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Educação, Corpo e Movimento

Ms Januária Andrea Souza Rezende

Ementa:

Dimensões do movimento e da
corporeidade da criança.
Ludicidade, jogos e
brincadeiras como estratégia na
aquisição do movimento.
Cultura corporal, expressão e
ritmo. Interdisciplinaridade.
1. O papel do professor como mediador

A criança é um indivíduo único e ao mesmo tempo apresenta características sociais do grupo. A


escola, então, deve oferecer oportunidade para a criança movimentar-se, pois é essencial e determinante no
processo de desenvolvimento geral.
A atuação do professor principalmente na Educação Infantil deverá ser planejada e coerente. Segundo
Gallahue e Ozmun (2001), a escola, muitas vezes é o espaço onde, pela primeira vez, as crianças vivem
situações em grupo e não são mais o centro das atenções, sendo que as experiências vividas nessa fase
servirão de base para seu desenvolvimento.
Toda a prática pedagógica deve ser planejada e possuir objetivos claros. A Educação Física (o
movimento) para essa faixa etária é de grande importância para o desenvolvimento da criança e, nessa fase,
tanto o professor quanto a escola devem conhecer claramente os objetivos e conteúdos a serem trabalhados.
Soares et al (1992) defendem que, cada escola deve ter claro em seu Projeto Pedagógico, que tipo de
aluno quer formar, e questionar a função social de seu currículo. Os conteúdos devem buscar uma
contribuição para a explicação da realidade, de forma que o aluno possa refleti-la, já que, o conhecimento
que temos na escola determina uma dimensão da realidade e não a sua totalidade, que só se constrói no
momento em que se articulam harmoniosamente diversas áreas e disciplinas buscando um objetivo mútuo.
Nesse contexto, os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL,1997) foram criados para colaborar
para que escolas e professores traçassem seus objetivos de maneira mais clara e coerente com a fase de
desenvolvimento dos alunos. Segundo eles, cada escola deve possuir o seu próprio projeto pedagógico e esse
deve ser adaptado à realidade em que a mesma está inserida. Ainda, segundo esses Parâmetros, a Educação
Física (o movimento) nas séries iniciais deve buscar o desenvolvimento dos conteúdos através de
brincadeiras, que com o tempo devem possuir regras mais complexas. A proposta Pedagógica da escola deve
ser norteadora do processo de ensino da mesma.
Para Krebs et al. (1996), deve-se proporcionar a criança à
oportunidade de um grande número de vivências motoras, já que seu
desenvolvimento motor está relacionado com essas vivências, dessa
forma, quanto maior o número de experiências motoras, maior será o
desempenho nas tarefas motoras realizadas pela criança. Para Piccolo
(1995), um programa de Educação Física (movimento) deve levar em
consideração a contribuição de cada atividade, de seu conteúdo com a
formação do ser humano e, deve dar as condições para que o aluno
desenvolva todas as suas habilidades.

Para Hurtado (1998), as atividades desenvolvidas pela Educação Física Escolar para crianças e
adolescentes são de ordem bio-psico-fisiológicas e, devem ser ministrados através de didática específica
para cada faixa etária, grau, série, e nível de ensino.
As propostas pedagógicas das escolas apontam o desenvolvimento das habilidades motoras, lúdicas e
recreativas como principais objetivos a serem trabalhados nas séries iniciais.
Para Krebs et al. (1996), quando se planeja um programa de Educação Física (movimento), os
professores devem adaptar esse programa às necessidades de cada criança - ensino individualizado e ao
mesmo tempo enfatizar as necessidades do grupo - ensino socializado. Os programas devem encontrar um
equilíbrio entre as necessidades da criança e do grupo.
Os pesquisadores acima citados dizem que, a personalidade da criança é desenvolvida da interação
entre as características individuais - individualidade, relacionada ao estímulo interno, ou seja, as
experiências passadas da criança e das experiências com os outros – sociabilidade, que são as capacidades
da criança em lidar com os estímulos externos, dependentes do ambiente.
Segundo Krebs et al. (1996) a criança não é nem exclusivamente controlada pelo estímulo externo
imediato em sua situação, nem é totalmente independente de tal estímulo.
Para Krebs et al. (1996), a teoria de desenvolvimento cognitivo de Piaget também descreve a
interação entre fatores biológicos e sociológicos. Eles estudaram a maturação do sistema nervoso e a
adaptação ao ambiente. Sua teoria enfatizando cinco fatores: esquema – padrão de pensamento que as
pessoas usam para lidar no seu ambiente; adaptação – processo pelo qual a pessoa ajusta seu pensamento a
novas situações; assimilação – adquirir novas informações utilizando as estruturas cognitivas já existentes;
acomodação – adaptação de novas informações pela criação de novas estruturas cognitivas; equilíbrio –
equilíbrio entre esquema e acomodação.
Krebs (2004b), baseado nos conceitos de Piaget, diz que os conteúdos dos Programas de Educação
Física Física (movimento) precisam incorporar os seguintes princípios: começar com estruturas simples
(esquema) e progressivamente ir para os mais complexos. Ex: de jogos com baixa organização até os jogos
pré-esportivos; de exercícios de postura e locomoção até exercícios de autocontrole; de jogos cantados até a
dança folclórica; permitir que cada criança experimente uma variedade de atividades de movimento
(assimilação). Ex: de habilidades locomotoras e manipulativas até sequências de movimentos, Gallahue e
Ozmun (2001); permitir a criança, em qualquer tempo, que se familiarize com o movimento ou material
(acomodação). Ex: utilizar um estilo de descoberta dirigida de Muska Mosston; estar ciente da quantidade e
complexidade do conteúdo das aulas, observando o nível de desenvolvimento motor das crianças
(equilíbrio). Ex: fazer avaliação de observação, (GALLAHUE; OZMUM, 2001).
Usando então, o paradigma indivíduo/ambiente e a abordagem construtivista da Teoria de Piaget,
estabelecemos que a meta principal de um Programa de Educação Física Desenvolvimental é cumprir as
necessidades próprias da criança (objetivos relacionados aos estímulos internos, ou seja, a criança em
relação a ela própria – ênfase da atividade está na individualidade), dos outros e do mundo externo
(objetivos relacionados aos estímulos externos, a criança em relação aos outros e ao mundo externo - ênfase
da atividade está na sociabilidade). Qualquer atividade física associada à individualidade será descrita como
exercício, e quando for associada à sociabilidade será chamada de jogo ou dança.
Krebs (2004c) propõe que, um bom programa educacional deve atender as necessidades infantis,
buscando o equilíbrio entre o individual e o coletivo.
A criança da Educação Infantil é muito ativa e, por movimentos, experimenta suas possibilidades e
limites. A Educação Física se caracteriza por trabalhar a criança em seus movimentos mais amplos, com os
quais é estimulada a compreender progressivamente seu corpo, podendo melhorar sua autonomia.
O objetivo da Educação Física deve ser a estruturação da motricidade da criança, através de um
programa educacional que atenda aos seus interesses, buscando o equilíbrio entre as necessidades
individuais e coletivas, por meio de atividades lúdicas, desenvolvendo a consciência corporal e
espaciotemporal, para que a criança possa perceber a si mesma, e perceber as relações com os outros e com
o mundo.
Na Educação Infantil, a Educação Física baseia-se em atividades de estimulação motora. Partindo
das ideias de Krebs (1992), a criança deve procurar desenvolver o maior número de movimentos, para que
ao final dessa etapa, ela esteja madura em relação aos movimentos fundamentais: manipulação, locomoção e
equilíbrio.
O referido autor cria um sistema para classificar jogos,
exercícios e dança dentro do modelo curricular. Os jogos nas suas
estruturas mais simples são chamados de atividades de baixa
organização. Quando algumas regras e uma complexidade maior são
somadas a esses jogos, eles se tornam atividades pré-esportivas.
Exercícios físicos, nas suas formas mais simples, são denominados
atividades de postura ou locomoção. Quando os desafios são
acrescidos passam a ser denominada atividade de autocontrole. As
danças em suas estruturas mais simples são atividades rítmicas.

Para Krebs (1992), essas são as cinco áreas, de maior conteúdo da Educação Física na Escola e, ainda
podem ser subdivididas em subáreas mais específicas:
1) Atividades de baixa organização: os critérios que o autor usou para fazer as subdivisões foram a analise
de como a percepção do tempo, espaço, figura de fundo, direção, forma e fluência são enfatizadas. Os jogos
abaixo são componentes dessa atividade:
a) jogos de correr: quando a atividade é organizada em espaço aberto e o jogo permite a criança perceber as
diferenças entre rápido-lento, perto-distante (conceito de tempo, espaço e figura de fundo);
b) jogos de direção: quando atividade é organizada utilizando direções diferentes e o jogo permite a criança
perceber as diferenças entre direita-esquerda, frente-trás (conceito de direção e figura de fundo);
c) jogos em círculo: quando atividade é organizada utilizando espaços fechados e o jogo permite a criança
perceber as diferenças entre dentro e fora, centro e periferia (conceito de espaço);
d) jogos de interpretação: quando atividade é organizada permitindo a criança ter papéis específicos. A
ênfase é colocada na observação e interpretação (conceito de forma e fluência).

2) Atividades pré-esportivas: o critério que o autor usou para fazer as subdivisões foi a analise da dinâmica
do ambiente. O ambiente é estruturado de forma que todos os estímulos envolvidos na ação do jogo possam
ou não ser modificados. Os jogos abaixo são componentes dessa atividade:
a) jogos de habilidades fechadas: quando o ambiente é constante. Nesses jogos a ênfase é nas capacidades
físicas como: velocidade, força, coordenação, precisão, etc.;
b) jogos de habilidades abertas: quando o ambiente esta constantemente mudando. Nestes jogos a ênfase é a
capacidade de solução de problemas.

3) Atividades rítmicas: essas atividades fazem parte de qualquer cultura. O critério que o autor usou para
fazer as subdivisões foi observação dos jogos folclóricos de criança. Os jogos abaixo são componentes desta
atividade:
a) jogos cantados: quando uma coreografia específica não é necessária e a ênfase é colocada na interpretação
livre de músicas;
b) danças folclóricas: quando a atividades requer coreografia específica e a ênfase é colocada na cooperação
do grupo em executar a coreografia;
c) exercícios rítmicos: a ênfase é em seguir determinado estímulo rítmico e colocada na individualidade.

4) Atividades de postura e locomoção: o critério que o autor usou para fazer as subdivisões foi o
significado do movimento. Krebs (1992) cita Muska Mosston, que descreve duas capacidades humanas,
produção e reprodução do conhecimento. Os jogos abaixo são componentes dessa atividade.
a) exercícios de reprodução de movimentos: quando é dado um modelo para o movimento e a ênfase está na
aquisição das habilidades fundamentais (GALLAHUE; OZMUN, 2001);
b) exercícios de produção de movimentos: não é dado nenhum modelo. A ênfase está na experiência
exploratória (GALLAHUE; OZMUN, 2001).

5) Atividades de autocontrole: o critério que o autor usou para fazer as subdivisões foi à utilização ou não
de material. Os jogos abaixo são componentes dessa atividade.
a) exercícios sem material: quando a criança usa seu corpo como referência para o controle do movimento;
b) exercícios com material: quando as crianças usam o corpo e diferentes materiais como referência para o
controle do movimento.

A seguir, um resumo das atividades e os conteúdos. As atividades podem ser agrupadas em: baixa
organização, pré-esportivo, rítmica, postura e locomoção, autocontrole.
Os conteúdos subdividem-se em:
 baixa organização: jogos de correr, jogos de direção, jogos em círculo e jogos de interpretação;
 pré-esportivo: jogos de habilidades fechadas e jogos de habilidades abertas;
 rítmica: jogos cantados, danças folclóricas e exercícios rítmicos;
 postura e locomoção: exercícios de reprodução de movimentos e exercícios de produção de
movimentos;
 autocontrole: exercícios sem material e exercícios com material.

É preciso despertar o professor para o resgate desses conhecimentos que a criança possui e estimulá-lo a
organizar o meio de forma a provocar desequilíbrios na tentativa de modificá-los, alterando-os sempre,
proporcionando esquemas mais complexos e possibilitando novas aprendizagens.
Conforme é mencionado no RCNEI (BRASIL, 1988, p. 29):

A intervenção intencional baseada na observação das brincadeiras das crianças, oferecendo-lhes material
adequado, assim como um espaço estruturado para brincar permite o enriquecimento das competências
imaginativas, criativas e organizacionais infantis. Cabe ao professor organizar situações para que as
brincadeiras ocorram de maneira diversificada para propiciar às crianças a possibilidade de escolherem os
temas, papéis, objetos e companheiros com quem brincar ou os jogos de regras e de construção, e assim
elaborarem de forma pessoal e independente suas emoções, sentimentos, conhecimentos e regras sociais. É
preciso que o professor tenha consciência que na brincadeira as crianças recriam e estabilizam aquilo que
sabem sobre as mais diversas esferas do conhecimento, em uma atividade espontânea e imaginativa. Nessa
perspectiva não se deve confundir situações nas quais se objetiva determinadas aprendizagens relativas a
conceitos, procedimentos ou atitudes explícitas com aquelas nas quais os conhecimentos são experimentados
de uma maneira espontânea e destituída de objetivos imediatos pelas crianças. Pode-se, entretanto, utilizar os
jogos, especialmente àqueles que possuem regras, como atividades didáticas. É preciso, porém, que o
professor tenha consciência que as crianças não estarão brincando livremente nestas situações, pois há
objetivos didáticos em questão.
De acordo com Perez Gallardo (2001), as funções do professor na Educação Infantil, quanto à
formação humana estão relacionadas com a formação do cidadão, criar condições para apoiar a criança para
que ela se desenvolva e seja capaz de respeitar o outro.
Perez Gallardo (2001, p. 24), cita estas funções:
 preparar as pessoas para o presente, para o agora, já que o futuro é uma incógnita, pensando
que elas são as que viverão no futuro;
 preparar as pessoas para que elas façam seu próprio futuro;
 fazer vivenciar agora a responsabilidade, a cooperação, a honradez, etc., para que assim elas
construam seu próprio futuro com autonomia, responsáveis do seu viver e pelo que elas farão
conscientes do seu ser social;
 fazer com que as pessoas entendam que o mundo em que vivemos é feito pelos próprios seres
humanos no seu viver, capazes de aprender qualquer coisa, já que sua identidade não está no
fazer, mas em sua forma de ser;
 formar a pessoa para o presente, para qualquer presente, formar seres em quem qualquer outro
ser humano possa confiar e respeitar;
 formar seres capazes de pensar em tudo e fazer o necessário para procurar soluções, como um
ato responsável da sua consciência social.
Segundo Perez Gallardo (2001), as funções do professor na Educação Infantil, quanto à capacitação,
se referem à aquisição de habilidades e capacidades para que a criança seja capaz de vivenciar o seu dia-a-
dia, ou seja, o professor deve criar condições e espaços para que ela desenvolva e amplie suas habilidades e
capacidades.
Perez Gallardo (2001, p. 24), cita estas funções:
 conhecer em profundidade o desenvolvimento do ser humano para assim poder escolher as
atividades que são adequadas e próprias de cada período de desenvolvimento;
 conhecer as atividades que são relevantes para cada região ou localidade a qual a pessoa
pertence;
 saber criar um meio ambiente de confiança, cheio de estímulos diversificados e adequados às
características, necessidades e interesses das pessoas;
 respeitar a individualidade de cada pessoa, sua cultura de origem, seus valores e expectativas,
e a partir delas desenvolver o processo educativo;
 nunca criticar o ser da pessoa, já que ela é o resultado da ação de seu meio físico e social;
criticando-a em seu ser, você critica a família e a sociedade a qual a pessoa pertence;
 fazer correções a seu fazer, já que ela está num processo permanente de estruturação do seu
ser, fazendo bem terá mais possibilidades de se inter-relacionar com as outras pessoas,
melhorando desta forma o seu ser;
 criar espaços de ação onde a pessoa exercite as habilidades que deseja desenvolver,
facilitando a ampliação de suas capacidades de fazer, com reflexão nesse fazer, como parte da
experiência que se vive e se deseja viver.
Justificando a função do professor De Marco (2004, p. 33) afirma:

A educação física pode contribuir com o desenvolvimento pleno da pessoa, com a formação de uma
consciência crítica, com conceito de cidadania e com o próprio desenvolvimento da consciência corporal,
entendendo que o conhecimento do corpo precede a descoberta e integração do mundo exterior. Para isso, o
conceito de movimento precisa ser revisto e ampliado, tem que ser considerado como um conjunto de
diversos processos (sensação, cognição, emoção e memória) cuja síntese pode resultar em movimento ou na
motricidade, como capacidade singular da espécie humana.
De acordo com Krebs (2004c), ao planejarmos um Programa de Educação Física, devemos:
 construir uma grade curricular que mostre o alcance, a sequência e o equilíbrio do programa
para todo o ensino;
 fazer um plano anual, para cada tipo de ensino, e descrever as atividades escolhidas para cada
um;
 fazer planos para cada bimestre e incluir os tipos de exercícios, atividades rítmicas e jogos
que farão parte do plano;
 elaborar planos semanais e diários incluindo o conteúdo específico das aulas;
 resumir seu plano de aula sintetizando suas decisões e a esperada das crianças.
Mas, para Kishimoto (1998), apesar do jogo ser uma atividade espontânea nas crianças, isso não
significa que o professor não necessite ter uma atitude ativa sobre ela, inclusive, uma atitude de observação
que lhe permitirá conhecer muito sobre as crianças com quem trabalha. Então, ela estabelece algumas
funções para o professor:
 providenciar um ambiente adequado para o jogo infantil: a criação de espaços e tempos para
os jogos é uma das tarefas mais importantes do professor. Cabe a ele organizar os espaços, para
permitir as diferentes formas de jogos;
 selecionar materiais adequados: o professor precisa estar atento à idade e às necessidades de
seus alunos para selecionar e deixar à disposição materiais adequados. Esse deve ser suficiente, em
quantidade e diversidade. Lembrando sempre da importância de respeitar e propiciar elementos que
favoreçam a criatividade das crianças. Ex: sucata;
 permitir a repetição dos jogos: as crianças sentem grande prazer em repetir os jogos que
conhecem bem. Se sentem seguras quando percebem que são mais habilidosas, sentem-se seguras e
animadas com a nova aprendizagem;
 enriquecer e valorizar os jogos realizados pelas crianças: uma observação atenta pode indicar
ao professor que sua participação seria interessante para enriquecer a atividade, introduzindo novos
personagens ou novas situações que tornem o jogo mais rico e interessante para as crianças,
aumentando suas possibilidades de aprendizagem. Valorizar as atividades das crianças,
interessando-se por elas, animando-as pelo esforço, evitando a competição. Outro modo de
estimular a imaginação das crianças é servir de modelo, brincar junto ou contar como brincava
quando tinha a idade delas;
 ajudar a resolver conflitos: durante certos momentos dos jogos acontecem com certa
frequência pequenos conflitos entre as crianças. A atitude do professor é conseguir que as crianças
procurem resolver esses conflitos, ensinando-lhes a chegar a acordos, negociar e compartilhar;
 respeitar as preferências de cada criança: através dos jogos cada criança terá a oportunidade
de expressar seus interesses, necessidades e preferências. O papel do professor será o de propiciar-
lhes novas oportunidades e novos materiais que enriqueçam seus jogos, mas, respeitando os
interesses e necessidades da criança de forma a não forçá-la a realizar determinado jogo ou
participar de um jogo coletivo;
 não reforçar papéis sexistas e, ou, outros valores do professor:

Os brinquedos aparecem no imaginário dos professores de Educação Infantil como objetos culturais
portadores de valores considerados inadequados. Por exemplo, bonecas Barbies devem ser evitadas por
carregar valores americanos. Bonequinhos guerreiros, tanques, armamentos e outros brinquedos, com formas
bélicas, recebem o mesmo tratamento por estarem associados à reprodução da violência. Brincadeiras de
casinhas com bonecas devem restringir-se ao público feminino. Brincadeiras motoras, com carrinhos e
objetos móveis, pertencem mais ao domínio masculino. Crianças pobres podem receber qualquer tipo de
brinquedo, porque não dispõem de nada. A pobreza justifica o brincar desprovido de materiais e a
brincadeira supervisionada. Escolas representadas por diversas etnias começam a introduzir festas
folclóricas, com danças, comidas típicas, como se a multiculturalidade pudesse ser resumida e compreendida
como algo turístico, pelo seu lado exótico, apenas por festas e exposições de objetos típicos, não
contemplando os elementos que caracterizam a identidade de cada povo. Enfim, são tais atitudes que
demonstram preconcepções relacionadas à classe social, ao gênero e à etnia, e tentam justificar propostas
relacionadas às brincadeiras introduzidas em nossas instituições de Educação Infantil (KISHIMOTO, 1998,

p. 79).
As crianças expressam através de seus jogos, brincadeiras como elas se relacionam, ou as maneiras
que elas conhecem para se relacionar. O jogo é essencial para a formação da identidade e a diferenciação
pessoal. Entretanto, os professores precisam ser cuidadosos e sensíveis para não reproduzirem através dos
seus valores, os “papéis sexistas”. Nesse sentido, possibilitar que meninos e meninas joguem juntos,
evitando expressões como "os meninos não jogam" ou, "isto não é para menina", estimulando e favorecendo
o crescimento e a identidade tanto de meninos como meninas, sem reforçar estereótipos sociais, ainda
existentes em muitas regiões ou arraigados em certas culturas.

Sugestões de Leitura:

VEIGA, I.P.A.;SILVA,E.F. (orgs) A escola mudou: que mude a formação de professores! Campinas:
Papirus, 2010

REFLEXÃO:

É importante analisar se hoje sou melhor professor do que ontem... É relevante identificar se consigo
olhar meu aluno na perspectiva de seus potenciais

É interessante perceber se consigo mediar às tarefas dadas sem apontar soluções aos problemas e sem
esperar resultado determinado.... sou apenas um professor ou tenho atitudes de educador que busca
transformar.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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