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Jossias Narciso Pedro Moiane

Análise Ergonómica de Mobiliário Escolar às Características Antropométricas de


Crianças com Impacto na sua aprendizagem nas Classes Iniciais: Caso da Escola
Primária Completa Unidade 5, Cidade de Maputo

Licenciatura em Design e Tecnologia de Artes Visuais.

Universidade Pedagógica
Maputo
2018
i

Jossias Narciso Pedro Moiane

Análise Ergonómica de Mobiliário Escolar às Características Antropométricas de


Crianças com Impacto na sua aprendizagem nas Classes Iniciais: Caso da Escola
Primária Completa Unidade 5, Cidade de Maputo

Monografia apresentado no Departamento de Desenho e


Construção, UP-ESTEC, como requisito para obtenção do
grau académico de Licenciatura em Design e Tecnologia de
Artes Visuais.

Supervisor:

Prof. Doutor Daniel Dinis da Costa

Universidade Pedagógica
Maputo
2018
ii

Índice
Lista de abreviaturas e siglas..............................................................................................................................v
Lista de Tabela...................................................................................................................................................vi
Lista de Figuras.................................................................................................................................................vii
Lista de Gráfico...............................................................................................................................................viii
Declaração.........................................................................................................................................................ix
Agradecimentos..................................................................................................................................................x
Resumo..............................................................................................................................................................xi
CAPÍTULO I -INTRODUÇÃO.......................................................................................................................13
1.1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................13
1.2 Tema.................................................................................................................................................13
1.3 Delimitação de tema.........................................................................................................................14
1.4 Problematização................................................................................................................................14
1.4.1 Questão de partida....................................................................................................................14
1.5 Justificativa.......................................................................................................................................14
1.6 Objectivos do trabalho......................................................................................................................16
1.6.1 Objectivo Geral.............................................................................................................................16
1.6.2 Objectivos Específicos..............................................................................................................16
1.7 Questões científicas..........................................................................................................................16
1.8 Estrutura da monografia....................................................................................................................16
CAPÍTULO II- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...........................................................................................18
2. Correntes principais em ergonomia..........................................................................................................18
Primeira corrente: o homem como máquina e a adaptação da máquina ao homem..................................18
Segunda corrente: o homem como actor num sistema de trabalho............................................................18
2.2 Metodologia AET – Análise Ergonómica do Trabalho......................................................................19
2.2.1 Análise Ergonómica do Trabalho.......................................................................................................19
2.2.1 Análise da demanda..................................................................................................................20
2.2.2 Análise da tarefa.......................................................................................................................20
2.2.3 Análise da Actividade...................................................................................................................21
2.3 Avaliação de satisfação dos alunos através de um questionário........................................................21
2.4 Design e ergonomia da carteira escolar..................................................................................................21
2.5 Ergonomia de carteiras face á antropometria do individuo.....................................................................22
iii

2.6 Princípios ergonómicos relativos ao mobiliário escolar....................................................................23


2.7 Postura sentada.................................................................................................................................24
2.8 Problemas posturais em alunos.........................................................................................................25
2.9 Conceitos básicos ligados ao tema....................................................................................................26
2.10 Critério para concepção de carteira escolar. Escolar em Moçambique................................................28
CAPÍTULO III-METODOLOGIA...................................................................................................................31
3.1 Tipo de pesquisa...............................................................................................................................31
3.2 Designação do estudo.......................................................................................................................31
3.3 População e Amostra........................................................................................................................31
3.4 Técnicas de recolha de dados /procedimentos..................................................................................32
3.5 Instrumentos de recolha de dados.....................................................................................................33
3.6 Método de análise de dados..............................................................................................................34
3.7 Viabilidade da investigação..............................................................................................................35
3.7.1 Objectividade /subjectividade...................................................................................................35
CAPITULO IV -APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS........................................................36
4.1 Apresentação dos resultados.............................................................................................................36
4.1.1 Análise da demanda..................................................................................................................36
4.1.1.1 Entrevista a técnica da MINEDH -Direcção Nacional de Infra Estruturas e Equipamentos
Escolares 36
4.1.1.2 Observação da postura..............................................................................................................37
4.1.1.3 Medições antropométricas e do mobiliário escolar...................................................................39
4.2 Análise ergonómica da tarefa............................................................................................................40
4.2.1 Inquérito aos professores..........................................................................................................40
4.3 Análise ergonómica de trabalho....................................................................................................47
4.3.1 Avaliação de satisfação dos alunos...............................................................................................47
4.3.1.1 Entrevista de avaliação da satisfação dos alunos da 1ª classe.......................................................47
4.3.1.2 Inquérito de avaliação da satisfação dos alunos da 3ª, 5ª e 7ª classe...........................................48
4.4 Discussão dos resultados......................................................................................................................54
4.4.1 Diagnóstico...................................................................................................................................54
a) Inquérito aos alunos..............................................................................................................................54
b) Inquérito sobre critérios de concepção e distribuição de carteiras escolares no Ministério de
Educação e Desenvolvimento Humano.....................................................................................................55
c) Inquérito aos professores......................................................................................................................56
a) Observações da postura e medições......................................................................................................56
CAPITULO V-CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................59
iv

5.1 Conclusões........................................................................................................................................59
5.2 Limitações........................................................................................................................................60
5.3 Proposta de transformação................................................................................................................61
5.3.1 As instituições...............................................................................................................................61
5.3.2 Aos fazedores/estudantes/players..............................................................................................61
5.3.1 Estudos futuros.........................................................................................................................61
5. Referências bibliográficas........................................................................................................................62
Anexo 1 Tabelas Antropométricas: meninos e meninas – idades entre os 6 e os 12 anos |................................67
Anexo 2: Inquérito dos alunos..........................................................................................................................70
Anexo 3 Medidas do mobiliário (Conjunto mesa cadeira em mm)...................................................................71
Anexo 4 Inquérito para professores..................................................................................................................73
Anexo 5: Questionário submetido ao MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO HUMANO
......................................................................................................................................................................... 75
Anexo 6 Questionário submetido ao MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO HUMANO
Resposta sobre as especificações técnicas........................................................................................................78
Apêndice 1 Plano de actividades para a recolha de dados para o Trabalho de Conclusão de Curso de
Licenciatura em Design e Tecnologia de Artes Visuais na Escola Superior Técnica-ESTEC...........................79
Apêndice 2: Princípios ergonómicos relativos ao mobiliário escolar................................................................80
v

Lista de abreviaturas e siglas


AET - Análise ergonómica do trabalho
AFNOR Associação Francesa de Normalização
AMA - Analise Macro ergonómico do Trabalho
BS - British Standards
CE - Conselho de Escola
EPC - Escola Primária e Completa
EUA - Estados Unidos da América
HST - Higiene e Segurança no Trabalho
ICSID - International Council of Societies of Industrial Design
IEA - Associação Internacional de Ergonomia
INNOQ - Instituto Nacional de Normalização e Qualidade
ISO - Organização Internacional para Padronização
LEC - Ligação Escola e Comunidade
MEDH - Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano
NASA - Agencia Espacial Internacional
NBR - Norma Brasileira de Normalização
SDCD - Sistema Digital do Controle de Dados
SNE - Sistema Nacional da Educação
SP - São Paulo
PNUDURSS - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
vi

Lista de Tabela
Tabela 1 Tabulação para avaliação ergonómica. Fonte: COUTO, 1995.............................................22
Tabela 2: Dimensões da carteira...........................................................................................................30
Tabela 3: Amostra proporcional estratificada.....................................................................................31
Tabela 4: Medidas de cadeira e mesa (tipo de carteira e sala) mostrar as três variedades das medidas
de carteira por sala................................................................................................................................39
Tabela 5 Medidas antropometria dos alunos das três classes. Fonte: Adaptado (INT, 1988).............39
Tabela 6: Comparativa das dimensões antropométricas e de carteiras................................................39
Tabela 7 Para si o aluno presta mais atenção......................................................................................41
Tabela 8 Principais motivos de perda de atenção para aluno..............................................................42
Tabela 9 Adequação da parte de assento na carteira dos alunos?.........................................................44
Tabela 10: Carteira é o motivo de desconforto do aluno......................................................................45
Tabela 11 Influência da carteira na concentração e aproveitamento escolar do aluno........................45
Tabela 12: Classificação geral da carteira na sala de aula...................................................................46
vii

Lista de ilustrações e figuras

Ilustração 1: Postura de um aluno na escola, reproduzido no Adobe Ilustrador pelo autor.


Fonte:www.itcvertebral.com.br............................................................................................................25
Ilustração 2: Coluna normal e com cifose. Fonte: PAI, www.itcvertebral.com.br...............................26
Ilustração 3: Dores Lombares ou hiperlordose. Fonte: www.cienciadotreinamento.com.br.............26
Ilustração 4: Coluna normal e Escoliose. Fonte: Cavalcante et al, (2008)...........................................27
Ilustração 5: Estrutura metal desmontável de carteira com elementos horizontais de madeira, Fonte:
MINED (2014).....................................................................................................................................29
Ilustração 6 Adaptação no Ilustrador de Carteiras escolares de estrutura de madeira e elementos
horizontais de madeira. Autor..............................................................................................................30

Lista de Figuras
Figura 2 Carteira monobloco de estrutura metal. Fonte: Arquivo do Autor........................................28
Figura 3: Ergonomia Projecto e Produção, Itiro Iida, 1990.................................................................35
Figura 4 Alunos da primeira classe na Sala de aula EPC de Unidade 5 (Autor).................................37
Figura 5 Tentativa de se manter na cadeira aluno se apoiam aos pés da mesa. (Autor)......................37
Figura 6 Abdução do braço para aluna escrever. EPC de Unidade 5. Autor........................................38
viii

Lista de Gráfico
Gráfico 1:Género e nível académico dos professores..........................................................................38
Gráfico 2 Adequação das carteiras aos alunos.....................................................................................40
Gráfico 3: Dimensões da mesa.............................................................................................................42
Gráfico 4: Conforto do aluno em relação aos conjuntos mesa-cadeira................................................47
Gráfico 5 Costas sobre encosto e os pés no chão.................................................................................48
Gráfico 6 Acham que as carteiras deveriam ser diferentes..................................................................48
Gráfico 7 Escrever com costas sobre encosto e os pés no chão...........................................................49
Gráfico 8Adequação da altura da mesa................................................................................................49
Gráfico 9: O tamanho do tampo das mesas é o ideal...........................................................................50
Gráfico 10:Dores nas costas.................................................................................................................51
ix

Declaração

Declaro que esta Monografia é resultado da minha investigação pessoal e das orientações do (s) meu
(s) supervisor (s), o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de
qualquer grau académico.

Maputo,………. de Dezembro de 2018

________________________________________________
Jossias Narciso Pedro Moiane
x

Agradecimentos

Gostaria em primeiro lugar conferir gratidão ao Deus, meu guia paciente e piedoso durante o
desenvolvimento desta actividade de pesquisa.
Quero igualmente agradecer ao Prof. Dr. Daniel Dinis da Costa, meu orientador, pelo apoio em todas
as etapas da elaboração deste trabalho.
A minha esposa, Marta Castigo e meus Filhos Amadinha, Raiana, Betinho, Niwton e Sílvia vai o meu
profundo agradecimento pela confiança, motivação e inúmeros momentos que os privei da minha
companhia;
Minha gratidão se estende aos meus sogros, Castigo Mateus e Luísa pelo apoio e confiança
demostrada.
Aos meus irmãos, Benjamim, Raulina Betinho e Dinho meus primos José e Fenias, cunhados Faduco
e amigos, Aníbal e Salé pela força e apoio moral nesta jornada.
Meus agradecimentos são extensivos também aos professores Lourenço Cossa e Roberto
Macarringue e colegas de Curso Licenciatura e Tecnologia de Artes Visuais, pois juntos trilhamos
uma etapa importante de nossas vidas.
Aos professores da EPC Unidade 5 e alunos no geral que aceitaram ser entrevistados para a
realização deste estudo vai o meu grande reconhecimento.
A todos e todas que directa ou indirectamente contribuíram para que esta pesquisa fosse uma
realidade, os meu kanimanbo.

Muito Obrigado!
xi

Resumo
A presente pesquisa objectivou analisar os aspectos ergonómicos das carteiras escolares às características
antropométricas dos alunos das Escolas Primárias com aplicação daAnáliseErgonómicadoTrabalho, visando melhorias na
inteiração de aluno e carteira na sala de aula.O estudo foi uma pesquisa qualitativa na abordagem do problema. A amostra
foi de 80 alunos e 16 professores da EPC Unidade 5, com recurso a inquérito, observações, medições e entrevistas
semiestruturadas. Os resultados mostram que aplicação da AET nas salas de aulas das turmas de 1ª 3ª 5ª e 7ª classes e
verbalizações junto dos técnicos do MENEDH, permitiu um demandas, além de confirmar a validade dos três
pressupostos levantados quanto à postura dos alunos na carteira, dimensões das carteiras desproporcionais com a
antropometria dos alunos e instrumento que regulamenta a produção e distribuição de carteiras escolas. Dos resultados,
25% dos professores do 1º ciclo e 31.25% professores do 2º ciclo avaliaram de medíocre, isto por que os alunos destas
classes as suas dimensões não se ajustam nessas carteiras e 59.09% da 1ª classe, a sua postura era inadequada. No tocante
ao conforto, mMaior parte de alunos, consideraram não haver conforto nas carteiras portanto, de acordo com os
resultados, salienta-se a importância do melhoramento ergonómico da cadeira escolar e a necessidade de criação de um
critério de adequação ergonómica que atenda aos requisitos de saúde e segurança neste ambiente, visando melhorar a
qualidade de vida e prevenir o aparecimento de lesões e alterações músculo-esqueléticas nos alunos. E através de uma
ergonómica correcta, ou alocação de carteiras não estandardizadas, poderá promover uma harmonização, com relação aos
problemas causados pela interacção do aluno e carteira. Porque a presente pesquisa é análise do mobiliário segundo os
conceitos de ergonomia do trabalho, não podemos aprofundar a discussão sobre o design destas carteiras, sendo então
esta a recomendação para o desenvolvimento de futuras pesquisas.

Palavras-chave:Ergonomia, Carteira, Inadequação, Antropometria, Aluno e Postura.


xii

Abstract
This research aimed to analyze the ergonomic aspects of school desks with the anthropometric characteristics of primary
school students with the application of ergonomic work analysis, aiming at improvements in the student's and school
desks’ interaction in Classroom. The study was a qualitative research in the approach of the problem. The sample
consisted of 80 students and 16 professors of the EPC Unit 5, with the use of survey, observations, measurements and
semi-structured interviews. The results show that the application of the AET in classrooms of the classes of 1st 3rd 5th
and 7th classes and verbalizations with the Ministry of Education and Human development, allowed a demand, besides
confirming the validity of the three assumptions raised regarding the Students ' posture in the school desks, dimensions of
school desks disproportionate to the anthropometry of students and instrument that regulates the production and
distribution of school desks. Of the results, 25% of the teachers of the 1st cycle and 31.25% teachers of the 2nd cycle
evaluated of mediocre, this because the students of these classes their dimensions do not fit in these school desks and
59.09% of the 1st class, their posture was inadequate. Regarding comfort, most students considered that there was no
comfort in the school desks, therefore, according to the results, the importance of the ergonomic improvement of the
school chair is emphasized and the need to create a criterion of adequacy Ergonomic that meets the health and safety
requirements in this environment, aiming to improve the quality of life and prevent the onset of injuries and
musculoskeletal alterations in the students. And through a correct ergonomics, or allocation of non-standardized school
desks, it can promote harmonization, with respect to the problems caused by the interaction of the student and school
desks. Because this research is an analysis of the furniture according to the concepts of ergonomics of the work, we
cannot deepen the discussion about the design of these school desks, and this is the recommendation for the development
of future researches.
Keywords: ergonomics, school desks, inadequacy, anthropometry, student and posture.
13

CAPÍTULO I -INTRODUÇÃO
1.1 INTRODUÇÃO
A história da evolução do homem está sempre foi e é acompanhada pela busca de conhecimentos
entre os seus semelhantes, passando as suas experiências de geração em geração. Para tal, definia-se
um ambiente próprio, com determinadas características, de modo a favorecer ambiente de
aprendizagem. O seu Layout ou Leiaute1 se mostrava com posicionamento do instruendo de um lado
e o mestre de outro lado, no chão ou usando tronco de árvore e eram criadas para estarem na posição
sentada.
Segundo PINHO (2005), no Século XIII, nas escolas medievais cristãs inicia o uso de mobiliário
para a prática de aprendizagem e mais tarde nas escolas públicas e particulares, até ao início do
século XX, composto de uma bancada com assento para ocupação colectiva. Entretanto, a nova
realidade industrial faz com que, antes mesmo do início deste século, apareçam alternativas de
carteira escolar. PASCHOARELLI (1997) aponta que o surgimento da BAUHAUS (1919) desperta
novos conceitos sobre concepção de desenhos. Inovações como a proposta por BREUER (1930)
apresentam um desenho estrutural contemporâneo inédito até então em carteiras escolares. A
conformação diferenciada dos materiais para a construção das cadeiras apresenta curvas que
acomodam perfeitamente e adequadamente seu usuário. As propostas da Bauhaus reflectiram no
interesse pela adequação da carteira ao uso do aluno. Nessa década, esse interesse é consolidado a
partir dos estudos de PERKINS & COCKING (1949), apoiados em dados antropométricos aplicados
ao mobiliário escolar, no qual também apontam problemas ergonómicos nos mobiliários escolares
que são classificados como antigos e insatisfatórios. Este, estudo realizados propõe soluções de
adequação da carteira, para escolas do sector público no País, iguais às propostas pela Bauhaus. Essa
semelhança é percebida até as décadas actuais, o que confirma a importância da Bauhaus no processo
de incorporação do design e da ergonomia nos projectos de carteiras escolar.
Com Contudo, as carteiras usadas em Moçambique a disposição do SNE, não observam os avanços
tecnológicos por forma a melhorar cada vês mais o bem-estar dos alunos. Esta situação pode estar
acontecer devido provavelmente, por falta de instrumento ou manual técnico para a produção e
distribuição de mobiliário escolar bem como a sensibilidade nos aspectos ergonómicos na concepção
e alocação deste mobiliário que proporcione o conforto e bem-estar dos alunos.
1.2 Tema
O tema da presente monografia é: Análise Ergonómica de Mobiliário Escolar às Características
Antropométricas de Crianças com Impacto na sua aprendizagem nas Classes Iniciais: Caso da Escola
Primária Completa Unidade 5, Cidade de Maputo.
1
Layout é uma palavra inglesa, muitas vezes usada na forma portuguesa "Leiaute", que
significa plano, arranjo, esquema, design, projecto.
14

1.3 Delimitação de tema


O presente trabalho pretende realizar uma análise da eficiência da carteira, posto de trabalho do
aluno, no que tange a ergonomia, em que se debruçará sobre o mobiliário, em relação as
características físicas do aluno, a execução de seus movimentos e posturas corporais, e as tensões
musculares que surgem quando estas posturas são realizadas inadequadamente. O Local de
realização da pesquisa foi a EPC de Unidade 5, situado no Bairro Luís Cabral na Cidade de Maputo.
Com 801 alunos destes 490 do sexo masculino e 311 do sexo feminino, assistidos por 28 professores
em 24 turmas que funcionam em três turnos.

1.4 Problematização
Com a construção de infra-estruturas melhoradas, e alocação de carteiras escolares, constata-se no
meio disso problemas que condicionam a deformação físico-esquelética das crianças, tornando-as
portadoras de lesões precoces aliados às características de carteiras existentes, nas escolas do ensino
primário, pois estes não respeitam as características antropométricas dos utentes.
A utilização das escolas primárias no curso nocturno ao serviço de cidadãos que por vários motivos
não adquiriram certos níveis exigidos para vários fins, pois pela variação das características
antropométricas destes alunos leva-os a encontrarem dificuldades no uso de carteiras existentes nas
escolas primárias.
A falta de instrumento legal e sensibilidade em relação aos aspectos ergonómicos na produção e
distribuição de carteiras, concorre para que uma criança de 6 anos ao interagir com a carteira, faz
com inúmeras dificuldades, os pés não tocarem no chão o que contribui para a pressão sobre a coxa
da perna a tensão exercida na coluna para atingir a tampa da carteira.

1.4.1 Questão de partida


Como ligar a ergonomia do mobiliário escolar às características antropométricas dos alunos das
classes iniciais com impacto na sua aprendizagem?
1.5 Justificativa (Origem do estudo)
Atendendo que a sala de aula constitui o local de trabalho do aluno, e a carteira o posto de trabalho,
na experiência profissional em sala de aula deparou com situações de mau posicionamento das
crianças nas carteiras. Exemplo disso é a figura 1 abaixo. Trata-se de uma situação vivida na Escola
Primária Completa de Mavume no Distrito de Funhalouro, Inhambane, durante os trabalhos de visita
às escolas no âmbito de Supervisão Pedagógica no ano 2014, onde verifiquei situações de
inadequação do mobiliário escolar às características da criança de classe inicial do ensino primário.
15

Figure 1Figura 1 Aluno sentado Escola Primária Completa Unidade 5. Fonte Autor Ao
longo do curso, na cadeira de ergonomia, definiu a ergonomia e percebeu-se que a máquina é que
deve se ajustar ao homem e não o contrário. Com seminários e por sorte o docente nos propôs um
tema que tinha a ver com a metodologia usada para avaliação ergonómica de carteiras escolares que
culminou com um artigo, surgiu o interesse pela matéria que levou a iniciar o desenvolvimento desta
pesquisa no ano 2016 tendo depois participado na IXª e Xª Jornadas Científicas Estudantis da Escola
Superior Técnica com o tema da presente monografia. Sabe-se que a idade para ingresso no ensino
primário, no nosso País é a partir dos 6 anos. Nessa idade as alturas das crianças fazem com que os
pés não toquem no chão, pois que não tem outra estrutura na carteira, que podia apoiar os pés quando
sentados, fazendo com que se exerça pressão sobre a coxa, perda de equilíbrio e esforço da lomba,
para atingirem o tampo da mesa onde realizam o trabalho de escrita.
O nosso sistema músculo-esquelético quando estamos sentados numa postura inadequada,
activamente procura responder e quando sobrecarregámo-lo vezes sem conta sentimos dores. A
definição da ergonomia que adopta o trabalho ao trabalhador neste caso aluno, torna necessário fazer
medições das carteiras por forma a encontrar um padrão de carteiras que vão as necessidades
antropométricas do aluno. Entendemos que a relevância desta pesquisa contribui, directamente para
se adoptar um mobiliário que vai de acordo a cada necessidade ou especificação antropométrica de
cada ciclo. Através de estudiosos da área, que apontam a necessidade de colocar a disposição
carteiras que garantem conforto aos alunos, como(FRANCO,2005&HIRA,1980), ´´carteiras
escolares estão entre as mais importantes e oportunas providências para estudantes de uma
instituição educacional. Sendo assim, para o mérito do termo educacional, essas carteiras devem
proporcionar a máxima função na facilidade da leitura, para qual ela deve permitir e encorajar uma
boa postura de assento...”. Afirma, ainda, que “...uma desconfortável postura do corpo destrói o
interesse do estudante durante uma maior permanência na leitura”(…)“inadequados hábitos de
postura de trabalho adoptados na fase infantil podem ser problemáticos para o trabalho e a saúde (...)
do indivíduo adulto´´ (PASCHOARELLI, 1997, p.7 & KARVONEN et al. 1962).
16

1.6 Objectivos do trabalho


1.6.1 Objectivo Geral
 Analisar os aspectos ergonómicos das carteiras escolares às características antropométricas
dos alunos da Escola Primária Completa Unidade 5, por forma a garantir a segurança, boa
postura e aprendizagem na sala de aula com aplicação dos princípios de análise ergonómica.

1.6.2 Objectivos Específicos


 Enumerar a possíveis alternativas viáveis para existência de carteiras que atendam as várias
necessidades dos alunos nas escolas pública do país.
 Identificar o padrão ergonómico da carteira escolar, com a finalidade de padronizar a altura
das cadeiras e mesas escolares em medidas, de acordo com a classe em que estas crianças
estudam.
 Influenciar na adaptação e adequação das escolas a modelos ergonómicos mais indicados de
acordo com as particularidades de cada ciclo escolar, visando assim uma melhora substancial
na qualidade de vida destes estudantes.

1.7 Questões científicas


I. Será que as carteiras alocadas ou existentes, na escola primária do ensino primário são
ergonomicamente adequadas às características antropométricas e biomotoras dos alunos
na Escola Primária Completa Unidade 5?
II. A falta de sensibilidade e visão preventiva nos aspectos ergonómicos na produção e
distribuição das carteiras escolares pode ser um dos factores da postura inadequada dos
alunos do EP1?
III. A ausência de um instrumento legal que regula a produção e distribuição das carteiras
escolares pode ser um dos factores da postura inadequada dos alunos do EP1?
IV. O uso das escolas primárias no curso nocturno para o ensino secundário, condiciona a
estandardização das carteiras escolares em prejuízo dos alunos da EP1?

1.8 Estrutura da monografia


Considerando que vários elementos, são necessários e indispensáveis para o estudo, o trabalho
encontra-se dividido em 4 capítulo: O CAPÍTULO I – Introdução histórica do design ergonómico da
carteira, a problemática, justificativa, objectivos, perguntas de Partida e hipóteses; O CAPÍTULO II-
é referente a fundamentação teórica, onde vai se fazer uma abordagem dos conteúdos, desde as
correntes em ergonomia, conceitos, a análise ergonómica de trabalho, princípios ergonómicos
relativas ao mobiliário escolar, Postura, problemas posturais e critério para concepção de carteira
escolar em Moçambique. O CAPÍTULO III- aborda a metodologia a usar, o método de pesquisa, as
17

técnicas e instrumentos que serão usados na recolha de dados, a descrição do campo de pesquisa, a
população bem como a amostra escolhida. O CAPÍTULO IV- Apresentará os resultados, a análise
dos mesmos e por fim o CAPITULO V-sobre as considerações finais, estudos futuros, limitações,
propostas de transformação e referência bibliográfica necessária nesta monografia.
18

CAPÍTULO II- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


2.1 Correntes principais em ergonomia

2.1.1 Primeira corrente: o homem como máquina e a adaptação da máquina ao homem


A ergonomia é mais antiga, mas é ainda hoje mais utilizada, consiste em levar em conta as
características gerais do homem em geral, ‘“a máquina humana’”, , para melhor adaptar-lhe as
máquinas e os dispositivos técnicos. Podemos chamá-la de “ergonomia dos factores humanos”,
designada ‘“humana factores’” pelos ergonomistas anglófonos. É a concepção clássica do sistema
homem-máquina, onde a análise ergonómica privilegia a interface entre os componentes materiais e
os componentes (ou “factores”) humanos. É uma ergonomia tipicamente americana. (CASTRO
1976:33)

2.1.1.1 As características ‘“da máquina humana”’


Características antropométricas. - Altura, dimensão dos diferentes segmentos corporais, peso
distingue-se evidentemente subpopulações: homens e mulheres inicialmente, mas às vezes grupos
étnicos, e mesmo crianças caso tratar-se de dispositivos de uso geral (transportes, em particular).

Características ligadas ao esforço muscular. – As contracções musculares são estudadas directamente


(por electromiografia), bem como o consumo de oxigénio e o ritmo cardíaco que são utilizados como
índices dos gastos energéticos.

Transversalmente ao estudo das características acima citadas, foram estudados os efeitos do


envelhecimento, notadamente os seus efeitos fisiológicos e psicofisiológicos. (Ibid., p. 34).

2.1.2 Segunda corrente: o homem como actor num sistema de trabalho


A segunda abordagem da ergonomia, mais europeia, concebe a ergonomia menos como a aplicação
de conhecimentos gerais sobre o organismo humano e mais como a análise da actividade de
operadores específicos confrontados com tarefas específicas. Não se procura mais melhorar o
trabalho de utilizadores abstractos e anónimos, mas o de operadores reais e identificados.

Esta abordagem privilegia a dinâmica da actividade humana no trabalho muito mais que a
permanência das características físicas e fisiológicas. O trabalho é analisado como um processo onde
interagem o operador, actor capaz de iniciativas e de reacções, e o seu ambiente sociotécnico, ele
também evolutivo e passível de alteração. O trabalho toma um sentido, em todas as acepções deste
termo. (Ibid. p. 37).
19

2.1.3 Complementaridade entre ergonomia “dos factores humanos” e ergonomia “da


actividade humana”
A ergonomia ‘“da actividade humana”’ apresenta uma fraqueza, se encarada do ponto de vista da
ergonomia “dos factores humanos”: ela não permite estabelecer facilmente catálogos de dados gerais
utilizáveis directamente para a concepção de dispositivos técnicos.

A ergonomia é mais frequentemente centrada na singularidade dos episódios de trabalho que sobre a
construção de conhecimentos transferíveis a outras situações similares. Em contrapartida, ela pode
responder à ‘“ergonomia dos factores humanos”’ que esta última cessa de ser útil onde precisamente
os responsáveis pela produção têm hoje a maior necessidade de conselhos: as situações críticas, em
que são as competências dos operadores (e não somente o seu conforto postural ou visual) que
permitem evitarem as catástrofes. A ergonomia contemporânea não pode mais satisfazer-se em
propor mostradores mais legíveis. Deve também forjar instrumentos que permitam mais localmente,
mais individualmente e, por conseguinte, mais lentamente e mais dispendiosamente - analisar os
processos de interacção entre os operadores e o seu ambiente, a fim de alterar os próprios processos,
agindo igualmente tanto sobre as competências dos operadores quanto sobre a organização do
trabalho ou ainda sobre as características dos sistemas técnicos. É a este preço que a informação
legível torna-se significativa para o operador. (Ibid, p. 39).

2.2 Metodologia AET – Análise Ergonómica do Trabalho


2.2.1 Análise Ergonómica do Trabalho
Segundo WISNER (1987), a metodologia da análise do trabalho ergonómica é uma abordagem do
trabalho real surgindo então como o instrumento de medida da distância entre o trabalho prescrito e o
trabalho real.
Para PARAGUAY (1990), é através da análise do trabalho que se aborda o conjunto constituído pelo
trabalhador e a sua situação de trabalho, definindo hipóteses de trabalho sobre as relações entre as
condições e organização do trabalho e as manifestações expressas directas ou indirectamente de
fadiga, desgaste, desconforto, mal-estar e doenças ocupacionais.
Uma intervenção ergonómica deve levar em conta o seguinte: A universalidade da situação e a
escolha de um nível de análise relativo para a compreensão dos problemas. Além deste outros autores
afirmam que estes objectivos podem ser complementares, desde que se aplique uma intervenção
ergonómica que leve em conta duas lógicas: uma voltada para o social e a outra para a produção.
FIALHO & SANTOS (1995 p.29), apresentam a análise ergonómica do trabalho dividida em três
fases: “a análise da demanda, análise da tarefa e a análise da actividade.
20

Fazendo um levantamento de dados obedecendo estes três níveis poderá conseguir ver as situações
reias e recomendar as possíveis superações. A seguir far-se-á o detalhamento de cada uma das fases.

2.2.1 Análise da demanda


De acordo com WISNER (1987), “ a análise da demanda é uma fase importante do estudo.
Conforme (GUÉRIN et. al. apud ALVES, 1991) “a origem da demanda pode ser proveniente de
diferentes interlocutores (Direcção geral, serviços técnicos e de pessoal, trabalhadores e seus
representantes) cuja formulação inicial pode ser ou não admissível ao ergonomista”.
Na análise e a reformulação da demanda constitui a fase mais importante para uma intervenção
ergonómica efectiva. Pois permite definir o problema a ser analisado através de Leis, empregadores e
trabalhadores. Em suma podemos dizer que esta fase constitui-se na definição e demarcação do
problema a ser observado e, no esclarecimento das finalidades do estudo.
Segundo os autores FIALHO & SANTOS (1995, p. 51) “(…) a demanda, em Ergonomia, é uma
demanda social, expressa num quadro institucional, pelos diferentes atores sociais, cujos pontos de
vista nem sempre são coerentes, ao contrário, podem até serem contraditórios. Ela pode ser
formulada directa ou indirectamente por um dos atores sociais individual ou colectivo de forma
explícita ou implícita, pelo confronto dos diferentes pontos de vista a respeito do objecto de estudo”.
Eles afirmam que atrás da demanda explícita, existe sempre uma demanda implícita, que deve ser
analisada para demonstrar todas as dimensões num mesmo problema.

2.2.2 Análise da tarefa


IIDA (1990) faz a seguinte reflexão. “ A primeira etapa do projecto de um posto de trabalho é fazer
uma análise detalhada da tarefa. Ela pode ser definida como sendo um conjunto de acções humanas
que toma possível um sistema atingir o seu objectivo, em outras palavras, é o que faz funcionar o
sistema, para se atingir o objectivo pretendido”.
(GUÉRIN et al.apud. ALVES, 1991) definem a tarefa como o modo de apreensão concreto do
trabalho com o objectivo de diminuir ao máximo o trabalho improdutivo e optimizar o trabalho
produtivo. A eliminação dos factores nocivos do trabalho, a pesquisa de métodos mais eficientes,
permitem atender a estes objectivos. A tarefa pode ser compreendida como um princípio que impõe
um modo de definição do trabalho em relação ao tempo. Este conceito de tarefa implica na
necessidade de estabelecer os métodos a serem utilizados pelos operadores e os meios mecânicos de
produção.
Em suma aquilo que deve ser realizado pelo trabalhador tendo em consideração as condições
ambientais e organizacionais, consiste em realizar entrevistas, observações e medições usando
aparelhos como a fita métrica e cadeiras antropométricas para o nosso caso e máquina fotográfica.
21

2.2.3 Análise da Actividade


MONTOLIU (1984), definiu que a actividade é o que se faz realmente ao passo que a tarefa indica
aquilo que deve ser executado. Neste caso, a actividade sugere o modo que o sujeito encontra para
realizar as ordens estabelecidas.
Para (GUÉRIN et al. apud BARCELOS, 1991), “a actividade é o elemento central, organizador e
estruturante dos componentes da situação de trabalho. A actividade representa uma resposta às
condicionantes determinadas exteriormente ao operador, simultaneamente susceptível de transformá-
las”.
A análise da actividade real de trabalho tem como um dos objectivos básicos compreender os
determinantes do trabalho em situações profissionais.
LIMA (1992), afirma que normalmente a análise ergonómica da actividade busca analisar a
actividade na situação real de trabalho considerando os seguintes aspectos: a) a variabilidade da
situação nas dimensões materiais, organizacionais e humanas; b) a descrição detalhada do modo
operatório dos trabalhadores; c) a organização dinâmica da actividade explicitando os processos de
decisão, conhecimentos informais, estratégias e regulações internas.
Consiste em aplicação de questionários, apesar de muitos trabalhadores na primeira concordarem não
haver problemas.
2.3 Avaliação de satisfação dos alunos através de um questionário.
Citando OLIVEIRA (2006, p. 24), em ergonomia, a avaliação de um questionário pode ser feita por
intermédio da percentagem de pontos acumulados, sendo que cada questão vale 0 ou 1 ponto,
totalizando 10 pontos possíveis. Para a avaliação, foi utilizada a tabulação apresentada na Tabela 1.
Tabela 1Tabulação para avaliação ergonómica.
91 a 100% dos pontos Condição ergonómica excelente
71 a 90% dos pontos Boa condição ergonómica
51 a 70% dos pontos Condição ergonómica razoável
31 a 50% dos pontos Condição ergonómica ruim
Menos de 31% dos pontos Condição ergonómica péssima
Fonte: COUTO, 1995.

2.4. Design e ergonomia da carteira escolar


O design de carteiras escolares que respeita aspectos ergonómicos influencia positivamente no
desempenho escolar e na saúde nas crianças. Segundo (PACCOLA, & SILVA, 2009, p. 290 Apud
PASCHOARELLI, 1997), aponta que o surgimento da BAUHAUS (1919), desperta novos conceitos
sobre concepção de desenhos. Inovações como a proposta por BREUER (1930), apresentam um
desenho estrutural contemporâneo inédito até então em carteiras escolares. A conformação
diferenciada dos materiais para a construção das cadeiras apresenta curvas que acomodam
22

perfeitamente e adequadamente seu usuário. Essas propostas marcam a preocupação com o conforto
e bem-estar psicofísico, presente na estrutura limpa e bem finalizada nos detalhes, que reporta a uma
estética agradável.

As propostas da Bauhaus reflectiram no interesse pela adequação da carteira ao uso do aluno. Nessa
década, esse interesse é consolidado a partir dos estudos de PERKINS & COCKING (1949),
apoiados em dados antropométricos aplicados ao mobiliário escolar, no qual também apontam
problemas ergonómicos nos mobiliários escolares que são classificados como antigos e
insatisfatórios.

Esse estudo propõe soluções de adequação da carteira, para o uso escolar, semelhante às propostas da
Bauhaus. Essa semelhança é percebida até as décadas atuais, o que confirma a importância da
Bauhaus no processo de incorporação do design e da ergonomia nos projectos de carteira escolar.
Nas décadas seguintes, ocorreu um processo de desenvolvimento e amadurecimento de conceitos
para o mobiliário escolar. Esse processo deu-se no âmbito do design, com atenção voltada não só à
ergonomia, mas também para a utilização de materiais, funcionalidade, cor e viabilidade de
produção. Esse é o caso do projecto de mobiliário proposto por BONSIEPE (1978), que mais tarde é
adoptado pela Unesco como solução de mobiliário escolar para os projectos de reconstrução e apoio
aos países mais pobres.

2.5 Ergonomia de carteiras face á antropometria do individuo


A Ergonomia é um aliado importante no método do Design que concretiza-se quando, de forma
análoga, interfere a Antropometria, por forma a estudar as relações existentes nas características
físicas e dimensionais dos indivíduos pelo qual o projecto se destina. Se num projecto de carteiras
escolar, os princípios ergonómicos e antropométricos não são observados, teremos situações de
inadequação deste mobiliário escolar aos alunos.
Conforme sustentado por KAO (1976), a utilização de conhecimentos de Ergonomia às questões
educacionais ainda são raros. A idade entre 6 e 12 anos tem sido a mais esquecida – com frequência
são encontrados móveis para bebés e logo em seguida para adolescentes já em escala adulta. A
criança que começa a alfabetizar-se, por exemplo, muitas vezes é obrigada a utilizar mesa e cadeira
em classes inadequadas. No seio da família, há um esquecimento que durante anos os seus filhos
estão privados de um espaço mais ergonómico onde possam crescer aprendendo a exprimir e
expandir sua criatividade. Para que a casa e a escola realizem da melhor maneira sua vocação de
transmitir segurança e saber, é necessário que o espaço arquitectónico e os móveis sejam projectados
de maneira adequada para as crianças, de modo a permitir o livre exercício da imaginação.
23

O estudo da ergonomia tem como objectivo integrar harmonicamente o homem com seu posto de
trabalho. A ergonomia tem aplicações gerais de convivência do ser humano para gerar bem-estar,
conforto e êxito nas actividades que desenvolve diariamente. Com a ajuda da ergonomia pode-se
adaptar de forma usual, o espaço interactivo de ensino relacionando a actividade, o espaço e seu
mobiliário. (IIDA, 2005).

2.6 Princípios ergonómicos relativos ao mobiliário escolar


As fontes dos princípios que transporemos neste ponto de recomendações são extraídas no trabalho
de CARNIDE (2006 p. 10 a 17), fundamentalmente, em documentos normativos internacionais e da
comunidade europeia, bem como, em literatura científica específica, com maior destaque ao
(BAPTISTA & FRAGOSO, 1992) segundo o qual , o mobiliário necessário ao cumprimento das
actividades escolares, nomeadamente o plano de trabalho e a cadeira, devem estar dispostos para que
se verifiquem os seguintes requisitos:
1- Os pés deverão estar totalmente apoiados no chão (ou sobre um suporte para pés);
2- Deverá existir um espaço entre a face posterior da perna e o bordo anterior do assento;
3- Não deverá existir nenhuma pressão entre o bordo anterior do assento e a face inferior das
coxas;
4- Deverá existir um espaço entre a face superior da coxa e a face inferior do plano de
trabalho de forma a assegurar liberdade de movimentos ao nível dos membros inferiores;
5- Os cotovelos deverão situar-se aproximadamente à altura do plano de trabalho;
6- O encosto deve conferir um suporte lombar adequado e localizar-se abaixo das omoplatas;
7- Deverá existir um espaço adequado entre o encosto e o assento de forma a assegurar um
espaço para as nádegas.

A definição dos limites das medidas deve ter como base a antropometria do aluno e o tipo de
actividade que vai realizar. A falta de uma perfeita conexão entre antropometria e o aluno não pode
ser logo mantida sem o comprometimento da saúde e desempenho dos alunos.
24

2.7 Postura sentada


Segundo (BRACCIALLI & VILARTA, 2000), a postura pode ser definida como o estado de
equilíbrio dos músculos e ossos.

Ilustração 1:Postura de um aluno na escola, reproduzido no Adobe Ilustrador pelo autor 2018. Fonte:
www.itcvertebral.com.br

Nesse sentido, uma forma de possibilitar a obtenção de dados de tal variável seria através da
avaliação postural. A partir dela é possível a definição de um diagnóstico e, caso necessária, a
escolha da conduta de reabilitação (GUENNO ET Alet. al.., 2001& PEREIRA, 2003). Isto é
importante quando se observa que padrões posturais correctos na vida adulta estão relacionados à
postura adequada na infância ou à correcção precoce de desvios posturais nessa fase (MARTELLI&
TRAEBERT, 2006).
A Ergonomia deve estar presente na vida das pessoas de forma abrangente e eficiente. Caso não se
respeite algumas regras posturais, pode provocar não só fadiga, mas também dores lombares. A
cadeira apresenta vantagens, entre elas, segundo ILDA, (1989):
 Reduz o consumo energético;
 Diminui a pressão mecânica sobre os membros inferiores;
 Alivia o trabalho do coração, reduz a pressão sanguínea nas pernas e pés;
 Evita que o corpo oscile como quando está em pé;
 E possibilita o uso de mãos e pés simultaneamente.

2.8 Problemas posturais em alunos


A má postura na infância, como se curvar, inclinar para trás em cadeiras e carregar mochilas pesadas,
pode causar o alongamento dos ligamentos e músculos que sustentam as vértebras. Isso pode puxar
25

as vértebras torácicas para fora de sua posição normal, resultando em cifose, ou cifose postural por
ser causada por má postura (PAI, 2016).

Ilustração 2:Colunanormal e com cifose. Fonte: PAI, www.itcvertebral.com.br

Dentre as alterações que vulgarmente se desenvolvem na infância e adolescência estão a hiperlordose


ou postura lordótica Ilustração 3, conforme (BARBOSA et al. 2002), nessa alteração há um aumento
na inclinação pélvica anterior e flexão do quadril e, comummente, é acompanhada da cifose torácica.

Ilustração 3: Dores Lombares ou hiperlordose. Fonte:www.cienciadotreinamento.com.br

Outra doença relacionada com a má postura, apesar de não existirem estudos mais aprofundados que
relacionam as dores ou danos da coluna com a maneira de sentar, é a escoliose, que segundo
STAHELI, (2008. P. 218), as causas da escoliose são numerosas, costuma ser definida simplesmente
como uma deformidade do plano frontal da coluna> 10°. No entanto, essa deformidade e muito mais
complexa e inclui significativos componentes transversos.
26

Ilustração 4:Coluna normal e Escoliose. Fonte: Cavalcante et al, (2008)

O encurvamento da coluna vertebral é característico da escoliose, Ilustração 4. A coluna chega a se


torcer para os lados, para frente e para trás e em volta do seu próprio eixo. Dependendo do grau de
torção, a escoliose pode ser classificada com menor ou maior gravidade, e pode ser dividida em
quatro grupos, obedecendo à idade de início: Nascimento aos três anos de idade: Escoliose infantil;
Três anos aos nove anos de idade: Escoliose juvenil; Entre dez e dezoito anos de idade: Escoliose do
adolescente; e Após os dezoito anos de idade: Escoliose do adulto.
Como podemos depreender, apesar de todas estas enfermidades não haver estudos que ligam a
carteiras inadequadas aos alunos, (CAVALCANTE et al., 2008), salienta que ´´se adoptar uma
postura correta no dia-a-dia, quer seja em casa, no trabalho, no lazer ou durante a prática de
actividades como dirigir é bem provável que o mau hábito seja responsável pelo surgimento de
desvios anormais na coluna: acentuando as curvas (normais) já existentes, gerando a hiperlordose ou
a hipercifose, por exemplo, ou tornando as curvaturas pouco evidenciadas (neste caso a coluna é
recta).
2.9 Conceitos básicos ligados ao tema
Para o presente, apresentaremos a seguir as definições bases ligados ao tema:
2.2.1 Design

A palavra é de origem latina e contem em si o termo signum, que significa o mesmo que a palavra
alemã Zichen (‘signo’, ‘desenho’). Para o (ICSID 2) propõe uma definição mais abrangente e
humanitária de Design, mais pr6xima de nossa actual realidade:
Design e uma actividade criativa cujo objectivo e estabelecer as qualidades multifacetadas dos objetos,
processos, serviços e seus sistemas durante todo o seu ciclo de vida. Desta forma, o design e o factor
central de humanização das inovações tecnol6gicas e o factor crucial das mudanças culturais e
económicas. Sendo assim, a tarefa do design e compreender e avaliar as relações organizacionais,
funcionais e económicas, com a missão de: Garantir a ética global (por meio da sustentabilidade),
social (permitindo a liberdade aos usuários, produtores e mercado) e cultural (apoiando a diversidade).
Dar aos produtos, serviços e sistemas, suas formas expressivas (semiologia) e coerentes (estética) com
suas pr6prias características e complexidades (ICSID, 2010).

2
International Council of Societies of Industrial Design
27

2.2.2 Ergonomia
De acordo com IIDA (1990) a Ergonomia e definida como: "o estudo da adaptação do trabalho ao
homem. Este trabalho abrange não apenas as maquinas e equipamentos utilizados para transformar
os materiais mas também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e o seu
trabalho. Isto envolve o seu ambiente físico, os aspectos organizacionais de como seu trabalho é
programado e controlado para produzir os resultados desejados".
2.2.3 Antropometria
Antropometria é o estudo das medidas físicas corporais, em termos dos tamanhos e das proporções,
que são dados de base para concepção ergonómica de produtos. (GUIMARÃES, 2001).
2.2.4 Postura
A postura pode ser definida como o estado de equilíbrio dos músculos e ossos. Nas posições em pé,
sentado ou deitado, haveria protecção de demais estruturas do corpo humano (BRACCIALLI;
VILARTA, 2000). PERES (2002, p.35) “considera-se que o homem é um ser em movimento, desta
forma, a postura sentada transgride essa característica humana básica, trazendo, como consequência,
incómodos físicos”.
2.2.5 Aluno
Pessoa que recebe formação de um ou mais professores, geralmente num estabelecimento de ensino,
de forma a adquirir e/ou aumentar os seus conhecimentos em diversas áreas; discente; estudante,
ttps://www.infopedia.pt/dicionários/língua-portuguesa.
2.2.6 Carteira escolar
Uma carteira escolar é um móvel habitualmente encontrado nas escolas, desenhado a fim de
propiciar aos alunos acomodação adequada para assistir às aulas. Usualmente se constitui por uma
cadeira e uma mesa de superfície plana, permitindo que o aluno escreva de modo livre sobre ela,
contando ainda com espaço para guardar livros, cadernos e afins. (WILKPÉDIA 2018).
28

2.10 Critério para concepção de carteira escolar. Escolar em Moçambique

Em Moçambique, não existe pesquisas e/ou publicações que especificam dados antropométricos da
população infantil e a cada grupo de idade para facilitar a projecção de carteiras escolares,
socorrendo-se a certas referências científicos já estudados. Para a concepção de carteiras escolares o
Sector de Edução tem recorrido a estas referências, havendo necessidade para a realização de um
levantamento antropométrico pois, as características dos indivíduos variam de região, cultura e etnia.
De modo geral, as características antropométricas dos seres humanos geram algumas “regras” para
seu equilíbrio em postos de trabalho. Para que haja um equilíbrio, individuo e mobiliário escolar, o
País deverá fazer periodicamente uma revisão de carteiras escolares.
Segundo o Ministério de Educação, até ao início da década 90, as carteiras era feita de madeira
maciça.
Em 1990 foi concebido um projecto de carteira, Fig. 2, com estrutura metálica, e elementos
horizontais de madeira.

Figura 1 Carteira monobloco de estrutura metal. Fonte: Arquivo do Autor

Em 2012, inicia um programa para fornecer carteiras em todas as escolas Primárias sem carteiras.
Antes deste ano colocavam carteiras em escolas novas e reabilitadas.
Em 2014, foi proposto um novo modelo, ilustração 5, visto que o anterior era monobloco todo
soldado, para um modelo constituído por estrutura metálica desmontável. Para ser utilizado por
alunos na sala de aula. Os elementos de madeira da carteira (o tampo, prateleira para guardar livros,
assento e encosto) devem ser firmemente apoiados sobre a estrutura metálica e fixados por parafusos
para madeira de ø 8mm de cabeça arredondada ou quadrada com porca com anel de Náilon ante
vibração. O parafuso na parte superior deve ser abaixo do nível do tampo da mesa para a protecção
29

do estudante. O tampo, prateleira para guardar livros, assento e encosto de madeira em xanfuta ou
umbila ou eucalipto ou um outro tipo de madeira maciça que mostre características físico-mecânicas
de alta resistência e densidade mínima 690-710 Kg/m3, excluindo pinho. E a madeira: É lixada e
polida com duas de mãos de cera. MINED (2014)

Ilustração 5:Estrutura metal desmontável de carteira com elementos horizontais de madeira, Fonte: MINED
(2014)
A estrutura metálica deve ser em tubo redondo de 32 mm de diâmetro externo e 1.6 mm de
espessura. Todos os componentes metálicos serão protegidos contra a corrosão, lavado com
desoxidante e desengordurante intercalado com banhos de água doce potável. Limpeza com jacto
abrasivo seco de calibre fina. Cobertura imediata com anticorrosivo e revestimento com uma camada
de 50 microns de pintura Epoxy e acabamento plastificado. Todas as uniões devem ser devidamente
soldadas electricamente a CO2 e sem apresentar rebarbas. A estrutura metálica deve assegurar a
robustez e estabilidade dos elementos de madeira da carteira. MINED (2014).
Tabela 2: Dimensões da carteira

Carteira escolar Tampo: 1100x402x22 mm


Altura (até tampo): 697 mm Prateleira: 1100x210x22 mm
Altura (até assento): 426 mm Assento: 1100x224x22mm
Altura (até encoste): 561 mm Encoste: 1100x150x22mm
Altura (até prateleira): 561 mm Espessura da madeira 22 mm
30

Ilustração 6 Adaptação no Ilustrador de Carteiras escolares de estrutura de madeira e elementos


horizontais de madeira. Autor

Como pode-se depreender, são carteiras desmontáveis num único padrão. Foram concebidas para
rentabilizar o custo de transporte, dado que as mesmas, podem ser montadas no local da entrega
(escola), estado descartado a questão de acessibilidade por parte das crianças das classes inicias. E se
o fazem, é de uma forma que concorre para a sua instabilidade, segurança e desconforto quando
interagem com ela.
31

CAPÍTULO III-METODOLOGIA
Como parte fundamental da pesquisa, a metodologia visa responder ao problema formulado e atingir
os objectivos do estudo de forma eficaz, com o mínimo possível de interferência da objectividade do
pesquisador (SELLTIZ et al., 1965), referindo-se às regras da ciência para disciplinar os trabalhos,
bem como para oferecer directrizes sobre os procedimentos a serem adoptados
3.1 Tipo de pesquisa
O estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa, quanto à natureza da pesquisa e quanto a aos
objectivos de descritiva. Segundo GIL (1999), as pesquisas descritivas têm como finalidade principal
a descrição das características de determinada população ou fenómeno, ou o estabelecimento de
relações entre variáveis. (SELLTIZ et al. 1965), busca descrever um fenómeno ou situação em
detalhe, especialmente o que está ocorrendo, permitindo abranger, com exactidão, as características
de um indivíduo, uma situação, ou um grupo, bem como desvendar a relação entre os eventos. O
modelo utilizado na pesquisa foi a abordagem de acção ergonómica proposta por (GUÉRIN et al.
2001).
3.2 Designação do estudo
Trata-se de um Estudo de Caso em que são pesquisadas as características ergonómicas das carteiras
face a antropologia dos alunos, cuja linha de pesquisa desenvolvida ocorreu através da pesquisa
qualitativa, sendo adoptado como instrumento de pesquisa a realização de uma Análise Ergonómica
do Trabalho (AET) que é direccionada à análise da actividade e embasada na averiguação das
situações de trabalho, ela promove a adaptação do trabalho ao homem e centraliza sua atenção na
transformação dos agentes determinantes de dado cenário de trabalho.
3.3 População e Amostra
Universo de pesquisa ou população, segundo STEVENSON (1981), consiste no todo pesquisado, do
qual se extrai uma parcela que será examinada e que recebe o nome de amostra. O universo da
pesquisa contempla todos alunos e professores da EPC de Unidade 5 do Bairro Amílcar Cabral,
estimados em 801 alunos e 26 professores. A amostra foi seleccionada de forma estratificada, que é
aplicada quando há a necessidade de dividir a população em estratos homogéneos, como exemplo,
por classe social, faixa etária, sexo etc. OLIVEIRA (2011 72 p.: il.)
Tabela 3: Amostra proporcional estratificada.
Sexo População 10% Amostra
Masculino 490 49.00 % 49
Feminino 311 31.10% 31
Total 801 80
32

Foram totalizados 80 alunos, sendo 20 para cada classe nomeadamente da 1ª classe 3ª classe,5ª classe
e 7ª classe como amostra, por meio de uma consulta das professoras das turmas, a fim de identificar
os alunos com habilidade de leitura e escrita de modo a flexibilizar na colecta dos dados, e 16
Professores para dar a sua opinião a cerca do assunto.

3.4 Técnicas de recolha de dados /procedimentos


Como já foi referido anteriormente a colecta dos dados foi realizada directamente com os técnicos do
Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano e alunos e professores da EPC de Unidade 5,
nos seus respectivos locais de trabalho, e sala de aula utilizando-se as seguintes técnicas: Observação
participante com entrevista, entrevista semiestruturada, inquérito e incluindo-se a análise documental
destas escola.
3.4.1 Inquérito
Segundo MATTAR (1999), as pesquisas descritivas compreendem grande número de métodos de
colecta de dados compreendendo: entrevistas pessoais, entrevistas por telefone, questionários pelo
correio, questionários pessoais e observação.
3.4.2 Inquérito a professores
O inquérito que apresentamos em anexo 4, foi entrega em mão a professores. Com ela procurou
compreender o local de trabalho dos alunos, mais concretamente a carteira, permitindo que elas se
sintam mais confortáveis e, assim, terem um melhor desempenho. No total, foram entregues 18. O
aproveitamento dos questionários foi de 88.89% ou seja 16 respondentes.

3.4.3 Inquérito do nível de satisfação


O questionário foi aplicado a 60 alunos, numa amostragem por conveniência. O pesquisador contou
com a colaboração de professores que ajudaram na distribuição de parte dos questionários por forma
a medir o nível de satisfação dos 60 alunos da 3ª classe,5ª classe e 7ª classe em relação as carteiras.
Os questionários entregues aos alunos não possuíam o valor atribuído para cada questão a fim de não
influenciar as respostas.

3.4.4 Entrevista dirigida MINEDH -Direcção Nacional de Infra Estruturas e Equipamentos


Escolares,
Pprocurou-se saber através de um questionário, anexo 2, sobre os procedimentos e instrumentos que
tem como base, na produção de mobiliário escolar. A seguir iremos apresentar as respostas das 3
questões apresentadas no ponto 4.1.1.1 desta monografia. Dado que o inquerido se propôs a
responder directamente na presença do entrevistador, bem como o correio electrónico em anexo 3.
33

3.4.5 Entrevista estruturada aos alunos da 1ª classe


Foi aplicada apenas a 20 alunos da 1ª classe, por se tratar de menores de idade e que teriam
dificuldades de responder por escrito. Foram contactados previamente, mediante a selecção da
professora da turma. Quando apresentamos os objectivos e os propósitos deste trabalho monográfico
e explicamos a importância da participação de adequação das carteiras aos alunos do nosso trabalho,
garantimos a confidencialidade dos dados recolhidos. A entrevista foi realizada na sala de aula no
ambiente de trabalho de aluno de forma lúdica, proporcionando à recolha de todas as informações,
proporcionando uma relação de empatia e confiança entre o entrevistador e os entrevistados (as).

3.4.6 Observação
Para a observação assistemática, foram anotadas a quantidade e as condições de uso das carteiras
escolares por parte dos alunos. Observou-se a postura, dos alunos sentados, e que deveria ser
necessário respeitar alguns parâmetros ergonómicos: os pés das crianças devem estar apoiados no
chão ou em alguma estrutura; seus joelhos deveriam estar flectidos a 90º; o encosto da cadeira
deveria estar apoiado na região tóracolombar; e a mesa deve estar na altura do cotovelo, em flexão de
90º com as mãos em posição funcional. Nesta altura fez se ainda através da Máquina fotográfica a
Captação de fotografias, para mostrar a forma como o aluno se sentam na carteira.

3.4.7 Medição
Este método segundo (IIDA 2005), chama-se directo, e efectua a medição do corpo usando balança,
transferidor, fita métrica parquímetro e trama métrica. Segundo o mesmo autor, sempre que for
possível e economicamente justificável deve se efectuar directamente através de uma amostra
significativa de indivíduos. Para a colecta medidas de carteiras e dos alunos através de medição com
maior destaque as seguintes parte da carteira: Cadeira-altura do assento e encosto, inclinação do
assento e do encosto e profundidade e largura do assento e encosto; Mesa-altura, profundidade e
largura do tampo da mesa e; Alunos-medidas antropométricas estática dos alunos na posição sentada.

3.5 Instrumentos de recolha de dados


a) Observações - As observações sistemáticas permitiu avaliar o espaço de trabalho (Carteira do
aluno) em seus aspectos funcionais. E levantar o comportamento do aluno, em termos de
movimentos e actividades. As observações oferecem validade para outras técnicas. A comparação
dos dados conseguidos a partir das observações e as afirmações das entrevistas trazem pontos
críticos. Para o presente estudo ergonómico utilizou-se a Observação armada – foi praticada na sala
de aula na presença de alunos e com a ajuda de instrumentos máquina fotográfica e gravadorpermitiu
34

ao pesquisador aumentar a precisão dos dados recolhidos, bem como prolongar a duração das
observações.

b) Entrevistas- Utilizam- se em ergonomia, principalmente, dois tipos de entrevistas a saber:


entrevistas dirigidas e a entrevista informal.

• Entrevista dirigida - Nesta técnica, junto ao Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano


foi efetuada a partir de um questionário elaborado previamente, com questões objectivas.
Distinguimos esta entrevista do questionário, pois é feita a partir do contacto directo entre
entrevistado e entrevistador.

• Entrevista informal - nesta entrevista não existiu um protocolo estabelecido com questões prévias
para os alunos da 1ª classe. Os entrevistados foram convidado a discorrer livremente sobre algumas
questões dirigidas pelo entrevistador. O que caracteriza este tipo de entrevista, é o fato de não haver
obrigação de uma amostra representativa, nem de uma análise estatística das informações.

c) Questionários - Para que os resultados obtidos através de questionários fossem generalizáveis,


foram aplicados a 60 alunos da 3ª, 5ª e 7ª classe e que consideramos estes serem uma amostra
representativa da população em estudo.

d) Levantamentos Físicos – para um adequado diagnóstico ergonómico foi cuidadosamente


planeado e executados a colecta com recurso a fita métrica, as medidas antropométricas dos alunos e
dimensões das carteiras escolares da EPC de Unidade 5.

3.6 Método de análise de dados


O presente trabalho produziu um diário de campo da escola estudada, sendo que este período de
transcrição das entrevistas ocorreu, durante três dias em consequência da riqueza de informações
obtidas junto aos entrevistados. A acumulação destes dados deu-se de acordo com a categorização
dos dados estabelecidos com base no marco teórico, para posterior análise e compreensão dos
mesmos.Ao realizar o estudo, durante o registo das observações, inquérito e das entrevistas
semiestruturadas, a análise ocorreu somente no sentido de perceber a necessidade ou não de mudança
do método e/ou o retomo aos pesquisados para reflectir, validar ou até buscar os dados. Neste
sentido, foi possível mudar o método de colecta de dados aos alunos da 1ª classe, do inquérito para
entrevista semiestruturada poi estes não seriam capaz de responder o inquérito por escrito.
A seguir na figura .3, iremos apresentar um esquema proposto por (IIDA, 1990) 3, para demonstrar
uma categorização específica com o intuito de incluir todos os dados.
3
Ergonomia Projecto e Produção, Itiro lida, 1990
35

Figura 2: Ergonomia Projecto e Produção, Itiro Iida, (1990)

A através de análise ergonómico procuramos interpretar os dados buscando respostas para a questão
de pesquisa, apesar de todo o desenvolvimento ocorrido, nos últimos anos, a prática da ergonomia
em Moçambique ainda é relativamente desconhecida pela falta de sistematização de uma
metodologia de análise Ergonómica que permita aos gestores da educação alocarem carteiras que vão
de acordo com as especificações ergonómicas dos alunos do ensino primário. Logo, para a aplicação
da análise da demanda na EPC Unidade 5, contando o tempo de estudos na ESTEC, análise dos
dados, elaboração e apresentação do relatório, foram necessários ao todo 28 dias.

3.7 Viabilidade da investigação


3.7.1 Objectividade /subjectividade
Técnicas objectivas ou directas: - consistiu no registo das atividades ao longo dos três dias, através
de um registro em fotografias e áudiopara alunos e aos técnicos do Ministério de Educação e
Desenvolvimento Humano. Essas técnicas impôs uma etapa importante de tratamento de dados.
Atécnicas subjectivas ouindirectas: - Técnicas que tratamos no acto das entrevistas.
Esse tipo de coleta de dados registou distorções da situação real de trabalho, se considerada uma
apreciação subjetiva. Entretanto, esses poderam fornecer uma gama de dados que favoreceram uma
análise preliminar. Deve-se considerar que essas técnicas foram aplicadas segundo um plano
preestabelecido (Apêndice 1) de intervenção em campo, com um dimensionamento da amostra a ser
considerado em função dos problemas abordados.
36

CAPITULO IV -APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Apresentação dos resultados

4.1.1 Análise da demanda

4.1.1.1 Entrevista a técnica da MINEDH -Direcção Nacional de Infra Estruturas e


Equipamentos Escolares
A demanda para esta pesquisa foi junto com a técnica da Direcção Nacional de Infra Estruturas e
Equipamentos Escolares, onde procurou-se saber através de um questionário, anexo 7, sobre os
procedimentos e instrumentos que tem como base, na produção de mobiliário escolar. Dado que a
entrevistada se propôs a responder directamente na presença do entrevistador, bem como o correio
electrónico em anexo 8. A análise dos dados realizar-se-á de forma quanti/qualitativa, e focando-se
os relatos da entrevistada.

Atendendo que o ingresso em Moçambique é a partir dos 6 anos de idade, as carteiras alocadas nas
escolas, são produzidas tendo em conta as características antropométricas dos alunos das classes
iniciais do Ensino Primário do 1º Grau? A entrevistada foi clara ao responder que não, sobre os quais
ela fala: a preocupação do Estado no momento é tirar as crianças do chão com alocação de carteiras,
apesar dessas não observarem os aspectos ergonómicos em função da antropometria dos alunos do 1º
ciclo.
 Questiono a técnica, se o sector de educaçãoo, possui um guião prático para a produção e
distribuição de mobiliário escolar e quais são os critérios usados para o processo de produção de
carteiras escolares ainda não e ela comenta: existe especificações técnicas que foram concebidos no
âmbito de adjudicação para a produção de carteiras e que os critérios usados para o processo de
produção, são previstas no Decreto n.º 5/2016,de 8 Março, Novo Regulamento Contratação Pública
em Moçambique.
A inquerida demostrou a preocupação do Ministério quanto a um instrumento que regula a produção
de mobiliário escolar que atenda as características dos alunos e comenta: do momento ainda não o
Ministério já pensou no assunto mais não há condições para a sua implementação. Por que a questão
da ergonomia está sendo pensado como um todo. O foco do Ministério está em tirar as crianças no
chão, apetrechando as escolas em falta, calculadas em 700 mil carteiras equivalente a 210 milhões de
Dólares (Americanos???), feito isso, poderá se pensar na ergonomia.
Estudos realizados no Brasil por HEINZ (1999), culminaram com a obra CADERNOS TÉCNICOS
I: Ensino fundamental: mobiliário escolar, para atender aos objectivos do Projecto
37

FUNDESCOLA4, dá recomendações Técnicas aplicáveis ao mobiliário escolar para uso nas escolas
de primeiro grau. Os organismos responsáveis pelas especificações e pela aquisição do mobiliário
para as escolas, podem usá-las, adequando-as às exigências e condições de cada região. As
recomendações servem também ao sector pedagógico, para melhor utilização do material.Para que a
ergonomia contribua na produção de carteiras que vão de acordo com a antropometria dos
utentes, é necessário um instrumento previamente elaborado como balizar da produção e
distribuição de mobiliário que favoreça as melhores condições de postura dos alunos.

4.1.1.2 Observação da postura


Com recurso a máquina fotográfica, ainda na análise da demanda se fez a captação de fotografias, ao
mesmo tempo que se fez a observação da postura dos alunos para ver as condições de acessibilidade
na carteira, com características estandardizadas, sem ter em conta as dimensões antropométricas dos
alunos da 1ª Classe. Os alunos que participaram neste estudo deveriam acomodar-se nas carteiras que
respondam aos critérios pré-estabelecidos, que é uma referência para o design e para a selecção de
mobiliário escolar, apresentada por (BAPTISTA & FRAGOSO 1992, p. 25-26).

Figura 3:Alunos da primeira classe na Sala de aula EPC de Unidade 5 (Autor)


Colectando as medidas destas mesas e carteiras, respectivamente observassem que todas possuem
Altura (até assento): 426 mm, assento: 1100x224x22mm como padrão.

4
Projecto Fundescola: Coordenação de Instalações Escolares MIC-Brasil 1999
38

Figura 4:Tentativa de se manter na cadeira aluno se apoiam aos pés da mesa. (Autor)

Esta figura 5, é visível a posição que elas tomam para escrever. Compensação que ela faz com os pés
para poder manter-se sentada sem que escorregue para baixo.

O primeiro objecto (parte da bancada da certeira) não se mostrou eficiente pois, devido às limitações
antropométricas dos alunos, o aluno não tinha os pés apoiadas no chão, existia uma pressão entre o
bordo anterior do assento e a face inferior das coxas.

Figura 5:Abdução do braço para aluna escrever. EPC de Unidade 5. (Autor)


Os resultados demonstram algumas inadequações dos equipamentos analisados. Na figura 6 acima,
vemos uma aluna da quarta classe estudando em uma carteira muito alta para a sua estatura. A
distância antropométrica da criança responsável pela altura da carteira seria do chão até o cotovelo
flectido ao 90º com a criança sentada e o joelho também flexionado a 90º. Na figura 25, pode-se
observar que seu braço está em posição de abdução, e esta postura pode acarretar uma série de
problemas futuros a este aluno.
A mesa não se mostrou bastante eficaz, o encosto que sustenta firmemente as costas, ao nível lombal
é abaixo as omoplatas. Com isso, verificou-se que o indivíduo não tem os cotovelos situados no nível
do tampo da mesa, podemos aferir que está bem claro que os problemas ergonómicos nas escolas
39

devem ser resolvidos por meio da readequação destes mobiliários, porém estas mudanças tornam-se
difíceis de serem postas em prática devido à falta de sensibilidade de quem é de direito, dos aspectos
ergonómicos na utilização das carteiras escolares para o 1º Ciclo do ensino primário.
Os resultados demonstram algumas inadequações dos equipamentos analisados.
De acordo com MORAES (2001), as muitas posturas assumidas, são tentativas de usar o corpo como
um sistema de alavancas, num esforço para contrabalançar o peso da cabeça e do tronco. Esticar as
pernas pra frente e fechar as juntas dos joelhos, por exemplo, aumenta a base da massa do corpo e
reduz o esforço de outros músculos para estabilizar o tronco. Outras posturas, como segurar o queixo
com a mão enquanto o cotovelo se apoia sobre o braço da cadeira, ou reclinar a cabeça sobre o apoio
da cadeira, são os exemplos das fotografias acima apresentadas neste trabalho.

4.1.1.3 Medições antropométricas e do mobiliário escolar


No seguimento da análise ergonómica da tarefa, fez- – se a medição de carteiras e antropométrica aos
alunos com o uso de fita métrica. As partes colectadas, constam da tabela 12 e 13 respectivamente a
seguir, que constituem partes do corpo que, relacionados com as carteiras, seria possível realizar uma
comparação exacta e estabelecer as diferenças. As medidas antropométricas escolhidas para o
levantamento são as mais relevantes no que diz respeito ao projecto de mesas e carteiras escolares.

Tabela 4: Medidas de cadeira e mesa (tipo de carteira e sala) mostrar as três variedades das medidas de
carteira por sala.
Carteira escolar Tampo: 1100x402x22 mm
Altura (até tampo): 697 mm Prateleira: 1100x210x22 mm
Altura (até assento): 426 mm Assento: 1100x224x22mm
Altura (até encoste): 561 mm Encoste: 1100x150x22mm
Altura (até prateleira): 561 mm Espessura da madeira 22 mm
Colectadas as medidas das antropométricas dos alunos, observou-se que todas possuíam as seguintes
dimensões:

Tabela 5 Medidas antropometria dos alunos das 3ª classes. Fonte: Adaptado (INT, 1988)
Medidas Dimensões (mm)
Figura
Antropométricas 1ª Classe 3ª Classe 5ª Classe
Altura do cotovelo,
430 mm 483mm 567mm
Sujeito sentado

Altura póplite,
253 mm 311mm 377mm
sujeito sentado

Profundidade nádega-póplite,
257 mm 292mm 360mm
sujeito sentado
40

Comparando as dimensões antropométricas e de carteiras, tomados três referencia tanto da careira


assim como do individuo e obtivemos as seguintes diferenças por classe:

Tabela 6: Comparativa das dimensões antropométricas e de carteiras.


Antropometria Diferença
Carteira
1ª Classe 3ª Classe 5ª Classe
Altura (até tampo) Altura do cotovelo 267 mm 214mm 130mm
Altura (até assento) Altura póplite 173mm 115mm 49mm
Profundidade
Largura Assento -33mm -68mm -136mm
Nádega-póplite

Podemos afirmar que 99% das carteiras, não se ajustam a nenhuma idade dos alunos abrangidos pelo
inquérito. Diante de tais evidências, a ergonomia merece importância por favorecer melhores
condições de postura e de uso de utensílios, como carteiras. Com base na incompatibilidade entre as
medidas antropométricas e carteiras encontrado em ambientes escolares e de trabalho, são
recomendadas a utilização de mesas e cadeiras equipadas com mecanismos ajustáveis de altura e
largura (SAARNI et al., 2007; AGHA, 2010 e DOMLJAN et al., 2008).

O estudo realizado no Brasil, para avaliar a qualidade do mobiliário escolar encontrado foi usado,
como base, a NBR5 14006, pois é a única fonte de informações disponível para fabricantes e
usuários. Em apenas uma das cinco escolas analisadas foram encontrados mesas e cadeiras unidas,
formando um conjunto estático. Esse tipo de conjunto não é especificado na NBR 14006 e não existe
nenhuma norma ou portaria do Ministério da Educação especificando que esse tipo de conjunto
escolar é inadequado; no entanto, esse tipo de carteira diminui sensivelmente a mobilidade dos
alunos. Para os estudantes que utilizam esse tipo de mobiliário as maiores queixas são a proximidade
da junção das carteiras com as pernas, o que gera batidas desagradáveis e o fato da mesma carteira
não atender a destros e canhotos. Foi verificado que, nas escolas analisadas, 12% dos alunos são
canhotos, e que na escola onde o mobiliário é unido não existe número suficiente de carteiras para
esses alunos.
4.2 Análise ergonómica da tarefa
4.2.1 Inquérito aos professores
O questionário foi respondido por 16 professores 11 mulheres e 5 homens dentre eles 1 básicos 5
licenciados 8 médios e 1 mestre. Constatou-se que a média de idades dos inquiridos é 37 anos. A
maior parte destes professores encontram-se em actividade, sendo pois professores que passam nas
actuais salas de aula.

5
Norma Brasileira de Normalização
41

Gráfico 1:Género e nível académico dos professores


A média de anos de carreira é de 12 anos sendo que o tempo máximo na carreira e de 37 anos. Como
trata-se de professores que lidam com o mobiliário escolar há já alguns anos, permitindo-os tirar
conclusões dos seus efeitos nas crianças. A média da faixa etária dos alunos está entre os 7 e os 10
anos de idade. E a média do número de alunos na sala de aula é de 51 alunos.

Sobre a questão 9, a tabela 7 mostra os resultados sobre a posição dos professores em relação
aprestação de atenção por parte de alunos e surgem duas respostas sendo que 3 (18,8%) consideram
que os alunos prestam mais atenção quando sentam sozinhos e 13 (81.3%) afirmam que prestação
mais atenção quando estiverem sentados insolados. Olhando as respostas a partir dos dados, são
preocupante, uma vez que as carteiras na EPC Unidade 5 são de ocupação dupla. Isso pode estar
acontecendo porque nesta fase de socialização a criança procura interagir com outro colega.Através
de survey envolvendo cerca de 200 professores da Educação Especial, nos Estados Unidos da
América, (NUNES, et al., 1985) foi constatado que: (a) alguns tipos de mobília escolar estavam
associados a comportamentos diruptivos; (b) aspectos do design da mobília escolar foram
considerados inapropriados para o desenvolvimento de tarefas específicas; (c) 47% dos
professores reportaram acidentes envolvendo cadeiras e mesas; (d) 53% dos respondentes
informaram que o mobiliário produzia ruído excessivo quando deslocado; (e) 58% desses
professores disseram que seus alunos permaneciam na posição sentada por um período que variava
de três a quatro horas diárias; (f) somente 9% desses professores foram solicitados a opinar sobre o
tipo de mobiliário a ser adquirido pela escola.

Tabela 7Para si o aluno presta mais atenção


42

Classe (n) (%)


Quando está sentado em grupo 3 18.8
Quando está sentado isolado 13 81.3
Total 16 100.0

Os dados da tabela 8 indicam os principais motivos de perda de atenção para alunos, apontando que
dos 3 (19,2 %), professores alegam que os alunos perdem a atenção por acústica da sala, fadiga e
ambiente, respectivamente; 4 (25%) indicam a desmotivação da aula e 9 (56.3%) conversa entre
alunos. Na verdade os ruídos perturbadores uma vez que a EPC Unidade 5 encontra-se perto de uma
oficina metalúrgica a acústica da sala deixam desejar, pelo facto de estar dentro de uma comunidade
com pouco espaço para os alunos pode estar aliadas ao mau ambiente. A fadiga pode estar
relacionada com o tipo de carteiras que os alunos usam uma vez que são de dimensões maiores e
leva-os a ficarem cansados pois, a pressão que sofrem na coxia, a curvatura que fazem da coluna,
actividades demasiado prolongadas, coloca-as fadigadas. A desmotivação estaria relacionada com a
falta de interesse no trabalho, a má qualidade dos materiais da sala, a altura do quadro (quando muito
baixo), problemas de comportamento. Em relação a conversa entre alunos nos referimos na questão 9
que nesta fase a criança procura se relacionar com outros e quando os professores não ficam atentos
os alunos conversão. A seguir a intervenção de uma professora da 1ª classe que diz que (As carteiras
são altas de mais principalmente para os alunos da 1ª classe o que contribui para que haja agitação na
sala porque estes descem dacarteira várias vezes)6. Isso mostra os vários problemas que se encontram
na sala de aula que constituem motivos de perda de atenção por parte dos alunos.

Tabela 8Principais motivos de perda de atenção para aluno

Classe (n) (%)


Acústica de sala 1 6.3%
Ambiente 1 6.3%
Conversa entre alunos 9 56.3%
Desmotivação da aula 4 25%
Fadiga 1 6.3%
Total 16 100%

Na segunda parte do inquérito na questão 11, deu-se mais atenção á à carteira escolar onde 16
inqueridos divibid se quanto adequação das carteiras dos alunos, sendo que 25% dos professores do
6
Aziza Macamo, Professora da 1ª classe na EPC de Unidade 5 a mais de 8 anos.
43

1º ciclo e (31.25%)professores do 2º considerarem medíocre, isto por que os seus alunos as


dimensões não se ajustam nessas carteiras. Mas outra parte, isto é, professores do 3º ciclo com 1
(6.25%) consideram suficiente, bom e muito bom respectivamente. Apesar de 1 (6.25%) professor do
2º ciclo ter respondido Excelente e (18.75%) avaliarem de suficiente é pelo facto de existirem na sala
de aula carteiras que se mostraram relativamente baixas em comparação com outros 2 modelos
existentes na escola (ver gráfico 2). Pode se concluir que as carteiras são consideradas inadequadas
com maior destaque os 4 professores que leccionam a 1ª Classes terem respondido medíocre. Cabe
acrescentar que a postura sentada não deve ser mantida por longos períodos de tempo fazendo-se
necessário a mudança de postura para reduzir a fadiga. Portanto, a clássica estrutura escolar da sala
de aula, onde o aluno permanece todo o tempo sentado durante o período de aula, poderia também
ser causador de fadiga e, portanto, influenciar a avaliação da adequação das cadeiras. (IIDA, 1990;
GRANDJEAN,1998) Outro estudo realizado por (OLIVEIRA et.al., l2011) citando (COUTO, 1995;
IIDA, 1997 e BRANDIMILLER, 2002). Para trabalhos na posição sentada, algumas recomendações
básicas devem ser seguidas, para maior conforto dos usuários para a cadeira pode-se citar as
seguintes recomendações:

 Deve, sempre que possível, ser estofada, para haver redução da pressão na região posterior
das coxas, facilitando a circulação e reduzindo a pressão nos discos intervertebrais;
 A dimensão Antero-posterior do assento não pode ser muito comprida nem muito curta; o
tamanho ideal é aquele onde as coxas ficam completamente apoiadas, mas sem compressão
da região posterior dos joelhos;
 A borda anterior do assento deve ser arredondada;
 Deve possuir apoio para o dorso;
 O ângulo entre o assento e o apoio dorsal deve ser regulável ou estar posicionado em um
ângulo de 100 graus;
 O apoio para o dorso deve ter uma forma que acompanhe as curvaturas da coluna;
 Deve haver espaço na cadeira para acomodar as nádegas.
44

Gráfico 2Adequação das carteiras aos alunos

Quanto as dimensões da parte da mesa da carteira do aluno apresentado na questão 12, 1


(6.25%)professor do 2º ciclo considera medíocre, 4 (25%) professores do 2º ciclo consideram bom, 2
(12.5%) dos professores da escola acham que estão muito bons. Podemos ainda observar que os 2
professores do primeiro e segundo ciclo acham as suficientes, correspondente a 12,5%
respectivamente. Apesar de apresentar dimensões que divibid as opiniões dos professores sobre o
espaço da mesa, para o primeiro ciclo, está relacionado com a quantidade do material que os alunos
levam a escola neste caso 2 livros que irão aumentar gradualmente no 2º Ciclo em diante. (Gráfico
3). Ainda sobre a mesa, (OLIVEIRA et.al, 2011) aponta que deve-se seguir as seguintes
recomendações:
 A borda anterior deve ser arredondada;
 Deve haver espaço suficiente para as pernas do usuário;
 Deve haver apoio para os pés;
 Deve ser feita de material não reflexivo.
 A altura deve garantir que o aluno apoie os braços na mesa.

Gráfico 3: Dimensões da mesa


Em relação a parte do assento da carteira, a tabela 9, indica que 6 (37.6 %) professores consideram
medíocre, 5 (31.3%) consideram de bom, 4 (25%) avaliam de suficiente e 1 (6.3%) professora
considera muito bom. As professoras da 1ª classe consideram a parte de assento grande demais visto
que a criança não consegue ter a parte de nádega a póplite adequada. A cadeira segundo KNOPLICH
45

(1984) é apropriada quando apresentar encaixe para as nádegas. O encosto da cadeira deve apoiar a
curvatura da lordose da coluna, caso contrário não permite o suprimento sanguíneo, podendo causar
amortecimento das pernas. A profundidade do assento deve permitir que as coxas fiquem
completamente apoiadas, sem que haja compressão da zona posterior dos joelhos. Ou seja, deve
haver algum espaço livre entre a parte posterior da perna e a extremidade da cadeira (que é
arredondada), evitando-se, assim, pressões sobre a musculatura das pernas. “A profundidade do
assento deve ser determinada a partir do menor comprimento de coxa do usuário, considerando como
limite deste comprimento a região sacra, ou seja, a extremidade do corpo do usuário definida pelas
suas costas quando sentado” BERGMILLER(1999). A largura do assento não deve ser inferior à
menor largura da criança.
Tabela 9Adequação da parte de assento na carteira dos alunos?

Classe (n) (%)


Bom 5 31.3
Muito bom 1 6.3
Suficiente 4 25.0
Medíocre 6 37.6
Total 16 100.0

Na questão 13 sobre a carteira como motivo de desconforto do aluno, a tabela10, indica que 6 (37.6
%) professores consideram Suficiente, 5 (31.3%) acham medíocre e 4 (25%) classificam de bom.
Fica evidente que as carteiras existentes nas escolas não oferecem o conforto desejado aos utentes,
isso pode ser atribuída à altura da mesa ou carteira que não é adequada para alunos de menor
estatura, forçando-os a se inclinar sobre a mesa para escrever. Esse movimento de inclinar e levantar
pode causar dores musculares nos ombros, pescoço e coluna. O estudo realizado por (OLIVEIRA
et.al.,2011),teve por objectivo verificar os tipos de movimentos feitos pelos estudantes e as possíveis
correlações com os aspectos ergonómicos do mobiliário escolar. Muitos dos movimentos observados
possuíam relação directa com a ergonomia e o design do mobiliário, e pessoas, em ambientes
ergonomicamente ruins, tendem a realizar trabalho de forma menos eficaz, sendo mais susceptíveis a
erros e, no caso apresentado, dificultando a aprendizagem. Chama-se essa autora para evidenciar as
consequências de desconforto que podem ser vistas para além das alegações dos professores, os
movimentos que os mesmos realizam quando não estão confortados em carteiras .
46

Tabela 10:Carteira é o motivo de desconforto do aluno


Classe (n) (%)
Bom 4 25.0
Medíocre 5 31.3
Muito bom 1 6.3
Suficiente 6 37.6
Total 16 100.0

Sobre a influência da carteira do aluno na sua atenção e desempenho, ou seja 6 (37.5%) professores
consideram de Bom, 3 (18.8%) e 4 (25.1%) considerarem medíocre e suficiente respectivamente, 2
(12.5%) consideram Muito bom e 1 (6.3%) considera excelente (ver tabela 11). Este dado pode estar
relacionado ao espaço disponível que deve ser suficiente para realizar tarefas, de escrita sem
prejudicar o companheiro de mesa, em caso de mesas para dois. O tampo da mesa deve ter um
ângulo bastante evidente para actividades de leitura. “Pode-se recomendar um ângulo de 15º, ou
mesmo um tampo plano, como solução mais conservadora”(INSTITUTO BIOMECÂNICO DE
VALÊNCIA, 1992), para o caso de escrita.

Tabela 11Influência da carteira na concentração e aproveitamento escolar do aluno


Classe (n) (%)
Bom 6 37.5
Excelente 1 6.3
Medíocre 3 18.8
Muito bom 2 12.5
Suficiente 4 25.1
Total 16 100.0

De forma geral na opinião dos professores, as carteiras para algumas classes avaliam de Bom com
50%, com tudo não têm relações entre as dimensões destas e as do aluno que influenciam o seu
desconforto e podem originar faltas de atenção e concentração (ver tabela 12). A professora
entrevistada,propõe que: ´´as mesas sejam inclinadas para que a postura do aluno seja mais correcta,
e não tenha de realizar tanto esforço para olhar para o quadro, assim como, as cadeiras possuindo
braços de apoio ´´(...) ´´a altura adequada, a largura do tampo (espaço, o ser ajustável a cada
aluno e de serem resistentes´´
47

Tabela 12: Classificação geral da carteira na sala de aula


Classe (n) (%)
Bom 8 50.0
Excelente 1 6.3
Medíocre 1 6.3
Muito bom 3 18.8
Suficiente 3 18.8
Total 16 100.0

Dado importante é que o professor que classifica mediocre, 6.3% e suficiente serem das classes
iniciais 1ª e 2ª classes. Nestas classes a antropometria dos alunos mostrou-se bastante desajustada as
carteiras existentes o que se pode generalizar por parte dos professores , ao contrario das outras
classes que alguns aspectos levantados no inquerito iam de acordo com as espectativas dos alunos ao
interagirem com a cartira , tambem por causa das suas dimencoes antropometricas.No final da
análise do inquérito, verificou-se que, no geral, muitos dos assuntos tratados nesta fase de
monografia coincibid e também são constatados por quem está envolvido dentro da sala de aula
e detem legítima opinião, o professor. Estudos desenvolvidos por PASCHOHARELLI (1997), sobre
carteira escolar com objecto de desenvolvimento de educacao infantil atraves da contribuicao do
design e ergonomia salienta que as carteiras escolares para o ensino primário, é uma prioridade no
sector de educação, com tudo é necessário que este mobiliário esteja em conformidade com as
dimensões dos alunos, o que se caracteriza pela observância dos aspectos ergonómicos. As
observações imediatas mostraram problemas ergonómicos da carteira particularmente aqueles
relativas à diferença entre a variação das dimensões dimensional dos alunos por causa da
padronização das carteiras existentes na escola.

4.3 Análise ergonómica de trabalho


4.3.1 Avaliação de satisfação dos alunos
4.3.1.1 Entrevista de avaliação da satisfação dos alunos da 1ª classe
Foram respondidos 20 questões numa turma da 1ª Classe colocadas de forma simples e directa para
que as crianças pudessem responder. Dos resultados obtidos podemos então considerar alguns desses
exemplos com o discurso da C.R.M, M.S. e J.C.M dos alunos da 1ª classe.
Em relação ao conforto da cadeira na sala de aula se é confortável, para todos foi fácil perceber que
achavam necessário a existência de um maior conforto nas carteias mas não o souberam explicar de
que forma este deveria ser aplicado. Afirmaram que ´´sentam na carteira e não sujam a roupa e a
carteira é boa, mas também deveria ter almofadado e tinha que ser fofo, mas consigo colocar os
livros. Mas as vezes não conseguem descer da carteira ´´ (C.R.M). Uma vez que esta é maior que as
48

suas dimensões. Uma outra intervenção referiu – se que a sala de aula está sem pintura e as vezes
entra água quando chove pelas janelas. ´´A nossa professora usa carteira além da secretária. Os
nossos quadros estão muito encima e eu não consigo escrever no quadro´´. (J.C.M). As respostas
tidas pelos alunos mostraram que não perceberam o que se pretendia dizer sobre o conforto tendo
relacionado com o facto de não sujar a roupa, espaço para colocação d livros, pintura e entrada de
água ao chover, mas ficou a ideia de que as carteiras não são confortáveis.
A partir dos resultados, o que define visualmente o conforto para alguma das respostas corrobora
com “almofadado”, o “estofado”, o “fofo” que está associado ao bem-estar, à comodidade, à
satisfação e ao sentimento e lembrança de conforto(GUIMARÃES et al.,2001), já haviam mostrado
que a avaliação de conforto está relacionada à estética da cadeira.

Se gostavam que carteira da sala de aulas fossem diferentes, percebeu-se das respostas que os alunos
não gostam da mesa que utilizam na sala de aula, ´´essas carteiras são grandes só dá para 5ª classe,
queremos carteiras como de escolinha´´. (M.S). Foram unânimes em dizer que gostariam de ter
carteiras diferentes destes e acrescentaram:´´ as carteiras utilizadas são muito grandes e feio´´, pois
são mesas de um material muito escuro. O tipo de material frequentemente adoptado é considerado
um aspecto negativo, pois “é duro, pesado, o tampo demasiado liso´´. (M.S).

Perguntamos se consegues estar sentado com as costas encostadas e os pés a tocar no chão a resposta
foi de que quando encostam a carteira não conseguem escrever na mesa só sobre as pernas
inclinando a coluna. Outro disse que conseguia escrever se curvando á mesa quando está em cima da
carteira… e que os pés não chegam no chão porque a cadeira é alta´´ (M.S). Foi verificado que todos
os alunos não conseguiram ter os pés no chão e encostados na carteira. Muitos dizem que o
mobiliário utilizado é muito pequeno e feio, pois são mesas de um material muito escuro e frio. O
encosto da cadeira deve permitir que haja inclinação do tronco para trás, pés no chão e permitir uma
melhor postura da criança. Estudos realizados pelo Instituto de Biomecânica de Valência e Francisco
Rebelo, afirma que a altura do assento da cadeira deve permitir que a criança consiga apoiar
totalmente os pés no chão ou num apoio de pés, evitando pressões musculares nas coxas. Por outro
lado, a postura dos pés em balanço causam fadiga. Em eventuais apoios de pés, devem ser fixos e ter
as dimensões apropriadas, permitindo a criança ter espaço para colocar os pés na totalidade.

Sobre o tamanho da mesa se é suficiente para todo o material que precisa nas aulas, os alunos
responderam que sim havia espaço suficiente para colocar todo o material visto que nesta classe
levam só dois livros´ ´o espaço é suficiente para colocar o material, mas por vezes cai porque o
49

tampo da mesa e inclinado e escorregadio´´. (M.S).

Quando estás escrever consegue fazer sem dificuldades de atingir a mesa, a partir da observação foi
visível que não para quase totalidade dos alunos, visto que essa idade (6) anos tem uma estatura
menor. Um dos inqueridos disse, que não, ao escrever tenho feito com muitas dificuldades porque a
mesa é alta e prefiro ficar de pé. (C.R.M) Apesar de ser uma pergunta subjectiva, foi a maneira mais
simples de se avaliar os encostos, pois seria muito difícil realizar perguntas relativas à anatomia
humana para crianças, com apenas idades entre 6 a 8 anos.

Sobre dores nas costas quando estás muito tempo sentado na escola, percebe - se que ao final do
turno os alunos se sentem cansados, com o pescoço e as costas apresentando desconforto/dor. Com
tudo, as crianças souberam dizer que ao final do dia sentem um incómodo ao nível das dores
lombares, tal facto pode se dever as careiras que são grandes e tem que inclinar e exerce muito
esforço na coluna para atingir a mesa. A resposta de uma das entrevistadas disse quando chego em
casa sente dores e que além da minha pasta acha que essas carteiras grandes provocam dores. Pelo
facto das crianças estarem sujeitas a uma má postura leva-as a sentirem dores de alguma forma no
final das 4 horas que permanecem na escola sentados, visto que as carteiras são enormes eles fazem
muita ginástica para atingir o tampo da mesa e para o efeito tem dobrado a coluna para escrever. Em
estudo realizado com 495 alunas de 14 a 18 anos na cidade de São Leopoldo, Rio Grande do Sul,
encontraram prevalência de 66% de alterações posturais laterais e de 70% de alterações posteriores
da coluna vertebral.

4.3.1.2 Inquérito de avaliação da satisfação dos alunos da 3ª, 5ª e 7ª classe


O resultado dos questionários aplicados em 60 alunos da 3ª, 5ª e 7ª classe indica que tinham idades
que variavam de 8 a 14 anos, com uma média de 11 anos.36 do sexo feminino e 24 do sexo
masculino.
Em relação a à questão 1 quanto ao conforto da carteira na sala de aula apresentado no gráfico 4,
mostra que na 3ª classe 13 (21.67%) alunos, igual numero para 5ª classe e para a 7ª classe com 18
(30%), consideram que a carteira não e confortável. Da opinião contrária, indica para 3ª e 7ª classes
ambas com 2 (3.33%), 5ª classe 7 (11.67%). Sendo que 5 (8.33%) não quiseram se pronunciar. Estes
dados indicam claramente nas opiniões dos alunos que as carteiras não concorrem para o bom
cumprimento na realização das actividades na sala de aula quando estiver sentado. Esses elementos
mostraram uma regularidade constante de índices negativos quase em todas as questões colocadas
50

aos inqueridos, que, segundo a literatura,´´ não só barram o bom desempenho no trabalho como
também favorecem o surgimento de constrangimentos psicofísicos no usuário (PASCHOARELLI
&MENEZES.2009 p. 164).

Gráfico 4: Conforto do aluno em relação aos conjuntos mesa-cadeira

Naquilo que diz respeito a à pergunta 2 sobre encosto da cadeira (gráfico 5), surpreendeu o facto de
12 (20%), da 3ª classe, 11 (18.33%) da 5ª e 15 (25%) da 7ª classe dos alunos terem respondido que
não conseguem ter os pés a tocarem no chão e as costas sobre o encosto. Em contra partida 3 (5%),
da 3ª classe, 9 (15%) da 5ª e 5 (8.33%) da 7ª classe dizem sim e 5 (8.33%) não responderam. Apesar
de ser uma pergunta subjectiva, foi a maneira mais simples de se avaliar os encostos, pois seria muito
difícil realizar perguntas relativas à anatomia humana para crianças, com apenas idades entre 8 a 14
anos. O encosto da cadeira deve permitir que haja inclinação do tronco para trás, pés no chão e
permitir uma melhor postura da criança. Foram realizados estudos com diversas angulações tronco-
coxas assim como os efeitos que estas tinham nas actividades dos músculos e pressão dos discos.
Segundo Oliveira, com base nos resultados obtidos, chegou-se à conclusão de que ângulos entre os
100 e 110 graus entre o tronco e a coxa são os que melhor atendem às duas exigências” (OLIVEIRA,
2006). Ângulos superiores a 110 graus são bastante favoráveis, mas podem não ser propícios a
algumas actividades.

Gráfico 5:Costas sobre encosto e os pés no chão

O gráfico 6 mostra as respostas da questão 3 quanto a mudança do mobiliário existente na escola e


que 18 (30%) alunos da 3ª classe, igual número da 5ª classe e todos os 20 (33.3%) da 7ª classe,
51

concordam que as carteiras não deveriam ser diferentes, o contrário 2 (3.33%) da 3ª não responderam
e 2 (33.3%) da 5ª classe não concordam na mudança das carteiras. 93.33%, do sim justifica-se pelo
facto de a Escola acabar de receber as carteiras e estas estarem simplesmente nas turmas do 1º ciclo.

Gr
Gráfico 6: Acham que as carteiras deveriam ser diferentes

A questão 4 sobre escrever com os pés no chão e encostado sobre encosto da carteira tem constituído
um desafio para os alunos. Os resultados apresentados no gráfico 7 , indicam que 11 (20%) alunos da
3ª igual número da 5ª classe e 9 (16.36%) da 7ª classe, não conseguem escrever com as costas sobre
o encosto, porem 4 (7.27%) da 3ª, 9 (16.36%) da 5ª classe e 11 (20%) da 7ª conseguem escrever com
as costas sobre o encosto. Muitas crianças conseguem escrever com as costas sobre o encosto e sobre
a mesa do que com as costas no encosto da cadeira. Preferirem escrever inclinados

Como referimos no ponto 4.1.3.1.1 desta monografia com os alunos da 1ª classe, sobre o estudo
realizado pelo Instituto de Biomecânica de Valência e Francisco Rebelo, que prevê a altura do
assento da cadeira deve permitir que a criança consiga apoiar totalmente os pés no chão ou num
apoio de pés, evitandopressões musculares nas coxas.

Gráfico 7Escrever com costas sobre encosto e os pés no chão

Quanto a à posição dos alunos sobre adequação da altura da mesa da questão 5 do inquérito segundo
os dados do gráfico 8, 13 (21.67%), 15 (25%) e 7 (11.67%) alunos da 3ª 5ª e 7ª classe
52

respectivamente consideram que NÃO, enquanto para os que concordam com a adequação, os dados
indicam para 3ª e 5ª classe ambos com 5 (8.33%) e 7ª 13 (21.67%) aluna terem respondido (SIM)
que as carteiras são adequadas. Os alunos não conseguem apoiar os cotovelos sem elevar os ombros
para escrever. Mesmo que para os restantes alunos com maior destaque da 7ª classe, o facto do
tamanho da mesa não ser elevado, os alunos se inclinam para a frente para apoiar os braços na mesa
(posição para escrita). Esse dado oferece indícios de que a proporção mesa/cadeira não está
adequada. Com tudo, os resultados me parecem não conclusivas já que em diferentes classes com
antropometria tambémdiferente os alunos tem aproximação das proporções das respostas. (Oliveira
et.al., (2011) aponta que deve-se seguir as seguintes recomendações para adequação da mesa:

 A borda anterior deve ser arredondada;


 Deve haver espaço suficiente para as pernas do usuário;
 Deve haver apoio para os pés;
 Deve ser feita de material não reflexivo.
 A altura deve garantir que o aluno apoie os braços na mesa.

Gr
áfico 8Adequação da altura da mesa

Os dados constantes no gráfico 9, da pergunta 6 indica a posição dos alunos sobre tamanho ideal da
mesa, mostram que os alunos 9 (15%) 3ª classe, 4 (27%) 5 ª classe e 7 (12%) da 7ª classe consideram
a mesa não é suficiente pois é frequente materiais cair no chão durante as aulas, devido à falta de
espaço, outra parte, 11 (18%) da 3ª classe, 16 (27%) 5ª classe e 13 (22%) da 7ª classe), consideram o
tamanho do tampo das mesas ideal. Neste sentido, torna-se pertinente a mesa ter uma estrutura
ajustável, favorecendo qualquer tarefa que o aluno tenha de realizar. Os valores de largura da mesa
(em anexo 7) são os mínimos, porque ainda que o aluno deva ter espaço na mesa para poder trabalhar
e colocar o seu material escolar, o espaço da superfície de trabalho é muito importante, já que este é
o posto de trabalho do aluno. Assim, deve permitir que ele realize as tarefas próprias das aulas (ler,
escrever, dispor livros e cadernos, etc.) sobre a mesa. ”(INSTITUTO BIOMECÂNICO DE
VALÊNCIA, 1992)
53

Gráfico 9: O tamanho do tampo das mesas é o ideal

Sobre as dores lombares, o gráfico 10 mostra uma ligeira concordância em ´´SIM´´ pois 18 (30%)
alunos da 3ª classe e 20 (16.67%) das restantes classes, concordam sentirem dores nas costas e dizer
que ao final do dia sentem um desconforto considerável ao nível das dores lombares. E 2 (3.33%) da
3ª classe e 10 (16.67%) da 5ª e 10 (16.67%) 7ª classe respectivamente responderam não sentirem
dores lombares. O grosso número de alunos porque não conseguem atingir o tampo da mesa,
inclinam se para escreve pode estar de traz as dores lombares que estes dizem sentirem.
(CAVALCANTE et al, (2008), salienta que ´´se adoptar uma postura não correta no dia-a-dia, quer
seja em casa, no trabalho, no lazer ou durante a prática de actividades como dirigir é bem provável
que o mau hábito seja responsável pelo surgimento de desvios anormais na coluna: acentuando as
curvas (normais) já existentes, gerando a hiperlordose ou Dores Lombares, por exemplo, ou tornando
as curvaturas pouco evidenciadas

Gráfico 10:Dores nas costas

Na cidade de Jaguariúna, interior do Estado de São Paulo, (SANTOS et al. (2009) avaliaram a
postura de 247 escolares do ensino público fundamental. Dentre os resultados, encontraram protrusão
(11,7%) e inclinação cervical (15,4%), cifose torácica (9,7%) e hiperlordose lombar (26,3%), entre
outros relacionados a demais regiões corporais.
A qui na carteira pelo facto da mesma levar o aluno obrigatoriamente a esse comportamento, fica
54

bem evidente que, se existirem casos de dores lombares está relacionado directamente ao tipo de
carteira que este aluno usa na escola. Em estudo realizado em Rio Grande do Sul, cidade de Novo
Hamburgo, (DETSCH & CANDOTTI 2001) analisaram 154 alunos, de 6 a 17 anos, e verificaram
70,78% de casos de alteração postural na coluna vertebral.(REGO & SCARTON, 2008), ao
analisarem alunos de 5ª e 6ª série do ensino fundamental, com idade média de 13±2 anos, notaram
prevalência (51%) de escoliose e o desnivelamento de espinha ilíaca anterior superior, entre outros
resultados.
Outro autormuito antes disse que nossos alunos passam 04 horas connosco na escola, não podemos
achar que todo problema postural é proveniente deste ambiente. A grande maioria de nós, passa boa
parte do tempo sentado, seja trabalhando, estudando, dirigindo, assistindo TV, enfim quase 70% do
tempo que estamos acordados ficamos. (KNOPLICH, (1984). Desta forma, abre-se um espaço para
que se realize estudos por forma a aferir as reais causas de dores lombais que os alunos apresentam
por forma a ter factos conclusivos.
55

4.4 Discussão dos resultados

4.4.1 Diagnóstico
Como resultado das verbalizações com os Técnicos do Ministério de Educação e Desenvolvimento
Humano, alunos e professores, de maneira geral, os principais constrangimentos ergonómicos
apontados durante as entrevistas, foram 3 pontos chaves a serem trabalhados nesta pesquisa, a saber:
Legislação atinente a regulamentação e critérios de fabricação de carteiras escolares: O MEDH,
nãopossui nenhum instrumento além de especificações que são feitas no acto de licitação e
adjudicação de carteiras ao abrigo do Decreto nº 5/20167 o que concorre para a não observância dos
aspectos ergonómicos em função a antropometria dos alunos da 1ª classe.
Postura dos alunos: observou-se um grande número de alunos que tomam uma postura errada na
carteira, devido a disparidade entre as dimensões antropométricas dos alunos e de medidas das
carteiras existentes na escola, com tudo não se verificou bastante nas 5ª e 7ª classes por tratar de
alunos com estatura maior.
Carteira o tamanho do tampo da mesa está acima dos cotovelos o que obriga o aluno a obstruir o
ombro para atingir a mesa. Os alunos da 1ª classe não conseguem sentar e ter os pés a apoiar no chão
o que motiva a pressão sobre a coxa perigando assim a sua saúde e segurança na carteira.

a) Inquérito aos alunos


No inquérito aos alunos, o uso da tabulação proposto por COUTO (1995), para uma avaliação
positiva, em um nível superior a 50%, o estudo realizado a 222 alunos a avaliação positiva foi bem
superior, atingindo 94,3%. Ao contrário deste nosso estudo os números indica que, foi negativo isto
é, 99% dos alunos da 1ª classe, 60.01% para a 3ª e 5ª classes e 32,73% 7ª classe, afirmarem que a
carteira não era adequada. São opiniões que apontam que as carteiras não concorrem para o bom
cumprimento na realização das actividades na sala de aula quando estiver sentado. Esses elementos
mostraram uma regularidade constante de índices negativos quase em todas as questões colocadas
aos inqueridos aos alunos, que, segundo a literatura,´´ não só barram o bom desempenho no trabalho
como também favorecem o surgimento de constrangimentos psicofísicos no usuário
´´(PASCHOARELLI &MENEZES.2009 p. 164).
Uma das entrevistadas disse quando chego em casa sente. Pelo facto das crianças estarem sujeitas a
uma má postura leva-as a sentirem dores de alguma forma no final das 4 horas que permanecem na
escola sentados, visto que as carteiras são enormes eles fazem muita ginástica para atingir o tampo
da mesa e para o efeito tem dobrado a coluna para escrever. Não queremos com isso dizer que as
7
Decreto 5/2016 de 8 de Março de Novo Regulamento de Contratações Publicas
56

carteiras são o motivo dos problemas relacionados com a má postura, mas fica evidente que se
adoptar posturas erradas teremos problemas lombais. A qui na carteira pelo facto da mesma levar o
aluno obrigatoriamente a esse comportamento, fica bem evidente que, se existirem casos de dores
lombares está relacionado directamente ao tipo de carteira que este aluno usa na escola. Em estudo
realizado em Rio Grande do Sul, cidade de Novo Hamburgo, (DETSCH & CANDOTTI 2001),
analisaram 154 alunos, de 6 a 17 anos, e verificaram 70,78% de casos de alteração postural na coluna
vertebral. (REGO & SCARTONI 2008), ao analisarem alunos de 5ª e 6ª série do ensino fundamental,
com idade média de 13±2 anos, notaram prevalência (51%) de escoliose e o desnivelamento de
espinha ilíaca anterior superior, entre outros resultados.
. Outro autor diz que nossos alunos passam 04 horas connosco na escola, não podemos achar que
todo problema postural é proveniente deste ambiente. A grande maioria de nós, passa boa parte do
tempo sentado, seja trabalhando, estudando, dirigindo, assistindo TV, enfim quase 70% do tempo que
estamos acordados ficamos KNOPLICH (1984). Desta forma, abre-se um espaço para que se realize
estudos por forma a aferir as reais causas de dores lombais que os alunos apresentam por forma a ter
factos conclusivos. (FERREIRA, 2009, p.121). Assim, o mobiliário com o qual a criança tem contacto
directo, não pode manter as mesmas proporções nos diversos tamanhos. As idades dos alunos presentes numa
sala de aula do 1º Ciclo poderão ir aproximadamente dos 5 aos 12 anos, logo, este mobiliário deve ser
adaptado para cada idade e estatura das crianças. Por outro lado, uma constante é de que é sentado que o aluno
passa a maior parte do seu tempo nas aulas. (SURRADOR, 2010,p. 39)

b) Inquérito sobre critérios de concepção e distribuição de carteiras escolares no


Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano
Em relação a carteiras alocadas nas escolas, não respeitarem as características antropométricas dos
alunos a prioridade do Estado está relacionada com retirada de todas as crianças do chão com
alocação de carteiras, descartando os aspectos ergonómicos em função da antropometria dos alunos
do 1º ciclo. O papel da Ergonomia aplicada ao mobiliário escolar é ainda muito escasso e não tem
tido a melhor utilidade devido aos apertos financeiros que são feitos neste campo de acção. O Sector
de educação ainda não possui um guião prático para a produção e distribuição de mobiliário escolar.
Para o efeito, no acto de licitação, são elaboradas somente as especificações técnicas (ver Capítulo II,
ponto 2.9 desta monografia) sempre que se adjudica a produção de carteiras e que os critérios usados
param o processo de produção, são os previstos no Decreto n.º 5/2016,de 8 Março, Novo
Regulamento Contratação Pública em Moçambique que não tem nada a ver com a ergonomia. Para
que a ergonomia contribua na produção de carteiras que vão de acordo com a antropometria dos
utentes, para além de um instrumento previamente elaborado como balizar da produção e
distribuição deste mobiliáriopor favorecer melhores condições de postura e de uso de utensílios,
57

como carteiras, (SAARNI et al., 2007), afirmam que com base na incompatibilidade entre as medidas
antropométricas e carteiras encontrado na escolas, são recomendadas a utilização de mesas e cadeiras
equipadas com mecanismos ajustáveis de altura e largura. É também essencial que este tenha como
características, a estabilidade, a coerência formal e material, a facilidade na mobilidade e transporte,
componentes desmontáveis e reguláveis, com qualidade e de fácil manutenção, conservação.

c) Inquérito aos professores


Neste inquérito destacámos maior atenção à carteira escolar onde os mesmos divibid se quanto
adequação das mesmas aos alunos, sendo que 25% dos professores do 1º e 2º ciclos considerarem
medíocre, isto por que os alunos destas classes as suas dimensões não se ajustam nessas carteiras.
Quanto a adequação da parte da mesa da carteira do aluno 25% dos professores do 2º ciclo
consideram bom e 12,50% dos professores da escola acham que estão muito bons. Em relação a parte
do assento da carteira, 37.6 % dos professores consideram medíocre, uma professora da 1ª classe
considera a parte de assento grande demais visto que a criança não consegue ter a parte de nádega a
póplite adequada. Em relação ao conforto somente 37.6 % consideram a carteira do aluno motivos
para desconforto. A cadeira segundo KNOPLICH (1984) é apropriada quando apresentar encaixe
para as nádegas. O encosto da cadeira deve apoiar a curvatura da lordose da coluna, caso contrário
não permite o suprimento sanguíneo, podendo causar amortecimento das pernas. No entanto, há
quem considere que apenas a mesa ou apenas a cadeira são desconfortáveis. Face a inferência na
concentração e aproveitamento escolar dos alunos, 37.5% consideram de Bom, 18.8% e 25.1%
considerarem medíocre e suficiente respectivamente. De forma geral na opinião dos professores, as
carteiras para algumas classes avaliam de Bom com 50%, com tudo não têm relações entre as
dimensões destas e as do aluno o que influenciam o seu desconforto e podem originar faltas de
atenção e concentração. Algo acessível e eficiente que pode ser realizado a partir da correcta análise
das constatações encontradas nesta pesquisa para determinar quantidade e qualidade de carteiras para
necessidade específicas dos ciclos de ensino primário no Pais seria de grande importância.

a) Observações da postura e medições


Das observações realizadas para o presente estudo foi possível averiguar, logo a primeira que a
carteira que se usa na sala de aula o seu design compromete de alguma forma a integridade física
para maior parte dos alunos. A altura da carteira tanto na parte da mesa assim como na cadeira não
respeita a antropometria dos alunos. Na presente análise, uma percentagem significativa do tempo
em que o aluno se encontra sentado é passado utilizando o encosto lombar a observar o docente e o
quadro e restante tempo com o corpo inclinado para a frente a ler ou escrever sem no entanto apoiar
lomba no encosto da carteira. O nível lombal é abaixo as omoplatas, obrigando que o indivíduo não
58

tenha os cotovelos situados no nível do tampo da mesa.


Uma concordância das observações realizadas, com as categorias dos autores, como (BAPTISTA &
FRAGOSo1992, p.25-26) que aborda sobre a necessidade de se verificarem certos critérios no
mobiliário para o cumprimento das actividades escolares, nomeadamente o plano de trabalho e a
cadeira, na observação da postura dos alunos, verificaram-se diversas anomalias na parte da bancada
da certeira. Não se mostrou eficaz, devido a antropometria dos alunos, pois que, não tinha os pés
apoiadas no chão, entre o bordo anterior do assento pressão e a face inferior das coxas existia uma.
No artigo Trigonometria na prevenção de Lombalgias, COUTO (s.d.) diz que ao sentar junto à mesa
devemos: apoiar os dois braços, pois a inclinação unilateral do membro tende a inclinar o corpo para
um dos lados; facilitar os movimentos do corpo para evitar a fadiga e dor; evitar girar ou manter o
corpo inclinado.
O intervalo antropométrico da criança responsável pela altura da carteira seria do chão até o cotovelo
flectido ao 90º com a criança sentada e o joelho também flexionado a 90º, pode-se observar que seu
braço estava em posição de abdução, isso incluiu alunos com estatura mais desenvolvida que uma
criança de 6 anos, e esta postura pode acarretar uma série de problemas futuros a este aluno, nisto, a
mesa não se mostrou bastante eficaz, o encosto que sustenta firmemente as costas.
Um artigo apresentado por (DINIZ, et. al., s.d.) 8 Aponta que na adopção de posturas ocupacionais
que podem levar ao desconforto/dor e lesões ao sistema músculo-esquelético é consequência das
características dimensionais das carteiras escolares (postos de trabalho do aluno) que não respeitam
os padrões antropométricos. Os assentos utilizados apresentam problemas em relação ao
dimensionamento correlacionado a bancada de trabalho, o que pode resultar em posturas
inadequadas que consequentemente geram desconforto/dor. Por falta de apoios de pés, uma vez que
possuem dimensões inadequadas, pois não permitem a variação postural, tão importante para
diminuir a sobrecarga muscular sobre a região das pernas. Segundo o Instituto de Biomecânica, ao
permanecerem sentados em cadeiras por muitas horas, as crianças adoptam más posturas que
prejudicam a sua saúde, começando pelas dores nas costas. Os médicos preocupam-se com as más
posturas e até mesmo com os vícios de posturas. Tal decorre do facto de a mesa e a cadeira não
serem apropriadas às características antropométricas e biomecânicas dos alunos, ocasionando vícios
posturais e dificuldades de aprendizagem. De facto, mobiliário escolar mal concebido tem
consequências graves não só a nível físico, como cognitivo e intelectual, e continua a ser um
problema presente.´´ Esquecer estes factores pode trazer consequências graves para o
desenvolvimento físico das crianças e para o seu desempenho escolar´´.CASTRO(2002).
8
DINIZ, Raimundo Lopes, SILVA, Samuel Renato de Oliveira e VIEIRA, Ricardson Borges: Levantamento de
constrangimentos ergonómicos em um centro de controlo operacional de uma indústria mineradora: o caso do sector
“Pátio”. Revista Acção ergonómica volume 10, número 2 (s.d.)
59

CAPITULO V-CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 Conclusões
O presente trabalho proporcionou uma visão de como os alunos da Escola Primária Completa
Unidade 5 interagem com as carteiras escolares. E verificou-se logo a primeira que a carteira que se
usa na sala de aula o seu design compromete de alguma forma a plenitude corporal para maior parte
dos alunos. A altura da carteira tanto na parte da mesa assim como na cadeira não respeita a
antropometria dos alunos. Para se chegar a esta conclusão, foram definidos especificamente três
objectivos, sendo que o primeiro era de identificar as principais causas que levam os alunos a
tomarem postura errada na interface alunos – carteira, com a finalidade de propor uma altura das
cadeiras e mesas escolares em medidas, de acordo com a classe em que estas crianças estudam, e
dirigiu-se através de uma observação aos alunos sentadas em carteiras na sala ao mesmo tempo que
se fazia o registo fotográfico e medição de carteiras e antropometria dos alunos. Os resultados
demonstram que a inadequação das cadeiras escolares associada à manutenção de uma postura
inadequada, mantida por um longo período de tempo, são factores determinantes para o
aparecimento das queixas músculo-esqueléticas apresentadas pelos alunos, sendo estas localizadas
principalmente na coluna lombar e cervical, pois que, a altura do nível da lombal estava abaixo das
omoplatas, forçando o aluno a não ter os cotovelos no nível do tampo da mesa. Os assentos
apresentam problemas em relação ao dimensionamento correlacionado a mesa, o que pode resultar
em posturas inadequadas que consequentemente geram desconforto ou mesmo dor, por falta de
apoios de pés, uma vez que possuem dimensões inadequadas, pois não permitem a variação da
postura, tão relevante para diminuir a sobrecarga muscular nas pernas.

Do inquérito aos professores na opinião desses foi possível notar que as carteiras são consideradas
inadequadas com maior destaque aos professores que leccionam a 1ª classe, o facto de terem
respondido medíocre. Ainda sobre o conforto ficou evidente que as carteiras existentes nas escolas
não oferecem o conforto desejado aos utentes, forçando-os a se inclinar sobre a mesa para escrever.
Esse movimento de inclinar e levantar pode causar (posturas erradas) dores musculares nos ombros,
pescoço e coluna. As carteiras para algumas classes avaliam de Bom com 50%, com tudo não têm
relações entre as dimensões destas e as do aluno, o que influenciam o seu desconforto e podem
originar faltas de atenção e concentração. Dos alunos foi fácil perceber que achavam necessário a
existência de um maior conforto nas carteias, quando encostam a carteira não conseguem escrever na
mesa e ter os pés no chão. Com tudo, as crianças souberam dizer que ao final do dia sentem um
incómodo ao nível das dores lombares, tal facto pode se dever as careiras que são grandes e tem que
60

inclinar e exerce muito esforço na coluna para atingir a mesa. O segundo objectivo era de enumerar a
possíveis alternativas viáveis para existência de carteiras que atendam as várias necessidades dos
alunos nas escolas pública do país, foi possível identificar que a falta de profissionais responsáveis
pela escolha destes mobiliários durante o processo de licitação de compra tem contribuído para a
manutenção de falta de visão preventiva.
E apesar de ser um processo oneroso para o Estado, através da literatura foram propostas os critérios
que devem serem tomados como exemplo para a produção das carteiras escolares reguláveis ou em
padrões diversificados para os três níveis de ensino primário. O levantamento antropométrico dos
alunos na EPC de Unidade 5-Maputo ofereceu uma pista de dimensões de carteiras que no futuro
possam responder as necessidades ideias dos alunos nas escolas públicas do Pais. Em relação ao
terceiro objectivo: Influenciar na adaptação e adequação das escolas a modelos ergonómicos mais
indicados de acordo com as particularidades de cada ciclo escolar, visando assim uma melhora
substancial na qualidade de vida destes estudantes, demostrou a preocupação do Ministério quanto a
um instrumento que regula a produção de mobiliário escolar que atenda as características dos e que a
questão da ergonomia estava sendo pensado como um todo. O foco do Ministério está em tirar as
crianças no chão, apetrechando as escolas em falta. Em relação as hipóteses foram aceites,
exceptuado a terceira hipótese, pois, na escola em alusão não existe o curso nocturno. Portanto, de
acordo com os resultados, salientar a importância do melhoramento ergonómico da cadeira escolar e
a necessidade de criação de um critério de adequação ergonómica que atenda aos requisitos de saúde
e segurança neste ambiente, visando melhorar a qualidade de vida, prevenir o aparecimento de lesões
e alterações músculo-esqueléticas nos alunos, criando condições para que tenham uma postura
adequada ao interagir com as carteiras.

5.2 Limitações
As limitações deste estudo estão na simples análise ergonómica das condições de trabalho, dos
alunos na sala de aula, a falta de legislação atinente a produção e distribuição deste mobiliário,
segundo a abordagem ergonómica. O estudo de caso realístico, de demanda colectiva dos alunos e
professores, na EPC Unidade 5, Cidade de Maputo, identificou ainda limitação de carácter ético, e
destaca: Anão devolução de duas respostas por parte dos professores e a recusa de uma professora na
resposta do inquérito. De carácter administrativo: o atraso na resposta por parte do ministério do
questionário submetido a essa instituição e de carácter técnico: A falta de carteiras ergonómicas
usadas como modelo de carteiras ideais para as classes iniciais e não existência de dados
antropométricos e biomecânicos que permitiram um uso imediato na formulação de critérios de
qualificação de mobiliário escolar.
61

5.3 Proposta de transformação

5.3.1 As Às instituições
 Seria do bom-tom a realização de uma avaliação de carteiras existentes nas escolas por forma a
melhorar as necessidades dos alunos.
 No entanto, deve se ficar atento para que o design do mobiliário escolar não seja improvisado.
Por isso deve-se conceber um guião prático para a produção e distribuição de carteiras escolares
que atendam os princípios ergonómicos relativos ao mobiliário escolar.
 Que faça levantamentos antropométricos para a declaração de uma normalização, e a
padronização recomendada respeitar as diferenças antropométricas, tendo em conta que a
regionalidade também é um factor a ser observado no momento da compra do mobiliário escolar.
 Desde o anteprojecto, ele deve ser correlacionado com a saúde dos usuários, principalmente
quando se trata de crianças em estado de formação.
 Que se capaciteprofissionais responsáveis pela escolha destes mobiliários durante o processo de
licitação de compra para reduzir a manutenção de falta de visão preventiva sobre os aspectos
ergonómicos.
5.3.2 Aos fazedores/estudantes/players
 Aos fazedores recomenda-se para investigar de que modo os tipos de cadeiras e de planos de
trabalho actualmente utilizados nas salas de aula reflectem as necessidades e as dimensões
antropométricas dos alunos e as exigências das tarefas em função das zonas do Pais.
 Entender e analisar as mais diversas questões do meio educacional para estabelecer as relações
do mobiliário com os critérios pedagógicos, ergonómicos e tecnológicosuma vez que o design
dos móveis escolares temparticularidades técnicas e critérios específicos.
 Os hábitos e influências sociais, culturais e psicológicas dos usuários devem ser levados em
conta na fabricacao de mobiliario escolar, já que o uso do próprio corpo e dos objectos sofre o
reflexo dessas condições.
5.3.1 Estudos futuros
Porque a presente pesquisa é análise do mobiliário segundo os conceitos de ergonomia do trabalho,
não podemos aprofundar a discussão sobre o design destas carteiras, sendo então esta a
recomendação para o desenvolvimento de futuras pesquisas.

5. Referências bibliográficas
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66

Anexo
67

Anexo 1 Tabelas Antropométricas: meninos e meninas – idades entre os 6 e os 12 anos |


68
69
70
71
72

Fonte: TILLEY 2002 Unidades: polegadas („‟)

Ficha nº 00_______
Anexo 2: Inquérito dos alunos

Questionário para alunos

Para contribuir na melhoria dos aspectos ergonómicos em carteiras escolares submetemos, ao/a
caro/a aluno/a, o presente questionário,pois a sua opinião sobre a saúde escolar É MUITO
IMPORTANTE. Solicita-se que você preencha ou marcando com ´´X´´ um resposta ´´sim´´ ou ´´não´
´conforme o caso as questões abaixo, a resposta que melhor representa a sua opinião. Não coloque o
seu nome no questionário. As informações são sigilosas e servirão apenas para o trabalho que está
sendo desenvolvido pelo estudante da ESTEC. Muito obrigado.

Géner Masculin Feminino Idade Classe


o o
Marca com ´´X´´ uma resposta ´´sim´´ ou ´´não ´´ conforme o caso as seguintes Si Não
73

questões: m
A tua cadeira da sala de aula é confortável?
Consegues estar sentado com as costas encostadas e os pés a tocar no chão?
Gostavas que a sua mesa e cadeira da sua de aulas fossem diferentes?
Quando estás sentado(a) nas aulas consegues estar com os pés apoiados no chão?
Quando estás escrever consegue fazer sem dificuldades de atingir a mesa?
O tamanho da mesa é suficiente para todo o material que precisa nas aulas?
Sentes dores nas costas quando estás muito tempo sentado na escola?
74

Anexo 3Medidas do mobiliário (Conjunto mesa cadeira em mm)


Mobiliário actual
Cadeira
(mm)
A-01 Altura da cadeira
A-02 Profundidade do Assento
A-03 Largura do Assento
A-04 Largura do encosto lombar
A-05 Altura do encosto lombar
Altura do assento em relação ao
A-06
chão
A-07 Inclinação do encosto
Mesa (mm) Mesa (mm)
C-01 Altura da mesa

C-02 Inclinação da mesa

C-03 Largura da mesa


C04 Comprimento da Mesa
75

Cont. Anexo 3
Medidas antropométricas
Medidas Dimensões
Descrição Figura
antropométricas (cm)

Distância vertical do vértice (vértex)


Estatura
ao solo

Altura da cabeça, sujeito Distância vertical do sentado cabeça


sentado ao solo
Distância vertical da ponta do
Altura do cotovelo, cotovelo, com o antebraço
sujeito sentado flexionado em 90º com o braço, ao
solo
Altura das coxas, sujeito Distância vertical do plano mais
sentado superior das coxas ao solo

Distância vertical da curva interna


Altura póplite, sujeito
do joelho cavidade póplite) ao solo
sentado

Distância póstera anterior do plano


Profundidade nádega-
de referência à curva interna do
póplite, sujeito sentado
joelho cavidade póplite)

Distância póstero-anterior do plano


Profundidade nádega-
de referência ao ponto mais anterior
joelho, sujeito sentado
da rótula

Altura do tórax, sujeito Distância vertical do tórax, ao nível


sentado dos mamilos, ao solo

Altura do ombro, sujeito Distância vertical do ombro, no


sentado acrómio, ao solo

Modelo de carteira CMM CEMr CEMq


Controle
Data- Inicio das medidas Fim das medidas
____/08/2018 _____Horas:_____Min _____Horas:______Min
Responsável____________________ Supervisão_____________________________
Estudante: Jossias Narciso Pedro Moiane. Curso: Design e Tecnologias de Artes Visuais,
Universidade Pedagógica -ESTEC 2018
CMM- Carteira de Madeira Maciça
CEMr-Carteira de Estrutura Metálica redonda
76

CEMq-Carteira de Estrutura Metálica quadrada

Ficha nº 00_______

Anexo 4Inquérito para professores


*Resposta obrigatória
A ergonomia é um aliado importante no método do Design que concretiza-se quando, de forma
análoga, interfere a Antropometria, por forma a estudar as relações existentes nas características
físicas e dimensionais dos indivíduos pelo qual o projecto se destina. Infelizmente observa-se que as
crianças, ao entrarem sadias na escola, saem anos depois com a postura comprometida de
alguma forma. A causa desses problemas, segundo Mandal (apud Moro, 2005), são as
carteiras , com a superfície da mesa na horizontal, onde, na tentativa de se acomodar, as crianças
inclinam-se sobre a superfície da mesa, comprimindo as suas vértebras lombares. O aluno não
apoia os pés no chão, exercendo pressão sobre a coixa. A pressão mantida por diversas horas
sobre os ossos em formação das crianças, irá ocasionar transformações posturais permanentes,
que provavelmente comprometerá gravemente a saúde das crianças no futuro. Se num projecto de
carteiras escolar, os princípios ergonómicos e antropométricos dos alunos não são observados,
teremos situações de inadequação deste mobiliário escolar aos alunos.
Para contribuir na melhoria destes aspectos submetemos, ao/a estimado/a professor/a, o presente
questionário, pois a sua opinião sobre o seu trabalho É MUITO IMPORTANTE. Solicito, então, que
você preencha marcando com um X, na escala, a resposta que melhor representa sua opinião com
relação aos diversos itens apresentados. Não coloque o seu nome no questionário. As informações
são sigilosas e servirão para o trabalho que está sendo desenvolvido pelo estudante da ESTEC. Muito
obrigado.
PROFESSOR/A
1. Idade* 20___;21-25___;26-30___;31-25___;36-40___;41-45___;46-50___;51-60___; 61
2. Sexo*________F_______M
3. Em que ciclo trabalha?* 1º Ciclo____;2º ciclo_____;3º Ciclo_____
4. Há quanto tempo já exerce esta profissão? _____ Anos
5. Nível académico:___Basico;____Médio;____Licenciatura____;Mestre____Doutor
ALUNOS
6. Qual é a faixa etária dos seus alunos? ___ a ___.
7. Em média quantos alunos têm a sua sala?* ____Aluno
8. Para si, o aluno presta mais atenção
Quando está sentado isolado.
Quando está sentado em grupo.
9. Quais são os principais motivos para o aluno perder atenção?
77

Fadiga
Conversa entre alunos
Desmotivação da aula
Ambiente
Acústica de sala
Marque com um (x) para cada item. A seguir a chave da escala na escala abaixo como você avalia as
carteiras escolares existentes na sala de aula?

x x x x x
11 2 12 3 231 4 1 342 52 1 435 3 2 54 43 5 54

Medíocre Suficiente Bom Muito bom Excelente

10. Considera adequada as carteiras (assento e mesa) aos alunos*

1 2 3 4 5

11. Considera adequada as dimensões da parte da mesa da carteira do aluno?*

1 2 3 4 5

12. Considera adequada as dimensões da parte de assento da carteira do aluno?*

1 2 3 4 5

13. Carteira (assento e mesa) é um motivo para algum desconforto do aluno? *

1 2 3 4 5

14. Influência de carteiras na concentração e aproveitamento escolar do aluno*

1 2 3 4 5

15. Qual é a Classificação geral do mobiliário da Sala de aula (carteira)?

1 2 3 4 5
78

Anexo 5: Questionário submetido ao MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO HUMANO


79
80
81

Anexo 6Questionário submetido ao MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO HUMANO


Resposta sobre as especificações técnicas

Anexo 7 Dimensões recomendadas para mesa escolar


Apêndice 1Plano de actividades para a recolha de dados para o Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em Design e
Tecnologia de Artes Visuais na Escola Superior Técnica-ESTEC.
Local: Escola Primária Completa Unidade 5, Cidade de Maputo
Período: De 7 de Agosto a 02 de Setembro de 2018
Tema: Análise ergonómica de Carteiras escolares às características antropométricas dos alunos do 1º Ciclo na EPC Unidade 5- Cidade de Maputo: Sua
influência na postura danosa e impacto na aprendizagem.
Objectivo: Recolha de dados para o Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em Design e Tecnologia de Artes Visuais na Escola Superior Técnica-ESTEC.
Plano de actividades
Domingo Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sábado
05-08-2018 06-08-2018 Pedido de Autorização 07-08-2018 08-08-2018 Apresentação da 9-08-2018 10-08-2018 11-08-2018
Descanço para a realização da actividade na Confirmação do credencial e Marcação de Aulas Encontro com a Direcção da Planificação semanal
semanal Direcção da ESTEC pedido junto da encontro com a Direcção da EPC Unidade 5.
Direcção da ESTEC Escola e Solicitação da Apresentação do plano e
Estatística 3/3/2018. Recepção da Estatística
3/3/2018
12-08-2018 13-08-2018 14-08-2018 15-08-2018 Apresentação do 16-08-2018 17-08-2018 18-08-2018 Planificação
Descanço Elaboração do inquérito aos Aulas inquérito ao Supervisor Aulas Reprodução do inquérito dos semanal
semanal Professores e alunos Professores e alunos
19-08-2018 20-08-2018 21-08-2018 22-08-2018 23-08-2018 24-08-2018 25-08-2018
Descanço Entrega e realização do Inquérito Aulas Aulas Aulas Análise e manipulação dos Planificação semanal
semanal aos professores dados do inquérito dos
professores
26-08-2018 27-08-2018 28-08-2018 29-08-2018 30-08-2018 31-08-2018 01-09-2018
Descanço Proceder com a medição de Aulas Aulas Aulas Entrega e realização do Fazer a manipulação e
semanal carteiras escolares (Amostras dos Inquérito aos alunos da 1ª, 3ª tratamento dos dados
tipo de Carteiras existentes na e 5ª Classes obtidos
escola.
02-09-2018 03-09-2018 04-09-2018 05-09-2018 06-09-2018 07-09-2018 08-09-2018
Fazer a recolha de dados Fazer a manipulação Aulas Apresentação dos Feriado nacional Fim das actividades na
antropométricos das crianças da 1ª e tratamento dos resultados junto da Escola
Classe dados obtidos Direcção da EPC
Realizar a observação da Postura Unidade 5,
dos alunos sentados despedida.
Maputo, 06 de Agosto de 2018 Discente: Jossias Narciso Pedro Moiane Docente: Prof. Dr. Daniel Dinis da Costa
Apêndice 2: Princípios ergonómicos relativos ao mobiliário escolar
As fontes que sustentam os princípios que passaremos neste ponto de recomendações baseiam-se,
fundamentalmente, em documentos normativos internacionais e da comunidade europeia, bem como,
em literatura científica específica (AFNOR FD ENV, 2001; AFNOR PR NF EN, 2004a; AFNOR PR
NF EN 2004b; Baptista & Frangoso, 1992; Bjelle, Hagberg & Michaelson, 1981; BS 3044, 1990; BS
5873, 1980; ISO 5970, 1979).
O mobiliário necessário ao cumprimento das actividades escolares, nomeadamente o plano de
trabalho e a cadeira, devem estar dispostos para que se verifiquem os seguintes requisitos (Baptista &
Fragoso):
1- Os pés deverão estar totalmente apoiados no chão (ou sobre um suporte para pés);
2- Deverá existir um espaço entre a face posterior da perna e o bordo anterior do assento;
3- Não deverá existir nenhuma pressão entre o bordo anterior do assento e a face inferior das coxas;
4- Deverá existir um espaço entre a face superior da coxa e a face inferior do plano de trabalho de
forma a assegurar liberdade e de movimentos ao nível dos membros inferiores;
5- Os cotovelos deverão situar-se aproximadamente à altura do plano de trabalho;
6- O encosto deve conferir um suporte lombar adequado e localizar-se abaixo das omoplatas;
7- Deverá existir um espaço adequado entre o encosto e o assento de forma a assegurar um espaço
para as nádegas.
A relação entre o solo, a superfície do assento, o plano de trabalho e o nível dos olhos é crítico, assim
como a profundidade do assento e a sua relação com o encosto. A definição dos limites dimensionais
tem por base as características antropométricas específicas dos alunos e pela natureza da actividade
desenvolvida pelos mesmos. A ausência de uma correcta relação entre estes elementos não pode ser
indefinidamente mantida sem o comprometimento da saúde e desempenho dos alunos.
3.1- Cadeira
Os elementos a considerar na concepção da cadeira são: a altura, a largura e a profundidade efectiva
e real do assento; a altura total, altura inferior, altura superior, largura e profundidade do encosto; o
apoio para os braços (fig. 2). Estas medidas são definidas segundo dois planos (fig. 3):
• Mediano: plano vertical passando pelo centro geométrico do assento, dividindo a cadeira em duas
partes iguais, que designaremos por anterior e posterior;
• Transversal: plano vertical, perpendicular ao plano mediano, passando pelo centro geométrico do
assento.
Dimensões chave de uma cadeira e plano de trabalho associado. (1) 0º O 20º; (2) Ponto S. (AFNOR,
2001)

Figura 3- Ilustração do plano mediano (2) e do plano transversal (1) (AFNOR, 2004a).
3.1.1.- Altura do assento (h8) É a distância vertical do ponto mais alto do bordo anterior do assento
ao solo, medido na linha média da largura (b3) Se existir estofo, este deve estar comprimido.
Figura 4- Dimensões da cadeira (plano horizontal) (AFNOR, 2004a).
Para os assentos de dupla inclinação, a altura é definida pela distância vertical entre o ponto mais alto
do assento e o solo.
Se a superfície do assento é muito elevada, a parte posterior da coxa é comprimida, causando o
desconforto e restringindo a circulação sanguínea. Para compensar esta situação, o aluno
normalmente desliza sobre o assento, no sentido anterior. Esta situação pode resultar numa queda
súbita e/ ou numa postura cifótica devido à falta de apoio lombar. Em associação, os pés deixam de
ter um apoio adequado no solo (os apoios posteriores da cadeira deixam de estar em contacto com o
solo) e a estabilidade corporal fica enfraquecida. Por outro lado, se a superfície do assento é muito
baixa, o ângulo de flexão do joelho diminui, sendo o peso corporal transferido para uma área menor
ao nível das tuberosidades esquipáticas, determinando uma perda na distribuição da pressão na parte
posterior das coxas.
Deste modo, a altura óptima do assento para as várias actividades, corresponde aproximadamente à
altura póplite. Quando não for possível, um assento mais baixo é sempre preferível a um assento
mais alto. O melhor compromisso é o percentil 5 (P5) da altura póplite.
Quando existir necessidade de um assento mais alto, devido à relação com a altura do plano de
trabalho, ou a um espaço para as pernas limitado, os efeitos negativos poderão ser atenuados,
diminuindo a profundidade do assento e arredondando o bordo anterior do mesmo, de forma a
minimizar a pressão sob as coxas. É de extrema importância que a altura do assento possa ser
apropriada, recomendando-se, ainda, que o espaço por baixo deste seja suficientemente livre para
permitir a colocação dos pés sob a cadeira, para facilitar a acção de sentar e levantar e para o livre
movimento dos membros inferiores.
3.1.2- Profundidade do assento (t4) É a distância horizontal do bordo anterior do assento à
projecção vertical do ponto S do encosto, medida sobre a linha média da largura (b3) do assento.
Um assento pouco profundo pode causar uma sensação de desequilíbrio devido à parte anterior da
cadeira e, consequentemente, à falta de suporte da parte inferior das coxas. Não obstante, é
importante que seja reservada uma área livre entre a parte posterior dos membros inferiores e o bordo
do assento para facilitar a adopção do ângulo de flexão sugerido de 80º dos joelhos, aquando do
levantamento ou dos movimentos livres dos membros inferiores.
3.1.3- Profundidade real do assento (t5) É a distância horizontal entre as projecções verticais dos
bordos anterior e posterior do assento, medida sobre a linha média da largura (b3) do assento.
Quanto maior for a profundidade do assento relativamente ao comprimento nádegas/póplite sentado,
maior dificuldade experimentará o aluno em utilizar efectivamente o encosto sem uma pressão
incrementada na face posterior dos joelhos.
Por outro lado, verifica-se um aumento da dificuldade na passagem da posição de pé para a posição
de sentado e vice-versa. O melhor compromisso é o percentil 5 do comprimento nádega/póplite
sentado.
3.1.4- Largura do assento (b3) É a distância horizontal entre as linhas verticais, passando pelos
bordos laterais da superfície do a sento, a uma distância igual à metade de t4.
Tendo em consideração o objectivo de suporte, deve ser considerada a largura máxima das coxas
(percentil 95- P95), ou seja, o diâmetro bitrocantérico. No entanto, em alguns casos, a largura dos
cotovelos, ou seja, o diâmetro biacromial, é a dimensão considerada.
3.1.5- Inclinação do assento ( α ) É definido pela inclinação da superfície do assento relativamente à
horizontal. Quando almofadada ou estofada a superfície do assento, deve encontrar-se no plano
horizontal, inclinando-se para trás num máximo de 4º quando tal não se verifique. A superfície do
assento pode ainda ser plana ou apresentar uma depressão. Quando comprimida, nenhum ponto
deverá ser 25 mm mais alto do que qualquer outro (não devendo o ponto mais baixo exceder os 10
mm de profundidade) e deverá ocorrer nos 2/3 posteriores da profundidade efectiva do assento.
Quando o assento é muito inclinado, o seu bordo anterior pressionará a parte posterior dos joelhos,
dificultando o retorno venoso. Para aliviar o desconforto, o aluno deslizará para a frente, mas
perdendo o suporte lombar. Novamente, esta situação poderá resultar numa queda súbita, numa
postura cifótica, com pressão excessiva sobre as tuberosidades esquipáticas, na parte posterior.
Regra geral um ângulo positivo ajuda o aluna a manter um bom contacto com o encosto e contraria
qualquer tendência para escorregar para fora do assento. Para a maioria das tarefas, o ângulo
compreendido entre o 0º a 5º é um compromisso aceitável.
3.1.6- Altura do encosto (w) É a distância vertical, determinada no plano mediano, até à superfície
do assento, medida com o assento comprimido se este for estofado. O ponto S deve encontrar-se no
interior e no ponto médio desta distância.
3.1.7- Altura do bordo inferior do encosto (h6) É a distância vertical do bordo inferior do encosto
até à superfície do assento, medida sobre a linha média da largura (b3).
Se o encosto se prolonga atrás do ponto S, deverá ser inclinado no sentido anterior, de forma a
reservar um espaço livre para as nádegas.
3.1.8- Altura do bordo superior do encosto (h7) É a distância vertical do bordo superior do encosto
até à superfície do assento, medida nas mesmas condições de h6.
3.1.9- Largura do encosto (b4) É a distância horizontal entre os bordos laterais do encosto. O
encosto deve providenciar um suporte adequado da região lombar e, se possível, ser estofado. Deve,
ainda, possuir uma forma e dimensões que permitam espaço para as nádegas e para os movimentos
dos membros superiores. De facto, embora seja desejável um encosto que suporte o peso do corpo,
existem requisitos como a mobilidade dos membros superiores que podem limitar a sua altura.
Assim, podemos distinguir três tipos de encosto, cada um adequado a circunstâncias específicas: 1-
encosto de nível baixo, unicamente para suportar a região lombar; 2- o encosto de nível médio que
permite um suporte total dos ombros; 3- um encosto de nível alto, para suporte total da cabeça e do
pescoço. Os bordos superiores e inferior devem de ser arredondados.
Neste caso particular, em que as actividades escolares solicitam frequentemente a utilização dos
membros superiores, o encosto de nível baixo é o mais indicado, sendo limitado superiormente, ao
nível do vértice da omoplata e inferiormente pelo bordo superior da crista ilíaca.
3.1.10- Inclinação do encosto ( β ) Determinado no plano horizontal, constitui o ângulo formado
entre o plano do assento e o plano do encosto, medido na linha média da largura (b3) do assento.
Em geral, quanto maior for a inclinação do encosto, maior é a proporção do peso do corpo suportada,
diminuindo assim, a força de compressão sobre os discos intervertebrais e sobre a pélvis. Por outro
lado, um incremento de ângulo entre o tronco e as coxas, facilita a lordose lombar. No entanto, a
componente horizontal da força compressiva, que aumenta, tende a conduzir a bacia para a frente e
para fora do assento a não ser que se verifique: a) uma adequada inclinação do assento, b) uma
elevada fricção do assento; c) um esforço muscular por parte do aluno. Um aumento deste ângulo
conduz também a um incremento da dificuldade da acção de sentar e levantar.
A interacção destes factores, assim como a consideração das exigências da tarefa, determina que o
ângulo esteja geralmente compreendido entre 95º e 110º. Um ângulo maior não é compatível com um
nível baixo ou médio do encosto sem que as partes superiores do corpo se tornem instáveis.
Normalmente, quanto mais extensos forem os períodos de tempo na posição de sentado, maior deve
ser o ângulo, ou seja, aproximar-se do 110º.
3.1.11- Apoio para braços Apesar de constituir um suporte postural adicional, a existência de um
apoio para braços só se revela realmente importante, quando a solicitação dos membros superiores é
reduzida, facto que não se verifica na maioria das actividades escolares.
Neste sentido, este elemento estrutural da cadeira não é especificado.
Se a altura do apoio para os braços é menor do que a superfície do plano de trabalho, o trabalho dos
membros superiores é realizado num plano mais baixo ou, para compensar, os ombros realizam um
movimento de elevação ou abdução, conduzindo a uma carga na zona póstero-inferior da
musculatura da coluna cervical para assegurar a estabilização da cabeça.
Na situação contrária, isto é, se a altura do apoio para os braços é mais alta do que o plano de
trabalho, ocorre uma inclinação anterior da coluna, sendo parte do peso corporal suportado pelos
membros superiores. O resultado será a adopção de uma postura cifótica da coluna e a projecção dos
ombros no sentido anterior. Quando se trata de uma actividade de escrita é recomendável que o
ângulo de flexão dos ombros seja inferior a 25º e o ângulo de abdução compreendido entre o 15º e o
20º.
3. 2- Plano de trabalho Usualmente designado por mesa ou secretária, o plano de trabalho é
constituído por um tampo (normalmente no plano horizontal) e por uma estrutura de apoio directo no
solo, para utilização individual ou colectiva. As principais características dimensionais são: o
comprimento, a profundidade, a altura, a largura o espaço para as pernas, a altura mínima do joelho,
e a profundidade do joelho (fig. 5).

Dimensões chave do plano de trabalho: (1) no plano de trabalho; (2) na cadeira (AFNOR, 2001).

3.2.1- Comprimento do plano de trabalho (b1) É a distância horizontal do lado maior do tampo.
3.2.2- Profundidade do plano de trabalho (t1) É a distância horizontal do lado menor do tampo.
3.2.3- Altura do plano de trabalho (h1) É a distância vertical do solo à face superior do tampo,
medida sobre o bordo frontal no ponto médio do seu comprimento. Em geral, a superfície do tampo
de um plano de trabalho pode ser horizontal (0º) ou inclinado. Nesta última condição, recomenda-se
uma inclinação até 20º, sendo que o bordo que está voltado para o aluno deve estar,
aproximadamente, à mesma altura que a especificada quando se encontra na horizontal, ou seja,
aproximadamente à altura do cotovelo, na posição de sentado. Tendo em consideração o espaço
reduzido entre a altura do cotovelo, na posição de sentado e a face superior da coxa, não se
recomenda a existência de gavetas ou de qualquer outro elemento sob o plano de trabalho, sob pena
de constituir um obstáculo ao movimento dos membros inferiores. 3.2.4- Largura do plano de
trabalho (b2) É a distância horizontal que compreende o espaço entre os suportes laterais do plano
de trabalho. 3.3 - Espaço para os membros inferiores (h4) É definido pelo espaço livre sob o
tampo para movimentação dos membros inferiores dos alunos. Quando a altura dos joelhos, na
posição de sentado, excede o espaço livre sob o plano de trabalho, as coxas poderão ser comprimidas
e os pés perdem a estabilidade necessária. 3.3.1- Altura mínima do joelho (h2) É a distância
vertical do solo à face posterior do tampo, sendo determinada pela altura do joelho do utilizador de
menores dimensões (P5). Em alternativa, pode ser determinada, adicionado à altura póplite (P95) a
espessura da coxa (P95). 3.3.2- Profundidade do joelho (t2) É a distância horizontal do espaço para
as pernas na face inferior do tampo, determinada pelo comprimento nádega/joelho, na posição de
sentado, quando o abdómen do estudante se encontra em contacto com o bordo da mesa. Neste caso,
t2é determinada, subtraindo a profundidade abdominal ao comprimento nádega/joelho, na posição de
sentado (P5 no primeiro e P95 no segundo). Ao nível do chão, deve ser adicionado o comprimento
dos pés. 3.4- Apoio para os pés É a distância vertical determinada pela diferença entre a altura
do assento (h8) e o solo. Esta estrutura pode ser amovível, fixa aos apoios da mesa ou da cadeira.
Qualquer que seja o suporte adoptado, sempre que possível, este deverá ser regulável, de forma a
oferecer um suporte adequado para os pés, independentemente da altura póplite do aluno.

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