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Ambiguidade: evite esse defeito de construção sintática

Por Thaís Nicoleti


Macarrão levou Eliza Samudio para ser morta por amar Bruno, diz advogado do
goleiro

O título jornalístico acima bem ilustra um defeito de construção sintática conhecido


como “ambiguidade”. Dada a sua estrutura, o texto permite duas leituras.
Vamos entender por que isso ocorre: observe que a oração infinitiva “por amar Bruno”,
de caráter adverbial (exprime a causa de algo), pode modificar qualquer uma das duas
formas verbais mencionadas anteriormente (“levou” ou “ser morta”).
Em outras palavras, ou Macarrão levou Eliza Samudio ao local em que seria morta
porque ele amava Bruno, ou Eliza Samudio foi morta por amar Bruno. Na prática, fica a
pergunta: quem amava Bruno?
Independentemente de quem amasse mais o goleiro Bruno, o fato é que a leitura da
notícia nos permite compreender que o rapaz que atende pelo apelido de “Macarrão” era
quem amava o goleiro e, em razão desse sentimento, na versão do referido advogado,
levou Eliza ao local onde seria morta.
Para que o leitor compreendesse o inusitado argumento do advogado já na primeira
leitura, bastaria ao redator mudar a posição da oração infinitiva. Posta no início do
período, imediatamente antes do sujeito representado por “Macarrão”, a oração só
poderia referir-se à ação praticada por ele. Assim:

Por amar Bruno, Macarrão levou Eliza Samudio para ser morta, segundo o
advogado do goleiro

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