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Cuiabá, 2009
Editora Maria Teresa Carrión Carracedo
Produção GráficaRicardo Miguel Carrión Carracedo
Helton Bastos
Chefia de arte e capa
Maike Vanni
Projeto gráfico e paginação
Marcus Lemos
Desenho digital de mapas, infográficos e ilustrações
Leodete Miranda
Revisão cartográfica
Cristina Campos
Revisão de textos
Walter Galvão
Adaptação à nova ortografia
Ficha Catalográfica
S615h
Siqueira, Elizabeth Madureira.
História de Mato Grosso: Seleção de Conteúdo para o
Concurso Público do Governo de Mato Grosso – 2009./ Elizabeth
Madureira Siqueira. Cuiabá: Entrelinhas, 2009.
ISBN 978-85-87226-91-4
CDU 94 (817.2)
ENTRELINHAS EDITORA
Av. Senador Metello,3.773 • Jardim Cuiabá • CEP.: 78.030-005 • Cuiabá, MT, Brasil • Distribuição e vendas
: Telefax: (65) 36245294 • 3624 8711
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Reprodução proibida
Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.
Nenhuma parte desta edição pode ser repreduzida ou utilizada – em quaisquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia ou gravação, etc, –
nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados sem expressa autorização da editora.
SUMÁRIO
PERÍODO COLONIAL ......... ................. ......... ......... ................ 4 A guerra contra o Paraguai ..................................................................................31
A varíola ...........................................................................................................................32
1. Os bandeirantes: escravidão indígena
e exploração do ouro .....................................................................4 6. A economia mato-grossense após a Guerra da Tríplice
Aliança contra o Paraguai .......................................................... 32
A divisão do “mundo desconhecido”................................................................4
O cotidiano dos viajantes...................................................................................... 32
2. A fundação
entre de Cuiabá:
os fundadores e atensões políticas.....................................6
administração
O cenário mercantil e produtivo ...................................................................... 33
PERÍODO IMPERIAL............. ......... ......... ......... ................. ... 22 Terra e colonização ...................................................................................................50
Portugueses e espanhóis
disputam as terras americanas
Os portugueses e espanhóis foram os pioneiros na expan-
são marítima, porém Portugal, mais do que qualquer outro
Estado nacional, investiu bastante na arte náutica, fundando
a Escola de Sagres e estimulando grandes empreitadas pelo
desconhecido e temido “Mar Tenebroso” – nome dado à épo-
ca ao Oceano Atlântico. Foi fruto dessas experiências o con- Algumas questões básicas preocupavam os lusitanos:
torno da África, por Bartolomeu Dias, que ultrapassou o Cabo 1ª – desconhecimento dos sertões, o perigo de seus cami-
da Boa Esperança. Um outro evento náutico deveu-se ao lusi- nhos, a diculdade de ali encontrar alimentos;
tano Vasco da Gama, que conseguiu chegar às Índias (1498). 2ª – temor dos índios que habitavam o interior do Brasil; .
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Mais tarde, Cristóvão Colombo, genovês, a serviço da Espa- 3ª – incerteza de que aqueles territórios pertencessem a 1
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nha, chegou à América (1492) e um novo mundo passou a ser Portugal, ou fossem, por direito, da Espanha. i
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conhecido pelas riquezas potenciais nele contidas. Por isso, l
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foi alvo de disputas acirradas entre as duas Coroas ibéricas: Os bandeirantes P
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Portugal e Espanha. d
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Motivos fortes impulsionaram a penetração pelo sertão, ca- o
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Tratado de Tordesilhas pazes de justicar todos os perigos a vencer. Quem primeiro 8
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empreendeu essa movimentação foram os bandeirantes pau- A
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Um tratado de limites, intitulado Tordesilhas, foi rmado listas, desejosos dos índios – mão-de-obra importante para ib
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dois anos depois do descobrimento da América, em 1494, as capitanias que não adotaram o plantio da cana-de-açúcar p
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pelo qual o mundo americano cou dividido em duas partes, como atividade produtiva. Era o caso daquelas que se situ- u
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cabendo a Portugal as terras que se situassem até 360 léguas avam ao Sul da Bahia. Nelas, a cana-de-açúcar obteve ren- p
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a Leste das Ilhas de Cabo Verde, e cabendo à Espanha as do dimento pouco expressivo, o que não compensava a impor-
lado Oeste desse limite. tação de escravos africanos, mão-de-obra de elevado custo.
Uma expedição saiu, em 1500, do porto lusitano do Tejo, Os paulistas foram os primeiros que, do litoral da Capitania
em direção às Índias. A frota, comandada por Pedro Álvares de São Vicente, subiram a Serra do Mar, atingindo e se xan-
Cabral, desviando-se da rota srcinal e se afastando da cos- do denitivamente no Planalto de Piratininga. Ali, estabelece-
ta africana em direção ao Oeste, acabou chegando em ter- ram fazendas de gado, criação de porcos e galinhas e manti-
ras brasileiras. Inicialmente, os portugueses não conseguiram veram uma vigorosa agricultura de subsistência, o que garan-
perceber que aqueles territórios não eram indianos. Por isso, tia sua manutenção, por muitos meses, nos sertões. Os paulis-
denominaram os seus habitantes de índios. Mais tarde, esse tas viviam na fartura quanto à alimentação, porém suas casas
erro foi reconhecido, sendo que o documento mais importan- eram muito rústicas, tanto no mobiliário quanto na ornamen-
te e que registra tal engano é a carta escrita ao rei de Portugal tação. Essa simplicidade e rusticidade, porém, não signica-
pelo náutico Pero Vaz de Caminha. Por ela, a terra, os habitan- va pobreza.
tes, a fauna e a ora são descritos com detalhes, pois tratava- O trabalho principal dos bandeirantes era o de aprisionar
se de uma nova posse em nome da Coroa portuguesa. índios não somente para utilizá-los nos seus trabalhos, mas,
O povoamento
rânea onde foramdo novo continente
estabelecidas teve vilas
inúmeras inícioque,
na faixa
mais lito-
tar- principalmente,
capitanias que, talpara
comovendê-los
a de São como
Paulo, mão-de-obra parapro-
mantinham uma as
de, se tornaram cidades e capitais. Quando o Brasil foi visita- dução voltada para a comercialização interna, ao contrário
do, nesse período, os viajantes europeus se espantavam por do que ocorria com as capitanias nordestinas, que tinham na
ver que somente a faixa de terra que se estendia pelo longo cana-de-açúcar, praticamente, seu único produto de expor-
litoral fôra povoada. Dizia o cronista Frei Vicente Salvador, em tação. No Nordeste, a opção foi pelo trabalho escravo afri-
sua História do Brasil (1918), que os portugueses arranhavam cano, adquirido a altos preços das mãos dos tracantes eu-
as costas brasileiras, como caranguejos. ropeus que, da África, traziam, em navios negreiros, grande
A penetração pelo desconhecido e temido interior, tam- contingente de africanos para serem vendidos em leilão. Os
bém chamado sertão, somente ocorreu durante o século XVII. paulistas, ao contrário, iam buscar sua mão-de-obra em ple-
guesa? Certamente
lhas, o Oeste que não,
da Capitania pois, Gerais,
de Minas pelo Tratado de de
e as terras Tordesi-
Goiás do emNo
prata. direção ao Peru,
regresso, deGarcia
Aleixo onde retornaram trazendo
foi assassinado muita
em comba-
e Mato Grosso deveriam, ocialmente, pertencer à Espanha. te com índios, porém a notícia da existência de grande quan-
tidade de prata nos contrafortes andinos já havia chegado ao
Os espanhóis chegaram primeiro, conhecimento dos companheiros que haviam permanecido
mas não povoaram as terras mato-grossenses em Santa Catarina.
A continuidade das façanhas de Aleixo Garcia foi levada a
Quando os espanhóis colonizaram o continente Sul-ame- cabo por Sebastian Caboto, navegador a serviço da Espanha.
ricano, xaram-se no extremo Ocidente, onde encontraram Desistindo de seu empreendimento inicial, que era atingir o
grande quantidade de prata, metal precioso de interesse na Oriente através das ilhas Molucas, resolveu ele ir ao encalço
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Europa. Isso ocorreu logo no século XVI, o que determinou a das famosas minas de prata. Essa empreitada não foi levada à
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construção de cidades ao longo dos contrafortes andinos, es- frente, pois a Coroa espanhola enviara para a região do rio da
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tendendo-se até o Sul da América, onde fundaram Assunção Prata uma outra expedição comandada por Diego Garcia. Ca-
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(Paraguai) e Buenos Aires (Argentina). Composto por Vice-rei- boto retornou, em 1530, à Espanha, e a saga em busca das fa-
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nos, o mundo colonial espanhol ateve-se à exploração da pra- mosas minas de prata ganhou novos atores.
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ó ta atrelada à agricultura, mantendo-se xados nessa faixa ter- As notícias sobre os imensos tesouros peruanos se espa-
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d ritorial. Isso permitiu que os bandeirantes paulistas adentras- lhavam por toda a Europa e uma nova expedição foi monta-
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sem, em suas andanças pelo sertão, rumo ao Oeste, não en- da pelo nobre Pedro de Mendonça que, com sua própria for-
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contrando qualquer barreira por parte dos colonos espanhóis tuna, bancou uma grande expedição, à qual se agregaram
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o durante os séculos XVI, XVII e primeira metade do XVIII. Juan de Ayolas, Domingos Martinez de Irala e muitos outros,
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Os colonizadores hispânicos, certamente, haviam transita- sendo composta de 14 navios, 2.500 soldados espanhóis e
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do por terras que hoje constituem Mato Grosso e Mato Gros- 150 alemães, além de 72 cavalos. Tal como os conquistadores
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so do Sul, mas nelas não se xaram ou, se o zeram, suas vi- anteriores, a expedição de Ayolas subiu o rio Paraguai, onde
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las não progrediram e foram, mais tarde, abandonadas: Puer- fundou o Porto de Candelária, atravessou o Chaco paraguaio
to de los Reys, em pleno Pantanal mato-grossense e Santiago tendo, nessa ocasião, implementado uma guerra aos índios
de Xerez, na borda do Pantanal, próximo ao rio Miranda. Paiaguá e Guaicuru, habitantes nativos dessa região. Ruman-
Um outro ingrediente colaborou para que os espanhóis não do, como era seu objetivo, para os Andes, conseguiu chegar
avançassem para o Leste: a presença de grande contingen- até a aldeia dos “índios Charcas”, dos quais obteve muitos ob-
te indígena. Formavam eles uma verdadeira fronteira viva en- jetos feitos com metais preciosos: placas, braceletes, coroas
tre os dois impérios. Acossados pelos portugueses – de Leste e outros. De volta dessa proveitosa viagem, foi morto pelos
para Oeste – e fugindo dos espanhóis – de Oeste para Leste índios Paiaguá.
–, os índios não contatados estenderam seu território ao lon- Seu sucessor foi Alvar Núñez Cabeza de Vaca, que determi-
go do rio Paraguai, desde a sua parte Sul até o extremo Nor- nou a Domingos Martinez de Irala que subisse o rio Paraguai.
te. Não só dos colonizadores fugiam esses índios, mas tam- Partiu ele de Assunção, em 1543, e chegou à Lagoa Gaíba, a
bém dos jesuítas, que desejavam aldeá-los nas reduções ou que deu o nome de Puerto de los Reyes. Uma segunda expe-
missões. dição, que também partiu de Assunção, alcançou as águas do
Siga, no próximo capítulo, o percurso dos espanhóis em ter- rio Paraguai, atravessando o Pantanal mato-grossense – re-
ras
pelamato-grossenses, tendo
historiadora Maria por base
de Fátima a pesquisa
Costa, em suadesenvolvida
obra História gião
após,onde habitavam
para os Andes. Umaos famosos índios Xarayés
terceira expedição, – rumando,
comandada por
de um país inexistente – o pantanal entre os séculos XVI e XVIII . Nuo de Chaves (1558), seguiu em direção às lendárias terras
peruanas e, no retorno, fundou, em 1561, a cidade de Santa
Caça ao tesouro Cruz de la Sierra, nova capital da Província de Chiquitos.
Muitas outras expedições foram realizadas e, como vimos,
Em 1515, Juan Díaz de Solís, cosmógrafo espanhol, pene- a rota preferida por esses “adelantados” hispânicos era aquela
trou pelas águas do rio Paraná-guaçu (Paraná Grande), porém que tinha como ponto nal as minas do Peru, situadas no Oci-
alguns membros de sua expedição foram devorados pelos ín- dente da América do Sul. Entretidos nesse itinerário, os espa-
dios Charrua, do grupo Guarani. O nome de Solís, morto nes- nhóis deixaram de conquistar as terras situadas a Leste, ocu-
Paralelamente à extração do ouro, os bandeirantes paulis- to-grossense, desta vez situada no leito do córrego chamado
tas continuaram a buscar uma mercadoria que, segundo eles, Prainha, auente do rio Cuiabá.
abundava nos sertões brasileiros: os índios. Foi em seu encal- A notícia desse novo achado aurífero fez com que grande
ço que as expedições de Antônio Pires de Campos, seguida da parte dos moradores da Forquilha e até mesmo do Arraial Ve-
de Pascoal Moreira Cabral, atingiram terras que pertenceriam, lho passassem a minerar no córrego da Prainha, dando nasci-
mais tarde, a Mato Grosso. Pires de Campos, em 1718, localizou mento a um pequeno vilarejo, sob a proteção do Senhor Bom
os índios nativos das margens do rio Coxipó-Mirim, chamados, Jesus.
pelos bandeirantes, de Coxiponés. A bandeira de Pascoal Mo- Para registro histórico desse primeiro período, o gover-
reira Cabral seguiu ao encalço desses índios, dando-lhes vio- nador da Capitania de São Paulo solicitou que fosse confec- .
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lenta guerra, na qual foram perdidos muitos homens, de lado cionada uma Ata de Fundação do descobrimento das novas 1
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a lado. Depois de serem socorridos por outra bandeira capi- minas que, mesmo tendo sido redigida anos depois da data i
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taneada pelos irmãos Antunes Maciel, resolveram seguir para anunciada, pois Cuiabá, em 1719, ainda sequer existia, valeu l
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o Arraial de São Gonçalo Velho, ou Aldeia Velha, onde haviam como documento fundador das minas mato-grossenses. P
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deixado alguns homens acampados. Logo após uma das re- Mediante a garantia de que as minas do Cuiabá já eram uma d
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feições, alguns integrantes dessa bandeira, lavando os pratos realidade, o governador da Capitania de São Paulo nomeou, o
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nesse rio, encontraram, casualmente, pepitas de ouro. Estavam para o cargo de Superintendente Geral das Minas, João An- 8
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descobertas as minas em território mato-grossense (1719). tunes Maciel, e para o cargo de Capitão-mor Regente, Fernão A
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Para organizar o primeiro arraial, cobrar os impostos em Dias Falcão, pessoas da sua mais absoluta conança. ib
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nome da Coroa portuguesa e estabelecer a justiça, os minei- p
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ros aclamaram, como Guarda-mor, Pascoal Moreira Cabral, u
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que, inicialmente, cou à frente dos trabalhos administrativos p
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e scais. Sua nomeação ocial, dada pelo Capitão-General da Ata de Fundação de Cuiabá
Capitania de São Paulo – da qual essas novas minas faziam Aos oito dias do mês de abril da era de mil setecentos e deze-
parte – só ocorreu a 26 de abril de 1723. nove anos neste Arraial do Cuiabá fez junta o Capitão-mor Pas-
coal Moreira Cabral com os seus companheiros e ele requereu a
eles este termo de certidão para notícia do descobrimento novo
A fundação de Cuiabá que achamos no ribeirão do Coxipó invocação de Nossa Senho-
ra da Penha de França depois que foi o nosso enviado o Capitão
Pascoal Moreira Cabral enviou, até a vila de São Paulo, Fer- Antônio Antunes com as amostras que levou do ouro ao Senhor
não Dias Falcão, a m de levar a boa nova da descoberta. A General com a petição do dito capitão-mor fez a primeira entrada
aonde assistiu um dia e achou pinta de vintém e de dois e de qua-
notícia do novo achado aurífero fez acorrer, para as minas do tro vinténs a meia pataca e a mesma pinta fez na segunda entra-
Coxipó, grande quantidade de pessoas das mais variadas par- da em que assistiu sete dias ele e todos os seus companheiros às
tes da Colônia. Exauridas rapidamente, deram nascimento a suas custas com grandes perdas e riscos em serviço de Sua Real
uma outra, também no rio Coxipó, porém às margens do cór- Majestade e como de feito tem perdido oito homens brancos
rego Mutuca, onde foram encontradas jazidas de ouro. Essa fora negros e para que a todo tempo vá isto a notícia de Sua Real
Majestade e seus governos para não perderem seus direitos e por
mina ensejou o nascimento de mais um arraial, a que deram assim por ser verdade nós assinamos todos neste termo o qual eu
o nome de passei bem e elmente a fé de meu ofício como escrivão deste
Senhora daForquilha.
Penha de Colocaram-no sobdesse
França, padroeira a proteção de Nossa
segundo acha- Arraial. Pascoal Moreira Cabral, Simão Rodrigues Moreira, Manoel
do aurífero e, como era de costume, ali ergueram uma capela dos Santos Coimbra, Manoel Garcia Velho, Baltazar Ribeiro Navar-
em homenagem à santa. ro, Manoel Pedroso Lousano, João de Anhaia Lemos, Francisco de
Sequeira, Asenço Fernandes, Diogo Domingues, Manoel Ferrei-
No ano de 1721, outro sorocabano, Miguel Sutil de Olivei- ra, Antônio Ribeiro, Alberto Velho Moreira, João Moreira, Mano-
ra, tendo descido do rio Coxipó para o rio Cuiabá, onde havia el Ferreira de Mendonça, Antônio Garcia Velho, Pedro de Godoi,
plantado roça, enviou dois índios – a que José Barbosa de Sá, José Fernandes, Antônio Moreira, Inácio Pedroso, Manoel Rodri-
primeiro cronista de Cuiabá, denominou de escravos – buscar gues Moreira, José Paes da Silva.
mel. No retorno, ao invés do doce alimento, trouxeram pepi-
tas de ouro. Estava descoberta a terceira jazida aurífera ma- Fonte: Siqueira ().
O caminho pelas águas até Cuiabá ° Roteiro– Tietê, Grande (Paraná), Pardo, Sanguessuga, travessia por terra pelo
varadouro de Camapuã, rios Coxim, Taquari, Paraguai, São Lourenço e Cuiabá. Varadouro do ° roteiro
Varadouro do ° roteiro
Quando os bandeirantes paulistas atingiram o rio Coxipó, Os paulistas adquiriram muita destreza em suas viagens pe-
implementando guerra aos
ou através de pequenas índios Coxiponés,
embarcações, chegaram
utilizando-se a pé
da imen- los sertões graças
nhecimentos, à ajuda
foram dos índios
os grandes aliados
mestres que, com
e guias seus co-
dos sertanis-
sa rede hidroviária que drena o centro do continente. No mo- tas. Os índios auxiliaram:
mento em que a mineração oresceu, às margens do rio Cuia- No fabrico das embarcações – Sabiam fazer excelentes
bá, nasceu ali um arraial onde foram construídas casas, igre- embarcações, meio de transporte que utilizavam para loco-
jas, estabelecido pequeno comércio, tornando-se necessário moção, caça e pesca, assim como para guerrear. Os batelões e
regularizar o abastecimento, pois seus habitantes estavam canoas eram embarcações feitas com um só tronco de árvore,
ocupados somente com a mineração. Os produtos agrícolas resistentes e apropriadas à navegação uvial, muito se distin-
de primeira necessidade, tais como arroz, feijão, mandioca, guindo dos navios utilizados na navegação marítima, velhos
farinha de mandioca, milho, açúcar e cachaça eram forneci- conhecidos dos portugueses.