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ARTIGOS

©SPEA

Como salvar as aves mais ameaçadas?


2008-06-11
Qual é a melhor estratégia para salvar espécies ameaçadas de extinção? Deve
apostar-se em localizações específicas ou abrir o leque e considerar áreas e
paisagens, terrestres e marinhas, mais vastas?

A resposta é expressiva: para 99% das aves em perigo de extinção, proteger as IBA’s,
Important Bird Areas, é fundamental. As questões de escala, nos projectos de
conservação da natureza, foram analisadas por investigadores que estudaram a
escala espacial mais apropriada nos esforços de conservação de 4239 espécies de
aves, mamíferos, anfíbios e répteis incluídas na lista vermelha da IUCN (União
Internacional Para a Conservação da Natureza). Os cientistas classificaram cada
espécie numa de quatro estratégias de conservação e os resultados foram
expressivos: “Para 79% das espécies ameaçadas de aves, a medida prioritária de
conservação no futuro imediato é a salvaguarda efectiva de IBA’s individuais ou de
redes de IBA’s” diz Stuart Butchart, um dos co-autores do trabalho.

Um bom exemplo da importância da conservação in-situ é a IBA do Pico da Vara, nos


Açores, na ilha de S. Miguel. A reserva abriga a única população que existe no planeta
de uma ave criticamente ameaçada, o Priolo (Pyrrhula murina). A perda de habitat e a
invasão de plantas exóticas afectaram gravemente a população, que está reduzida a
370 indivíduos. A IBA foi entretanto transformada em área protegida, o que permite ter
esperanças na sobrevivência desta espécie.

A longo prazo todas as abordagens locais devem ter em consideração as áreas


circundantes. Para algumas espécies ameaçadas a preocupação é mais premente. Os
investigadores descobriram que para 20% das aves protegidas localmente, é
necessário um rápido reforço de protecção alargada. Aves marinhas mortas por linhas
de pesca, aves aquáticas afectadas por alterações de habitat e espécies que ocorrem
em populações pequenas que são afectadas pela caça, são apenas três exemplos de
animais cuja protecção deve ser encarada tendo em conta áreas mais vastas.

Arara-de-garganta-azul ©Joe Tobias www.rarebirdsyearbook.com

Stuart Butchart, que é coordenador geral de investigação da BirdLife diz que essa
abordagem, em múltiplas escalas espaciais, é indispensável para proteger espécies
criticamente ameaçadas como a Arara-de-garganta-azul, o Fura-bucho ou o Pato-
mergulhão.

Os resultados encontrados para a maioria das aves, são muito semelhantes em


relação a mamíferos, anfíbios e tartarugas, mas, diz Charlotte Boyd, a autora principal
do artigo, com claras diferenças, conforme os diferentes habitats.

Este trabalho foi desenvolvido por investigadores de duas organizações: a Birdlife


International e a Conservation International e as conclusões publicadas numa nova
revista, a Conservation Letters.

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