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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS
EPISTEMOLOGIA AMBIENTAL

SABER AMBIENTAL: Sustentabilidade, racionalidade,


complexidade e poder
Enrique Leff
Profa.: Dra. Meire Pereira
Pós-graduandxs: Sandra Paz e Raphael Macieira

Boa Vista - RR, abril de 2018


Roteiro da Apresentação

 Apresentação do autor;
 Apresentação da Obra;
 Objetivo do obra;
 Sumário;
 Prefácio; e
 Apresentação dos principais capítulos.
Enrique Leff
Sociólogo ambiental mexicano. Doutorado em Economia do
Desenvolvimento em Paris, França em 1975. Pesquisador Integral
"C" do Instituto de Pesquisas Sociais e Professor da Faculdade de
Ciências Políticas e Sociais da UNAM (Universidade Nacional
Autônoma do Mexico);

É um dos mais reconhecidos intelectuais latino-americanos que


trabalham a temática ambiental sob uma perspectiva
interdisciplinar, criticando ostensivamente a teoria
desenvolvimentista e seus malefícios para o meio ambiente.

Prêmio Nacional de Pesquisa Socio-Humanista 2015, Universidade


Autônoma de San Luis Potosí, México.

3
Enrique Leff neste livro “Saber ambiental: trabalha a temática
ambiental numa perspectiva interdisciplinar:

SUSTENTABILIDADE

RACIONALIDADE

COMPLEXIDADE

PODER

É uma coletânea de artigos e de notas de conferências


realizadas, num intervalo de dez anos, que de modo sucessivo
vão tratando de temáticas relacionadas com o ambiente.
4
Objetivo Central

Discutir os elementos que sirvam para a construção de um saber que


possa realmente ser adjetivado como ambiental, e que ao mesmo tempo
permitam o questionamento daquilo que pensa-se ser saber ambiental
e sustentabilidade.

5
Sumário
1. Globalização, ambiente e sustentabilidade do desenvolvimento 22. Tecnologia, vida e saúde
2. Dívida financeira, dívida ecológica, dívida da razão 23 Qualidade de vida e racionalidade ambiental
3. Economia ecológica e ecologia produtiva 24. Espaço, lugar e tempo: as condições culturais do
4. Democracia ambiental e desenvolvimento sustentável desenvolvimento sustentável
5. A reapropriação social da natureza 25. Os direitos ambientais do ser coletivo
6. Ética ambiental e direitos culturais 26. Transgênese
7. Ambiente e movimentos sociais 27. História ambiental
8. Cidadania, globalização e pós-modernidade 28. Tempo de sustentabilidade
9. O conceito de racionalidade ambiental 29. Globalização e complexidade ambiental
10. A formação do saber ambiental 30. Ética pela vida - Elogio da vontade de poder
11. Sociologia do conhecimento e racionalidade ambiental
12. Matematização do conhecimento e saber ambiental
13. O inconsciente in(ter)disciplinar
14. Psicanálise e saber ambiental
15. Universidade, interdisciplinaridade e formação ambiental
16. Conhecimento e educação ambiental
17. Educação ambiental e desenvolvimento sustentável
18. A pedagogia do ambiente
19. Cultura, epistemologia política e apropriação do saber
20. Habitat/Habitar
21. Demografia e ambiente 6
Prefácio

A degradação ambiental, o risco de colapso ecológico e o avanço da


desigualdade e da pobreza são sinais eloquentes da crise do mundo globalizado.

7
Prefácio
• Falar sobre sustentabilidade significa que existe uma falha fundamental da
humanidade. Uma crise na civilização que alcança seu ápice na modernidade,
mas na verdade sua origem vem desde a concepção do mundo com base na
civilização ocidental;

• A sustentabilidade é o tema do nosso tempo, desde o final do séc. XX até a


passagem para o 3º milênio.

MODERNIDADE PÓS- MODERNIDADE

Truncada Incerta
Diferença, diversidade, democracia e
autonomia 8
Prefácio
• O saber ambiental emerge de uma reflexão sobre a construção social do
mundo atual, onde se convergem os tempos históricos, não mais o tempos
cósmicos, da evolução biológica e da transcendência histórica;

• É a confluência de:

PROCESSOS PROCESSOS PROCESSOS


FÍSICOS BIOLÓGICOS SIMBÓLICOS
ORDEM GEOFÍSICA
INTERVÊNCÃO DA
DO HOMEM (Economia,
Ciência
VIDA E DA e Tecnologia)
CULTURA

9
Prefácio

13/05 16/05

08/03 15/04

10
Prefácio
• Vivemos em um mundo de complexidade:

NATUREZA TECNOLOGIA TEXTUALIDADE

Sobrevivem e tomam novo significado

REFLEXÕES IDENTIDADES
FILOSÓFICAS CULTURAIS

CIBERNÉTICA, COMUNICAÇÃO ELETRÔNICA E


BIOTECNOLOGIA
11
Prefácio
• Tempos de hibridação do mundo – a tecnologização da vida e a economização
da natureza -, de mestiçagem de culturas, de diálogos dos saberes, de
dispersão de subjetividades, onde se está descontruindo e reconstruindo o
mundo, onde se estão ressignificando identidades e sentidos existenciais a
contracorrente do projeto unitário e homogeneizante da modernidade;
• Tempos em que emergem novos valores e racionalidades e reorientam a
construção do mundo. Tempos em que se descongelam, se decantam, se
precipitam e se reciclam os tempos históricos passados; onde hoje se
reenlaçam suas histórias diferenciadas e se relança a história para novos
horizontes.
UTILIZAM-SE DE UM FALSO SABER AMBIENTAL COMO ESTRATÉGIA DE
PODER EM TORNO DA REAPROPRIAÇÃO DA NATUREZA.
12
Prefácio
• O ambiente é esse saber que se verte sobre a enganosa transparência dos
sinais do mercado globalizado e do iluminismo do conhecimento científico e
moderno, da eficácia da tecnologia e da racionalidade instrumental,
precipitando seus saberes subjugados (obrigados).

Mundo
TEMPOS ONTOLÓGICOS
homogeneizado TEMPOS HISTÓRICOS
da ciência, do TEMPOS DO PENSAMENTO
progresso e da TEMPOS SUBJETIVOS
globalização

AMBIENTE
13
Prefácio
• Olho-me nesses textos e vejo a trama e os traços que unem sua história com a
minha.

• Ano de 1968: tempos de juventude, rebeldia, busca do sentido, reflexão sobre


um futuro incerto.

Este livro traz inscritas as marcas desta história que não é só a evolução de
um pensamento que reflete a crise ambiental. É a re-volta para a crise do
mundo atual [...] As sacudidas daquele tempo abriram as comportas ao
desejo de saber que levou minhas reflexões dos trinta anos a plasmar-se no
campo da problemática ambiental que interrompia no mundo naquele
momento.

14
Prefácio
• Este livro é um olhar para a emergência e construção deste conceito de
ambiente que ressignifica as concepções do progresso, do desenvolvimento e
do crescimento sem limite, para configurar uma nova realidade social que se
reflete no campo da produção e do conhecimento, da política e das
práticas educativas.

• O saber ambiental sacode o jugo de sujeição e desconhecimento ao qual foi


submetido pelos paradigmas dominantes do conhecimento.
15
Prefácio
• O conceito de ambiente gera portanto uma corrente que vai se entrelaçando
nas tramas da sustentabilidade e nas artimanhas do discurso do
desenvolvimento sustentável, definindo categorias de racionalidade e de saber
ambiental, problematizando o avanço das ciências e da
interdisciplinaridade, para penetrar com uma visão crítica no campo das
etnociências, habitat, população, corpo, tecnologia, saúde e vida.

Conceito de ambiente coloca à prova seu sentido questionador,


transformador e recreativo nos domínios do saber

16
Prefácio
• O texto ordena seu curso a partir:

o Questionamento do desenvolvimento sustentável, da capitalização da natureza e da


homogeneização cultural;
o Contorna o campo da economia ecológica e da ecologia política;
o Vai irrigando o tema da democracia e da apropriação social da natureza;
o Abastece-se na corrente da ética, dos movimentos sociais e da cidadania;
o Chega ao ponto de ancoragem de seus conhecimentos básicos: saber ambiental e
racionalidade ambiental;
o Fertiliza-se o campo do conhecimento e do saber, traçando uma nova vertente para a
sociologia do conhecimento, abrindo canais da subjetividade e do sentido diante da
objetividade e da matematização do conhecimento;
o Profunda-se no inconsciente para desentranhar o sentido da interdisciplinaridade e do
desejo de saber.

17
Prefácio

O saber ambiental desemboca no terreno da educação, questionando os


paradigmas estabelecidos e abastecendo as fontes e mananciais que
irrigam o novo conhecimento: os saberes indígenas, os saberes do povo, os
saberes pessoal.

18
Prefácio
• Os capítulos formam um caleidoscópio
em que o conceito de ambiente adquire
novas luzes e matizes;

O saber ambiental crítico e complexo vai


se construindo num diálogo de saberes e
num intercâmbio interdisciplinar de
conhecimentos. Vai construindo um
campo epistêmico que problematiza os
paradigmas estabelecidos para construir
uma nova racionalidade social.

Este livro não aspira integra um sistema de conhecimentos acabados sobre o


meio ambiente. Trata-se tão somente do germe de um saber em construção!19
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
A crise ambiental e o princípio da sustentabilidade
• O princípio da sustentabilidade surge no contexto da globalização como a marca
de um limite e o sinal que reorienta o processo civilizatório da humanidade. A
crise ambiental veio questionar a racionalidade e os paradigmas teóricos que
impulsionaram e legitimaram o crescimento econômico, negando as impurezas.

Os processos de destruição ecológica e degradação Indivíduos procuram satisfazer as


ambiental se deram devido a invisibilização da natureza necessidade da forma racionalmente
pela racionalidade econômica que predominou sobre os perfeita. Classificando as escolhas por
paradigmas organicistas dos processos da vida, legitimando ordem de preferência.
uma falsa ideia de progresso da vida moderna

20
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
A crise ambiental e o princípio da sustentabilidade

SUSTENTABILIDADE

• Conceito de sustentabilidade surge, então, do reconhecimento da função de


suporte da natureza, condição e potencial do processo de produção.

21
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
A crise ambiental e o princípio da sustentabilidade
• A crise ambiental se torna evidente nos anos 60  reflexo da irracionalidade
ecológica dos padrões dominantes de produção e consumo, e marcando limites
do crescimento econômico.

• Debates teóricos e político para


valorização da natureza e • Estratégias do
internalizar as “externalidades ecodesenvolvimento
socioambientais” ao sistema
econômico

22
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Conferência das Nações


Primavera Silenciosa de
Unidas sobre Meio Ambiente
Rachel Carson, anos 60.
Humano – Estocolmo, 1972.

23
CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO
Realizada na capital da Suécia a conferência contou com a presença de
113 países e mais 400 instituições governamentais e não governamentais
e foi Presidida pelo canadense Maurice Strong. Naquela época
acreditava-se que o meio ambiente era uma fonte inesgotável e a relação
homem com a natureza era desigual. Essa conferência foi muito
importante, pois pela primeira vez o mundo se direcionou para a
população global, a poluição atmosférica e a intensa exploração dos
recursos naturais.
O Brasil aceitava indústrias que outros países não aceitavam para
continuar o crescimento econômico alto, a desculpa era que o tinha a
Amazônia e podia suportar bem a poluição
Essa conferência foi de extrema importância para controlar o uso dos
recursos naturais pelo homem, e lembrar que grande parte destes
recursos além de não serem renováveis, quando removidos da natureza
em grandes quantidades, deixam uma lacuna, ás vezes irreversível,
cujas consequências virão e serão sentidas nas gerações futuras.
24
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Conferência das Nações


Conferência das Nações
Primavera Silenciosa de Unidas sobre Meio Ambiente
Unidas sobre Meio Ambiente
Rachel Carson, anos 60. e o Desenvolvimento – Rio
Humano – Estocolmo, 1972.
de Janeiro, 1992.

25
ECO 92 Eco-92), aconteceu entre 3 a 14 de junho de 1992, no Rio de
Janeiro, com a presença de representantes de 178 países para
debater formas de desenvolvimento sustentável.

Foram analisadas metas para o controle das emissões de CO2 na atmosfera, bem
como para a criação de parâmetros para a proteção da biodiversidade, entre eles o
uso sustentável de florestas e a compensação (através de royalties), para países
pobres, pelo uso de seus recursos naturais.

Declaração do Rio sobre Meio Ambiente de


Desenvolvimento; Agenda 21; Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre a
Mudança do Clima (CQNUMC); Convenção
das Nações Unidas sobre Diversidade
Biológica (CDB); e Convenção sobre
Combate à Desertificação; a Agenda 21.
“externalidades do desenvolvimento” 26
Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, celebrada no Rio de Janeiro, foi elaborado e
aprovado um programa global (conhecido como Agenda 21) para
regulamentar o processo de desenvolvimento com base nos princípios
de sustentabilidade (p. 20).

por sua vez, era um texto com 2.500


recomendações com o objetivo de criar
um programa de transição para o
desenvolvimento sustentável, tendo
como base o Relatório de Brundtland,
para a criação de Agendas 21 nacionais
e regionais.

27
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade
• Novo conceito de ambiente a partir da percepção da crise ecológica:

Uma nova visão do desenvolvimento humano, que reintegra os valores e


potenciais da natureza, as externalidades sociais, os saberes subjugados e a
complexidade do mundo negados pela racionalidade mecanicista

• O saber ambiental ocupa seu lugar no vazio deixado pelo progresso da


racionalidade científica, como sintoma de sua falta de conhecimento e como
sinal de um processo interminável de produção teórica e de ações práticas
orientadas por uma utopia: a construção de um mundo sustentável, democrático,
igualitário e diverso. 28
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade
• A degradação se manifesta como sintoma de uma crise de civilização, marcada
pelo modelo de modernidade regido pelo predomínio do desenvolvimento da
razão tecnológica sobre a organização da natureza;

• A questão ambiental problematiza as próprias base da produção; aponta para a


desconstrução do paradigma econômico da modernidade e para a construção de
futuros possíveis, fundados nos limites das leis da natureza, nos potenciais
ecológicos, na produção de sentidos sociais e na criatividade humana;

29
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade
• No processo de reconstrução  estratégias do ecodesenvolvimento:
potencialidades ecológicas de cada região, diversidade étnica e autoconfiança
das populações para a gestão participativa dos recursos

• Surge a busca por um conceito capaz de ecologizar a economia, eliminando a


contradição entre crescimento econômico e preservação da natureza.

30
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade
• Uma década da Conferência de Estocolmo, o contexto dos países de Terceiro
Mundo, e da América Latina em particular: endividados, caindo em processos de
inflação e recessão;

• Recuperação econômica prioridade por parte das políticas governamentais;

• Contexto mundial: avanços e complexificação dos problemas ambientais.


Mesmo com o discurso do crescimento sustentável, o
próprio ambiente cobra a diminuição dos impactos
DESENVOLVIMENTO
ecodesenvolvimento
ambientais, e desigualdade social, mostrando a fragilidade
SUSTENTÁVEL
do conceito de CS ou na verdade, como isso na prática
não acontece. 31
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade

• A pedido do secretário geral da ONU, em 84 foi


criado a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento: tinha como objetivo avaliar os
avanços dos processos de degradação ambiental e
a eficácia de políticas ambientais para enfrentar tais
processos.

32
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade
• Nosso futuro comum reconhece as diferenças entre as nações e a forma como se
destacam as crises da dívida dos países de 3º mundo. Mesmo assim, busca um
terreno comum, e que seja capaz de dissolver a diferentes visões e interesses
de países, povos e classes sociais, que existe no conflito do desenvolvimento;

• Desse modo começou a Potencialidades


Ecodesenvolvimento: montar-se uma estratégia
ecológicas de cada política
região, para a
sustentabilidade ecológica
diversidade étnicadoe processo de das
autoconfiança globalização
populaçõese para
como condição para
a gestão
sobrevivênciaparticipativa
do gênero dos recursos
humano, através do esforço compartilhado das
nações;

33
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade
• O discurso da “sustentabilidade” leva portanto a luta por um crescimento
sustentado, sem justificação rigorosa da capacidade do sistema econômico de
Desenvolvimento sustentável: Um processo que permite satisfazer
internalizar as condições ecológicas e sociais deste processo.
as necessidades da população atual sem comprometer a capacidade
de atender as gerações futuras.
• Ambivalência doSustentabilidade, tempo de regeneração da natureza,
discurso da sustentabilidade
tempo de produtividade, valores culturais e humanos,
equidade, justiça e democracia
Sustainability
Ecodesenvolvimento: Potencialidades
A sustentabilidade ecológica ecológicas
constitui de cada
uma condição de região,
diversidadesustentabilidade
étnica e autoconfiança das econômico
do processo populações para a gestão
participativa dos recursos Sostenible
Sustentable

34
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade
• O Informe de Bruntland oferece uma perspectiva renovada a discussão da
problemática ambiental e do desenvolvimento.

Vulgarização do termo, mimetismo discursivo: dissensões e contradições do discurso


sobre DS, sentidos diferentes e interesses opostos na apropriação
Regulamentar o processo dadenatureza
desenvolvimento
com base nos princípios da sustentabilidade.
Manifestaram-se nas dificuldades para conseguir acordos internacionais para orientar a passagem
para a sustentabilidade. Países do Norte se recusam a assinar declaração sobre conservação e
desenvolvimento sustentável das florestas. Pressupõe-se então uma política para mudança
global resolvendo a contradição: MEIO AMBIENTE
Ao mesmo tempo: Grupos indígenas e
Defendem: empresas transnacionais de vs DESENVOLVIMENTO
biotecnologia a apropriar-se dos recursos camponeses defendem sua diversidade
genéticos localizados no 3º Mundo. biológica e étnica e o direito de apropriar-
“Direitos de propriedade intelectual” se de seu patrimônio histórico e de RN/C35
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade

• Foram conquistando espaços políticos para legitimar: direito a seus territórios étnicos, suas
línguas, costumes, dignidade, autonomia e seus direitos de cidadania.
36
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade
• A problemática ambiental surge pela crise da racionalidade econômica que conduziu o processo
de modernização;

• Diante da impossibilidade de assimilar as propostas de mudanças que surgem de uma nova


racionalidade (ambiental), a políticas de desenvolvimento sustentável vão desativando, diluindo e
deturpando o conceito de ambiente;
Antes: a crise ambiental alerta Na perspectiva neoliberal
Agora: a partir teríamos que
do discurso
sobre o risco de um colapso atribuir direitonão
neoliberal, de há
propriedade e preços aos
mais contradição
ecológico; bensentre
e serviços
ambienteda enatureza para que as
crescimento.
clarividentes leis do mercado se
• Os problemas ecológicos não surgem do encarreguem de ajustar os desequilíbrios
acúmulo de capital; ecológicos e as diferenças sociais.

37
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade
• A problemática ambiental surge pela crise da racionalidade econômica que conduziu o processo
de modernização;

• Diante da impossibilidade de assimilar as propostas de mudanças que surgem de uma nova


racionalidade (ambiental), a políticas de desenvolvimento sustentável vão desativando, diluindo e
deturpando o conceito de ambiente;
Antes: a crise ambiental alerta Na perspectiva neoliberal
Agora: a partir teríamos que
do discurso
sobre o risco de um colapso atribuir direitonão
neoliberal, de há
propriedade e preços aos
mais contradição
ecológico; bensentre
e serviços
ambienteda enatureza para que as
crescimento.
clarividentes leis do mercado se
• Os problemas ecológicos não surgem do encarreguem de ajustar os desequilíbrios
acúmulo de capital; ecológicos e as diferenças sociais.

38
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade
• sustentável
O discurso dominante sobre a sustentabilidade promove um crescimento econômico sustentável;

Condições ecológicas e termodinâmicas que


estabelecem limites e condições à apropriação e
transformação capitalista da natureza

• Nesse sentido, procura-se incorporar a natureza ao capital a partir de uma dupla operação
Processos ecológicos e simbólicosdo homem, da cultura e
Recodificação
Internalizar os custos
convertidos em capital
danatural,“Cálculo
natureza como de
humano significação”
formas de uma mesma
ambientais do progresso e cultural
A ideologia do desenvolvimento sustentável essência:
desencadeia O CAPITAL
um delírio e uma inércia
incontrolável de crescimento.
Reestruturar as condições da produção mediante uma gestão
economicamente racional do ambiente.
39
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade
• O discurso da sustentabilidade monta um simulacro que, ao negar os limites do crescimento,
acelera a corrida desenfreada do processo econômico para a morte entrópica. A racionalidade
econômica desconhece toda a lei de conservação e reprodução social para dar curso a uma
degradação do sistema que transcende toda norma, referência e sentido para controla-lo. Se as
ecosofias, a ecologia social, e o ecodesenvolvimento tentaram dar novas bases morais e
produtivas a um desenvolvimento alternativo, o discurso do neoliberalismo ambiental opera como
uma estratégia fatal que gera uma inércia cega, uma precipitação para a catástrofe.

Entropia: grandeza da Termodinâmica: estudo das leis que regem


termodinâmica que mensura as relações entre calor, trabalho e outras
o grau de irreversibilidade de formas de energia. Transformações de
um sistema. Associado a energia. Disponibilidade de energia para
desordem. realizar trabalho.
40
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade
• Leff justifica a afirmação anterior porque o discurso neoliberalista promete alcançar seus
propósitos sem uma fundamentação sobre:

• A capacidade do mercado de dar o justo valor à natureza e à cultura;


• De internalizar as externalidades ambientais;
• Dissolvição das desigualdades sociais;
• Reverter as leis da entropia e atualizar as preferências das futuras gerações.

• Como essa possível sustentabilidade do capitalismo como

COMO? um sistema que tem irreversível impulso para o crescimento,


mas é incapaz de deter a degradação entrópica que ele gera
vai solucionar tais lacunas?
41
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade
• Diante da crise ambiental, a racionalidade econômica resiste à mudanças, induzindo com o
discurso da sustentabilidade uma estratégia de simulação e perversão do pensamento ambiental.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Trompe-l'oeil

42
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade
• O capital, agora em sua fase ecológica diferencia-se das formas tradicionais de
apropriação primitiva e selvagem dos recursos das comunidades do 3º Mundo a
uma nova estratégia que legitima a apropriação econômica dos RN baseado em:

Operação que atribui


a biodiversidade Comunidades do 3º Mundo
Direitos privados de
como patrimônio como parte do capital
propriedade intelectual.
comum da humano do planeta.
humanidade.

43
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade

• Tem o crescimento econômico como um processo sustentável, firmado nos


mecanismos do livre mercado como meio eficaz de assegurar o equilíbrio
ecológico e a igualdade social;

• Nesse contexto as tecnologias se encarregam de reverter os efeitos da


degradação ambiental, nos processos de produção, distribuição e consumo de
mercadoria. A mesma tecnologia que destrói, é a que vai salvar o mundo do
demônio da morte entrópica.

44
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade

• O neoliberalismo ambiental busca debilitar as resistências da cultura e da


natureza para subsumi-las dentro da lógica do capital.

• Que os povos indígenas “valorizem seus recursos


naturais e culturais como capital natural, que aceitem
a compensação econômica pela cessão desse
patrimônio às empresas.

• Essas instâncias seriam encarregadas de administrar


RACIONALMENTE os “bens comuns”, em benefício
do equilíbrio ecológico, bem-estar da humanidade
hoje e no futuro.
45
Globalização, Ambiente e Sustentabilidade do Desenvolvimento
Emergência do ambiente e discurso da sustentabilidade

• A carta do Grande Chefe Seattle em resposta à oferta do Grande Chefe Branco


de Washington, em 1854.

• A partir da luta dos povos indígenas e simpatizantes pela causa, o conceito de


ambiente se defronta com as estratégias fatais da globalização.

• Contudo a sustentabilidade vem como uma reapropriação da natureza e da


reinvenção do mundo, um mundo conformado e permissível a ordem econômica-
ecológica globalizada.

46
Dívida financeira, dívida ecológica, dívida da razão
As dívidas, seus deveres e seus danos

• Na perspectiva da sustentabilidade não há uma, mas três dívidas:

DÍVIDA FINANCEIRA DÍVIDA ECOLÓGICA DÍVIDA DA RAZÃO

Depois
Para que dahaja
crisedivida,
de 80 os a troca
paísesdedevedores
dívida por devem
natureza assumir
(alegando
os termos
aQue
conservação):
que os engancham
abre
Não deu muito
caminho
como
do
Em um cenário
Assumida ou de
não resolução
assumida, das duas dívidas,
Incomensurável,resta-se a
mas dívida com a razão, a razão que quis
Essa
certo;
iguais,
O quedívida
num
está jogo
vai
em além
jogo
desigual,
da
nãorenegociação
ésempre
a dívidacom financeira
eado
promessa
refinanciamento
do 3ºdeMundo,
que aprendendo
domascrescimento.
a dívida
a apostar
dessujeitamento,oculta
Nos faz
nadoroleta
repensar
1º edada

libertar o homem e os povos da ignorância mistificadora, das cadeias da escassez, e que
naspagável
globalização
Mundo:
condiçõesoueconômica,
O hiperconsumo
para do Norte e capaz
não opagável,
desenvolvimento
certamente ase de
superexploração
fechará
sustentável,
a brecha ser
fundado
ecológica
entre ricos
numa
do eSul.
pobres.
racionalidade
ressignificação, da a ambiental.
construção
acabou ocultando
negociável ouseus intuitos, impondo uma
revalorizada,
nãoa proteção razão que escraviza, sujeitando razão às
Diante
Empréstimos
da racionalidade
e doações para
econômica e instrumental
da naturezaque  Cavalos
domina o deprocesso
de Tróia;
um dedesenvolvimento
globalização, a
normas da racionalidade
negociável, econômico-tecnológica
internalizada, e aos efeitos da racionalização gerada pela
racionalidade
Dessa
Refere-se
maneira os negociável,
a subvalorização
ambiental
países do se
atual
terceiro
funda
dos mundo
RN
em que
novos
pedem
subvencionam
princípios
que se perdoeealternativo,
éticos,
financiam
a dívida,
valores
o desenvolvimento
pedem
fundado culturais
numaumnova
trato
e
razão do poder.
refinanciável. redistribuida
potenciais
Novas
preferencial,
agrícolaestratégias
capitalista
produtivos.
pedem de(eajuda
suas
apropriação
para
consequências
se da
inscreverem
natureza 
em nível
novamente
atualiza-se
mundial) racionalidade
noeojogo
industrial
espólio produtiza.
da globalização,
edosujeição
Norte. demas
500nunca
anos
dos
se permitem
povos indígenas
pensar de outra maneira se não a racionalidade econômica
47
A reapropriação social da natureza
• A revalorização da natureza induzida pelo ambientalismo emergente está se
refletindo na economia pela alta dos preços dos recursos e dos custos
ambientais;

• Porém, o movimento ambiental não só transmite os custos ecológicos ao sistema


econômico como uma resistência à capitalização da natureza; as lutas sociais
para melhorar as condições de sustentabilidade e a qualidade de vida abrem um
processo de reapropriação social da natureza.

• Portanto, o ambientalismo está propondo tanto a descentralização do processo


do desenvolvimento, como uma reconstrução das próprias bases do processo
produtivo.
DESENVOLVIMENTO
ECODESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
48
A reapropriação social da natureza

A categoria distribuição ecológica foi formulada para compreender as externalidades


ambientais e os movimentos sociais que emergem de “conflitos distributivos”, ou seja, para
explicar a carga desigual dos custos ecológicos e seus efeitos nas variedades do
ambientalismo emergente.

• O “ecologismo dos pobres”, quando comparado a racionalidade econômica se


distingue-se pelos seus objetivos (luta pela sobrevivência) aos valores pós-
materialistas (qualidade de vida) dos ricos, propõe também projetos produtivos e
sociais alternativos, onde toda luta pela equidade e pela justiça se trava a partir
de princípios de diversidade e diferença, identidade e autonomia, e não das
transações e compensações, estabelecidas pelo capital. 49
A reapropriação social da natureza

• A questão da equidade na reapropriação da natureza não está ligado apenas a


avaliações de custos das formas de exploração da natureza, ou por atribuição de
“preços justos”.

• Está ligado a possibilidade de alcançar a justiça e direitos sobre os recursos que


se definem através de sentidos culturais diversos e dos interesses heterogêneos
de grupos sociais que se expressam nas lutas e estratégias pela apropriação da
natureza.

50
A ética ambiental e os direitos culturais

• A ética ambiental propõe um sistema de valores associado a uma racionalidade


produtiva alternativa, a novos potenciais de desenvolvimento e a uma diversidade
de estilos culturais de vida. Trata-se de ver os princípios éticos do ambientalismo
como sistemas que regem a:

MORAL INDIVIDUAL DIREITOS COLETIVOS

NOVAS
Reivindica
FORMAS os valores
DE APROPRIAÇÃO
do humanismo:
E TRANSFORMAÇÃO
a integridade humana,
DOSo
sentido da vida, a solidariedade
RECURSOS NATURAIS
social, o reencantamento da vida

51
O ambiente e os movimentos sociais

custo social da destruição ecológica e da degradação ambiental

Mobilizados por valores, direitos e demandas que


NOVOS ATORES SOCIAIS orientam a construção de uma racionalidade
ambiental
52
O ambiente e os movimentos sociais

MOVIMENTO AMBIENTALISTA

Comunidades indígenas Organizações Camponesas Operárias, populares

Associações de base Grupo de Ecologistas


Sobrevivência da espécie
Conservação da natureza Diversidade étnica
humana
A autossuficiência
Caracterizam-se porAsua composição pluralista e heterogênea de
seguridade social O equilíbrio ecológico
alimentar
Organizações profissionais,
seus atores sociais, que órgãos não-governamentais,
vão formando grupos
alianças em prol de
privados e associações
objetivos comunscivis
A qualidade de vida Participação comunitária

Buscando oportunidades nos espaços econômicos e políticos abertos pela problemática ambiental
53
O ambiente e os movimentos sociais
• Distinção dos movimentos:

Ecologista do Norte Ecologista do Sul

• Surge em resposta à destruição da


• Surge como uma ética e estética da
natureza;
natureza;
• Privação de suas formas de vida e
• Base de valores a partir da pós-
de seus meios de produção;
modernidade;
• Desencadeados por conflitos sobre
• Produzindo
Os grupos sociaisuma
que se sociedade:
mobilizam pelos princípios da racionalidade ambiental nos
o acesso e o controle dos recursos;
abundante,
países de livre
3º Mundo
de incorporam
necessidades
em suas formações ideológicas um conceito de
• São movimentados pela
básicas; ambiente mais rico e complexo.
reapropriação da natureza, defesa de
• Desejam salvar o planeta, recuperar
seus territórios, suas identidades
o contato com a natureza, mas não
étnicas, de autonomia política;
questionam a ordem econômica
• Definem os valores culturais das
dominante
comunidades locais 54
O ambiente e os movimentos sociais

55
O conceito de racionalidade ambiental
• A racionalidade ambiental não é a expressão de uma lógica, mas o efeito de um
conjunto de interesses e de práticas sociais que articulam ordens materiais
diversas que dão sentido e organizam processos sociais através de certas regras,
meios e fins socialmente construídos.

Estes processos especificam o campo das


contradições e relações entre lógica do
capital e as leis biológicas; entre a dinâmica
dos processos ecológicos e as
transformações dos sistemas
socioambientais.

56
A RACIONALIDADE AMBIENTAL SE
CONSTRÓI MEDIANTE A
ARTICULAÇÃO DE QUATRO
a) uma racionalidade substantiva, isto é, um sistema
axiológico que define os valores e objetivos que orientam ESFERAS DE RACIONALIDADE
as ações sociais para a construção de uma racionalidade
ambiental
b) uma racionalidade teórica que sistematiza os valores da racionalidade
substantiva articulando-os com os processos ecológicos, culturais, tecnológicos,
políticos e econômicos que constituem as condições materiais, os potenciais e as
motivações que sustentam a construção de uma nova racionalidade social e
produtiva;

RACIONALIDADE AMBIENTAL
C)racionalidade instrumental que cria os vínculos técnicos,
funcionais e operacionais entre os objetivos sociais e as bases
materiais do desenvolvimento sustentável, através de um sistema de
meios eficazes;
d) uma racionalidade cultural - entendida como um sistema singular e diverso
de significações que não se submetem a valores homogêneos nem a uma
lógica ambiental geral, que produz a identidade e integridade de cada cultura,
dando coerência a suas práticas sociais e produtivas em relação com as
potencialidades de seu entorno geográfico e de seus recursos naturais
57
PODER

58
Poder: os princípios

As estruturas não
[...] O poder das
A conciliação dos A participação governamentais
(ONGS)
direitos humanos de democrática que (ONGS) estão
organizações não
gerações requer consiste na substituindo
governamentais
maior funções
ordem também é limitado
tradicionais do
regulamentação econômica Estado, nas áreas
diante das
política; mundial companhias
de política
privadas;
ambiental e social.

59
Exige novos conhecimentos
interdisciplinares e o
planejamento intersetorial do
desenvolvimento;

60
Educação ambiental
A globalização da degradação socioambiental impôs a
diversas disciplinas científicas o imperativo de internalizar
valores e princípios ecológicos que assegurem a
sustentabilidade do processo de desenvolvimento

FÍSICA, BIOLÓGICA,
TECNOLÓGICA E SOCIAL

RELÇÕES ENTRE SOCIEDADE E NATUREZA

ARTICULAÇÃO DE NOVOS
SABERES

61
O inconsciente in(ter)disciplinar

O processo interdisciplinar mobilizará a


produção de novos conhecimentos, enquanto
às disciplinas particulares lhes reste um
potencial a desenvolver em seu intercâmbio
com outros saberes;

UNIVERSIDADE

Destinada a incrementar o
potencial ambiental e o
aproveitamento endógeno de
seus recursos naturais nos
níveis nacional e regional
62
A psicanálise do saber

É um campo emergente da psicologia


ambiental contribui para a análise das
percepções e interpretações das
pessoas sobre seu meio ambiente,
vinculando-se ao terreno da psicologia
social no estudo da formação de uma
consciência ambiental e seus efeitos na
mobilização dos atores sociais do
ambientalismo (p. 187).

63
A pedagogia do ambiente
A pedagogia, ciência da educação, teve que É um processo de criação de novos valores e
refundar-se e reorientar-se diante do conhecimentos, vinculado à transformação da realidade
questionamento suscitado pela crise para construir uma formação ambiental
ambiental sobre as ciências constituídas e o
conhecimento disciplinar; estrutura socioeconômica que internalize as condições
ecológicas do desenvolvimento sustentável e os valores
que orientam a racionalidade ambiental.

Os princípios desta nova racionalidade na construção de


um novo saber e nos processos de aprendizagem,
vinculados a processos diferenciados de ordem natural
e cultural;

A formação interdisciplinar toma sentido na medida em


que se ascende, nos níveis educativos, à educação
superior: esta implica não só a fusão e integração dos
conhecimentos provenientes de diferentes ciências,
64
Ecopedagogia – pedagogia da terra
Processos onde o indivíduo
constroem coletivamente valores
●EDUCAÇÃO AMBIENTAL sociais, habilidades, atitudes e
( É uma cultura) competências, voltada para a
conservação do meio ambiente, a
qualidade de vida e sua
sustentabilidade;

Constroem abordagens d uma


●ECOPEDAGOGIA educação para o futuro, cidadania
(Além da ecologia e da planetária, discute paradigmas como
economia ) comunidade global;

65
Espaço, lugar e tempo: as condições culturais do desenvolvimento sustentável
As estratégias alternativas para o desenvolvimento A cultura está sendo
sustentável, baseadas na diversidade cultural, estão revalorizada como um
legitimando os direitos das comunidades sobre seus recurso para o
territórios e espaços étnicos, sobre seus costumes e “desenvolvimento
instituições sociais, e pela autogestão de seus sustentável”.
recursos produtivos. (p. 327).

As identidades étnicas e os valores


culturais, assim como as práticas
comunais para o manejo coletivo da
natureza foram e são a base para o
desenvolvimento do potencial ambiental
para o desenvolvimento sustentável de
cada região e cada comunidade.
66
O habitat tem sido considerado como o território que fixa
Habitat/habitar ou assenta uma comunidade de seres vivos e uma
população humana, impondo suas determinações físicas
Habitar o habitat é localizar, no território, e ecológicas ao ato de habitar.
um processo de reconstrução da natureza,
a partir de identidades culturais
diferenciadas.

As cidades deixam no território a marca de sua


monumentalidade física e suas significações
culturais, expandindo sua mancha urbana de
deixando sua “pegada ecológica” no entorno rural 67
O Protocolo de Kyoto (Japão), em 1997
Protocolo de Kyoto: Países
mecanismos e
se comprometeram a
reduzir emissão de gases medidas.

1º) prevê parcerias 2º)dá direito aos 3º)foi criado o Mecanismo


entre países na países de Desenvolvimento
criação de projetos desenvolvidos Limpo (MDL), conhecido
ambientalmente de comprarem como o mercado de
responsáveis; "créditos" créditos de carbono
diretamente das
nações que
poluem pouco....

68
Alimentos geneticamente
ALIMENTOS
modificados, produzidos
TRANSGÊNICOS com base em organismos
Transgênese que, através das técnicas
da engenharia genética,
sofreram alterações
A tecnologização e a economização - específicas no DNA.
mercantilizaçao, comercialização, capitalização - da
vida produzem uma transformação qualitativa e
inédita que há de mudar nossa concepção do mundo
e do destino da existência humana;

Os saberes e conhecimentos
estende-se ao domínio da
natureza, da biodiversidade e da
riqueza genética; à recodificação
econômica do mundo e à
intervenção tecnológica na vida
através da indagação das práticas
e de saberes tradicionais por via
da etnobioprospecção.

69
Sementes crioulas, Sementes da paixão,
Sementes da gente, Sementes da
Sementes tradicionais resistência, Sementes da fartura,

Um conjunto de processos de ordem


Discussão acerca de sementes, física, biológica, tecnológica e sociale,
Além disso, o uso de sementes
percebe-se que as mudanças ocorridas novas formas de cultivo fizeram com
tradicionais, adaptadas localmente,
com essa temática tiveram início a que as sementes se tornassem mais
mantém a diversidade genética das
partir da Revolução Verde, que foi a um produto industrial, controlado a
espécies, podendo servir de fonte para
inserção de um novo modelo de partir de registros, patentes e
o melhoramento
agricultura, baseado na tecnologia mecanismo comerciais desenvolvidos
para o benefício de corporações.

70
71
O regime do livre comércio
Estabelecido pela Organização Mundial do
Comércio (OMC), foi gerando um aparato jurídico
que, face aos direitos coletivos dos povos
originários que buscam seu reconhecimento nos
acordos ambientais multilaterais (o Convênio de
Diversidade Biológica, a Convenção 169 da OIT, a
Declaração Universal dos Direitos Humanos),
constituiu com os Aspectos de Direitos de
Propriedade Intelectual Relacionados com o
Comércio (ADPIC) uma série de mecanismos para
universalizar e homogeneizar os padrões de
propriedade intelectual de acordo com as
necessidades das grandes corporações e
particularmente dos gigantes genéticos”(RIBEIRO,
2001) p. (382).
72
Tempo de sustentabilidade
A sustentabilidade do desenvolvimento anuncia o limite da
racionalidade econômica, proclamando os valores da vida,
da justiça social e do compromisso com as gerações
vindouras (p. 403).
CICLOS DA NATUREZA NA VIDA E DA EVOLUÇÃO

- Marcados pela morte inelutável e pela finitude da


existência,
- Tempos que se cristalizam nas identidades étnicas;
- na diversidade cultural e na heterogeneidade de suas
tradições;
- Mudanças tecnológicas e das transformações históricas.
73
Mudanças Climáticas
Na mudança de milênio, longe de perceber uma
estabilização do desequilíbrio ecológico (crescimento da
população da economia, da tecnologia), aceleram-se as
sinergias negativas e os círculos perversos de pobreza,
desigualdade social e degradação ambiental.
Hoje, constatamos não só sinais contundentes do colapso
ecológico (as secas e os incêndios florestais atribuídos a
“El Nino”, ou “La Nina”; os ciclones e os furacões que
açoitaram particularmente os ecossistemas e os povos
das regiões tropicais); também se vislumbra uma crise
econômica global sem precedentes, sem que se
manifeste a vontade e a factibilidade de desacelerar o
crescimento econômico, a produção de gases de efeito
estufa e o aquecimento global do planeta (p. 408).
74
Globalização e a complexidade ambiental

A capitalização da vida e a forja as novas estratégias


do poder do capital na etapa da globalização
ecologizada, mas a uma recodificação do mundo, das
diferentes ordens de valor e de racionalidade.

A complexidade ambiental configura uma globalidade


alternativa, como um mosaico de diferenças, na
confluência e convivência;

A dialética orienta uma revolução permanente no


pensamento que mobiliza a sociedade para a
construção de novas matrizes de racionalidade.

75
Ética pela vida
A ética que acompanha o “desenvolvimento sustentável” é mais baseada em crenças e interesses
compartilhados do que em acordos fundados no conhecimento, na evidência e nos valores da vida
(p. 452).

A ética da vida é dirigida à O direito à diversidade


vontade de poder viver, de cultural leva ao
poder desejar a vida, não estabelecimento de Estados
como simples reafirmação pluriétnicos e ao
do instinto vital reconhecimento dos direitos
e culturas indígenas.
Agarra à vida, mas como a
vontade de poder viver com
Os juízos de valor da vida se
graça, com gosto, com
tomam virtudes razoáveis; os
imaginação e com paixão a
sentimentos, razões de vida.
vida neste planeta Terra.
76
Não é o fatual, o
real; não é o Objetividade e
mundo “de fora” subjetividade,
nem uma pura exterioridade e
subjetividade e intemalidade
interioridade do
ser

reconhecimento
Não só um objeto do mundo a partir
complexo, mas é das leis-limite da
integrado por natureza
identidades (entropia) e da
múltiplas e COMPLEXIDA cultura (finitude
diferentes matrizes DE da existência
de racionalidade; AMBIENTAL

A pedagogia
O reconhecimento ambiental é
não só como uma aprender a conviver
ética, mas como A construção com o outro, o que
uma ontologia do coletivos e não é intemalizável
ser, plural e identidades (neutralizável)
diverso; compartilhadas
que constituem
significações
culturais
diversas.

77
Considerações finais
Neste sentido, os direitos “difusos” sobre a natureza estão-se
concretizando em formas de identidade que definem visões e
interesses coletivos frente a recursos comuns.

Os direitos coletivos surgem como direitos culturais que


estabelecem as regras de relação e apropriação da natureza e
que, portanto, definem direitos territoriais;

Os conflitos ambientais se estendem às formas alternativas de


uso dos recursos, que hoje se defronta com empresas
transnacionais e nacionais, que expandem suas estratégias de
capitalização da natureza sobre territórios indígenas e
camponeses.

78
OBRIGADX!
REFERÊNCIA
LEFF, Enrique. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder .
8ª. Ed., Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. 494 páginas
79

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