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ARTIGO

“RITMOS DA VIDA”: AJUDANDO CRIANÇAS NA


SUPERAÇÃO DA SEPARAÇÃO*

“THE RHYTHM OF LIFE”: HELPING CHILDREN TO OVERCOME THE DIVORCE

RESUMO: Esse artigo apresenta e discute uma ABSTRACT: This article presents and discusses a
possibilidade de intervenção em grupo fundamen- possibility of group intervention based on narrati-
ADRIANA MÜLLER
tada na Terapia Narrativa, especificamente com a ve therapy, specifically with the application of the
Psicóloga, terapeuta familiar, aplicação da metodologia “Ritmos da Vida”. Os methodology “The Rhythm of Life”. The partici-
mestre em psicologia do
participantes desse projeto foram crianças e ado- pants of this project were children of divorced
desenvolvimento e docente
lescentes entre 7 e 12 anos, filhos de pais separa- parents, between 7 and 12 years old. Participants
do CRESCENT – ES.
dos, divididos em dois grupos que se reuniram met once a week, in an 8-week program. The fo-
semanalmente ao longo de 8 semanas visando a cus of these meetings was to build a safe identity
construir um território de identidade seguro para territory, to talk about these problems, and to look
que eles pudessem falar sobre suas dificuldades e for answers to their doubts. The methodology hel-
encontrar respostas às suas dúvidas. A metodolo- ped them to achieve these aims. This experience
gia se mostrou adequada para esse grupo e pro- was positive for both the children and the outside
porcionou resultados positivos tanto para as crian- witnesses, creating resonance in everyone who
ças quanto para as testemunhas externas – aquelas listens to their songs.
pessoas que participaram do processo –, gerando
ressonância em todos os que ouvem as músicas. KEYWORDS: Rhythm of life, narrative therapy,
methodology, music.
PALAVRAS-CHAVE: Ritmos da vida, terapia nar-
Recebido em 23/11/2012. rativa, metodologia, música.
Aprovado em 22/12/2012.

Os terapeutas sabem que nem sempre é fácil lidar com situações que envolvem as
famílias, suas relações e suas histórias. Se tomarmos a música como metáfora, em
alguns encontros terapêuticos a desarmonia entre as pessoas é tamanha que a in-
teração mais parece um grande ruído do que uma melodia organizada. Diante
dessa confusão de sons, cabe ao terapeuta ser maestro e buscar integrar as diferen-
tes sintonias até que o grupo como um todo possa tocar uma bela sinfonia. Esse é
o objetivo da metodologia “Ritmos da Vida” (Müller, 2012) que será apresentada
nesse artigo.
Para isso, iremos percorrer alguns aspectos teóricos da Terapia Narrativa (Whi-
te & Epston, 1990; White, 2007, 2011; Madigan, 2011), veremos um pouco sobre
as Práticas Narrativas Coletivas (Denborough, 2008), vamos conhecer a estrutura
da metodologia “Ritmos da Vida” (Müller, 2012) e verificar uma possibilidade de
intervenção em grupo dessa metodologia.
O “Ritmos da Vida” é uma Prática Narrativa Coletiva que tem como base teóri-
ca a Terapia Narrativa, uma forma de intervenção pós-moderna criada por Mi-
* Trabalho apresentado no X chael White e David Epston. Tal perspectiva teórica parte do princípio de que
Congresso Brasileiro de Terapia
Familiar em Curitiba/PR e no
nossas vidas são historiadas, sendo que algumas dessas histórias são ricas e forta-
11th International Narrative lecedoras enquanto outras são tristes e saturadas de problemas (White & Epston,
Theraphy and Community Work
Conference em Adelaide, na
1990; White, 2007, 2011; Madigan, 2011). Quando, durante o processo terapêuti-
Austrália. co, a pessoa assume a autoria da sua história, ela passa a narrar a versão preferida

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da sua vida, destacando aspectos e quando e onde ela aconteceu, as pes- “Ritmos da vida”: ajudando
pessoas que ela considera relevantes e soas envolvidas, os motivos e as conse- crianças na superação 35
da separação
significativos. quências, entre outros aspectos da Adriana Müller

Esse processo de resgate da própria narrativa. Já as questões envolvendo a


autoria acontece ao longo dos encon- percepção que o narrador tem de si or-
tros terapêuticos, todos eles envolvendo ganizam o cenário de identidade e en-
a desconstrução de verdades dominan- focam as qualidades, habilidades, va-
tes e a construção, por meio de conver- lores, crenças, conhecimentos que a
sas, de novas versões da história. Dessa pessoa valoriza em si e que ficam evi-
forma a pessoa deixa de ser vítima da denciados no enredo narrado. Esse en-
situação e passa a ser autora da sua his- trelaçamento de ambos os cenários
tória, em um processo denominado possibilita que novas versões da histó-
“personal agency”* (White, 2007, 2011). ria de vida da pessoa apareçam e sejam
Uma das formas de realizar esse consideradas (Monk, 1997; White,
processo são as conversas de externali- 2007, 2011; Madigan, 2011).
zação que buscam separar a pessoa do Outra forma que os terapeutas nar-
problema e dar voz à pessoa. Seguem a rativos possuem de fortalecer as histó-
máxima proposta por Michael White rias alternativas é por meio das Re-
de que “a pessoa não é o problema. O -Membering Conversations**. Por meio
problema é o problema”. Quando a dessas conversas, pessoas significati-
pessoa se percebe separada do proble- vas – aquelas que fizeram a diferença,
ma, ela resgata um espaço de ação no que são queridas, que tiveram uma
qual consegue ser ela mesma e agir de participação especial em algum con-
forma autônoma e independente da- texto relevante ou que ensinaram e
quilo que a perturba (White & Epston, serviram de exemplo vivo relaciona-
1990; Freeman, Epston & Lobovits, dos a aspectos e características funda-
1997; Monk, 1997; Epston, 1998; Whi- mentais de postura e visão de mundo * Palavra de difícil tradução por
descrever o movimento de uma
te, 2007, 2011; Madigan, 2011). – são lembradas e voltam a fazer parte pessoa conectar-se a si mesma,
Além disso, alinhadas ao paradigma das narrativas das histórias preferidas resgatar seus valores e
responder às dificuldades da
textual que considera o entrelaçamen- (Monk, 1997; White, 2007, 2011; Ma- vida de forma responsável e
to de cenários de ação e identidade nas digan, 2011). autônoma.
construções das histórias pessoais Todo o processo da Terapia Narrati- ** Várias são as formas de
(White, 2007), temos as conversas de va acontece no formato de uma Con- traduzir esse termo: conversas
de re-membrança, conversas de
re-autoria. Nelas as pessoas apresen- versa de Construção de Andaimes. Por re-lembrança, entre outras. Essa
tam a versão dominante da sua histó- meio dessa conversa, a pessoa conse- dificuldade existe porque esse é
um trocadilho com a palavra
ria enquanto o terapeuta ouve atenta- gue sair da história que é conhecida e Remember que, em inglês,
mente e faz perguntas que busquem familiar e chegar ao ponto de adquirir significa “lembrar”. Porém, a
mesma palavra pode ser
evidenciar eventos potencialmente novas aprendizagens acerca de si mes- decomposta em Re-member,
significativos, porém negligenciados. mo e construir planos de ação que que significa ‘voltar a ser
membro’. Assim, as conversas
Dessa forma a história alternativa vai promovam a mudança (White, 2007, de Remember são aquelas nas
ganhando contorno e força. 2011; Madigan, 2011). quais lembramos pessoas
Para isso, durante as conversas de Um aspecto importante na Terapia especiais em nossas vidas e
definimos quais fazem ou
re-autoria, o terapeuta entrelaça as- Narrativa é a presença de testemunhas voltarão a fazer parte do nosso
pectos relacionados à história em si e externas em alguns momentos chave clube da vida. Diante da
dificuldade em encontrar uma
aspectos relacionados à identidade de do processo terapêutico. As testemu- palavra em português que
quem conta a história. Os detalhes que nhas externas ouvem os relatos da his- traduza integralmente o
trocadilho proposto por Michael
envolvem a história constituem o que tória e, depois, falam sobre como se White, manterei, neste artigo, o
é denominado de cenário de ação: sentiram ao ouvir aquela narrativa e nome original.

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como aquela versão lhes tocou e teve quanto sobre a sua história; d) As ex-
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ressonância com sua própria história periências individuais relatadas pelas
de vida. Essa atitude de re-contar a pessoas podem ser conectadas ao cole-
história sob outro aspecto, segundo o tivo; e) As pessoas podem comparti-
olhar de alguém de fora, reforça alguns lhar seus conhecimentos com outras
aspectos da história que foi contada e pessoas que passam por situações se-
leva o “autor” da história a considerar melhantes e, com isso, contribuir com
pontos que, talvez, ainda estivessem a vida de outros.
obscuros (White, 2007, 2011; Madi- A metodologia que será apresenta-
gan, 2011). da nesse artigo é o “Ritmos da Vida”
Finalmente, uma estratégia terapêu- (Müller, 2012), que integra os concei-
tica muito utilizada na Terapia Narra- tos da Terapia Narrativa com a metá-
tiva é o uso de documentos que sirvam fora da música. É uma metodologia de
de reconhecimento da história alter- trabalho com grupos que busca refor-
nativa que está ganhando força. Esses çar os aspectos positivos da história de
documentos são cartas, certificados, vida das pessoas, ao mesmo tempo em
diplomas, declarações, entre outras que conecta essas histórias individuais
possibilidades que reiteram a história no intuito de buscar as forças coletivas
preferida. Quando o trabalho realiza- que são mobilizadas para lidar com si-
do é em grupo, solicita-se que escre- tuações difíceis. Para alcançar esses
vam um documento coletivo no qual o objetivos, utiliza a música como metá-
grupo possa compartilhar o que fora e promove, ao longo de sua aplica-
aprendeu com outras pessoas que vi- ção, uma conexão entre a metáfora e a
vem situações semelhantes (White & própria vida.
Epston, 1990; Monk, 1997; Epston, A seguir, teremos uma descrição
1998; White, 2007, 2011; Denborough, mais detalhada das etapas da metodo-
2008; Madigan, 2011; Müller, 2012). logia “Ritmos da Vida” e a apresenta-
Várias são as formas de aplicar a Te- ção de uma possibilidade de aplicação
rapia Narrativa em grupos, todas elas da mesma.
tendo como base uma metáfora espe-
cífica: o Time da Vida, a Árvore da
Vida, a Pipa da Vida, a Despensa da DELINEAMENTO DA PROPOSTA DE
Vida, os Ritmos da Vida. As práticas INTERVENÇÃO
narrativas coletivas seguem alguns
pressupostos básicos: a) Todas as pes- A metodologia “Ritmos da Vida” foi
soas respondem aos desafios da vida elaborada para ser facilmente aplicada
de alguma forma e esses conhecimen- em diferentes grupos socioculturais e
tos e habilidades podem ser comparti- para várias faixas etárias. Seu caráter lú-
lhados com outras pessoas; b) As his- dico envolve desenhos, símbolos, músi-
tórias sempre trazem uma dupla cas e narrações de histórias pessoais e
narrativa: aquela relativa ao problema coletivas. Como a metáfora é a música,
e outra sobre como a pessoa conseguiu o processo todo tem início com comen-
superar aquele problema. Precisamos tários gerais sobre esse tema: quais são
destacar essa dupla narrativa; c) As as músicas preferidas, quais tem um
pessoas podem ampliar a história pre- significado especial, qual seria uma boa
ferida, aquela que a ajuda a construir trilha sonora de um momento específi-
conhecimentos mais amplos e rica- co, entre outros aspectos. Nesse mo-
mente descritos tanto sobre si mesma

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mento de integração, muitas vezes, as temos que fazer para contribuir em “Ritmos da vida”: ajudando
pessoas cantam as músicas. um contexto coletivo? Aos poucos a crianças na superação 37
da separação
Depois desse momento inicial, é metáfora vai se conectando com a vida Adriana Müller

disponibilizado para o grupo material e as pessoas compreendem como suas


de desenho: papel, canetinha, lápis de posturas individuais podem ajudar ou
cor. A metodologia “Ritmos da Vida” atrapalhar o grupo na busca da supe-
envolve as seguintes etapas*: ração dos desafios;
– meu instrumento: momento no – nossa música: momento de refle-
qual cada pessoa desenha um instru- xão do grupo sobre a forma pela qual
mento musical. Não é necessário que a eles pretendem compartilhar com ou-
pessoa saiba tocar ou conheça o ins- tras pessoas que passam por situações
trumento. É solicitado que ela desenhe semelhantes aquilo que aprenderam.
o instrumento que lhe agrada. No de- Normalmente, o grupo compõe uma
senho haverá espaço para a pessoa co- música para transmitir essas aprendi-
locar o palco, as histórias preferidas, as zagens, mas também é possível que
características que fazem dela uma eles façam uma versão própria de uma
pessoa única, seus sonhos, sua plateia música conhecida, mantendo a melo-
formada pelas pessoas significativas dia e alterando a letra.
em sua vida; Em todo o processo, aspectos teóri-
– minha interpretação: momento cos da Terapia Narrativa estão presen-
de cada pessoa apresentar o seu ins- tes: cada membro do grupo, além de
trumento, as histórias e pessoas ali re- fazer a sua própria narrativa, também
lacionadas. Além disso, a pessoa no- desempenha o papel de testemunha
meia o estilo de música que mais tem externa da narrativa dos demais mem-
“tocado” atualmente, se romântica, bros; no momento em que solicitamos
agitada, melancólica, ou outra opção, e que escrevam os nomes das pessoas
também fala qual a reação da plateia que eles convidam para ser sua plateia,
diante da sua apresentação; estamos realizando uma “re-membe-
– a orquestra da vida: momento de ring conversation”; quando eles são
integração das histórias individuais e convidados a escrever e relatar aspec-
formação de um contexto coletivo. To- tos da sua história de vida e aspectos
dos os instrumentos são agrupados, da sua identidade, estamos promoven-
formando uma orquestra e, então, o do uma conversa de re-autoria; quan-
grupo pode compreender que cada do solicitamos que façam a transfor-
pessoa toca um instrumento, mas, mação do sintoma em sintonia e da
quando várias pessoas se reúnem, for- sintonia individual em uma sinfonia
mam uma orquestra e podem tocar do grupo, eles praticam, de forma me-
belas sinfonias juntas; tafórica, a construção da história alter-
– entrando em sintonia: momento nativa; quando o grupo compõe a mú-
em que o grupo constrói a percepção sica compartilhando aprendizagens,
da importância da sintonia entre a eles constroem um documento coleti-
contribuição individual e a necessida- vo que, nesse caso, é musical. Tudo isso
* Maiores informações sobre o
de do grupo, buscando harmonizar os é feito como se fosse uma conversa de detalhamento da metodologia
potenciais individuais com as expecta- construção de andaimes: passo a passo, são apresentados no vídeo e no
texto disponíveis em: Müller, A.
tivas grupais. A forma como uma pes- respeitando o tempo e o ritmo de cada (Março, 2012). Ritmos da Vida.
soa toca o seu instrumento sozinha é um, proporcionando uma dinâmica Recuperado em 02 março,
2012, de http://
diferente de quando ela o toca em gru- que permita a cada pessoa sair da his- narrativetherapyonline.com/
po. Quais as mudanças individuais que tória conhecida e familiar e se aproxi- moodle/course/view.php?id=16

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mar cada vez mais de novas versões de está baseada no mito social de que fa-
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si mesma e da sua história de vida. lar sobre algo doloroso aumenta o so-
Além disso, a música é uma lingua- frimento. Além disso, o silêncio acaba
gem que pode ser entendida por dife- sendo entendido pelos pais como au-
rentes pessoas, em diferentes culturas. sência de dificuldade, quando, na ver-
As músicas nos levam a cantar, a dan- dade, significa que os filhos estão en-
çar, ficam em nossas mentes e podem frentando o processo na mais absoluta
ser acessadas a qualquer momento, de solidão. Souza (2000) menciona a im-
uma forma que as palavras escritas portância de as crianças terem al-
não podem (Denborough, 2002). Daí guém com quem conversar e desaba-
a versatilidade da presente metodolo- far, em especial, amigos com a mesma
gia que pode ser aplicada e compreen- idade.
dida em uma ampla gama de contextos Finalmente, Travis (2003), em um
socioculturais. estudo com terapeutas de família, cons-
tatou que a grande maioria dos profis-
sionais não considera relevante ter um
UMA POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO conhecimento especifico para atender
famílias recasadas e, por isso, não fa-
O Projeto Superação da Separação zem leituras sobre o tema. Ao mesmo
surgiu de uma demanda em consultó- tempo, Cano et al. (2009) ressaltam a
rio e tem como objetivo principal aju- importância de construir metodologias
dar crianças filhas de pais separados a de intervenção que sejam condizentes
superar as dificuldades e os dilemas da com as particularidades das pessoas
separação. que vivenciam essa situação.
Atualmente, o divórcio faz parte da Tendo em vista essas reflexões, apre-
realidade da vida de muitas famílias e sento aqui uma possibilidade de aplica-
já chega a ser considerado pelos filhos ção de uma metodologia em um grupo
como uma boa solução para o clima de apoio para crianças e adolescentes,
familiar (Souza, 2000; Nunes-Costa et considerando, com Nunes-Costa et al.
al., 2009; Schneebeli & Menandro, (2009), que a adaptação da criança
2012). Porém, vários estudos mostram acontece por meio do fortalecimento
que o impacto causado pelo divórcio, da autoestima, da competência cogniti-
nos filhos, varia de acordo com a idade va, da autonomia e de um sistema de
dos mesmos (Souza, 2000; Ramires suporte social. Especificamente no que
2004; Hack & Ramires, 2010; Raposo diz respeito às crianças, sabemos da re-
et al., 2011;) e incluem ter que lidar levância da ajuda de colegas e amigos
com sentimentos de desamparo, medo da mesma faixa etária (Piaget,
do abandono, raiva, culpa, entre ou- 1930/1996; Féres-Carneiro, 1998; Sou-
tros. Daí o cuidado que se deve tomar za, 2000). Nas palavras de Souza (2000),
para evitar a postura de vitimização “este suporte infantil mútuo parece ser
das crianças, o que tende a reforçar es- aquele de que a maioria delas mais se
ses sentimentos negativos. beneficia” (p. 210).
Além disso, Souza (2000) ressalta Esse projeto teve início no dia 02 de
que a falta de comunicação intrafami- maio de 2012 e terminou em 09 de ju-
liar sobre a separação dificulta sobre- lho do mesmo ano. Contou com a par-
maneira a compreensão dos filhos ticipação de 11 crianças, com idades
sobre o que aconteceu e sobre como entre 7 e 12 anos, divididas em dois
as coisas podem ficar. Essa postura grupos. Para atingir o objetivo de aju-

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dar as crianças a construir novas nar- 4º encontro: Ritmos da Vida “Ritmos da vida”: ajudando
rativas sobre a história da separação, crianças na superação 39
da separação
foram realizados 08 encontros, cada No quarto encontro foi aplicada a me- Adriana Müller

um com um tema específico, confor- todologia “Ritmos da Vida”. Por meio


me apresentado a seguir. dessa metodologia as crianças pude-
ram acessar as suas habilidades inter-
nas para lidar com a situação. Além
1º encontro: Quem somos nós? disso, puderam compartilhar as cone-
xões que fizeram com suas histórias de
O primeiro encontro teve como objeti- vida. Desse encontro surgiram as Ban-
vo principal que as crianças se apre- das Resgate do Amor e Som da Supe-
sentassem compartilhando suas histó- ração.
rias e expectativas. Foi o momento de
criar a noção de pertencimento e de
construir um território de identidade 5º encontro: Nossa Música
seguro para que elas pudessem falar
sobre as dificuldades que estavam en- Nesse encontro, as crianças escreve-
frentando. ram as letras das músicas com a finali-
dade de compartilhar o que aprende-
ram com pessoas que passam por
2º encontro: Nossas Dúvidas situações semelhantes. Além disso,
contamos com a colaboração especial
O objetivo do segundo encontro foi do pianista Fernando Vago Santana
proporcionar às crianças um momen- que fez o arranjo musical.
to para elas externalizarem as suas dú- As músicas elaboradas pelos grupos
vidas com relação ao tema separação. estão no anexo. Elas estão devidamen-
Os grupos levantaram 37 perguntas te cifradas para que possam ser repro-
sobre os mais diversos aspectos da se- duzidas em melodia.
paração – desde a separação dos pró-
prios pais (“porque eles se separaram?”)
até aspectos mais filosóficos envolven- 6º encontro: Ensaio
do o tema (“O amor pode ser eterno?”).
O sexto encontro, teve como meta en-
saiar a música para a apresentação que
3º encontro: Encontro com os Jovens veio a seguir.

Para esse encontro foram convidados


alguns jovens com idade entre 20 e 25 7º encontro: Gravação
anos, que passaram pela experiência da
separação dos pais ainda na infância, No sétimo encontro, as crianças grava-
conseguiram superar as dificuldades e, ram suas músicas, com dois objetivos:
hoje, convivem bem com essa situação. a) gerar áudio e vídeo para o DVD
O objetivo desse encontro foi convi- que foi entregue aos pais no en-
dar testemunhas externas que pudes- cerramento;
sem mostrar para as crianças que a su- b) compartilhar as músicas com
peração é possível e, também, ajudar as outras pessoas que também
crianças a responderem as dúvidas por passaram pela experiência da
elas levantadas no encontro anterior. separação dos pais – logo, teste-

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munhas externas – mas que, até a. criaram um espaço no qual se
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então, não haviam participado sentiram seguras e apoiadas para
do Projeto. O objetivo específi- falar sobre suas experiências e
co de envolver essas pessoas era suas dúvidas. Nesse espaço, pu-
verificar a ressonância que as deram ouvir o relato de pessoas
músicas provocariam naqueles que, assim como elas, passaram
que não participaram do pro- pela separação dos pais, percebe-
cesso do “Ritmos da Vida”. Para ram que existem histórias bem
essas pessoas foi solicitado que diferentes das suas e reconhece-
ouvissem as músicas e respon- ram a possibilidade da superação
dessem como se sentiram ao em todas as situações;
ouvir as crianças cantarem. b. puderam se conectar com suas
histórias de vida, resgatando
qualidades, habilidades, valores,
8º encontro: Respostas crenças, pessoas significativas,
entre outros aspectos positivos;
Nosso último encontro foi o momento fortaleceram suas identidades
da leitura das respostas das testemu- por meio dessa conexão com sua
nhas externas. Todas as cartas mencio- história de vida e viveram o que
navam a leveza e a profundidade com Paulo Freire (1992) denomina de
a qual as crianças falavam sobre o tema “unidade na diversidade”, ao en-
da separação. tenderem que suas histórias
No dia 09 de julho de 2012 fizemos eram diferentes, mas a superação
o encerramento do Projeto Superação é uma possibilidade para todos;
da Separação para pais, familiares e c. compuseram músicas compar-
amigos. O objetivo desse momento era tilhando o que aprenderam com
apresentar a metodologia “Ritmos da outras pessoas que passam por
Vida”, o desenvolvimento dos encon- situações semelhantes e soube-
tros e o resultado final: a música das ram que suas composições sur-
crianças. Nesse momento, as crianças tem efeitos positivos na vida das
cantaram suas músicas acompanhadas pessoas que as ouvem;
pelo Coro do SESI-ES. d. puderam compartilhar todo
A aplicação da metodologia “Rit- esse aprendizado com suas fa-
mos da Vida”, conforme realizada no mílias e seus amigos, em um
Projeto Superação da Separação, al- momento de integração entre
cançou todos os objetivos relativos às todas as pessoas presentes;
crianças participantes e, também, au- e. em um processo de re-autoria,
xiliou as testemunhas externas no seu relataram que passaram a enten-
processo de re-autoria. der que não é preciso que seus
A seguir, podemos verificar os re- pais estejam juntos para que se-
sultados alcançados em cada um des- jam uma família.
ses grupos.
Como se trata de uma Prática Narra-
tiva Coletiva, o “Ritmos da Vida” possi-
As crianças bilitou resultados positivos também
para as pessoas envolvidas no processo.
As crianças que vivenciaram o “Rit- A seguir serão apresentadas as conside-
mos da Vida”: rações dessas testemunhas externas.

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Testemunhas externas: Os jovens Testemunhas externas: As pessoas “Ritmos da vida”: ajudando
crianças na superação 41
que ouviram as músicas da separação
Os jovens que vieram conversar com Adriana Müller

as crianças relataram que a experiên- As pessoas que tiveram acesso às mú-


cia foi importante para eles, pois lhes sicas das crianças relataram que essa
permitiu: experiência:
a. refletir sobre se haviam real- a. as reconectou com sua história
mente superado a separação dos de superação e com as habilida-
pais e se questionarem quando e des e qualidades necessárias
de que forma isso aconteceu; para dar esse passo (coragem,
“Surpresa, pois tive a oportuni- determinação, esperança...), re-
dade, ainda em meio a nuvem de novando a alegria, a leveza e o
indagações, de refletir: qual mo- sentimento de que são capazes
mento eu superei “alguma coi- de dar a volta por cima;
sa”?” (L., 20 anos) b. possibilitou que se lembrassem
b. fazer pelas crianças o que gosta- de pessoas e momentos espe-
riam que houvesse sido feito ciais;
com eles – pessoas com mais c. fez com que sentissem vontade
experiência, conversando e de ajudar outras pessoas que
apontando possibilidades; passam por isso.
“O mais interessante é que parti-
lhar desse momento com as
crianças é uma oportunidade de Testemunhas externas: Pianista que
fazer por eles, aquilo que eu gos- compôs a melodia
taria que tivessem feito por mim.”
(E., 23 anos) O pianista que compôs as melodias
c. conectar-se com suas habilida- das músicas considerou esse um proje-
des, qualidades, valores e lem- to que o impressionou “tanto por sua
brar-se de pessoas importantes simplicidade de forma quanto por sua
que os ajudaram a superar abordagem de emoções as mais profun-
aquele momento; das” e que lhe possibilitou:
“Foi extremamente emocionante – se conectar com os sentimentos
relembrar toda a minha história, das crianças para dar “som” às
passei a sentir orgulho daquilo suas emoções:
que no passado era motivo de “Só de imaginar o que as crianças
muita dor.” (M., 21 anos) viveram, ponho a mim mesmo no
d. olhar para suas vidas hoje e per- lugar delas, sinto a sua dor, sua
ceber as possibilidades que exis- força e tento expressar na minha
tem agora. arte o que acho que elas gostariam
“Durante o período que partici- de expressar por meio de palavras,
pei do Projeto “Superação da Se- sorrisos e lágrimas.”
paração” tive um almoço calmo, – reconstruir sua visão sobre o pa-
sereno e maduro com meus pais pel da arte e do artista na socie-
e meu irmão. (...) Naquele mo- dade:
mento eu entendi que (...) nós “Escrever isso agora me ajudou a
seremos para sempre família.” amadurecer uma reflexão: para
(L., 20 anos) que serve o artista na sociedade?

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(...) Serve para dar voz e cor a Testemunhas externas: Plateia no X
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uma sociedade muda e cinzenta Congresso de Terapia de Família em
que não encontra os meios cons- Curitiba
cientes de expressar a si mesma!”
Esse projeto foi apresentado no X
Congresso de Terapia de Família em
Testemunhas externas: Coro do Curitiba. Em todas as apresentações
SESI-ES das músicas, a reação da plateia foi de
emoção e de ressonância com a histó-
Os membros do Coro do SESI-ES fo- ria e a música, como pode ser verifica-
ram convidados para acompanhar as do nos depoimentos a seguir, enviados
crianças no refrão das músicas, mas para as crianças:
não sabiam a história por trás daque- “Saibam que é muito importante e
las letras. Quando ouviram a apre- significativo o que vocês fizeram e me
sentação do Projeto Superação, per- ajudou muito a cuidar dessa lembrança
ceberam a amplitude daquelas sem sofrimento, sem dor. Muito obriga-
músicas e, muitos deles, se emociona- da, a música de vocês foi um abraço de
ram ao subir no palco e fazer coro ternura para mim.” (Y, São Paulo)
com as crianças. “Muito obrigada por traduzirem mi-
“Não tinha ideia da grandiosidade e nha experiência em música, ficou LIN-
do significado dessas músicas” (T., 77 DO!!!” (S, Santa Catarina)
anos) “A alegria e a inspiração ganham for-
“Foi emocionante. Faltou muito pou- ça diante de tão belos exemplos, contri-
co para chorar.” (J., 75 anos) buindo para alimentar a coragem
transformadora.” (L. Rio de Janeiro)

Testemunhas externas: Pais


CONSIDERAÇÕES
Os pais ficaram emocionados com a
apresentação dos filhos e com a leveza Esse artigo se propôs a apresentar uma
com que o tema foi abordado. Um dos aplicação prática da metodologia “Rit-
pais, depois da apresentação, veio mos da Vida” e, para isso, utilizou
conversar comigo e revelou que, no como exemplo o Projeto Superação da
início, não concordou com o fato de Separação, voltado para crianças que
seu filho estar envolvido em um pro- lidam com a separação dos pais. Os re-
jeto que fosse tratar de um tema que sultados alcançados demonstram as
“já estava superado” – postura bastan- possibilidades e potencialidades dessa
te recorrente e baseada no mito de metodologia como uma ferramenta
que falar sobre algo doloroso aumenta útil no trabalho em grupo, nesse e em
o sofrimento. Porém, depois da apre- outros contextos. Afinal, como foi
sentação, ele compreendeu o sentido mencionado anteriormente, a música
daquilo tudo e percebeu que, durante é uma linguagem facilmente compre-
os meses que durou o projeto, a rela- endida pelas pessoas, em diferentes
ção do filho com ele foi melhorando. culturas e meios sociais.
A música os aproximou: o pai é músi- Por isso mesmo, a referida metodo-
co e o filho quis sua ajuda para ter um logia não possui contraindicações, po-
desempenho melhor na hora da apre- dendo ser aplicada tanto de forma in-
sentação. dividual quanto coletiva. Quando

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acontece de forma individual a etapa vida, tornando-as autoras de suas vi- “Ritmos da vida”: ajudando
“A orquestra da vida” pode ser supri- das. “Ritmos da Vida” possibilitou que crianças na superação 43
da separação
mida, sem nenhum prejuízo. as crianças saíssem do papel de vítimas Adriana Müller

Quando acontece em grupo, alguns da situação e passassem a ser agentes


cuidados devem ser tomados. Primei- de transformação, podendo comparti-
ramente, é importante que o grupo lhar o conhecimento construído nos 8
tenha um objetivo em comum, que encontros com outras pessoas que pas-
passará a ser o foco do trabalho. No sam por situações parecidas.
caso específico desse artigo, o foco foi Como ondas que se propagam pelo
a separação dos pais. Alguns temas lago depois que lançamos uma pedra,
que já foram trabalhados com essa a experiência das crianças provocou,
metodologia incluem: desafios da rea- nas pessoas que estiveram envolvidas,
bilitação, desafios da 3ª idade, ser tera- reflexos positivos que superaram os
peuta de família, vida de músico, entre objetivos do Projeto e reforçam a ideia
outros. de que aprendizagens compartilhadas
Outro aspecto a ser considerado é a são potencialmente transformadoras.
diferença de habilidade cognitivo-mo- Dessa forma, verifica-se que a me-
tora. No projeto aqui apresentado, esse todologia “Ritmos da Vida”, conforme
fator dificultou a aplicação da metodo- aplicada no Projeto Superação da Se-
logia, especificamente no 4º encontro. paração, é adequada, e seus resultados
As crianças de 7 anos, ainda em pro- são relevantes para todas as pessoas
cesso de alfabetização, tiveram mais envolvidas no processo. Espera-se que
dificuldades para escrever aspectos da ela possa ajudar os terapeutas de famí-
sua história de vida do que as de 12 lia a lidar com as dificuldades que seus
anos, já alfabetizadas. Isso causou um clientes apresentam nessa e em outras
descompasso no processo que poderá narrativas de vida.
ser evitado se os grupos forem mais
homogêneos em relação ao aspecto da
alfabetização. REFERÊNCIAS
Porém, o “Ritmos da Vida” não é
uma metodologia excludente e, por Cano, D.S., Gabarra, L.M., Moré, C.O.,
isso mesmo, pessoas ainda não alfabe- & Crepaldi, M.A. (2009). As transi-
tizadas podem participar sem prejuízo ções familiares do divórcio ao reca-
de conteúdo. Cabe ao terapeuta orien- samento no contexto brasileiro. Psi-
tar que os participantes coloquem no cologia: Reflexão e Crítica, 22 (2),
papel, em cada momento do trabalho, 214-222.
qualquer representação gráfica que Denborough, D. (2002). Community
lhes remeta à sua história de vida. O song writing and narrative practice.
foco não é a grafia correta das pala- Clinical Psychology, 17 (2). Recupe-
vras, mas o significado de cada símbo- rado em 22, agosto, 2009, em http://
lo gráfico e sua conexão com a história www.dulwichcentre.com.au/com-
da pessoa. munity-song-writing.html
Em termos gerais, a metodologia Denborough, D. (2008). Práticas narra-
proporciona um ambiente tranquilo e tivas coletivas: trabalhando com in-
lúdico para que as pessoas possam ex- divíduos, grupos e comunidades que
por suas histórias e construir versões vivenciaram traumas. (A. Müller,
alternativas de narrativas mais ade- Trad.). Adelaide, Australia: Dulwich
quadas ao que elas buscam para a sua Centre Publications.

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F#m B7 Eu estou aqui “Ritmos da vida”: ajudando
Um pedaço do meu coração crianças na superação 45
da separação
Banda Som da Superação (24 de Adriana Müller
Em A
Maio de 2012)
Mas agora estou superando
G A4 A Refrão (2X)
E já posso te dizer
D
Refrão: Eu estou aqui
D F#m B A
B/D# Amigo é pra essas coisas
Jogue todas as lembranças ruins no
G
mar,
Você tem que levantar
Em A
A
E esqueça o sofrimento,
Seguir em frente
Em A
D
Daqui pra frente vamos cantar,
Não chore
Em A G/D D
A G
E ser feliz neste momento.
Amizades você vai fazer
D A
D A
Agora penso sobre a separação
As coisas ruins do passado
G
G/D D
E entendo
Você vai esquecer.
Em D
Em7
É melhor ter os pais separados do que
A vida tem coisas ruins,
brigando
A7 D G A
G
Mas boas também.
Essa é uma solução
Refrão (2X)
Em A
Para acalmar o meu coração. F#m Bm7
Eu já passei por isso
(Refrão)
A
F#m B7
E superei
Entre os pais o amor é eterno enquan-
to dura G Em A4 A
Aprendi que outras pessoas passaram
Em A
por isso também
Para os filhos não existe parede pro
amor G A
E não ficaram tão tristes (2X)
Em A D G/D D
Ele é um tesouro. Em7 A
Porque é melhor viver em harmonia
(Refrão)
A7 D G A

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Do que em brigas
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Refrão (2X)
F#m7 Bm7
As dúvidas sempre vêm
G A
E você deve buscar as respostas
G
Observe a vida
Em7 A
Com o tempo as respostas chegam
G Em7 A7 D G A
Você ouvirá o Som da Superação
Refrão (2X)

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