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CÂMARA DOS DEPUTADOS

AUTOR: JOS~ DE ABREU II N- DE ORIGEM:

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EMENTA:
Dispõe sobre a reg:ulamentação. da profissão. de terapeuta hplístico
e di outras pro~id~nci~s.

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DESPACHO:
, 13/jun/96: TRAB., DE ADM. E SERV. ·PÚBLICO - CONSTo E JUSTIÇA E DE
REDAÇÃO (ART .54) - ART . 24, 11.

ENCAMINHAMENTO lNICIAL:
À COM. DE TRAB., DE ADM. E SERVIÇO PÚBLICO Og/ O'f- /96

APENSADOS çÃO PRAZO/EMENDAS

COMIssio DATA/ENTRADA rOMISSA-O !NÍno


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--------------------------- Presidente
., GER3.17.Q7.003-7 (DEZI95)
CÂMARA DOS DEPUTADOS

PROJETO DE LEI N9 2.045, DE 1996


(DO SR. JOS~ DE ABREU)
I 1'1/'( .J

Dispõe sobre a regulamentação da profissão de terapeuta


holístico e dá outras providências.

(ÂS COMISSOES DE TRABALHO, DE ADMINISTRAÇAO E SERYIÇO PÚ-


BLICO; E DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE REDAÇAo (ART. 54)
- ART. 24 I I I}

GER 3 . 21.01 . 007.~ (DEZ .l94J


..
Às Comissões : Art . 2 4 , rr
Trabalho, de Adm. e Serviço Público
CÂMARA DOS DEPUTADO Consto e Justiça e de
Redação(Art . 54,RI) )
Em 13/ 06 / 96

OADJNÁR1A
PROJETO DE LEI N~~E 1996
(Do Sr. José de Abreu)

Dispõe sobre a regulamentação da profissão


de t erapeuta yIolístico e dá outras providências.
/- Jl "

o Congresso Nacional decreta:

Art. 10 Terapia Holística é uma proposta de natureza


predominantemente preventiva e não invasiva, onde se busca o equilíbrio
corpóreo-psíquico-social por meio de estímulos, os mais naturais possíveis, para que sejam
despertos os próprios recursos do cliente, almejando a auto-harmonização pela ampliação
ja consciência.

Parágrafo único . O Terapeuta Holístico atua como um catalizador


da tendência ao auto-equilíbrio, facilitando-a por meio de diversas técnicas, podendo,
inclusive, fazer uso de instrumentos e equipamentos não agressivos, além de produtos cuja
comercialização seja livre, bem como orientar seus clientes através de aconselhamento
profissional.

Art. 2 0 O exercício profissional como Terapeuta Holístico somente


será permitido aos indivíduos e instituições registrados e em dia com as suas obrigações
110S Conselhos Regionais de Terapia e portadores de certificados ou diplomas de área,
reconhecidos pelos órgãos competentes do Ministério da Educação ou, no caso da
inexistência destes na Unidade d Federação do requerente e reconhecidos pelo órgão
federal de fiscalização da classe.

GER 3.17.23.004-2 - (NOV/95)


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CÂMARA DOS DEPUTADOS


..

Parágrafo único. Os cargos de Terapeuta Holístico no servIço


público e na economia privada, quer como profissão liberal, quer como assalariado, só
poderão ser exercidos por profissionais legalmente habilitados nos parâmetros desta lei e
em dia com suas obrigações perante o órgão regional de fiscalização da classe.

Art. 3° A fiscalização do exercício da profissão de Terapeuta


Holístico compete ao Conselho Federal de Terapia e aos Conselhos Regionais de Terapia,
os quais ficam criados pela presente lei.

Parágrafo único. Os membros do Conselho Federal de Terapia -


autarquia criada por esta lei, que exercerão, a partir da promulgação da mesma, o primeiro
mandato de 03 anos, serão os da diretoria atualmente eleita para o exercício desta funções
no já existente Conselho Federal Terapia (registrado no CGC sob nO0 1.080. 937/0001-87).

Art. 4° Ao Conselho Federal compete, especialmente:

I - Elaborar o seu regimento interno;

H - Criar os Conselhos Regionais;

IH - Fixar as contribuições, emulumentos, multas aplicáveis e


forma de sanções, tanto pelo Conselho Federal, quanto pelos Conselhos Regionais;

IV - Avaliar o preenchimento dos requisitos para a aceitação de


registros como Terapeuta Holístico e, em conjunto com os órgãos competentes do
Ministério da Educação, para reconhecimentos de cursos da área;

V - Definir quais os requisitos necessários para possibilitar ao


Terapeuta Holístico o exercício ou não de cada uma das diversas especialidades
terapêuticas; e

VI - deliberar sobre os casos omissos.

Art. 5° Aos Conselhos Regionais compete em especial:

I - regimento interno, sujeito a aprovação do


Conselho Federal;

GER 3.17.23.004-2 - (NOV/95)


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CÂMARA DOS DEPUTADOS

11 - Decidir sobre os pedidos de registro dos Terapeutas Holísticos


e pessoas jurídicas;

111 - Organizar e manter o registro profissional;

IV - Expedir as carteiras profissionais;

Art. 6° A inscrição como Terapeuta Holístico será feita no


Conselho Regional de Terapia (CRT) mais próximo de sua área de atuação ou diretamente
ao Conselho Federal de Terapia, e obedecerá aos seguintes critérios:

I - O requerente solicitará uma carteira de CRT provisória, válida


.
por seIS meses;

11 - Para receber o CRT definitivo, o Terapeuta Holístico deverá


apresentar:
a) registro como profissional autônomo, ou como empresa, ou
carteira profissional, específico para as técnicas que utilize;

b) comprovação de notável saber nas técnicas às quais reinvindique


o reconhecimento por meio de:

1) apresentação de diplomas reconhecidos pelos órgãos


competentes do Ministério da Educação;

2) caso inexistam cursos nos critérios estabelecidos pelo item


anterior na Unidade da Federação do requerente, o mesmo deverá comprovar o seu notável
saber pela entrega de trabalhos escritos ou teses sobre cada técnica requerida os quais
serão avaliados pelo Conselho, podendo ser aceitos ou não, ou, ainda, pela apresentação de
certificados de conclusão de cursos livres reconhecidos por resolução do Conselho Federal
de Terapia;

c) estarão dispensados do preenchimento dos requisitos anteriores


os Terapeutas Holísticos que comprovarem, junto ao Conselho fiscalizador da classe, o
exercício profissional por pe 'o o igualou superior a cinco anos e que antecedem à

GER 3.17.23.004·2 - (NOV/95)


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CÂMARA DOS DEPUTADOS

publicação desta lei e os portadores de certificado de conclusão de curso realizado no


exterior e reconhecido no Brasil, de acordo com a legislação em vigor;

d) apresentação de atestados de sanidade mental e de antecedentes,


emitidos por autoridades competentes.

In - Aqueles que não cumprirem as exigências no prazo estipulado


pelo item I, terão suas inscrições nos CR Ts, bem como o exercício profissional, suspensos
até que o façam, ficando, ainda, sujeitos a outras sanções a serem definidas pelo Conselho
Federal de Terapia.

Art.t O Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Art. 8°. Revogam-se as disposições em contrário.

JUSTIFICAÇÃO

A profunda eficácia das práticas milenares como formas de terapia,


além do seu baixo custo, fez com que a Organização Mundial da Saúde em 1962, realizasse
um encontro mundial em Alma Ata, onde as pesquisas e resultados apresentados sobre
estas terapias foram tão favoráveis que evidenciou-se que eram ótimas "alternativas" às
terapêuticas acadêmicas.

Desde a Declaração de Alma Ata (1962) a ONU reconhece a


validade de tais terapias, exigindo dos países membros que elas sejam colocadas à
disposição da população. No cumprimento desta exigência diversas nações como a Índia,
China, C.E.E. (ex-U.R.S.S.), Cuba, Colômbia, dentre outros, resgataram suas práticas
tradicionais, as quais se tornaram complementares às terapêuticas acadêmicas,
beneficiando, a baixo custo, toda a população. Outro fator internacional que torna urgente
a aprovação deste projeto é o MERCOSUL, o qual precisa encontrar na legislação a
equiparação dos profissionais Terapeutas Holísticos da América do Sul.

Nosso país talvez seja aquele onde mais proliferam as Terapias


chamadas "alternativas", as quais já se encontram enquadradas na Classificação Brasileira
de Ocupações, a CBO, sobre os registros 0-6/0-7#0-76#0-76.90#0-79#0-79.15 E

GER 3.17.23.004-2 - (NOV/95)


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CÂMARA DOS DEPUTADOS

0-79.90#1-99#1-99.60 E 1-99.90#5-70#5 .70.40 E 5-70.45, fora as novas propostas de


código em andamento. São classificadas, ainda, como autônomas na Tabela de
Enquadramento Fiscal sob variados códigos municipais (8729 em são Paulo, por
exemplo).

o número de brasileiros ligados à área, quer como Terapeuta, quer


como cliente, cresce vertiginosamente. Não há, hoje, uma só família brasileira que não
possua pelo menos um de seus membros que esteja sob os cuidados de um Terapia
"alternativa". Somando-se a este mercado de particulares, agora chegam as empresas,
disposta a contratar os serviços de profissionais da área. Isso além do fato da
obrigatoriedade da implantação junto ao serviço público, conforme exigência da ONU e
prevista no artigo 5.3 da IX Conferência Nacional e Saúde (1992).

Os trabalhadores deste grupo atuam de forma predominantemente


preventiva e não invasiva, buscando o equilíbrio corpóreo-psÍquico-social por meio de
estímulos os mais naturais possíveis para que sejam despertos os próprios recursos do
cliente, almejando a auto-harmonização pela aplicação da consciência. Suas funções
consistem em: promover a otimização da qualidade de vida e a maximização do potencial
de cada cliente, catalisar a tendência ao auto-equilíbrio, facilitando-a por meio de diversas
técnicas, podendo, inclusive, fazer uso de instrumentos e equipamentos não agressivos,
além de produtos cuja comercialização seja livre, bem como orientar seus clientes através
de aconselhamento profissional, realizando seus trabalhos em consultórios particulares,
clínicas em geral, serviço público de saúde e empresas.

O Terapeuta Holístico, em geral, procede ao estudo e á análise do


cliente, realizados sempre sob o paradigma holístico, cuja abordagem leva em consideração
os aspectos sócio-somato-psíquicos.

Faz uso da somatória das mais diversas técnicas, pois cada caso é
considerado único, e deve dispor dos mais variados métodos, para possibilitar a opção por
aqueles com os quais o cliente tenha maior afinidade; promove a otimização da qualidade
de vida, estabelecendo um processo interativo com seu cliente, levando este ao
autoconhecimento e à mudanças em várias áreas, sendo as mais comuns: comportamento,
elaboração da realidade ou preocupações com ele mesmo, incremento na capacidade de ser
bem-sucedido nas situações vida (aumento máximo das oportunidades e minimização
das condições adversas), além e onhecimento e habilidade para tomada de decisão.

GER 3.17.23.004-2 - (NOV/95)


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CÂMARA DOS DEPUTADOS

o Terapeuta Holístico também avalia os desequilíbrios energéticos,


suas predisposições e possíveis conseqüências, além de promover a catalização da
tendência natural ao auto-equilíbrio, facilitando-a pela aplicação de uma somatória de
terapêuticas de abordagem holística, com o objetivo de transmutar a desarmonia em
autoconhecimento.

Há algumas décadas, o Terapeuta Holístico, de modo geral,


possuía uma outra profissão que lhe dava o sustento financeiro principal, dedicando-se às
práticas alternativas por idealismo, ou por lazer, ou como complemento de renda, ou, uma
somatória de todos estes fatores . Se isso só já não justificasse a importância econômica da
profissão, o que ocorre atualmente é que ela vem se transformando cada vez mais na
principal e única fonte de renda daqueles que a exercem, os quais já somam, no Brasil, 150
mil profissionais Terapeutas (de práticas alternativas), boa parte dos quais legalmente
registrados, como autônomos ou empresas, em sua respectivas localidades.

Pesquisas internacionais garantem que existem 1 bilhão e 200


milhões de pessoas que se tratam pelas terapias alternativas, o que implica em 30 milhões
só no Brasil. Tamanho número de pessoas acaba por movimentar uma economia de, no
mínimo, R$ 180 milhões/ano no Brasil (nos EUA, em 1993, US$ 25 bilhões foram
mobilizados na área), ganhos em consultas e gastos em cursos, materiais, empregados, etc.

Os Terapeutas Holísticos praticam de fato suas atividade e o


Estado tem perda de arrecadação tributária devido à ausência de lei regulamentar da
profissão. Pelo mesmo motivo vem sendo prejudicada a aplicação de tais práticas no
serviço público, conforme exigência da ONU e direito garantido ao cidadão de escolha dos
tratamentos pela nossa Constituição, uma vez que os Terapeutas Holísticos que já se
encontram trabalhando junto ás Prefeituras e comunidades carentes, ficam sem os devidos
registros, pois as entidades locais não sabem como proceder nestes casos e não encontram
regulamentação adequada.

A aprovação deste projeto de lei elaborado em conjunto com os


órgãos representativos oficiais da categoria colocará um fim a todas as dificuldades dos
milhares de profissionais da área, bem como atenderá às exigências da ONU, MERCOSUL,
e da própria população bras· eira que será finalmente atendida em seu direito constitucional
de optar por mais esta form d tratamento.

GER 3.17.23.004-2 - (NOV/95)



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CÂMARA DOS DEPUTADOS

Conclamamos, por isto, os ilustres pares desta Casa a apreciação e


aprovação deste Projeto de Lei.

Sala das Sessões, em (3

Deputado

6032840l.J 73

GER 3.17.23.004-2 - (NOV/95)


CÂMARA DOS DEPUTADOS

COMISSÃO DE TRABALHO, DE ADMINISTRAÇÃO E SERViÇO PÚBLICO

TERMO DE RECEBIMENTO DE EMENDAS

PROJETO DE LEI N° 2.045/96

Nos termos do art. 119, caput, I, do Regimento Interno da Câmara dos


Deputados, o Sr. Presidente determinou a abertura - e divulgação na Ordem do Dia
das Comissões - de prazo para apresentação de emendas, a partir de 9/08/96 , por
cinco sessões. Esgotado o prazo, não foram recebidas emendas ao Projeto.

Sala da Comissão, em 20 de agosto de 1996.

~ .~

eda de Almeida
Secretária

GER 3.17.23.004-2 - (JUN/95)


CÂMARA DOS DEPUTADOS

COMISSÃO DE TRABALHO, DE ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇO PÚBLICO

PROJETO DE LEI N° 2.045, DE 1996

"Dispõe sobre a regulamentação da


profissão de terapeuta holístico e dá outras
providências."

Autor: Deputado JOSÉ DE ABREU


Relator: Deputado JAlR BOLSONARO

I - RELATÓRIO

A iniciativa em epígrafe tem por escopo regulamentar a profissão


de terapeuta holístico.

Em extensa e bem fundamentada justificativa, o nobre autor da


,
matéria Deputado JOSE DE ABREU, esclarece que a presente iniciativa foi elaborada
"em conjunto com os órgãos representativos oficiais da categoria" e que a aprovação da
mesma "colocará um fim a todas as dificuldades dos milhares de profissionais da área,
bem como atenderá às exigências da ONU, MERCOSUL, e da própria população
brasileira, que será finalmente atendida em seu direito constitucional de optar por mais
esta forma de tratamento".

Vencido o prazo regimental, não foram recebidas emendas ao


projeto.

É o relatório.

11 - VOTO DO RELATOR

GER 3.17.23.004-2 - (NOV/95)


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CÂMARA DOS DEPUTADOS

,
Em que pesem as lúcidas considerações do ilustre Deputado JOSE
DE ABREU e a sua elevada intenção, esposamos a tese abraçada igualmente por esta
Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, que a regulamentação de
profissões deve ater-se a um mínimo de regras, razão pela qual entendemos que o presente
projeto em apreço não deve prosperar em sua tramitação.

A matéria "Regulamentação de Profissão" é controvertida. Nesse


sentido, esta Comissão promoveu, no dia 30 de maio passado, Seminário sobre
Regulamentação e Fiscalização Profissional, pretendendo, a partir daí, retirar diretrizes
para melhor orientar os seus trabalhos.

Com efeito, diante da quantidade de projetos de lei apresentada a


esta Casa com o objetivo de regulamentar profissões, foram adotadas, no ano passado, por
,
este Orgão Técnico, "Recomendações para elaboração de projetos de lei destinados a
regulamentar o exercício de profissões", com o fim de que as proposições
regulamentadoras atendessem a um mínimo de requisitos, adquirindo condições de
resultar em leis eficazes.

A regulamentação profissional é um dos temas que maiS


equívocos tem gerado em nosso País, em virtude do caráter eminentemente corporativista
da legislação anterior à vigente Constituição.

Antes de enfrentarmos o tema, pedimos vênia para fazer uma


breve, porém necessária, digressão histórica sobre a evolução constitucional do instituto
da regulamentação de profissões:

a) Constituição do Império

"Nenhum gênero de trabalho, de cultura, indústria ou comércio,


pode ser proibido, uma vez que não se oponha aos costumes
públicos, à segurança e saúde dos cidadãos. "

GER 3.17.23.004-2 - (NOV/95)


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CÂMARA DOS DEPUTADOS

b) Constituição de 1891

,
"E garantido o livre exerCÍcio de qualquer profissão moral,
intelectual e industrial. "

c) Constituição de 1934

,
"E livre o exerCÍcio de qualquer profissão, observadas as
condições de capacidade e outras que a lei estabelecer, ditadas
pelo interesse público. "

d) Constituição de 1937

"Liberdade de escolha de profissão ou gênero de trabalho,


indústria ou comércio, observadas as condições de capacidade e
as restrições impostas pelo bem público, nos termos da lei. "

e) Constituição de 1946

,
"E livre o exerCÍcio de qualquer profissão, observadas as
condições que a lei estabelecer. "

f) Constituição de 1967

Reproduziu o texto da Constituição de 1946, não tendo sido


alterada pela Emenda Constitucional n° 1, de 1969.

Da análise dos dispositivos mencionados é forçoso concluir que


nossa tradição jurídica, ao tratar do tema, é a de condicionar a regulamentação de
profissões ao interesse público, quando estiver em discussão algum interesse da
coletividade, como a saúde, a segurança e o bem-estar da população e, mais ainda, quando
a profissão a ser regulamentada for daquelas que não afaste, para o seu pleno exercício, a
exigência de formação acadêmica específica, em razão do seu grau de complexidade.

GER 3.17.23.004-2 - (NOV /95)


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CÂMARA DOS DEPUTADOS

Também a Constituição Federal vigente consagra, entre os direitos


e garantias fundamentais, o livre "exercício de qualquer trabalho, oficio ou profissão,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer" (art. 5°, inciso XIII).

Na sábia concepção constitucional, dada a prevalência do


interesse público sobre o individual, a restrição à liberdade de trabalho seria lícita quando
estivessem envolvidos interesses da coletividade, tais como os acima mencionados.

Segundo o ilustre Professor Doutor CELSO RIBEIRO BASTOS


ao comentar o dispositivo constitucional supra citado:

"Uma forma muito sutil pela qual o Estado por vezes acaba com a
liberdade de opção profissional é a excessiva regulamentação.
Regulamentar uma profissão significa exercer a competência
fixada na parte final do dispositivo que diz: "observadas as
qualificações que a lei exigir. "

"Para obviar este inconveniente é necessário que esta faculdade


seja exercida nos termos constitucionais.

(..) Mas é evidente que esta lei há de satisfazer requisitos de


cunho substancial, sob pena de incidir em abuso de direito e
conseqüentemente tornar-se inconstitucional.
Assim é que hão de ser observadas qualificações profissionais.

Para que uma determinada atividade exija qualificações


profissionais para o seu desempenho, duas condições são
necessárias: uma, consistente no fato de a atividade em pauta
,
implicar conhecimentos técnicos e cientificos avançados. E lógico
que toda profissão implica algum grau de conhecimento. Mas
muitas delas, muito provavelmente a maioria, contentam-se com
um aprendizado mediante algo parecido com um estágio
profissional. A iniciação destas profissões pode-se dar pela

GER 3.17.23.004-2 - (NOV/95)


5

CÂMARA DOS DEPUTADOS

assunção de atividades junto às pessoas que as exercem, as quais,


de maneira informal, vão transmitindo os novos conhecimentos.
(...) Outro requisito a ser atendido para regulamentação é que a
profissão a ser regulamentada possa trazer um sério dano social. "
( in, "Comentários à Constituição do Brasil", 2° volume, Ed.
Saraiva, 1989, pgs. 75 e seg.).

Regulamentar a grande massa de profissões é o mesmo que


,
regulamentar a vida dos profissionais que as exercem e, por esta via, controlá-los. E um
dos muitos caminhos que leva à perda da liberdade.

Na lição de Valentin Carrion,

"a regulamentação de algumas atividades é fruto, às vezes, de


manobras de envolvimento do legislador por profissionais com o
fim de reservar-se o privilégio de exclusividade do exercício sem
autêntica razão de existência. Otávio Bueno Magano vê possível
inconstitucionalidade sempre que essa regulamentação restrinja a
liberdade de trabalho por outro critério que não seja o
estritamente profissional". (In Comentários à Consolidação das
Leis do Trabalho, Editora Revista dos Tribunais, 1989, pág. 177).

Assim, como leciona a melhor doutrina, a regulamentação há que


se ater a qualificações profissionais (exigência de conhecimentos técnicos e científicos
especializados) e à possibilidade de seu exercício trazer sério dano social, com riscos à
segurança, à integridade fisica e à saúde.

Daí por que as proposições desta ordem têm sido vetadas pelo
Poder Executivo.

GER 3.17.23.004-2 - (NOV/95)


6

CÂMARA DOS DEPUTADOS

Cabe também ressaltar que o interesse da regulamentação


profissional em apreço talvez esteja fundado na preocupação de assegurar alguns direitos
para a categoria. Entretanto, não há que se confundir regulamentação profissional
minuciosa com efetiva garantia de direitos. A lei é apenas uma das formas de expressão
,
do direito, mas nem sempre com ele se confunde. As vezes, transforma-se mesmo em seu
antônimo. Será sempre mais fácil , aos trabalhadores, a efetivação de direitos garantidos de
forma genérica pela Constituição ou pelas leis trabalhistas já existentes.

Decorre, pois, que a regulamentação de uma profissão deve


nortear-se muito mais pelo sentido de se estabelecerem deveres profissionais no resguardo
do interesse público que privilegiar segmentos de trabalhadores com respectivas reservas
de mercado.

Resulta imprescindível que a profissão a ser regulamentada


dependa, remarque-se, de real necessidade de conhecimentos técnico-científicos para o
seu desempenho, bem como tal atividade seja exercida por profissionais de nível superior,
formados em cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação e do Desporto, com
atividades exclusivas e bem definidas.

Os projetos em desacordo com essas determinações básicas,


repita-se, embora ultrapassando as exigências das Comissões competentes e conseguindo
a aprovação nesta Casa têm sido regularmente vetados pelo Poder Executivo.

Quanto ao mérito, no tocante ao exercicio profissional que


envolva atividades com finalidades terapêuticas, identificam-se uma série de questões, que
necessitam ser equacionadas.

O primeiro refere-se à grande diversidade de procedimentos


terapêuticos existentes, em que um número fantasticamente incontrolável de técnicas é
adotado. Neste contexto, como responder à indagação do que, efetivamente, seria um
"Terapeuta Holístico": seu campo de abrangência, as técnicas e métodos utilizados, os
requisitos formais de capacitação.

GER 3.17.23.004-2 - (NOV/95)


7

CÂMARA DOS DEPUTADOS

o projeto sob comento mal define as atividades e os


conhecimentos técnico-científicos indispensáveis ao desempenho da terapêutica holística.

Não é difícil antecipar problemas de conflitos entre profissões já


regulamentadas que executam atividades predominantemente terapêuticas, como os
médicos, em várias de suas especialidades, ou psicólogos, apenas para ilustrar. Outros
conflitos surgirão entre os que se enquadrarem como Terapeutas Holísticos e aqueles que
não atenderem às exigências dos Conselhos, mesmo desenvolvendo atividades de cunho
terapêutico.

Pelo exposto, opinamos pela rejeição do Projeto de Lei n° 2.045 ,


de 1996.

Sala da Comissão, em1 .2 de Sere~e 1996.

~ , efpiYzcV-~
;::-~:====-~
Deputado JAIR BOLSONARO
Relator

606989.096

GER 3.17.23.004-2 - (NOV/95)


CÂMARA DOS DEPUTADOS

Defiro a retirada do PL. nO 2045/96, nos


termos do art. 114, inciso VII, do RICO .
Oficie-se ao Requerente
publique-se.
Em Dl I 1. i /96.

REQUERIMENTO

Requeiro com base no art. 104 do


Regimento Interno, a retirada do Projeto de Lei nO
2045/96 de minha autoria, que se encontra na
Comissão do Trabalho, Administração e Serviço
Público.
Nestes termos pede deferimento.

Brasília, 23 de outubro de 1996

JOSÉD .

Exmo. Sr.
LUIS EDUARDO MAGALHAES -
DD. Presidente da Câmara dos Deputados
Brasília - DF

GER 3.17.23.004-2 - (NOV/95)



Brasília, Oi de '7\bllOtrl bw de 1996.

Senhor Deputado,

Em atenção ao Requerimento de sua autoria, datado de


23 de outubro do corrente ano, contendo solicitação referente à retirada do Projeto
de Lei n° 2.045/96, que dispõe sobre a regulamentação da profissão de terapeuta
holístico e dá outras providências, comunico a Vossa Excelência o deferimento do
pedido, nos termos regimentais."

Colho o ensejo para renovar a Vossa Excelência protes-


tos de elevada estima e distinta consideração.

L ís ED ARDO

A Sua Excelência o Senhor


Deputado JOSÉ DE ABREU
Gab. 331 Anexo IV
NESTA
CÂMARA DOS DEPUTADOS

13C06* 'roPY' SOLICITADA POR CASTILHO


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CAMARA' PL. 02(4) 1996
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F DA Ol,lTRAS PROVIOENCIAS.
(rFR~WIA HOL ISTICA)
- PODER TERMINATIVO DAS COMISSOfS - A~lJGO 24, INCTSO Tr,
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JNOFXAl:ÀO NORMAS. REGUlAMEN1ACÀO. PROFTSS~O. r~TFGOR]A PROFISSIONAl
FXERCICIO PROFISSIONAL.
[ltSPAI~H(l INfCIAL
r r~ Dl CoM. TRA. AoM. E ~; ERIJ. PI) RL r f~ () (O ASP)
(I"'r) -; COM CONST E ,rUSTJCA F RFOACAO (CCJP)
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CÂMARA DOS DEPUTADOS


COORDENAÇÃO DE COMISSÕES PERMANENTES

Memorando n° 214/96

Brasília, 06 de novembro de 1996.

Do
, Diretor da Coordenação de Comissões Pennanentes
A Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público

Senhora Secretária

Solicito a V. Sa a devolução do Projeto de Lei 2.045/96, tendo em vista


deferimento no Requerimento do Dep. José de Abreu, solicitando a retirada do mesmo,
confonne cópia anexa.

Atenciosamente,

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C1CERORODRIGUES )
- Diretor-

GE R 3.17.23.004-2 - (NOV/95)

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