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RESUMO
To eliminate architectural barriers in public schools is essential to equip professionals in the construction
industry with practical methods and safe accessibility evaluation. This paper analyzed the spatial
conditions of the State School Rainha da Paz of Alto Paraná city using the method of electronic survey of
Municipality of São Paulo in order to test its applicability to routine work of the Department of Public Works
of Paraná. The method is efficient and evaluation software a potential tool to assist in the development of
projects to adapt to the school environment NBR 9050.
1. INTRODUÇÃO
Segundo dados de IBGE de 2010, 45,6 milhões de brasileiros vivem com algum tipo de
deficiência visual, auditiva, mental ou física. Existem atualmente diversas leis que visam garantir
os direitos destas Pessoas com Deficiência (PCD’s), dentre elas estão as Diretrizes Nacionais
para a Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001), que definem que as escolas
devem promover a inclusão de alunos PCD’s na rede regular de ensino pública. O Estado do
Paraná, em consonância com estas diretrizes, publicou o documento com a Política Estadual de
Educação Especial (DEEIN, 2010) no qual afirma que para promover a inclusão se faz
necessária a imediata adequação do método de ensino e dos ambientes convencionais.
A normatização difere da realidade na qual se encontram as escolas, que muitas vezes
apresentam diversas barreiras arquitetônicas, pois, a grande maioria foi construída anos antes
da aprovação de normas como a NBR 9050, de 2004. Essas edificações vêm passando por
adaptações, porém, em muitos casos, realizadas sem o devido acompanhamento profissional e
nem sempre atendendo às normas e necessidades dos usuários. Apesar do avanço da
legislação a favor da inclusão, tanto as escolas como alguns profissionais da construção civil
não estão preparados para promovê-la. É o que afirma Bins Ely et al. (2006), que relaciona o
desconhecimento e despreparo de profissionais da construção civil para elaborar projetos de
espaços acessíveis à ausência da obrigatoriedade da matéria específica de acessibilidade nos
currículos das universidades, assim como a falta de equipamentos para avaliar os edifícios.
A Secretaria de Estado de Obras Públicas do Paraná (SEOP) é responsável pela construção e
reforma de todos os edifícios públicos estaduais, portanto, é imprescindível que os profissionais
da secretaria estejam capacitados neste sentido. No entanto, a realidade que pôde ser
comprovada a partir da experiência obtida no cotidiano da SEOP1, é a de que os funcionários
não utilizavam técnicas padronizadas para avaliação dos edifícios, além disso, as obras de
reforma não apresentavam projetos ou algum tipo de relatório citando as normas de
acessibilidade a serem atendidas.
A partir disto, criou-se o interesse em buscar um método de avaliação para auxiliar no cotidiano
de trabalho da SEOP e melhorar a qualidade dos projetos de adequação desenvolvidos. Optou-
se por avaliar a metodologia de análise baseada no Software de vistoria eletrônica2
desenvolvido pela Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da
Prefeitura de São Paulo e, como objeto de estudo, foi escolhido o Colégio Estadual Rainha da
Paz em Alto Paraná. A avaliação teve o intuito de testar a funcionalidade do método e
experimentar a utilização no cotidiano da SEOP. O levantamento in loco foi realizado utilizando-
se do roteiro de levantamento gerado pelo programa e, posteriormente, processado no mesmo,
o que resultou em um relatório minucioso das adequações necessárias para adequação à
NBR9050.
Visando aproximar o pesquisador da percepção do usuário com relação ao espaço, também foi
realizado um levantamento qualitativo intitulado “passeio acompanhado” (DISCHINGER, 2000),
método que se mostrou eficaz, no entanto, não será abordado neste artigo, pois, a
complexidade e grandeza dos resultados necessitam de um novo artigo para a divulgação
deles.
Ambos os métodos testados se mostraram eficientes e provaram que a utilização dos mesmos
pela SEOP seria de grande valia para aperfeiçoar o processo de levantamento e provavelmente
melhorar a qualidade das obras de adequações a serem realizadas. A avaliação a respeito da
instituição foi de que a mesma passou por alguns processos de adequação no passado que
visaram solucionar problemas relacionados à circulação, no entanto, as soluções foram
realizadas de maneira superficial e, por vezes, inadequadas às normas. Faz-se necessária a
adequação da escola à NBR9050 assim como a aplicação do conceito de desenho universal
que respeita a individualidade de cada cidadão, visando atender a maior gama o possível de
especificidades para promover a verdadeira inclusão nas escolas.
1
Este artigo foi originado a partir do trabalho de conclusão do curso de Especialização em Construção de Obras
Públicas da Universidade Federal do Paraná que tem dentro de seu currículo o desenvolvimento de atividades
práticas de residência técnica na Secretaria de Estado de Obras Públicas do Paraná (SEOP), que ocorreram entre os
anos de 2008 a 2010.
2
Versão 1.05 do software Vistoria Eletrônica de 2010, disponível em (SÃO PAULO, 2010).
2. PRESUPOSTO TEÓRICO
Antes de realizar a análise de acessibilidade nas escolas se fez necessário entender como a
política de educação do estado previa o processo de inclusão de alunos PCD’s nos colégios e
explanar a respeito do conceito de desenho universal.
Para alcançar a cidadania plena é necessária uma base educacional sólida. Para atingi-la,
existem diversas normas e leis que enfocam o direito à educação por Pessoas com Deficiência
(PCD’s): A constituição Federal (1988); o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90);
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96); Declaração Mundial de Educação para
Todos (TAILÂNDIA, 1990); Declaração de Salamanca (ESPANHA, 1994). Todas estas normas
foram utilizadas como base para o Plano Nacional de Educação que lista vinte e sete objetivos
e metas para garantir a educação inclusiva (BRASIL, lei n.10.172, 2001, p. 10).
No Paraná, a política estadual de educação especial na perspectiva da inclusão afirma que o
estado deverá promover a Inclusão Responsável “onde a inclusão seja feita mediante a
capacidade dos alunos de se desenvolver e da escola de providenciar as condições
necessárias ao seu atendimento, para que o aluno possa se manter na escola e alcançar o
objetivo da formação.” (DEEIN, 2010, p. 5)
A cidade de Alto Paraná, sede da escola analisada, está inserida no Núcleo Regional de
Educação de Paranavaí que atende a vinte e uma cidades do extremo noroeste do estado.
Segundo o “Levantamento estatístico – Rede Estadual e Municipal de Ensino” (NR PVAI, 2010)
criado pelo departamento de educação especial e de inclusão educacional (DEEIN) existem
1.832 alunos com algum tipo de deficiência, inclusos no sistema de ensino público da regional.
Com relação à infraestrutura espacial para atendimento a estes alunos inclusos, a Secretaria de
Estado de Obras da Regional de Paranavaí, informou que nos últimos cinco anos anteriores à
pesquisa não foram realizadas obras específicas para adaptação de acessibilidade em colégios
da regional, sendo realizados pontualmente construções de rampas ou adequação de sanitários
em alguns colégios, porém, sem a contextualização geral de acessibilidade que é exigência
mínima para uma efetiva inclusão.
Para atender a legislação e os intuitos de inclusão educacional do estado, faz-se ímpar que a
escola apresente condições físico-espaciais para atender dignamente os alunos e garantir a
multiplicidade de atividades a se desenvolver no ambiente de ensino. Estas adequações devem
ser aplicadas de modo a atender a população em toda a sua gama de diversidade.
Em 1963, em Washinton, é publicado pela associação Eastern Paralyzed Veterans Association
um manual intitulado “Barrier-Free Design”, que apresentava normas e parâmetros técnicos de
projeto para um Desenho Livre de Barreias (BENVEGNÚ, 2009). Surge ali o embrião do
conceito de Desenho Universal que passa por diversas modificações até que uma equipe de
pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte - composta por arquitetos, designers
industriais e engenheiros - definem os sete princípios básicos:
A informação deve ser PERCEPTÍVEL – Deve-se comunicar eficazmente a informação
possibilitando o uso para pessoas com limitações sensoriais;
Deve ser de uso SIMPLES E INTUITIVO – fácil de compreender para qualquer pessoa
independente da língua ou grau de formação, com pouco ou nenhuma complexidade;
USO EQUIPARÁVEL – deve ser possível a utilização por pessoas com diferentes capacidades,
promovendo a segurança e autonomia a todos;
USO FLEXÍVEL – pode ser utilizado para variados tipos de preferências e habilidades;
TOLERANTE AO ERRO – prever a diminuição de risco no caso da utilização incorreta e previne
futuros erros;
POUCA EXIGÊNCIA DE ESFORÇO FÍSICO – de fácil utilização, minimizar as ações repetitivas e
uso de esforço razoável.
ESPAÇO ADEQUADO – prever espaços de acesso e uso que incluam o dimensionamento básico
de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.
(BENVEGNÚ op cit./ PEREIRA, 2007 / SILVA et al. 2008)
O princípio básico é o atendimento a todos os tipos de usuários. A diferença fundamental está
na concepção de projetos, onde a ideia não é somente eliminar barreiras e adaptar espaços
para atender diferentemente cada tipo de pessoa, mas sim respeitar a diversidade prevendo
espaços que atendam a maior quantidade de pessoas sem necessitar de soluções específicas.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Este método de levantamento trata-se de um roteiro básico para vistoria intitulado “Critérios de
avaliação de acessibilidade em edificações” que foi desenvolvido pela Prefeitura Municipal de
São Paulo através da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida
(SMPED) em parceria com a Comissão Permanente de Acessibilidade (CPA).
O site da Prefeitura de São Paulo define que “a Secretaria tem como missão promover a
transformação social necessária à inclusão das pessoas com deficiência e mobilidade
reduzida.” (SÃO PAULO, 2013). A CPA instituída desde o ano de 2000, é o órgão consultivo e
deliberativo nas questões de acessibilidade da Prefeitura, composto por pessoas das diversas
secretarias e órgão municipais, representações e entidades civis, segundo informações do sítio
da prefeitura de São Paulo, cabe a ela “sugerir, checar e fiscalizar se os projetos, novos e
antigos, contemplam os acessos necessários.” Assim como cabe a ela fornecer o ‘Selo de
3
A múltipla interface com áreas vizinhas e a falta de uma teoria unificante são temas recorrentes nas auto-reflexões
da Psicologia Ambiental. A relação de estudos da Psicologia integrada com áreas como Arquitetura, Geografia,
Biologia, entre outras, tem levado à utilização da expressão Estudos Pessoa-Ambiente (EPA). GUNTER et al.
Acessibilidade”4. Existem três grupos de trabalho: a) edificações, b) vias públicas, logradouros,
mobiliário urbano e c) transportes.
Para obter o selo de Acessibilidade os projetos ou as edificações construídas, passam pelo
processo de vistoria, a partir do roteiro básico disponibilizado pela prefeitura que é base do
Software de vistoria eletrônica (SÃO PAULO, 2010). São avaliados requisitos referentes a: a)
circulação horizontal e vertical, b) portas, c) janelas, d) sanitários, e) vestiários, f) mobiliário
interno, g) estacionamento e h) piscinas. Em relação ao passeio público, os quesitos avaliados
são definidos na legislação da cidade. O Decreto Nº 45.904, de 2005, que regulamenta o artigo
6º da Lei nº 13.885, de 2004, estipula normas para: passeio, estacionamento, mobiliário urbano
e vegetação.
O programa eletrônico pode ser baixado gratuitamente no site da Prefeitura e tem como
objetivo possibilitar uma verificação rápida dos princípios de acessibilidade em edificações e
vias públicas construídas ou em estágio de projeto. Ele funciona em duas etapas, no primeiro
momento é gerado um roteiro de vistoria com os requisitos a serem analisados. São questões
como se o tipo de piso utilizado é antiderrapante, qual altura de corrimão, e assim por diante.
Em um segundo momento, os dados levantados devem ser inseridos no software que processa
as informações e gera um relatório minucioso com orientações para adequação da edificação
às normas de acessibilidade. O programa é voltado para profissionais da área da construção
civil, no entanto, também permite a utilização por leigos.
Ao todo o programa apresenta dezoito tópicos a serem avaliados e mediante o tipo de
edificação ele seleciona os itens para análise, esta sugestão pode ser acatada pelo usuário ou
não, pois o programa permite acrescentar ou retirar itens que se deseja analisar. São eles:
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O Selo de Acessibilidade – adesivo de 17,5 cm x 25 cm – atesta que a edificação é adequada para pessoas com
deficiência, conforme o estabelecido no Decreto 45.552/2004, contemplando todas as normas de acessibilidade
especificadas em lei (Disponível em www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/pessoa_com_deficiencia., visitado em
03/03/2012)
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS
A instituição avaliada é o Colégio Estadual Rainha da Paz da cidade de Alto Paraná, extremo
noroeste do Estado. Atende a 700 alunos da cidade e região que cursam ensino médio ou
cursos técnicos de administração e espanhol. O colégio de 1960 foi ampliado diversas vezes,
sendo a última ampliação a construção da quadra coberta em 2009.
O levantamento dos dados foi realizado no dia 08 de Outubro de 2010 por dois representantes
da Secretaria de Estado de Obras Públicas em um intervalo de aproximadamente 50 minutos,
utilizou-se do roteiro básico para se levantar as informações. Foi abastecido o software que por
sua vez gerou um relatório com mais de 50 páginas contendo fotos e normas. Não será
apresentado neste artigo o relatório completo devido à extensão do mesmo, será apresentado
um excerto do mesmo de modo a exemplificar o todo. Será mantida a ordem e formatação do
texto original visando expor com maior clareza o produto gerado pelo Software.
5. CONCLUSÃO
5
Arquiteta funcionária da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura de
São Paulo em Novembro de 2010.
estadual de ensino que prevê a adequação de ambientes escolares para promover a inclusão.
Para realizar a tarefa, buscou-se uma abordagem multimétodos, utilizando simultaneamente o
método de Pesquisa Descritiva e o de Passeio Acompanhado. O emprego de ambos objetivou
sanar as limitações respectivas e possibilitar uma abordagem mais ampla da questão. A
Pesquisa Descritiva que ficou a cargo da aplicação do “Roteiro Básico para Vistoria - critérios
de avaliação de acessibilidade em edificações” e o processamento dos dados no Software de
Vistoria Eletrônica desenvolvido pelo SMPED/SP baseado na NBR 9050/04.
O levantamento através do roteiro da Prefeitura de São Paulo possibilitou a organização
metódica da ação e a otimização do processamento de dados através do software de vistoria,
que criou um relatório com a descrição de todas as irregularidades e indicação de itens a serem
atendidos com relação à NBR 9050/04.
O colégio apresenta obstáculos arquitetônicos que se repetem sistematicamente em
edificações educacionais distribuídas ao longo do território brasileiro, como se comprovou
através do levantamento de estudos correlatos, são irregularidades de revestimentos de piso,
altura e tipo de comandos, altura do campo visual de janelas, ausência de rampas, etc. Existem
nestas escolas algumas características de acessibilidade, como rampas, corredores largos,
degraus chanfrados, sanitário com espaço para cadeira de rodas, etc. Contudo, visam atender
apenas a pessoas com deficiência motora (cadeirantes, etc) negligenciando o restante da
população a ser inclusa. Além disto, na maioria dos casos, mesmo estes elementos foram
executados erroneamente e não atendem às normas. Para colocar em prática as diretrizes
políticas de inclusão, é imprescindível que as edificações escolares se ajustem ao conceito de
desenho universal e que principalmente existam profissionais capacitados para projetar,
executar e fiscalizar as obras para que seja evitado o desperdício de verba pública em serviços
ineficazes.
Um dos objetivos do trabalho foi testar os métodos para avaliar a aplicação deles no cotidiano
de trabalho da Secretaria de Estado de Obras Públicas do Paraná devido a ser ela a
responsável pela adequação das edificações públicas. Acredita-se que a utilização destes
métodos pelos funcionários da SEOP seria de grande valia, pois, o software de vistoria
eletrônica poderia otimizar o processo de levantamento e elevar o controle de qualidade da
fiscalização dos serviços.
Seria necessário adequar o Software de São Paulo às características do Paraná, além de
promover a capacitação dos funcionários da SEOP a respeito de conceitos como desenho
universal, pessoas com deficiência, projeto de adequação inclusiva, entre outros. Estas ações
poderiam resultar na melhoria da qualidade dos serviços de adequação das instituições.
A pesquisa sobre acessibilidade é um tema atual e que pode ser explorado de maneira
inesgotável. Este trabalho deixa como sugestão para futuras pesquisas testar a aplicação do
método de levantamento de Vistoria Eletrônica da SMPED/SP em todos os escritórios regionais
da Secretaria de Estado de Obras Públicas do Paraná e realizar avaliação dos projetos de
adequação propostos pela Secretaria de Estado de Obras Públicas, assim como projetos de
escolas novas que estão processo de construção.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS