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A actualidade do “Acto tático no jogo” de Mahlo

Cerca de 45 anos depois de ter escrito o seu livro na Alemanha de leste da altura, as ideias expressas
no livro “O acto táctico em jogo”, de Friedrich Mahlo, são de uma actualidade impressionante.
Actualidade que adquire contornos ainda mais evidentes se a situarmos no campo da Educação Física
portuguesa, na qual, recorde-se, ainda não há uma prática sistematizada da educação motora nos
níveis mais básicos do primeiro ciclo. E o campo de acção a que o autor se referia explicitamente era
o da E.F. no ensino básico do seu próprio país.
Mas como não basta afirmar algo para que ele adquira foros de verdade tentemos então demonstrar
com alguns factos e ideias aquilo que dissemos antes. Mahlo queixava-se então nesse livro da
inexistência de uma verdadeira formação física da infância no seu país, designadamente dizendo que
os esforços a que eram submetidos os escolares eram claramente abaixo do seu potencial de carga
interna. Dizia também que não havia uma formação consequente e estruturada, nomeadamente do
“acto táctico” que tão bem tinha definido no mesmo livro inovador. Numa observação que fez de
classes de EF no 1.º ciclo, de dezenas de Educadores, apenas em um pode ver uma prática sustentada
e consequente que visava a formação lúdica das crianças. Por outro lado, não se satisfazendo com a
denúncia, experimentou e foi capaz de apresentar propostas para a formação do acto táctico nesses
níveis etários. É ainda extremamente actual e utilizada a sistematização que faz dos métodos e dos
princípios da formação táctica. E se em relação às fases por ele apontadas para essa formação
poderemos hoje colocar alguns senãos, na altura em que ele as expressou eram de uma riqueza e de
um avanço insuperável no panorama das ciências da Educação Física e Desporto desse tempo.
Por tudo isto se torna mais evidente no nosso país, tantos anos decorridos da denúncia e da
construção científica de Mahlo, um atraso insustentável.
Entretanto os nossos cientistas do Desporto foram capazes de formular propostas viáveis e dirigidas
para esta fase etária. Estou a referir-me por exemplo, em concreto, às produções nessa área, da
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, na altura ainda FCDEF-UP. Muito está feito no
campo científico e das ideias. Alguma coisa está feita, e não pouca, no campo da formação. No
campo político da decisão e da prática da E.F. e Motora nas nossas escolas do 1.º ciclo tudo tem
andado a passo de caracol e as recentes iniciativas (caso das Actividades de Enriquecimento
Curricular) deixam muitas dúvidas sobre a seriedade com que o campo da formação motora das
nossas crianças está a ser encarada por quem tem responsabilidades decisórias.

Henrique Santos

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