justiça e a efetividade da tutela jurisdicional (CF, art. 5º, ESTATAL JULGADA IMPROCEDENTE. 1. O crime de
XXXV), o direito adquirido e à coisa julgada (CF, art. 5º, denunciação caluniosa (art. 339 do CP) exige, para sua
XXXVI). 9. Pedido de declaração de inconstitucionalidade configuração, que o agente tenha dolo direto de imputar
julgado procedente em parte (i-760). a outrem, que efetivamente sabe ser inocente, a prática
de fato definido como crime, não se adequando ao tipo
penal a conduta daquele que vivencia uma situação
PENAL E PROCESSO PENAL conflituosa e reporta-se à autoridade competente para
dar o seu relato sobre os acontecimentos. Precedente
01. Crime societário e recebimento da denúncia: A 2ª Turma (Inq 1547, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Relator(a)
recebeu, em parte, denúncia oferecida contra deputado p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado
federal pela suposta prática dos crimes previstos no art. 55 em 21/10/2004). 2. A doutrina sobre o tema assenta que,
da Lei 9.605/1998 (“Executar pesquisa, lavra ou extração de verbis: “Para perfeição do crime não basta que o conteúdo da
recursos minerais sem a competente autorização, denúncia seja desconforme com a realidade; é mister o dolo.
permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a (…) Se ele [o agente] tem convicção sincera de que aquele
obtida”) e no art. 2º da Lei 8.176/1991 (“Constitui crime realmente é autor de certo delito, não cometerá o crime
contra o patrimônio, na modalidade de usurpação, produzir definido” (NORONHA, Edgard Magalhães. Direito Penal. 4º
bens ou explorar matéria-prima pertencentes à União, sem volume. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 1976. p. 376-378). 3. A

8
www.ebeji.com.br - Informativo de Jurisprudência Nº 65 – Outubro/2014

AGU Objetiva
Constituição assegura, no seu art. 5º, XXXIV, ‘a’, o direito CONTÉM NA LOCUÇÃO CONSTITUCIONAL “CRIMES
fundamental de petição aos poderes públicos, de modo que COMUNS”. PRECEDENTES. TRANSAÇÃO PENAL (LEI Nº
o seu exercício regular é causa justificante do oferecimento 9.099/95, ART. 76). “NOLO CONTENDERE”. MEDIDA
de notitia criminis (art. 23, III, do Código Penal), não sendo o DESPENALIZADORA. REQUISITOS. NECESSIDADE DE
arquivamento do feito instaurado capaz de tornar ilícita a ACEITAÇÃO EXPRESSA, PELO SUPOSTO AUTOR DO
conduta do noticiante. 4. A jurisprudência desta Corte DELITO, DA PROPOSTA DE TRANSAÇÃO PENAL.
preceitua que, verbis: “A acusação por crime de APLICABILIDADE DESSE INSTITUTO AOS
denunciação caluniosa deve conter um lastro probatório PROCEDIMENTOS PENAIS ORIGINÁRIOS
mínimo, no sentido de demonstrar que a instauração de INSTAURADOS PERANTE A CORTE SUPREMA.
investigação policial, processo judicial, investigação DOUTRINA. PRECEDENTES. - O membro do Congresso
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade Nacional, quando licenciado para o exercício de
administrativa teve por única motivação o interesse de determinados cargos no Poder Executivo (CF, art. 56,
atribuir crime a uma pessoa que se sabe ser inocente” (RHC inciso I), como o de Secretário de Estado, não perde a
85023, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda prerrogativa de foro, perante o Supremo Tribunal
Turma, julgado em 08/05/2007). 5. In casu: (i) consta dos Federal, nas infrações penais comuns, cuja noção
autos que a Polícia Federal realizou uma diligência na conceitual abrange os crimes eleitorais. Precedentes. -
residência da ora Denunciada, que, por sua vez, reclamou São plenamente aplicáveis aos procedimentos penais
do horário em que efetivada a medida, seguindo-se troca de originários instaurados perante o Supremo Tribunal Federal
hostilidades entre ela e o Delegado que comandou a as medidas de despenalização previstas na Lei nº 9.099/95
operação, inclusive com contato físico; (ii) a ora Acusada, (RTJ 162/483-484), entre as quais figura a transação penal
então, apresentou notitia criminis ao Ministério Público para (art. 76), cuja pessoal e expressa aceitação por parte do
que fosse averiguado eventual delito cometido pelos suposto autor da infração, desde que regularmente assistido
policiais que realizaram a incursão em sua residência; (iii) o por seu Advogado, traduz verdadeiro “nolo contendere”. - A
procedimento administrativo instaurado, entretanto, foi transação penal, em referido contexto, qualifica-se como
arquivado, motivo pelo qual foi proposta a denúncia ora instituto que, ao valorizar a autonomia da vontade dos
apreciada, por denunciação caluniosa (art. 339 do CP); (iv) o sujeitos integrantes da relação processual penal, representa
vídeo que registrou a diligência não revela maiores significativa ampliação do espaço de consenso em
detalhes do contato físico entre os envolvidos, sede de persecução criminal. Doutrina. - O
pelo que dele não se pode extrair a má-fé da Deputado Estadual, nos crimes eleitorais,
ora Acusada; (v) a própria exordial acusatória Prepare-se para o concurso dispõe de prerrogativa de foro, “ratione
reconhece que o exame de corpo de delito muneris”, perante o Tribunal Regional
da Defensoria Pública da
realizado na Denunciada apontou a Eleitoral do Estado onde foi eleito.
existência de “equimoses avermelhadas, União com Aplicação, ao caso, da diretriz
caracterizadas como lesões corporais consubstanciada na Súmula 702/STF.
leves”, o que corrobora a versão
apresentada na notitia criminis, no
sentido de que houve efetiva agressão
GEDPU Doutrina. Precedentes (STF e TSE) (i-
758).

física. 6. Pretensão punitiva estatal Resolução de questões


julgada improcedente, nos termos do art. objetivas, peças, pareceres e PREVIDENCIÁRIO
6º da Lei nº 8.038/90 e do art. 397, III, do dissertações
Código de Processo Penal, tendo em vista 01. Aposentadoria por invalidez com
que o fato narrado na denúncia www.ebeji.com.br
proventos integrais: doença incurável e rol
evidentemente não constitui crime (i-758). taxativo: A concessão de aposentadoria por
invalidez com proventos integrais exige que a
03. Deputado Federal Nomeado Secretário de Estado - doença incapacitante esteja prevista em rol taxativo da
Subsistência da Prerrogativa de Foro Perante o STF - legislação de regência. Com base nessa orientação, o
Deputado Estadual - Crime Eleitoral - Prerrogativa de Foro - Plenário deu provimento a recurso extraordinário para
TRE (Transcrições) / Inq 3.357/PR* / RELATOR: Ministro reformar acórdão que deferira à recorrida aposentadoria com
Celso de Mello / EMENTA: INQUÉRITO. PLURALIDADE DE proventos integrais por invalidez decorrente de doença grave
INVESTIGADOS. DESMEMBRAMENTO. POSSIBILIDADE e incurável, embora a enfermidade da qual portadora não
(CPP, ART. 80). PRECEDENTES. SEPARAÇÃO DOS estivesse incluída em lei, tendo em conta que norma não
AUTOS EM RELAÇÃO AO DEPUTADO ESTADUAL, poderia alcançar todas as hipóteses consideradas pela
INVESTIGADO POR SUPOSTA PRÁTICA DE DELITO medicina como graves, contagiosas e incuráveis. Discutia-se
ELEITORAL (CÓDIGO ELEITORAL, ART. 323). HIPÓTESE a possibilidade de concessão de aposentadoria por invalidez
EM QUE É DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL (TRE) com proventos integrais nos casos em que a moléstia
DO ESTADO EM QUE EXERCE O MANDATO incurável não estivesse especificada em lei. O Tribunal
LEGISLATIVO A COMPETÊNCIA PENAL ORIGINÁRIA aduziu que o art. 40, § 1º, I, da CF assegura aos servidores
PARA PROCESSAR E JULGAR REFERIDO públicos abrangidos pelo regime de previdência nele
PARLAMENTAR ESTADUAL. DOUTRINA. PRECEDENTES estabelecido o direito à aposentadoria por invalidez com
(STF E TSE). CONSEQUENTE ENCAMINHAMENTO DOS proventos proporcionais ao tempo de contribuição.
AUTOS, MEDIANTE CÓPIA, AO TRE/PR, QUE DISPÕE DE Registrou, no entanto, que esse benefício seria devido com
COMPETÊNCIA PENAL ORIGINÁRIA PARA PROCESSAR proventos integrais quando a invalidez fosse decorrente de
E JULGAR DEPUTADOS ESTADUAIS NOS DELITOS acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave,
ELEITORAIS. DEPUTADO FEDERAL LICENCIADO. contagiosa ou incurável, “na forma da lei”. Asseverou, desse
EXERCÍCIO ATUAL DO CARGO DE SECRETÁRIO DE modo, pertencer ao domínio normativo ordinário a definição
ESTADO. LEGITIMIDADE (CF, ART. 56, I). das doenças e moléstias que ensejariam aposentadoria por
PRESERVAÇÃO, MESMO ASSIM, DA PRERROGATIVA invalidez com proventos integrais, cujo rol, segundo a
DE FORO, PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, jurisprudência do STF, teria natureza taxativa (RE
NOS CRIMES COMUNS. PRECEDENTES. CRIMES 656860/MT / i-755).
ELEITORAIS. MODALIDADE DELITUOSA QUE SE

9
www.ebeji.com.br - Informativo de Jurisprudência Nº 65 – Outubro/2014

AGU Objetiva
RE N. 656.860-MT / RELATOR: MIN. TEORI ZAVASCKI / desproveu recurso extraordinário se discutia a
EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. constitucionalidade da incidência de ICMS sobre operações
SERVIDOR PÚBLICO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ de importação de mercadorias, sob o regime de
COM PROVENTOS INTEGRAIS. ART. 40, § 1º, I, DA CF. arrendamento mercantil internacional — v. Informativos 629
SUBMISSÃO AO DISPOSTO EM LEI ORDINÁRIA. 1. O art. e 729. O Tribunal assinalou que a incidência do ICMS
40, § 1º, I, da Constituição Federal assegura aos pressuporia operação de circulação de mercadoria. Assim,
servidores públicos abrangidos pelo regime de se não houver aquisição de mercadoria, mas mera posse
previdência nele estabelecido o direito a aposentadoria decorrente do arrendamento, não se poderia cogitar de
por invalidez com proventos proporcionais ao tempo de circulação econômica. Dessa forma, sublinhou que caberia à
contribuição. O benefício será devido com proventos Fazenda Pública examinar o contrato de arrendamento para
integrais quando a invalidez for decorrente de acidente verificar a incidência de ICMS. Frisou que não haveria a
em serviço, moléstia profissional ou doença grave, aludida incidência sobre a operação de arrendamento
contagiosa ou incurável, “na forma da lei”. 2. Pertence, mercantil sempre que a mercadoria fosse passível de
portanto, ao domínio normativo ordinário a definição restituição ao proprietário e enquanto não fosse efetivada a
das doenças e moléstias que ensejam aposentadoria opção de compra. Por outro lado, afirmou que sobre a
por invalidez com proventos integrais, cujo rol, segundo operação de arrendamento a envolver bem insuscetível de
a jurisprudência assentada pelo STF, tem natureza devolução, fosse por circunstâncias naturais ou físicas ou
taxativa. 3. Recurso extraordinário a que se dá provimento por se tratar de insumo, incidiria ICMS, porque nessa
(i-759). hipótese o contrato teria apenas a forma de arrendamento,
mas conteúdo de compra e venda. Apontou que, nos termos
do acórdão recorrido, o caso dos autos seria de contrato de
TRIBUTÁRIO arrendamento mercantil internacional de bem suscetível de
devolução, sem opção de compra. Ademais, enfatizou que o
01. ICMS: revogação de benefício fiscal e princípio da entendimento de que o ICMS incidiria sobre toda e qualquer
anterioridade tributária: Configura aumento indireto de entrada de mercadoria importada poderia resultar em
tributo e, portanto, está sujeita ao princípio da situações configuradoras de afronta ao princípio
anterioridade tributária, a norma que implica revogação constitucional da vedação de confisco (CF, art. 150, IV). Isso
de benefício fiscal anteriormente concedido. Com base porque, no caso de mercadoria que não constitua o
nessa orientação, a 1ª Turma, por maioria, manteve decisão patrimônio do arrendatário, o tributo, ao invés de integrar o
do Ministro Marco Aurélio (relator), que negara seguimento a valor da mercadoria, como seria da natureza do ICMS,
recurso extraordinário, por entender que o acórdão expropriaria parcela do efetivo patrimônio da empresa.
impugnado estaria em consonância com o precedente firmado Salientou que os conceitos de direito privado não poderiam
na ADI 2.325 MC/DF (DJU de 6.10.2006). Na espécie, o ser desnaturados pelo direito tributário. Vencidos os
tribunal “a quo” afastara a aplicação — para o ano em que Ministros Gilmar Mendes (relator) e Teori Zavascki, que
publicados — de decretos estaduais que teriam reduzido davam provimento ao recurso. O relator aplicava o
benefício de diminuição de base de cálculo do ICMS, sob o precedente firmado no RE 206.069/SP (DJU de 1º.9.2006),
fundamento de ofensa ao princípio da anterioridade tributária. de modo a garantir a incidência do ICMS na importação de
A Turma afirmou que os mencionados atos normativos teriam bem ou mercadoria provenientes do exterior,
reduzido benefício fiscal vigente e, em consequência, independentemente da natureza do contrato internacional
aumentado indiretamente o aludido imposto, o que atrairia a celebrado. O Ministro Teori Zavascki, em acréscimo,
aplicação do princípio da anterioridade. Frisou que a pontuava que a natureza e o conteúdo do contrato celebrado
concepção mais adequada de anterioridade seria aquela que no exterior não poderia comprometer a ocorrência do fato
afetasse o conteúdo teleológico da garantia. Ponderou que o gerador do ICMS (RE 540829/SP / i-758).
mencionado princípio visaria garantir que o contribuinte não
fosse surpreendido com aumentos súbitos do encargo fiscal, o .
que propiciaria um direito implícito e inafastável ao
planejamento. Asseverou que o prévio conhecimento da carga
tributária teria como base a segurança jurídica e, como
conteúdo, a garantia da certeza do direito. Ressaltou, por fim,
que toda alteração do critério quantitativo do consequente da
regra matriz de incidência deveria ser entendida como
majoração do tributo. Assim, tanto o aumento de alíquota,
quanto a redução de benefício, apontariam para o mesmo
resultado, qual seja, o agravamento do encargo. Vencidos os
Ministros Dias Toffoli e Rosa Weber, que proviam o agravo
regimental. Após aduzirem que benefícios fiscais de redução
de base de cálculo se caracterizariam como isenção parcial,
pontuavam que, de acordo com a jurisprudência do STF, não
haveria que se confundir instituição ou aumento de tributos
com revogação de isenções fiscais, uma vez que, neste caso,
a exação já existiria e persistiria, embora com a dispensa legal
de pagamento (RE 564225 AgR/RS / i-757).

02. ICMS e “leasing” internacional: Não incide o ICMS


importação na operação de arrendamento mercantil
internacional, salvo na hipótese de antecipação da
opção de compra na medida em que o arrendamento
mercantil não implica, necessariamente, transferência
de titularidade sobre o bem. Com base nessa orientação,
o Plenário, por maioria e em conclusão de julgamento,

10
www.ebeji.com.br - Informativo de Jurisprudência Nº 65 – Outubro/2014

Dr. George Felício, advogado


Superior Tribunal de Justiça do Banco do Nordeste do Brasil S/A.

Selecionado a partir dos informativos 545 e 546 do STJ jurídica delineada no caso concreto, poder-se-á aplicar o
entendimento da Súmula 209 do STJ ("Compete a
Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio
ADMINISTRATIVO de verba transferida e incorporada ao patrimônio
municipal") ou aquele outro constante da Súmula 208 do
01. Direito administrativo. Exigibilidade de parecer favorável STJ ("Compete a Justiça Federal processar e julgar
de conselho municipal de saúde para credenciamento no prefeito municipal por desvio de verba sujeita a
SUS: É lícita a exigência de parecer favorável de prestação de contas perante órgão federal") (REsp
Conselho Municipal de Saúde para o credenciamento de 1.391.212-PE / i-546).
laboratório de propriedade particular no SUS. Cabe
anotar que o SUS se expressa por meio de uma complexa 03. Direito administrativo e processual civil. Objeto de ação
organização estatal e social, na qual colaboram pessoas civil pública para anular permissões precárias: Em ação
jurídicas de direito público e privadas. Entretanto, embora a civil pública movida para anular permissões para a
integração de prestadores privados no SUS seja desejável e prestação de serviços de transporte coletivo concedidas
permitida mediante credenciamento, para tanto é sem licitação e para condenar o Estado a
necessário o atendimento de normas gerais de providenciar as licitações cabíveis, não cabe
direito público, conforme previsto no art. 24, discutir eventual indenização devida pelo
parágrafo único, da Lei 8.080/1990. Posto Prepare-se para os concursos Estado ao permissionário. A ação civil
isso, cumpre salientar que, para garantir o pública é o instrumento processual
da Advocacia-Geral da União destinado à defesa judicial de interesses
seu próprio funcionamento concatenado, o
com difusos e coletivos, permitindo a tutela
sistema, desde os seus primórdios,
possui uma lógica de permeabilidade jurisdicional do Estado com vistas à
para a participação social, que se
expressa por meio de conselhos (art. 198,
III, da CF e art. 7º, VIII, da Lei
GEAGU proteção de certos bens jurídicos. Por
meio desta ação, reprime-se ou previne-
se a ocorrência de danos ao meio
ambiente, ao consumidor, ao patrimônio
8.080/1990). A Lei 8.143/1990, por sua Resolução de questões
vez, que regulamenta a participação da objetivas, peças, pareceres e público, aos bens e direitos de valor
comunidade na gestão do SUS, prevê a artístico, estético, histórico, turístico e
dissertações
atuação dos Conselhos de Saúde em cada paisagístico, dentre outros, podendo ter
www.ebeji.com.br por objeto a condenação em dinheiro ou o
esfera de governo, em especial no que se
refere à formulação de estratégias e no controle cumprimento de obrigação de fazer ou não
da execução da política de saúde. Nesse contexto, fazer. Assim, não cabe neste tipo de ação, em
observa-se que a exigência de parecer favorável de que se busca a tutela do bem coletivo, a condenação do
Conselho Municipal de Saúde, além de ser impessoal, tem Estado a indenizar o réu – na hipótese, a permissionária de
embasamento na legislação pertinente e vigente (RMS transporte público – pelos investimentos realizados, o que
45.638-RS / i-545). pode ser pleiteado em ação autônoma (AgRg no REsp
1.435.347-RJ / i-546).
02. Direito administrativo e processual civil. Competência
para processar e julgar ato de improbidade administrativa
decorrente do desvio de verba federal transferida para CIVIL E PROCESSO CIVIL
município mediante convênio: O simples fato de verba
federal ter sido transferida da União, mediante convênio, 01. Direito administrativo e processual civil. Termo inicial do
para a implementação de política pública em Município prazo decadencial para impetrar ms contra ato
não afasta a competência da Justiça Federal para administrativo que exclui candidato de concurso público: O
processar e julgar suposto ato de improbidade termo inicial do prazo decadencial para a impetração de
administrativa decorrente do desvio da referida quantia. mandado de segurança no qual se discuta regra
Isso porque nem toda transferência de verba que um editalícia que tenha fundamentado eliminação em
ente federado faz para outro enseja o entendimento de concurso público é a data em que o candidato toma
que o dinheiro veio a ser incorporado ao seu patrimônio. ciência do ato administrativo que determina sua
A questão depende do exame das cláusulas dos exclusão do certame, e não a da publicação do edital
convênios e/ou da análise da natureza da verba (REsp 1.124.254-PI / i-545).
transferida. Assim, a depender da situação fático-

11
www.ebeji.com.br - Informativo de Jurisprudência Nº 65 – Outubro/2014

AGU Objetiva
02. Direito processual civil. Competência para processar e modo, a inclusão do beneficiário na folha de pagamentos
julgar intervenção federal: Compete ao STJ julgar pedido mostra-se uma alternativa de garantia viável à constituição
de Intervenção Federal baseado no descumprimento de de capital, desde que, a critério do juiz, fique demonstrada a
ordem de reintegração de posse de imóvel rural solvabilidade da empresa devedora. Assim, demonstrado
ocupado pelo MST expedida por Juiz Estadual e fundada que a empresa devedora é idônea e detentora de
exclusivamente na aplicação da legislação considerável fortuna, mostra-se razoável a substituição da
infraconstitucional civil possessória. De acordo com o constituição de capital pela inclusão do nome do trabalhador
inciso I do art. 312 do RISTJ - dispositivo calcado no art. 19, na folha de pagamentos da empresa (REsp 1.292.240-SP /
I, da Lei 8.038/1990 -, cabe ao STJ processar e decidir i-545).
sobre Intervenção Federal, quando se tratar de prover a
execução de ordem ou decisão judicial, com ressalva, 04. Direito processual civil. Definição do termo inicial dos
conforme a matéria, da competência do Supremo Tribunal juros moratórios em sede de liquidação: Quando não
federal ou do Tribunal Superior Eleitoral (Constituição art. houver, na sentença condenatória, definição do termo
34, VI e 36, II). Dessa forma, cumpre inicialmente verificar se inicial para a contabilização dos juros moratórios
é ao STJ que cabe, conforme a matéria, processar o pedido decorrentes do inadimplemento de obrigação contratual,
de Intervenção Federal - já que ao STF caberá apreciar a dever-se-á adotar na liquidação, como marco inicial, a
Intervenção Federal quando em destaque sentença ou citação válida do réu no processo de conhecimento.
acórdão da Justiça do Trabalho (STF, IF 230-3-DF, Tribunal Preliminarmente, cumpre destacar que, apesar da omissão,
Pleno, DJ 1º/7/1996) ou de sua própria decisão ou em os juros moratórios devem ser incluídos na liquidação, nos
matéria estritamente constitucional (art. 19, I, Lei termos da Súmula 254 do STF. Nesse contexto, aplica-se o
8.038/1990). Conforme o STF, caberá ao STJ o exame da entendimento do STJ segundo o qual, na responsabilidade
Intervenção Federal quando “ envolvida matéria legal” ou contratual, os juros moratórios devem ser aplicados a partir
quando “ a decisão exequenda, concessiva de medida da citação inicial do réu, nos termos do art. 405 do CC
liminar em ação de reintegração de posse do imóvel, (AgRg no REsp 142.807-DF, Quarta Turma, DJe 2/6/2014; e
somente enfrenta questões federais infraconstitucionais, [...]. EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 1.023.728-RS, Segunda
O julgamento de eventual recurso para o Tribunal de Justiça Turma, DJe 17/5/2011) (REsp 1.374.735-RS / i-545).
ensejaria, em tese, recurso para o Superior Tribunal de
Justiça (art. 105, III da Constituição Federal). E não recurso 05. Direito processual civil. Execução provisória de multa
extraordinário para o Supremo Tribunal Federal (art. 105, III) cominatória fixada em antecipação de tutela. Recurso
(STF, IF-QO 107-DF, Tribunal Pleno, DJ 4/9/1992). Desse repetitivo (Art. 543-C do CPC e Res. 8/2008-STJ): A multa
modo, combinados os arts. 34, VI, e 36, II, da CF, o STF diária prevista no § 4º do art. 461 do CPC, devida desde
assentou que caberá ao STJ o exame da Intervenção o dia em que configurado o descumprimento, quando
Federal nos casos em que a matéria é infraconstitucional e o fixada em antecipação de tutela, somente poderá ser
possível recurso deva ser encaminhado ao STJ. Na situação objeto de execução provisória após a sua confirmação
em análise, a lide envolve tema de direito civil privado, mas pela sentença de mérito e desde que o recurso
também de direito público, quiçá constitucional. Nada eventualmente interposto não seja recebido com efeito
obstante, a solução dada pela decisão resume-se de suspensivo. Isso porque se deve prestigiar a segurança
maneira exclusiva à aplicação da legislação jurídica e evitar que a parte se beneficie de quantia que,
infraconstitucional. Assim, como a ordem, em tese, posteriormente, venha se saber indevida, reduzindo, dessa
transgredida não afronta diretiva administrativa de origem ou forma, o inconveniente de um eventual pedido de repetição
natureza constitucional, a competência para apreciação da de indébito que, por vezes, não se mostra exitoso. Ademais,
requisição de Intervenção Federal é do STJ (IF 111-PR / i- o termo "sentença", assim como utilizado nos arts. 475-O e
545). 475-N, I, do CPC, deve ser interpretado de forma restrita,
razão pela qual é inadmissível a execução provisória de
03. Direito civil e processual civil. Inclusão do nome do multa fixada por decisão interlocutória em antecipação dos
credor em folha de pagamento para garantir o adimplemento efeitos da tutela, ainda que ocorra a sua confirmação por
de pensão mensal vitalícia decorrente de acidente de acórdão. Esclareça-se que a ratificação de decisão
trabalho: Para garantir o pagamento de pensão mensal interlocutória que arbitra multa cominatória por posterior
vitalícia decorrente de acidente de trabalho, admite-se a acórdão, em razão da interposição de recurso contra ela
inclusão do nome do trabalhador acidentado na folha de interposto, continuará tendo em sua gênese apenas a
pagamento de devedora idônea e detentora de análise dos requisitos de prova inequívoca e
considerável fortuna, dispensando-se a constituição de verossimilhança, próprios da cognição sumária que
capital. Conforme a Súmula 313 do STJ, “Em ação de ensejaram o deferimento da antecipação dos efeitos da
indenização, procedente o pedido, é necessária a tutela. De modo diverso, a confirmação por sentença da
constituição de capital ou caução fidejussória para a garantia decisão interlocutória que impõe multa cominatória decorre
de pagamento da pensão, independentemente da situação do próprio reconhecimento da existência do direito material
financeira do demandado”. De fato, a referida súmula, reclamado que lhe dá suporte, o qual é apurado após ampla
editada antes da entrada em vigor da Lei 11.232/2005 - que dilação probatória e exercício do contraditório. Desta feita, o
incluiu o art. 475-Q ao CPC -, continua sendo aplicada pelo risco de cassação da multa e, por conseguinte, a sobrevinda
STJ, evidenciando que a constituição de capital não deixou de prejuízo à parte contrária em decorrência de sua
de ser obrigatória. Entretanto, é oportuno registrar que a cobrança prematura, tornar-se-á reduzido após a prolação
jurisprudência passou a interpretar essa necessidade de da sentença, ao invés de quando a execução ainda estiver
constituição de capital de forma mais consentânea ao novo amparada em decisão interlocutória proferida no início do
texto legal. Afinal, nos termos do art. 475-Q, § 2º, do CPC, processo, inclusive no que toca à possibilidade de
“O juiz poderá substituir a constituição do capital pela modificação do seu valor ou da sua periodicidade (REsp
inclusão do beneficiário da prestação em folha de 1.200.856-RS / i-546).
pagamento de entidade de direito público ou de empresa de
direito privado de notória capacidade econômica, ou, a 06. Direito processual civil. Ação de improbidade
requerimento do devedor, por fiança bancária ou garantia administrativa e reexame necessário: A sentença que
real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz”. Desse concluir pela carência ou pela improcedência de ação de

12
www.ebeji.com.br - Informativo de Jurisprudência Nº 65 – Outubro/2014

AGU Objetiva
improbidade administrativa não está sujeita ao reexame § 1º, da CF), é onde se situa a sede constitucional da
necessário previsto no art. 19 da Lei de Ação Popular representação política e administrativa do País. O art. 2º-
(Lei 4.717/1965). Isso porque essa espécie de ação A da Lei 9.494/1997, de fato, prevê que a “ sentença civil
segue um rito próprio e tem objeto específico, prolatada em ação de caráter coletivo proposta por entidade
disciplinado na Lei 8.429/1992, não cabendo, neste caso, associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus
analogia, paralelismo ou outra forma de interpretação, associados, abrangerá apenas os substituídos que tenham,
para importar instituto criado em lei diversa. A ausência na data da propositura da ação, domicílio no âmbito da
de previsão da remessa de ofício, na hipótese em análise, competência territorial do órgão prolator” . Contudo, esse
não pode ser vista como uma lacuna da Lei de Improbidade artigo não versa sobre competência jurisdicional, mas, sim,
que precisa ser preenchida, mormente por ser o reexame sobre os efeitos subjetivos de sentença coletiva prolatada
necessário instrumento de exceção no sistema processual, em ação proposta por entidade associativa. Ademais, a
devendo, portanto, ser interpretado restritivamente (REsp competência constitucional da Justiça Federal do DF para
1.220.667-MG / i-546). processar e julgar demanda ajuizada em desfavor da União
não poderia ser mitigada por lei ordinária. Dessa forma,
07. Direito processual civil. Apresentação apenas de proposta a ação coletiva contra a União na Justiça
reconvenção sem contestação em peça autônoma e Federal do DF, não há que cogitar falta de competência
possibilidade de se afastar os efeitos da revelia: Ainda que territorial (CC 133.536-SP / i-546).
não ofertada contestação em peça autônoma, a
apresentação de reconvenção na qual o réu
efetivamente impugne o pedido do autor pode afastar a PENAL E PROCESSO PENAL
presunção de veracidade decorrente da revelia (art. 302
do CPC). Com efeito, a jurisprudência do STJ encontra-se 01. Direito processual penal. Necessidade de encerrar a
consolidada no sentido de que a revelia, decorrente da não votação caso os jurados respondam afirmativamente ao
apresentação de contestação, enseja apenas presunção quesito referente à absolvição do acusado: Suscitada a
relativa de veracidade dos fatos narrados na inicial pelo legítima defesa como única tese defensiva perante o
autor da ação, podendo ser infirmada pelos demais Conselho de Sentença, caso mais de três jurados
elementos dos autos, motivo pelo qual não acarreta a respondam afirmativamente ao terceiro quesito
procedência automática dos pedidos iniciais. “O jurado absolve o acusado?”, o Juiz
Ademais, o STJ já se posicionou no sentido de Presidente do Tribunal do Júri deve
que constitui mera irregularidade a Estudando para a AGU? Não encerrar o julgamento e concluir pela
apresentação de contestação e de absolvição do réu, não podendo
reconvenção em peça única (REsp
deixe de conhecer o
submeter à votação quesito sobre
1.335.994-SP / i-546). eventual excesso doloso alegado
Curso Preparatório para as pela acusação. Na atual sistemática do
08. Direito civil. Dano moral decorrente da carreiras da Advocacia- Tribunal do Júri, o CPP não prevê
utilização não autorizada de imagem em quesito específico sobre a legítima
campanha publicitária: Configura dano Geral da União (AGU) defesa. Após a Lei 11.689/2008, foram
moral a divulgação não autorizada de unificadas teses defensivas em um
foto de pessoa física em campanha Totalmente online e com único quesito obrigatório (art. 483, inciso
publicitária promovida por sociedade todos os pontos do edital! III, do CPP). Ao concentrar diversas teses
empresária com o fim de, mediante
www.ebeji.com.br absolutórias nesta questão “O jurado
incentivo à manutenção da limpeza absolve o acusado?”, o legislador buscou
urbana, incrementar a sua imagem impedir que os jurados fossem indagados
empresarial perante a população, ainda que a sobre aspectos técnicos. Nessa perspectiva,
fotografia tenha sido capturada em local público e declarada a absolvição pelo Conselho de Sentença,
sem nenhuma conotação ofensiva ou vexaminosa. prosseguir no julgamento para verificar se houve excesso
Efetivamente, é cabível compensação por dano moral doloso constituiu constrangimento manifestamente ilegal ao
decorrente da simples utilização de imagem de pessoa direito ambulatorial do acusado. Caracteriza, ademais,
física, em campanha publicitária, sem autorização do ofensa à garantia da plenitude de defesa, pois o novo
fotografado. Essa é a interpretação que se extrai dos sistema permite justamente que o jurado possa absolver o
precedentes que definiram a edição da Súmula 403 do STJ, réu baseado unicamente em sua livre convicção e de forma
segundo a qual "Independe de prova do prejuízo a independente das teses defensivas (HC 190.264-PB / i-545).
indenização pela publicação não autorizada de imagem de
pessoa com fins econômicos ou comerciais" (REsp 02. Direito penal. Prática de falta grave e livramento
1.307.366-RJ / i-546). condicional. Recurso repetitivo (art. 543-C do CPC e Res.
8/2008-STJ): A prática de falta grave não interrompe o
prazo para a obtenção de livramento condicional.
CONSTITUCIONAL Aplica-se, nessa situação, o entendimento consagrado
na Súmula 441 do STJ (REsp 1.364.192-RS / i-546).
01. Direito constitucional e processual civil. Competência da
justiça federal do distrito federal para o julgamento de ação 03. Direito penal. Atipicidade da falsa declaração de
coletiva: A entidade associativa, ainda que possua hipossuficiência para obtenção de justiça gratuita: É atípica
abrangência local - e não âmbito nacional -, poderá, a a mera declaração falsa de estado de pobreza realizada
seu critério, ajuizar ação coletiva em face da União na com o intuito de obter os benefícios da justiça gratuita.
Justiça Federal do DF, independentemente do lugar do O art. 4º da Lei 1.060/1950 dispõe que a sanção aplicada
território nacional onde tenha ocorrido a lesão ao direito àquele que apresenta falsa declaração de
vindicado. Isso porque o art. 109, § 2º, da CF aponta a hipossuficiência é meramente econômica, sem previsão
Justiça Federal do DF como juízo universal para de sanção penal. Além disso, tanto a jurisprudência do STJ
apreciar as ações judiciais intentadas contra a União, e do STF quanto a doutrina entendem que a mera
haja vista que Brasília, por ser a Capital Federal (art. 18, declaração de hipossuficiência inidônea não pode ser

13
www.ebeji.com.br - Informativo de Jurisprudência Nº 65 – Outubro/2014

AGU Objetiva
considerada documento para fins penais (HC 261.074-MS /
i-546).

PREVIDENCIÁRIO

01. Direito previdenciário. Concessão de benefício


previdenciário a criança ou adolescente sob guarda judicial:
No caso em que segurado de regime previdenciário seja
detentor da guarda judicial de criança ou adolescente
que dependa economicamente dele, ocorrendo o óbito
do guardião, será assegurado o benefício da pensão por
morte ao menor sob guarda, ainda que este não tenha
sido incluído no rol de dependentes previsto na lei
previdenciária aplicável. O fim social da lei
previdenciária é abarcar as pessoas que foram
acometidas por alguma contingência da vida. Nesse
aspecto, o Estado deve cumprir seu papel de assegurar a
dignidade da pessoa humana a todos, em especial às
crianças e aos adolescentes, cuja proteção tem absoluta
prioridade. O ECA não é uma simples lei, uma vez que
representa política pública de proteção à criança e ao
adolescente, verdadeiro cumprimento do mandamento
previsto no art. 227 da CF. Ademais, não é dado ao
intérprete atribuir à norma jurídica conteúdo que atente
contra a dignidade da pessoa humana e,
consequentemente, contra o princípio de proteção integral e
preferencial a crianças e adolescentes, já que esses
postulados são a base do Estado Democrático de Direito e
devem orientar a interpretação de todo o ordenamento
jurídico. Desse modo, embora a lei previdenciária aplicável
ao segurado seja lei específica da previdência social, não
menos certo é que a criança e adolescente tem norma
específica que confere ao menor sob guarda a condição de
dependente para todos os efeitos, inclusive previdenciários
(art. 33, § 3º, do ECA) (RMS 36.034-MT / i-546).

14

You might also like